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Actualidades en psicología

On-line version ISSN 0258-6444

Actual. psicol. vol.27 no.114 San José  2013

 

ARTIGOS

 

Relacionamento Conjugal e Táticas de Resolução de Conflito entre Casais

 

Marital Relationship and Tactics of Conflict Resolution between Couples

 

 

Simone Dill Azeredo Bolze*; María Aparecida Crepaldi*; Beatriz Schmidt**; Mauro Luís Vieira*

*Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
**Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A presente pesquisa visa a caracterizar o relacionamento conjugal e as táticas de resolução de conflito entre casais. Participaram 104 casais de um estado no Sul do Brasil, perfazendo o total de 208 respondentes. A média de idade das mulheres foi de 33.27 anos e dos homens 36.45 anos. O tempo de união conjugal variou de um ano a 27 anos, sendo a média 10.74. Os instrumentos utilizados foram: questionário de caracterização do relacionamento conjugal e Revised Conflict Tactics Scales (CTS2). Os resultados obtidos, por meio de análises estatísticas, sugerem que a maioria dos casais considera vivenciar relacionamento conjugal harmônico, com predomínio de estratégias de negociação em casos de emergência de conflitos conjugais. Entretanto, atitudes que envolvem agressão psicológica também apareceram como formas de resolução de conflitos. Os resultados contribuem para elucidar a dinâmica inter-relacional de casamentos saudáveis.

Palavras-chave: Relações Conjugais; Conflito Conjugal; Relacionamento Interpessoal.


ABSTRACT

This research aims to characterize the marital relationship and tactics of conflict resolution between couples. The participants were 104 couples from a state located in the south of Brazil, totaling 208 respondents. The average age of the women was 33.27 years old and men 36.45. The time of conjugal union ranged from one year to 27 years and the average was 10.74. The measurements used were: a questionnaire to characterize the marital relationship and the Revised Conflict Tactics Scales (CTS2). The results obtained by means of statistical analyzes suggest that most couples consider to experience a harmonic conjugal relationship with preponderance of negotiation strategies in emergency cases of marital conflict. However, attitudes involving psychological aggression also appeared as forms of conflict resolution. The results contribute to elucidate the inter-relational dynamics of healthy marriages.

Keywords: Marital Relationships; Marital Conflict; Interpersonal Relationship.


 

 

Introdução

O casamento é considerado um modelo adulto de intimidade, o qual demanda que duas pessoas diferentes, com características de vida pregressa distintas, encontrem-se e renegociem questões anteriormente definidas para si individualmente, abrangendo aspectos relativos à alimentação, atividades laborais, recreação, sono, exercício da sexualidade, dentre outros (McGoldrick, 1995). Assim, o fascínio e as dificuldades do casamento se relacionam ao fato de o casal compreender, de maneira simultânea, duas pessoas com suas identidades, duas histórias de vida, duas percepções de mundo e dois projetos de vida que convivem, no casamento, com uma identidade conjugal, uma história de vida em comum e um projeto de vida de casal (Féres-Carneiro, 1998). Desse modo, ao se engajar em uma relação a dois, cada cônjuge experiencia a modificação e a reorganização da sua realidade individual. Inicia-se, então, a construção de um mundo em comum, com referências e identidade partilhadas – um "eu conjugal" (Féres-Carneiro & Diniz Neto, 2010).

No decorrer da sua trajetória de desenvolvimento, o casamento atravessa distintos períodos de transição, exigindo do casal esforços contínuos de mudança e de adaptação; de tal sorte, em virtude da sua não linearidade, ocorrem, durante a vigência da união, momentos de afetividade positiva e outros de afetividade negativa entre os membros do casal (Narciso & Ribeiro, 2009). Nesse sentido, uma relação conjugal caracterizada como mutuamente satisfatória não se refere, necessariamente, a uma relação conjugal sem conflitos. Isso porque o conflito é inerente a todos os relacionamentos humanos, ou seja, é um fenômeno característico da vida e que pode resultar em novas oportunidades e transformações aos envolvidos (Bolze, Schmidt, Crepaldi, & Vieira, 2011). Assim sendo, há de se prever que o casal, mesmo em relacionamentos considerados felizes, enfrentará conflitos conjugais (Narciso & Ribeiro, 2009).

