SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.46 issue2Passages: impermanence and continuityA matter of image: A clinical situation and the beginning of Brazilian Modernism author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.46 no.2 São Paulo Apr./June 2012

 

ARTIGOS TEMÁTICOS: PASSAGENS I - ENTRE O MODERNO E O CONTEMPORÂNEO

 

Novos mundos, velhas trilhas: buscando a identidade de psicanalista

 

New worlds, old trails: In search of a psychoanalyst identity

 

Nuevos mundos, viejos caminos: buscando la identidad del psicoanalista

 

 

Denise Salomão Goldfajn

Membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro SBPRJ

Correspondência

 

 


RESUMO

Partindo da vinheta sobre uma discussão entre candidatos e psicanalistas em um instituto de psicanálise, a autora usa um conto de fadas para traçar paralelos relacionando fantasias inconscientes que provocam conflitos entre candidatos e analistas, dificultando a transmissão da psicanálise por provocar uma dicotomia. Em contrapartida à dicotomia apresentada, a autora propõe o paradoxo: tradicional/revolucionário, anacrônico/moderno e aponta novos desenvolvimentos aos modelos de formação do psicanalista, que surgem a partir da demanda por psicanálise em mercados globais recentes: Ásia, Leste Europeu, America Central e África.

Palavras-chave: fantasias inconscientes, transmissão, paradoxo, cultura, globalização.


ABSTRACT

Starting with a vignette about a discussion between candidates and psychoanalysts in an institute of psychoanalysis, the author uses a fairy tale to draw parallels on the unconscious fantasies that cause conflicts between candidates and analysts, impeding the transmission of psychoanalysis by causing a dichotomy. In opposition to the dichotomy presented, the author proposes the paradox: traditional / revolutionary, anachronic / modern and points to the developments in analyst training models that result from the demand for psychoanalysis in recent global markets such as Asia, Eastern Europe, Central America and Africa.

Keywords: unconscious fantasies, transmission, paradox, culture, globalization.


RESUMEN

partir de una viñeta acerca de un debate entre candidatos y psicoanalistas en un instituto de psicoanálisis, la autora utiliza un cuento de hadas para establecer un paralelo sobre las fantasías inconscientes que causan conflictos entre los candidatos y analistas dificultando la transmisión del psicoanálisis por provocar una dicotomía. En contrapartida a la dicotomía presentada, la autora propone la paradoja: tradicional/ revolucionario, anacrónico / moderno y apunta los nuevos modelos de formación del psicoanalista que surgen de la demanda de psicoanálisis en nuevos mercados globales, como Asia, Europa del Este, América Central y África.

Palabras-clave: fantasías inconscientes, paradoja, transmisión, cultura, globalización.


 

 

Gostaria de agradecer ao convite da Revista Brasileira de Psicanálise para escrever este artigo, que abre espaço à discussão sobre passagem e transmissão em psicanálise, especificamente na formação de psicanalistas pelos institutos de psicanálise da IPA, International Psychoanalytic Association. Uma das experiências mais importantes que tive como candidata foi atuar como editor-in-chief da Ipso, International Psychoanalytic Studies Organization, de onde tive uma perspectiva privilegiada para observar como o movimento psicanalítico global desliza no tempo, nem sempre cronológico, e no espaço, nem sempre geográfico. Esses deslizamentos que pude observar ocorrem sob uma tensão comum entre os organismos da IPA, seja de candidatos ou não, tensão essa que parece assentar-se no binômio tradição/ revolução e nas forças que esse paradoxo cria: manter e romper, preservar e inovar.

Este artigo tem por objetivo acompanhar os desdobramentos dessa tensão que tanto pode ocorrer internamente nos institutos e sociedades de psicanálise como no avanço da psicanálise por novos terrenos.

Por novos terrenos andei para preparar este artigo, e tive excelentes guias, aos quais gostaria de registrar meus agradecimentos: Susana Muszkat, Bernardo Tanis, Luisa Marino, Maria Teresa Hooke, Lin Tao e Ney Marinho.

 

A cena

Imagine esta cena.1 Final de noite, uma reunião está em andamento em uma sociedade psicanalítica. Trata-se de uma reunião periódica em um Instituto de Psicanálise.2 Consta da pauta da reunião a seguinte proposta a ser discutida: os candidatos solicitam que seu status seja mudado naquela sociedade; além de candidatos, gostariam de ser considerados “membros temporários”. Dessa forma, os candidatos expressam que o termo “candidato” não parece adequado à participação atual deles na instituição. Dados de realidade apontam para uma mudança institucional contingente. Menos profissionais têm procurado formação psicanalítica nessa sociedade, e os candidatos participam em diferentes papéis institucionais, tornando-se cada vez mais ativos em manter a sobrevivência da sociedade. Argumentam também que o termo “membro temporário” parece mais adequado aos profissionais que já atuam na área clínica, atribuindo assim um caráter menos infantilizador ao processo de formação.

Entre a apresentação da proposta dos candidatos e a reação dos analistas membros, sente-se certa tensão no ar. Surgem perguntas feitas pelos membros efetivos, didatas e não didatas: porque os candidatos estão querendo esse tipo de poder? qual a motivação inconsciente desse pedido? se for feita essa mudança, haverá conflito com a IPA sobre o modelo de formação, haverá alguma possibilidade de intervenção?

