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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.44 no.1 São Paulo  2010

 

ARTIGOS

 

Um après-coup do analista

 

Un après-coup del analista

 

An analyst's après-coup

 

 

Julio Hirschhorn Gheller,1 São Paulo

Endereço para Correspondência

 

 


RESUMO

Uma notícia inesperada provoca um golpe que remete o analista a um trabalho de elaboração relativo a uma análise encerrada há vários anos. Neste percurso o autor explora e aproxima os conceitos de après-coup e construções, bem como aborda a necessidade da oferta de holding e continência diante dos fenômenos de repetição.

Palavras-chave: après-coup; construções; continência; holding; repetição.


RESUMEN

Una noticia inesperada provoca un golpe que remite al analista a un trabajo de elaboración relativo a un análisis concluido hace varios años. En este recorrido el autor explora y aproxima los conceptos de après-coup y construcciones, así como plantea la necesidad de ofrecer holding y continencia frente a los fenómenos de repetición.

Palabras clave: après-coup; construcciones; continencia; holding; repetición.


ABSTRACT

The impact of unexpected news drives the analyst to work through an analysis finished many years ago. In the course of this work, the author explores and links the concepts of "après-coup" and "construction", as well as addressing the need for providing holding and continence in face of repetition phenomena.

Keywords: après-coup; construction; continence; holding; repetition.


 

 

Introdução

Pretendo discutir o fenômeno em que o golpe – coup – de um acontecimento do presente provoca ressignificações de eventos do passado. Valho-me da contribuição de J. André (2008) para apresentar os dois ingredientes básicos do après-coup: a violência traumática e a remodelação de um significado. Esse autor fundamenta sua teorização em um trecho de Freud (1914/1996) em "Recordar, repetir e elaborar":

Há um tipo especial de experiências da máxima importância, vividas na infância mais remota, que não foram compreendidas na ocasião, mas que, après-coup,2 foram compreendidas e interpretadas, e das quais nenhuma lembrança pode ser recuperada. Obtém-se conhecimento delas através dos sonhos e se é obrigado a acreditar neles com base nas provas mais convincentes fornecidas pela estrutura da neurose. (p. 165)

O termo francês para Nachträglich – em alemão, a ênfase está no que é trazido depois – sugere a ideia de um trauma sofrido a posteriori, que pode ser causado por uma situação do cotidiano ou por um sonho e adquire dimensão maior à medida que ilumina um acontecimento anterior, que ainda não havia adquirido significado. Causa uma transformação do passado porque permite uma abertura para novos sentidos, principalmente se encontra a ajuda de um interlocutor para esta tarefa. O trecho acima pinçado era, muito provavelmente, uma referência de Freud ao "Homem dos lobos", cujo atendimento havia terminado quase à mesma época em que escrevia o artigo citado. Ficava assinalada a potencialidade traumática e remodeladora do sonho que o paciente tivera aos quatro anos e que se conectava, segundo a conjectura de Freud (1918/1996) na história clínica do "Homem dos lobos", com um episódio que teria ocorrido no seu segundo ano de vida.

Laplanche e Pontalis (1976) acentuam que o que é remodelado na posterioridade é aquilo que, "no momento em que foi vivido, não pôde integrar-se plenamente num contexto significativo. O modelo desta vivência é o acontecimento traumatizante" (p. 443).

Utilizo estas concepções para refletir a respeito de como uma situação externa ao setting analítico me levou a repensar aspectos de uma análise interrompida há anos.

 

Contextualizando

Seguindo recomendação médica, procurei os serviços de uma fisioterapeuta. Ângela era muito simpática e gostava de conversar, principalmente sobre psicanálise.

Certo dia, muito interessada, abordou um assunto sobre compulsões, drogas e comportamentos incontroláveis, dos quais as pessoas tinham tremenda dificuldade de se libertar.

O Golpe

Cena 1 – Novembro de 2008

Estimulada pelo tema, contou-me a história de uma amiga que, sempre envolvida com álcool e drogas, havia se suicidado há cerca de um ano. Segundo Ângela, a sua amiga se matou por não suportar a carga de manter um relacionamento incestuoso com um irmão. Seu nome era Laura. Imediatamente uma inquietação tomou conta de mim. O relato e o nome me lembravam fortemente uma ex-paciente. Emocionada, Ângela mostrou-me uma foto de um grupo de amigas. Não havia dúvidas. Lá estava a mesma Laura, que no passado eu atendera. O trágico desfecho da vida dessa moça não era nada surpreendente. Nem por isso deixava de ser impactante a notícia que chegava a mim de maneira tão inusitada.

