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Nova Perspectiva Sistêmica

versión impresa ISSN 0104-7841versión On-line ISSN 2594-4363

Nova perspect. sist. vol.30 no.70 São Paulo mayo/ago. 2021

http://dx.doi.org/10.38034/nps.v30i70.570 

10.38034/nps.v30i70.570 ARTIGO

 

Transmissão transgeracional de padrões conjugais e familiares: implicações para o cuidado em saúde*

 

Transgenerational transmission of conjugal and family patterns: implications for health care

 

Transmisión transgeneracional de patrones conyugales y familiares: implicaciones para el cuidado de la salud

 

 

Junia Denise Dlves-SilvaI; Fabio Scorsolini-CominII

IUniversidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba/ MG, Brasil
IIUniversidade de São Paulo, São Paulo/SP Brasil

 

 


RESUMO

Este estudo buscou compreender a transmissão transgeracional de elementos entre as gerações das famílias com foco nas práticas conjugais e familiares. A partir de uma revisão narrativa, destaca-se que as produções mais recentes acerca do assunto exploraram os seguintes aspectos: a família como meio privilegiado de transmissão; a aprendizagem de práticas educativas em família; a influência familiar na construção dos vínculos afetivos; e o papel do casamento. As famílias apresentam modos variados de transmitir conteúdos entre as gerações, reforçando a ideia da preexistência de uma história transmitida como um legado familiar e que entrelaça o desenvolvimento individual ao desenvolvimento da família. Considerar esses elementos no cuidado em saúde pode ser útil para uma reflexão sobre os aspectos intersubjetivos que atravessam o grupo familiar e que podem estar associados a comportamentos em saúde, promovendo uma atenção mais próxima, integrada e humanizada.

Palavras-chave: família; relações familiares; casamento; enfermagem familiar.


ABSTRACT

This study aimed to understand the transgenerational transmission of elements between generations of families with a focus on conjugal and family practices. From a narrative review, it is highlighted that the most recent productions on the subject explored the following aspects: the family as a privileged means of transmission; learning educational practices in the family; family influence in the construction of affective bonds and the role of marriage. Families have different ways of transmitting content between generations, reinforcing the idea of the pre-existence of a story transmitted as a family legacy and that intertwines individual development with family development. Considering these elements in health care can be useful for a reflection on the intersubjective aspects that cross the family group and that can be associated with health behaviors, promoting closer, integrated and humanized care.

Keywords: family; family relationships; marriage; family nursing.


RESUMEN

Este estudio buscó comprender la transmisión transgeneracional de elementos entre generaciones de familias con un enfoque en las prácticas conyugales y familiares. De una revisión narrativa, se destaca que las producciones más recientes sobre el tema exploraron los siguientes aspectos: la familia como un medio privilegiado de transmisión; aprender prácticas educativas en la familia; influencia familiar en la construcción de lazos afectivos y el papel del matrimonio. Las familias tienen diferentes formas de transmitir contenido entre generaciones, reforzando la idea de la preexistencia de una historia transmitida como un legado familiar y que entrelaza el desarrollo individual con el desarrollo familiar. Considerar estos elementos en la atención de la salud puede ser útil para reflexionar sobre los aspectos intersubjetivos que atraviesan el grupo familiar y que pueden asociarse con comportamientos de salud, promoviendo una atención más cercana, integrada y humanizada.

Palabras clave: familia; relaciones familiares; matrimonio; enfermería familiar.


 

 

INTRODUÇÃO

Pensar sobre a transmissão de conteúdos entre as gerações da família é considerar que, mesmo antes da concepção, a pessoa é marcada pelas expectativas da família de origem, o que pode influenciar o seu desenvolvimento, ressaltando o papel da família como transmissora de valores, significados e percepções que participam da construção da subjetividade dos sujeitos/indivíduos (Almeida, Magalhães & Féres-Carneiro, 2014). As histórias individuais acabam sendo moldadas pelas histórias familiares, destacando a preexistência e influência desse grupo (Bowen, 1989; Carter & McGoldrick, 2011). Para entender esse fenômeno, esta revisão narrativa privilegiará a perspectiva sistêmica do processo transgeracional de transmissão de padrões conjugais e familiares, buscando também refletir sobre as suas implicações para o cuidado em saúde no atendimento às famílias.

A literatura científica traz diferentes nomes para abordar a transmissão de conteúdos entre as gerações da família, como transgeracionalidade, intergeracionalidade e multigeracionalidade. Conforme analisado por Ferreira (1986, citado por Falcke e Wagner, 2014), como transgeracional entendem-se os elementos que perpassam a história da família e que se mantêm presentes ao longo das gerações. Como in-tergeracional entende-se a noção de reciprocidade e a passagem de uma geração a outra. Já o multigeracional é entendido como o envolvimento de quantidade de gerações, sem considerar os fatores entre elas. Considerando as três terminologias e suas importantes representações para a compreensão do fenômeno, ressaltamos que nesta revisão optamos por utilizar o termo transgeracionalidade como sendo representativo dos processos transmitidos e mantidos na história familiar e entre suas gerações (Falcke & Wagner, 2014).

