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Revista Brasileira de Psicanálise

versión impresa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.44 no.2 São Paulo  2010

 

ARTIGOS

 

O tempo da clínica: dimensão investigativa e terapêutica1

 

El tiempo de la clínica: dimensión terapéutica e investigativa

 

The time of the clinic: therapeutical and investigative dimension

 

 

Maria Alzira Marçola2; Maria Lúcia Castilho Romera3 ; João Luiz Leitão Paravidini,4 Uberlândia

Endereço para Correspondência

 

 


RESUMO

O Homem apreende as sequências de acontecimentos em função de símbolos reguladores temporais, como se fossem característicos do Humano. A constituição temporal é inseparável do simbólico. Pelo interesse investigativo e terapêutico, instigou-se uma questão: como operar na lógica do desejo, nas lógicas temporais do campo transferencial? Buscou-se investigar até onde o método psicanalítico pode ser intimado, em uma específica lógica temporal constituinte. Qual dimensão constitui a psique? Ao pensar o tempo pela lente psicanalítica articulado à contemporaneidade, busca-se ampliar os horizontes da psicanálise e tomá-la fora da clínica padrão. Tal discussão remeteu à noção do tempo lógico de Lacan, e aos tempos da análise de Herrmann, que articulado com o que se presentifica em determinado proceder analítico, inaugura uma outra dimensão de tempo advindo da experiência de um vínculo em condição de análise, a intemporalidade.

Palavras-chave: método psicanalítico; lógica temporal; intemporalidade do inconsciente; cura.


RESUMEN

El hombre aprende las fases de los acontecimientos en función de símbolos de regulación temporal, como si fueran característicos de lo humano. La constitución temporal es inseparable de lo simbólico. Por el interés investigativo y terapéutico, se investiga una cuestión: ¿cómo operar en la lógica del deseo, en las lógicas temporales del campo transferencial? Buscamos investigar, hasta donde el método psicoanalítico puede quedarse llevado, en una específica lógica temporal constituyente. ¿Qué dimensión constituye la psique? Al pensar en el tiempo desde el punto de vista psicoanalítico articulado con la contemporaneidad, se busca ampliar los horizontes del psicoanálisis y tomarlo fuera de la clínica estándar. Tal discusión nos lleva a la noción del tiempo lógico de Lacan, y al tiempo del análisis de Herrmann, que junto con lo que se vive en determinado proceder analítico, se inaugura otra dimensión de tiempo proveniente de la experiencia de un vínculo en condición de análisis, la intemporalidad.

Palabras clave: método psicoanalítico; lógica temporal; intemporalidad del inconsciente; cura.


ABSTRACT

Man understands sequences of events according to temporal regulatory symbols, as if they were Human characteristics. Temporal constitution is inseparable from symbolic constitution. In the name of investigative and therapeutic interest, the following question was incited: how to operate in the logic of desire, in the temporal logic of the transference field? We tried to investigate the point to which the psychoanalytic method could be intimated in a constituent specific temporal logic. Which dimension constitutes the psyche? Considering time trough the psychoanalytic view in a contemporaneous way, we look to broaden the horizon of Psychoanalysis and contemplate it outside the standard clinic. This discussion takes us back to Lacan's notion of logical time, and to the time of Herrmann's analysis, which, joined with present specific analytic proceedings, establishes another time dimension arising from the experience of a link in analysis condition, specific time.

Keywords: psychoanalytic method; temporal logic; specific time of unconscious; cure.


 

 

1. Questões preliminares

Este trabalho é derivado de uma dissertação de mestrado, quando foi investigado, em consonância com os tempos de expansão mais do que com os tempos de retração da psicanálise, o tempo necessário para a aplicação do método analítico.

Pode-se observar um movimento de expansão da psicanálise nos dias atuais, quando suas dimensões são ampliadas para além do consultório particular e quando volta a ser tomada como um método de investigação científica.

O nascedouro desta pesquisa foi o impasse que se instaurou: Seria possível uma relação dialética entre o tempo da instituição pública, que se necessita mensurável e o tempo do inconsciente? É possível fazer psicanálise em instituições públicas?