À medida que Ângela falava me vinham imagens da história que estava adormecida: passado e presente se cruzavam em uma via de duas mãos de direção, com um tráfego vertiginoso. A esse respeito, penso no conceito de vórtice de Fabio Herrmann (2001), que veicula a noção de um redemoinho mental, próprio para expressar o que vivenciei naquele momento. Uma primeira impressão do tipo déjà vu, seguida por fragmentos de lembranças, culminou num choque ao reconhecer a paciente.

Túnel do tempo

Cena 2 – 25 anos atrás

Conheci Laura quando ela tinha 14 anos. Por indicação de sua analista, fui chamado para um atendimento psiquiátrico de urgência. Estava internada devido a uma tentativa de suicídio. Havia tomado comprimidos em excesso e fizera cortes, ainda que superficiais, nos pulsos. Mostrava-se lúcida, receptiva, sem problemas clínicos, algo deprimida. Receitei um ansiolítico e, avaliando que tinha condições de alta hospitalar, recomendei que voltasse logo para casa, reiniciasse sua análise e deixasse a medicação sob controle da mãe.

Relembro impressões da época. No hospital tive o que viria a ser o único contato com seu pai. Era um indivíduo truculento, pouco capaz de dar acolhimento à filha. A mãe, por sua vez, era de uma frieza afetiva chocante para a situação: aparentava desempenhar um papel de forma artificial. Era o protótipo do falso self. Não transmitia autênticos sentimentos de preocupação pela filha. Saí do hospital sem nenhuma informação mais consistente sobre as possíveis motivações do gesto da paciente. Cheguei a pensar, de modo simplista, que se tratava de uma manifestação histérica para chamar a atenção dos mais próximos. Não me detive em conjecturas, mas experimentei forte sentimento de compaixão por aquela menina emocionalmente desamparada, provavelmente intuindo a intensidade não expressa de seu pedido de socorro.

Tive mais dois encontros com ela em meu consultório. Estava surpreendentemente bem, alegre e animada. Não entrou em nenhum assunto mais íntimo. Parecia que o abalo causado pela tentativa de suicídio funcionara terapeuticamente. A mãe também informava que estava tudo bem. Resolvi orientar a diminuição gradativa do tranquilizante, privilegiando a continuação de sua análise.

O trabalho mais profundo caberia à analista, a quem passei minhas impressões. A analista, por sua vez, enfatizando as dificuldades do atendimento, falou-me discretamente de seu envolvimento com o irmão – um assunto cujo alcance não ficou claro para mim – e de problemas de alcoolismo da mãe.

Involuntariamente recebi mais informações. A psicoterapeuta do pai de Laura, também conhecida minha, soube por ele que eu havia sido acionado na ocasião da urgência. Comentou comigo que ele era uma pessoa difícil, que havia dado um golpe na praça, lesando muita gente. Não trabalhava mais, vivia do dinheiro auferido no referido golpe, enfurnado em sua casa. Soube ainda que os pais de Laura não se davam bem, estando já separados ou em vias de separação.

Ressalvo que, obviamente, as lembranças posteriores ao impacto pela notícia da morte de Laura representam uma complexa combinação do que vi, ouvi e pensei na época daquele primeiro contato com as impressões obtidas ulteriormente em outras três fases da vida da paciente, tudo isso acrescentado às ideias ressignificadas nas reflexões atuais.

Cena 3 – Quatro anos depois

Aos 18 anos Laura me procurou. Foi um encontro amistoso. Disse-me que havia encerrado sua análise e manifestou o interesse de começar uma nova terapia, talvez comigo. Havia um toque de sedução no seu jeito de falar, entre o tímido e o travesso. Sondava a minha disponibilidade para com ela e me reservava para uma eventualidade futura. O projeto de psicoterapia parecia pouco viável, uma vez que tratava da possibilidade de estudar fora. Entre bancar outra análise ou os estudos no exterior o seu pai preferiria, sem dúvida, a segunda hipótese.

Lembro-me que, em contato com a ex-analista, soube que a interrupção do trabalho acontecera quando Laura deu sinais de envolvimento afetivo com ela. A mãe, sabendo disso, achou necessário proteger a filha, decretando o término da análise. Pergunto-me, hoje em dia, se essa mãe enxergou paixão onde havia ternura e apego ansioso. A associação que me ocorre quanto ao "apaixonamento" pela analista é com a impressão que Laura me causaria anos depois. Ela funcionava como um polvo: movida por suas carências, ia enlaçando e sufocando as pessoas próximas.

