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Nova Perspectiva Sistêmica

versão impressa ISSN 0104-7841

Nova perspect. sist. vol.26 no.57 São Paulo abr. 2017

 

ARTIGOS

 

O trabalho com Equipes Reflexivasrevisão de literatura

 

Working with Reflective Teams: Literature review

 

 

Milena Carolina FioriniI; Luciane GuissoII e Maria Aparecida CrepaldiIII


 


RESUMO

A concepção de equipe reflexiva surgiu na década de 1990, consoante com a influência dos pressupostos do Construcionismo Social, que passaram a nortear a prática das terapias sistêmicas pós-modernas. Com foco nessa temática, este artigo trata de uma revisão integrativa de literatura, realizada por meio da coleta de estudos nacionais e internacionais. A análise dos trabalhos encontrados permitiu constatar que a grande maioria utilizou métodos qualitativos. Houve prevalência de pesquisas que abordaram, como uma das principais temáticas, a avaliação da participação em equipes reflexivas por parte de clientes e/ou terapeutas. Com o mesmo número de trabalhos encontrados, a temática referente à equipe reflexiva como recurso utilizado em outros campos profissionais também foi preponderante. Apesar do predomínio de avaliações positivas em relação à participação nas equipes reflexivas, muitos estudos concordam com a necessidade de maior exploração teórica e técnica da temática, afim de que os pesquisadores e profissionais consigam aliar teoria e prática, adotando uma postura coerente com as premissas originais do trabalho reflexivo.

Palavras-chave: equipes reflexivas, processos reflexivos, construcionismo social, terapia familiar sistêmica.


ABSTRACT

The conception of reflective teams appeared in the 1990s, with the influence of Social Constructionism assumptions, which started to guide the practice of postmodern systemic therapies. Focusing on this theme, this article is a integrative literature review conducted through the collection of national and international studies. The analysis of the works found allowed us to find that the vast majority used qualitative methods. There was a prevalence of researches that addressed, as one of the main themes, the evaluation of participation in reflective teams by clients and/or therapists. With the same number of studies found, the theme regarding the reflective team as a resource used in other professional fields was also preponderant. In spite of the predominance of positive reviews regarding the participation in reflective teams, many studies agree on the need for further theoretical and technical exploration of the theme, so that researchers and professionals can combine theory and practice, adopting a coherent approach to the original premises of reflective work.

Key Words: reflective teams, reflective processes, Social Constructionism, Systemic Family Therapy.


 


A terapia familiar sistêmica emergiu em meados da década de 1950, abordando aspectos do relacionamento presente no sistema familiar (Vidal, 2006) e propondo uma abordagem da psicoterapia sob um enfoque relacional e processual (Cerveny, 1994). Ao longo do desenvolvimento de estudos e da prática familiar sistêmica, formaram-se diferentes escolas que, por sua vez, adotaram algumas perspectivas distintas, embora com uma base comum. A partir de 1990, algumas abordagens, então denominadas teorias pós-modernas, passaram a adotar os pressupostos do construcionismo social (Grandesso, 2000). As principais contribuições do construcionismo social se articulam em torno de quatro pontos principais: a ênfase na cultura e na história enquanto forma de se conhecer o mundo; a importância dos relacionamentos, entendida como fonte de produção e sustentação de conhecimento; a conexão entre conhecimento e ação; e a valorização da postura crítica (Burr, 1995; Gergen, 1999).

Na prática da terapia familiar sistêmica, o construcionismo social assinalou uma mudança de postura do terapeuta, que deixou de assumir o papel de especialista para adotar a conduta do “não saber”. Essa nova maneira de atuar valorizou o poder da interação social na geração de significados para as pessoas, a postura de co-construção entre terapeuta e cliente, o foco na ação, a atenção às potencialidades do cliente e a conversação como principal prática de intervenção (Rasera & Japur, 2004).

Existem discussões em torno das perspectivas que podem ser concebidas como próprias ao construcionismo social. Porém, apontamentos recentes indicam que algumas propostas são mais solidificadas enquanto pertencentes a esse campo (Rasera & Japur, 2004). Considera-se, nesse contexto, a terapia narrativa de White e Epston (1990), a abordagem colaborativa de Harlene Anderson (1997) e as equipes reflexivas de Tom Andersen (1995).

Na terapia narrativa, há uma ênfase em relação à metáfora textual. Compreende-se que “as pessoas, no esforço de dar sentido às suas vidas, organizam sua experiência em sequências temporais, construindo um relato coerente de si próprias e do mundo” (Rasera & Japur, 2004, p.432). Por meio do relato, as pessoas conseguem contar a sua história e compô-la com um senso de continuidade. As narrativas são, portanto, compreendidas como constitutivas e modeladoras das vidas das pessoas, fornecendo sentido às vivências individuais, sendo que a cada nova versão, novas possibilidades de se reescrever as histórias são verificadas. Por meio da externalização do problema, as narrativas dominantes podem ser vistas de outras formas. São os chamados eventos extraordinários, que surgem quando se fazem perguntas com o intuito das pessoas recuperaram histórias anteriormente ignoradas em suas vidas (White & Epston, 1990).

A abordagem colaborativa enfatiza o carácter criativo da linguagem na busca de atenção aos processos de produção de sentido. Para Anderson (1997), o sistema terapêutico é um sistema linguístico que se desenvolve nas conversações associadas ao problema que gerou determinado quadro. Quem participa do sistema são aqueles que estão no contexto linguístico do problema, aqueles que conversam, descrevem, narram e produzem o problema. A responsabilidade do terapeuta é gerar um novo contexto comunicacional, que seja coerente para estabelecer um processo de redefinição do problema. Dessa forma, é no contexto de conversação dialógica que acontece o processo de mudança, por meio de uma relação colaborativa.

