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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.45 no.4 São Paulo out./dez. 2011

 

ARTIGOS

 

A intensidade da vida psíquica e seus terrores na experiência psicanalítica1

 

The intensity of psychic life and its terrors in the psychoanalytic experience

 

La intensidad de la vida psíquica y sus terrores en la experiencia psicoanalítica

 

 

Edival Antonio Lessnau Perrini

Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo SBPSP e do Núcleo Psicanalítico de Curitiba NPC

Correspondência

 

 


RESUMO

A partir da observação de que alguns analisandos trazem para a experiência clínica um emaranhado de angústia, medo, desconforto, pânico e terror, e que essa assustadora vivência cria um sistema de "frenagem" e distanciamento na possibilidade da construção de vínculos, o autor propõe uma aproximação à "intensidade da vida psíquica" dessas pessoas. Entende essa vivência aguda por "intensidade de vida psíquica", assustadora e sentida como uma ameaça incontrolável para a integridade da mente. Por meio de três fragmentos clínicos e de revisão bibliográfica que contempla os pensamentos de Freud, Klein e Bion, mostra que a consideração dessa "intensidade" pode aproximar o analisando de seus terrores, permitir a sua contenção na experiência analítica e viabilizar o prosseguimento da análise.

Palavras-chave: intensidade da vida psíquica; mudança catastrófica; cesura; vínculos; experiência emocional.


ABSTRACT

From the observation that some patients bring to the clinical experience a tangle of anguish, fear, discomfort, panic and terror, and that this frightening experience creates a "braking" system and detach-ment in the possibility of building links, the authorproposes an approximation to the "intensity of psychic life" of these people. The expression "intensity of psychic life" entails an acute and frightening experience, and is felt as an uncontrollable threat to the integrity of mind. By means of three clinical fragments and of a bibliographic revision that includes the thoughts of Freud, Klein and Bion, the author shows how the consideration of this "intensity" may bring the analysand closer to his terrors, allow their control in the analytical experience and enable the continuity of analysis.

Keywords: Intensity of psychic life; catastrophic change; caesura; links; emotional experience.


RESUMEN

A partir de la observación de que algunos pacientes traen a la experiencia clínica un enmara-nado de angustia, miedo, incomodidad, pánico y terror, y que esta aterradora vivencia crea un sistema de "frenado"y distanciamiento en la posibilidad de construcción de vínculos, el autor propone una aproxi-mación a la "intensidad de la vida psíquica" de estas personas. Por "intensidad de la vida psíquica", se entiende esta vivencia aguda, asustadora y sentida como una amenaza incontrolablepara la integridad de la mente. A través de tres fragmentos clínicosy una revisión bibliográfica que contempla lospensamientos de Freud, Klein y Bion, se muestra cómo considerar esta "intensidad" puede aproximar al paciente a sus terrores, permitiendo su contención en la experiencia analítica y viabilizar la continuidad del análisis.

Palabras clave: Intensidad de la vida psíquica; cambio catastrófico; cesura; vínculos; experiencia emocional.


 

 

O presente trabalho é dedicado à memória de Odilon de Mello Franco Filho e à sua generosa apreensão e partilha da vivência psicanalítica.

Eu tenho o sentimento de que muitos dos nossos pacientes nos ensinam a descobrir que ter vida psíquica é extremamente angustiante. Nós partimos geralmente da ideia de que o paciente vai descobrir na sua vida psíquica os traumatismos, os conflitos, não sei o que mais, mas é preciso ser mais modesto, mais simples, para perceber que muitos de nossos pacientes, sobretudo quando têm uma espécie de fortaleza corporal, estão extremamente angustiados de sentir neles a vida, como se sentir a vida, sentir não só a vida física, mas sentir a vida do psíquico, fosse estar ameaçado pela morte e pela loucura. (Fédida, 1996, p. 7)

Na sala de análise há duas pessoas singulares e uma experiência vincular que, estabelecida, se apresenta densamente carregada de emoções. Trabalhar psicanaliticamente com o universo que se vivencia a partir desse encontro é a permanente ocupação e o norte a ser buscado em nossa experiência clínica.

Observo muitas vezes a presença de um emaranhado de angústia, medo, desconforto, pânico, terror, que mobiliza a dupla e provoca, no analisando, uma automática postura de "frenagem", uma ação espontânea que busca o afastamento do movimento que se forma em direção à "realização", possibilidade de que conteúdos primitivos ganhem significação mental (Bion, 1962/1980 e 1957/1988b). Essa vivência lembra a experiência aguda de medo da criança que brincando de pega-pega, por exemplo, apavorada com a possibilidade de ser apanhada, e não se sentindo em condições de dar conta da frustração, corre com determinação para o pique, onde supõe estar segura e protegida: a qualidade do estado emocional de pavor, medo e desespero aciona o sistema de "frenagem", a paralisação da mente, e a busca do "pique". Quanto mais presente é o medo e a sensação de não suportar o malogro, mais tempo ela permanece no pique: "ganha" segurança, perde a brincadeira.