Entre alguns psicanalistas, podemos citar Fábio Herrmann como um pensador dentro da perspectiva acima. Herrmann (2003) recuperou a vocação da psicanálise de se constituir uma ciência geral da psique e elaborou o conceito de Clínica Extensa:

A expressão clínica extensa não é usada apenas no sentido, mais ou menos comum, de prática fora do consultório, mas naquele mais forte, que engloba igualmente as práticas analíticas dentro do consultório, além da interpretação psicanalítica do homem no mundo. (p. 168)

Ao considerar o inconsciente enquanto instância de registros temporais de outra ordem que não a cronológica, e que a conscientização do próprio desejo está vinculada a um tempo lógico, surge, então, a hipótese de que nem sempre precisamos de um longo tempo linear para realizar uma análise. Assim, partiu-se para a pesquisa usando o método psicanalítico, ou seja, a interpretação, já que a psicanálise é um método de investigação que tem um corpo teórico específico produzido a partir desse método. Ela amplia o território científico, possibilitando examinar a natureza humana. Desta forma, a ação terapêutica e a ação investigativa se dão em um só e mesmo tempo.

O caso Katharina, paciente tratada por Freud (1895/1980c) em uma única sessão, instrui sobre esta questão e remete-nos às entrevistas preliminares nas quais podemos observar uma significativa melhora do paciente. Acredita-se que tal melhora possa ser tomada, às vezes, em decorrência de uma retificação subjetiva. Assim sendo, esse tempo de ver poderia já ser considerado um tempo de cura? Poderia se dar nas primeiras entrevistas, já que estas são reveladoras nas distorções do discurso, permitindo ao inconsciente mostrarse, ou seria sempre necessário um tempo maior para a ocorrência da cura?

Ao se perguntar se em uma ou algumas entrevistas, pode se dirigir à cura depara-se com outro impasse: se a pergunta for em direção à questão do método propriamente dito, a resposta será certamente sim. É inevitável que se produzam transformações dentro dos encontros analiticamente circunscritos. Porém, se a suposta medida desejável do processo analítico tiver como parâmetro um ideal formalizado, edipianamente estático, então não só estaremos muito longe dele como também estaremos em outra métrica de construçãomensuração do desejo.

A partir desta perspectiva da temporalidade específica do campo transferencial, surge um desafio a respeito da complexidade da vida contemporânea: como operar na lógica do desejo, ou seja, nas lógicas temporais do campo transferencial em meio às formações subjetivas que fazem remeter ao tempo de si, à singularidade radical? Designamos por tempo de si o tempo do fluxo incessante, contínuo, ininterrupto, submerso na manutenção da existência de si e parecendo estar em afluência com o princípio nirvânico. Claro que para além deste tempo de si encontramo-nos em outras tessituras temporais-desejantes, entre as quais vicejam tanto as contingências libidinais do prazer-desprazer, assim como de sua modificação em função da articulação ao meio externo, o princípio de realidade (Freud, 1920/1980a).

Ao se avançar nesta discussão, foi se evidenciando que as dimensões temporais na psicanálise só podem ser pensadas nas formas conectivas e conjecturais. Assim teríamos uma conjectura do tempo, que é a clínica, em conexão com a conjectura da terapêutica enquanto tempo da investigação, no próprio ato ou efeito.

Neste ponto, a questão que nos enlaça é: – do que o sujeito se cura afinal? Depois de algum tempo de vivências com o divã, sobre ele ou atrás dele, e na busca de aprimoramento teórico por meio de vários estudos, fica evidente que o sujeito sofre dos acontecimentos da vida, que o remete a uma grande incapacidade. Capacitá-lo para enfrentar a vida é o grande feito da análise, quando o destino deixa de ser selado dando lugar ao destino em aberto, possibilitando ao sujeito se surpreender diante do inesperado e não sucumbir, não lançar mão da fantasia que sempre sustentou o seu sintoma. Encontramos em "Análise terminável e interminável" (1937/1980b), reflexões de Freud que vão ao encontro destas considerações:

Nosso objetivo não será dissipar todas as peculiaridades do caráter humano em benefício de uma 'normalidade' esquemática, nem tampouco exigir que a pessoa que foi 'completamente analisada' não sinta paixões nem desenvolva conflitos internos. A missão da análise é garantir as melhores condições psicológicas possíveis para as funções do ego. (p. 284)

No lugar de suprimir sintomas, a psicanálise se serve deles como uma via de entrada indireta, a fim de trabalhar para dissipar a dor penosa e inconsciente. A busca da cura é tortuosa, oferece ao desejo o deslizamento de seus nós, trabalho feito no avesso das representações, por isso o desejo resiste. Avaliamos que a análise caminha no sentido da cura. É que cura significa cuidado. Se o objetivo da cura analítica é cuidar do desejo, há um sentido geral no tratamento: o de tratar do desejo, o que se cumpre de diferentes maneiras, de acordo com as diferentes formas de ser de cada paciente (Herrmann, 1991).