O conflito conjugal se refere a episódios de interação adversa entre os cônjuges, sendo constituído por distintas situações particulares em cada caso. As dimensões que o compõem se caracterizam pela frequência de ocorrência dos episódios, pela sua intensidade, conteúdo e métodos de resolução utilizados (Benetti, 2006). Algumas interações conflitivas causam apenas certo incômodo e irritação; outras, entretanto, podem ser de complexidade e de intensidade opressivas. De tal modo, trata-se de uma tarefa difícil a definição de conflito conjugal, pois este envolve desde discordâncias facilmente solucionáveis até ameaças, agressões físicas e psicológicas, bem como comportamentos hostis.

O conflito conjugal é reconhecido como um fenômeno complexo, no qual diferentes variáveis podem acarretar interferências, como é o caso das características individuais dos membros do casal, tais quais traços de personalidade de neuroticismo (Mônego & Teodoro, 2011) e de aspectos sociodemográficos, como idade, grau de escolaridade, renda e número de filhos (Norgren, Souza, Kaslow, Hammerschmidt, & Sharlin, 2004; Rauer, Karney, Garvan, & Hou, 2008).

Os casais se engajam em interações conflitivas de diversas ordens, o que parece inevitável, sopesando que todas as relações humanas são permeadas por conflitos (Straus, 1979). A maior parte dos casais lida com as desavenças cotidianas através de negociações pacíficas; entretanto, para algumas díades, as diferenças que causam conflito evoluem para a utilização da violência, seja essa física ou psicológica (Alvim & Souza, 2005), o que pode ter um papel deletério sobre a saúde mental e física dos envolvidos (Fincham, 2003). Do ponto de vista clínico, casais que vivenciam conflitos, mas têm habilidades para negociar e resolvê-los, são considerados saudáveis (Goeke-Morey, Cummings, Harold, & Shelton, 2003).

Embora a literatura sobre a temática contemple que o conflito conjugal se associa ao desenvolvimento de problemas comportamentais e orgânicos, tanto nos cônjuges, quanto nos seus filhos (Humbad, Donnellan, Klump, & Burt, 2011; Wood, Crane, & Keller, 2011), é importante destacar que a maneira como os conflitos são solucionados é um dos principais fatores relacionados ao aumento ou à diminuição da probabilidade de ocorrência dos referidos desfechos. Além disso, uma boa relação conjugal favorece o compartilhamento de tarefas domésticas e práticas de educação entre maridos e esposas e promove o desenvolvimento de sentimentos de segurança nos filhos (Braz, Dessen, & Silva, 2005). Assim, postula-se que um dos melhores preditores do sucesso do casamento em longo prazo é o modo como a díade conjugal lida com os seus conflitos.

Apesar da relevância da temática, uma revisão da literatura brasileira efetivada por meio de buscas nas das bases de dados Index Psi, PEPsic, Scielo, LILACS e BDTD (Bolze et al., 2011) constatou que os estudos brasileiros sobre o assunto são escassos, recentes e heterogêneos. A partir de pesquisas nas plataformas supramencionadas, utilizando os descritores "conflito conjugal e/ou marital", e "discórdia conjugal e/ou marital", foram encontradas 67 produções científicas redigidas em língua portuguesa sobre o tema.

Não obstante, a análise dos resumos de cada um desses documentos mostrou que a maioria deles trata de tópicos específicos associados ao conflito conjugal, como violência doméstica, separação e divórcio, dificuldades sexuais, dentre outros. Dessa forma, a temática do conflito conjugal de forma mais ampla, na qual se investigam tipos de conflitos, causas e possíveis consequências, foi identificada em apenas 13 estudos. Além disso, dentre as publicações analisadas, apenas uma discutia as estratégias de enfretamento das situações do cotidiano conjugal tais como aquelas usadas nas situações de conflito (Garcia & Tassara, 2001).

Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo precisamente caracterizar o relacionamento conjugal e as táticas que marido e esposa utilizam em situações que envolvem conflito em um contexto específico do Brasil.