Os conceitos de "mudança catastrófica" e "cesura" podem ajudar na aproximação destes fatos porque apontam para uma ruptura, vivenciada pelo analisando como terror, quando a dupla se aproxima da possibilidade real de uma "transformação", sentida como desestabilizadora, exatamente (e paradoxalmente) por ser capaz de gerar expansão mental. (Bion, 1965/1968).

A mudança catastrófica expressa uma particular configuração da mente (Sandler, 2009), e é sentida de forma insuportável quando há uma incapacidade de se acolher o desconhecido apreendido na vivência da ruptura. A cesura (Bion, 1977/1981), ao mesmo tempo em que propicia a experiência da mudança catastrófica, aponta para um movimento do tipo ruptura<->continuidade, o que permite que a intensa experiência emocional seja vivida e acolhida pela dupla analítica, e acena para a possibilidade de que uma gama de conteúdos primitivos possam ser objetos de transformação e não de catástrofe: se a vivência de explosão iminente puder ser contida, não são necessários tantos freios, o pique passa a ser uma saída transitória, o terror pode ser acolhido: temos a possibilidade de uma realização criativa.

Essas vivências (cesuras) acontecem sem que o analisando se dê conta do que representam. Diante delas, um movimento duplo se estabelece: uma parte da mente busca eliminá-las com determinação, como numa automática atitude antiálgica, e outra busca construir com o analista um continente que dê conta da nova situação. Se há vínculo e trabalho analítico, analista e analisando se dispõem a enfrentar a tempestade do rompimento e da consequente experiência de mudança catastrófica: novos espaços mentais podem ser apreendidos.

A intensidade das emoções que emergem dá um colorido peculiar à sessão de análise. A qualidade e a força desta intensidade é particular para cada pessoa, para cada dupla analítica, e ímpar nos diferentes momentos da sessão ou da análise.

Levar em conta essa intensidade pode auxiliar o analisando e o analista a experimentarem vivências que, sendo contidas, permitem prosseguir o movimento de ruptura, que é também um movimento de nascimento e continuidade.

Fédida, no texto que é epígrafe deste trabalho, ou Hilda Hilst, no poema que transcrevo a seguir, remetem para o lidar e acolher os temores e os terrores da experiência psi-canalítica quando ela se apresenta impregnada da intensidade da vida psíquica. É o que caracteriza, sobretudo, a presença da condição de se reconhecer em desenvolvimento, e de sentir, acolher, e se perceber vivo:

Se te pareço noturna e imperfeita
olha-me de novo. Porque esta noite
olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água desejasse
escapar de sua casa que é o rio
e deslizando apenas, nem tocar na margem.

Te olhei.
E há tanto tempo
entendo que sou terra.
Há tanto tempo espero
que o teu corpo de água mais fraterno
se estenda sobre o meu.

Pastor e nauta
olha-me de novo.
Com menos altivez.
E mais atento.
(Hilst, 2001, p. 17)

Uso a palavra intensidade no sentido que a define o dicionário Houaiss (2009): "aquilo que tem a ver com intenso, que se manifesta ou se faz sentir com força, com vigor, com abundância". Não considero o fenômeno como expressão apenas de quantidade, mas levo em conta, principalmente, o sentido da qualidade da experiência vivida e o potencial de comunicação que ela apresenta de forma latente. E sublinho sua etimologia, vinda do latim - intensus - que tem o sentido de intenso, mas também de violento.

A experiência de sentir que se caminha para uma destruição inevitável ou a "escolha" peremptória de uma falsa solução (o pique) traz uma vivência aterrorizadora: ser como um enorme trem que caminha inexorável para o choque ou para o descarrilamento, ou se privar da vida como ela é.

O acolhimento desta sensação de catástrofe, desta negação, ou de transformações que nos afastam de "K" ou de "O" (Bion, 1965/1968; 1962/1980 e 1963/2004) pode ser o primeiro passo para a construção de uma rêverie, de um continente afetivo e efetivo, "um corpo de água mais fraterno que se estenda sobre o meu", no dizer preciso de Hilda Hilst.