As equipes reflexivas foram concebidas por Andersen (1995), em decorrência de certo desconforto do autor e de sua equipe em relação às intervenções terapêuticas predominantes até meados da década de 1980. Essas intervenções eram representadas principalmente pela Equipe de Milão (Palazzoli, Boscolo, Cecchin, & Prata, 1980), que enfatizava as hipóteses e interpretações do terapeuta em relação ao cliente como formas exclusivas de enxergar o problema, configurando uma posição de assimetria em relação à posição da família em terapia (Rasera & Japur, 2004). Hoger et al. (1994) descrevem a equipe reflexiva como um modelo de intervenção baseado na prática narrativa e orientado pelo que Andersen (1995) denominou de processos reflexivos. A finalidade inicial da equipe reflexiva era oferecer aos sujeitos, aos casais e às famílias novas perspectivas de abordar os problemas ou situações difíceis (Lebensohn-Chialvo, Crago, & Shisslak, 2000; Chang, 2010).

Os pressupostos fundamentais da equipe reflexiva sustentam-se nos processos reflexivos como ferramentas para mobilizar os clientes a compreenderem o problema, sob diferentes perspectivas e, consequentemente, a elaborarem novos significados para a situação que vivenciam. Uma equipe de terapeutas compartilha impressões, ideias e perguntas com a família, que, por sua vez, é convidada a refletir sobre as dificuldades expostas na sessão (Chang, 2010). A estrutura da equipe reflexiva pode apresentar variações em seu modo de funcionamento, porém prevê, basicamente, um ou alguns momentos da sessão terapêutica em que tanto o(s) terapeuta(s) quanto o(s) cliente(s) ouvem as reflexões dessa equipe que assiste à sessão.

Tendo em vista a escassez de pesquisas sobre equipes reflexivas, especialmente no cenário brasileiro, buscou-se, por meio desse trabalho, realizar uma revisão integrativa de literatura a respeito da temática. A busca de material bibliográfico, para dar início ao estudo, revelou quatro revisões de literatura sobre equipes reflexivas (Brownlee, Vis, & McKenna, 2009; Pender & Stinchfield, 2012; Rhodes, 2012; Willotta, Hattonb, & Oyebode, 2012). Embora com focos diferenciados, os trabalhos foram unânimes em apontar a necessidade de maior exploração da temática. Diante do exposto, pretende-se apresentar a produção científica brasileira e internacional sobre equipes reflexivas, fomentando uma discussão a respeito dos assuntos priorizados nas pesquisas, apontando limitações e possibilitando novos campos de investigação.


MÉTODO

Este artigo trata-se de uma revisão integrativa de literatura, sobre a temática “equipes reflexivas”. A coleta de dados foi realizada por meio de uma pesquisa bibliográfica de artigos científicos nas seguintes plataformas: Portal de Periódicos CAPES, PEPSIC (Portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia) e SCIELO (Scientific Electronic Library Online). Em relação à data de publicação, delimitou-se a busca por artigos publicados a partir de 1990, tendo em vista que foi a partir desse momento que o construcionismo social passou a influenciar a terapia familar sistêmica de forma mais evidente. A coleta não restringiu a utilização de metodologias específicas, abarcando tanto artigos teóricos quanto de natureza empírica. Para a busca na plataforma internacional (CAPES), foi empregado o termo “reflecting team”. Nas plataformas nacionais (PEPSIC e SCIELO), optou-se pela combinação dos termos “equipe” e “reflexiva” (intercalados pelo operador booleano “e”).

O total de artigos científicos encontrados foi de 96 (74 na CAPES, 5 na PEPSIC e 17 na SCIELO). O procedimento inicial contemplou a leitura dos resumos dos 96 artigos. Como critério de inclusão, foram selecionadas apenas as publicações que atendiam ao objetivo deste estudo, resultado em 72 trabalhos. Excluindo-se os artigos que apareceram de forma repetida nas plataformas (total de 8), restaram 64, dos quais 5 não estavam disponíveis para consulta. Os 59 trabalhos restantes foram lidos na íntegra, categorizados de acordo com as temáticas centrais apresentadas e analisados em relação ao ano de publicação e à abordagem metodológica. Na sequência, seguem descritos os resultados e as discussões acerca dos dados obtidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Referente às datas de publicação, foram encontrados 8 artigos publicados entre 1990 e 1999; 28 artigos entre 2000 e 2009; e 23 artigos de 2010 até a data da coleta. Ressalta-se que os 3 artigos nacionais foram publicados entre 2005 e 2007, o que indica uma concentração da produção na última década e a consequente atualidade do tema.