 

Método

Delineamento da pesquisa

A pesquisa se caracterizou como um estudo transversal, exploratóriodescritivo e correlacional, que busca verificar a associação existente entre as variáveis (Dancey & Reidy, 2006). O presente estudo se insere no âmbito de um projeto de pesquisa mais abrangente, denominado "A transmissão intergeracional da violência: a relação do conflito conjugal e parental com a agressividade entre pares de crianças de 4 a 6 anos" (TIV). O referido projeto está sendo desenvolvido por pesquisadores brasileiros vinculados à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pesquisadores canadenses vinculados à Universidade do Quebec em Montreal (UQAM) e à Universidade de Montreal (UM).

Contextos

A coleta de dados foi realizada simultaneamente, em quatro cidades de duas regiões de Santa Catarina (Grande Florianópolis e Vale do Itajaí), que estão localizadas na região sul do Brasil e que se caracterizam, principalmente, pela colonização europeia (portuguesa, alemã e italiana) e pelo alto nível de desenvolvimento social e econômico. Na região da Grande Florianópolis, uma das cidades pesquisadas caracteriza-se por população superior a 420 mil habitantes, e a outra possui cerca de 210 mil habitantes. No Vale do Itajaí também fizeram parte desta pesquisa dois municípios; um deles com população de pouco mais de 180 mil habitantes e o outro com população de cerca de 100 mil habitantes (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2010).

Participantes

A pesquisa foi realizada junto a 104 casais heteroafetivos, perfazendo o total de 208 participantes. A média de idade das mulheres foi de 33.27 anos (DP= ±6.28) e dos homens 36.45 anos (DP= ±7.38). Por meio do teste de Mann-Whitney, constatou-se que os homens eram significativamente mais velhos do que as mulheres (U=4193.50, Z=2.80, p<0.01). O tempo de união do casal variou de um ano a 27 anos, sendo a média 10.74 (DP=5.45). A maioria dos casais participantes (85.6%) constituía família original, ou seja, família nuclear composta por pais biológicos de todos os filhos. A amostra foi constituída por conveniência, a partir do envio de carta convite aos cônjuges, por intermédio das instituições de educação infantil frequentadas pelo(a)(s) filho(a)(s) do casal, que poderia(m) ser biológico(a)(s) ou não. A maior parte dos casais apresentava dupla inserção no mercado de trabalho (83.3%). Os participantes eram provenientes, prioritariamente, das classes econômicas B2 e B1 (categorizadas como classe média), que apresentam, respectivamente, valores médios de renda familiar de R$ 2.656,00 e R$ 4.754,00, de acordo com o Critério de Classificação Econômica Brasileira (CCEB) da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP, 2011). Em termos de rendimento dos cônjuges, a remuneração média dos homens foi aproximadamente 57% maior do que a remuneração média das mulheres, sendo essa diferença estatisticamente significativa, com base no teste Mann- Whitney (U=2505.00, Z=5.28, p<0.01). No que se refere à escolaridade, verificou-se que 65.2% das mulheres e 51% dos homens completaram, pelo menos, o Ensino Médio. Por meio do teste qui-quadrado, obteve-se que a escolaridade feminina é maior do que a escolaridade masculina em níveis (χ2=154.24, p<0.01, com força C=0.77, p<0.01). Os dados indicam que a amostra foi composta por famílias com boas condições socioeconômicas.

Instrumentos

A coleta de dados incluiu os seguintes instrumentos:

a) Questionário de Relacionamento Conjugal (QRC): é parte do instrumento denominado FLOREAL elaborado especificamente para fins do TIV, tendo sido adotado em dois estudos brasileiros (Bolze, 2011; Schmidt, 2012). Tal instrumento avalia o relacionamento conjugal (RC) com base em 32 questões distribuídas em cinco dimensões. Três dessas dimensões são aferidas por meio de escala de seis pontos, que varia de 1 (discordo totalmente) a 6 (concordo totalmente). Tais dimensões consistem em: harmonia conjugal (oito itens: exposição verbal de sentimentos, realização de concessões com o objetivo de resolver conflitos, percepção de felicidade e de satisfação na relação); reciprocidade negativa (oito itens: brigas, acusações, agressões, sentimentos de injustiça e de desigualdade na relação) e evitação (oito itens: comportamento de retração com o objetivo de evitar desavenças e conversas que exijam a exposição de sentimentos e de fraquezas pessoais, deixar que os problemas se resolvam com o passar do tempo). As dimensões reciprocidade (dois itens: avaliar se o RC é considerado justo, favorável ou desfavorável para cada um dos cônjuges) e ciúmes (cinco itens: grau de ciúme de cada cônjuge em relação ao outro e investigação se esse é mais alto quando de cunho emocional ou sexual), são avaliadas por questões de múltipla escolha. O instrumento foi elaborado, inicialmente, em língua francesa pelos professores-pesquisadores Marc Bigràs (UQAM) e Daniel Paquette (UM), parceiros no projeto TIV. O instrumento passou pelos processos de tradução, backtranslation, adequação semântica e análise de juízes. Os alphas de Cronbach das dimensões do instrumento no presente estudo variaram entre 0.66 e 0.81.

b) Revised Conflict Tactics Scale (CTS2): refere-se a uma escala de cinco pontos, composta por cinco subescalas e concebida para identificar o uso da violência entre indivíduos que tenham relação de namoro, casamento ou afins. Três subescalas se referem às táticas de resolução de conflitos entre o casal: negociação (seis itens: importar-se com o(a) companheiro(a) em situação de discordância, respeitar pontos de vista e sentimentos, buscar em conjunto soluções para desavenças, concordar com sugestões propostas), agressão psicológica (oito itens: ignorar, ofender, gritar, xingar ou ameaçar) e violência física (doze itens: empurrar, chutar, estrangular, queimar, dar um murro, tapa ou surra). As outras duas subescalas informam sobre injúrias (seis itens: presença de dores no corpo, hematomas ou fraturas), consideradas possíveis consequências da violência na saúde individual do respondente e de seu/sua companheiro(a), e existência de coerção sexual (sete itens: ameaçar, insistir ou forçar o ato sexual). Os itens componentes das subescalas são divididos em menor e grave, de acordo com o grau de seriedade. O instrumento passou por adaptação transcultural para uso no Brasil por Moraes, Hasselmann e Reichenheim (2002). No presente estudo, os alphas de Cronbach variaram entre 0.79 e 0.95.

Procedimentos de Coleta e Análise de Dados

Após o retorno das cartas convite enviadas pelas instituições de educação infantil e preenchidas pelos casais, realizou-se o contato telefônico com os mesmos. O objetivo desse contato foi confirmar o interesse em participar da pesquisa e agendar a visita domiciliar, ocasião na qual foram aplicados os instrumentos. Os questionários foram respondidos em cômodos separados da residência familiar, visando que as respostas de um cônjuge não interferissem nas repostas do outro. Houve a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, sob o Certificado nº 520/2009.

Os dados obtidos foram tabulados e submetidos a análises estatísticas mediante a utilização do Statistical Package for Social Sciences (SPSS) - versão 18.0. Realizou-se análise quantitativa com base em estatística descritiva e inferencial. Os dados receberam tratamento estatístico não paramétrico por não obedecerem à distribuição normal, o que foi identificado por meio da aplicação do teste estatístico de Kolmogorov-Smirnov. Desse modo, foram realizadas análises estatísticas de comparação entre grupos de homens e mulheres (teste Mann-Whitney), associação entre categorias do QRC (teste qui-quadrado) e correlação de Spearman entre variáveis dos dois instrumentos – QRC e CTS2.

 

Resultados

Relacionamento conjugal

Na avaliação do QRC, o questionário forneceu um escore médio para as dimensões harmonia conjugal, reciprocidade negativa e evitação. Com o intuito de alcançar os objetivos propostos nesse estudo foram comparados os resultados obtidos com base nas respostas de homens e de mulheres ao instrumento. Esses dados são apresentados na Tabela 1.