A Sra. A estava há dois anos em análise e trazia frequentemente o que ela nomeava ser um terrível medo de viver, de ser surpreendida por uma crise aguda de ansiedade in-controlável, de lhe faltar o ar, de morrer subitamente. Conversávamos a partir dessas queixas, mas eu sentia que nos aproximávamos apenas do superficial: estávamos na maioria do tempo distantes, e o que eu percebia eram palavras racionais, queixas sobre o que fazia comigo, e um desconforto que me tocava apenas levemente. Eu não me sentia mobilizado a estar com ela e, muitas vezes, era invadido por incontrolável sonolência.

Numa sessão em que chegou muito pálida (percebi sua palidez pelo mal-estar que senti e que me trazia ideias sobre ela estar gravemente enferma), ela deitou-se no divã e, depois de longo silêncio, passou a chorar, e dizer com dor e convicção que ia morrer. Apresentava uma respiração curta e rápida, suava visivelmente, contorcia-se e me pedia, literalmente, socorro. Voltava a trazer um persistente pedido para ser medicada, o que já tinha acontecido em algumas terapias anteriores, sem benefício efetivo. Seu desespero era concreto e o sofrimento desagradável. Tentei dizer algumas coisas, mas pareciam não surtir nenhum efeito, nenhuma aproximação. Minha impressão era de que ela não me ouvia. Restava-me escutá-la: estávamos dentro de um naufrágio.

Algum tempo depois, pediu desesperada que eu a ajudasse "pelo amor de Deus". Senti-me tocado com a sinceridade daquela súplica. Pude lhe dizer que havia coisas terríveis sendo vivenciadas; que seu desespero era uma certeza de que ela iria se descontrolar, enlouquecer, morrer no meio de tudo aquilo; que sua palidez era um atestado deste terror; e que eu entendia seu pânico como expressão de sua intensa e temida vida psíquica que agora podia ser mostrada e comunicada para mim. Ela chorou por um tempo, depois foi se acalmando. Sua reação, então, foi inesperada: ela sorriu, como se finalmente eu a estivesse chamando pelo nome. Poucos minutos depois disse que eu havia entendido o seu "pelo amor de Deus", que era um grito desesperado de socorro, mas era, principalmente, um grito de fé no que ela vivia comigo.

Tivemos a partir daí, uma série de encontros onde pudemos conhecer uma pessoa presente na sessão, trazendo situações espontaneamente, e distante de um roteiro pré-estabelecido. A própria fé em nosso trabalho, reconhecida na sessão acima, passou a ser vivida por nós e sentida como algo profundo e verdadeiro.

Da experiência destas sessões em diante, ela pode reconhecer, algumas vezes de forma desconfiada, outras de modo confiante, que agora fazia sentido quando falávamos, por exemplo, em sua natureza, e o quanto ela implicava com ela. O foco da observação das suas vivências passou do vértice antitético (normal-anormal, saúde-doença, certo-errado, virtude-pecado) para o do reconhecimento de emoções que ela ia apreendendo como naturais (da natureza humana), e que permitia que ela se percebesse "intensa" diante do que sentia sozinha, comigo, ou o que vivia em seus relacionamentos pessoais. Passou a fazer sentido também, e ser acolhido como natural, a violência com que buscava soluções rápidas e impulsivas para seus temores, como a procura cega e persistente por medicação (um pique), ou a pressa (pressão) em realizar (alucinar) mudanças internas, sem reconhecer as suas limitações, as nossas e as restrições da realidade.

 

II

A observação sobre a intensidade da vida psíquica é um assunto que está presente em toda a história da psicanálise, e é abordada de diferentes vértices.

Não pretendo esgotar as referências sobre a evolução da ideia de intensidade da vida psíquica na literatura psicanalítica, mas acredito que alguns desses apontamentos podem nos situar a respeito da expansão do seu sentido teórico-clínico, auxiliar na apreensão do fenômeno como fato a ser considerado pela dupla analítica, e servir de prólogo para a observação da relação e interferência entre esta intensidade e a experiência clínica, foco principal do presente trabalho.

A consideração desta relação como elemento vivo e presente no vínculo pode propiciar algum acolhimento aos temores e, principalmente, aos terrores que emergem natural e diariamente em nossa vivência analítica.

Freud, desde os tempos pré-psicanalíticos, tanto em sua correspondência com Fliess, quanto no “Projeto para uma psicologia científica” (1895/1977), desenvolve a ideia da existência de uma libido psíquica – forma de energia intensa – que ele situou na origem da atividade humana. “O conceito de pulsão é usado por ele desde 1905, torna-se uma das vigas estruturais da teoria psicanalítica, e é definido como a carga energética que se encontra nos primórdios da atividade motora do organismo e do funcionamento psíquico inconsciente.” (Roudinesco, 1998, p. 628). São muitas as ocasiões em que Freud, ao se referir à vida mental, utiliza a noção de intensidade psíquica, realçando o sentido de qualidade, como faz várias vezes em "A interpretação dos sonhos" (1900/1972a), ou assinalando o viés da quantidade como está no "Projeto".

