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Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.46 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2012

 

ARTIGOS TEMÁTICOS: ÉTICA E PSICANÁLISE

 

O plural no singular: uma contribuição à reflexão sobre ética e psicanálise

 

Plural in singular: a contribution to the reection about ethics and psychoanalysis

 

El plural en el singular: una contribución a la reexión acerca de la ética y del psicoanálisis

 

 

Ester Hadassa Sandler

Membro efetivo e analista didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo SBPSP

Correspondência

 

 


RESUMO

A conjunção psicanálise e ética gera um amplo leque de possibilidades para reflexão, um diálogo que data de longo tempo e não pode ser perdido de vista. Procuro neste trabalho acompanhar algumas contribuições da psicanálise no campo, considerando inicialmente as relações entre esta e filosofia. Revejo as principais ideias relativas à gênese da moralidade, o papel desempenhado pela civilização, pelas principais teorias sobre ansiedade e culpa. Examino, finalmente, a pertinência da discussão ética nas três dimensões em que Freud definiu a psicanálise.

Palavras-chave: psicanálise; ética; ansiedade; culpa; civilização


ABSTRACT

The ethical and psychoanalytical conjunction generates a wide range of possibilities for reflection, an old dialogue one cannot lose sight of. In this work I try to follow a few contributions of the psychoanalysis to this field considering initially the relationship between psychoanalysis and philosophy. I review the main ideas related to the genesis of morality, the role played by civilization and by the main theories on anxiety and guilt. I finally examine the pertinence of the ethical discussion in the three dimensions in which Freud has defined psychoanalysis.

Keywords: psychoanalysis; ethics; anxiety; guilt; civilization.


RESUMEN

La conjunción psicoanálisis y ética genera una gran diversidad de posibilidades para reflexión, un diálogo que viene de hace mucho tiempo y que no se puede perderse de vista. Busco, en ese trabajo, acompañar algunas contribuciones del psicoanálisis a ese campo, llevando en cuenta de inicio las relaciones entre psicoanálisis y filosofía. Reviso las principales ideas relacionadas al génesis de la moralidad, el papel desempeñado por la civilización, por las principales teorías acerca de la ansiedad y de la culpa. Examino, por fin, la pertinencia de la discusión ética en las tres dimensiones en las cuales Freud definió el psicoanálisis.

Palabras clave: psicoanálisis; ética; ansiedade; culpa; civilización.


 

 

Introdução

A palavra ética comparece fácil e corriqueiramente aos mais variados discursos nos quais, com frequência, seu sentido parece ser dado como sabido e consensual; alude a valores tidos como "elevados", em termos de espírito, e à "correção", em termos de comportamento; o termo também é usado em sentido mais estrito, técnico, para qualificar obediência ou desvios de um grupo corporativo, ou de indivíduos que façam parte desse grupo, em relação a códigos de conduta criados por e para esse mesmo grupo.

O pressuposto conhecimento e aparente consenso distanciam-se da história dos debates entre várias correntes de pensamento que movimentam essa grande área da filosofia que se ocupa do estudo da moralidade, daquilo que elegemos como bom e mau; daquilo que devemos cumprir ou de que temos de nos abster em nome do que conceituamos como mal ou bem. A ética abrange o estudo da escolha das finalidades, julgamentos e normas e, de igual importância, a discussão dos critérios para estabelecê-los e suas justificações.

Pode ser árdua a tarefa de acompanhar essas discussões para quem não possua um conhecimento mínimo de filosofia. Mas a conjunção psicanálise e ética1 gera um amplo leque de possibilidades para reflexão, um diálogo que data de longo tempo e não pode ser perdido de vista.

Menciono abaixo os autores e as principais ideias que me guiaram naquilo que considero apenas como uma iniciação ao tema. Esses textos possibilitam, de modos diferentes, acompanharmos as contribuições da psicanálise ao debate sobre ética. Discutem as contribuições da filosofia e da psicanálise para expandir as fronteiras do conhecimento; oferecem hipóteses conceituais e suporte clínico para a compreensão da gênese da moralidade, ou psicogênese da ética, a investigação das escolhas e seus critérios, natureza e motivações, para rastrear a origem de concepções errôneas, distúrbios de pensamento e de percepção, ou seja, para desvelar as razões emocionais que afetam de modo inconsciente nossa razão e os julgamentos nela baseados, como, por exemplo, os preconceitos, e para examinar como esses valores interferem no relacionamento entre os indivíduos e entre indivíduos e a mentalidade grupal.