Constata-se, pela prática clínica, que a retificação subjetiva acontece não só no período das entrevistas preliminares, mas durante todo o decorrer da análise, pois o paciente que ali está se des-subjetiva por várias vezes, dependendo do material recalcado/reprimido que se manifesta, necessitando, assim, ser novamente subjetivado. Como uma onda no mar, o paciente volta a se perguntar o que significa aquilo que está se manifestando, a serviço do que pode estar agora esse novo sintoma. O sujeito continuará o processo infinitamente. Aqui nos defrontamos com o sem-fim da análise. Mas, por várias vezes, a pressa do paciente diz respeito a tempos mais curtos e finitos de análise, e a denúncia comum pertinente ao processo psicanalítico é o seu longo tempo de duração.

Diante disto, faz-se importante aclarar que o objetivo de pensarmos o tempo na psicanálise é ampliar seus horizontes e pensá-la fora de uma dimensão padronizada que a foi aprisionando; não significa enquadrá-la às urgências da vida contemporânea, nem adaptá-la às normas da instituição pública. Como nos recomenda Herrmann (1997), em psicanálise é necessário tomar em conta o regime de pensamento do mundo em que vivemos, pois, do contrário, a consequência seria uma ciência abstrata, desarraigando o sujeito individual. Tais reflexões ampliaram o campo da pesquisa, para a verificação de em qual temporalidade o método psicanalítico opera. Em quais tempos se trabalha analiticamente? Quais são os tempos de duração do processo analítico? Como a dimensão do tempo se inscreve na prática clínica?

Na busca de respostas, debruçamo-nos sobre os atendimentos clínicos do consultório particular e de duas instituições públicas, visto que é somente sobre a base de fatos clínicos que a discussão pode erigir sentidos para possíveis apreensões da psique/tempo. A opção por um conjunto de experiências clínicas diversificadas objetivou a máxima heterogeneidade para a construção da homogeneidade do conhecimento acerca do tempo no processo terapêutico. Nossa tentativa será a de pensar a expressividade do mundo nas relações analíticas e como estas, norteadas por uma postura metodológica psicanalítica/ interpretativa, podem ocupar no contratempo, um lugar fundamental para recuperação do caráter humano na constituição das subjetividades. Tempo e lugar construídos no contratempo, na resistência, no tropeço e na surpresa.

A experiência clínica nos evidencia o risco da distância que pode surgir entre o tempo do analista e do analisando, o qual não deve ser o tempo psicológico interior, que é de duração variável, nem o tempo-lance, sem duração, mas sim um tempo lógico, como nos traz Lacan (1998), que é igual para ambos. Este é o tempo da clínica psicanalítica. O exercício clínico aponta também o risco da temporalidade do Id oposta à temporalidade que constitui e preserva o ego. Com isso constata-se que a articulação entre tempo e psique se faz pela desordenação cronológica ou da premência que a emoção encerra, advinda da pulsionalidade, quando uma outra ordem de tempo se inaugura: o tempo da criação/nomeação.

Tal condição se dá pela interpretação, isto é, por aquilo que Herrmann (1991) denomina de ruptura de campo,5 pois, por meio desta, novas possibilidades de nomeação são colocadas ou até mesmo exigidas, quando é possível verificar que, pela interpretação, um abalo identitário é provocado. Em 'Meditações clínicas', trabalho não publicado, Herrmann (2005) ressalta que esse feito é transformador, dá um novo sentido para aquela emoção, abrindo possibilidades para novas perlaborações. Esse instante da interpretação, que favoreceu a nomeação da emoção, fica eternizado, transformando o passado. Assim, os novos sentimentos vivenciados em relação ao passado passam a ser tomados como se sempre tivessem sido dessa forma, depois do efeito da interpretação.

 

2. A intemporalidade do inconsciente e a dinâmica das temporalidades

A afirmação de Freud em "Além do princípio do prazer" (1920/1980a), de que os processos inconscientes são intemporais, foi tomada diversas vezes de forma a reforçar uma concepção da unidimensionalidade do tempo, o que nos leva à noção de ordenação simultânea, que é um conceito espacial. Mas constatamos na obra de Freud sua preocupação em diferenciar as diversas localizações psíquicas, por meio do que ele chamou de tópicas – do grego: local – e que, "constituem rubricas, de valor lógico ou retórico, de que são tiradas as premissas da argumentação" (Laplanche & Pontalis, 1988, p. 656). Portanto, o termo tópica não teria para Freud uma noção espacial, mas sim a noção de um lugar de retórica. A concepção de um modelo espacial impede-nos o acesso à apreensão sincrônica6 do inconsciente, que se manifesta no não sabido do consciente.