Cena 4 – Mais cinco anos

E Laura voltou a me procurar. Residia e estudava no exterior e passava férias no Brasil. Seu aspecto era triste e me pediu indicação de analista na cidade em que vivia.

Demonstrava confiar em mim. De vez em quando vinha verificar se eu continuava disponível e assim mantinha o vínculo comigo.

Cena 5 – Outro lapso de tempo

Depois de um período de seis anos Laura apareceu novamente. Estava com 29 anos de idade e vivia no Brasil. Morava sozinha, mas continuava dependendo financeiramente de seu pai. Iniciamos então a análise sempre adiada.

Fisicamente era alta, forte, um pouco gorda. Vestia-se de maneira informal, geralmente de jeans e camiseta. Tinha gestos e modos bruscos, algo masculinizada. Quase nunca se maquiava. Apesar da revelada preferência por homens, parecia disfarçar sua feminilidade, desdenhando os excessos de vaidade das mulheres.

Queixava-se de um estado depressivo. Nada dava certo em sua vida. Os namoros não duravam muito, assim como os empregos que arrumava. Os namorados a deixavam – ou eram atraídos por outras mulheres ou simplesmente perdiam o interesse por ela. Os empregadores exigiam muito e pagavam mal. Ultimamente, estava envolvida em um relacionamento com o próprio patrão, cuja mulher trabalhava no mesmo local. Nesse triângulo ela era a "outra", sem chances de ser "promovida". Essa configuração triangular não era novidade em sua vida, assim como apaixonar-se por quem não a queria ou gostar de sujeitos perturbados. Circulava em um meio em que álcool e drogas eram usuais. A troca de parceiros era constante, o sexo era fácil, mas nada preenchia o seu vazio nem aliviava sua angústia. Padecia de insônia, tanto que a encaminhei para um psiquiatra.

Utilizávamos modelos para exprimir situações próprias do seu modo de viver. Cito exemplos: "procurar sarna para se coçar", "não saber onde amarrar seu burro", "ter uma espécie de imã para pessoas complicadas". Eram, no entanto, formulações simples demais, ficando aquém da dimensão trágica que no futuro delinear-se-ia mais claramente.

Colisões com carros e acidentes de moto também constavam de um currículo de comportamentos autodestrutivos, de quem flertava com o perigo.

Gastava mais do que podia. Quando ficava sem dinheiro convidava seu pai para jantar. Iam a restaurantes finos, onde comiam e bebiam do bom e do melhor. O pai pagava tudo e a socorria nas frequentes emergências financeiras.

O que será que a levava a repetir os mesmos equívocos, a se iludir da mesma forma nas situações em que se metia? Estaria condenada a um destino inescapável? Estas perguntas fizeram vir à tona elementos do segredo que lhe amargurava a alma. Desde antes da adolescência começou a ter brincadeiras, jogos e relações sexuais com um irmão mais velho. O longo tempo em que ficou no exterior era, em parte, uma tentativa dos pais de afastá-la de casa. Bastava, porém, que ela voltasse nas férias para tudo recomeçar. O assunto era extremamente constrangedor. Expressava sua culpa, dizendo sentir-se "podre", pois não tinha sequer a atenuante de estar sendo submetida à força. Nem na época desta análise, já perto dos trinta anos de idade, conseguia frear as investidas do irmão. Este fazia chantagens emocionais, dizia que ela seria para sempre "a mulher da vida dele", que poderiam fugir para longe e viver juntos.

A culpa que a atormentava podia ser o fundamento para a busca de sofrimento como punição, através de sucessivos malogros no percurso de sua vida. Esta interpretação, embora cabível, era insuficiente para incitar um processo de reflexão que a levasse a dar um paradeiro à situação. Havia um aspecto que mereceria mais trabalho analítico naquela época. Refiro-me ao apelo irresistivelmente sedutor do olhar desejante do irmão, que a distinguia de uma maneira tão especial e única, a ponto de propor a negação da interdição do incesto. Poderíamos aí identificar elementos do fenômeno da recusa (Verleugnung) da realidade, uma espécie de desautorização do processo perceptivo: "Eu sei, mas mesmo assim…", como observa Figueiredo (2003b), citando Mannoni (1969). A recusa incide sobre as consequências da percepção que, deste modo, ficam invalidadas. Esta defesa é entendida por Green (2008) no âmbito das operações de negatividade radical, sustentadas pela ilusão de livrar a psique dos conflitos que ela não consegue resolver. Desta maneira, o simples saber de algo não é suficiente, não funciona como um conhecimento eficaz e, por conseguinte, não altera o destino da repetição em ato. Laura sabia da proibição do incesto, mas renegava esse conhecimento.