A derradeira pergunta surge: como é o status de analistas em formação em outros institutos da IPA no mundo? há algum outro Instituto que aceitou uma mudança de status como essa?

Um candidato sugere: “eu posso enviar um e-mail agora mesmo e perguntar às pessoas que eu conheço da Ipso (International Psychoanalytic Studies Organization)3 qual é o status dos candidatos em seus institutos”.

Em pouco tempo surgem e-mails com respostas dos Estados Unidos, Europa e América do Sul. Um colega da América do Norte informou que em seu instituto todos os candidatos são membros iguais e votam em comissões societárias. “Mas é que essa região dos Estados Unidos é conhecida por ser muito liberal”, comentou alguém. Uma outra resposta chega da Europa, explicando que os candidatos foram mantidos separados da sociedade, embora bastante estimulados a participar de seus institutos, mas não da sociedade psicana-lítica como um todo. Na reunião segue-se outro comentário: “bem, essa parte da Europa é conhecida por ser muito rigorosa”, alguém comentou. Um colega da América do Sul informou que em seu instituto tal mudança ocorreu e que agora os candidatos passaram a ser considerados membros do instituto filiados à sociedade. Mais um comentário surge: “mas ainda temos de verificar se isso não vai quebrar alguma regra da IPA”.

Ao ler essa história, lembro-me do conto de fadas “Cachinhos Dourados e os três ursos”. Uma cadeira é muito grande, a outra, muito pequena e a terceira é perfeita, mas quebra quando Cachinhos Dourados senta-se nela.

Na tradição escocesa, esse conto foi passado oralmente. A primeira versão dele é datada de 1800, na Escócia (Tatar, 2002). Nessa versão, contava-se a história de três ursos cuja caverna era invadida por uma raposa fêmea. Depois de muitas repetições orais de uma mesma história, durante muitos anos, por várias pessoas, para ouvintes diferentes, chega-se finalmente a uma versão final, que é tão convincente para as pessoas, seja consciente e inconscientemente, que nenhuma mudança adicional faz-se necessária. E com isso a história alcança sua forma clássica. As histórias orais evoluem, portanto, de lições de moralidade consciente à elaboração dos conflitos inconscientes (Tatar, 2002).

Segundo Bettelheim (1989), as alterações ocorridas no conto até que ele alcançasse seu formato final revelam o desenvolvimento dos conflitos humanos e a complexidade da dinâmica emocional. Os três ursos viraram uma família - pai, mãe e filho urso -, e a raposa transformou-se em uma menina de cachos dourados, que não é devorada, mas foge ao ser descoberta usufruindo da propriedade alheia. Bettelheim assinala que as mudanças já seriam uma forma de elaborar conflitos pulsionais e passar de ansiedades paranoides primitivas para uma estrutura edípica mais complexa.

Bettelheim começa a interpretação de “Cachinhos Dourados” assinalando que esse conto difere de outros pela estrutura. Em geral, os contos de fada são marcados por um final feliz com algum tipo de reparação ou resolução. Em “Cachinhos Dourados e os três ursos” isso não ocorre. Não há solução para o conflito; há uma fuga, mas não um desfecho; o final fica aberto para a imaginação de leitores. Essas características fazem de “Cachinhos Dourados” um conto de fada que busca elaborar conflitos específicos relacionados à rivalidade fraterna e à resolução do complexo de Édipo, conflitos que permanecem presentes em aberto, razão pela qual podem emergir na vida adulta em situações de crise.

De volta ao nosso “conto do instituto psicanalítico”, não por acaso pensei em “Ca-chinhos Dourados”. Há paralelos a serem traçados. Assim como Cachinhos Dourados, seriam os candidatos intrusos querendo se apossar de propriedade alheia? Se, por um lado, candidatos em qualquer instituto de psicanálise asseguram o futuro dessa instituição, dando continuidade à transmissão da psicanálise, por outro, trazem todas as fantasias edípicas inconscientes, já que seriam eles os substitutos naturais da geração dos membros que ali estão para transmitir o ofício de ser psicanalista. Como no conto de Cachinhos Dourados, trata-se de uma sucessão familial em perigo: a raposa, transformada em menina, representaria um intruso, bem como um duplo do bebê urso, disfarçada de criança inocente. Poderiam os analistas membros sentir-se ameaçados de perder o poder sob tão valioso bem: o saber psicanalítico?

Em Totem e tabu, Freud (1913/1987) inaugurou a tradição de pensar hierarquias sociais como defesas, organizações sociais que lidam com as pulsões inconscientes do incesto e do parricídio. Instituições, como Freud demonstrou, retratam as tensões edipianas assim como a família. No cotidiano dos institutos de psicanálise, os mesmos psicanalistas desempenham diferentes papéis para os candidatos: analistas, supervisores e instrutores.4 Simbolicamente, os candidatos estão ligados transferencialmente a seus analistas, supervisores e instrutores, com quem convivem em diferentes papéis na mesma sociedade. Há uma interseção de papéis e vivências dos analistas com os candidatos e uma imersão transferencial que marca essas relações por uma saturação de fantasias edípicas. Para evitar que atuações, sabotagens e relações de duplo vínculo rompam o equilíbrio organizador da sociedade, os candidatos são mantidos esquematicamente nos institutos para que sejam preservados do “incesto” com seus pais psicanalistas. Separados em seus guetos institutos, os candidatos estão sendo preparados para continuar a tradição até que um dia eles, naturalmente, ocupem o mesmo lugar de pais psicanalistas.