Cito três momentos da obra de Freud, escolhidos de forma aleatória e em diferentes momentos cronológicos, onde a questão da intensidade da vida psíquica se mostra presente, e vinculada com a questão pulsional:

Alguns autores inclinam-se a reduzir a importância dos primeiros e mais originais impulsos libi-dinais da criança em favor de processos desenvolvimentistas posteriores, de maneira que - para colocar esse ponto de vista sob sua forma mais extrema - o único papel deixado aos primeiros é simplesmente o de indicar certos caminhos, ao passo que as intensidades que fluem ao longo dessas vias são abastecidas por regressões e formações reativas posteriores. (Freud, 1931 p. 278)

É altamente provável que as causas precipitantes imediatas dos recalcamentos primitivos sejam fatores quantitativos, tais como uma força excessiva de excitação e o rompimento do escudo protetor contra os estímulos. (Freud, 1926, p. 116)

Suponhamos que o ego de uma criança se encontra sob a influência de uma poderosa exigência instintual que está acostumado a satisfazer, e que é subitamente assustado por uma experiência que lhe ensina que a continuação dessa satisfação resultará num perigo real quase intolerável. O ego deve então decidir reconhecer o perigo real, ceder-lhe passagem e renunciar à satisfação ins-tintual, ou rejeitar a realidade e convencer-se de que não há razão para medo, de maneira a poder conservar a satisfação. (Freud, 1938, p. 309)

Klein (1946/1985), ao conceituar "posição esquizoparanoide", "vincula a possibilidade de desenvolvimento e a criação de uma identidade para o ego a partir da coexistência de pulsões agressivas com pulsões libidinais particularmente fortes" (Laplanche e Pontalis, 1988, p. 439). Não há como se chegar ao estágio de diferenciação do ego ("posição depressiva", Klein, 1935/1996) sem que se acolha o movimento turbulento, cindido e persecutório da posição esquizoparanoide.

Um dos movimentos que a mente utiliza na busca desta discriminação é a "identificação projetiva". Klein fala também de uma "identificação projetiva excessiva", onde a intensidade psíquica não pode ser contida pela ausência de um "bom objeto internalizado", o que acarreta a necessidade de expulsão de qualquer forma do que se tentou internalizar, e provoca um estado de debilitação da mente:

Se esse processo projetivo é empregado de modo excessivo, partes boas da personalidade são sentidas como perdidas, e dessa maneira a mãe se torna o ideal do ego e o processo resulta também em enfraquecimento e empobrecimento do ego. Esses processos são em seguida estendidos a outras pessoas. (Klein, 1946/1985, p. 28)

Bion considera o fenômeno da intensidade psíquica, mas o coloca em outro referencial: a dupla analítica, o vínculo, a formação do pensamento, as transformações.

Em 1959, Bion confirma o que já havia sugerido antes: é útil clinicamente apreender a identificação projetiva como uma forma primitiva de expressão e comunicação.

A identificação projetiva, no vínculo analítico, vai ser usada intensamente pela mente viva para buscar desenvolvimento e expansão por meio de movimentos que apontam para situações que ainda não podem ser comunicadas por palavras, mas que buscam continência para ganhar expressão mental. Uma forma preciosa desta busca se dá por um movimento de "investigação". Para avaliar a possibilidade de contenção de emoções "vigorosas demais", a mente primitiva investiga seus próprios sentimentos dentro de uma mente forte o bastante para contê-los.

A negativa ao uso deste mecanismo, seja pela recusa da mãe em servir como receptáculo dos sentimentos do bebê ou pelo ódio e inveja do bebê que não pode permitir que a mãe exerça esta função, leva à destruição do vínculo entre o bebê e o seio e, consequentemente, a uma grave desordem do impulso de ser curioso, de que depende toda a aprendizagem. (Bion, 1959/1988a, p. 98)

Ao propor o deslocamento do eixo de atenção que Freud deu ao mito de Édipo: Édi-po <-> Jocasta <-> Laio para Esfinge <-> Édipo <-> Tirésias, Bion (1963/2004) sublinha a importância da intensidade das emoções desagregadoras e sua condição de induzir a apreensão de falsos conhecimentos (-K). Cego e eufórico pela possibilidade de responder a questão da esfinge, Édipo não só assume o reino de Tebas e desposa Jocasta, como perde a condição de julgar e discriminar. Não podendo suspeitar que possa estar diante de uma não-verdade e longe de poder acolher qualquer tipo de dúvida, perde a condição de se abrir para o verdadeiro. Aninha-se em insidiosa e arriscada arrogância. Diante da peste que se segue, o impulsivo Édipo amaldiçoa o assassino e, crente da sua condição de desfazer o novo enigma, não pode ouvir Creonte, nem Tirésias. Quando se dá conta do ocorrido, é tarde demais e a tragédia está consumada.