No que diz respeito aos métodos utilizados nos estudos, a grande maioria dos artigos apresenta delineamento qualitativo (45 artigos ou 76,27%). Além de 4 revisões de literatura (6,77%), foram identificados 8 ensaios teóricos (13,55%), ou seja, artigos que se caracterizam por analisar alguma questão, de forma reflexiva, argumentativa e interpretativa (Meneghetti, 2011). Apenas 2 apresentaram método experimental (3,38%). Destaca-se, portanto, a predominância de pesquisas qualitativas, por meio do emprego de observações, entrevistas, estudos de casos e pesquisas etnográficas. Entende-se que o predomínio do método qualitativo pode estar relacionado a duas questões. Primeiramente, fenômenos ainda pouco explorados, como é o caso da equipe reflexiva, necessitam de investigações de caráter mais exploratório, para que, em primeira instância, sejam compreendidos e interpretados (Siebra, 1999/2000). Em segundo lugar, considera-se que estudos qualitativos, de fato, apresentam maior coerência com a própria epistemologia vinculada ao pensamento sistêmico. Temáticas embasadas na teoria familiar sistêmica e, especialmente, no construcionismo social tendem a seguir uma linha metodológica voltada à integração de níveis simbólicos, subjetivos e contextuais. Esteves de Vasconcellos (2002) esclarece essa premissa, ao compreender a família como um sistema complexo, instável e intersubjetivo.

Os artigos analisados foram classificados em 10 temáticas, apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1: Temáticas Centrais dos Artigos Pesquisados

Temáticas Nº de Artigos
1. Utilização do modelo de equipe reflexiva por diferentes áreas, profissionais e contextos (que não a psicologia) 8
2. Funcionamento, estrutura e características gerais da equipe reflexiva, a partir de estudos de caso ou relatos de experiência / intervenção 5
3. Revisão de literatura sobre equipes reflexivas 4
4. Avaliação da participação de clientes e/ou terapeutas em equipes reflexivas 9
5. Experiência de casais na participação em equipes reflexivas 7
6. Utilização do modelo de equipe reflexiva com grupos específicos, portadores de doenças crônicas ou com algum tipo de deficiência 6
7. Questões epistemológicas, éticas, culturais, de cuidado e de relações de poder no campo da Teoria Familiar Sistêmica e das equipes reflexivas 6
8. Utilização do modelo de equipe reflexiva como recurso didático para aprendizagem de terapeutas familiares sistêmicos iniciantes 6
9. Supervisão com base no modelo de equipe reflexiva 5
10. Estudos de caso / relatos de experiência de equipes reflexivas com crianças e seus familiares, utilizando de recursos metafóricos, lúdicos e/ou contribuições de diferentes teorias 3

Em relação à temática 1 (Utilização do modelo de equipe reflexiva por diferentes áreas, profissionais e contextos), foram avaliados 8 estudos. O trabalho de Lebensohn-Chialvo, Crago e Shisslak (2000) apontou o uso da equipe reflexiva por médicos residentes de famílias, para aprendizagem de habilidades clínicas, além de capacitação e segurança para lidar com demandas das famílias que atendiam. No estudo desenvolvido por Rhodes (2011), o modelo de equipe reflexiva também foi utilizado pela área da medicina, enquanto técnica com pacientes diagnosticados com comportamentos chamados desafiadores.

A ideia de equipe reflexiva foi utilizada também como um recurso didático educacional, em diversas áreas de atuação. Griffith (1999) descreveu a experiência da utilização de narrativas e da equipe reflexiva para melhorar a formação dos alunos de pós-graduação na área de gestão e negócios, em termos de habilidades para negociação e pensamento crítico. A prática foi considerada pelo autor como contrária ao método tradicional de ensino, geralmente baseado em hierarquia e competição. Bañez, Hawley e Mostade (2003) destacaram que a equipe reflexiva pode servir como uma técnica de treinamento para trabalhos em grupo, ao fornecer um componente experiencial para os alunos. A pesquisa de Morrison (2009) descreveu que esse modelo de trabalho ajudou alunos de enfermagem a refletirem sobre doença mental além dos estereótipos da mídia. Swann e York (2011) relataram um trabalho realizado por assistentes sociais com cuidados a crianças. Nesse contexto, o modelo de equipe reflexiva teve como objetivo a busca de soluções para os problemas que os profissionais encontravam na instituição que trabalhavam. O estudo de Garven (2012) propôs o modelo da equipe reflexiva como uma abordagem para ajudar as equipes multidisciplinares a encontrar formas de construir novos significados em conjunto, tendo em vista as diferentes perspectivas dos membros.

Por fim, o modelo de equipe reflexiva foi apresentado como possibilidade de refletir sobre o teatro, por meio da troca recíproca entre atores e público. Goodwin (2004) comparou a experiência do teatro ao que acontece numa sessão terapêutica de equipe reflexiva. Justificou que, ao se assistir uma peça de teatro, é necessário pensar na apresentação principal como se fosse uma família na terapia, na qual os atores desempenham papéis e funções. Na terapia familiar, segundo Goodwin (2004), a família está em cena, representando os seus dramas e seus problemas por meio do relato. Quando a luz da sala escura acende, o palco muda, sendo que o público, representado pelos terapeutas, discute abertamente o que vê acontecendo com a família.

Os estudos apresentados na temática 1 demonstram que o modelo de equipe reflexiva vem sendo usado por diversas áreas profissionais, para fins educativos. O formato de equipe reflexiva tem sido, portanto, considerado um recurso que possibilita pensar novas formas de aprendizagem e reflexão entre as pessoas envolvidas em contextos de aprendizagem.

