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Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.45 no.3 São Paulo July/Sept. 2011

 

ARTIGOS

 

Voz perdida, voz encontrada: após a morte da analista1

 

A voice lost, a voice found: after the death of the analyst

 

Voz perdida, voz encontrada: después de la muerte del analista

 

 

Robin A. DeutschI; Tradução Tania Mara Zalcberg

IPresidente, membro e docente do Centro de Psicanálise de São Francisco. Docente do Instituto de Psicoterapia em Berkeley, Califórnia. Docente e supervisora do Instituto de Acesso a Serviços Psicológicos e do Departamento de Psicologia do Centro Médico California Pacific, São Francisco

Correspondência

 

 


RESUMO

Qual o destino da vida analítica criada por analisanda e analista quando só permanece metade da díade? Este ensaio explora a experiência da autora logo após a morte repentina da sua analista. Após vivenciar a perda súbita da analista, a autora perde contato com a parte de si que passara a ter acesso a pensamentos e sentimentos e a partilhá-los com outro ser em especial. Neste ensaio, a autora descreve o processo de alteração da sua relação com a pessoa, transferencial e real, da sua analista. Ela se concentra numa série de sonhos, tidos após a morte da analista, que ilustra como, manter e cimentar sua relação com a analista morta, por meio de interiorização, facilitou o retorno da sua voz de analisanda. A autora explora a confusa variável de iniciar outra relação analítica ainda sob o efeito do final traumático da análise anterior.

Palavras-chave: luto; dor; morte do analista; sonhos; voz do analisando.


ABSTRACT

What is the fate of the analytic life created by the analysand and the analyst when only half the dyad remains? This essay explores the authors experience in the wake of her analyst's sudden death. After experiencing the abrupt loss of her analyst, the author loses contact with that part of herself that had come to access thoughts and feelings and share them with a particular other. In this essay, the author describes the process of alteration in her relationship with the person, transferential and real, of her analyst. She focuses on a series of dreams, which she had after her analyst's death, that illustrates how maintaining and cementing her relationship with her deceased analyst, through internalization, eased the return of her analysand voice. The author explores the confounding variable of entering another analytic relationship in the aftermath of the traumatic ending to her previous analysis.

Keywords: mourning; grief; death of the analyst; dreams; analysand voice.


RESUMEN

¿Cuál es el destino de la vida analítica creada por analizado y analista cuando sólo permanece la mitad de la díada? Este ensayo explora la experiencia de la autora después de la muerte repentina de su analista. Después de vivir la pérdida súbita de la analista, la autora pierde el contacto con la parte de sí que pasó a tener acceso a pensamientos y sentimientos y a compartirlos con otro ser en especial. En este ensayo, la autora describe el proceso de alteración de su relación con la persona, real y de transferencia, de su analista. Se concentra en una serie de suenos, tenidos después de la muerte de la analista, que ilustran como, mantener y fortalecer su relación con la analista muerta, por medio de la interiorización, facilitó el regreso de su voz de analizada. La autora explora la confusa variable de iniciar otra relación analítica, aún bajo el efecto del final traumático del análisis anterior.

Palabras clave: luto; dolor; muerte del analista; suenos; voz del analizado.


 

 

Está se aproximando o crepúsculo de uma tarde invernal de sexta feira, no final da minha última sessão de análise, antes de uma interrupção de dez dias de férias. Levantando do divã, digo: "Encontro você daqui a dez dias", e minha analista, sentada com um cobertor ao redor dos ombros, olha para mim e sorri, confirmando seu retorno. Nove dias depois, outra analista me telefona para me comunicar que minha analista morrera durante a noite.

Qual o destino da vida analítica criada pelo analisando e seu analista quando só resta metade da díade? Ogden escreve a respeito da morte prematura do analista:

A morte do analista exclui, para o analisando, a possibilidade de recuperar totalmente sua mente (mente cuja posse não vinha sendo exclusivamente sua por algum tempo). O aspecto da mente que foi (em parte) "perdido" é a mente que foi gerada e desenvolvida intersubjetivamente. É uma mente que só pode ser gradativamente apropriada pelo analisando no curso de uma experiência analítica não interrompida. (Ogden, 1997, p. 10)

Neste ensaio, descrevo o processo de alteração da minha relação com a pessoa, transferencial e real, da minha analista, durante o qual me despeço dela, tal qual tínhamos sido. Concentro-me numa série de sonhos, que tive durante esse período de transição, que ilustra como ter conseguido manter e cimentar a relação com minha analista perdida, por meio de interiorizá-la, facilitou o retorno da minha voz de analisanda e a liberdade de tomar um novo objeto ainda que mantendo o antigo.