Se a natureza humana abriga um impulsivo Édipo e a intuição de sua tragédia, podemos apreender que o contato mental com a intensidade destes movimentos desperta o terror inconsciente de um descontrole iminente e/ou o fascínio sedutor e impensado por soluções (respostas) imediatas: esta sensação de tragédia iminente e incontrolável (uma sina humana), tão bem expressa na leitura do mito de Édipo proposta por Bion, é a alma dos terrores que atemorizam a experiência de tragédia vivida pela dupla analítica em alguns momentos de grande sofrimento.

A teoria das funções que Bion (1962/1980) desenvolveu em Aprendendo com a experiência fortaleceu conceitos como "continente-contido", "realização", "elementos α e elementos β", rêverie, entre outros, e enfatizou aspectos dinâmicos a partir dos conceitos kleinianos de posição esquizoparanoide e posição depressiva, dando-lhes uma maior mobilidade e sublinhando a sua condição de movimentos mentais (posições) com mão dupla (PS<->D), e presentes o tempo todo na vida, como na relação analítica.

A vivência clínica do "vínculo" permite uma apreensão do que seja experiência emocional: "Não se pode conceber uma experiência emocional isolada de uma relação" (Bion, 1962/1980, p. 67). A intensa vida emocional presente nesta experiência contém o que Ogden (1994/1996) chamou de "terceiro analítico intersubjetivo inconsciente".

Em Transformações (1965/1968), Bion oferece um novo olhar sobre o objeto psica-nalítico, mas permanece a questão de que aquilo que pode ser realizado, isto é, que pode ser transformado e apreendido como fenômeno mental, antes precisa ser contido. A presença de um bom-continente pode permitir que os elementos contidos sejam transformados em direção a K ou a O. Ser o que se é, portanto, é o sentido para onde nos leva o desenvolvimento quando ele acontece: "A grande novidade é o torpor da plenitude multifacetada e inabalável do agora, de uma espécie de totalidade neutra sobre a qual o afloramento de uma nova música é irresistível." (Rodrigues, 2007, p. 97).

O movimento (em direção a O) pode receber também forte oposição. A oposição nasce do temor invariante de que as transformações resultem em catástrofe, ou sejam produzidas transformações que nos afastem de nós mesmos: a intensidade da vida psíquica, aqui, passa a ter a sua essência vinculada com a qualidade das transformações possíveis e não mais com a possibilidade de produção de pensamentos (Bion, 1962/1980), ou com a questão pulsional, sublinhada por Freud.

Sandler (1987) postula a presença na grade de Bion (1963/2004) de um terceiro eixo que seria o da intensidade. A intensidade absoluta é reconhecida como um funcionar na posição esquizoparanoide que gera sistemas dedutivos dissociados da realidade, mas plenos de raciocínio lógico: é a magnitude da intensidade criando raciocínios intelectuais que impedem a presença de uma experiência emocional. Equivalem, no movimento mental, a sistemas de "frenagem" que mantêm o analisando no "pique": seguro aparentemente mas distante do viver. Sandler reconhece que Bion, em palestra ministrada em São Paulo em 1978, considera implicitamente a presença da intensidade na grade ao propor a palavra grating no lugar de grid: grating contém o sentido de filtragem, depuração da intensidade, condição de torná-la passível de transformações geradoras de desenvolvimento. O novo modelo (filtro) dá conta do movimento e da possibilidade de depuração que é inerente à experiência psicanalítica a ser representada pela grade, diferentemente da noção de cerca, de prisão, ou de coisa parada, que impregna o sentido da palavra grade. Sandler (2010) volta a considerar o eixo da intensidade (terceiro eixo da grade) ao apresentar sua proposta de grid muntidimensional.

O reconhecimento de que procuramos lidar sempre com "ideias transitivas" (Bion, 1977/1981), e não com respostas dadas aos enigmas das esfinges cotidianas, é útil na possibilidade de se olhar o novo que habita os fenômenos que acontecem no agora da sessão. O acolhimento desse movimento nos afasta da sedução que representam as ideias prontas, definidas, as respostas impregnadas de conceitos definitivos. Nesse contexto, uma interpretação é gestada com paciência e sensibilidade intuitiva: conter o que transita, suportar o que busca extravasamento, considerar o que carrega um sentido emocional desconhecido e impactante para o analista e o analisando.