Seria o reconhecimento pelos pares da sociedade que aquele candidato professa a psicanálise como o analista o faz? Não está afastada a fantasia de que candidatos podem ser intrusos que danificam o saber psicanalítico. Portanto, manter um instituto para formar analistas seria também uma forma de

Mas o que seria estar “pronto”? Seria o reconhecimento pelos pares da sociedade que aquele candidato professa a psicanálise como o analista o faz? Não está afastada a fantasia de que candidatos podem ser intrusos que danificam o saber psicanalítico. Portanto, manter um instituto para formar analistas seria também uma forma de “proteção” que a sociedade engendra para garantir que a tradição psicanalítica não seja mudada. No conto do instituto, analistas em face de uma mudança de status no instituto temem retaliação da IPA, atribuindo a ela uma instância superegóica, sentinela totêmico da tradição, para que “intrusos” não provoquem danos.

Encerramos o “conto da sociedade psicanalítica” com um final feliz. Depois de muita análise, interpretação e discussão, características de qualquer sociedade psicanalítica, a sociedade como um todo votou pela mudança de status dos candidatos.

A consulta iniciada nos fóruns virtuais da IPSO frutificou e continuou ativa, independentemente do que acontecia no instituto em algum lugar do mundo. No fórum eletrônico, candidatos continuaram discutindo diferenças em seus treinamentos. Infelizmente, a fim de preservar a confidencialidade dos membros do fórum, escrevo apenas sobre a minha percepção do material que pude examinar. A discussão nos Yahoo-groups da IPSO envolveu mais de trinta candidatos provenientes de instituições europeias, americanas e latino-americanas. Esses candidatos participaram voluntariamente, motivados pela curiosidade. Destaco em seguida as variantes mais claramente discutidas entre esses candidatos, nesse fórum.

1. O número de anos em análise, exigido por cada instituto, antes de iniciar a formação que variava de zero a três anos.

2. A frequência à análise pessoal variava de cinco a três vezes por semana.

3. Nos requerimentos para casos sob supervisão oficial havia sociedades que exigiam de dois a três casos. Diferia também o número de horas totais de supervisão exigido em diferentes institutos.

4. Variavam os requisitos para relatórios escritos e para apresentação de casos. Ou se exigiam modelos de trabalho teórico-clínico, ou não se oferecia modelo algum. Institutos requeriam a entrega do trabalho que seria lido por uma comissão, encarregada de dar um parecer e de comunicá-lo ao candidato. Outros exigiam a apresentação do relatório pelo candidato, em plenário, para uma banca examinadora. Há institutos que incluem o candidato na escolha dos examinadores.

5. Preço das sessões de análise, custo total da formação, liberdade de escolha do analista, eficácia da análise didática também constituíram variantes que preocupavam os candidatos como possíveis entraves para terminar a formação.

6. As sociedades mostraram-se mais ou menos abertas à participação do candidato. Houve as que franqueavam totalmente essa participação em todas as comissões, reuniões e seminários, com direito a voto, bem como as que limitavam essa participação nas atividades e comissões da sociedade, com direito limitado a voto ou sem direito.

7. Parecia que o grau de participação do candidato estava bastante correlacionado ao número de candidatos que chegam aos institutos: menos candidatos, mais abertura à participação; mais candidatos, menos liberdade para os candidatos na sociedade. Para os candidatos, essa correlação parecia uma estratégia de sobrevivência das sociedades psicana-líticas: em troca de sua própria existência, a sociedade delega mais responsabilidades a um número menor de candidatos.

Não há resposta simples para o conflito de gerações, como mostra o conto Cachinhos Dourados. É papel dos candidatos pressionar por mudanças, e é papel dos psicanalistas membros manter a tradição. Essa tensão é clara sob o aspecto sociológico das instituições. Bion (1975) concebeu uma psicologia de grupos centrada em supostos básicos, ou seja, na presença de irrupções nascidas das fantasias inconscientes de seus membros que afetariam o funcionamento grupal. O que prevaleceria seriam irrupções na harmonia grupal sustentadas por fantasias inconscientes edípicas. Por que esse comportamento de grupo deve ser diferente nas sociedades psicanalíticas? Afinal, as sociedades psicanalíticas são legítimos grupos sociais como outros quaisquer.

Talvez a fantasia de que nossos grupos sejam diferentes de outros possa residir, entre outros motivos de ordem narcísica, na própria natureza paradoxal da formação da identidade do psicanalista. A principal tarefa de um psicanalista, independentemente da teoria, é trazer o novo para a superfície, entender e trazer a lógica do inconsciente para a vida consciente. Para aprender a fazê-lo, ele deve aprender mediante um processo pedagógico e a análise da própria experiência. Por isso, manter e romper são exercícios constantes na formação de um psicanalista. Manter a tradição não é exatamente um ato psicanalítico, uma vez que exige um rito quase litúrgico. No entanto, para se tornar um psicanalista é necessário prática, que exige disciplina e treinamento, e treinamento exige repetição. Na formação de psicanalistas, esse conflito entre repetir e criar está sempre em alternância, uma vez que, em psicanálise, cada repetição traz consigo a chance da subversão com novos significados por vir. O novo e o velho, o tradicional e o revolucionário encontram-se. Acredito que o resultado desse encontro depende da capacidade de um diálogo entre manter e romper, repetir e criar. A propósito, as ideias de Winnicott (1951/1975) sobre tolerar o paradoxo são oportunas. É necessário que todo psicanalista, idealmente, consiga manter o contato com seu analista, em treinamento tal como ele manteve, e consiga dialogar com seu psicanalista em constante aprendizado, tal como ele deve continuar aprendendo.