Em minha vivência, tudo que se seguiu à morte da minha analista transcorreu como deveria. Tive sorte de não saber da sua morte por rumores. Outra analista me informou do seu falecimento poucas horas depois. Contou-me de modo muito específico tudo o que se sabia sobre a causa da morte. Ofereceu-me um horário no dia seguinte, demonstrando sua disponibilidade em trabalhar comigo durante esse período agudo, bem como ajudar a decidir o que eu gostaria de fazer a respeito da continuidade do tratamento. Meus supervisores e colegas deram muito apoio, não fui excluída da experiência da comunidade analítica relativa à morte da minha analista, e quando se realizou a cerimônia em sua memória, eu compareci. Ali, sentada entre outras pessoas, escutei sua família e amigos descreverem uma mulher que eu conhecia do jeito que os analisandos conhecem seus analistas. Enquanto participava desse evento comunitário, fiquei aliviada ao perceber que as descrições da minha analista eram semelhantes às minhas.

Judith Butler descreve evocativamente a perda de um ente querido:

Não é como se existisse um "eu", aqui, independentemente que então simplesmente perde um "você" ali, especialmente se o apego ao "você" fizer parte do que compõe quem sou "eu". Se eu perder você, nessas condições, então, eu não só lamento a perda, mas me torno inescrutável para mim mesma. Em um certo nível, penso que perdi "você" apenas para descobrir que "eu" também desapareci. (Butler, 2003, p. 12)

Minha análise incluía um diálogo quase sempre presente, com minha analista, entre as sessões analíticas. Ao deixar o consultório dela, eu continuava nossa conversa compartilhada da sessão mais recente. Passei a valorizar a presença desse permanente e ativo diálogo entre nós, ainda que imaginário, como parte de meu processo analítico e de nosso diálogo compartilhado. Andando até meu carro depois de ter deixado o consultório na sexta-feira que acabaria sendo nossa última sessão, essa voz - nosso diálogo - desapareceu de forma abrupta, perturbadora e estranha. E então, depois de perder a voz dela, a minha ficou si-lente.

Sentada no consultório da nova analista, lamentei a perda da minha analista morta, e fiquei simultaneamente ciente do que mais eu tinha perdido. Eu sentia falta não só de minha analista, mas também de minha análise. Eu perdera contato com aquela parte de mim que passara a pensar de certas maneiras, a ter acesso a pensamentos e a sentimentos passageiros e a partilhá-los com outra pessoa. Sentei na cadeira e fixei o olhar no divã. Sentindo falta da maneira como eu me acostumara a pensar, lamentando a falta da pessoa com quem eu pensava em conjunto, e a linguagem que usáramos juntas, tentei falar e me vi silenciosa. Eu queria deitar no divã, mas quando finalmente o fiz, eu o senti pouco familiar, e esse sentimento contribuiu para minha tristeza e desorientação. A perda aguda da minha voz fez aumentar minha confusão. Não consegui localizar minha voz de analisanda, minha voz de trabalho ou a linguagem que partilhava com minha analista. Não só minhas palavras haviam se perdido, mas também o prazer de usá-las. Eu não conseguia encontrar meu antigo jeito na análise. Ficara inacessível para mim. Minha satisfação e prazer com nossa troca fluída tinha desaparecido. Em seu lugar havia algo que parecia seco e pouco familiar. Engasgando com palavras que costumavam ser familiares. O tom, cadência e ritmo do meu pensamento e diálogo me pareciam estranhos.

A nova analista disse que continuaria a trabalhar comigo até que eu pudesse decidir o que queria fazer. Como comecei a sentir que queria mais, pedi para começar o tratamento com ela. Não percebi, na ocasião, que eu estava concordando em começar um relacionamento para o qual não estava preparada. E, ainda que eu pense que isso frequentemente seja verdadeiro, quando um paciente começa um processo analítico, essas circunstâncias especiais, em que eu me mantinha ligada à minha analista morta - enquanto ao mesmo tempo pedia ajuda a outra pessoa - eram angustiantes. Para poder recuperar minha voz, eu precisava ir adiante, mas para ir adiante, eu precisava estar disponível para começar um relacionamento novo e a aceitar ajuda de uma nova pessoa. Na época, não pude refletir a respeito do que eu já sabia. Temia que entrar num novo relacionamento estragasse o antigo.