Foram analisados 5 artigos que exploraram aspectos referentes ao funcionamento, estrutura e características gerais da equipe reflexiva, a partir de estudos de caso ou relatos de experiência / intervenção, compondo assim a temática 2 deste estudo. Curtis et al. (2002) descreveram uma única sessão de atendimento familiar no modelo da equipe reflexiva. Os autores destacaram que as principais características que tornam esse modelo assertivo tratam-se do enfoque narrativo, que denota grande importância à descoberta de eventos extraordinários, do cuidado na utilização de conotações positivas durante a conversação com a família e do uso de cartas como recurso terapêutico. Outro artigo (Wahlström, 2006) também utilizou como exemplo o relato de uma sessão de terapia familiar no formato de equipe reflexiva. O autor discorreu sobre a conversação entre terapeuta e cliente, bem como as transformações ocorridas nas construções das narrativas ao longo do atendimento, ressaltando a importância da externalização do problema e do uso das metáforas para a efetividade da equipe reflexiva.

Lange (2010) empregou o modelo de equipe reflexiva aliado à troca de papéis entre membros da família e terapeuta, seguida de uma avaliação por pares sobre a forma como cada um enxergava o problema. A pesquisa constatou que os membros da família apresentam maior capacidade para avaliar o comportamento do que a própria pessoa, fornecendo, assim, recursos para a autoavaliação de cada integrante, no contexto da terapia. Uma investigação realizada por Cuevas-Escorzaa e Garrido-Fernández (2012) explorou episódios de choro de clientes durante um processo de terapia familiar com equipes reflexivas. Dentre os resultados do estudo, concluiu-se que o choro pode representar uma boa aliança terapêutica, na medida em que reflete a capacidade do cliente de expressar a sua vulnerabilidade e necessidade de ajuda. Uma pesquisa mais recente, executada por Parker e O’Reilly (2013), analisou os riscos e benefícios das interrupções da equipe reflexiva durante processos de terapia familiar, concluindo que necessitam de uma gestão cuidadosa por parte do terapeuta. As autoras destacam a importância de certa regularidade nas interrupções, bem como uma apresentação adequada do formato da terapia, a fim de administrar as expectativas da família.

Ao considerar os resultados das pesquisas sintetizadas nessa temática (2), destaca-se a possibilidade do emprego de diferentes recursos, técnicas e ferramentas por parte dos profissionais que atuam nos moldes da equipe reflexiva. Essa gama de alternativas tende a tornar o processo terapêutico flexível, e, ao mesmo tempo, primoroso. Além disso, alguns autores chamam a atenção para cuidados pontuais, essenciais à aplicação desses recursos.

Na temática 3 (Revisão de literatura sobre equipes reflexivas), foram incluídos 4 estudos. O primeiro foi desenvolvido por Brownlee, Vis e McKenna (2009), com o objetivo de explorar a importância das equipes reflexivas no contexto da terapia familiar. Os autores relataram, por meio da análise dos estudos coletados, que, embora grande parte das famílias aprecie a equipe reflexiva, nem todos os clientes a consideram como uma abordagem positiva, devido, especialmente, a certa intimidação. Outra revisão de literatura, realizada por Pender e Stinchfield (2012), destacou que a maior parte da produção científica sobre equipes reflexivas centrou-se na teoria dos processos reflexivos. Além disso, as autoras apresentaram dados referentes à carência de pesquisas empíricas que explorem as experiências e percepções dos clientes que participam desse formato de terapia familiar.

Rhodes (2012) discutiu o papel da pesquisa em terapia familiar, com referência para seu uso futuro na Austrália. Ao longo de sua análise, citou a equipe reflexiva com um modelo contemporâneo de atuação, porém o foco do artigo foi a terapia familiar sistêmica, de modo geral. O autor argumentou que essa prática entrou em uma nova era desde a década de 1990, consolidando-se como um campo maduro e preparado para a investigação. No entanto, o autor também considerou que há necessidade de desenvolver pesquisas mais consistentes com os valores e as práticas em terapia familiar presentes na Austrália. Já a revisão de literatura realizada por Willotta, Hattonb e Oyebode (2012) apresentou informações sobre a exploração ainda insuficiente da temática relativa à equipe reflexiva. Os autores defenderam que em muitos estudos não há sustentação empírica plausível e que, em determinados momentos, a abordagem qualitativa acaba ocupando um lugar marginalizado. Sugeriram que um diálogo mais amplo em torno do entrelaçamento entre a prática, a teoria e a pesquisa pode ser útil para adotar uma postura coerente de trabalho na área.

As revisões de literatura sintetizadas na temática 3 promovem uma reflexão acerca da necessidade de ampliação das pesquisas sobre a eficácia e a adequação do uso das equipes reflexivas, além de recomendar a preparação detalhada de seu formato nos processos de terapia familiar.

Referente à temática 4 (Avaliação da participação de clientes e/ou terapeutas em equipes reflexivas), 9 artigos foram analisados. No estudo de Hoger et al. (1994), famílias relataram que o modelo de equipe reflexiva foi eficiente, indicando melhoras dos sintomas. A pesquisa desenvolvida por Brownlee et al. (1995) também sugeriu uma avaliação positiva por parte dos clientes, que relataram resolução dos problemas apresentados. A equipe reflexiva foi percebida como um catalisador de mudanças na dinâmica familiar, atuando de forma respeitosa e ajudando a considerar outros pontos de vista a respeito das dificuldades apresentadas. Laitila e Aaltonen (1998) retrataram a aplicação do modelo de assimilação (com aplicação da Escala de Assimilação de Experiências Problemáticas) em um estudo piloto para analisar um processo terapêutico familiar com uso da equipe reflexiva, cuja demanda era a psicose de uma criança. Esse modelo permite descrever o processo de mudança terapêutica, sugerindo que todas as experiências determinam traços de comportamento, que, ao reativados em terapia, podem ser assimilados e suprimidos. Os resultados indicaram que o tratamento terapêutico foi adequado, tornando as mudanças mais compreensíveis à família.