A transmissão transgeracional a partir da perspectiva sistêmica é representada pela ideia da bagagem que é trazida dos modelos familiares e sociais. Mesmo que esses modelos sejam repetidos, contrariados ou transformados, todas essas possibilidades partem dos padrões relacionais já conhecidos (Zordan, Falcke, & Wagner, 2014). Padrões familiares são os modos de funcionamento das famílias, podendo ser adaptativos ou mal adaptativos, e que costumam se repetir entre os membros do grupo. Esses padrões podem ser também maneiras de lidar com os problemas que podem ser transmitidas de uma geração a outra, sem a necessidade de ocorrer de forma linear. Ou seja, o problema pode acontecer na geração de um pai e se repetir somente com seus netos (McGoldrick, Gerson, & Petry, 2012).

A teoria de Bowen (1989) ressalta que as pessoas carregam consigo sua família de origem e indica que os conflitos não resolvidos no contexto original tendem a se repetir nas demais relações interpessoais. Para compreender melhor essa ideia, é importante destacar o conceito de diferenciação de self que, conforme Bowen (1989), é o grau de maturidade emocional do indivíduo. A partir da sua diferenciação, objetiva-se que a pessoa tenha capacidade de pensar e refletir por si mesma (apesar da influência formativa da família), que não responda automaticamente a pressões emocionais (internas ou externas) e que tenha capacidade de ser flexível, mesmo diante da ansiedade. O nível de diferenciação de um sujeito é influenciado pelo nível de diferenciação de seus pais e pelo tipo de relacionamento que tem com eles. A maneira como a vinculação emocional na vida adulta é tratada vai facilitar ou dificultar que a pessoa "se solte" de seus pais (Bowen, 1989).

Assim, a capacidade dos indivíduos de se diferenciarem é influenciada pelo passado multigeracional e pelas experiências vividas nas famílias de origem, o que significa que os níveis de diferenciação de self vão sendo transmitidos de geração a geração e influenciam a facilidade ou dificuldade das pessoas de se diferenciarem de seus pais para viverem a própria vida. Bowen entende que a criança já está afetada pelo processo de transmissão antes mesmo de nascer, sendo ao mesmo tempo herdeiro e prisioneiro de uma história familiar preexistente (Bowen, 1989; Falcke & Wagner, 2014) . A partir dessas considerações, entende-se que as transmissões do conteúdo familiar fazem parte da estrutura do núcleo desse grupo, o que leva à reflexão de que a transgeracionalidade na família é inevitável (Botton, Cúnico, Barcinski, & Strey, 2015) e reforça a importância de estudos que se dediquem a aprofundar os conhecimentos sobre essa temática.

No campo do cuidado em saúde, a família é investigada de diversas perspectivas, desde os cuidados prestados especificamente para esse núcleo, passando pelas estratégias de atenção que podem ser assumidas pela família a partir de orientações da equipe de saúde, até mesmo o modo como os elementos familiares emergem tanto como explicações para determinados processos de adoecimento quanto como formas de se apreender os processos de saúde (Mendes, 2020; Takahara et al., 2019; Zanetti et al., 2019). O adoecimento na e pela família também tem sido investigado no campo da saúde mental (Alves-Silva & Scorsolini-Comin, 2019), defendendo a possibilidade de incluirmos os cuidados em saúde no rol de eventos que atravessam não apenas a família, mas também o fenômeno da transgeracionalidade, alvo do presente estudo.

A partir do exposto, o objetivo deste estudo é compreender a transmissão trans-geracional de elementos entre as gerações das famílias, com foco nas práticas conjugais e familiares e suas implicações para os cuidados em saúde. Para tanto, foi realizada uma revisão narrativa da literatura científica, buscando a articulação entre a teoria sistêmica e as produções, veiculadas nos últimos dez anos, que tratam dessa temática. Nesta discussão são recuperados textos mais clássicos e também estudos mais recentes sobre o fenômeno em tela. As revisões narrativas podem ser contribuições científicas valiosas para a literatura, sobretudo pela possibilidade de apresentarem posicionamentos críticos diante de determinados fenômenos (Green, Johnson, & Adams, 2006) e permitirem reflexões que orientarão futuros estudos. Nesse tipo de revisão, podem ser recuperados diferentes tipos de estudos, não priorizando determinadas evidências ou determinados delineamentos em detrimento de outros. A opção por esse tipo de revisão também se sustenta no interesse em discutir a transgeracionalidade e sua inter-relação com o cuidado em saúde na família de maneira mais ampliada, de modo a cotejar diferentes contribuições presentes na literatura sem o estabelecimento de crivos que, por vezes, acabam permitindo o reforço de apenas determinadas perspectivas epistemológicas acerca do que é ciência. A seguir apresentaremos quatro categorias temáticas que organizam a presente revisão, permitindo o alcance do objetivo proposto.