A temporalidade do inconsciente vai se evidenciando na obra de Freud, quando ele anuncia a noção de Nachträglich, que lhe serve para explicar a formação dos sintomas, os quais se constituirão em um segundo tempo, isto é, na revivescência, sob forma de fantasia dos acontecimentos passados. O termo Nachträglich foi traduzido pelos franceses por après-coup, próximo ao nosso a posteriori: o sentido do passado é dado retrospectivamente, a partir do presente. Dessa forma, podemos entender a articulação lógica que mantém a relação de causa e efeito entre as ideias, mesmo que a causa esteja presente "só depois", depois do ponto de vista do cronológico, mas antes do ponto de vista lógico. Encontramos tal noção de uma forma clara, nos textos "A psicoterapia da histeria" (1895/1980g), "Regressão" (1900/1980h), "Sobre os sonhos" (1901/1980i), "Escritores criativos e devaneios" (1908/1980d), "História de uma neurose infantil" (1918/1980e).

A ideia da tridimensionalidade do tempo perpassando o inconsciente, também pode ser constatada, em "A interpretação dos sonhos" (1900/1980f), quando Freud diz que os sonhos nos dão um conhecimento do passado, porque se originam do passado em todos os sentidos, mas nos conduzem para o futuro, pois retratam nossos desejos como realizados. O futuro, que representamos como o presente, foi moldado por seu indestrutível desejo numa perfeita semelhança do passado. Este indestrutível desejo remonta e ancora-se, em última instância, segundo nossa perspectiva, no Tempo de Si – memória afetável – que traz a marca do que é o tempo imemorial, mas que ao mesmo tempo inaugura o agora, o antes e o depois.

Jeruzalinsky (2002) nos lembra que o sujeito que se escreve nos desejos inconscientes encontra-se em descompasso em relação ao objeto desejante em função da própria condição da temporalidade desejante. Tal temporalidade se distingue da cronológica por conta do vazio inexorável ao lugar do objeto passível de satisfazer o desejo humano. O objeto do desejo não necessariamente cresce, desenvolve e efetiva-se com o passar do tempo, pois este é o tempo do desenvolvimento e da maturação. Tampouco é igual ao que esperamos que fosse, dada as condições determinadas para cada época da vida. O tempo cronológico é o tempo da normatização, das simetrias, escalas e percentuais.

É aqui que se condensa a importância do desejo do Outro na construção da temporalidade desejante do sujeito, haja vista a sua posição de antecedência e ascendência. Nesse sentido é o futuro que vai anteceder o passado, na forma de antecipação imaginária, sofrível, passiva. Desde uma perspectiva do infantil, esta forma e esta "fôrma" originárias, tenderão a ser reencontradas assim como delas nos livramos, constituindo uma relação temporal simbólica, caracterizada pela antecipação e pela retroação, esta sim, o tempo do desejo.

Ora, seria este tempo de si, da singularidade radical, que nos leva em direção ao absoluto? Estamos em território do fluxo da pulsão de morte? Seria esta a marca do tempo inconsciente que, em seus processos/produtos encontramos de originários da pulsão em si mesma, a pulsão não representada, aquela que nos é inexorável e, assim sendo, acometenos de inconfundível mal-estar? Parte de nosso trabalho clínico tem nos levado cada vez mais a crer que sim. Principalmente quando tais acontecimentos ou situações se fazem desacompanhar de matéria representacional metonímica ou de densidade subjetiva metafórica.

Com isso apreendemos que as três dimensões do tempo fazem a dinâmica dos processos psíquicos, e constata-se que a temporalidade não cronológica do inconsciente se manifesta como uma temporalidade relativa a algumas modalidades de tempo; assim sendo, podemos considerar que o inconsciente é regido por uma intemporalidade – como já trazem algumas traduções do termo Zeito –, sugerindo a noção de um fluxo contínuo, incessante e ininterrupto, o que evoca a presença de tempo e não a noção errônea de atemporalidade do inconsciente.

Partindo de tais reflexões, constatamos, em consonância com Herrmann (2005), que a clínica se dá na confluência do passado com o presente, pois o tempo do efeito psicanalítico não é no aqui-e-agora, visto que quando uma interpretação abrange o passado este passa a ser outro. Assim, o passado, futuro desse novo presente, não só muda como passa a ter sido sempre este que agora se criou. Isto põe em evidência que a análise propicia que o passado perca sua fixidez, sendo sempre possível reescrever a história. É essa a noção de tempo implícita na tradução de Nachträglich; para o après-coup, o tempo da clínica, seria então, a temporalidade do método interpretativo.

Ao pensar o tempo da/na clínica analítica, remetemo-nos ao estudo feito por Lacan (1998) sobre a lógica da ação e da deliberação, própria às produções do inconsciente, que segundo ele se apoiam no instante de ver, no tempo para compreender e no momento de concluir.