Tratar de um tema tão delicado demandaria que Laura aceitasse explorações analíticas mais continuadas. A intensidade da dor não permitia mais do que breves incursões nessa área tão delicada. Conjecturo ainda que eu era alvo de uma transferência positiva, com acentuada tendência à idealização, o que me transformava dentro de sua mente em figura persecutória, incapaz de outra atitude que não a de julgar e reprovar a sua conduta.

Considero que tenha faltado dar-lhe mais suporte, no sentido winnicottiano de holding, para que ela pudesse entrar em contato com seu trágico dilema e, a partir daí, uma função de continência se desenvolvesse. A pungente necessidade de um objeto confiável derivava das falhas do seu ambiente de origem, especificamente dos objetos primordiais, mãe e pai. Minha impressão inicial da família reforça esta ideia. Uma mãe gélida, talvez já refugiada no alcoolismo, e um pai seco formavam a matriz afetiva básica em que se apoiou Laura para a constituição de sua identidade. A mãe, pelo menos por algum tempo, não deu a devida importância para o que acontecia. O pai representava o triunfo debochado sobre a lei, cuja burla poderia ser recompensada, em vez de punida. O casal parental, em algum grau, optava por negar a realidade do relacionamento incestuoso dos dois irmãos. Imagino – em especulação que trilha por possíveis caminhos desviantes e engloba a família no esquema perverso – que Laura, a filha favorita do pai e o irmão, o preferido da mãe, estivessem concretizando possíveis desejos inconscientes e proibidos dos genitores.

Esta análise durou cerca de um ano. Pouco após o início, Laura mudou-se para perto do meu consultório e conseguiu um trabalho na região. Cheguei a encontrá-la nas redondezas. Escolheu como psiquiatra um colega da mesma clínica em que eu trabalhava. Creio que ela buscava aproximar-se de um polo de saúde e fugir daquilo que tinha significado patológico. Fairbairn (1980) – pioneiro, junto com Melanie Klein, na concepção de uma teoria do desenvolvimento baseada nas relações de objeto – propunha, visando contraporse a Freud, a ideia de que a libido, em sua essência, se caracterizava pela busca de objeto e não simplesmente de descarga. A procura por objetos, tendo por finalidade a ligação da energia pulsional, seria algo mais amplo do que a pura necessidade de extrair prazer do contato com o outro. No caso desta paciente, a forma, a intensidade e a insistência dessa busca produziam em mim a imagem do polvo, que ia me abraçando com seus tentáculos, provocando a incômoda sensação de estar sendo vorazmente sugado. O modelo de transferência como situação total, em que algo estava acontecendo o tempo todo, e mesmo o que ocorria fora do setting analítico, podia referir-se à pessoa do analista (Joseph, 1990), cabia bem nestas circunstâncias. Interpretações transferenciais, porém, eram comumente rejeitadas. Frequentemente ela tendia para um pensamento mais concreto do tipo "pão, pão… queijo, queijo!".

Com o passar do tempo, a infelicidade de Laura aguçou sua insatisfação com a análise. Ressentia-se facilmente com o que considerava deficiências do analista: às vezes eu lhe parecia distante, outras vezes as minhas falas seriam muito duras, causando-lhe dor excessiva. A dificuldade de achar o ponto certo para que ela não se sentisse ora abandonada, ora – pelo contrário – invadida, era uma constante e pode ser entendida como característica das personalidades borderline. Figueiredo (2003a) observa nos casos-limite dois tipos de adoecimento: o narcisista e o esquizoide. O narcisista nega a diferença, funde-se e confunde-se com o outro, tratando-o como extensão de sua personalidade. Neste caso qualquer movimento de recuo do analista, na tentativa de assinalar sua independência, pode ser interpretado como ameaça de abandono. O esquizoide, por sua vez, caracterizase por ser retraído, fechado, impenetrável, mantendo o outro à distância, sob controle. Para ele qualquer aproximação do analista pode significar perigo de intrusão e/ou engolfamento. Em geral, Laura exibia mais o perfil narcisista, com alterações bruscas de humor, exaltações e traços de adesividade, o que não a impedia de oscilar para o polo esquizoide no seu aspecto de rigidez, retraimento e dificuldade de sonhar e fantasiar. Alternava de um polo para outro, comunicando-se via identificação projetiva e por enactments. Percebo, neste olhar retrospectivo, como era frequente o seu empenho em me manter na posição de analista tolerante, discreto e respeitoso, que enxergasse e valorizasse os seus aspectos bons, mas que evitasse tocar em áreas mais dolorosas, poupando-a de um possível sofrimento insuportável.