 

Filosofia e psicanálise

Freud (1913/1974a) acreditava que a filosofia e a ciência não podiam ignorar ou desprezar as contribuições que a psicanálise havia trazido sobre as atividades mentais inconscientes:

... a filosofia repetidamente tratou do problema do inconsciente, mas, com poucas exceções, os filósofos assumiram uma ou outra das duas posições seguintes: ou o seu inconsciente foi algo de místico, intangível e indemonstrável, cuja relação com a mente permaneceu obscura, ou identificaram o mental com o consciente e passaram a deduzir dessa definição que aquilo que é inconsciente não pode ser mental nem assunto da psicologia (p. 213).

O sentido inverso e complementar das eventuais contribuições da filosofia à psicanálise parece não ser reconhecido por Freud, talvez interessado em reafirmar a afiliação da psicanálise à ciência e a importância de sua posição nesta. Em "A questão de uma Weltanschauung", Freud (1933/1976c) faz uma contraposição entre a visão geral de mundo, oferecida pela filosofia, e o método e as teorias da ciência; faz também uma apreciação crítica de algumas das correntes filosóficas:

A psicanálise não precisa de uma Weltanschauung; faz parte da ciência e pode aderir à Weltanschauung científica. Esta, porém, dificilmente merece um nome tão grandiloquente, pois não é capaz de abranger tudo, é muito incompleta e não pretende ser autossuficiente e construir sistemas. O pensamento científico ainda é muito novo entre os seres humanos; ainda são muitos os grandes problemas que até agora não conseguiu solucionar. Uma Weltanschauung erigida sobre a ciência possui, excetuada a sua ênfase no mundo externo real, principalmente traços negativos, tais como a submissão à verdade e a rejeição às ilusões (p. 220).

Freud (1925/1976c), ao se referir ao período em que elaborava sua metapsicologia, reconhece de forma ambígua a proximidade de suas ideias com as de alguns filósofos, mas declara ter evitado contato com a psicanálise propriamente dita.

Curiosamente, atribui esse afastamento a uma misteriosa incapacidade constitucional que só pode nos deixar bastante intrigados. Para alguns estudiosos, a postura investigativa e as especulações teóricas de Freud partilhariam das mesmas raízes e origens de uma série de ideias filosóficas correntes à sua época (Fulgencio, 2005, & Sandler, 2000).

Bion (1969) chama a atenção para outro distanciamento, o da psicanálise em relação à medicina como modelo, o que faz com que enfrente problemas que pareciam estar fora de seus domínios e para os quais o psicanalista em geral não tem treinamento:

A experiência que o psicanalista tem de questões filosóficas é tão real que ele, com frequência, capta com mais clareza a necessidade de uma retaguarda filosófica que o filósofo profissional. A fundamentação acadêmica filosófica e a fundamentação realística da experiência psicanalítica se aproximam entre si; mas o reconhecimento mútuo não ocorre tão amiúde ou de modo frutífero como se poderia esperar (citado por Sandler, 2005, p. 569).

Para Bion (1970), a diferença essencial reside no fato de que "... o psicanalista está interessado de modo prático em um problema que o filósofo aborda de modo teórico" (citado por Sandler, 2005, p. 568), o que resulta na vantagem do psicanalista sobre o filósofo: "suas formulações podem ser relacionadas a uma realização e as realizações à teoria psicanalítica", segundo Bion (1965) (citado por Sandler, 2005, p. 568).

As correlações do pensamento de Bion com as fontes filosóficas em que se baseou e a correspondência entre concepções filosóficas e conceitos desenvolvidos por Bion são descritas minuciosamente em "The origins of Bion's work" (Sandler, 2006).

Money-Kyrle declara a filosofia como uma "espécie de vanguarda da ciência, engajada em construir, criticar e clarificar nossos modelos ou representações globais do mundo" (1958/1996d, p. 376) ou de "formular novos problemas para a ciência" (1955/1996c, p. 283).

Condizente com sua formação em filosofia e com o exercício da psicanálise, os trabalhos de Money-Kyrle resultam, quase que invariavelmente, da conjugação do ponto de vista filosófico com a experiência clínica. Quase todos fazem menção a aspectos éticos. Fornecem hipóteses e conjecturas a respeito de como o mundo emocional impacta os processos cognitivos: como construímos nossas concepções do mundo, de nós mesmos e dos outros; quando, quanto, como e por que essas concepções tão distorcidas; e os efeitos imediatos e remotos que essas construções errôneas, em sua maior parte inconscientes, têm sobre as várias dimensões das vidas dos indivíduos e grupos.

