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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.45 no.3 São Paulo jul./set. 2011

 

EDITORIAL

 

Limites: prazer e realidade

 

 

Bernardo Tanis

Editor

 

 

"Limites: prazer e realidade", esse foi o desafio temático lançado pelo XXIII Congresso Brasileiro de Psicanálise do qual acabamos de participar na cidade de Ribeirão Preto. O que esperamos de um Congresso de Psicanálise nos dias de hoje? Penso que algo a mais do que uma vitrine na qual os colegas possam expor seus trabalhos, transmitir suas mensagens e retornar com a sensação de "missão cumprida" às suas respectivas cidades de origem. Um Congresso é um momento de encontro no qual a comunidade analítica tem a oportunidade e o compromisso de colocar em pauta sua prática, seus conceitos norteadores, promover diálogos entre profissionais experientes e jovens ávidos de conhecimento, onde a psicanálise que se pratica em cada região possa ser interrogada. Um espaço no qual o outro pode contribuir para que nossas certezas não ceguem a nossa abertura face ao novo e ao inesperado.

O corpo editorial da Revista Brasileira de Psicanálise acompanhou de perto os preparativos do Congresso e procurou oferecer sua contribuição por meio de algumas iniciativas.

Realizamos, estimulados pelo presidente da Febrapsi Leonardo Francischelli e com a atenta e inteligente curadoria de Daisy Perelmutter e Daisy Camargo, uma exposição sobre a Revista Brasileira de Psicanálise resgatando sua história e divulgando para a comunidade psicanalítica sua proposta editorial expressa em um dos painéis: "As diversas tendências teórico-clínicas, os diálogos cada vez mais recorrentes da psicanálise com outros campos de conhecimento, a interlocução do movimento brasileiro com o debate internacional; estas são algumas das muitas frentes de análise com as quais a Revista permanece comprometida e que pautam sua atuação"

Em sintonia com essa proposta tomamos a iniciativa de montar durante o Congresso um painel em torno do tema: "Ética na publicação de material clínico e indexação de revistas de psicanálise", para o qual convidamos todas as equipes editoriais das revistas de psicanálise das Sociedades e Grupos de Estudos pertencentes à Febrapsi. Tivemos uma expressiva participação e esperamos desse modo inaugurar um espaço de interlocução para questões inerentes à singularidade do campo editorial psicanalítico face às novas demandas e mídias, tema que requer atenta reflexão e parceria.

Contribuindo com a temática do Congresso apresentamos neste número, na seção Debate, um estímulo para a reflexão a partir de trechos selecionados do livro Sociedade Excitada: filosofia da sensação, do filósofo alemão Christoph Türcke. O autor constata as severas ameaças ao sistema perceptivo no contexto do atual momento da civilização, mas, longe de repetir clichês consagrados em torno da pós-modernidade, procura na genealogia da cultura as raízes do universo simbólico que nos constitui para se indagar sobre a fragilidade e transformação dessa fina tessitura. Convidamos duas psicanalistas, Cecilia Maria de Brito Orsini e Viviane Sprinz Mondrzak, a apresentarem seus comentários tomando como estímulo as ideias do filósofo. Também estendemos o convite a Eduardo Guerreiro Brito Losso, crítico literário, que tece seu comentário a partir dos desdobramentos posteriores da obra de Türcke com fortes ressonâncias para os psicanalistas. Na seção de Interface, mantendo o foco sobre o tema "Limites: prazer e realidade", entrevistamos o economista Prof. Dr. Carlos Eduardo Soares Gonçalves, movidos pela busca de diálogo com um campo de conhecimento que consideramos ter bastante a oferecer no contexto das sucessivas crises que assolam o planeta.

Parabenizamos os autores premiados no Congresso e publicamos, como tradicionalmente o fazemos, seus trabalhos que focalizam, com refinamento, diferentes aspectos do processo psicanalítico. Inovamos publicando, também, o prêmio Virgínia Bicudo oferecido pela ABC, dando voz à jovem geração de analistas em formação.

Dentre os vários e importantes trabalhos que fazem parte deste número destacamos dois, que gentilmente recebemos das autoras, são reflexões em torno de vivências afetivamente muito intensas e que encontram, no seio da experiência analítica, continência e elaboração: "Envelhecer, uma viagem para a descoberta de si mesmo", de Danielle Quinodoz e "Voz perdida, voz encontrada: após a morte da analista", de Robin A. Deutsch.

Para finalizar, agradecemos a contribuição de René Roussillon, cujo texto, "A intersubjetividade e a função mensageira da pulsão", permite dar sequência ao aprofundamento da temática de Intercâmbio escolhida para 2011: Intersubjetividade-intrasubjetividade.

Para finalizar este editorial, gostaríamos de parabenizar o Conselho Diretor da Febrapsi, assim como toda Comissão Organizadora do XXIII Congresso Brasileiro de Psicanálise pelo empenho e sucesso do evento.

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