Ogden descreve a maneira pela qual analista e analisando se reúnem para criar o tratamento analítico:

Analista e analisando juntos geram condições em que cada um fala com a voz que surge da conjunção inconsciente de dois indivíduos. A voz do analista e a voz do analisando nessas circunstâncias não é a mesma voz, mas as duas vozes são emitidas, em grande medida, a partir de uma área de experiência inconsciente construída em conjunto (ainda que assimetricamente). (Ogden, 1998, p. 444)

Este artigo diz respeito à voz: desenvolver, ter, perder e recriar. Com minha analista, aprendi a apreciar as palavras, a usá-las para criar a expressão multifacetada das experiências da vida. Palavras para brincar, palavras evocativas, palavras provocadoras, palavras em jogo, palavras ricas. Aprendi a usar a linguagem para criar uma voz própria singular que descrevia minha experiência interna e meu processo mental. Aprendi acerca do uso da linguagem para afetar o outro. As palavras flutuavam na sala entre nós, um espaço para pensar em conjunto, e entremeadas às minhas palavras estava nossa voz compartilhada, colaboradora.

Em retrospecto, parece que meu esforço - e talvez seja também verdade para outras pessoas - não era apenas para encontrar outro analista com quem trabalhar, mas encontrar uma parte de mim, minha voz de analisanda, a voz com a qual trabalhava, que me permitira o compromisso com minha mente e com a de outra pessoa, e com a mente dela dessa maneira íntima. Quer o analisando trabalhe brevemente com outro analista para lidar com a crise imediata ou comece um trabalho mais abrangente, o analisando enlutado necessita encontrar a parte de si que existia nesse estado de entrelaçamento com o analista anterior. Ofereço minha experiência como uma entre tantas.

Os analistas escrevem de forma mais pessoal do que se supõe a respeito de morte e de perda. Escrevemos sobre a morte de pacientes: por suicídio (Chassay, 2006), por morte súbita (Buechler, 2000), por doenças prolongadas (Mayer, 1994). Falamos sobre o término como morte (Coltart, 1996). Escrevemos sobre a morte e as doenças de cônjuges, filhos, e gravidezes perdidas (Gerson, 1994; Chasen, 1996; Mendelsohn, 1996; Morrison, 1996). Periodicamente, escrevemos sobre o processo de nossas próprias doenças, bem como sobre nossas mortes iminentes (Dewald, 1982; Morrison, 1990, 1997; Pizer, 1997; Feinsilver, 1998; Fajardo, 2001). Curiosamente, quando se trata da morte do analista, a maior parte do que se escreve é a partir do ponto de vista do analista; a voz única e singular do analisando não é ouvida.

Os poucos artigos na literatura analítica que tratam da morte do analista, do ponto de vista do analisando, na maior parte das vezes abordam a questão do que é melhor fazer para ajudar o paciente sobrevivente se o analista falecer durante o tratamento. Esses artigos evocativos e sinceros tentam articular a melhor maneira de dar assistência ao analisando traumaticamente enlutado. Citando a quantidade notavelmente escassa de ideias clínicas úteis acerca da morte do analista, Traesdal (2005) recomenda que o analista esteja alerta às preocupações do paciente acerca da sua morte, tanto do ponto de vista da realidade quanto transferencial. Em seu artigo, ela ressalta a sintonia às necessidades realistas do analisando de discutir o que ele deve fazer se o analista morrer de repente durante a análise. Rendely (1999) descreve a posição privilegiada do analisando dentro da análise como relação e lugar protegido. Se o analista morrer prematuramente, a posição protegida de analista e analisando por si, isola o analisando enlutado. O artigo de Rendely fala da necessidade de a comunidade analítica dar assistência ao candidato-analisando e delineia áreas em que a comunidade analítica pode intervir. Traesdal (2005) e Rendely (1999) avaliam recomendações a respeito de que tipo de ajuda terapêutica se deva oferecer ao analisando enlutado. Garcia-Lawson e Lane (1997) ressaltam os passos práticos a ser tomados quando ocorre a morte do analista para diminuir a dor do analisando. Ziman-Tobin (1989) sugere dividir a intervenção que o analisando necessita em duas funções: o analista que faz a ponte e o analista que trata. O analista que faz a ponte trabalha com o analisando a partir da crise imediata, enquanto o analista que trata permanece disponível para iniciar o tratamento analítico depois que a crise passar. Por implicação, o resultado dessa bifurcação é que o analista que trata permanece livre para começar o tratamento, pois o analista que faz a ponte absorveu o impacto emocional da crise imediata e da transição. Minha experiência sugere outro procedimento. Cada um desses artigos exprime a esperança profunda de que certo tipo de ação deva diminuir os efeitos penosos dessa perda traumática, uma solução prática que, de certo modo, desfaça a tristeza do analisando. O desejo comum de ação em cada um desses artigos revela o desejo oculto de solução mágica que mantenha o luto a certa distância.