 

 

A dimensão que obteve os maiores escores médios, de acordo com as respostas de ambos os sexos, foi harmonia conjugal. Sendo assim, os cônjuges indicaram, em média, que costumam agradar e satisfazer o companheiro, sendo gentis e praticando concessões em casos de conflitos. No que tange à reciprocidade negativa, o teste de Mann Whitney mostra que a mulher apresenta escores médios mais altos do que o homem, sendo essa diferença estatisticamente significativa (U=6384.50, Z=2.25, p<0.05). Dessa maneira, a mulher tende a indicar, de modo mais prevalente que o homem, que costuma fazer concessões e favores ao companheiro, tendo a impressão de que isso não é recíproco. Ainda assim, considerando que as médias de homens e de mulheres abrangeram valores entre 2 e 3, os cônjuges apontam que discordam (2) ou discordam parcialmente (3) sobre exercerem atitudes que se caracterizam por reciprocidade negativa. No concernente à evitação, há indicativos de que, em média, homens e mulheres discordam (2) ou discordam parcialmente (3) no que diz respeito a valer-se de estratégias de evitação nas suas relações conjugais.

O questionário avaliou, também, com base em questões de múltipla escolha, as dimensões reciprocidade e ciúmes. No tocante à reciprocidade entre o casal, constatou-se que houve associação significativa entre o sexo (masculino e feminino) e as respostas sobre reciprocidade (χ2=10.50, p<0.01, com força C=0.2, p<0.01). Dentre as mulheres, 84.6% responderam considerar a sua relação conjugal justa, na qual ambos os cônjuges ganham igualmente por estar juntos, enquanto 14.4% a consideraram mais favorável para o companheiro. Dos homens, 87.5% indicaram que a sua relação de casal é justa, ao passo que 7.7% afirmaram que ela é mais favorável para si, ou seja, que eles ganham mais do que as suas companheiras por estar juntos. Nesse sentido, a categoria mais citada pelos participantes diz respeito à equidade na relação conjugal, enquanto a segunda categoria mais prevalente de respostas se refere ao casamento como mais favorável aos homens, o que foi indicado tanto pelos homens quanto pelas mulheres.

No que diz respeito a ciúmes, identificou-se, novamente, associação significativa entre o sexo (masculino e feminino) e o tipo de resposta (χ2=9.32, p<0.01, com força C=0.21, p<0.01). A autodefinição mais presente nas mulheres foi raramente ciumenta (33.7%). Elas informaram ainda que nunca (42.3%) ou raramente (31.7%) pensam que seu companheiro está interessado sexualmente por outras pessoas. A maior parte das mulheres (62.5%) indicou ainda que ficaria mais incomodada ao imaginar que seu companheiro está apegado emocionalmente a outra pessoa, em contraposição a imaginar que seu companheiro tem relações sexuais apaixonadas com outrem (37.5%). Os homens definiram-se como pouco ciumentos (40.4%) e indicaram que nunca (68.3%) ou raramente (20.2%) pensam que sua companheira está interessada sexualmente por outras pessoas. De modo oposto às mulheres, os homens informaram que ficariam mais incomodados ao imaginar que suas companheiras desfrutam de relações sexuais apaixonadas com outra pessoa (58.7%), a imaginar que a consorte está apegada emocionalmente a outrem (41.3%).

Caracterização dos tipos de resolução de conflito na relação conjugal

No que se refere às táticas de resolução de conflito conjugal, por meio da Tabela 2 constata-se que todos os homens relataram ter se utilizado de estratégia de negociação, o que corresponde à frequência média de dez a vinte vezes durante o último ano. Com relação à agressão psicológica menor, 82.6% dos entrevistados referiram ter usado essa forma de violência de duas a cinco vezes, em média, no período de um ano. Além disso, 18.2% dos homens responderam já ter realizado agressão psicológica grave. A violência física grave foi referida por 2.9% dos entrevistados, ao passo que 26% deles afirmaram que já realizaram violência física menor. Ademais, 21.1% admitiram ter submetido suas parceiras à coerção sexual menor e um deles afirmou ter cometido coerção sexual grave. No que se trata de injúrias, 9.6% dos homens referiram ter realizado injúria menor e 2.8% relataram ter exercido injúria grave.