 

FAMÍLIA: MEIO PRIVILEGIADO DE TRANSMISSÃO

A família é um meio privilegiado de transmissão de nomes, sobrenomes, patrimônio, cultura, padrões, costumes e conflitos. Esse processo de transmissão de conteúdos entre as gerações familiares é fundamental para a construção da identidade das pessoas, além de assegurar a sobrevivência da família através do tempo (Almeida et al., 2014). As vivências cotidianas em família propiciam a construção de um modo particular de interpretar experiências e de elaborar a identidade familiar. Entretanto, isso não impede que as pessoas vivenciem sua história particular associada à etapa do ciclo de vida, considerando a influência dessas vivências no modo como as ideias são organizadas (Barbosa, Neme, & Melchiori, 2011).

Na perspectiva sistêmica, a família é um sistema aberto e dinâmico em constantes interações com o meio, transformando-se continuamente para garantir o crescimento psicossocial de seus membros e se adaptar às circunstâncias históricas e sociais e aos estágios de transição presentes em seu desenvolvimento (Andolfi, 1989). Ela engloba aqueles que se ligam por sua história legal, cultural e emocional. O funcionamento de seus membros é interdependente de forma que a mudança em um sistema afeta os demais, considerando ainda a tendência que essas interações familiares apresentam de serem repetitivas. Sendo assim, elas constroem padrões, de forma que as questões que acontecem em uma geração frequentemente se repetem em outra (McGoldrick et al., 2012).

Esse processo de transmissão de conteúdos familiares começa, antes de a criança ser concebida, com as expectativas e fantasias do lugar que a família prepara para ela (Falcke & Wagner, 2014), como, por exemplo, na escolha do nome próprio. Essa escolha é perpassada por expectativas, mitos e crenças do grupo familiar do qual a criança fará parte. Santos e Cerveny (2013) discutiram em seu estudo esse processo de escolha do nome articulado aos conceitos de lealdade, pertenci-mento e diferenciação. As autoras concluíram que, por mais que os membros da família se diferenciem do grupo em alguns aspectos, não é possível fazer escolhas desconsiderando totalmente a bagagem herdada da família de origem, daí resulta o fato de ser comum que nomes próprios sejam repetidos entre as gerações, o que ressalta a tarefa de equilíbrio entre pertencimento às características culturais da família e diferenciação a partir do questionamento das heranças familiares (Santos & Cerveny, 2013).

Exemplos de como a influência da família é forte podem ser vistos no modelo de comportamento que os pais são para os filhos e que é articulado a partir da comunicação de seus valores e expectativas em diversas temáticas (Sipsma, Biello, Cole-Lewis, & Kershaw, 2010). Entre eles, é possível indicar os comportamentos relativos ao enfretamento positivo das dificuldades econômicas e continuidades do status socioeconômico (Senia, Neppl, Gudmunson, Donnellan, & Lorenz, 2016), a participação dos pais nas atividades políticas (Fuks, 2011), a sexualidade e a gravidez na adolescência (Cunha & Wendling, 2011), os problemas de conduta (Raudino, Fergusson, Woodward, & Horwood, 2013), a construção do papel de pai (Gabriel & Dias, 2011), a transmissão de saberes sobre um papel profissional (Garcia, Yunes, Chaves, & Santos, 2007), o ensino sobre comportamentos de segurança (Morrongiello, Corbett, & Bellissimo, 2008), entre outros. De modo semelhante, comportamentos em saúde podem utilizar a família tanto como espaço ou meio de cuidado quanto como categoria para a compreensão desse adoecimento (Alves-Silva & Scorsolini-Comin, 2019; Takahara et al., 2019; Zanetti et al., 2019).

Os estudos selecionados para esta revisão também discutem possíveis modos pelos quais os padrões familiares e conjugais podem ser transmitidos entre as gerações, como os segredos, os rituais familiares e, até mesmo, a linguagem oral. Os segredos (silenciamento, não ditos) apresentam-se como uma forma possível de transmissão ao se considerar que não revelar um conteúdo também é uma maneira de destacar o que ainda não foi elaborado psiquicamente. Esse processo pode disparar repetições inconscientes das histórias entre as gerações e criar vínculos familiares patológicos que dificultem o desenvolvimento (Scorsolini-Comin & Santos, 2016). Os rituais familiares se destacam na temática da transgeraciona-lidade por reforçarem os padrões de comportamento e as normas sociais moralmente significativas por meio da vinculação emocional entre esses comportamentos ritualizados e os valores compartilhados pelo grupo (Rossano, 2012).

A partir dos segredos familiares podem emergir situações relacionadas ao adoe-cimento, sobretudo quando esse processo é permeado por interditos e tabus, como no caso da saúde mental. As possíveis escolhas em revelar ou não diagnósticos e tratamentos vivenciados por membros da família, por exemplo, podem influenciar o modo como o adoecimento se perpetua como um interdito ou, caso seja revelado, o amadurecimento pelo núcleo familiar, o que aproxima esses membros também de uma busca ativa por práticas de saúde importantes nesse contexto de cuidado (Mendes, 2020).