Impulsionada pelo desejo de ser mais ajudada procurou outra analista, ainda na vigência do trabalho comigo. Pensou na possibilidade de seguir com as duas análises, o que foi tema de várias conversas. Argumentei que a proposta tinha um quê de indecente, fazendo interpretações sobre sua voracidade e necessidade de desconsiderar limites como fundamento para o desejo de ter à disposição um casal de analistas. Considero, porém, que não foi suficientemente analisada a situação emocional que esse triângulo comportava, tanto em seus elementos edípicos como nos pré-edípicos. Creio que a carga de ingredientes perversos que insistiam em não se deixar analisar tenha contribuído para me desgastar. Por fim, chegamos ao ponto de se configurar para a paciente a necessidade de fazer uma escolha. Acatando ponderações sobre a inviabilidade do esquema proposto, optou por ficar somente com a analista.

Havia um paradoxo na situação. A premente busca de satisfação das necessidades, quase que à revelia do outro, expressava aspectos de uma repetição mortífera, mas, ao mesmo tempo, encobria uma vitalidade pulsante à procura de objetos saudáveis. No acting da busca de outra analista, assim entendido pelo vértice da desconsideração à minha pessoa, percebo elementos da função desobjetalizante, ingrediente essencial da pulsão de morte segundo Green (2008). É possível, por outro lado, enxergar uma tentativa da paciente de comunicar que estava numa posição psíquica regredida, me "desobjetalizando" para que eu compreendesse que necessitava de mim como um self-objeto – experimentado como parte do self e alvo de fortes transferências narcísicas, com acentuados aspectos especulares e de idealização (Kohut, 1984). Estas características lembram o conceito de objeto subjetivamente concebido de Winnicott, autor que nos recomenda dar suporte à regressão do paciente (1978) para podermos depois ser devidamente "usados" por ele como objetos diferenciados (1975). A capacidade de usar o objeto pressupõe que o sujeito já consegue distinguir o outro como alguém externo, distinto e separado. De qualquer modo, ressalto agora – mais do que na época pude realizar – a existência de um elemento intensamente vital no comportamento que classifiquei como atuação de Laura. Um comportamento que clamava por acolhimento, ligação (Bindung) e metabolização simbólica.

Voltando ao tema da situação perversa, valho-me da analogia com um filme de Bernardo Bertolucci, Os sonhadores. A trama se passa em Paris, maio de 1968, época conturbada de rebelião estudantil e movimentos sociais. É a história de um casal de jovens gêmeos incestuosos. Com grande interesse por cinema conhecem outro jovem cinéfilo, que se sente atraído por eles. Aproveitando a ausência dos pais, os gêmeos convidam o amigo para ficar alguns dias em sua casa. Lá eles brincam com a ideia de remontar cenas de filmes famosos e obras de arte, o que acaba sendo um passo para jogos sexuais com nuanças sadomasoquistas, em que o convidado serve a seus interesses. Em um diálogo, questionada pelo visitante com quem estava se envolvendo, a jovem gêmea afirma que se mataria se os pais soubessem de seu relacionamento com o irmão. Já em outra cena, os pais voltam antes do previsto e encontram a casa desarrumada, revirada, suja, e os três dormindo juntos e despidos na sala. Após o choque inicial, os pais se entreolham e, num entendimento tácito, retiram-se em silêncio, não sem antes deixar um cheque para os filhos.

Em meio às suas dramatizações, os jovens não percebem o que acontece fora do apartamento. O rumor da realidade das ruas convulsionadas não é levado em conta por eles. Um clima de angústia cresce no filme, da mesma forma que acontecia na análise com Laura. Ela seguia o caminho da repetição e a sombra de um mau presságio se fazia sentir. No filme o convidado tenta, mas não consegue abrir os olhos dos irmãos, que continuam presos no seu vínculo simbiótico.

Após o término da análise nunca mais a vi, nem tive notícias. Nove anos depois, soube do dramático desenlace, com o triunfo final da função desobjetalizante, pelo desinvestimento dos objetos e do próprio ego. Esta seria a configuração do que Green (2008) denomina de narcisismo negativo, em que prevalece o anseio pelo nível zero de tensão e de investimentos.

