SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.47 issue2Language and the potency of the metaphor in the processes of interpretation and construction in analysisContemporary clinical thought: revisiting the technique author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.47 no.2 São Paulo Apr./June 2013

 

ARTIGOS TEMÁTICOS: O PENSAMENTO CLÍNICO E O CONTEMPORÂNEO

 

Cesuras e des-cesuras: as fronteiras da (na) complexidade

 

Caesuras and dis-caesuras: the borders of (in) complexity

 

Cesuras y des-cesuras: las fronteras de (en) la complejidad

 

 

Renato Trachtenberg

Membro titular e didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre SBPdePA, membro titular da Associação Psicanalítica de Buenos Aires APdeBA

Correspondência

 

 


RESUMO

O autor destaca a vigência teórica e clínica do conceito de cesura em Bion, em que se observa a grande importância das noções de coexistência de estados mentais e do trânsito entre eles na mente humana. Estas últimas implicam e são implicadas por um modelo mental de tipo espectral, fundamental para a compreensão da teoria de Bion. O autor enfatiza a importância da cesura para pensar e trabalhar - o que denomina complexidade do mal -, criando a palavra des-cesura para dar conta desse fenômeno. Ao diferenciar ética e moral, o presente trabalho igualmente destaca a relevância ética do conceito bioniano de cesura, expressada nas possibilidades de maior tolerância às diferenças entre o sujeito e o outro, e entre os sujeitos outros do próprio sujeito.

Palavras-chave: cesura; des-cesura; complexidade; moralidade; ética.


ABSTRACT

The author highlights the clinical and theoretical validities of the concept of caesura in Bion, in which one can observe the great importance of the notions of coexistence of mental states and of the transit among them in the human mind. The latter implicate and are implicated by a spectral mental model, fundamental to the comprehension of Bions theory. The author emphasizes the importance of caesura to think and work what he calls the evil complexity, creating the word dis-caesura to express this phenomenon. The paper, by differentiating ethics and morality, also emphasizes the ethic relevance of the Bionian concept of caesura, expressed in the possibilities of an increased tolerance to the differences between the subject and the other, and among the other subjects of the subject itself.

Keywords: Caesura; dis-caesura; complexity; morality, ethics.


RESUMEN

El autor destaca la vigencia teórica y clínica del concepto de cesura, en Bion, donde se observa la gran importancia de las nociones de coexistencia de estados mentales y del tránsito entre ellos en la mente humana. Estas últimas implican y son implicadas por un modelo mental de tipo espectral, fundamental para la comprensión de la teoría de Bion. El autor enfatiza la importancia de la cesura para pensar y trabajar lo que denomina complejidad del mal, creando la palabra des-cesura para explicar este fenómeno. El trabajo, al diferenciar ética y moral, también destaca la importancia ética del concepto bioniano de cesura, expresada en las posibilidades de una mayor tolerancia a las diferencias entre el sujeto y el otro y entre los otros sujetos del propio sujeto.

Palabras-clave: Cesura; des-cesura; complejidad; moralidad; ética.


 

 

Então Jefté reuniu todos os homens de Galaad, ofereceu batalha a Efraim, e os homens de Galaad feriram Efraim. Depois os homens de Galaad tomaram a Efraim os vaus do Jordão de maneira que, quando um fugitivo de Efraim dizia: "Deixe-me passar", os galaaditas lhe perguntavam: "És efraimita?". Se dizia: "Não", lhe respondiam: "Então dize: Shibboleth". Ele dizia: "Sibolet", porque não conseguia pronunciar doutro modo. Então o agarravam e o matavam nos vaus do Jordão (Juízes, XII, 5-6, A Bíblia de Jerusalém).

Shibboleth, palavra originária do episódio bíblico em epígrafe, é muitas vezes utilizada como uma senha que delimita, identifica e circunscreve os iniciados em um campo determinado de estudos, seguidores de alguma teoria, partidários de uma seita, adeptos de um partido político etc. Preocupado com o estabelecimento do status científico da psicanálise, Freud foi buscar na metáfora bíblica do shibboleth (espiga, em hebraico) o modelo para a definição de quem seria um psicanalista.

O termo shibboleth foi utilizado por Freud em cinco momentos de sua obra. No primeiro, em Contribuição à história do movimento psicanalítico, diz que "igualmente lamentável e vazio é tudo o que Adler expressou sobre o sonho, este shibboleth da Psicanálise" (1914/1982, p. 55).

A próxima vez que o menciona é em uma carta a Pfister, de 27.5.1919 (Pfrimmer, 1982/1994), na qual diz que o shibboleth da psicanálise é a sexualidade. No terceiro, em nota agregada em 1920 aos Três ensaios (1905/1982), ao afirmar que o reconhecimento da importância nuclear do complexo de Édipo divide os partidários dos adversários da psicanálise.

Poucos anos depois, em O ego e o id (1923/1982), usou-o a propósito daqueles que admitem ou não a importância do inconsciente. Finalmente, na 29ª das Novas conferências de introdução à psicanálise (1933/1982), discriminando, a partir de sua teoria da interpretação onírica, aquele que podia tornar-se adepto da psicanálise daquele que deveria renunciar para sempre a compreendê-la.