Também da conjunção da filosofia com a psicanálise surge o livro Os limites da razão, de Emilia Steuerman, filósofa com amplo conhecimento de teorias psicanalíticas e experiência pessoal de análise, que expõe a crítica da razão segundo concepções filosóficas modernas e pós-modernas; essa discussão amplia o debate entre relativismo e objetivismo "na medida em que o que está sendo questionado ainda é a capacidade da razão de produzir conhecimentos verdadeiros e construir normas justas para vidas melhores" (2003, p. 16). As contribuições da psicanálise, especialmente as de Freud e Klein, são examinadas pela autora no que é chamado de passagem da filosofia para a linguagem e para a ética:

De fato, ao admitir o inconsciente, mudamos nossa ideia do que é o conhecimento. Esta é uma mudança radical que abrange tanto o mundo emocional quanto o domínio mais abstrato dos processos cognitivos. O reconhecimento do inconsciente revela os limites de uma razão que se quer onipotente (2003, pp. 17-18).

Emilia Steuerman também destaca que as contribuições da escola kleineana que

... realiza na psicanálise uma mudança de paradigma similar ao da filosofia: de um sujeito isolado (o ego com suas próprias pulsões libidinais inconscientes - o id) para as formas inconscientes iniciais (para alguns até mesmo pré-natais) de relacionamento e participação no mundo intersubjetivo. Isto, bem como uma compreensão da dimensão destrutiva e invejosa dessas fantasias, pode ajudar-nos a compreender (ou pelo menos a compreender o nosso desejo de não compreender) o que a razão não é (2003, p. 19).

Por metodologias diferentes, os caminhos desses dois últimos autores citados convergem na avaliação da importância das contribuições psicanalíticas para a discussão filosófica na área da ética. Ambos salientam o papel desempenhado pelo processo analítico, não só por meio do aumento do conhecimento de si mesmo e pelas mudanças emocionais que acompanham esse aumento, mas também por aquelas mudanças que culminam na posição depressiva. Para esses autores, essas características psíquicas, invariantes em situações de maior desenvolvimento e maturidade, substanciariam princípios éticos de caráter mais universal.

A base da moralidade, portanto, não é apriorística e universal como os metafísicos proclamam, nem empírica e relativa como os filósofos críticos e antropologistas afirmam, mas empírica e universal, já que é uma qualidade, como a visão binocular ou um polegar articulado, comum a toda humanidade (Money-Kyrle, 1944/1996b, p. 207).

Para Money-Kyrle (1961/1978), a base mais universal da moralidade depende do contato com a verdade e do desenvolvimento de uma consciência que se caracteriza como humanista; esta depende, por sua vez, do indivíduo ter alcançado a posição depressiva.

Qual seria a natureza desses fundamentos éticos, implicados nos processos de maturação emocional no indivíduo e que podem resultar em algumas características fundamentais compartilhadas, entre essas, uma espécie de padrão comum de valores éticos? Em quais das três dimensões com as quais Freud (1923/1976a) definiu a psicanálise podemos então examinar as relações entre as duas disciplinas?

Em duas dessas dimensões, a de pesquisa e a conceitual, fica claro que a psicanálise pode contribuir para o esclarecimento de questões de natureza ética; e, também, é claro que questões de natureza ética estão implicadas no exercício dessas atividades. As normas de publicação desta revista e os critérios de avaliação dos artigos a serem publicados são critérios éticos, além de científicos.

A observação clínica contribui para a ética fornecendo os dados que podem ser abstraídos em concepções, assim como a oportunidade para comprovar ou refutar hipóteses. Os arranjos entre o analista e o analisando, como os aspectos contratuais, sigilo etc., possuem também uma dimensão ética. Mas na experiência analítica em si mesma, é pertinente pensarmos em questões de ordem ética? Caso afirmativo, como elas podem se manifestar?

Talvez o seguinte trecho de Uma memória do futuro (Bion, 1991/1996) expanda a indagação que tenho em mente:

Robin: Então você admite que a psicanálise faz mal?

PA: Não faz nem bem nem mal, mas a pessoa pode usar a experiência com o objetivo que lhe aprouver. Afinal de contas, um cirurgião mitiga o sofrimento de um ladrão ou de um assassino, e ele os torna mais eficientes com isto. Porém, não os torna mais morais.

Roland: Ninguém espera que ele o faça.