No comovente texto Death in the Afternoon (2006), Susanne Chassay relata o caso de uma paciente com diversas tentativas de suicídio. Em mais uma dessas tentativas a analista, por sorte, lê um e-mail de despedida da analisanda, ainda a tempo de chamar a polícia e conseguir salvá-la. Após cinco anos de trabalho, a paciente sai de uma sessão, dirige-se a uma ferrovia próxima e se posta nos trilhos, à espera do trem, que viria para finalmente fazer cumprir o destino, dando cabo de sua vida. Entendo o artigo em questão como um esforço de elaboração do trauma vivido pela analista, atacada pela destrutividade extrema do gesto derradeiro de sua paciente.

 

Comentários e hipóteses

Recordar e elaborar este atendimento me aproxima do conceito de construções (Freud, 1937/1996). Segundo Freud, aquilo que não foi devidamente compreendido no passado remoto, em um tempo de psiquismo pré-simbólico, demandaria um trabalho de construção. Não importava apurar a verdade material dos fatos. Tratava-se de chegar a algo que fizesse sentido para o paciente, cuja força de convicção conferiria validade à construção. Poderíamos então falar da criação de um núcleo de verdade histórica, necessário para se alcançar a compreensão do significado de um sintoma, de uma estrutura psíquica. Em "História de uma neurose infantil" (1918/1996) Freud nos dava um exemplo disso. Durante a análise, seu paciente Sergei Pankejeff recorda-se de um sonho com os lobos, que tivera por volta dos quatro anos de idade. O sonho já continha indícios de uma tentativa de representar o que acontecera no passado. Por meio de vários elementos, Freud chega à hipótese de que o paciente, com um ano e meio de idade, teria presenciado o coito a tergo de seus pais. Com este dado hipotético, ele constrói a suposição de que os sintomas de Sergei encobriam a fantasia de ser sexualmente satisfeito pelo pai da mesma forma que na cena primária. Transcrevo um trecho de rodapé do artigo de Freud, que conserva impressionante atualidade:

Com um ano e meio, o menino recebe uma impressão a qual é incapaz de reagir adequadamente; só consegue compreendê-la e ser afetado por ela quando a impressão é revivida por ele aos quatro anos; e somente vinte anos mais tarde, durante a análise, está apto a compreender, com processos mentais conscientes, o que então acontecia com ele. (p. 56, nota 2)

Ressalto, então, a importância do trabalho de construções em análise. A conjectura baseada na possível observação da cena primária respondia à necessidade de se alcançar um sentido, vinte anos após o sonho que, por sua vez, já seria parte de um esforço para dar significado a um evento ocorrido nos primórdios da vida, ocasião em que o aparelho psíquico era insuficiente para essa tarefa.

Concebe-se o trauma emocional como decorrente de estímulo cuja intensidade ultrapassa a capacidade de processamento do psiquismo. Entendo que esta condição pode ocorrer a qualquer hora e a qualquer idade. Nesta reflexão a respeito de Laura o trabalho après-coup visa propiciar um alcance maior de sentidos para o analista tocado pela brutal notícia da morte de sua antiga paciente.

Uma hipótese para a compreensão das dificuldades desta análise passa pela inibição da paciente em tratar a questão do incesto diante de um analista visto como paradigma de uma estereotipada normalidade. Por um lado, ela precisava de um analista sadio e ativo, em quem pudesse depositar confiança e esperança de melhora. Por outro, e paradoxalmente, no entanto, a pretensa e desejada normalidade do analista, idealizado como modelo de virtude e correção ética, se voltava contra ela, intensificando sentimentos de vergonha e inviabilizando a possibilidade de um diálogo analítico franco sobre uma questão crucial de sua existência.

Outro problema talvez tenha sido a insuficiente exploração analítica da relação da paciente com a mãe. De um jeito ou de outro ela contava com o apoio do pai, que a sustentava, embora com exigências e imposições. Com relação à mãe, parecia haver pouco sobre o que falar. Imagino que isso fosse decorrente de um provável vazio de cuidados e genuíno interesse da mãe pela filha. Pelo contrário, em uma espécie de inversão de papéis, Laura é que se preocupava com a mãe, a quem considerava muito frágil e necessitada de ajuda. Uma ausência de representação do sentido da função materna sugeria a falta de holding e continência por parte do objeto primordial. Permito-me, a este respeito, pensar no desamparo decorrente da perda da representação do objeto (Botella e Botella, 2002a), implicando a quase incapacidade de Laura de cuidar-se como uma espécie de "mãe melhorada" de si mesma.