O inconsciente, a teoria dos sonhos, a sexualidade infantil e o complexo de Édipo são, portanto, para Freud, os shibboleths que definem uma identidade: ser psicanalista. Estabelecem fronteiras demarcadas, não transitáveis, dividindo os "partidários dos adversários da psicanálise", os seguidores de seus fundamentos daqueles que os recusam ou que devem "renunciar para sempre a compreendê-la".

Inspirado na famosa frase de Freud (1926/1982) em Inibição, sintoma e angústia -"existe muito mais continuidade entre a vida intrauterina e a primeira infância do que a impressionante cesura do nascimento poderia nos fazer acreditar" -, Bion desenvolveu o conceito psicanalítico de cesura e o transformou em um fundamental instrumento de sua teoria do funcionamento mental e do encontro analítico.

Historicamente, surge como resposta de Freud a Otto Rank e sua noção do trauma do nascimento (Chuster, 2012). Com sua frase sobre a cesura, Freud inclui, de certa forma, a noção de continuidade (que não está presente em Rank). Porém, para Freud, esta surge, apesar da "impressionante cesura". Bion dirá mais tarde que a continuidade faz parte da cesura, e não ocorre apesar dela.

O conceito de cesura foi descrito pela primeira vez em Sobre uma citação de Freud (Bion, 1976a/2000). Como pontua Sandler (2005), pode ser visto como um modo de funcionamento da barreira de contato e das transformações e invariância. Muitas vezes, o conceito é tomado, equivocadamente, como se simplesmente significasse um corte, uma interrupção - ou seja, um shibboleth.

A cesura marca a própria constituição do aparelho psíquico (interno/externo, inconsciente/ consciente, vigília/sonho etc). Mas para Bion, é uma constituição que se dá a todo momento. O analista tem que observar um trânsito entre diferentes estados mentais antes de qualquer interpretação. A própria psicanálise é um constante trânsito de um estado mental a outro.

A importância da cesura expressa-se tanto no campo teórico como na prática analítica. Falhas em sua concepção na mente do analista (e de qualquer pessoa), ou sua negação, deterioram sua capacidade negativa, intuição e criatividade, favorecendo preconceitos, racionalizações e todo tipo de concretudes.

Por outro lado, sua presença e seu uso na sessão analítica aprimoram a escuta e a compreensão psicanalítica acerca do sofrimento psíquico de nossos pacientes. Abre-se, então, um caminho para o desconhecido, inédito, inesperado, que nem sempre analista e analisando estão dispostos a tolerar (Trachtenberg, 2013).

Neste trabalho, além de destacar sua transcendência, examinarei um fenômeno psíquico que denominei de des-cesura, abordado por mim em dois textos anteriores (Trachtenberg, 2012, 2013).

Na sala de análise, pode ser observado quando, por exemplo, ocorre a presença de um analisando que não pode cumprir funções de analista, e de um analista que não pode cumprir funções de analisando. O problema central da des-cesura encontra-se na impossibilidade de trânsito, continuidade, simultaneidade e separação adequada entre diferentes dimensões psíquicas. Na maior parte do tempo, o mecanismo da des-cesura é sutil: requer um complexo e espectral vértice observacional para ser detectado (Trachtenberg, 2012, 2013).

Assim, as diferentes cesuras que permitem vivermos simultaneamente em pelo menos dois mundos (interno/externo, mental/protomental, consciente/inconsciente, simbólico/não simbólico, adulto/infantil, psicótico/não psicótico etc) podem ser reduzidas a um vértice único e monocular por múltiplos fatores. Neste trabalho, tratarei de descrevê-los.

 

A impressionante cesura

Como referido, quando retomou a frase de Freud sobre a cesura, Bion incluiu a continuidade, o que une e o que separa simultaneamente, transformando-a em conceito. Bion (1977/1989) modificou substancialmente as implicações e significado da frase de Freud ao dizer:

Investigar a cesura; não o analista; não o analisando; não o inconsciente; não o consciente; não a sanidade; não a insanidade, mas a cesura, o vínculo, a sinapse, a (contra-trans)-ferência, o humor transitivo-intransitivo (Bion, 1977/1989, p. 56).

A cesura vem a ser o vértice através do qual analista e analisando podem observar o fenômeno que ocorre na sessão psicanalítica, e pode ele mesmo vir a ser objeto da observação (Trachtenberg, 2012, 2013). Percebemos, então, uma relação entre meios aparentemente incompatíveis entre si, ou sem ligação aparente, para recuperar a intuição que capta um vínculo entre eles (invariante).

Bion se dizia impressionado pela ideia do "impressionante" na frase de Freud, porque a cesura só é impressionante em sua impossibilidade (Trachtenberg, 2012, 2013). Nas palavras de Bion:

Estou impressionado pelo fato de o nascimento físico ser tão impressionante ... O fato do nascimento certamente impressiona o indivíduo e o grupo. Mas me parece que é muito limitante supor que o nascimento físico é tão impressionante como muita gente supõe que é... Penso que a falta de discussão dessa questão é um ponto cego. Freud desenvolveu essa ideia da "impressionante cesura do nascimento", mas ele não a investigou profundamente - um grande erro, em nosso ponto de vista (Bion, 1976b/2000, p. 271).