Eis a proposta, o desafio e o trabalho que pode conduzir à possibilidade da dupla se aproximar da intensidade da vida psíquica, e acolher seus temores e terrores por meio de um encontro transformador: "A gente só sabe bem aquilo que não entende." (Rosa, 1986, p. 353).

 

III

A hidra é outro exemplo da intensidade da vida que pode ser observado no reino animal, um exemplo curioso e instigante. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizaram simulações por computador que colocam luz sobre as primeiras etapas da regeneração total desse animal simples de água doce, de tamanho milimétrico, que fascina os cientistas desde o nascimento da biologia, no século XVIII. Se em seu habitat natural sua capacidade de regeneração é fantástica, no laboratório, o fenômeno é surpreendente: alguns animais se reorganizam mesmo depois de ter seu corpo totalmente picado e centrifugado (Zolnerkevic, 2008).

Os processos neoplásicos malignos, por outro lado, são situações orgânicas onde a presença da intensidade se apresenta de forma descontrolada. Nestas situações, a intensa e desorganizada proliferação de células acaba por desagregar o equilíbrio do organismo, e o mata.

Como dar conta do sofrimento de nossas experiências-hidras, e identificar movimentos onde predominam as emoções desagregadoras?

O trabalho analítico, a mente do analista, a paciência e a compaixão da dupla podem (ou não) criar um continente favorável para acolher os fenômenos mentais que recebem influência desta intensidade, e transformá-los em experiências possíveis de gerar pensamentos, conhecimento, transformações e desenvolvimento. A partir daí elas não precisam ser expressas em linguagem substitutiva (Bion, 1977/1981) como acting, sintomas ou angústia.

Elementos primitivos (protopensamentos, conteúdos oníricos, elementos β, elementos α) podem ser modelos de partículas-hidra buscando, desde o alucinatório (Braga, 2003), "realização" na mente. Quando o elemento intensidade e a sua repercussão mental são considerados, aproxima-se da criação de um continente eficaz para a dor, para o medo, para os terrores decorrentes da inevitável experiência emocional de desintegração e morte. Transformações em K e transformações em O podem significar a presença desse continente: a combinação afetiva de alguém que pede socorro "pelo amor de Deus", com alguém que ouve e escuta esse clamor com compaixão e paciência.

Estar atento para a possibilidade de que certas experiências clínicas fujam da possibilidade de contenção, por impossibilidade da dupla perceber certos malabarismos desa-gregadores da mente, ou por se estar diante da força desorganizadora de uma "neoplasia emocional maligna", ajuda o desenvolvimento da humildade necessária para o exercício da psicanálise. Eis a dimensão "modesta e simples" que sugere Fédida e que alcançamos, algumas vezes, através de muito trabalho pessoal e atenção clínica (sugerida também no poema de Hilda Hilst: "Com menos altivez. E mais atento"). Alcançada esta dimensão, a experiência analítica pode ser sentida como simples pois revela o real que agora é sintônico com o acolhimento da vida que flui como ela pode ser.

A Sra. B vivia uma fase pessoal tempestuosa. Em análise há muitos anos, depois de várias experiências psiquiátricas anteriores, experimentava uma complicação pós cirurgia plástica que lhe custava uma dor insuportável e sem tréguas. Nós sabíamos, por experiências similares vividas na análise a partir de doenças físicas anteriores, que sua vida mental primitiva, nestas horas, desabava sobre ela e sobre nós de forma violenta.

Nessa sessão, vejo-a entrar aparentemente calma, porém com um olhar transtornado. Após ligeiro silêncio, indignada, diz ser incompreensível que eu deixe copos de água com validade vencida na sala de espera. Ironicamente, pergunta se eu, psicanalista e médico, pretendo envenenar meus pacientes. Diante do meu perturbado silêncio, ela repete a pergunta, de forma lenta, soletrando as palavras, me apunhalando com a sua descoberta. Sinto-me pressionado para ir à sala de espera conferir o dito prazo de validade daqueles copos de água. Ela prossegue fazendo alusões ao cirurgião plástico que "certamente" usou do mesmo expediente que eu: colocou nela material contaminado ou vencido.