Com Lacan encontramo-nos com o tempo lógico, tempo das escansões suspensivas – momento de parada, momento de descoberta, momento de criação. Com ele podemos conceber a lógica desejante à posteriori que entremeia a vida, movimento singular, assim como constituir o tempo fundamental do futuro do pretérito. Mas para que isso se dê, há uma dinâmica lógica entre os tempos em questão. O tempo de parada, encontro com o Outro, entremeia, tece, recorta, antecipa, desestabiliza, o tempo de fluxo contínuo – tempo de si.

Este tempo de parada, em meio ao fluxo contínuo, dimensiona a possibilidade da tomada de posição e reposicionamento do sujeito ante a condição de seus desejos. Sendo assim, o instante de ver não poderia senão evocar um movimento de fulguração, de sideração. Já que este é propriamente o que consideramos o momento do traumático, aquele que mais se aproxima dos estados de memória afetável, sem que dela ainda tenha sido desdobrada representações-coisa ou palavra.

O ofício da clínica psicanalítica possibilita constatar que é na dinâmica entre o instante de ver, o tempo de compreender e o momento de concluir, que acontece a constituição do sujeito psíquico. Entre o instante de ver – que equivale a uma eternidade e traz em si o tempo sincrônico e o tempo para compreender – que supõe a duração de um tempo de meditação, a diacronia, existe uma transitividade que faz com que as pessoas lidem com os dois tempos de forma diferente, o que interfere na fixação eletiva de cada sintoma. É sobre esses dois tempos que se funda uma intersubjetividade: na dinâmica dos atos silenciosos de uns, suscitando a queixa dos outros. O momento de concluir incide sobre a circularidade desses tempos, levando o indivíduo a se deparar com a perda irreversível do objeto, remetendo-o à falta-em-si, o que o faz constatar que, na busca de sua verdade, ele está submetido ao Outro, constituindo assim a intrasubjetividade, o sujeito do inconsciente. No processo analítico a vivência desses três tempos se dá gradativamente, de forma linear, como também perpassa todos os instantes da análise.

A interpretação do analista opera utilizando o material significante da sessão em curso para entender, além de seu não sentido, a tendência recalcada. Segue-se daí uma elaboração que consiste tanto na reinterpretação do passado, quanto na comprovação do deslocamento subjetivo que se operou. Esse processo interpretativo não se repete mais da mesma maneira, podendo repetir-se de outra forma, oferecendo a ocasião de novos tempos para compreender e concluir.

Entendemos que as interpretações estão para o fluxo contínuo como um tempo de parada, o ato que leva à reformulação, à elaboração. Podemos deduzir que é preciso essa atuação, que se dá no tempo sincrônico, para que se desdobre num tempo que é duração, diacronia, o raciocínio necessário para compreender o momento de concluir. Acreditamos ser na determinação lógica dos tempos de parada, quando se revela o desenrolar subjetivo de uma instância do tempo, que se dá a ruptura de campo.

A psicanálise busca entender o ponto de encontro da diacronia e da sincronia. Pois a dimensão de tempo cronológico, que nos é dado pelo simbólico, está em nós, nos perpassa, assim como o tempo lógico, que diz respeito à relação com o outro primordial. Faz-se necessário, na análise, levar o sujeito a entender a história de sua vida. A passagem da pulsão propriamente dita para a representação da pulsão é o que nos torna humanos. Em "Meditações clínicas", Herrmann (2005) deixa registradas suas inquietações sobre a questão do tempo no processo psicanalítico, articulando-os com os tempos do teatro: conceitua então o tempo curto, que é o tempo da sessão em si, o tempo da palavra, associando-o ao tempo da comédia; o tempo médio que é o tempo do jogo transferencial, o tempo do drama e, por fim, o tempo longo que é o tempo do tratamento psicanalítico, o tempo das neuroses, que se associa ao tempo da tragédia, no teatro. Se, por um lado, podem remeter a uma questão cronológica, por outro, remetem ao que se faz presente em um modo de proceder analítico, pois a um só tempo se está em campo narrativo construído pela afetação da palavra articulando-se em dinâmica transferencial, que só poderá estar remetida ou determinada pelas condições próprias às situações traumáticas, marcantes ou fundantes do desejo humano, ou dos campos em questão.

Porém, há algo mais na proposta de Herrmann. Ela nos permite pensar em como cada situação clínica, tomada como experiência vivenciada, assume feições narrativas, modalidades temporais, prenhes do método psicanalítico em ação. Isso transgride a ideia preconcebida e enrijecida de ato analítico, tendo o mesmo que estar articulado aos diferentes modos temporais pelo desdobramento de um sobre o outro e deste sobre o seguinte. Portanto, não é o mesmo intervir no tempo curto, médio e longo. E ainda mais, a particular intervenção em um estará remetendo aos demais.