Para Bion, ficou claro que corte e continuidade, tradição e criação, ausência e presença, ganho e perda, vida e morte, corpo e mente etc eram somente diferentes lados do mesmo fenômeno, e que a dificuldade em sustentar simultaneamente esses aparentes opostos refletiam a dificuldade humana em manter o paradoxo e, com isso, uma cesura criativa (Trachtenberg, 2012, 2013).

 

Cesura e modelo espectral

Inspirado em Klein, Bion enfatizou, como vimos, que vivemos em pelo menos dois mundos, sejam quais forem os mundos objetos da observação. Esses dois mundos são casais de fenômenos. Os diferentes lados de um mesmo fenômeno são como dois polos, dois vértices possíveis de abordagem. Cada par implica uma cesura, e cada cesura implica a possibilidade de uma perspectiva espectral. A cesura é uma expansão de um modelo mental de tipo espectral. É um requisito epistemológico desse modelo. O modelo espectral se contrasta com o modelo estrutural - sendo este menos influenciado pelos princípios que configuram a complexidade.

O modelo espectral em Bion vem desde o espectro narcisismo - social-ismo de seu livro Experiências em grupos (1948/1980) e atravessa uma série de noções como parte psicótica/não psicótica, função alfa, a teoria das posições, a grade, os vínculos positivos e negativos (lhk), a teoria das transformações etc. Elas são expressões de conceitos espectrais. A cesura é a ideia mais acabada desse modelo, e surge para dar conta desse modelo.

De acordo com Chuster (1997, 2002), o modelo espectral se define como uma indefinida e indeterminada extensão de fenômenos, dos quais podemos extrair ou construir um indefinido número de conceitos. Entretanto, é um conjunto que nunca poderá ser reconstruído por meio da soma de suas partes, uma vez que o espectro está em permanente estado de expansão e expressa a irreversibilidade do tempo.

A Cesura, como conceito espectral, implica uma renúncia à obtenção de respostas e na necessidade de uma criação constante de interpretações, sem que se alcance a finalidade de explicar. Seria uma expressão do inconsciente infinito. Na configuração espectral não existe lugar para causas ou resultados.

O modelo espectral nos ajuda a entender porque a cesura não é um lugar ou alguma espacialidade definitiva ou definível. A cesura é movimento e agenciadora de movimento. Implica uma ideia de movimento que se define por suas possibilidades de oscilação, com sua ausência produzindo inibição no desenvolvimento. Em texto anterior, utilizei a gangorra como metáfora dessa oscilação: o jogo se sustenta pela instabilidade, não pelo equilíbrio (Trachtenberg, 1998).

A des-cesura impede o reconhecimento dessa dimensão espectral e interfere com as possibilidades de movimento de um polo a outro.

 

Cesuras e des-cesuras: sobre a Complexidade do Mal

Vou considerar alguns grupos de fenômenos como evidências de des-cesuras. Poderíamos dizer, também, que as des-cesuras são evidências da presença desses fenômenos. Eles se articulam e constituem-se naquilo que denomino Complexidade do Mal: causalidade, moralidade, fanatismo, preconceito, fundamentalismo, inveja etc (Chuster & Trachtenberg, 2009). No presente trabalho, limitar-me-ei aos dois primeiros.

As últimas décadas do século XX testemunharam uma "mudança catastrófica" nos campos da ciência e da cultura. Separações como ciências da natureza ou do espírito, duras ou brandas, ciência ou arte etc, apesar de suas "impressionantes cesuras", foram perdendo espaço para continuidades imagináveis até então. De diferentes áreas surgiram noções e princípios, como a incerteza, a incompletude, a negatividade, a não linearidade, a indecidibilidade, a indeterminação etc. E englobando os anteriores, a complexidade (Trachtenberg, 2005, 2012, 2013).

A indecidibilidade da origem, em oposição a uma visão causal, propõe que, em cada vínculo, existe um ponto ("O", para Bion) no qual não podemos decidir o que pertence ao sujeito ou ao objeto, à mãe ou ao bebê, ao analista ou ao analisando, a nós ou aos autores que lemos etc. Tolerar e sustentar essa indecidibilidade requer uma adequada "capacidade negativa" (expressão que Bion tomou de uma famosa carta do poeta Keats a seus irmãos). A indecidibilidade inclui tolerância ao aleatório e ao sentido de infinito. O conceito de cesura seria impensável sem esses desenvolvimentos, que capturaram rápida e consistentemente o interesse de Bion.

Com isso, estavam dadas as condições para a abolição, na psicanálise, da noção de causalidade e de sua contraparte, resultados (um modelo de cura tipo "solução final"), em favor do conceito de indecidibilidade da origem e de um universo infinito de discurso significativo.

A paciência (Bion, 1970/1995) inclui a paciência de não buscar causas, já que, ao buscar-se o porquê, perde-se o quê, os fenômenos em trânsito, os modelos de coexistência dos estados mentais.