A quantidade de afirmações acusatórias crescia de forma alucinante e eu me sentia completamente envolvido naquele transe. Quando pude reconhecer que ela me trazia uma poderosa experiência (dela) de catástrofe iminente, pude sentir o punhal que antes me apunhalava, mas que agora estava nela provocando hemorragia fatal. A partir daí consegui organizar algumas ideias, pude pensar que aqueles sentimentos não cabiam nela, e que ela precisava experimentar (era questão de vida ou morte) se caberiam e poderiam ser acolhidos por mim, mesmo contendo o potencial violento e o risco iminente de um punhal. Perceber esse movimento me permitiu lhe dizer que o seu terror era a expressão do seu medo de que faltasse a minha água, ou de que acabasse a minha condição de acolher a sua intensa dor, quando ela se movimentava em direção a ser ela mesma. Por outro lado, a possibilidade de viver aquilo comigo mostrava, paradoxalmente, o quanto ela estava viva e confiava em nós.

Na sessão seguinte, ela achou graça por ter confundido a data do envasamento da água, com a data da sua validade.

Bion usou a palavra inglesa vogue, traduzida por "voga" em português, para dizer sobre:

algo extremamente poderoso, não apenas a moda passageira que muda de hora em hora, dia a dia, mês a mês. Estou querendo dizer algo que persiste e que é parte essencial do equipamento permanente do ser humano. Penso que existe a mesma força dominante ditando a forma que o próprio pensamento assume, seja ele o pensamento histórico, seja musical ... . (Bion, 1979/2000, p. 385)

"Voga é o ritmo que se imprime a qualquer atividade, é o que impulsiona o navegar" (Houaiss, 2009). Vogue também expressa "vagas", o movimento de ir-e-vir das ondas do mar. Sua etimologia tem a ver com vocare, do latim, "chamar". (Antonio Geraldo da Cunha, 1982, p. 826). É desta intensidade-voga, chamamento, vocação, movimento das marés que estamos tratando: o pendor humano presente nas pessoas que buscam "pelo amor de Deus" contenção para as vivências-hidras que, contidas, podem desembocar na verdade do singular e do pessoal: "Só aquele que permanece inteiramente ele próprio pode, com o passar do tempo, permanecer objeto de amor, porque só ele é capaz de simbolizar para o outro a vida, ser entendido como uma força vital." (Lou Andreas-Salomé citado por Luzilá Gonçalves Ferreira, 2000, p. 189).

A frase acima e a própria vida pessoal de Lou Andreas-Salomé, tão impregnada de intensidade (força, vigor, abundância e violência), são um modelo vivo do que estamos expondo. Certamente tocado por essa intensidade, Lou recebeu de Freud uma carta onde estava registrado: "Você tem um olhar como se fosse Natal" (Ferreira, 2000, p. 11). E Natal nos remete ao que nasce e vive, mas carrega também, em seu bojo, o que é finito e vai morrer.

 

IV

Há um movimento (PS<->D) permanente na sessão de análise. Num primeiro momento, o analisando quer se livrar do que o incomoda e, assim, não pode aprender com o incômodo. Num segundo momento, ele se queixa do que o incomoda, e encontra várias racionalizações para o seu incômodo que estão fora dele. Ainda não há espaço para aprender. Somente após muito trabalho analítico, quando há um vínculo e um continente para acolher o sofrimento e a dor da percepção, é que o analisando pode perceber que o que ele espera encontrar, movido pela ilusão antiálgica do princípio do prazer (Freud, 1911/1974a), é um mundo (ou um analista) alucinado, e não o mundo (e o analista) real. Somente aí (quando se tolera o mundo real e se ampara o mundo alucinado desejado pelo analisando) há espaço para um verdadeiro aprendizado.

Para a Sra. A, este momento chegou quando ela pode perceber a intensidade com que sua mente tentava expressar coisas que ainda não faziam nenhum sentido para ela e que, somente na sua análise, podiam vir a fazer. Como ela implicava com o que sentia, pensava não ter o que dizer e apenas se queixava: ela sentia a dor, se queixava dela, mas não a sofria. Quando ela pode me incluir, de verdade, na vivência de sua experiência, pode-se iniciar um processo real de luto, de elaboração e de expansão de mente. A vivência de seu sofrimento não era mais uma vivência solitária.