Postulo, ainda, a existência de um implícito pacto de silêncio na família, uma tentativa de negação da realidade, em que se fazia vista grossa para vários problemas: o alcoolismo da mãe, o dinheiro ilícito do pai e o incesto entre os filhos. Recordo-me da descrição depreciativa que Laura fazia do comportamento depressivo de outro irmão, que vivia numa praia sem saber o que fazer da vida. Acredito que o conjunto de desvios, delitos e fraquezas que ela enxergava em si e nos familiares produzia a pesada carga negativa, que, por fim, se revelaria insuportável.

Difícil também era para o analista trabalhar sem memória e sem desejo com uma paciente melancólica, como que condenada a um destino irreversível. Exigiria uma dose considerável de capacidade negativa. Assim é que Bion (1970/1991), citando Keats (1952), conceitua a condição de quem "tolera incertezas, mistérios, dúvidas, sem a busca desesperada pelo fato e o motivo" (p. 136).

Não tenho muitas recordações do conteúdo das sessões. Lembro-me mais de um modo de estar e de se apresentar: voz baixa, frases curtas, fala arrastada, autorrecriminações, descrença e desesperança, eventualmente um humor cáustico. Ela também trazia poucas lembranças. Isto me fez pensar sobre a noção de inconsciente precoce não recalcado. Mancia (2006) afirma que, no período inicial da vida, a criança não tem ainda suficientemente desenvolvida a estrutura cerebral do hipocampo, responsável pela memória explícita – condição necessária para a existência da repressão, mecanismo de defesa que funda o inconsciente da primeira tópica de Freud. Assim, as primeiras inscrições de vivências do bebê dar-se-iam em um inconsciente precoce, não reprimido, correspondente à memória implícita de um tempo pré-simbólico e pré-verbal. Estas primeiras inscrições manifestarse- iam na análise pela "dimensão musical" da transferência, ou seja, por características da voz e da fala como timbre, ritmo, entonação e prosódia da linguagem. Acredito que modos de ser, gestos e posturas corporais características também teriam esta origem. A memória implícita refere-se a dados que não podem ser lembrados e inclui, entre outras, a memória emocional e afetiva. Esta é concernente às experiências emocionais, fantasias e defesas relativas às primeiras interações da criança com o ambiente, particularmente com a mãe.

Neste ponto temos uma grande semelhança com o que Klein (1991) descreveu como memory in feelings:

Quando essas emoções e fantasias pré-verbais são revividas na situação transferencial, aparecem como lembranças em sentimento, como eu as chamaria, e são reconstruídas e postas em palavras com o auxílio do analista.3 Da mesma maneira, temos que utilizar palavras quando estamos reconstruindo e descrevendo outros fenômenos que pertencem aos estágios iniciais do desenvolvimento. De fato, não podemos traduzir a linguagem do inconsciente para a consciência sem emprestar-lhe palavras do nosso domínio consciente. (p. 211, nota 3)

Percebe-se daí a importância da "escuta" analítica para o que não é recordado e para a comunicação não verbal. A ação terapêutica da psicanálise passa por tornar pensável este tipo de material.

Marucco (2007), em fecunda teorização, aventa a hipótese de um inconsciente soterrado (vercshüttet), mais profundo do que o recalcado. Seria a sede de inscrições de experiências de uma época primitiva, cujas marcas não ganham representação, não podem ser registradas simbolicamente e não são armazenadas na memória. Ele as denomina de marcas "ingovernáveis" que, pela incapacidade de se ligar ao processo secundário, manifestam- se como repetições irrepresentáveis. São responsáveis por funcionamentos sob a égide de uma pulsionalidade mortífera, com predominância do regime da descarga e da passagem para o ato ou para o corpo, fundamentos da sintomatologia de diversas patologias contemporâneas. Seguindo a trilha iniciada por Freud, também propõe um trabalho de construções como meio para se chegar àquilo que, não tendo encontrado representação significante, repete-se em ato como se fora um destino.

A partir destas noções percebe-se a demanda de um trabalho de construção de algo da esfera do psíquico que não existia. Conjecturo que ali onde não há representação, ali onde falta história, temos como que uma terra devastada por algum desastre primitivo causado por objeto primordial intrusivo. Ou, então, com uma nuança distinta na origem, teríamos uma terra estéril pela falta de cuidados adequados por parte de um objeto primordial indiferente e distante, que desinveste a criança, como no modelo da mãe morta (Green, 1988). Nos dois casos – objeto intrusivo ou objeto distante – temos a falha ambiental precoce por uma oferta deficitária de holding e continência.