A teoria causal é onipotente e somente tem validade na área da moralidade: somente a moralidade pode causar algo. É uma expressão da parte psicótica da personalidade e do superego, organização não influída pelo significado. De acordo com Bion, o único mundo em que cabe dizer que as causas constituem uma característica proeminente é o mundo das coisas, não das pessoas.

A ideia de causalidade tem sentido somente nas áreas mentais separadas das emoções. Meltzer (1986) diz que um dos benefícios fundamentais de uma análise é um movimento desde uma atitude causal/explicativa, atribuidora de culpas, a uma atitude que busca compreender e aceitar a incerteza inerente à infinita complexidade do desenvolvimento humano e das relações pessoais.

Causa, para Bion, poderia categorizar-se como D2 na Grade, ou seja, uma preconcepção relativamente primitiva utilizada para impedir que algo mais possa emergir na superfície:

Alguns pacientes repetidamente afirmam que tiveram determinada experiência e logo explicam os motivos dessa experiência como parte integrante de sua formulação. Essa repetição continuada sugere um estado mental que é próprio de uma pessoa que vive unicamente em um mundo causal. O paciente que está sempre nos dizendo que sente isso ou aquilo "porque..." está evitando um particular relacionamento que existe entre uma personalidade e outra (Bion,1977/1989, p. 51).

Para Bion, dizemos "porque" quando estamos expressando somente uma sequência temporal de fatos. O descobrimento de uma causa se relaciona mais com a tranquilidade do descobridor do que com o objeto da indagação (Bion, 1967).

Sandler (1997) nos diz que o Iluminismo confiava que tudo teria uma causa: somente nosso desconhecimento nos impedia de alcançá-la. Era uma questão de tempo. O inconsciente, então, passou a ser encarado como o depósito dessas causas escondidas.

Conforme Meltzer, Bion veio em nossa ajuda ao "matar o dragão da causalidade e abrir o cosmos da mente em sua infinita possibilidade para a geração de significado" (Meltzer, 1978, p. 85).

Como podemos observar, causalidade e moralidade são duas faces do mesmo fenômeno. Contudo, quando falamos de moralidade, faz-se necessário trabalhar a diferença entre moral e ética. As ideias de Bion sobre o tema nos são conhecidas, além das que expus ao falar da causalidade. Outros pensadores, dentro e fora da psicanálise, também trabalharam esses conceitos sob o vértice da Complexidade. Suas ideias serão agora comentadas.

É importante lembrar que, para muitos autores, mesmo no âmbito da psicanálise, não existe diferença alguma entre moral e ética: seriam apenas duas formas de falar da mesma coisa. Não é o que penso. Para mim, as diferenças são fundamentais para compreendermos porque a noção de ética trabalha com a ideia de um objeto complexo, e a moral com a ideia de um objeto simples. Considero que as consequências da investigação dessas questões, na sala de análise, ainda não foram devidamente reconhecidas.

No discurso comum, fala-se indistintamente em moral e em ética. Isso se deve a uma origem comum desses dois termos. A primeira origem da palavra ética (ethos, como costumes) serviu de base para a tradução de moral, enquanto a segunda (ethos, como morada da alma) é a que, de alguma forma, orienta a utilização atual para a palavra ética.

Sendo assim, o conceito de moral está ligado ao sentido de costumes - palavra que se origina do latim mor, mores, ou o que é aceito de forma generalizada. Mesmo existindo uma equivalência entre ética e moral no que concerne à etimologia, há uma distinção fortemente apontada pela literatura.

A ética perpassa as escolhas individuais, sendo o indivíduo responsável por definir sua ética, e isso será feito através de uma reflexão crítica e disciplinada sobre o comportamento humano, que interpreta, problematiza, investiga e encontra caminhos. A moral manda, a ética recomenda. A moral faz a pergunta sobre o que devo fazer. Já a ética pergunta sobre como viver, o que desejo fazer. A ética, desta forma, é um conceito mais amplo: diz respeito à interioridade do sujeito, sem excluir a dimensão da relação com o outro.

Morin (1986/1999, 2004/2005) coloca a moral e a ética como conceitos equivalentes - por outro lado, os diferencia através do que denomina caráter complexo da ética. Parece-me que essa diferença é fundamental, e é o que define a própria ética. Para Morin, a moral é uma espécie de ética simples, na qual, como concebeu Kant, há um dever: "faça o que deve fazer", "aja pelo interesse de todos", "faça de forma que aquilo que se quer do outro seja válido para você também" etc.

Essa ética simples é a ética do dever moral. A complexidade ética, contudo, manifestar-se no plano da ação, naquilo que Morin chama de ecologia da ação. Uma ação não depende somente da vontade daquele que a pratica, depende também dos contextos em que ela se insere, das condições sociais, biológicas, culturais, políticas, que podem mudar o sentido daquilo que é nossa intenção.

