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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál v.42 n.4 São Paulo dez. 2008

 

EDITORIAL

 

Leopold Nosek

 

 

Este número pretende ter como eixo o feminino. Contamos, para isto, com a inestimável colaboração da COWAP, presentificada em nosso meio por Teresa Rocha Leite Haudenschild e Cândida Sé Holovko, que assina o editorial a convite.

A psicanálise, ao se ocupar dos grandes temas que assombram nossa subjetividade, cria não somente uma ciência e uma prática terapêuticas como também comparece ao campo das humanidades como uma reflexão a mais a colaborar na busca de sentido da existência individual e social. Assim também, em sentido inverso, os grandes temas sociais propõem desafios que a psicanálise não poderá evitar se apresentar com sua prática própria e com suas teorias específicas. Assim, o tema do feminino surge no campo analítico desde o início, fruto dos desafios terapêuticos que então se apresentavam, ampliando e desafiando o saber constituído com novas respostas e com novas questões. Décadas depois, o movimento social, fruto de grandes transformações que ocorriam, retorna sobre o território psicanalítico desafiando-o com novas questões e novos modos de resposta. O paradoxo está dado: de uma prática extremamente íntima, de duas pessoas em relação, nasce respostas que chegam ao mundo criando novos sentidos do viver, movimentando as tradicionais perguntas acerca do sentido da existência, da existência de divindades, da potência humana de criação, da potência do saber consciente, da pedagogia, do lugar das artes, do lugar relativo do corpo e da subjetividade etc. Dos sonhos e da histeria chega-se surpreendentemente de início e, inevitavelmente, a seguir, às questões mais gerais do existir humano. Do mesmo modo, o movimento do mundo se abate sobre o minúsculo campo bipessoal afirmando a eloquência de sua presença.

Procuramos permitir que este duplo movimento impregne o caráter de nossa revista: que pertençamos ao mundo e que este nos contenha e determine. Temos o que dizer sobre o feminino ao mundo e somos chamados por ele a novos dilemas. N este permanente oscilar, tentamos realizar nosso ofício e desenvolver nossa teoria.

Mais uma vez, agradecemos aos que deram sua colaboração a este número, em particular a Lygia Fagundes Telles, que nos traz o mundo e a quem, na voz de Glaucia Pessoa e Henrique Honigsztejn respondemos, procuramos apresentar nossa forma particular e própria de pensar, nossa reflexão metapsicológica.

 

L. N.
SP, fevereiro de 2009

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