Um instrumento eficaz e bastante usado na pesquisa científica e também por profissionais da saúde na assistência é o genograma - registro gráfico que reúne informações sobre uma família, mostrando sua estrutura, funcionamento e padrões de relações por pelo menos três gerações. O uso do genograma como instrumento de pesquisa ressalta seu potencial de rastrear informações em um formato gráfico simples, enquanto seu uso clínico permite acessar o material familiar emocionalmente carregado. Esse instrumento é uma forma prática de envolver as famílias no tratamento, pensando-o sistemicamente, organizar suas experiências, reestruturar e esclarecer questões familiares, servindo como auxílio psicoedu-cacional para conhecimento desses padrões e libertando os membros do grupo para outras vivências no futuro (McGoldrick et al., 2012). Segundo Borges, Costa e Faria (2015), a partir das informações levantadas pelo genograma, a avaliação em saúde mental é facilitada, permitindo o delineamento de estratégias de investigação de padrões familiares, de identificação das vulnerabilidades da família, de intervenções necessárias, de demandas preventivas e também promotoras de saúde.

Um outro sentido disponível na literatura refere-se ao caráter cultural que atravessa os processos de transmissão. A transmissão cultural aparece como um modo de permanência dos valores familiares, seja entre famílias da mesma nacionalidade (Gutierrez, Goodwin, Kirkinis, & Mattis, 2014; Lisboa, Féres-Carneiro, & Jablonski, 2007), seja em famílias com imigrantes (Marcon, Navarro, Hayakawa, Scardoelli, & Waidman, 2008), de maneira que os valores e costumes das culturas de origem (como tradições alimentares e comemorações de datas importantes) sejam mantidos entre as gerações seguintes. No estudo desenvolvido por Marcon et al. (2008), as autoras ressaltaram que esses ensinamentos de padrões e costumes acontecem quase sempre de maneira informal a partir da relação interfamiliar, o que influencia para que a transmissão desses padrões não seja completa e que a incorporação de valores nas gerações seguintes seja também influenciada pela cultura local. Os recortes dos estudos apresentados nesta categoria temática ilustram a família como um meio privilegiado de transmissão de conteúdos, entre as gerações, tais como valores, significados e percepções. Além disso, indicam o papel fundamental da família na construção da subjetividade de seus membros e as implicações desse papel nos cuidados em saúde.

 

APRENDIZAGEM DE PRÁTICAS EDUCATIVAS EM FAMÍLIA

As práticas educativas parentais apresentam-se como importantes influências no desenvolvimento socioemocional dos filhos, ressaltando a relevância da transmissão transgeracional dessas práticas (Marin et al., 2013), o que pode interferir em melhores desfechos no contexto do cuidado em saúde, nas práticas de prevenção e também na promoção de comportamentos mais saudáveis. Essas práticas educativas podem ser consideradas como um conjunto de estratégias utilizadas pelos pais para educar, socializar e controlar o comportamento de seus filhos (Terres-Trindade, Souza, & Predebon, 2012), o que também envolve a transmissão de conhecimentos e experiências relacionados aos processos de saúde e doença.

Compreende-se que a aprendizagem no contexto familiar pode fazer referência aos processos cotidianos e acontece por meio de observações dos comportamentos, pela realização de atividades rotineiras em conjunto e, também, pelos padrões de interação do grupo familiar (Garcia et al., 2007). A aprendizagem nas famílias de origem influencia inclusive a execução de determinados papéis. Segundo Gabriel e Dias (2011), a construção do papel de pai pode se basear no modelo de paternidade aprendido com o próprio pai associado às representações que o homem tem sobre ser pai, indicando como a paternidade pode ser um fenômeno complexo. Os participantes desse estudo indicaram que, apesar de seus próprios pais terem apresentado falhas na educação recebida, isso não torna seus modelos como desclassificáveis, sendo possível indicar uma transmissão intergeracional do modelo de paternidade (especialmente sobre educação e fornecimento de afeto), a despeito das modificações que puderam ser apreendidas na passagem de uma geração para a outra. A construção do papel de mãe também foi ilustrada (Cabral & Levandowski, 2012).

A tentativa de transformação ou evitação de atitudes dos pais consideradas negativas durante a sua educação também foi encontrada no estudo de Beltrame e Bottoli (2010). As autoras identificaram que os pais deste estudo buscaram construir relações mais afetivas com seus filhos e, para tanto, utilizaram a combinação de suas próprias concepções do que é ser pai, os aspectos transgeracionais trazidos da geração anterior e as exigências sociais de seu tempo. Especialmente as referências às questões afetivas foram ressaltadas como aspectos recebidos transgeracionalmente e que precisavam de uma transformação. É importante ressaltar que é possível que a influência do comportamento dos pais esteja mais relacionada ao modo como essa experiência foi elaborada pelos filhos do que à experiência real em si (Marin et al., 2013).