Lembra Morin que a "moralina" (termo de Nietzsche) é a simplificação e a rigidificação ética que conduzem ao maniqueísmo, ignorando a compreensão, a magnanimidade e o perdão. Podemos reconhecer dois tipos de "moralina": a "moralina" da indignação e a "moralina" da redução; uma alimenta a outra.

A indignação sem reflexão nem racionalidade conduz à desqualificação do outro. Impregnada de moral, a indignação não passa, com frequência, de uma máscara de cólera imoral.

A "moralina" de redução, diz Morin, coloca o outro no plano mais baixo da escala, remetendo-o aos seus maus atos realizados e às suas ideias nocivas, pelo que é totalmente condenado. Significa esquecer que esses atos ou ideias dizem respeito somente a uma parte da vida do sujeito - que, depois, pode ter evoluído, ou mesmo se arrependido. Como disse Hegel, citado por Morin, "o pensamento abstrato só vê no assassino essa qualidade abstrata [tirada do seu contexto] e [destrói] nele, graças a essa única qualidade, todo o resto da sua humanidade" (2004/2005, p. 56).

A moral, em sua não complexidade, obedece a um código binário bem/mal, justo/injusto. A ética, em sua complexidade, aceita que um bem possa conter um mal, o mal um bem, o justo o injusto, o injusto o justo.

O bem e o mal comportam incertezas e contradições internas. Assumir a incerteza do destino humano conduz a assumir a incerteza ética, e vice-versa. A ética é sempre inacabada, frágil, problemática, em combate, em movimento, como o próprio ser humano (Morin, 2004/2005).

O mal é também complexo. Toda tentativa de explicação sempre corre o risco da simplificação, do reducionismo da causa, generalizações que remetem a uma essência última. Uma ação destrutiva contra a própria complexidade. O mal é real, mas não pode ser unificado nem reduzido a um princípio. Comporta incerteza e contradição. Não pode ser limitado a um maniqueísmo de absoluta disjunção e separação.

No limite, o Bem se torna Mal, e o Mal se torna Bem. Deus e Satã são duas figuras do mesmo. Deus e Satã não estão fora nem acima de nós. O pior da crueldade e o melhor da bondade do mundo estão no ser humano.

Disse um sobrevivente do holocausto: "A única coisa que aprendi é que não existe nada que um ser humano não possa fazer a outro e nada que um ser humano não possa fazer por outro" (Baer, 2006, p. 43).

A ética é complexa por não impor uma visão maniqueísta do mundo e renunciar à vingança punitiva. É complexa por ser uma ética da compreensão, sabendo-se que a compreensão reconhece a complexidade humana.

Hanna Arendt (1970/1993, 1971/1995) nos ensina que, para Kant, a lei moral não nos diz o que fazer - ela opera como critério de universalização, ao qual submetemos nossas regras de ação ou máximas, como: "não matar". Assim, toda máxima que puder tornar-se uma lei universal - válida para todos os seres racionais - é moral.

Sócrates foi acusado porque concebia que cidadãos reflexivos, purgados de suas crenças, seriam melhores para Atenas. A cidade, ao contrário, o declarava corruptor da juventude, na medida em que solapava as crenças tradicionais em que se baseava a conduta moral.

A busca de significado empreendida pelo pensamento tende sempre a examinar de novo e, em alguma medida, dissolver doutrinas e regras aceitas. Diz Arendt (1971/1995) que não há pensamentos perigosos: o próprio pensar é que é perigoso. Sócrates ensinava um pensar sem resultados, além do próprio pensar, como o oposto de uma doutrina.

Por isso, Arendt (1971/1995) frisa que moral e atividade pensante, reflexiva, têm objetivos muito diferentes e são quase incompatíveis em seus propósitos. A ética, por outro lado, se fortalece com o pensar: ela o exige, ao mesmo tempo em que o estimula. Pensar é igualmente perigoso para todos os credos e, por si mesmo, não produz algum novo credo.

A ideia que o maior mal possa ser praticado de um modo banal pelo mais insignificante e servil dos homens perturba a mente daqueles que pensam que o mal vem de um ser monstruoso, fora da categoria do humano. Arendt expressa essa ideia quando pontualiza que teria sido reconfortante acreditar que Eichmann era um monstro (Arendt, 1963/1994).

Para Derrida, é preciso preservar a ideia de que todo homem, quaisquer que sejam seus atos, faz parte da ordem do humano, e não deve ser expulso dela como se fosse não humano. Isso, diz ele, é o que nos possibilita não respondermos com a pureza moral ao ideal de pureza dos diferentes genocídios (Derrida & Roudinesco, 2001/2004).

A ética se estrutura por meio de princípios. É resultante de conflitos e tensões permanentes entre o Eu, o Isso e a realidade exterior. Portanto, está sujeita a transformações pelos acordos que se fazem necessários entre as três instâncias, em um mundo em movimento constante. Exige pensamento reflexivo, pois demanda decisões e responsabilidade. A diferença que deve ser feita aqui é entre culpa (moral) e responsabilidade (ética). A ética tolera contradições e paradoxos e não suporta codificação; a ideia de um código de ética é fundamentalmente moral (Trachtenberg, 2008, 2012).