 

 

A Tabela 2 demonstra que a negociação também foi referida como a estratégia mais utilizada para resolução de conflitos pelas mulheres, com frequência de dez a vinte vezes no último ano, em média. Das entrevistadas, 88.4% admitiram ter cometido agressão psicológica menor de duas a cinco vezes durante o último ano e 25% afirmaram ter realizado agressão psicológica grave; 25.9% das mulheres referiram ter exercido violência física menor e 9.6% das entrevistadas afirmaram já ter submetido o companheiro à violência física grave. Sobre coerção sexual, 13.4% das participantes relataram ter praticado a forma menor contra seus companheiros e 1.9% delas afirmaram ter cometido a forma grave. Com relação a injúrias, as formas menor e grave foram relatadas por 4.8% e 2.8% das entrevistadas, respectivamente.

A tabela 2 indica que tanto os homens quanto as mulheres relataram se utilizar, principalmente, da dimensão negociação. Entretanto, a dimensão agressão psicológica menor apareceu como a segunda tática de resolução de conflito conjugal mais utilizada pelos participantes. Além disso, na comparação das médias por dimensão do CTS2 masculino e feminino (Teste de Mann-Whitney), a única diferença significativa encontrada foi na dimensão violência física grave, ou seja, as respostas de homens e de mulheres foram divergentes no que diz respeito a atitudes como jogar seu companheiro contra a parede, surrar ou chutá-lo (U=5777, Z=2.02, p<0.05). Considerando-se a necessidade de tratamento estatístico não-paramétrico, realizou-se o teste de correlação de Spearman, a fim de identificar se existe relacionamento entre as variáveis do questionário de RC com as do CTS2, isto é, se uma variável modifica a outra de forma dependente. O coeficiente de correlação de Spearman varia entre -1 e 1: quanto mais próximo de ±1, mais forte será o relacionamento; quanto mais próximo ao zero, mais fraca será a correlação. Destarte, como as correlações das variáveis do presente estudo foram fracas e moderadas, optou-se somente pela análise daquelas consideradas moderadas (±0.4 a ±0.6), com objetivo de apresentar apenas os resultados mais consistentes.

 

 

Assim, ao correlacionar as dimensões dos instrumentos CTS2 e do QRC masculino e feminino (Tabela 3), identificou-se que a agressão psicológica menor exercida pela mulher e relatada por seu companheiro está relacionada a comportamentos de reciprocidade negativa desempenhados tanto pelo homem quanto pela mulher (p<0.01). Isso indica que quanto mais cada um dos cônjuges refere a ocorrência de discussões, acusações e brigas, mais a mulher também indica exercer agressão psicológica menor, bem como seu cônjuge relata observar nela agressões psicológicas relacionadas à tentativas de ofendê-lo, por meio de insultos e xingamentos, podendo caracterizar-se por aumento do tom da voz, ameaças de arremesso de objetos ou, adicionalmente, interrupção de uma discussão, quando essa ainda não chegou ao fim. A mulher também descreve atitudes de reciprocidade negativa quando percebe seu companheiro realizar agressão psicológica menor (p<0.01). Esse tipo de comportamento feminino tende a ocorrer quanto mais o homem indica observar sua parceira cometer agressão psicológica grave (p<0.01).

 

Discussão e conclusão

O objetivo do presente estudo foi caracterizar o relacionamento conjugal e as táticas de resolução de conflito entre os casais em contexto específico brasileiro. Nesse sentido, os resultados da aplicação dos instrumentos QRC e CTS2 mostraram que a maioria dos homens e das mulheres considera ter uma relação conjugal harmônica, permeada principalmente por negociação. Assim, os casais entrevistados, concordaram que expressam sentimentos em relação um ao outro, mesmo quando esses são negativos, usam de todo o tempo necessário para resolver desavenças, fazem concessões e reconhecem manifestações recíprocas de agrados, gentilezas e de atitudes que visam a oferecer satisfação e felicidade ao cônjuge. Do mesmo modo, em situações de conflito, os casais referiram importar-se com o parceiro (inclusive quando estão em desacordo), explicar o motivo das discordâncias, mostrar respeito pelos pontos de vista e pelos sentimentos do cônjuge, bem como engajar-se na busca por solução dos problemas para resolver as diferenças.