O Sr. C me procurou para análise encaminhado pelo seu psiquiatra. Profissional de saúde bem sucedido, vivia momento que ele definia como "não sei o que fazer da vida, já que o que faço, faço bem, mas me é insuficiente". C dizia ter uma ideia clara do que era análise e, nos primeiros meses, vinha sempre pontualmente e colaborava com muitos assuntos, fazendo inclusive associações, trazendo sonhos e parecendo levar em conta coisas que, eventualmente, lhe dizia. Eu o sentia como um cliente aplicado, mas que não estava verdadeiramente comigo. Quando comecei a apontar esta sua aplicação na análise e a sua distância de mim, nossa relação começou a se revelar tensa, e iniciou-se uma fase de atrasos e faltas, sempre acompanhados de boas justificativas. Se eu apontava a sua explicação como plausível, mas sublinhava o fato da sua dificuldade de chegar, ele se mostrava irritado, brabo e recolhia-se em silêncio absoluto que muitas vezes ocupava todo o restante do nosso tempo. Aos poucos essa "raiva comportada" foi dando lugar a uma irritação franca que inviabilizava qualquer conversa. Ele reclamava de mim, não ouvia o que lhe dizia, ou simplesmente rotulava o que tentava lhe dizer como enrolação de analista, coisas que eu tirava dos meus livros.

Na primeira sessão após as férias, C chegou pontualmente, mas ansioso e muito diferente do seu habitual. Deitou-se no divã e, desconfortável, parecia que deitava sobre pregos. Inquieto, começou a falar do que chamou ter sido um grande susto. Falava angustiado, com dificuldade, gaguejando e não era difícil me comunicar o mal-estar daquele susto. Disse que fez uma cirurgia durante as férias e que na manhã seguinte, ainda no hospital, seu psiquiatra ligou para ele e deixou um recado no seu celular: São 8h da manhã e eu estou ligando para saber como foi a sua cirurgia. Apavorado, disse que ao ouvir o começo da mensagem entendeu: São 8h da manhã e estou ligando para você para dizer que o Edival morreu. Ele me dizia aquilo e voltava a sua cabeça para mim, como que para verificar se, afinal, era ou não era verdade. Foi a primeira vez que vivemos uma experiência desta natureza. Eu lhe disse que ele estava vivo e podendo me mostrar a intensidade como sentia a sua vida psíquica, e que o seu pavor, talvez, fosse a certeza de que tal intensidade ia, evidentemente, se descontrolar dentro e fora dele e acabar numa tragédia. Sua aparente resistência, não era oposição à análise, era a tentativa de evitar o contato doloroso com catástrofes já ocorridas. A vivência delirante dessa tragédia foi a possibilidade - por meio de uma cesura - dele se aproximar de seu terror-violência, e quebrar o seu jeito comportado de ser. Impregnado constantemente deste pavor, sempre negado, ele não tinha outra alternativa a não ser usar "freios" muito poderosos.

Faz cerca de três anos que vivemos esta experiência. A vivência da morte do analista, como expressão contundente do terror da violência interna que pode provocar a interrupção do vínculo (ou preservá-lo, se quebrada a onipotência), e a possibilidade do acolhimento desta experiência terrível pela dupla, permitem a continuidade da relação. Agora há espaço para um clima de relacionamento onde o contato verdadeiro com aspectos sentidos como perigosos e ameaçadores permitem expansão mental, à medida que não são negados.

A cesura aponta para uma sintonia com a cesura<->continuidade ... . Muito além do modelo inicial da cesura do nascimento (Freud, 1926/1976), aqui é a intensa experiência emocional da dupla que vai permitir (ou não) que os paradoxais conteúdos primitivos possam ser objetos de transformação. A condição amadurecida da função continente da mãe (e do analista) (Bion, 1962/1980) é vital para que a explosão seja contida e propicie alguma realização criativa. (Perrini, 2009, p. 73)

Em suma: a proposta de observar a intensidade da vida psíquica pode possibilitar que analista e analisando se coloquem diante de algo simples, precioso e vital para a experiência psicanalítica: estar diante da vida como ela é e apreender desta visão movimentos agregadores ou desagregadores capazes de gerar transformações:

o contato com o fogo altera os elementos, por isso um pedaço de massa se converte em torta, por isso um peito, sem ter passado pelo fogo do amor, é um peito inerte, um bocado de massa sem nenhuma utilidade. (Esquivel, 1993)

Ensinam os princípios do ofício psicanalítico (e humano) que convém não esquecer que o fogo também pode queimar a massa da qual se esperava a realidade da torta, e que a realização do vínculo, que dá sentido amoroso ao seio, pode não se desenvolver.

 

Referências

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Correspondência:
Edival Antonio Lessnau Perrini
[Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo SBPSP Núcleo Psicanalítico de Curitiba NPC]
Rua da Paz, 195/ 416 | Centro
80060-160 Curitiba, PR
Tel: 41 3264-6661
eperrini@onda.com.br

Recebido em 30.8.2011
Aceito em 27.10.2011

 

 

1 Este trabalho foi apresentado em reuniões científicas da SBPSP em 7/5/2011 e do NPC em 17/8/2011