O que dizer a respeito da voz do analisando? Com poucas exceções (Garfield, 1990; Adams, 1995; Rendely, 1999; Traesdal, 2005), a voz do analisando se exprime como uma voz composta, homogeneizada num projeto de pesquisa. O primeiro artigo - mais frequentemente citado, escrito por Lord, Ritvo e Solnit (1978) - é um estudo investigativo de vinte e sete analisandos que perderam seus analistas por morte durante a análise. Onze analisandos enlutados e dezesseis analistas que os trataram responderam a um questionário. Essa pesquisa exploratória focalizou a qualidade, intensidade e duração do luto. Não se escuta qualquer voz individual. Barbanel (1989) apresentou um painel de discussão sobre a experiência de trabalhar com analisandos enlutados. Ainda que esse painel lidasse com a experiência coletiva do autor em tratar pessoas cujos analistas morreram durante a análise, mais uma vez faltou a voz singular, individual, do analisando. Galatzer-Levy (2004) apresentou dados compostos baseados em seu tratamento de dez analisandos depois da morte do primeiro analista. Em sua conclusão, ele ressaltou o conluio entre analista e analisando para evitar o tópico doloroso da visível doença e morte iminente do analista. Firestein (1990) citou dados compostos coligidos de colegas que estavam tratando treze pacientes cujos analistas morreram durante o tratamento. Ele concluiu que uma vez que o paciente infira a doença do analista, ou mesmo, seja diretamente informado, o tratamento termina, não importando por quanto tempo mais o analista terminal e o analisando continuem a se encontrar. Esses dados levantam uma questão acerca da presença de um processo invisível de colaboração entre o analista moribundo e o analisando para evitar falar entre si sobre a vulnerabilidade do analista.

A primeira parte a voltar da minha voz de analisanda foi minha voz onírica. Olhando retrospectivamente, posso observar que meus sonhos se organizaram ao redor de temas, em que eu elaborava a perda da minha analista, bem como minha voz na análise, enquanto ao mesmo tempo me empenhava em criar uma nova voz no novo relacionamento. Minhas imagens oníricas se desenvolviam e se alteravam à medida que se entremeavam à minha voz consciente de trabalho e prenunciavam mudanças em minha nova análise. Ainda que eu tenha certeza de que cada sonho que relato represente minhas bases psicológicas de modo mais amplo, restringirei a discussão ao contexto em que foram sonhados: a perda traumática da minha analista e da análise. Minha discussão inclui ainda a difícil variável de começar outra relação analítica no contexto daquele término traumático. Com vistas a este ensaio, estou simplificando muito os descontínuos, mas interpenetráveis temas dos sonhos que integraram minha voz onírica com o desenvolvimento de uma voz de trabalho em meu novo tratamento.

Desse ponto de vista, os primeiros sonhos que relato ressaltam minha tentativa inicial de lidar com a morte súbita da minha analista. Imediatamente após a morte dela, meus sonhos se tornaram emoções brutas rudimentares em um mar de cores turbilhonantes. Eu acordava, desses sonhos, perturbada e desconsolada. Depois de um mês, comecei a ter sonhos vinculados à minha perda. Pela primeira vez na vida, anotei esses sonhos que me mantinham ligada à minha analista. Retrospectivamente, também acredito que anotar meus sonhos foi uma forma de restabelecer um vínculo comigo mesma. Três anos e uns 230 sonhos depois, eu estava pronta para escrever este ensaio.

Sonho 1. Estou perdida e busco ajuda. Entro num edifício procurando alguém que me diga para onde devo ir. Vagueio de sala vazia em sala vazia. Na última sala espero encontrar alguém, mas ali não há ninguém.