Por essas razões, pode-se afirmar que, em média, os casais participantes vivem em harmonia conjugal, o que se caracteriza por sentimentos de empatia, a qual faz com que cada um dos cônjuges sinta-se acolhido, validado em seus sentimentos e respeitado, permitindo, assim, uma maior satisfação no casamento (Oliveira, Falcone, & Junior, 2009). Ademais, um casal pode ser considerado harmônico quando se avalia como feliz e ajustado, apresentando um alto nível de concordância nos vários aspectos concernentes à sua vida em comum (Silvares & Souza, 2008). Além disso, a expressão do afeto nas discussões e na ocorrência de incompatibilidade de ideias, com manifestação de sentimentos de cuidado e de respeito mútuo, parece ser uma forma mais positiva de lidar com os conflitos. Ao investigarem as relações conjugais de famílias brasileiras de classe média, Braz, Dessen e Silva (2005), também concluíram que casais atribuem satisfação ao casamento quando esse é alicerçado por compromisso, intimidade, similaridade, trocas afetivas e negociação.

O tipo de tática de resolução de conflito conjugal mais expressivo para ambos os cônjuges foi a agressão psicológica menor. Isso indica que, apesar de os homens e as mulheres referirem tentar resolver diferenças ou desavenças por meio de diálogos na maior parte do tempo, eventualmente eles apresentam comportamentos ou atitudes que envolvem fazer algo para ofender o cônjuge: insultam ou xingam, gritam ou berram, viram as costas e vão embora no meio de uma discussão, como também ameaçam acertar ou jogar algo no companheiro. Esse resultado novamente corrobora o estudo de Braz et al. (2005) que constatou que, em situações de conflito, a maioria dos casais reage de forma negativa, ou seja, gritando, reclamando, demonstrando raiva e deixando de falar com o parceiro por determinado tempo. Assim, os resultados indicam que, quanto às táticas de resolução de conflito, quando o diálogo não é possível, há predomínio de agressões verbais e/ou isolamento em detrimento de agressões físicas.

Chama a atenção o fato de a agressão psicológica menor estar correlacionada à percepção de reciprocidade negativa na relação conjugal, tanto por parte dos homens quanto das mulheres. Desse modo, entende-se que quanto mais o casal refere brigas, insultos e interrupções de discussão, mais eles também percebem que sua relação é permeada por sentimentos de injustiça e desigualdade.

Salienta-se, ainda, que as mulheres referiram utilizar, de forma mais prevalente do que os homens, a tática de violência física grave. Com base em Alvim e Souza (2005), hipotetiza-se que esse resultado pode ter ocorrido por duas razões principais: os homens são potencialmente mais fortes e agressivos, então, parece ser socialmente aceitável que as mulheres agridam seus parceiros e isso pode fazer com que elas não tenham receio de contar seus atos de agressão; outrossim, no Brasil há uma subnotificação da violência doméstica e, no caso de homens, essa pode estar relacionada ao medo da humilhação de ter sua honra ferida ao admitir ser vítima de agressão por parte da companheira. De qualquer forma, esse fenômeno é relevante e pouco abordado e, portanto, merece ser aprofundado em futuros estudos.

Ao serem questionados sobre a reciprocidade na relação conjugal, a maioria dos homens e das mulheres afirmou considerar sua relação justa e igualitária. No entanto, houve uma parcela de participantes de ambos os sexos que concordaram que os homens se beneficiam mais do relacionamento do que as mulheres. Esses resultados coadunam com os achados de outro estudo brasileiro desenvolvido junto a casais de dupla carreira, o qual identificou que os cônjuges se consideram felizes no casamento, não obstante, as participantes do sexo feminino apresentaram grau de insatisfação superior ao dos participantes do sexo masculino (Perlin & Diniz, 2005). Hipotetiza-se que esses resultados estão relacionados ao acúmulo de tarefas que as mulheres enfrentam nos papéis de esposa, mãe, dona de casa e profissional.