O estudo de Neppl, Conger, Scaramella e Ontai (2009) também traz considerações importantes sobre os mecanismos envolvidos nas continuidades do comportamento parental ao longo das gerações. Uma hipótese considerada pelos autores, para explicar a transmissão intergeracional da parentalidade, propôs que as crianças desenvolvem características na infância que estimulam a continuidade in-tergeracional das duras práticas educativas parentais. Por exemplo, a paternidade hostil da primeira geração investigada previu o comportamento agressivo da segunda geração durante a infância, os quais, por sua vez, estavam ligados a níveis mais elevados de parentalidade hostil dessa geração 30 anos depois, durante as interações com seus próprios filhos.

Para favorecer o desenvolvimento de competências socioemocionais positivas, os pais precisam se atentar ao exercício de metas de socialização de qualidade, ou seja, em ter valores e estratégias eficientes para melhorar suas práticas de cuidado. Diniz e Salomão (2010) descobriram em seu estudo que os pais se preocupam em utilizar estratégias como dar amor, carinho, compreensão e apoio à criança, corrigir e impor limites, passar seus valores por meio de conversas, conselhos e ensinamentos por demonstração na criação de seus filhos. Para que os filhos possam desenvolver as qualidades esperadas, os pais entendem que precisam oferecer modelos para a criança, o que inclui um ambiente familiar saudável e o cumprimento de responsabilidades a fim de facilitar a transmissão desses valores. Um exemplo de como os pais de fato são modelos para seus filhos pode ser ilustrado pelo estudo de Morrongiello et al. (2008) sobre o ensinamento parental a respeito da segurança para crianças entre sete e 12 anos. Os dados indicaram que o comportamento atual das crianças foi mais bem previsto pelo ensino dos pais, ao passo que o modo como elas planejavam se comportar quando fossem adultas foi mais bem previsto pelas práticas dos pais.

Ainda sobre a temática da segurança versus comportamentos de risco, o estudo de Raudino et al. (2013) vem ilustrar a temática da transmissão intergeracional de problemas de conduta na infância. Os autores observaram que a super-reatividade dos pais, que é o engajamento dos pais em estratégias parentais negativas e reativas (p. ex., responder com raiva, irritação e uso de linguagem ruim) seria uma possível explicação para a continuidade dos problemas de conduta entre pais e filhos. É importante considerar também que a forma como a pessoa elabora, internaliza e avalia a sua criação influencia consideravelmente a continuidade ou não das práticas educativas, de forma que as experiências vivenciadas em família não são inevitavelmente repetidas com as gerações seguintes (Marin et al., 2013). Sejam essas práticas consideradas positivas ou negativas, a transmissão entre as gerações pode acontecer, considerando também a influência social na modificação de algumas práticas, o que explicaria o porquê de umas serem transmitidas e outras transformadas ou não seguidas (Terres-Trindade et al., 2012).

Outro fator de influência na transmissão transgeracional de práticas educativas encontrado nos estudos desta revisão foi o funcionamento executivo, que envolve as habilidades cognitivas necessárias para a organização de pensamentos, emoções e ações, como o raciocínio lógico e a tomada de decisões. Bridgett, Kanya, Rutherford e Mayes (2017) analisaram se o funcionamento executivo pode ser um mecanismo pelo qual o comportamento dos pais é transmitido para as gerações seguintes. Os achados desse estudo indicaram que as práticas parentais negativas recebidas de seus próprios pais estavam significativamente relacionadas a um funcionamento executivo materno pior, enquanto um funcionamento executivo materno pior estava significativamente relacionado ao envolvimento subsequente em práticas parentais mais negativas (como intromissão e exibições de negatividade) com seus próprios filhos.

Os estudos discutidos nesta categoria temática propõem a influência que os pais exercem na vida dos filhos colocando-se como modelos para o desenvolvimento socioemocional, cognitivo e para os comportamentos positivos ou negativos. Considera-se ainda que, mesmo que os modelos dos pais sejam transformados ou evitados, os filhos partem desse padrão para se organizarem, ressaltando a transmissão transgeracional da temática e o modo como a mesma pode permitir tanto melhores desfechos no contexto da saúde, justamente pela difusão de práticas de prevenção e de promoção de saúde, bem como de comportamentos associados a riscos e vulnerabilidades, o que, possivelmente, pode promover ressonâncias na atenção em saúde a esse grupo (Botti, Machado, Tameirão, Costa, & Benjamin, 2014; Mandal & Hindin, 2015; Neppl, Lohman, Senia, Kavanaugh, & Cui, 2019).

 

INFLUÊNCIA FAMILIAR NA CONSTRUÇÃO DOS VÍNCULOS AFETIVOS

Os vínculos afetivos considerados satisfatórios e seguros estão associados a melhores desfechos no campo da saúde justamente por representarem uma rede de apoio social que pode ser importante em determinados processos, como no adoe-cimento crônico, por exemplo (Mendes, 2020). Outro exemplo em que a família influencia como importante rede de apoio é no processo de aleitamento materno, que é fundamental para o recém-nascido e traz benefícios também para a saúde da mãe. O aleitamento materno pode vir de uma ação educativa promovida por profissionais, de modo a preparar a família para a nova prática que se inscreverá em seu cotidiano (Nascimento et al., 2019), porém cabe à equipe técnica a tarefa de identificar demandas e intervir a favor do fortalecimento dos vínculos familiares em prol do novo membro que vai chegar e que, inevitavelmente, vai balançar os subsistemas do grupo.