PA: Creia-me, as pessoas esperam que sim! Se uma mulher ou um homem esteve por algum tempo em um psicanalista, este é encarado como sendo responsável pelo comportamento desta pessoa (p. 156).

 

Ética e psicanálise

A ética diz respeito à dimensão social do homem, sendo função de fatores como razão e consciência. É também um fator nas relações entre os indivíduos, os grupos e as civilizações por delimitar direitos e obrigações mútuos.

Portanto é essencial relembrar as seminais contribuições de Freud sobre os primór-dios da civilização, origem e natureza da consciência moral no homem e do preço pago em termos de sofrimento e adoecimento psíquico pelas interdições e renúncias instintuais que possibilitam essa mesma civilização, na qual "a ética é uma limitação do instinto" (1939/1975, p. 141) e a "nossa consciência não é o juiz inflexível que os professores de ética declaram, mas é, em sua origem, 'ansiedade social' e nada mais" (1915/1974b, p. 316).

Erigida sobre a renúncia à satisfação instintual, a civilização cobra de cada um a mesma renúncia2. Freud compara essa situação à de alguém que vive acima dos próprios meios, qualificando-a como hipocrisia. O ponto que Freud argumenta de forma apaixonada e com inquebrantável lucidez é que a civilização não só está alicerçada sobre essa hipocrisia, como a favorece, caso contrário mudanças extensas teriam de ocorrer. Assim, a civilização repousa sobre uma base muito dúbia, sendo, portanto, frágil e instável.

A lábil aceitação da existência do outro e dos limites assim impostos ao indivíduo quanto à realização de seus impulsos cerceia, ou melhor, refreia sob circunstâncias normais a cruel agressividade que faz do homem o lobo do homem, Homo homini lúpus.

Em circunstâncias que lhe são favoráveis, quando as forças mentais contrárias que normalmente a inibem se encontram fora de ação, ela também se manifesta espontaneamente e revela o homem como uma besta selvagem, a quem a consideração para com sua própria espécie é algo estranho (Freud, 1930/1974c, p. 133).

Em 1915, no desenrolar da Primeira Guerra Mundial, Freud publica três tocantes ensaios sob o título de "Reflexões sobre os tempos de guerra e morte" (1915/1974b).

No primeiro desses ensaios, "A desilusão da guerra", ele tece uma série de considerações sobre a desilusão trazida por uma guerra cruel e sanguinária e que transgrediu todas as concepções éticas atribuídas ao mundo civilizado. Nesses ensaios, Freud chama a atenção para o fato de que seu ponto de vista é o do não combatente, ou seja, daquele que assiste aos embates à distância, embora não estivesse poupado da dor de ter seus entes queridos nas frentes de batalha.

Em 1933, no alvorecer dos fenômenos que acompanham a ascensão do nazismo e levam o mundo à Segunda Guerra Mundial, Freud responde a uma carta em que Einstein lhe indaga os motivos que levam o ser humano à guerra. Dizendo usar o que chama de "máscara de suposto alheamento", Freud fala do repúdio à guerra como expressão do valor dado à vida e ao trabalho da humanidade. Considera a possibilidade, devido ao aperfeiçoamento de armas de combate, de uma guerra futura implicar o extermínio de todos os antagonistas. Indaga se a comunidade teria ou não o direito de dispor da vida de seus indivíduos. Mas nesse momento, apesar de toda a sua clarividência, não antevê, nos eventos já correntes, aquilo que em poucos anos levaria ao Holocausto e a seu próprio exílio.

As contribuições de Bion para o estudo do funcionamento dos grupos, da mentalidade grupal e do senso comum são amplamente conhecidas. Pelo que sabemos de sua história, a partir de seus próprios relatos3, seu ponto de vista é o do combatente, tendo que fazer escolhas urgentes e extremas para sobreviver e proteger seus subordinados, que o coloca frente a frente com a opção de matar ou morrer. Não há "máscara de suposto alheamento".

Posso supor que quando ele retoma o conflito proposto por Freud, entre instintos do ego, com predomínio dos interesses do indivíduo, e instintos sexuais, privilegiando os interesses da espécie, ele o faça não só a partir de um ponto de vista conceitual, mas imbuído de sua experiência de vida?

Bion (1992/2000) postula então outra divisão, que considera mais frutífera, entre narcisismo e socialismo como dois polos presentes em todos os instintos, e cujas tendências são iguais em quantidade e opostas em sinal: "essa bipolaridade dos instintos refere-se à sua operação como elementos na satisfação da vida do indivíduo como indivíduo e à sua operação como elementos na sua vida social, ou como descreveria Aristóteles, como um 'animal político'" (p. 117).