É um homem da Modernidade que, corajosamente, termina por derrubar um dos mais caros pilares modernistas. Ao investigar e descobrir o inconsciente - a partir do seu próprio -, Freud cria a psicanálise com seu potencial transformador/revolucionário. A revelação dos desejos inconscientes como formadores de uma ética inerente aos humanos, enraizada na mais caótica e profunda estrutura constitutiva do ser, transgride os códigos estabelecidos.

A psicanálise inaugura uma ética dos - e para os - homens, determinada por aquilo que é o grande reservatório de nossas grandes e pequenas "imoralidades". O eu, longe de ser uma instância autônoma, é forçado a acordos infinitos com o inconsciente. O espaço/tempo do não codificável inconsciente estará, então, estruturando a ética mesma da psicanálise. A ética não se institui fora dele: ela o inclui, e é por ele incluída.

Sabemos que os princípios introduzidos por Freud (recomendações, como ele mesmo sugeriu), que norteiam a técnica analítica, são reconhecidos, ao mesmo tempo, como a ética da psicanálise. Sabemos, também, que esses princípios receberam o status de regras em alguns de seus escritos sobre a técnica analítica.

Entretanto, a obediência sugerida por meio dessas regras não deve nos afastar do fato psíquico de que elas são frequentemente "desobedecidas" simplesmente pela presença e interferência inevitável do inconsciente do analisando e do analista. Isso vale para qualquer item do chamado contrato analítico. Graças a essas "desobediências" é que se configura e se desenvolve o processo analítico ou - quando a interferência do inconsciente se faz intensamente obstrutiva - produz sua dissolução.

Atento à sua força demoníaca, Freud começou a se preocupar com a análise dos analistas e a recomendar as reanálises. Recomendação essa que reconhecia o onipresente poder do inconsciente (transferência e contratransferência) e que, ao mesmo tempo, testemunhava sua renúncia a qualquer questionamento moral.

Analisar-se e se reanalisar, tantas vezes se fizesse necessário, seria o preço a pagar por lidar, em si e no outro, com tamanha turbulência. Não existem garantias, apesar do conhecido discurso do catonismo militante presente em certa psicanálise de hoje e de sempre.

Lacan dizia que a experiência analítica nada mais é do que a constatação de que o inconsciente não deixa nenhuma de nossas ações fora de seu campo. Assim, temos que concluir que qualquer escolha ou decisão estará ocorrendo em uma zona de névoa, de imprecisão e incerteza. Essa fragilidade potencial colabora para a constante captura da ética pela moralidade do establishment, os conhecidos guardiões da "moral e dos bons costumes", condutores de cerimônias de purificação (aliás, uma das origens da palavra holocausto).

Ao querer se desembaraçar do rechaçado em si, por meio de atos de intolerância que projetam no outro o que o Eu não quer admitir em si mesmo, abrimos caminho para o fanatismo moral característico das mentes puras, das raças puras e da psicanálise pura. Como mais ou menos afirma Pontalis (1977/2005), é uma árdua tarefa resistir a ver no outro diferente o depositário de nossa semelhança rechaçada. O fanatismo "mais fanático" não surge tanto pela intolerância ao diferente, e sim pelo repúdio do semelhante que não queremos que nos habite, fazendo-o habitante do outro.

Não há alguma capacidade natural que nos oriente na distinção entre o que é bom e o que é mau. O que Freud nos mostra é que agir segundo a moral não nos livra da culpa -ao contrário, quanto mais nos fazemos dóceis às exigências da cultura, mais ela nos exige. O superego não é complacente com os bons - e, mais, o superego não é justo com os bons. É o que Freud nos mostra em O mal-estar na cultura (Garcia Roza, 1993).

Como destaca Kehl (2002), o superego, embora se constitua a partir da incidência da Lei, não é exatamente uma instância ética. Mesmo que o superego seja herdeiro do complexo de Édipo, não significa que ele se produza a partir da elaboração da falta. Ao contrário, a exigência de perfeição do superego mantém-se em função da evitação da falta, de algo que já se produziu, mas do qual o sujeito não quer saber.

Ainda que exista alguma coincidência entre o desejo inconsciente e a verdade do sujeito, não se pode dizer que o desejo seja ético. Tampouco antiético. Ele é, isto sim, indiferente às razões éticas. O inconsciente desconhece o bem e o mal (Kehl, 2002).

Em vez de produzir certezas sobre o ser, a psicanálise surge como uma espécie de prática da dúvida. O máximo que se pode esperar de uma análise é que, ao final do percurso, nos tornemos um pouco mais íntimos do estranho que existe em nós.

Bion sempre reconheceu o importante papel da dúvida para evitar o dogmatismo do superego, considerado por ele como moralista e psicótico. Para ele, o cogito, ergo sum é o fracasso do duvidar da dúvida. Lembro-me de algo semelhante dito por Luís Fernando Veríssimo: penso, logo hesito. É uma proposta de uma dúvida metódica como instrumento na progressiva e infinita capacidade de pensar do ser humano.

 

Nas fronteiras de uma conclusão

Quais são as fronteiras que unem os homens uns aos outros?
(Émile Durkheim, 2012).