Talvez seja possível produzir uma articulação aprofundada sobre o dimensionamento dos três tempos em Lacan e Herrmann. Chamemos a estes conceitos de operadores. Neste caso Lacan operaria na lógica temporal do desejo. Herrmann, por sua vez, operaria na lógica temporal do campo transferencial, ou no que ele melhor considera como sendo o campo dos inconscientes relativos.

Parece ser o tempo lógico, entre escansões e articulações, que permite que se opere no tempo curto, médio e longo. Estes são como dimensões, ou mesmo diferentes extratos operacionais dos tempos da angústia, que no interjogo desejante humano não poderiam estar articulados senão em forma de narrativas.

Por isso mesmo, a perspectiva de que a cura em psicanálise esteja sempre referida a qualquer tempo talvez nos remeta menos ao tempo cronológico, e mais ao fato de que nela se trabalha com diferentes tempos, operadores simbólicos.

 

3. A tualização da lógica temporal: atos, afetos e palavras – uma experiência interpretante

Quanto tempo pode durar uma dor de descoberta do que não era para ter sido? José Saramago (1996), em seu livro A bagagem do viajante, conjunto de crônicas, inicia aquela que intitula "O tempo e a paciência" dizendo exatamente assim:

Se alguém me perguntar o que é o tempo, declaro logo a minha ignorância: não sei. Agora mesmo ouço o bater do relógio de pêndulo, e a resposta parece estar ali. Mas não é verdade. Quando a corda se lhe acabar, o maquinismo fica no tempo e não o mede: sofre-o. E se o espelho me mostra que não sou já quem era há um ano, nem isso me dirá o que o tempo é. Só o que o tempo faz. (p. 187)

Nessa mesma crônica, mostrando a providência dos cronistas para sair de situações difíceis, que é nada mais nada menos do que associação de ideias, vai se levando e nos enlevando a uma gruta onde vislumbra gotas de água, formações calcárias com aparências diversas que, caindo escorregando, vão transformando o espaço e o tempo mesmo que para isso seja necessário algo em torno de duzentos anos. É nesse momento que faz um elogio à paciência do tempo que é feito só da promessa.

E assim, quanto são duzentos anos quando se espera? O tempo da caverna é ou são os desdobrares de gotas que indiferentes a tudo que as rodeia cobrem as paredes altíssimas da gruta e fazem arrebentar flores de pedras no chão. Seria esse um tempo oposto àquele que faz do moribundo uma ânsia de viver? O tempo que nos resta é desdobramento do tempo da espera de uma esperança que ignora toda realidade da morte que se aproxima só porque assim tem de ser (Saramago, 1986, p.188).

A criação, tanto na literatura quanto na clínica, impõe uma resistência importante à reação automatizada da crença que pode dogmatizar e domesticar a vida psíquica. Portanto, podemos suspirar aliviados quando acertamos o passo, ou melhor, quando desacertamos um pouco o com-passo e suspendemos os sentidos rotinizados ou somos suspensos por um contratempo que pode nos facultar a assunção de outros sentidos para a vida, para a morte e para o mundo!

Uma sessão pode ser útil para expressar do interior da gruta de Saramago algo da ordem do tempo que vem sendo apontado até aqui.

Um jovem adolescente, a quem chamaremos Felipe, chega à sessão de análise meio assustado. Ficara dez dias na cidade onde seu pai mora, quando esteve muito envolvido com drogas. De volta à cidade onde reside atualmente, o dono da pensão onde se hospeda falou que um dos colegas havia recaído no crack e cola de sapateiro e havia se mudado. Sua situação, considerada muito preocupante, fazia Felipe concordar que "quando a pessoa se afunda mesmo na droga, fica sem noção de muitas coisas e pode até roubar". Ele estava aflito e dizendo ter ficado com muito medo, meio sem rumo, com pena do colega e com receio de ele próprio entrar nesse caminho sem volta.

Nesse momento paciente e analista escutam um barulho na persiana e logo percebem que era um passarinho que entrara pelo vão da janela de vidro que estava aberta.

Os dois se admiraram e enquanto o passarinho se debatia estabeleceram um diálogo acerca de como ajudá-lo a encontrar o caminho de volta ao ar livre. A analista levanta e abre a persiana. O paciente fala que poderiam dar um tempinho com a persiana aberta para ver se ele por si acharia o caminho. Um tempo da persiana aberta possibilitava o maior fluxo de urgências!

E assim, a analista relata:

Voltamos a falar da condição de seu colega e eu então falei que o passarinho poderia nos ensinar a como ajudar alguém se achar em um tempo perdido e em um lugar mais livre.