 

O velho e o novo em transformação

Apresentar tensões entre candidatos e psicanalistas nos institutos de psicanálise é tratar de um assunto recorrente e vital para a transmissão da/em psicanálise. O primeiro encontro internacional de candidatos de diferentes institutos ocorreu em 1971, no pré-con-gresso em Viena, por ocasião do 27o Congresso da IPA. Foi esse encontro que determinou a fundação da IPSO como é conhecida. Ao final do congresso, um sumário do encontro foi lido e publicado nos anais do congresso. Era um resumo dos anseios dos candidatos, à época.

1. Os candidatos sentiram que os fatores relacionados com a formação - como critérios de admissão, requisitos para os cursos teóricos e requisitos para a graduação etc. - devem estar absolutamente claros para eles. Esses fatores usualmente são pouco claros, como se ouviu relatar por diversas vezes, levando à utilização do instituto como se fosse um resto diurno de um sonho; com isso, o instituto tornar-se-ia mais propenso às distorções de transferência, e essas distorções interferem no crescimento emocional e intelectual do candidato, podendo até criar uma “dependência regressiva”.

2. Todos queriam uma participação mais ativa nos assuntos da psicanálise em âmbito local, nacional e internacional. A prática já disseminada de incluir candidatos nas comissões nessas diferentes instâncias foi amplamente apoiada. Candidatos percebem que essa prática de inclusão beneficiaria os candidatos, dissipando a “atmosfera kafkiana” de alguns dos nossos institutos. Alguns observaram que essa prática permite uma identificação mais completa com o movimento psicanalítico e, portanto, favorece o crescimento do aluno e da psicanálise.

3. Os candidatos discordam de que seja papel do analista didata avaliar um paciente como estudante, com grave risco de afetar seu progresso no instituto. Os candidatos mostraram-se francamente a favor de uma total separação entre análise didática e avaliações dos institutos. Eles sentiram que isso representa um grande e desnecessário obstáculo para que o candidato possa ocupar-se somente em se confrontar com sua própria neurose. Um grupo de candidatos foi ainda mais longe, defendendo que o conceito de análise didática e analista didata seria por natureza inibidor de um encontro analítico legítimo, por isso gostariam de ter a possibilidade de aprofundar esses questionamentos.

4. A maioria dos candidatos esteve de acordo que o candidato em formação não deveria ter de suportar a privação econômica intensa como resultado de sua formação analítica. Em alguns países, os candidatos chegam a pagar quase 50 por cento do seu rendimento em suas analise e de seu tempo dedicando-se a seus institutos. A consequente sobrecarga na transferência e con-tratransferência foi discutida. Foi sugerido aos institutos, caso seja necessário financeiramente, aumentar o preço dos seminários como uma melhor alternativa do que impor uma tributação “indireta”, que pode ser sentida pelos candidatos como confiscatória (IPSO Journal, 2011).

É interessante ver citado na súmula de um congresso, há mais de 40 anos, os mesmos anseios e temas discutidos no fórum eletrônico dos candidatos. Apesar de toda a facilidade que existe hoje para intercambiar ideias e experiências, é impressionante ver que os temas se repetem, mais que isso, permanecem presentes na experiência dos analistas em formação, quais sejam: participação dos candidatos nas sociedades, análise didática e custo da formação. Acredito serem esses temas recorrentes na discussão da formação de psicanalistas, uma vez que marcam a interseção do contato entre candidatos e analistas, simbolizando o espectro de conflitos cuja base são as fantasias edípicas, como descritas no “conto do instituto de psicanálise”.

Como um vício psicanalítico, parece-nos mais fácil identificar nas repetições o que é mimetizado, o que é estruturado na repetição. Porém, mais difícil é identificar o que é novo, transformado e transformador. Ainda a propósito do “conto do instituto de psicanálise”, manter a polarização, o diferencial do poder entre candidatos e analistas é visualizar a estrutura da repetição. A inserção do fórum virtual ofereceu uma mediação e provocou, no conto, uma mudança de percepção do grupo, fazendo com que a discussão caminhasse como um metadiscurso. Acolher as comunicações dos candidatos nas novas formas de comunicação, simbolizadas ou não pelo hipertexto virtual, é uma forma de romper fronteiras geográficas e - por que não? - psíquicas, estabelecendo enquadres cada vez mais abstratos.