De acordo com a ideia acima, esses dois polos fazem com que a situação de conflito seja ubíqua, inescapável, como ele mesmo sintetiza na equação: "Narcisismo versus socialismo = frustração de todos os instintos" (p. 44).

A ideia que tenho em mente ao postular o socialismo como o outro polo do narcisismo, é que o socialismo do paciente ameaça a primazia do paciente como indivíduo, enquanto o grupo requer que ele se subordine a objetivos que se situam fora de sua personalidade. Isso é especialmente verdadeiro com respeito à agressão. Será também verdadeiro em relação à moralidade? Haverá um instinto moral que também seja bipolar, em que o paciente fica impelido a direções conflitantes, pois seu ponto de vista moral individual conflita com o ponto de vista moral que ele também mantém enquanto membro do grupo? (Bion, 1992/2000, p. 116).

Bion observa que esse conflito se trava no interior do ego e o fragiliza, expondo-o à fragmentação e ao esfacelamento, como nas psicoses e neuroses narcísicas, nas quais pode escapar à observação que haja também uma forte tendência ao socialismo.

Concluo que apesar das ressalvas de Freud, sobre seu ponto de vista de não combatente e suposto alheamento, suas considerações se aproximam muito das de Bion, que foi de fato um combatente.

 

Origens da moralidade: ansiedade e culpa

As teorias sobre ansiedade e culpa são fundamentais para acompanhar as contribuições da psicanálise para a ética, a origem e a natureza das imposições e proibições morais, o que caracterizamos como bom ou mau.

E o que vem a ser essa ansiedade social a que Freud se refere com alguma frequência e constância até 1939?

A ansiedade social é para Freud uma expressão, nos estágios iniciais do desenvolvimento, tanto da ameaça de castração por parte de uma autoridade externa ou de seus representantes como da perda do amor de um objeto, do qual se depende para a sobrevivência. Só posteriormente essa autoridade e esse objeto são introjetados para constituir o superego, momento que, para Freud, ocorre uma modificação importante. No estágio inicial, as ameaças de castração ou de perda de amor podem ser neutralizadas com a abstenção ou ocultação do gesto que as desencadearia. No estágio seguinte, os fenômenos da consciência se refinam e o desejo passa a equivaler a ato; não há esconderijo possível, pois não é possível escapar da censura internalizada do superego e de sua punição.

Freud se preocupa em acomodar em sua teoria a dupla origem e condição da consciência como resultado de ameaças vindas de fora e também oriunda da tensão constante entre superego e ego, lembrando-nos que ambas permanecerão dentro de nós, lado a lado:

Se pudéssemos colocar isso mais em harmonia com o que já sabemos sobre a história da origem da consciência, ficaríamos tentados a defender a afirmativa paradoxal de que a consciência é o resultado da renúncia instintiva, e que a renúncia instintiva (imposta a nós de fora) cria a consciência, a qual, então, exige mais renúncias instintivas (Freud, 1930/1974c, p. 152).

A discussão sobre as origens da severidade do superego, com a admissão da importância do impulso agressivo oriundo de dentro, também estabelece uma relação dialética entre realidade externa e realidade subjetiva, em que "a severidade original do superego não representa - ou não representa tanto - a severidade que dele [do objeto] se experimentou ou que se lhe atribui. Representa, antes, nossa própria agressividade para com ele" (p. 153).

Com a diferenciação que Freud faz entre o sentimento de remorso, consequência de um ato visto como mau e que tenha sido de fato realizado, e o sentimento de culpa, que surge com a consciência de desejos agressivos em relação a um objeto, essa dialética se expande ao admitir como condição que o impulso amoroso acompanhe a agressão para que o sentimento de culpa seja experimentado, pois ele é "expressão tanto do conflito devido à ambivalência, quanto da eterna luta entre Eros e o instinto de destruição ou morte" (p. 156).

Klein, como Freud, aponta a forte ambivalência que experimentamos em maior ou menor grau em relação a todo e qualquer objeto, desde o primeiro, como uma das maiores fontes de tensão com que o ego terá de se haver; o padrão que erigimos inicialmente para lidar com esses conflitos, ou nos evadir deles, ficará de alguma forma impresso dentro de nós.