Os padrões de comunicação familiar podem exercer influência duradoura sobre o funcionamento relacional de seus filhos, o que pode ser visto sobre a constituição de vínculos afetivos (Merz & Jak, 2013), sobre a resolução de conflitos parento-filiais (Van Doorn, Branje, & Meeus, 2007), e também sobre a resolução de conflitos conjugais (Cui, Fincham, & Pasley, 2008; Hare, Miga, & Allen, 2009; Kim, Pears, Capaldi, & Owen, 2009; Whitton, Rhoades, Stanley, & Markman, 2008). As relações de apego durante a infância são compreendidas, em muitos estudos, como cruciais para o desenvolvimento individual e podem ter influências ao longo de todas as fases da vida (Bortolini & Piccinini, 2015; Merz & Jak, 2013), de modo que essas vivências consideradas sensíveis e calorosas de apego e segurança nas interações familiares sejam relacionadas positivamente a comportamentos semelhantes com parceiros românticos no futuro (Dinero et al., 2008).

O estudo de Raby et al. (2015) observou que as pessoas que tiveram cuidados maternos mais sensíveis durante a infância foram mais propensas a prestar cuidados aos seus próprios filhos. As experiências da infância também foram estudadas por Merz e Jak (2013), porém o enfoque foi dado à influência do apego aos pais e às experiências estressantes na infância em relação à solidão na vida adulta. Os dados de ambos os estudos ressaltam a importância das relações parento-filiais na infância, sendo esse relacionamento o primeiro e mais importante, por ser a partir daí que as crianças aprendem e organizam os significados e as representações sobre a disponibilidade de figuras confiáveis, o que vai refletir nas demais relações próximas ao longo da vida.

O desenvolvimento de um apego seguro pode inclusive moderar a transmissão do uso de estratégias destrutivas de conflito entre gerações (Hare et al., 2009). Kim et al. (2009) discutiram sobre o papel da desregulação emocional na transmissão intergeracional do conflito de relacionamentos amorosos. Eles observaram que a desregulação emocional dos pais estava diretamente relacionada às suas habilidades disciplinares deficientes e à desregulação emocional do filho, que, por sua vez, estava associada às estratégias de resolução de conflito posteriormente utilizadas por esse filho.

A influência dos conflitos conjugais dos pais na construção dos vínculos afetivos dos filhos foi ilustrada no estudo de Cui et al. (2008). Os autores desse estudo examinaram o papel do divórcio dos pais e do conflito interparental nos relacionamentos amorosos de 358 jovens adultos. Os resultados evidenciaram que o efeito dos conflitos conjugais dos pais estava mais associado à baixa eficácia e ao comportamento de conflito relacional dos filhos do que o evento do divórcio em si. Esses dados mostram que a transmissão de comportamentos de conflito em relacionamentos românticos entre pais e filhos afeta consideravelmente a qualidade dos relacionamentos desses jovens.

Ainda sobre a temática do divórcio, Whitton et al. (2008) encontraram em seu estudo que o divórcio dos pais se associou a um menor comprometimento no relacionamento e a uma menor confiança no relacionamento entre as mulheres pesquisadas, mas não entre os homens, o que aumenta potencialmente o risco de divórcio. A transmissão intergeracional do divórcio demonstra que, em comparação aos filhos de pais não divorciados, os de pais divorciados geralmente têm atitudes mais negativas em relação ao casamento como instituição e são menos otimistas quanto à viabilidade de um casamento saudável e duradouro.

Acerca da influência familiar na construção dos vínculos afetivos, ressalta-se que as crianças expostas a conflitos conjugais correm o risco de apresentar desregula-ção emocional, levando a dificuldades nas relações entre pares e interações sociais. Desse modo, reforça-se a ideia de que a parentalidade inconsistente e severa é um mecanismo significativo para transmitir um envolvimento emocional disfuncional em relacionamentos próximos, de modo que as crianças com prejuízos na regulação emocional e no desenvolvimento psicossocial tendem a estender essas dificuldades a outras relações (Ehrensaft, Knous-Westfall & Cohen, 2011).

Pode-se concluir, a partir desta categoria temática, que os cuidadores são importantes referências para a construção dos vínculos afetivos dos filhos ao longo da vida, sendo que essa influência pode repercutir na construção ou dissolução de relacionamentos amorosos e nas relações parento-filiais atuais e futuras, reforçando o papel formador das figuras parentais. Ter acesso ao modo como esses vínculos são construídos e vivenciados pelas famílias que estão na linha de cuidado pode ser importante no sentido de delimitar ações e estratégias que possam tanto reforçar vínculos seguros como forma de manutenção de comportamentos positivos em saúde, quanto refletir sobre determinados vínculos que, porventura, estejam funcionando de modo a interferir negativamente nos desfechos em saúde (Mendes, 2020). A partir dessa identificação, permite-se, de modo mais apropriado, o manejo desses vínculos no cuidado em saúde, priorizando os modelos que contribuem para uma melhora do paciente e buscando alternativas aos funcionamentos familiares que se tornam conflituosos nesse contexto.