Enquanto continuávamos a falar o passarinho adentrou ainda mais à sala e alojou-se atrás do divã indo, em seguida, na direção da minha poltrona. Acompanhávamos o caminho e aí brincamos que o nosso hóspede parecia haver gostado daquele lugar e que talvez não quisesse mais sair.

Então ele meio aflito me disse: "se a senhora quiser, quando eu sair eu o levo lá pra baixo e solto". Eu disse que parecia uma boa ideia, mas que teríamos que aguardar, pois ele ainda poderia encontrar o caminho de volta. Foi então que ele lembrou-se de um episódio de sua infância quando estava indo para a missa com seus pais e na entrada da igreja vira um passarinho machucado. Parecia ter sido atingido com uma pedra de estilingue. Ele parou para cuidar do passarinho a despeito da insistência da mãe de que fossem para dentro da igreja. Inconformado, começou a chorar e toda família ficou às voltas com o passarinho.

Ao ter essa lembrança que envolvia a mãe viva, sua emoção se presentificou. Disse-lhe que ele devia ter se sentido como o passarinho machucado por ter sido acertado pela pedra do sofrimento da perda da mãe, não quando ela efetivamente morreu, mas quando uma terrível doença a atingiu.

Nesse momento o passarinho voa para a janela. Por ser de aço e vidro e de estrutura estreita, não se acomoda bem no ligeiro pouso, para, logo após, alçar outro voo que o levaria para fora, se desequilibra e volta novamente para dentro da sala. Felipe então fala num tom de quem está torcendo pelo passarinho "Vai… vai" e aí eu digo: Ele está titubeante, mas já sabe que o vento está batendo por ali e Felipe completou "O vento está a nosso favor".

Lembrei-me de um hai-kai escrito uma vez por mim depois de uma visita à gruta de Santo Antônio: "cavernas não são buracos na terra, cavernas são aberturas no tempo, no vento. Cavernas são quiririns"?

O passarinho bateu fortemente as asas, atropelou-se no vidro, mas… saiu. Nós ficamos ali… por alguns minutos em silêncio.

Na sessão seguinte ele veio com camiseta amarela, com um desenho feito por ele de um gato estilizado de semblante dócil. Desenho muito diferente dos costumeiros sempre sisudos e em tinta preta. Era uma nova conformação calcária desdobrada daquela pela qual passáramos por ocasião da surpresa de nosso inesperado hóspede. Aquela só fugazmente podia ser vista por esta outra que agora se apresentava.

Felipe e eu constituímos no entrelaçamento do inesperado uma memória afetiva que enlaçava o passado para uma possibilidade de futuro condicional – futuro do pretérito. Assim, este passado relativo que já não era aquele passado traumático, mas que nele permanece referido, abrirá perspectivas de outros voos inauguradores de tempos, de des-continuidade, de tempo criativo com alguma possibilidade de transcender a repetição.

Poderíamos considerar que essa nova ordem tempo-espacial criada, só o foi pelo efeito do deslocamento e deslizamento representacional favorecido pela surpresa da presença do pássaro e pelos elos identificatórios que se sobrepuseram entre esta situação e aquela que presentificávamos sem nos darmos conta. A fragilidade do ser amputado, apedrejado e que só pode se recuperar com o redimensionamento no tempo e no espaço de uma relação muito particular que se sustenta no campo transferencial.

A resistência instrui a direção interpretativa. A interpretação não se restringe a uma fala. Ela fala por intermédio do jogo disposicional para o qual fomos arrastados pelos múltiplos enlaces desejantes. A resistência constrangia-nos no espaço aprisionante do tempo da repetição: passarinho machucado/ amigo drogado/prazer fabricado/corpo marcado/destino traçado. O pássaro e sua entrada angustiante foi o interpretante necessário para que nos des-situacionássemos de nosso espaço/tempo formal ou padrão e aí a criação se fez.

Herrmann (1989) atribui um estatuto altamente relevante à resistência, imprescindível na concepção do método, do proceder analítico. No artigo "Interpretação: a invariância do método nas várias teorias e prática clínicas" esclarece que "a interpretação dirige-se a uma zona determinada pela própria resistência, onde pululam as representações possíveis do par analítico, e a alcança por um efeito de presença" (p. 23). Poderíamos considerar que este proceder a partir ou no sentido do obstáculo, da resistência é que delinearia a metodologia psicanalítica efetivada através da ruptura de campo. Somos destinados/condenados a superar obstáculos por meio da interpretação.