A questão não é apontar a causa do “final feliz” ou a solução para um conflito nesse instituto, ou em qualquer outro. Não há vencedor na polarização do poder dos candidatos versus poder dos analistas membros. Tornar a dicotomia um paradoxo é manter a continuidade da discussão, é incluir novas comunicações. No conto, acolher o novo, indagar sobre outras experiências, acolher novas comunicações provocaram mudanças e novas situações a serem administradas. As perguntas - como fazem outros institutos? O que acontece em outras sociedades? - são perguntas cada vez mais próximas da experiência de um mundo mais fluido.

Nesse mundo fluido, globalizado, parece cada vez mais inefável discutir hierarquias e polarizações rígidas de poder. É a essa transição de poder que os institutos de formação oferecem poucas alternativas para elaboração das fantasias edípicas inconscientes, facilitando assim o trânsito na hierarquia das sociedades, seja para que candidatos tornem-se membros, seja para que os membros caminhem por diversas formas de filiação - associado, efetivo, didata. Talvez, a facilitação desse trânsito alinhasse as sociedades de psicanálise com a realidade que o mundo moderno impõe. E que realidade é essa? Menos candidatos aceitam o desafio de uma formação longa, cara, que demanda um grande comprometimento e que vai na contramão do que o mercado consumidor solicita: respostas rápidas com pouco investimento financeiro ou emocional. Assim estaríamos nós, psicanalistas, filhos do modelo Eitigon, oficialmente “fora de moda” ou anacrônicos? Estaria a psicanálise oferecendo poucas respostas eficazes ao sofrimento moderno?

Não me atreveria aqui a tentar responder de forma definitiva a essas perguntas, mas um evento curioso, na contramão desse anacronismo, remete-me a pensar no paradoxo moderno/anacrônico, revolução/tradição. Desde os anos 1990, a IPA vem trazendo uma grande surpresa a seus filiados, candidatos e membros, um grande desafio: a demanda por formação de psicanalistas em países antes “fechados” politicamente ao mundo globalizado.

Lembro aqui as ideias do sociólogo Zygmunth Bauman (2000) sobre a “modernidade líquida”, segundo a qual as relações e os vínculos na sociedade moderna tornam-se amorfos e fluidos e, com isso, enfraquecidos. Nas palavras do autor, “os sólidos mantêm sua forma e persistem ao longo do tempo: duram, enquanto os líquidos são amorfos, transformam-se constantemente: fluem”.

Na metáfora sobre a fluidez do mundo moderno é necessário lembrar que o líquido também se expande com rapidez e se derrama sem continente e sem controle em lugares nem sempre possíveis de perceber. Enquanto tradicionais institutos de psicanálise vivem o paradoxo entre tradicional/novo, anacrônico/moderno, novos psicanalistas formam-se à luz do que veem como novidade na psicanálise de outrora.

 

Os novos mercados da psicanálise

Em fins de 1980, na Coréia e no Japão, novas sociedades de psicanálise começaram a ser organizadas com psicanalistas treinados nos Estados Unidos. Foram os primeiros centros ligados à IPA em países asiáticos, o que deu início à discussão sobre a possibilidade do exercício da psicanálise no Oriente (Akhtar, 2011).

Sob recomendação da IPA, formam-se grupos aliados (alliedgroups) a partir do interesse pelo estudo da psicanálise, para realização de cursos e para disseminação da psicanálise. Esses grupos podem desenvolver-se em grupos de estudos, em sociedades provisórias e, finalmente, em sociedades da IPA. Candidatos podem iniciar suas formações ligando-se a sociedades de sua região ou formando acordos de cooperação com centros estabelecidos. Os primeiros analistas de um país sem sociedade estabelecida podem vincular-se diretamente à IPA, independentemente de pertencerem a uma sociedade específica. A ideia é que esses primeiros analistas possam dar continuidade em seus países de origem a grupos de estudos que depois se tornarão sociedades (IPA website, 2012).

Foi no Leste Europeu, nos anos 1990, e quando da Formação da Piee, The Han Groen Prakken Psychoanalytic Institute of Eastern Europe, em 2002, que um novo modelo de formação de psicanalistas começou a ser desenvolvido para dar conta da demanda de profissionais que pretendiam ter contato com a psicanálise e formar-se psicanalistas. Paolo Fonda (2010), atual diretor da PIEE, descreve, em um artigo chamado “A virtual training institute in Eastern Europe”, os desafios de formar analistas de culturas diferentes e em regiões geográficas remotas.

O maior problema para a organização de um curso de formação em psicanálise, principalmente seguindo o modelo Eitingon, foi sem dúvida a análise pessoal, porque no Leste Europeu (com exceção da Hungria) não há analistas didatas com a experiência da migração. Mas, historicamente, devemos considerar que os pioneiros de quase todas as sociedades ocidentais tiveram análises não convencionais em termos de definição e duração e que certa flexibilidade foi necessária para estabelecer um primeiro grupo de analistas em um determinado país; os modelos diferentes tiveram de ser desenvolvidos.