Em 1948 ela publica "Sobre a teoria da ansiedade e culpa" em que revisa suas ideias a respeito e discute suas diferenças e concordâncias com as ideias de Freud. Melanie Klein, porém, é peremptória ao atribuir a origem primeira da ansiedade ao perigo experimentado pela atividade interna do instinto de morte e pelo temor à morte, definindo que "a essência da culpa é o dano causado ao objeto pelos impulsos agressivos do sujeito" (1948/1993b, p. 29). O sentimento de culpa é experimentado como adjuvante aos movimentos de integração que levam à posição depressiva e às atividades de reparação; Klein salienta que a culpa também já é experimentada simultaneamente com sentimentos de perseguição na posição esquizo-paranoide, pois movimentos restritos e incipientes de integração já coexistem com a fragmentação e projeção que caracterizam essa fase. Diferentemente de Freud, que diferencia remorso de culpa, o dano a que Melanie Klein se refere pode ser tanto real como fantasiado. A formulação de Klein de que "o elemento importante na formação do superego são os próprios sentimentos de repulsa contra suas próprias tendências agressivas, uma repulsa que experimenta inconscientemente bem cedo, já em seus primeiros meses de vida" (1942/1993a, p. 321) amplia o conceito de Freud e tem implicações clínicas importantes.

Portanto o desenvolvimento do conceito de consciência tangencia e intercepta aspectos importantes da teoria psicanalítica: realidade externa e interna, realidade objetiva e subjetiva. A maneira como nosso mundo interno interfere na construção de nossa visão do mundo externo é o tema de um livro de Money-Kyrle intitulado Man's picture of his world, publicado em 1961.

 

Concepções de bem e mal, juízos de valor

Chegamos a uma espécie de encruzilhada, em que nossas observações e teorias a respeito do desenvolvimento emocional do indivíduo, inclusive as teorias a respeito do surgimento da consciência moral e sua expressão em termos do que consideramos certo e errado, entrecruzam-se com outras discussões em psicanálise; por exemplo, considerando a síntese exposta acima, o peso dado à realidade externa e à realidade interna, possibilidades e maneiras de interação entre as duas, individualidade e grupalidade, concepções de caráter, juízos de valor. Nessa encruzilhada, corremos o risco de estabelecer "padrões de normalidade", o que seria não só estrangeiro à psicanálise como também hostil a ela, questão que abordei em outro lugar4. Como corolário, considero importante falar que Freud, Klein e Bion nos lembram da multiplicidade de aspectos e da complexidade que compõem a nossa personalidade e o nosso funcionamento mental.

O trabalho de Bion com psicóticos levou-o a formular dois tipos de funcionamento mental, aos quais denominou de personalidade psicótica e não psicótica, ou parte psicótica e não psicótica da personalidade, em permanente interação.

Melanie Klein descreve a mente em constante oscilação entre duas configurações básicas que denominou de posições esquizo-paranoide e depressiva, cada qual com sua constelação de angústias e mecanismos de defesa peculiares.

Freud, ao nos lembrar daquilo que é primitivo na mente e que coexiste com aspectos mais desenvolvidos, fala em camadas da mente, estados mentais que coexistem e se sobrepõem, de modo que "cada etapa anterior do desenvolvimento persiste ao lado da etapa posterior dela derivada" (1915/1974b, p. 322) podendo manifestar-se e imperar de modo absoluto e a qualquer momento.

Essa extraordinária plasticidade dos desenvolvimentos mentais não se restringe ao que diz respeito à direção; pode ser descrita como uma capacidade especial para a involução - para a regressão -, de uma vez que pode muito bem acontecer que uma etapa posterior e mais elevada de desenvolvimento, tão logo abandonada, talvez não seja alcançada de novo. Contudo, as etapas primitivas sempre podem ser restabelecidas; a mente primitiva é, no sentido mais pleno desse termo, imperecível (1915/1974b, p. 323).

Freud adverte-nos que o que a sociedade condena como mau é, em última essência, apenas o primitivo:

Na realidade, não existe essa "erradicação" do mal. A pesquisa psicológica - ou, falando mais rigorosamente, psicanalítica - revela, ao contrário, que a essência mais profunda da natureza humana consiste em impulsos instintuais de natureza elementar, semelhantes em todos os homens e que visam à satisfação de certas necessidades primevas. Em si mesmo, esses impulsos não são nem bons nem maus. Classificamos esses impulsos, bem como suas expressões, dessa maneira, segundo sua relação com as necessidades e as exigências da comunidade humana. Deve-se admitir que todos os impulsos que a sociedade condena como maus - tomemos como representativos os egoísticos e cruéis - são de natureza primitiva (1915/1974b, p. 317).