O trabalho realizado por Denton e Michie (2006), em um serviço de atendimento em saúde mental, evidenciou que a equipe reflexiva trouxe bons resultados para o processo terapêutico, sendo que por meio do modelo, os participantes tiveram a oportunidade de verem a si mesmos a partir de uma perspectiva diferente. Porém, alguns pacientes avaliaram o momento como desconfortável, em função da distância entre a equipe reflexiva e eles ou do impacto relativo ao fato de estarem sendo observados. Outra pesquisa (Mitchella, 2014) explorou a percepção de famílias em atendimento psicológico, comparando benefícios e limitações entre o modelo de equipe terapêutica da Escola de Milão e o de equipe reflexiva no modelo de Tom Andersen. Do ponto de vista teórico, o estudo identificou que as famílias apresentaram uma experiência positiva em ambos os modelos de equipe. Os autores ressaltaram que a escolha pela abordagem deve ser realizada a partir de um ponto de vista reflexivo do terapeuta, respeitando as necessidades específicas de cada família.

Um estudo realizado no Brasil por Barbosa e Guanaes-Lorenzi (2015) buscou compreender os sentidos produzidos por familiares atendidos em terapia familiar sistêmica, com base nos pressupostos do construcionismo social, destacando o uso da equipe reflexiva. Como principais fatores positivos da terapia com emprego da equipe reflexiva, as famílias apontaram o deslocamento dos problemas de uma perspectiva individual para uma relacional e a valorização de maneiras diversificadas de compreensão em relação à demanda que traziam para a terapia.

Já em relação à avalição de terapeutas sobre a participação em equipes reflexivas, James et al. (2004) realizaram uma pesquisa etnográfica que explorou os pontos de vistas e as percepções de terapeutas narrativos que pertenciam a uma equipe reflexiva. Os resultados da pesquisa indicaram, em primeiro lugar, que o modelo foi considerado útil e bem sucedido pelos terapeutas. Os participantes apontaram como razões para esse sucesso: o respeito, a co-construção e a aquisição de maior capacidade dos clientes para lidar com seus problemas. Como limitações, os terapeutas relataram a necessidade de um treinamento especializado e a dificuldade para lidar com questões de violência familiar. No trabalho de Sparks (2011), a experiência de quatro terapeutas apontou aspectos importantes que devem ser considerados na prática das equipes reflexivas: confiança mútua entre os terapeutas; aperfeiçoamento da escuta; demonstração de grande interesse em relação ao tema trazido pelo outro integrante; e utilização da metáfora como apoio para elaboração dos temas da terapia.

Apenas um artigo (Chang, 2010) explorou tanto a percepção dos clientes quanto dos terapeutas participantes de equipes reflexivas. A perspectiva de ambos destacou a conversação, a participação e o relacionamento como os três principais elementos que conferem utilidade à terapia. No entanto, as avaliações por parte dos terapeutas declararam falta de clareza teórica relativa ao modelo da equipe reflexiva.

Pode-se destacar, a partir dessa temática (4), que o uso da equipe reflexiva foi considerado, de modo geral, positivo, embora, em alguns casos, os clientes citaram aspectos como desconforto por serem observados ou certo distanciamento em relação aos terapeutas. Os terapeutas apontaram a importância do respeito entre os membros da equipe, a possibilidade de maior percepção dos problemas dos clientes e a busca de estratégias mais adequadas para trabalharem com as demandas das famílias. Citaram, ainda, a necessidade de haver maior aprofundamento teórico e treinamento técnico em relação a assuntos mais delicados, como violência familiar.

Na temática 5 (Experiência de casais na participação em equipes reflexivas), foram analisados 07 artigos. Os resultados de estudo de Johnson et al. (1997) sugeriram que a equipe reflexiva forneceu ganhos a um casal, uma vez que a diversidade da composição, formada por pessoas de ambos os sexos, idades e culturas diferenciadas, ampliaram as possibilidades de análise da demanda. No estudo de Watts e Peluso (2005), membros imaginários foram incorporados à sessão. Esse procedimento auxiliou os casais a criarem perspectivas alternativas para seus problemas. Outra pesquisa (Shurts et al., 2006) apresentou a integração entre a equipe reflexiva e o role-play (desempenho de papéis) no trabalho com casais. Esse formato beneficiou os participantes, promovendo um ambiente interativo. Barbaro (2008) descreveu um atendimento com grupos de casais em crise, utilizando como recurso o que denominou de multi-famílias, cuja proposta era que os próprios participantes atuassem como equipe reflexiva dos demais. Os resultados sugeriram que o modelo promoveu uma quebra do círculo vicioso de acusações entre o casal, auxiliando-os a buscaram uma comunicação mais positiva para solucionar seus problemas.

Egel et al. (2014) exploraram o papel da esperança de casais que participavam de equipes reflexivas. Os casais indicaram que houve fortalecimento da esperança durante e após a participação. O estudo de caso relatado por Pender e Stinchfield (2014) sugeriu que os casais apreciaram a utilização da equipe reflexiva como modelo terapêutico, enfatizando como características importantes: a imparcialidade, a natureza colaborativa e o profissionalismo. Em relação às suas reações, citaram que os atendimentos foram respeitosos e promoveram esperança e engajamento no processo.