Primeiramente usou-se o modelo de “análises concentradas”, de acordo com o qual o candidato viaja toda a semana e tem quatro sessões de análise em dois dias ou nos finais de semana. Uma alternativa para a análise concentrada foi desenvolvida e denominada, “shuttle analysis” (NT: algo como “análise em vaivém”), pioneiramente na Alemanha, a análise pessoal seria feita em blocos de sessões realizadas ao longo de três períodos anuais de cerca de seis a oito semanas cada, durante o qual o candidato temporariamente vivia na cidade de seu analista e seguia uma série de sessões por semana que excederia a habitual frequência de quatro sessões semanais. Outras opções seguiram, tais como a concentração das sessões em dez dias a cada mês. Após cerca de dez anos, durante os quais essa abordagem para a análise foi seguida, envolvendo cerca de 70% dos candidatos no PIEE (os outros seguiram análise padrão), podemos genericamente dizer que, considerando as avaliações em entrevistas, os pareceres dos supervisores e as avaliações do trabalho analítico dos primeiros casos de tratamento, o resultado pareceu satisfazer as necessidades de treinamento. No entanto, esse modelo de análise precisa ser mais bem compreendido e mais sistematicamente estudado, agora que existe um número suficiente de casos. Em qualquer caso, essa abordagem tem sido sempre considerada um expediente temporário, que deve ser superada com a introdução dos modelos de análise tradicionais, que estão se tornando disponíveis em quase todos os países em que o Piee atua. O procedimento padrão deve, portanto, ser definitivamente adotado em todos os lugares nos próximos anos. Note-se que as sessões do Skype ou telefone não são proibidos nos intervalos entre os períodos de vaivém (shuttle analysis), mas não contam para o mínimo de 100 sessões anuais necessárias à validação do treinamento. Observou-se com satisfação que, após a avaliação final, muitos membros continuaram suas análises, e alguns seguiram uma segunda análise, como acontece frequentemente no Ocidente. Deve-se notar que, embora no início houve certa preocupação que o entusiasmo excessivo dos candidatos os influenciasse a avançar muito rapidamente na formação; na prática, notou-se que a prática da “análise shuttle” teve a mesma duração média que a análise tradicional, de oito a dez anos.

O modelo de implantação da transmissão da psicanálise da PIEE também foi utilizado na China, onde, em 2010, houve o primeiro congresso de psicanálise que coincidiu com a formação dos primeiros analistas (Lin Tao, 2011).5

A experiência dos candidatos com a análise condensada ou shuttle também foi utilizada por analistas em formação ligados ao ILAP, Instituto Latino-americano de Psicanálise, formado em 2006 (ILAP website). David (2011), candidata de Honduras, descreve sua experiência no ILAP.

Em 2006, o ILAP (Instituto Latino Americano de Psicanálise) foi criado pela IPA e Fepal para formar psicanalistas em países latino-americanos onde não havia institutos pertencentes a essas organizações. O programa ILAP implementa algumas variantes para se adaptar à América Latina, como o ensino à distância, ferramenta para ministrar seminários a partir de seu site e criar escolas de psicanálise em países onde o ILAP está atuando. O ILAP procura sustentar a formação do tripé clássico, que articula a experiência de análise pessoal, supervisão de material clínico e integração dos conceitos teóricos, adaptando-os às dificuldades de sua aplicação em países onde não existem institutos locais (ILAP, 2006).

Desde muito antes, em Honduras, já crescia o desejo de se treinarem psicanalistas, desejo esse que crescia como cresce uma orquídea, e a criação do ILAP veio atender a esse anseio. Mas o desejo não é suficiente; precisamos cumprir determinadas condições para que sejamos considerados potenciais candidatos. Em 2007, viajamos em grupo para o Panamá, a primeira escola de psicanálise na área. Sem nenhuma análise pessoal ou estudos prévios em psicanálise, tivemos como resultado de nossas entrevistas preliminares a sugestão de que deveríamos iniciar análise pessoal; mas a pergunta ficou: sem apoio? como? onde? Já em 2008, com a primeira escola de psicanálise em Honduras, as autoridades de ILAP decidiram oferecer-nos uma oportunidade; sete de nós foram aceitos como pré-candidatos. Assim começou no ano seguinte a formação psi-canalítica tão desejada. Nossa posição geográfica privilegiada como centro da América Central não oferecia vantagem alguma, uma vez que curtas distâncias no mapa correspondem a grandes taxas aéreas...

Novos problemas e questões, das quais a mais importante era onde conseguir um analista didata disposto a viajar para Honduras pelo menos uma vez por mês. Possibilidades surgiram do México, da Venezuela, da Colômbia, da Argentina... Iniciei minha análise em 2009, passei a viver a experiência que meu corpo suporta. Há uma doença não específica, autoimune, aparentemente, que parece querer destruir os órgãos internos. Existe um perigo. Como Silvana Hernandez pergunta: “quando começa uma análise?” O que nos faz pensar em um tempo de transição ou pré--analítico, carregados de ansiedade, dor psíquica, porque tenho certeza de minha necessidade em pedir ajuda. “Não é de um desespero inominável que se começa uma análise?” (Hernandez, 2007).

Em agosto, viajei ao México. Deito no sofá e abre-se uma nova instância da minha vida. Nas paredes há algumas pinturas, diplomas e uma caricatura de Freud. Tem início o processo. Começo a mergulhar no meu mundo interior com minha analista. Fica estabelecido que nos próximos meses vou viajar uma vez ao mês para ter duas sessões ao dia, às quintas e segundas-feiras; depois, minha analista virá a San Pedro Sula às sextas e às segundas-feiras para atender a mim e a mais três colegas, duas vezes ao dia, em uma clínica improvisada em um quarto de hotel. Como disse Winnicott, “o importante é manter um espaço que é previsível, confiável” (Winnicott, 1963, p.37-38, citado por David, 2011. Trad autora).