O conceito de cesura indica que o psicanalista, na sala de análise, está em um estado transiente de tornar-se psicanalista. Quando usamos qualquer shibboleth para determinar quem é e quem não é um psicanalista, esquecemos que a identidade de um psicanalista está sempre em um estado de tornar-se. Nesse sentido, o estado de vir-a-ser um psicanalista é um indicador de que existe uma cesura operando, como a cesura do nascimento, que não nos permite afirmar quando uma pessoa nasce ou quanto de uma pessoa ainda não nasceu.

A cesura implica a coexistência de múltiplos estados mentais, em uma situação de turbulência emocional e sem um sentido evolutivo de um a outro (sendo esse, quase sempre, um sinal da presença de juízo moral). Assim, desenvolvimento significa um aumento nas possibilidades dessa coexistência, com o surgimento de novas formas de vínculos entre os estados mentais.

A coexistência e a forma como se vinculam, transitam e "negociam" é o que denominamos de singularidade do sujeito. É o que nos diferencia e é o que nos une. A tolerância maior a tal possibilidade, sem uma importante necessidade de exclusões/projeções, é o meu conceito de uma análise de êxito ou consecução (análise "of achievement").

Como vemos, está aí implicado o pensamento complexo, a transitoriedade e o paradoxo (pensamento dialógico e não dialético). Sua presença é o que chamo de ética. Sua ausência é o que denomino moralidade ou sistema moral.

Bion (1992/2000) lembra, apoiando-se em Martin Buber, que uma das fraquezas da linguagem articulada é demonstrada ao se usar um termo como "onipotência" para descrever uma situação que, de fato, não pode ser descrita de modo totalmente preciso apenas por intermédio de um tipo de linguagem. "Onipotência" deve sempre significar também "desamparo" - não pode haver alguma palavra isolada que descreva uma coisa sem descrever também a sua recíproca. Toda palavra inclui seu outro lado. Cesura é uma palavra que deve ser acompanhada de des-cesura.

Lembra Derrida que hostis, em latim, significa tanto hóspede como inimigo (Derrida & Roudinesco, 2001/2004). O outro, não recebido sem angústias, sem contradições, sem conflitos. É o estrangeiro, o desconhecido, o que fala outra língua, ainda que fale a mesma, já que sempre há uma dimensão estrangeira, estranha e íntima no outro, no outro do outro, no outro de mim.

O sistema moral não tolera a ideia de um outro lado, mas o próprio sistema nos pertence como um outro lado. E é essa complexidade que nos ajuda, até certo ponto, a acolhê-lo, contê-lo, tolerá-lo, dentro de nossas possibilidades.

O lado oculto da lua é oculto de acordo com um foco (vértice) determinado. Para ver o que não é visível devemos cegar-nos artificialmente, disseram Sócrates, Freud, Bion e muitos outros. Todo foco requer um desfocar-se para ver o outro lado, aquele que está oculto: mas que está ali, em mim e no outro.

O Mal e o Bem são complexos. Melhor falar de Complexidade do Mal e Complexidade do Bem. É um casal de palavras. É um casal complexo como qualquer casal. É sobre esses casais que devemos conversar com nossos analisandos, nossos colegas, nossos outros e nossos outros lados.

Quando penso que o Mal é apenas um lado do outro ou de seu outro lado, e não um outro lado de mim, é porque não consegui melhor negociação entre os diferentes lados de mim. Minha ovelha negra da família deixa de ser reconhecida como ovelha, da minha família.

A cesura é o que me permite cruzar as fronteiras que me separam dos outros e dos outros de mim. As des-cesuras me isolam, me interrompem, dos outros e de mim. Advertem-me: cuidado com os outros, eles são agora outros de ti, eles agora são outros em ti.

 

Referências

Arendt, H. (1993). Lições sobre a filosofia política de Kant. Rio de Janeiro: Relume Dumará. (Trabalho original publicado em 1970).         [ Links ]

Arendt, H. (1994). Eichmann in Jerusalem. New York: Penguin. (Trabalho original publicado em 1963).         [ Links ]

Arendt, H. (1995). A vida do espírito. Rio de Janeiro: Relume-Dumará. (Trabalho original publicado em 1971).         [ Links ]

Baer, A. (2006). Holocausto, recuerdo y representación. Madri: Losada.         [ Links ]

Bion, W. R. (1967). Comentários. In W. R. Bion, Estudos psicanalíticos revisados. Rio de Janeiro: Imago.         [ Links ]

Bion, W. R. (1980). Experiencias en grupos. Barcelona: Paidós. (Trabalho original publicado em 1948).         [ Links ]

Bion, W. R. (1989). Caesura. In W. R. Bion, Two papers: the grid and caesura (pp. 51-56). London: Karnac. (Trabalho original publicado em 1977).         [ Links ]

Bion, W. R. (1994). Learningfrom experience. Northvale, NJ: Jason Aronson. (Trabalho original publicado em 1962).         [ Links ]

Bion, W R. (1995). Attention and interpretation. Northvale, NJ: Jason Aronson. (Trabalho original publicado em 1970).         [ Links ]