Não é surpreendente que um sonho sem palavras seja meu primeiro sonho consistente após a morte da minha analista. Esse sonho sublinha meu sentimento de vazio e de abandono precipitado pela morte de minha analista. O edifício representa minha mente e as salas vazias, a falta de objetos internos em que confiar. Perdida e sem objetivo, sou incapaz de encontrar meu próprio caminho. Ao mesmo tempo em que busco ajuda, não consigo encontrar o que, para mim, representa a desesperança que senti na época. Sem palavras, não consigo pedir ajuda. Apesar da ajuda real dos meus amigos, colegas e da nova analista, senti-me profundamente sozinha.

Na série seguinte de sonhos, começada três meses após a morte dela e com cerca de vinte e quatro meses de duração, creio que minha voz onírica permitiu-me fazer o que até então eu não tinha sido capaz: preparar o término da minha análise e me despedir, ao mesmo tempo em que tentava dar sentido ao que acontecera. Esses sonhos também me forneceram algo igualmente importante para fazer o luto da minha perda: eu trouxe minha analista de volta à vida, eu a fiz contar-me o que estava errado, eu a fiz despedir-se de mim, eu a fiz chorar de tristeza por nossa perda mútua.

Sonho 2. Minha analista me conta que vai parar de trabalhar em dois meses.

Sonho 3. Minha analista me conta que está cansada demais para continuar. Ela me diz que podemos falar a respeito, se eu quiser.

Sonho 4. Estou no consultório da minha analista. Quando entro, ela me conta que está morrendo e me pergunta se quero saber o que está acontecendo. Respondo afirmativamente. Ela está sentada numa ponta do divã e eu na outra. Enquanto está sentada no divã e lê, para mim, acerca da sua doença em um livro, ela começa a chorar. Eu também. Ela me pergunta se estou bem. Respondo que estou bem e buscando sua mão, seguro-a enquanto choramos juntas.

Com a morte repentina da minha analista, preciso agora fazer o trabalho psicológico que ela teria me ajudado a fazer se ainda estivesse viva. Recrio minha analista e nossa relação de maneira que ela possa me ajudar a chegar a um término significativo da minha análise. Ela me convida a discutirmos juntas o impacto da sua afirmação de que está cansada demais para continuar. No Sonho 4 ela me conta o que fará nossa relação analítica se encerrar. Estamos sentadas juntas no seu divã, não em nossos lugares habituais de analista e ana-lisanda. Ela chora na minha presença e eu a consolo. No meu sonho, tento manter minha relação passada com ela, tal qual a conheci, mas nossas posições mudaram. Ao consolá-la, assim como ela poderia ter me consolado, começo a transformar nosso relacionamento.

Ao mesmo tempo em que buscava um modo de manter e transformar o relacionamento com minha analista morta, eu também tentava permitir o relacionamento com a nova analista. Como parte do meu processo de desenvolver a relação com a nova analista, eu a transformei em distante e inepta. Zangada por ela não ser minha analista morta, eu não podia me permitir o aprofundamento da minha relação com ela, pois temia o dano à minha analista perdida.

Enquanto falava em linguagem hesitante e entrecortada a uma pessoa pouco familiar, surpreendentemente me percebi revelando material que antes eu não discutira com a analista morta. Percebi quão pouco eu conversara sobre questões corporais com minha analista cronicamente doente e visivelmente magra. Fiquei preocupada de que inconscientemente tivéssemos concordado em evitar um caminho que nos levasse à doença dela. O surgimento de material nunca antes explorado sustentou em mim o sentimento de recuperação da minha voz de analisanda. O ressurgimento da minha capacidade de trabalhar em uma sessão analítica me fez sentir mais familiar comigo. Ao usar minha voz de anali-sanda, senti-me menos perturbada em minha relação interna com a analista morta. Fiquei animada com a possibilidade de investigar o que nunca havia sido dito. Por intermédio da vivência de criação de uma voz analítica emergente, senti-me menos distante da minha própria voz.