As contribuições de Melanie Klein, obtidas da observação e análise de crianças pequenas, descrevem detalhadamente justamente esse funcionamento primitivo, desvelando todo cenário de fantasias inconscientes em que ocorre o desenvolvimento emocional, com suas múltiplas e recorrentes cisões, e um constante trânsito de introjeções e projeções, colorindo aquilo que vamos perceber como mundo interno e mundo externo, ou melhor, nossas concepções a esse respeito, simultaneamente construídas, concomitantemente a um duro e nunca completo esforço de síntese desses múltiplos fragmentos e facetas, síntese que por sua vez nunca é completa, tampouco definitiva e estável. Aí são cunhadas as matrizes de nossa consciência moral e os padrões básicos de nossa intersubjetividade.

A conotação primeira daquilo que gratifica como bom e daquilo que frustra como algo mau, critério esse que nunca se apaga por completo, torna-se mais complexa pelo fato de à frustração associada ao objeto somar-se a projeção da destrutividade sobre ele, tornando pior e persecutório aquele que inicialmente apenas frustrou; a ansiedade persecutória e o temor à retaliação acirram os ataques sobre o objeto, movimentando e incrementando um círculo vicioso de agressão e ameaça. Como corolário, a projeção dos impulsos amorosos torna melhor aquele que inicialmente gratificou, movimentando um ciclo bonificador.

Quando a ansiedade persecutória, cisões e projeções não são excessivas, um processo de integração principia, tornando o cenário interno menos maniqueísta e mais próximo da realidade. A ansiedade depressiva passa a ser experimentada e com ela as dores de ter danificado o objeto amado, percebido agora como sendo o mesmo que o objeto odiado. Entra em cena o mecanismo que Klein descreveu como reparação e com ele a possibilidade de uma "ética" baseada em preocupação real com o outro, em reconhecer e responsabilizar-nos pela nossa destrutividade, para assim podermos nos abster de encontrar inimigos em quem projetá-la.

Esse impulso para fazer reparação dá ímpeto e direção ao impulso criativo e a todas as atividades construtivas. Alguma coisa agora é acrescentada a concepção precoce de bem e mal: O "bem" se torna o preservar, reparar e re-criar aqueles objetos que estão ameaçados pelo seu ódio ou foram danificados por ele. O "mal" se torna seu próprio e perigoso ódio. Atividades criativas e construtivas, sentimentos de cooperação e sociais são então sentidos ser moralmente bons, e eles são, portanto, o meio mais importante de manter afastado o sentimento de culpa, ou superá-lo (Klein, 1942/1993a, p. 321).

Observa Emilia Steuerman (2003):

Melanie Klein é famosa por ter dado ao instinto de morte uma posição proeminente, central. Sua conquista real, contudo, é sua compreensão do amor como reparação (caritas), intrinsecamente ligada à realidade do instinto de morte. Assim, não é o instinto de morte, mas a luta entre vida e morte que assume o centro da cena. Não é a inveja, mas a inveja e a gratidão, Eros e Tânatos que interessam à Melanie Klein. O amor como preocupação com um objeto distinto de nós ganha seu significado pleno quando abordado contra o pano de fundo do poder de nossas pulsões destrutivas. As nossas capacidades mais maduras de pensamento e reflexão provêm desse reconhecimento. Assim, a responsabilidade pelo outro não é apenas um dever para com outra pessoa, mas uma preocupação básica com nossa própria felicidade (p. 119).

Deixo de lado aqui a discussão sobre como a defesa maníaca, descrita por Klein, e a formação reativa, descrita por Freud, podem contribuir para uma forma "enganadora de uma mudança em seu conteúdo, como se o egoísmo se tivesse transmudado em altruísmo ou a crueldade em piedade" (1915/1974b, p. 318).

Porém, como nos lembra Money-Kyrle (1927/1996a), existe uma diferença entre crença e representação. Ele aponta como a maior parte dos conflitos não se deve a genuínas diferenças de crenças, mas à multiplicidade de representações rivais das mesmas crenças, por exemplo, "Deus". Sua importância é crucial quando discutimos conflitos de valores, pois, como observa Money-Kyrle, é possível demonstrar empiricamente se uma crença é verdadeira ou falsa e assim, eventualmente, modificar ou abandonar ideias baseadas em falsas crenças. As diferentes representações rivais de uma mesma crença não são passíveis de corroboração ou refutação, são apenas contingenciais.