A cada vez, fica mais evidenciado que existem poucas noções que estejam tão implicadas na prática psicanalítica e que seja tão discreta em sua teorização quanto o tempo, que não é o tempo das cavernas, mas o tempo que a caverna pode ser!

 

4. Pela urgência de concluir

Espera-se que a vivência psicanalítica torne a pessoa menos alienada em relação às manifestações do inconsciente, propiciando que ela seja mais tolerante consigo mesma e com o outro. A análise aproxima o homem do centro de sua constituição, tornando-o mais capaz de se responsabilizar por sua condição desejante, levando o sujeito a reconciliar-se com o absurdo de sua constituição, pois o mal-estar do homem é um mal-estar constituinte, e dele não nos curamos. A cura, numa análise, desengana o sujeito até onde ele suporta ser desenganado. O sujeito é desenganado para viver. A possibilidade disto vir a acontecer fica condicionada ao manejo que o analista faz do método psicanalítico em seu ofício cotidiano, ficando na dependência de se tomar o discurso do paciente pelo seu valor de ruptura das configurações de autorrepresentações.

É preciso saber constatar os efeitos do processo analítico, não na esperança, mas na expectativa vazia de aguardar as próximas produções do paciente, produções que podem se apresentar a qualquer momento, nem sempre necessitando de um longo tempo cronológico. A elaboração é incessante, invisível, por um lado, e visível nos atos resultantes dela. Ao analista fica sempre a sensação de não saber com clareza que efeitos provocou, a não ser por aproximação.

Freud nos deu o legado do a posteriori, indicou-nos a complexidade do campo psicanalítico, deixando as diversas dimensões temporais para serem pensadas a partir de sua obra.

Enfim, a psicanálise opera num estranho registro temporal. Aquisições e descobertas vão transformando o passado, recriando a história do paciente e por meio dela transformando o sujeito presente. Não é a cronologia que importa no processo analítico, mas sim o momento de intervenção, o momento de uma interpretação. Avaliamos ser a análise terminável, em decorrência da impossibilidade de a linguagem dizer de tudo, visto que sempre haverá algo que não se representou no psiquismo, e por não ter se representado, se faz indizível. Assim, a análise carece ser terminável, justamente pelo interminável do inconsciente.

 

Referências

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Endereço para correspondência

Maria Alzira Marçola
[Universidade Federal de Uberlândia UFU]
Al. dos Pinhais, 106, Bairro Morada da Colina
38411-136 Uberlândia, MG
e-mail:
m_alzimarcola@yahoo.com.br

Maria Lúcia Castilho Romera
[Universidade Federal de Uberlândia UFU]
Rua Eduardo Marques, 435 ap. 801 – Bairro Martins
38400-442 Uberlândia, MG
e-mail: mluciaro@terra.com.br

João Luiz Leitão Paravidini
[Universidade Federal de Uberlândia UFU]
Av. Uirapuru, 934 – Bairro Cidade Jardim
38412-166 Uberlândia, MG
e-mail: paravidini@ufu.br

 

[Recebido em 13.5.2010, Aceito em 4.6.2010]

 

 

1 Este trabalho é derivado da dissertação de Mestrado de um dos autores com o título: Um estudo sobre o tempo no processo analítico – reflexões sobre a postura metodológica psicanalítica, defendida em abril de 2006; foi, também, apresentado no II Congresso de Psicologia Ciência e Profissão, na cidade de São Paulo em setembro de 2006.
2 Psicóloga, psicanalista. Mestre em psicologia clínica pelo Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia – UFU. Psicóloga no SEAPS/DIASE/UFU. Membro efetivo da Associação Clínica Freudiana, Membro fundador do Grupo Vórtice – Grupo de Estudos em Psicanálise pela Teoria dos Campos.
3 Psicóloga, psicanalista, doutora em Psicologia. Membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo SBPSP e do CETEC. Professora doutora do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia. Estágio Pós-doutoral na Teoria dos Campos.
4 Psicólogo, psicanalista. Doutor em saúde mental pela Unicamp. Membro efetivo da Associação Clínica Freudiana. Professor doutor do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia UFU.
5 Conceito cunhado por Herrmann para enfatizar a ação operativa do método psicanalítico: a interpretação. Em Andaimes do real: o método da psicanálise, Hermann define o campo de uma relação como o inconsciente em sua ação concreta e, a partir daí, deriva o conceito de campo psicanalítico como o espaço e o tempo virtual onde se processa a desrotinização, o avesso do ato interpretativo (1991, p. 118). A ruptura de campo é a quebra da rotina tornando possível a emergência do estruturante, do estofo de uma relação, de um inconsciente.
6 Sincronia: estado de um fenômeno tomado em determinado momento, sem se considerar sua evolução no tempo.