A observação dessa mudança não se deu sem preocupação - preocupação de que ao entrar nessa relação analítica eu pudesse ferir minha analista morta. Durante esse tempo, minha voz onírica ficou dominada por temas de intensos conflitos de lealdade e traição. Cometi diversos atos criminosos inespecíficos e trapaças em relacionamentos pelos quais fui punida. Falar a respeito de questões corporais e relatar meus sonhos refletia a escolha entre estagnação numa análise em que não se poderia falar mais nada e o dinamismo - e o ânimo - de palavras que aguardavam serem ditas. Esse conflito dificultava a atenção para o material novo. A mera suposição de que houvesse aspectos da minha vida interior que eu não discutira com minha analista morta, numa análise que tinha sido excepcionalmente útil, parecia uma traição. À medida que comecei a falar de questões corporais, queria me retirar, temendo dano à minha analista morta. Minha nova analista começou a falar da minha evitação de raiva da minha analista perdida. Como poderia sugerir à minha nova analista, sem falar de mim mesma, que eu queria mais? O que aconteceria se eu suspeitasse que minha analista morta me decepcionara? Como eu sabia que evitar falar sobre corpos nos protegia do que não toleraríamos falar? Será que eu sabia, implicitamente, a respeito da saúde da minha analista?

Estabelecer a relação com a nova analista, recusar-me a desistir da relação com a analista morta, como eu a conhecera, aprisionava-me entre o luto e a melancolia. Freud escreveu convincentemente acerca de perda e luto diversas vezes durante sua vida. Sua obra essencial, "Luto e melancolia" (1917/1957), descreve que o processo de luto depende do desligamento e da renúncia gradativa ao objeto morto. Freud postulou que ao se desligar do objeto amado perdido a pessoa enlutada encontra libido suficiente para investir em um novo objeto de amor. Dessa maneira, o luto bem sucedido se define pelo desligamento dos laços emocionais da representação interna do objeto perdido. Nesse sistema a energia é finita. Para ter o novo é preciso abrir mão do antigo. O desligamento do objeto morto é um precursor essencial para o apego ao objeto novo. Nessa primeira obra, Freud acreditava que o indivíduo melancólico, que depende da identificação para manter a relação com o objeto perdido, permanece atolado na ambivalência em relação ao objeto amado. Como resultado da quantidade fixa de libido, a mudança de objetos não pode ocorrer. Não se pode ter um novo objeto de amor. Nessa obra, o conceito de identificação é central. Identificação e suas relações, definidas mais amplamente como interiorização, estão ligadas à melancolia, um estado depressivo. A melancolia resulta de sentir raiva do objeto interiorizado como raiva do self. À medida que a teoria freudiana evoluiu, influenciada tanto por sua compreensão maior da mente e suas experiências pessoais, seu ponto de vista sobre a função da identificação também evoluiu. A identificação, apresentada em "Luto e melancolia" como parte de um processo patológico, foi incluída como parte de um processo normativo que amplia o desenvolvimento. Em "Psicologia das massas e análise do ego" (1921/1955) Freud descreveu a identificação como "expressão mais primitiva de laço emocional com outra pessoa" (p. 105). Em "O ego e o id" (1923/1961) Freud reconheceu que a identificação normal era uma forma de filtrar afetos opressores de perda e de preservar permanentemente o objeto (J. S. Chase, comunicação pessoal). Depois, ainda, Freud (1933/1964) mencionou a identificação como um dos resultados do processo normal de luto.

Diversos autores têm tomado como tarefa a teorização inicial de Freud sobre perda e luto. Gaines (1997) postula que a tarefa do luto consiste em duas partes: desligamento e continuidade. A teoria inicial de Freud usou a identificação com o objetivo de desligamento do objeto perdido. Segundo Gaines, ao "criar continuidade" (p. 549) o indivíduo enlutado desenvolve uma relação interna nutridora com o objeto perdido. Afirma também que a relação interna com o objeto perdido necessita ser transformada de maneira que possa "continuar a ser vitalizada sem precisar nutrição constante de uma relação real" (p. 555). Proponho que ao usar a palavra "vitalizada" Gaines queira dizer readaptar e reinvestir o laço libidinal. Baker (2001), citando achados clínicos e empíricos, considera o luto como transformação do self e do objeto no mundo interno da pessoa enlutada. Esses dois artigos partilham uma premissa que compreendo como ênfase sobre a importância da representação interna da relação contínua com o objeto perdido. Nesse sentido, o laço objetal entre o enlutado e o objeto amado precisa ser mantido para ajudar a pessoa enlutada a seguir adiante. Rendely (1999) faz eco a essa ideia quando afirma que o luto não é só um processo de separação, mas também um modo de apego seguro com o ser amado perdido. "Focalizando em memórias e experiências passadas, a pessoa enlutada tenta realocar internamente o que foi perdido externamente" (p. 142). Em crítica diferente, mas relacionada, Butler (2003), com sua sensibilidade de acadêmica, critica a premissa de Freud de permutabilida-de libidinal e sugere que a plena possibilidade de substituição não é o que deve ser buscado no processo de luto. Ela dirige a atenção do leitor para o papel do objeto perdido à medida que o objeto continua a influenciar e afetar o self. Para Butler, o resultado do luto é a aceitação do efeito transformador da perda sobre o self.