A terapia familiar transgeracional poderia ser uma perspectiva interessante para os cuidados em saúde mental porque examina as interações das famílias ao longo das gerações como uma estratégia utilizada para compreender como elas responderam às crises, bem como para tentar prever possíveis dificuldades. As pessoas são desafiadas a examinar padrões transgeracionais de comportamento, de comunicação, de resolução de conflitos, em busca da promoção da diferenciação do self de cada membro da família (Ballard, Fazio-Griffith & Marino, 2016). Promover essa reflexão em saúde pode trazer elementos importantes para as interações e relações estabelecidas atualmente, sendo que alguns padrões disfuncionais porventura identificados podem ser alvo de intervenções que busquem novas formas de responder aos eventos e desafios encontrados nas relações cotidianas, priorizando modos saudáveis e adaptativos de funcionar, de interagir e de construir novas relações.

 

O CASAMENTO COMO UM ATUALIZADOR DE HERANÇAS FAMILIARES

O casamento assinala a transformação de papéis dos membros em suas famílias de origem, ao mesmo tempo em que inicia um novo casal. Esse ritual possibilita mudanças individuais e no sistema familiar, exigindo que o casal negocie sua relação com os demais subsistemas, como pais, irmãos, avós e amigos (McGoldrick, 2011). O casamento traz desafios implícitos, como as expectativas anteriores ao matrimônio, a bagagem trazida das experiências nas famílias de origem, os conflitos mal resolvidos, entre outros (Quissini & Coelho, 2014).

Sendo um evento de transformação no ciclo vital, o casamento pode ser considerado uma "crise" por ocasionar certa instabilidade e necessidade de reorganização das relações e das regras de funcionamento da família. Nesses momentos, o poder dos padrões familiares transgeracionais pode se tornar mais evidente ao favorecer ou dificultar determinados comportamentos no meio familiar (Falcke & Wagner, 2014), já que a experiência na família de origem é um fator importante para entender inclusive os esforços que os casais se dispõem a fazer por seus relacionamentos (Hardy, Soloski, Ratcliffe, Anderson & Willoughby, 2015).

A repetição desses padrões evidencia a transgeracionalidade e garante a sobrevivência e perpetuação da família (Almeida et al., 2014), apesar de também gerar possíveis dificuldades e impedimentos ao crescimento do sistema familiar. O modo de significar e vivenciar a conjugalidade também sofre influência de padrões familiares e pode ser transmitido de geração a geração, evidenciando que a transmissão transgeracional ocorre em vários níveis interligados de aprendizagem de informações (McGoldrick, 2011).

A conjugalidade dos pais é uma importante referência para os filhos para ser seguida ou evitada. A escolha do cônjuge é permeada por mensagens que são transmitidas transgeracionalmente pelas gerações anteriores, seja de maneira explícita ou implícita (Zordan et al., 2014), caracterizando esse processo de escolha conjugal como dinâmico, amplo e influenciado por aspectos históricos e sociais. Mesmo que a geração seguinte não tenha seguido os modelos oferecidos pelos pais, eles ainda são considerados referências importantes a serem repetidas, evitadas ou adaptadas. A influência da herança familiar pode levar inclusive à opção por não construir um vínculo amoroso, considerando-se que os conflitos familiares herdados e não elaborados podem provocar dificuldades que não estimulam a pessoa a se comprometer com projetos de compartilhamento (Zanetti & Gomes, 2012).

Outra possível influência da herança familiar sobre o vínculo conjugal pode ser vista na idade dos cônjuges ao se casarem. Os resultados do estudo de Poppel, Monden e Mandemakers (2008) indicaram que os filhos cujos pais se casaram com mais idade eram mais propensos a se casar com uma idade mais avançada do que os filhos cujos pais se casaram mais cedo. Esses dados sugeriram a socialização como o principal mecanismo associado à transmissão intergeracional das idades do casamento ao longo das gerações.

A satisfação conjugal também sofre influência da dinâmica da transgeraciona-lidade. Os resultados do estudo de Dennison, Koerner e Segrin (2014) com casais recém-casados indicaram que as características da família de origem (como o divórcio dos pais e o conflito interparental) estavam associadas à menor satisfação conjugal, especialmente para as esposas. Em Santos e Diniz (2018), as autoras buscaram compreender as condições de saúde mental de dez mulheres donas de casa, casadas e com filhos. Os resultados do estudo indicaram que a falta de autonomia financeira e a desvalorização do trabalho no ambiente privado afetam a forma dessas mulheres de ser e estar no mundo, o que potencializa o comprometimento de sua saúde mental.