David fala da experiência emocional, das angústias de quem enfrenta um campo a ser estruturado, do desejo de participar de um modelo tradicional que precisa ser reinventado para assegurar sua transmissão e das dificuldades que encontra nesse percurso, o percurso de sua análise.

Como ignorar a ausência de psicanalistas no país? Por ser análise condensada, simplesmente deixa de ter a profundidade de uma análise didática regular? Até que ponto é possível flexibilizar o enquadramento sem que ele deixe de exercer sua função de terceiro? Ao modificar o enquadramento tradicional em seu eixo espaçotemporal, deixaria o método de ser reconhecidamente psicanalítico? No Congresso Fepal, no Chile, em 2008, o doutor Francisco G. Petre disse: “a verdade é que 'hoje', muitas vezes, manter o enquadramento como era considerado historicamente conspira com a possibilidade de que a análise se realize; por isso entendo que seja manter algo de caráter resistencia?' (Petre, 2008). Termino com as palavras de Saul Paciuk: “nestes tempos turbulentos, talvez estejamos testemunhando a desidealização da psicanálise e é um desafio viver nessas novas condições” (Paciuk, 2002, citado por David, 2011, p.41. Trad. autora).

É da crise, do lugar da falta que se criam as condições para juntar os novos inícios ao inícios do passado, começo de todo e qualquer movimento psicanalítico. As novas condições fazem repensar o enquadramento e o desejo de ser analista em um novo lugar geográfico e psíquico. Fato é que os novos analistas ocuparão novos mercados culturais, com liberdade para pensar a psicanálise em suas culturas além das barreiras institucionais. Nesse sentido, Paolo Fonda (2010) continua tecendo alguns comentários sobre as consequências de análises não convencionais a partir de sua experiência na Europa Oriental,

Uma das vantagens do PIEE é que, ao contrário de outros institutos de psicanálise, os candidatos selecionados e treinados nunca serão membros de uma mesma sociedade. O risco de conspirações e filiações em subgrupos com problemas não resolvidos de transferência, que tantas vezes criam tensão dentro do instituto é, portanto, evitado. Nem a manutenção de instrutores individuais que criam grupos de estudantes, a fim de reforçar a sua posição na hierarquia, nem a pressão das sociedades sobre os alunos pela conformidade com as linhas teóricas predominantes ocorrem, evitando assim perturbar o processo de formação. Acreditamos que a ausência dessas dinâmicas, que em alguns institutos tradicionais contribuem bastante para a infantilização dos candidatos (Kernberg, 1996, 2000), juntamente com a atenção dada a candidatos considerando-os não apenas como alunos, mas como os colegas com uma carreira profissional rica, está sendo frutífera (Fonda, 2010, p. 12. Trad. autora).

Ainda que situacionais e transitórios, a formação de analistas à distância vem mostrando que outros laços institucionais podem ser criados sem a intermediação direta de um instituto, no interior de uma sociedade. A riqueza dessa experiência são os laços estabelecidos diretamente com a IPA, ou com centros internacionais regionais, que possibilitariam diluir as fantasias inconscientes edípicas, interferirem menos na instituição. A experiência de David, em Honduras, também mostra a capacidade de pensar sobre todos esses aspectos com um olhar interpretativo e integrador bastante enriquecido pela experiência em curso.

O campo mais recente onde a psicanálise começa a se insurgir é justamente aquele em que nossa língua portuguesa nos faz alcançar. Desde 2009, por intermédio da CPLP, Comunidade de Países de Língua Portuguesa, profissionais de saúde, saúde mental e de áreas culturais diversas de Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe têm firmado intercâmbios de cooperação nas mais diversas áreas. Desses intercâmbios, um em especial foi firmado com a Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ). Trata-se da Comissão Permanente de Intercâmbio, SBPRJ-CPLP, cujo coordenador é Ney Marinho, psicanalista da SBPRJ. Em 2010, uma delegação da SBPRJ esteve em Moçambique, onde ministrou cursos de psicanálise. Desse trabalho, formou-se, em 2011, o Centro de Estudos Psicanalíticos de Moçambique, de onde se espera que um curso de formação de psicanalistas à distância venha a ser desenvolvido no futuro.6

Mais uma vez Fonda (2010), ao terminar seu artigo, conclui essa experiência de cruzar novas fronteiras, promovendo encontros e desencontros entre o tradicional e o novo.

[...] Tudo isso certamente terá um impacto sobre a comunidade mundial analítica. A IPA do século 21, em seus próximos cem anos, certamente não será a mesma que é agora. Alguns poderão se arrepender de tudo isso, mas outros consideram que tivemos a sorte de ter sido uma parte desses eventos extraordinários (p.17).

 

Considerações finais, ou iniciais?

Essa citação de Fonda remete-nos ao paradoxo proposto pelo “conto do instituto de psicanálise”: os que se arrependem dos avanços da psicanálise são os que gostariam de manter a tradição das formações analíticas circunscritas a institutos e sociedades sob hierarquias rígidas. As inovações trazem riscos à perda de formato, mas levam a avanços importantes, principalmente à evolução das fronteiras psíquicas transferenciais, como no paradoxo manter/romper. Que ganhos e que perdas teremos se a psicanálise tornar-se internacional, não mais restrita a sociedades e a centros locais?