Bion, W. R. (2000). On a quotation from Freud. In W. R. Bion, Clinical seminars and other works. London: Karnac. (Trabalho original publicado em 1976a).         [ Links ]

Bion, W. R. (2000). Four discussions. In W. R. Bion, Clinical seminars and other works. London: Karnac. (Trabalho original publicado em 1976b).         [ Links ]

Bion, W. R. (2000). Cogitações. Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1992).         [ Links ]

Chuster, A. (1997). A influência da ciência na psicanálise. Revista do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre, 6, 189-202.         [ Links ]

Chuster, A. (2002). Novas leituras: dos princípios ético-estéticos à clínica. Rio de Janeiro: Companhia de Freud.         [ Links ]

Chuster, A. (2012). Comentário pessoal.         [ Links ]

Chuster, A. & Trachtenberg, R. (2009). As sete invejas capitais: uma leitura psicanalítica contemporânea sobre a complexidade do mal. Porto Alegre: Artmed.         [ Links ]

Derrida, J. & Roudinesco, E. (2004). De que amanhã... Rio de Janeiro: Zahar. (Trabalho original publicado em 2001).         [ Links ]

Durkheim, E. (2012, 15 de novembro). Jornal Zero Hora. Porto Alegre.         [ Links ]

Freud, S. (1982). Tres ensayos de teoría sexual. In S. Freud, Obras completas (Vol.7). Buenos Aires: Amorrortu. (Trabalho original publicado em 1905).         [ Links ]

Freud, S. (1982). Contribución a la historia del movimiento psicoanalítico. In S. Freud, Obras completas (Vol. 14). Buenos Aires: Amorrortu. (Trabalho original publicado em 1914).         [ Links ]

Freud, S. (1982). El yo y el ello. In S. Freud, Obras completas (Vol. 19). Buenos Aires: Amorrortu. (Trabalho original publicado em 1923).         [ Links ]

Freud, S. (1982). Inhibición, síntoma y angustia. In S. Freud, Obras completas (Vol. 20). Buenos Aires: Amorrortu. (Trabalho original publicado em 1926).         [ Links ]

Freud, S. (1982). Nuevas conferencias de introducción al psicoanálisis. In S. Freud, Obras completas (Vol. 22). Buenos Aires: Amorrortu. (Trabalho original publicado em 1933).         [ Links ]

Garcia-Roza, L. A. (1993). O mal radical em Freud. Rio de Janeiro: Zahar.         [ Links ]

Kehl, M. R. (2002). Sobre ética e psicanálise. São Paulo: Companhia das Letras.         [ Links ]

Meltzer, D. (1978). The kleinian development part III: the clinical significance of the work of Bion. Perthshire, UK: Clunie Press.         [ Links ]

Meltzer, D. (1986). Studies in extended metapsychology: clinical applications of Bions ideas. Perthshire, UK: Clunie Press.         [ Links ]

Morin, E. (1999). O método 3: o conhecimento do conhecimento. Porto Alegre: Sulina. (Trabalho original publicado em 1986).         [ Links ]

Morin, E. (2005). O método 6: ética. Porto Alegre: Sulina. (Trabalho original publicado em 2004).         [ Links ]

Pfrimmer, T. (1994). Freud, leitor da Bíblia. Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1982).         [ Links ]

Pontalis, J. B. (2005). Entre o sonho e a dor. Aparecida, SP: Ideias & Letras. (Trabalho original publicado em 1977).         [ Links ]

Sandler, P. C. (1997). A apreensão da realidade psíquica. Rio de Janeiro: Imago.         [ Links ]

Sandler, P. C. (2005). The language of Bion. London: Karnac.         [ Links ]

Trachtenberg, R. (1998). A gangorra. Revista do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre, 7,137-154.         [ Links ]

Trachtenberg, R. (2005). O modelo ético-estético de Bion/Meltzer: da paixão pela psicanálise à psicanálise da paixão. (Trabalho apresentado no painel "Modelos ético-estéticos a partir de Bion e Meltzer", no 44ºCongresso da International Psychoanalytical Association IPA, Rio de Janeiro).         [ Links ]

Trachtenberg, R. (2008). As fronteiras: uma proposta para pensar diferenças entre ética e moral. Revista do Instituto de Psicologia (Ipsis), 2, 26-32, Novo Hamburgo, RS.         [ Links ]

Trachtenberg, R. (2012). Cesuras e des-cesuras: alguns pensamentos sobre o lado oculto da lua. Berggasse 19 - Revista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto, 3(1),97-121.         [ Links ]

Trachtenberg, R. (2013). Caesura, denial and envy. In Levine, H. & Brown, L. (Eds.).Growth and turbulence in the container/contained: Bions continuing legacy. London: Routledge.         [ Links ]

 

 

Correspondência:
Renato Trachtenberg
Rua Dr. Florêncio Ygartua, 391/406
90430-010 Porto Alegre, RS
Tel.: (51) 3330-6453
renatotrachtenberg@gmail.com

Recebido em 15.2.2013
Aceito em 11.4.2013

Creative Commons License