Uma pesquisa realizada por Garrido-Fernández, Jaén-Rincón e Garcia-Martínez (2014) comparou dois modelos diferentes de atendimentos com casais (equipes reflexivas e grupos de autoajuda) com o intuito de analisar as mudanças no estilo cognitivo de um cônjuge diagnosticado como jogador compulsivo, bem como os resultados do processo para o casal. A equipe reflexiva mostrou-se mais efetiva, pois abordou diretamente a resolução dos problemas da relação do casal e permitiu-lhes o desenvolvimento de uma imagem mais positiva de si e seu ambiente, enquanto que o grupo de autoajuda focou apenas na questão individual de cada membro do casal.

Ao avaliar as pesquisas abarcadas pela temática 5, pode-se considerar que o uso da equipe reflexiva também apresenta bons resultados no atendimento de casais. Em função de as equipes terem entre seus membros pessoas com idades variadas, experiências diversas e serem provenientes de diversas culturas, as reflexões possibilitam pensar novas estratégias, baseadas no respeito, na imparcialidade e na construção conjunta do espaço de terapia.

Em relação à temática 6 (Utilização do modelo de equipe reflexiva com grupos específicos, portadores de doenças crônicas ou com algum tipo de deficiência), foram analisados 6 artigos. No estudo de Combs e Freedma (2002), a temática do trabalho por meio das equipes reflexivas foi verificada como uma prática respeitosa, que gerou a possibilidade do terapeuta trabalhar com o relacionamento ao invés dos limites, ampliando o olhar para os modos de pensar das pessoas, conforme a proposta da terapia familiar sistêmica. Oropeza (2003) explorou o emprego da equipe reflexiva com pacientes que vivem com HIV. A pesquisa apontou que as famílias participantes sentiram-se potencializadas para lidar com a doença de uma forma mais positiva. Relataram que a equipe ajudou a minimizar o impacto da doença e ampliou o reforço da sua capacidade para resolver os problemas a ela relacionados. No trabalho de Munro, Knox e Lowe (2008), a equipe reflexiva foi usada com clientes surdos, por meio da linguagem de sinais. A análise dos resultados propôs que o modelo de equipe reflexiva é um recurso potencial para oferecer um serviço terapêutico apropriado aos clientes surdos, oferecendo segurança, conforto e abertura para falar dos problemas e sentimentos.

O modelo de equipe reflexiva também foi utilizado para trabalhar com esposas de maridos que lutavam na guerra (Davis, Ward, & Storm, 2011). Foi possível constatar que as equipes reflexivas incentivaram as esposas a compartilhar suas experiências com o grupo, possibilitando que se sentissem apoiadas e em segurança. Anslow (2013) descreveu a participação de adultos com dificuldades de aprendizagem em equipes reflexivas. Os participantes destacaram a importância das diversas perspectivas apresentadas pela equipe em relação à temática apresentada, extraindo múltiplos pontos de vista para refletir em suas vidas. A participação de famílias que tinham uma criança com câncer em equipes reflexivas foi explorada por West et al. (2015). Seus relatos enfatizaram que a equipe possibilitou a todos os membros a sensibilização e a diminuição do sofrimento frente à doença, bem como novas interpretações desse sofrimento por meio das reflexões realizadas.

Com base dos estudos sintetizados na temática 6, é possível ampliar o olhar voltado ao uso da equipe reflexiva no atendimento a diversas demandas de famílias, ao longo do ciclo de vida. Algumas dessas demandas apresentam-se como estressores desenvolvimentais, não predizíveis, que demandam novas adaptações (Carter & McGoldrick, 1995). Nesse sentido, a participação dessas famílias em equipe reflexivas possibilita novas reflexões e formas diferentes para lidar com as dificuldades apresentadas.

Para a temática 7 (Questões epistemológicas, éticas, culturais, de cuidado e de relações de poder no campo da teoria familiar sistêmica e das equipes reflexivas), 6 artigos foram considerados. O artigo de Feixas (1990) tratou da temática “equipe reflexiva” de forma mais indireta. O autor abordou os diferentes níveis em que a terapia pode atuar (individual, familiar) e sugeriu a teoria da construção pessoal como um quadro construtivista que integra esses níveis, oferecendo um repertório flexível e amplo para fins de investigação. Já Donovan (2003) analisou o contexto histórico para a marginalização do discurso ético na prática psicoterapêutica sistêmica, sugerindo que a influência contemporânea do pós-modernismo e do pensamento hermenêutico reforça essa tendência. A autora defendeu que elementos importantes na prática sistêmica, exemplificando com o modelo de equipe reflexiva, apontam para uma formulação diferente de ética, concentrada nos processos de comunicação. O estudo de Fine (2003) sugeriu a compreensão do ambiente e das relações de poder e competição como fundamental para o processo de terapia. O autor concluiu que relações colaborativas promovem mais conexão entre os envolvidos do que práticas solidárias.

Uma pesquisa brasileira desenvolvida por Pietroluongo e Resende (2007) debateu aspectos relativos aos processos reflexivos no trabalho de psicólogos que atuam com visitas domiciliares em saúde mental. As autoras argumentaram que o psicólogo, por meio da postura do não saber e da reflexividade, pode contribuir para ressignificar discursos naturalizados e conceitos incapacitantes pela família e pelo usuário. Hopkins e Reed (2008) realizaram uma reflexão acerca dos impactos que podem ser causados na terapia familiar sistêmica e na equipe reflexiva, devido a diferenças culturais, de sotaque, dialeto e vocabulário, tanto da família quanto do(s) terapeuta(s). Os autores destacaram que os fatores linguísticos podem provocar certo distanciamento social entre os participantes da equipe reflexiva, impedindo o desenvolvimento de significados comuns entre o terapeuta e a família, fato que denota grande importância ao cuidado do terapeuta. Hutchby, O’Reilly e Parker (2012) discutiram os riscos, benefícios e questões éticas envolvidas no uso de vídeos em sessões de equipes reflexivas. A análise dos resultados demonstrou que a utilização das gravações não representa um problema para grande parte dos clientes, desde que ocorra uma negociação conjunta. Os autores constaram que o uso do vídeo é valioso no processo terapêutico, tendo em vista que a câmera capta alguns aspectos da sessão que permitem uma análise mais minuciosa por parte do terapeuta.