No conto “Cachinhos Dourados” não há um final, mas uma janela por onde Cachi-nhos sai de cena, o que nos leva a pensar em diferentes possibilidades. Convido aqueles que permaneceram comigo até aqui a pensar nas possibilidades que a trajetória da transmissão psicanalítica apresenta-nos, seja dentro de nossos consultórios, seja na vida societária, seja na visão da transmissão global da psicanálise.

 

Referências

Akhtar, S. (2011). Freud and the far East: psychoanalytic perspectives on the people and culture of China, Japan and Korea. New York: Jason Aronson.         [ Links ]

Bauman, Z. (2000). Modernidad líquida. México DF: Fondo de Cultura Económica.         [ Links ]

Bettelheim, B. (1989). A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra.         [ Links ]

Bion, W. R. (1975). Experiências com grupos. (2ª ed., W. I. Oliveira, trad.). Rio de Janeiro: Imago.         [ Links ]

Freud, S (1987). Totem e tabu. In S.Freud, Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad. vol. 12). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1913).         [ Links ]

Hernandez, S. (2007). Relatos inconclusos acerca de la experiencia del análisis. Trabajo presentado en la III Jornada de Literatura de Psicoanálisis, “Trazas y ficciones”. Montevideo, Junio 2007, citado por David, 2011.

Kernberg, P. F. (1996). Thirty methods to destroy the creativity of psychoanalytic candidates. The International Journal of Psycho-Analysis, 77, 5: 1031-1040, apud Fonda, 2010.         [ Links ]

Paciuk, (2002). Elogio del encuadre. Revista Uruguaya de Psicoanálisis (En línea) (96) 1688 - 7247, apud David, 2011.         [ Links ]

Petre, F. G. (2008): La persona y presencia del analista en el encuadre psicoanalítico. Trabajo presentado en el XXVII Congreso Fepal, Santiago de Chile, apud David (2011).         [ Links ]

Tatar, M. (2002). The annotated classic fairy tales. New York: W.W. Norton & Company.         [ Links ]

Winnicott, D. W. (1963). Aspectos clínicos y metapsicológicos de la regresión dentro del marco psicoanalí-tico. Revista de Psicoanálisis n. 3, apud David (2011).         [ Links ]

Winnicott, D. W (1975). Objetos transicionais e fenômenos transicionais. In D.W.Winnicott, O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1951).

 

Webgrafia

David, J. S. (2011). Analisis condensado shuttle: comme llegar a ser psicoanalista desde Honduras. Ipso Journal. Recuperado em 20 maio 2012 de ipso-candidates.org.uk/2011-journal.

Eitignon, M. (1923). IPA website, disponível em http://www.ipa.org.uk/en/About/en/IPA/ipa_history/his-tory_of_the_ipa apud Fonda (2010).

Fonda, P. (2010). A virtual training institute in Eastern Europe1. EPF-Bulletin 64 (Suppl.) p.111-129. Recuperado em 20 maio 2012 de http://www.hgp-piee.org/pages/EPF-Bulletin-PIEE-final.pdf.

ILAP. www.ilap.org.uy, recuperado em 20 de maio de 2012.

IPA. Disponível em: http://www.ipa.org.uk/en/Societies/en/Societies/Society_homepage. Recuperado em 20 maio 2012.

Pré-Congress Conference, Vienna, 1972- 27th International Psycho-Analytical Congress, Vienna, Summary of The Candidates' retirada do IPSO JOURNAL, 2010, p. 15-17 disponível em http://www.ipso-candi-dates.org.uk/2011-journal, visitado em 20/05/2012. (Tradução para o Português da autora).

 

 

Correspondência:
Denise Salomão Goldfajn
Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro SBPRJ
Av. Brigadeiro Faria Lima, 1826/813
01452-001 São Paulo, SP
dgoldfajn@uol.com.br

Recebido em 29.5.2012
Aceito em 19.6.2012

 


1 A vinheta apresentada, criação da autora, é construída da experiência e do relato de pessoas em situações institucionais semelhantes. Não corresponde, portanto, a nenhuma sociedade ou instituto específico.
2 Institutos de Psicanálise filiados à IPA, International Psychoanalytic Association, lidam com a formação pedagógica e profissional dos candidatos a psicanalistas.
3 A Ipso oferece a seus membros o acesso a distintos fóruns de discussão on-line sob a forma de Yahoo-groups em diferentes idiomas - inglês, espanhol, francês, holandês, italiano e português. Disponível em: <ipso-candidates.org>.
4 O modelo Eitignon foi formulado por Max Eitignon, em 1923, que propôs o tripé de experiências no qual se apoiaria a formação do analista: análise pessoal, supervisão e cursos teóricos.
5 Lin Tao é a primeira analista formada pela IPA na China, reside em Beijing e trabalha no Ding Hospital. A pedido da autora, seu artigo não foi incluído nas referencias porque se encontra em vias de publicação.
6 Informação gentilmente concedida por Ney Marinho, a publicação das atividades do Intercâmbio SBPRJ-CPLP será divulgada em breve no site da revista Trieb e em entrevista ao Jornal da Febrapsi.

Creative Commons License