Pode-se concluir que os artigos recuperados a partir dessa categoria temática ressaltam o papel do casamento como um evento que atualiza heranças familiares, pois exige que as individualidades se reorganizem, de modo a potencializar o desenvolvimento da identidade conjugal, sendo que esse processo envolve as bagagens que os cônjuges carregam de seu contexto familiar e podem estar diretamente associados à satisfação, ao bem-estar e à qualidade de vida nesse grupo. Sendo assim, quando considerados como fontes de bem-estar, os relacionamentos amorosos são um importante fator de proteção da saúde mental e favorecem o crescimento individual e a satisfação conjugal (Schlosser, 2014).

Cumpre ressaltar também que o casamento pode ser uma importante fonte de apoio diante dos processos de adoecimento. Para tanto, é necessário avaliar tanto as relações estabelecidas antes do adoecimento como as que serão construídas ao longo do diagnóstico e do tratamento, sobretudo quando se trata de um adoeci-mento crônico ou de longa duração, que demandará cuidado e acompanhamento constantes (Alves-Silva & Scorsolini-Comin, 2019). Relações conjugais construídas a partir de uma forte vinculação, com companheirismo e apoio, podem ser fontes importantes para a travessia de um tratamento por parte de um dos cônjuges, por exemplo. De modo similar, também é possível que relações disfuncionais possam não sustentar os desafios impostos pelo adoecimento de um dos cônjuges e se dissolverem. Essas considerações nos colocam diante da necessidade de compreender como esses núcleos conjugais são compostos, suas interações e também os processos intergeracionais envolvidos em sua estruturação.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A literatura reforça que a família é um meio privilegiado de transmissão de conteúdos, os quais são passados às gerações seguintes de diversas maneiras. Dentre elas, pela aprendizagem de comportamentos por observação, pelo compartilhamento de experiências cotidianas, pela comunicação verbal ou informal dos valores e expectativas familiares, pelo silenciamento de conteúdos psíquicos, pelas tradições familiares, pelos padrões de interação e comunicação entre os membros da família, dentre outros. Foi possível observar a existência de continuidades e rupturas na transmissão transgeracional, seja no sentido de repetição, transformação ou evi-tação da herança familiar. Reforça-se, portanto, a ideia da preexistência de uma história transmitida como um legado familiar, de modo a entrelaçar o desenvolvimento individual ao desenvolvimento da família.

A perspectiva sistêmica escolhida como referencial teórico desta revisão narrativa consegue fundamentar essas discussões transgeracionais, considerando sua visão dinâmica e de circularidade sobre os processos de constantes interações entre as pessoas e o meio, o que favorece o entendimento das construções familiares e sociais, que também são dinâmicas. Além disso, os processos de cuidado em saúde evidenciam mais uma vez a influência familiar nessas práticas. Reforça-se, assim, a importância de intervenções que considerem o grupo familiar como um todo, e não somente que estimule cuidados a partir de um viés individual. As equipes de saúde devem estar abertas a refletir sobre essas considerações na oferta do cuidado e como forma de se aproximarem dessas famílias, o que, inequivocamente, pode estar associado à construção de melhores práticas para a atuação nesse cenário.

Embora esses elementos demandem uma articulação teórica que é mais próxima do profissional de Psicologia, até mesmo pelo fato de as teorias sobre família e transmissão transgeracional estarem mais presentes na literatura da ciência psicológica, é mister que outros profissionais de saúde se mostrem porosos a essas reflexões quando promovem cuidados a esse grupo. Nas visitas domiciliares, nas entrevistas interprofissionais e na elaboração de planos terapêuticos singulares, por exemplo, esses conhecimentos podem ser importantes como forma de oferta de uma escuta e de um manejo que supere a inclusão pura e simples da família nesse contexto, mas que permita uma reflexão mais densa a partir de marcadores como os da transmissão entre gerações. Ao acessar esses elementos, pode-se não apenas compreender melhor o funcionamento do grupo familiar, como também desenvolver estratégias que possam mais facilmente acessar esses pacientes e permitir desfechos mais positivos no cuidado à saúde. Assim, a presente revisão contribui para tais reflexões, endereçando aos profissionais de saúde uma literatura atual e comprometida, de fato, com a inclusão responsável e crítica da família como categoria de análise na atenção à saúde.

 

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Recebido em 19/05/2020
Aceito em 10/06/2021

 

 

JUNIA DENISE ALVES-SILVA
Psicóloga e Mestra em Psicologia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
Psicóloga da Prefeitura Municipal de Uberaba/MG.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1653-7182
E-mail: juniaalvess@hotmail.com
FABIO SCORSOLINI-COMIN
Psicólogo, Mestre, Doutor e Livre Docente em Psicologia pela Universidade de São Paulo. Professor Associado do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6281-3371
E-mail: fabio.scorsolini@usp.br

 

 

* O presente artigo é derivado da Dissertação de Mestrado da primeira autora, intitulada "Transgeracionalidade e os modos familiares de transmitir significados do casamento entre as gerações", sob orientação do segundo autor, defendida em 2018 junto ao Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

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