Além do exposto, apesar de as mulheres terem obtido escores médios mais altos do que os homens nas dimensões reciprocidade negativa e evitação, ambos os cônjuges parecem discordar que utilizam estratégias não recíprocas para resolver seus conflitos ou que fazem rodeios, deixando que o tempo resolva seus problemas conjugais. Dessa forma, a ocorrência da negociação pode fluir naturalmente, sem que os casais percebam que usam dessa dimensão como uma tática de resolução de conflitos. Assim, de acordo com os resultados, a maioria dos casais entrevistados demonstrou vivenciar relacionamentos saudáveis, isto é, perpassados por concordância na maior parte das questões e na solução de problemas, por padrões de comunicação eficazes e por preocupação com a manutenção da relação (Wright, A.Simmons, & Campbell, 2007).

Com relação ao ciúme, apesar de os participantes de ambos os sexos terem se autodefinido como pouco ou raramente ciumentos, ressalta-se que os homens referiram ficar mais incomodados ao imaginar suas parceiras desfrutando de relações sexuais apaixonadas com outrem, enquanto as mulheres declararam maior incômodo ao pensar que o companheiro está apegado emocionalmente a outra pessoa. Os indicativos de que a infidelidade sexual é mais dolorosa para os homens, ao passo que as mulheres sofreriam mais com a infidelidade sentimental, estão presentes também em outros estudos (Tagler, 2010; Wiederman & Allgeier, 1993). A explicação da teoria evolucionista é que os homens precisariam, em termos de história filogenética da espécie humana, ter certeza da paternidade e as mulheres necessitariam que seus parceiros investissem em sua prole. Além disso, culturalmente, o homem pensa que a mulher só faz sexo com outro homem quando está apaixonada. A mulher, por sua vez, entende que o homem pode realizar o ato sexual sem amar a outra pessoa (Harris & Christenfeld, 1996).

Ressalta-se que as duas principais constatações do presente estudo são que participantes de ambos os sexos consideram vivenciar uma relação conjugal harmônica e baseada na negociação. Pondera-se ainda que os casais que constituíram a amostra, em média, caracterizavam-se por padrão socioeconômico atinente à classe social média e aceitaram voluntariamente contribuir com o presente projeto de pesquisa. Dessa forma, supõe-se que casais que concordam em abrir as portas de seus lares e suas vidas íntimas já demonstram engajamento em seu relacionamento conjugal e familiar, disponibilizando-se a investir na relação e a discuti-la.

A harmonia conjugal referida pelos participantes, bem como a capacidade de negociação, a percepção de atitudes recíprocas e de confiança, expressas através do baixo grau de ciúme, trazem à tona aspectos da conjugalidade que são pouco discutidos em produções científicas nacionais. Entretanto, salienta-se a impossibilidade de se fazer generalizações dos resultados obtidos no presente estudo, visto que a amostra se restringiu a um extrato socioeconômico e a uma região específica do Brasil com suas particularidades.

Outra limitação do estudo se refere ao fato de o instrumento QRC não ser validado no Brasil. Ressalta-se que a opção por tal instrumento se deve à pesquisa em que o presente estudo se insere, ocorrendo simultaneamente no Brasil e no Canadá, com vista à possibilidade de se realizar comparações futuras sobre o relacionamento conjugal nos dois países. Ademais, observase que uma das lacunas do instrumento é que esse investiga poucos problemas de ordem sexual, os quais também podem concorrer para a emergência de interações conjugais conflitivas.

Sem prejuízo, aponta-se a necessidade de investigar mais aprofundadamenre as táticas de negociação exercidas entre casais para se evidenciar as formas "pacíficas" que cada um utiliza com o fito de persuadir ou convencer o outro em situações de discordâncias. Indica-se também que futuros estudos investiguem as táticas de resolução de conflito em outros contextos brasileiros, inclusive em população clínica, isto é, em instituições que atendam famílias com histórico de violência nas relações conjugais, objetivando contribuir para a prática de profissionais que trabalham com essa população a compreender a dinâmica que envolve tais relacionamentos.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Universidade Federal de Santa Catarina,
Departamento de Psicologia,
Campus Universitário– Trindade,
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CEP 88049-900

Simone Dill Azeredo Bolze
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María Aparecida Crepaldi
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Mauro Luís Vieira
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Recibido: 11 de diciembre de 2012
Aceptado: 04 de marzo de 2013