A "invenção de um passado pela análise" (J. André, 2008) ou a "construção de um passado pela invenção de um possível" (Bertrand, 2008) são formulações especialmente felizes de autores que enfatizam a necessidade de se criar representações, pensamentos e ideias para ocupar um oco de significados. Segundo Bertrand, o desafio da construção é:

… permitir que uma experiência do passado, desorganizadora demais para poder ser elaborada ou mesmo vivida como um acontecimento pelo analisando, possa encontrar, no espaço analítico, a oportunidade de ser vivida, representada e elaborada graças à presença de um outro que dela se torne testemunha e depositário, que dela também participe de certa maneira. (p. 1394)

Para prover o que falta de história de vida nesses pacientes é necessário o trabalho de rêverie do analista, a sua capacidade de sonhar e simbolizar. Assim poderá ajudá-lo a "sonhar os sonhos não sonhados, isto é, até então insonháveis" (Ogden, 2004a), manifestações de aspectos rejeitados ou forcluídos da personalidade. Ogden menciona também os sonhos ou choros interrompidos, correspondendo a áreas não psicóticas da mente. Compara os sonhos não sonhados ao terror noturno e os sonhos interrompidos aos pesadelos das crianças. Nos pesadelos, ao ser acordada, a criança se lembra do conteúdo que a assustou, reconhece o adulto que vem acudi-la e fica com medo de dormir por alguns dias ou semanas. No terror noturno a criança praticamente não acorda quando acudida. No dia seguinte não se lembra de nada, nem sequer de ter sido tranquilizada pelo genitor e irá dormir novamente sem qualquer preocupação especial. Tratar-se-ia, neste caso, de conteúdos constituídos por impressões sensoriais brutas, os elementos-beta de Bion, que não podem ser armazenados na memória, nem utilizados para pensar e sonhar.

Cito também o casal Botella (2002b), ao sugerirem que o analista se abandone a um estado de passividade e relaxamento do ego, a uma regressão formal do pensamento. Assim percorrerá um trajeto regrediente do psiquismo, à espera de um "acidente" no curso do pensamento que lhe possibilitará dar figurabilidade ao que, até então, era irrepresentável.

Seriam, no meu entender, formas de trabalho em que o analista "empresta" seu aparelho de pensar, sonhar e simbolizar para o paciente, semeando áreas inférteis e oferecendo um modelo de funcionamento da mente (Gheller, 2005).

 

Considerações finais

Mesmo as análises avaliadas como bem-sucedidas são aquelas em que os pacientes suportam nossas falhas. É desta forma que eles continuam nos dando a oportunidade de acertar, apesar de nossos inevitáveis erros. Creio ser função básica da análise a oferta de holding e continência.

Em belíssimo artigo, Ogden (2004b) compara e diferencia esses dois conceitos que às vezes são confundidos. Afirma que a palavra holding, de Winnicott, é fortemente evocativa da imagem de uma mãe embalando o bebê firme e suavemente nos seus braços e, em caso de aflição, apertando-o contra o peito. A função do holding começa por salvaguardar a continuidade de ser (existir) do bebê. À medida que cresce, a criança vai internalizando o holding materno de sua continuidade existencial ("ir sendo" ou "ir existindo") ao longo do tempo. Já a ideia de continente-contido, de Bion, trata da interação dinâmica entre os pensamentos predominantemente inconscientes (o contido) e a capacidade de sonhar e pensar esses pensamentos (o continente). O continente refere-se a uma atividade de processamento. É a função do trabalho inconsciente de sonhar, operando em conjunto com a capacidade para o pensar onírico pré-consciente – rêverie – e com o pensar consciente do processo secundário.

O caso de Laura se enquadra nas análises que alcançam êxito parcial, mas acabam fracassando. Ela não conseguiu escapar de si mesma. Cabe-me, portanto, assumir uma parcela nesse fracasso e esperar que estas elaborações après-coup contribuam para me manter disposto para a labuta psicanalítica.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Julio Hirschhorn Gheller
Rua Havaí, 78 – Sumaré
01259-000 São Paulo, SP
e-mail: juliohg@uol.com.br

[Recebido em 20/01/2010, aceito em 19/02/2010]

 

1 Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo SBPSP.
2 Aqui a tradução brasileira da Edição Standard é subsequentemente.
3Grifo meu.