É possível observar, a partir da análise dos trabalhos compilados na temática 7, a importância da discussão epistemológica e ética referente ao uso da equipe reflexiva. Também considera-se relevante o trabalho na formação do terapeuta, voltado para um olhar mais colaborativo. Assim, o uso da equipe reflexiva implica em pensar diversas questões para assegurar que esse espaço agregue à formação do terapeuta e à resolução das demandas dos clientes.

Em relação à temática 8 (Utilização do modelo de equipe reflexiva como recurso didático para aprendizagem de terapeutas familiares sistêmicos iniciantes), foram classificados 6 estudos. Hawley (2006) explorou a formação de “conselheiros” para trabalhar em equipes reflexivas. Apontou que o foco do trabalho é o desenvolvimento de habilidades sociais no futuro terapeuta, a fim de proporcionar uma grande variedade de alternativas para garantir a formação e a eficácia terapêutica. A apresentação de um caso clínico de terapia familiar em um congresso na área de psicologia (Tseliou, 2007) possibilitou diversas formas de interação, denominadas pela autora como polifonia, sendo que a troca possibilitou aos presentes um aprendizado útil em terapia familiar sistêmica.

Um artigo escrito por Rhodes (2008) buscou fornecer a estagiários de psicologia uma série de diretrizes que integram vários modelos de terapia familiar focados na narrativa. O estudo destacou a importância do desenvolvimento de um nível de confiança dos estagiários, para atuarem especialmente nas duas primeiras sessões terapêuticas, e conseguirem mobilizar os processos de morfogênese no sistema familiar. McGovern e Harmsworth (2010) descreveram uma experiência de treinamento da prática sistêmica, empregando o modelo de equipes reflexivas, com alunos iniciantes do doutorado. A pesquisa ressaltou a relevância da prática dos estudantes, que, ao participarem ativamente da equipe reflexiva, experimentam a utilização terapêutica coerente com a teoria aprendida.

Harrawood, Parmanand e Wilde (2011) desenvolveram uma pesquisa cujo propósito foi analisar as emoções experimentadas por consultores em treinamento na área de terapia familiar sistêmica, a partir do desempenho de diferentes papéis no contexto de equipes reflexivas (role-play), como prática de aprendizagem. Essa técnica foi identificada pelos participantes como um meio de ampliar a compreensão da experiência dos clientes, mostrando-se, portanto, como um recurso de intervenção adequado no contexto educacional de futuros terapeutas sistêmicos.

Uma investigação realizada no Brasil relatou uma experiência de estágio curricular de um curso de psicologia, que utilizou o modelo de equipe reflexiva na prática de atendimentos em psicoterapia de grupo (Rasera et al., 2006). A pesquisa enfatizou as contribuições da perspectiva construcionista social, que permitiu o desenvolvimento de habilidades para atendimento individual e de grupo; o reconhecimento da importância da postura do terapeuta no processo de mudança, por meio da reflexão; e a criação de novos valores na relação terapeuta-cliente, com o uso na narrativa. Os principais desafios enfrentados pelos estagiários foram referentes: à aprendizagem da postura de não saber; à utilização de perguntas conversacionais; às pré-concepções dos clientes em relação ao papel do terapeuta e dos terapeutas sobre os clientes; à superação do modelo do profissional como especialista; à habilidade de confiar nas reflexões da equipe, ao invés de se apoiar em hipóteses; e à necessidade de respeito pelo tempo de reflexão do outro.

Com base na análise dos trabalhos compilados na temática 8, considera-se que a equipe reflexiva pode ser bastante proveitosa para a aprendizagem de terapeutas sistêmicos iniciantes, tendo em vista o benefício que o modelo proporciona, de aliar a teoria à prática terapêutica.

Na temática 9 (Supervisão com base no modelo de equipe reflexiva), foram localizados cinco artigos. Os resultados de um estudo realizado por Roberts, Winek e Mulgrew (1999) destacaram os benefícios de utilizar o modelo da equipe reflexiva no processo de supervisão, sendo que os supervisionados passam por um processo dialético de crescimento cognitivo e emocional. Anderson, Rigazio-Diglio e Kunkler (2001) afirmaram que o emprego da equipe reflexiva em processos de supervisão ainda é muito recente, constatando que ainda não há um conhecimento consolidado referente aos estilos e métodos mais eficazes de supervisão baseada nesse modelo. Chang (2010) concordou com essa afirmação, reconhecendo que a utilização da equipe reflexiva como um modelo de supervisão é um processo inovador. Segundo o autor, ainda não existe nenhuma abordagem uniforme para as ênfases, o conteúdo, os temas e os estilos de reflexões da equipe, no desenvolvimento da supervisão. Essa ausência de clareza teórica acaba resultando no emprego divergente dos princípios teóricos originais. Outra pesquisa, executada por Reichelt e Skjerve (2013), também questionou a assertividade da aplicação do modelo de equipe reflexiva como forma de supervisão em grupos. Dentre os principais resultados do estudo, constatou-se que os supervisores, de modo geral, ficaram satisfeitos com essa prática. Por outro lado, grande parte dos supervisionados não apresentaram a mesma satisfação em relação à supervisão recebida.