Melanie Klein nos fala dessa questão:

Quando os imperativos "Não matarás" (primariamente o objeto amado) e "salvarás da destruição" (novamente os objetos bons, e em primeiro lugar da própria agressão da criança) se enraizaram na mente é estabelecido um padrão ético, que é universal e também o rudimento de todos os sistemas éticos, não obstante o fato desse padrão ser capaz de múltiplas variações e distorções e mesmo de completa inversão. O objeto original pode ser substituído por qualquer coisa no amplo campo de interesses humanos: um princípio abstrato, ou mesmo um único problema, pode vir a representá-lo e esse interesse pode parecer distante de sentimentos éticos. (Um colecionador, um inventor ou um cientista podem mesmo ser capazes de cometer assassinato de modo a atingir seu objetivo.) Ainda assim, esse interesse ou problema particular representa em seu inconsciente a pessoa amada original, e precisa ser salvo ou recriado; qualquer coisa que fique no caminho de seu objetivo então será mal para ele (1942/199a, p. 322).

Essa talvez seja uma das principais contribuições da psicanálise à discussão ética entre o universalismo e o relativismo.

 

A ética na psicanálise

Até o momento, arrolei uma série de ideias desenvolvidas ao longo de muitos anos por alguns autores que corroboram a importância e o sentido do diálogo entre psicanálise e ética.

Por limitações de espaço, deixei de lado alguns pontos que mereceriam ser considerados, como, por exemplo, os referentes a mecanismos de defesa e a reflexão a respeito do senso comum, que espero realizar em outro momento. Acredito também que a discussão sobre verdade e contato com a realidade são extremamente relevantes para o tema.

Minha escolha em utilizar inúmeras citações como recurso de comunicação deve-se ao fato de acreditar que não haveria formulação melhor para transmitir ideias tão fundamentais do que aquela cunhada pelos autores que citei.

Em relação à clínica, tenho por princípio, e esse não deixa de ser um princípio ético, de que juízos de valor e padrões não podem interferir no trabalho psicanalítico. O método psicanalítico e sua manifestação no que, talvez por falta de uma palavra melhor, chamamos de técnica constituem os alicerces que nos possibilitam tentar empreender esse trabalho. A atenção flutuante e a neutralidade benevolente para Freud; a visão da transferência como situação total para Klein; a disciplina de abstenção de memória e desejo para Bion; a tradução em linguagem-interpretação para todos: essas e outras ferramentas foram cunhadas ao longo dos mais de cem anos em que a psicanálise existe.

Certamente nenhuma dessas ferramentas teria valor de uso caso não fossem fundamentadas na análise pessoal do analista, que é o pilar central, científico e ético da prática psicanalítica.

Por outro lado, nossas divergências científicas e nossas relações institucionais, frequentemente invadidas por questões de natureza política5, certamente se beneficiariam de um autoexame de natureza ética.

Finalmente, nos oitenta anos que nos separam da correspondência entre Freud e Einstein, o mundo testemunhou um impressionante avanço na tecnologia e, ao mesmo tempo, uma ininterrupta sucessão de guerras, escaramuças, atentados, terrorismo e atrocidades; do fundamentalismo religioso aos mais variados graus de desrespeito aos direitos humanos, tudo isso nos mostra o quão verdadeiras eram as afirmações de Freud a respeito da impossibilidade de erradicar o mal, da inevitabilidade da regressão e da primazia da crueldade primitiva.

 

Referências

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Correspondência:
Ester Hadassa Sandler
[Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo sbpsp]
Rua Gomes de Carvalho, 892, cj. 71
04547-003 São Paulo, SP
Tel.: 11 3045-4800
estersandler@gmail.com

Recebido em 15/02/2012
Aceito em 13/03/2012

 


1 Utilizo o termo psicanálise segundo a definição dada por Freud (1923/1976a) em "Dois verbetes para enciclopédia", e a fonte para informações e definições sobre ética foi The Cambridge Dictionary of Philosophy (1999).
2 O que Freud (1915/1974b) chama de suscetibilidade à cultura, composta segundo ele por uma parte inata e outra adquirida, diz respeito à capacidade de transformação de impulsos de ego sob a influência do erotismo, diferindo, portanto, de indivíduo para indivíduo.
3 Refiro-me aos dois volumes que compõem sua autobiografia, a War memories e a Uma memória do futuro.
4 O singular no plural: o analista na terra de ninguém, 2006
5 Desenvolví esse tema em 2001, no trabalho "Instituições psicanalíticas e paradigmas políticos", em coautoria com Eugenio Davidovich e Paulo César Sandler.

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