Eu, assim como esses autores, discordo da teorização inicial de Freud acerca da primazia do desligamento no luto: especificamente, a consideração de que o desligamento do objeto perdido é a tarefa primordial e mais essencial do luto. Proponho que ao mesmo tempo em que o objeto amado é perdido, o laço libidinal com o objeto agora perdido precisa ser mantido de maneira que a relação interna com o objeto amado possa ser transformada e recuperada. A redescoberta da minha voz de trabalho como parte do luto foi precipitada por uma mudança em minha relação com minha analista morta. Meus sonhos durante esse período captam a fluidez desses estados de ser, levando-me adiante para o futuro e, a seguir, recuando para um estado emocional constrito e raivoso.

Sonho 5. Minha analista me olha. Ela diz: "Não posso mais ajudá-la como analista". Mas, ela continua, tocando meu peito, na direção do meu coração: "Ainda estou com você aqui".

Esse é um sonho de término onde continuo trabalhando em direção à transição com minha analista morta. Estou abrindo mão da minha analista como analista para mim. Ela está me ajudando a desenvolver uma relação nova e diferente com ela, não mais de analista/ analisanda. Minha voz onírica durante esse tempo alternou entre dizer adeus para minha analista morta e a inclusão da nova analista como parceira em minha empreitada, ainda que de modo ambivalente.

A nova analista sugere que eu não peço muito dela. Penso em como são diferentes as vozes dessas duas mulheres. A voz insistente e, às vezes, impaciente da minha analista morta e os tons suaves e modulados da nova analista parecem se contradizer. Uma empurra, a outra espera. A diferença está representada em um sonho em que minha analista morta instrui a analista viva a trabalhar comigo.

Sonho 6. Estou com dois homens: um alto, magro, e de cabelos escuros, o outro mais baixo e gordo com cabelo loiro. Perseguidos por um míssil que tenta nos matar, corremos para um prédio, sabendo que o míssil explodirá o prédio e nos matará. Olhando pelas janelas na traseira do prédio, o homem de cabelos escuros e eu tramamos uma rota de fuga por cima dos telhados, pois sabemos que se fizermos assim, o míssil não conseguirá nos seguir. Na hora de ir, o homem loiro diz que vai ficar e que nós devemos prosseguir. Nós três entendemos que ele escolhe morrer porque ele e nós sabemos que ele morrerá na explosão. Eu o abraço antes de sair.

Esse sonho representa minha relação com minhas duas analistas: a anterior e a atual. A morte está à vista, minha analista está escolhendo morrer e eu estou deixando-a ativamente. Eu orquestro a morte da minha analista criando uma morte cujo tempo em que se dá está agora sob meu controle e para a qual eu me planejei. Ao refazer sua morte, posso me despedir dela. Para me acompanhar no futuro, crio uma companhia.

Sonho 7. Estou procurando um novo apartamento. Vagueio por um prédio de aparência horrível e permito que a dona do prédio me convença a olhar o lugar. Quando a porta se abre, vejo um apartamento de tirar o fôlego de tão belo. É uma sala ampla com quartos menores saindo dela. É iluminado e ventilado.

Minha relação com a analista morta se modificou. A busca por um novo apartamento é minha busca por um novo lar analítico. A sujeira e a falta de atrativos do prédio é como a nova análise me parece: sombria e inóspita. Ao me deixar persuadir, encontro algo animador, desejável e que vale a pena: um espaço em que pode acontecer algo novo. Ao mesmo tempo, percebo que aceitar o encerramento e a mudança da relação com a analista morta me leva a aceitar melhor a perda do que poderia ter sido e mais disposta a aceitar e acolher o que pode e será.