Com o propósito de analisar e comparar duas perspectivas diferentes de supervisão clínica sistêmica (colaborativa e hierárquica), Selicoff (2006) sugeriu que ambos os modelos apresentam aspectos positivos. O primeiro, representando principalmente pelas equipes reflexivas, permite a proatividade na própria experiência de aprendizagem, além de múltiplos pontos de vista. O segundo, por sua vez, ao utilizar uma abordagem mais diretiva, esclarece objetivos e riscos para a formação de terapeutas menos experientes. O autor concluiu que uma supervisão ideal deve contar com uma estrutura hierárquica, porém permitindo a expressão aberta de ideias, incorporada em uma relação colaborativa entre os participantes da equipe.

Percebe-se, de modo geral, que as pesquisas focadas na temática 9 não apresentam conclusões definitivas a respeito da aplicação do modelo de equipe reflexiva em processos de supervisão. Em sua maioria, os autores declaram que é fundamental ampliar as pesquisas sobre a temática, a fim de avaliar a sua real eficácia.

Na décima e última temática (Estudos de caso / relatos de experiência de equipes reflexivas com crianças e seus familiares, utilizando de recursos metafóricos, lúdicos e/ou contribuições de diferentes teorias), foram encontrados 3 artigos. Uma das pesquisas, de Laitila et al. (1996), relatou um estudo de caso cuja queixa relacionava-se a problemas psiquiátricos de uma criança da família. Os resultados das sessões destacaram a importância de realizar a integração entre técnicas verbais e não verbais, especialmente quando se trata de psicopatologias infantis. Ressaltou que ferramentas lúdicas possibilitaram que as conotações negativas observadas no sistema familiar fossem passíveis de ressignificações, contribuindo para o processo de mudança na família. Laitila e Aaltonen (1998) realizaram um estudo piloto com o objetivo de analisar um processo terapêutico familiar de um menino de 10 anos, diagnosticado como psicótico. A investigação utilizou o formato da equipe reflexiva aliado ao modelo de assimilação. Os resultados indicaram que o procedimento mostrou-se adequado, tornando as mudanças mais compreensíveis e fornecendo informações sobre a eficácia das técnicas de terapia familiar. Por fim, Fredman, Christie e Bear (2007) discutiram cinco dilemas éticos relacionados à inclusão de crianças nas sessões de equipe reflexiva: como fazer para que se sintam ouvidas e não julgadas; como atender aos sentimentos das crianças sem fazer delas o foco dos problemas; como criar um contexto no qual podem expressar-se quando não conseguem encontrar palavras; como garantir um tempo adequado, um lugar e um bom relacionamento para as crianças falarem; e como criar um contexto seguro e respeitoso entre o terapeuta, dos diferentes pontos de vista da criança e dos adultos. As autoras defendem que, por meio da equipe reflexiva, toda a família ouve novas perspectivas sobre sua demanda, inclusive a criança.

As pesquisas abarcadas pela temática 10 ressaltam a importância de contemplar as necessidades específicas das crianças, no contexto da terapia familiar. Para tanto, os autores sugerem a utilização integrada de diversas técnicas, especialmente a utilização de recursos lúdicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento das equipes reflexivas foi fortemente influenciado pelos princípios do construcionismo social, configurando-se como uma prática colaborativa, com ênfase na ressignificação das demandas dos clientes a partir da narrativa. No âmbito da terapia familiar sistêmica, a utilização da equipe reflexiva tem sido avaliada, de modo geral, de forma positiva, tanto por terapeutas quanto por casais e famílias. Clientes e terapeutas compartilham a ideia de que o modelo tende a ampliar as perspectivas diante dos problemas, potencializando as pessoas a encontrarem novas soluções frente às dificuldades, de maneira respeitosa, segura e relacional. Além de seu emprego como recurso de aprendizagem para terapeutas iniciantes e processos de supervisão clínica, outros profissionais têm se apropriado dos benefícios da equipe reflexiva em diversos campos de atuação.

Diante da multiplicidade de perspectivas, a equipe reflexiva tem sido utilizada por diferentes profissionais com fins também diferentes. Desse modo, considera-se fundamental que, no âmbito da terapia familiar sistêmica, novos estudos possam ser desenvolvidos, principalmente na realidade brasileira, com o intuito de aprofundar as pesquisas referentes às percepções dos clientes que são atendidos nesse formato, bem como estudos relacionados à participação de supervisionandos em equipe reflexivas. Estudos como estes ainda são escassos em nossa realidade, e uma vez realizados, podem contribuir para o fomento do trabalho com equipes reflexivas, bem como para o aprimoramento estratégias a serem usadas no trabalho com famílias, casais e grupos que procuram pelo atendimento psicológico.


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Recebido em: 25/06/2016
Aprovado em: 06/10/2016
 


I Milena Carolina Fiorini: Psicóloga e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. E-mail: milenacf.psicologa@gmail.com

II Luciane Guisso: Psicóloga e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. E-mail: lucianeguisso@gmail.com

III Maria Aparecida Crepaldi: Psicóloga, doutora em saúde mental e professora do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. maria.crepaldi@gmail.com

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