Neste ensaio, sugiro que a perda de minha voz de analisanda foi resultado da perda traumática da minha analista acoplada à perda de conexão com nossa voz compartilhada, tornando-me incapaz de usar nossa voz compartilhada analiticamente. Por meio dos meus sonhos, encerrei minha análise e reencontrei minha voz. Em um processo mútuo de informação, ao realocar minha voz de analisanda, comecei a encontrar uma voz de trabalho com a nova analista. A recuperação da minha voz de analisanda representa o recomeço da minha relação com minha analista morta; não uma relação com ela tal qual era, mas uma relação de evolução em que a memória e a experiência do que tínhamos conseguido juntas fica a meu dispor. É a ligação com a relação que tivemos bem como a interiorização da pessoa dela e do nosso trabalho. Para mim, parte do meu processo de transformação foi permitir a relação com as duas analistas e tê-las disponíveis em minha mente para serem trabalhadas. Por certo tempo, não pude ter a antiga, já que ela estava morta, e não pude ter a nova porque parecia traição à antiga. A impossibilidade de começar uma nova relação analítica e recapturar minha voz de analisanda estava ligada à minha culpa de desejar mais para mim nesse contexto de ter perdido a pessoa que me ajudara a ir tão longe. O sonho seguinte simboliza o início da minha capacidade de representar minhas duas analistas simultaneamente em minha mente.

Sonho 8: Estou com duas mulheres discutindo intensamente uma peça que assistíramos juntas.

Joan Didion escreveu seu livro O ano do pensamento mágico (2005) depois da morte repentina do marido. Nesse livro, o leitor a segue, estonteada e confusa, à medida que um momento segue o outro, para adiante e para trás, ao lugar em que a melancolia dá lugar ao luto. Ela descreve de maneira eloquente os minutos e as horas que cercam a morte dele, o ano que se segue enquanto ela luta para lembrar que ele está morto, para lembrar que o marido não voltará e para manter viva sua vida juntos. De forma pungente, Didion passa de momentos em que esquece que o marido está morto, esperando que ele entre porta adentro, a momentos em que lembra a morte dele. Ela almeja se manter ligada ao marido e à sua vida juntos. Ela não quer terminar o livro porque, para ela, isso confirmaria a morte dele. Ela encontra de repente um momento assustador - a lembrança de um dia que não implica em lembrança do marido. A escrita da sua vivência durante esse ano é um retrabalho manifesto da sua relação com o marido. Ela se envolve com o marido de maneira diferente: uma reorganização da memória que engloba sua vida futura.

Com a morte da minha analista, minha voz de analisanda se interrompe. A voz que eu tinha com minha analista foi substituída pela voz de um enlutado... e à medida que começo a realocar minha analista dentro de mim, por intermédio do retorno da minha voz onírica, completo minha despedida. Com a nova analista, comecei a perceber o que eu sabia a respeito da condição física da minha analista que antes eu preferira não saber. Começo a compreender como meu desejo em prosseguir me parecia um abandono da analista que eu perdera. A tensão no conflito entre o desejo de prosseguir e o desejo de permanecer impede minha plena participação na nova análise. O sentimento de poder ter as duas analistas disponíveis para mim faz parte do meu processo de elaboração.

Com essa compreensão, uso minha voz como analisanda, analista e pessoa enlutada, para criar uma nova voz. Em conversa com minha analista, minha voz autoral evolui a partir desse novo diálogo.

Quero relatar um sonho final, que tive na véspera de começar a escrever este ensaio.

Tenho um guia para me levar ao futuro e estou indo com entusiasmo e disposição.

Estou entrando em um museu em que já estivera antes. Há muitas galerias cheias de obras da pré-Renascença e da Renascença, pelas quais eu passo rapidamente. Não estou tão interessada nesse tipo de arte, portanto, retorno ao hall de entrada para pegar um mapa que me mostre onde estão localizadas as galerias de arte moderna. Enquanto dou a volta e passo novamente pelas compridas galerias da Renascença, penso: "Por que tenho de me ocupar com toda essa arte antiga quando é a arte moderna que eu quero ver. Por que tenho de gastar meu tempo aqui?"

 

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Correspondência:
Robin A. Deutsch
[Centro de Psicanálise de São Francisco, California]
5318 Bryant Avenue
Oakland California 94618
510-547-7543

[Recebido em 6.5.2011
Aceito em 9.6.2011]

 

 

© Psychoanalytic Inquiry (Taylor & Francis Group, LLC)
Revisão: Susana Muszkat
1 Deutsch, R.A. Presented at the 46th IPA and 20th IPSO Congress, July 31, 2009, Chicago, Illinois.
Deutsch, R.A. Presented at the IARPP Conference, February, 2010, San Francisco, California
Deutsch, R.A. (in press) A voice lost, a voice found: After the death of the analyst. Psychoanalytic Inquiry. Esta é a tradução para o português do trabalho a ser publicado no Psychoanalytic Inquiry, 31 (6).

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