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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.47 no.4 São Paulo out./dez. 2013

 

TRABALHOS PREMIADOS

 

Considerações sobre o trabalho do negativo a partir de uma experiência clínica1

 

Considerations on the work on the negative from a clinical experience

 

Consideraciones sobre el trabajo de lo negativo a partir de una experiencia clínica

 

 

Vera Lúcia Colussi Lamanno Adamo

Membro efetivo do Grupo de Estudos Psicanalíticos de Campinas (GEPCamp) e da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP)

Correspondência

 

 


RESUMO

A partir de uma experiência analítica, e apoiada no conceito de trabalho do negativo elaborado por Green (1993/2010), discute a autora uma dinâmica em que o negativo ocupa um lugar predominante de recusa à escolha e contradições. Uma dinâmica em que o sim e o não, presença e ausência apresentam-se em estado de quase total incomunicabilidade, propiciando um campo mental marcado por uma rejeição a tudo e, ao mesmo tempo, uma apropriação de tudo, na anulação. Uma estrutura que elimina, através de graus extremos de cisão, expulsão-fechamento, supressão e apagamento, qualquer noção de uma existência com parcerias (copulação, fertilização, gestação). Discute-se também que essa configuração mental expõe o analista a uma contínua dinâmica de destruição/sobrevivência de suas capacidades mentais. Sobrevivência que se relaciona com a capacidade do analista de não retaliar nem sucumbir ao pacto de eliminação de uma relação mental criativa. E trabalho analítico que se alcança por meio da manutenção do trabalho de ligação dos afetos, imagens e palavras, conforme são vivenciados e expressos na transferência e na contratransferência.

Palavras-chave: trabalho do negativo; presença; ausência; processos de simbolização.


ABSTRACT

Taking an analytical experience as a starting point, and based on the concept of the work on the negative, elaborated by Green (1993/2010), the author discusses a dynamic where the negative occupies a predominant place of refusal of choice and contradictions. A dynamic where Yes and No, Presence and Absence are in almost complete incommunicability, permitting the development of a mental field characterized by the rejection of everything and, at the same time, an appropriation of everything, in annulment. A structure which eliminates, through extreme levels of splitting, expulsion and closing down, supression and annulment, any notion of an existence with partnership (copulation, fertilization, gestation). It is also discussed that this mental configuration exposes the analyst to a continuous process of destruction/survival of his own mental capabilities. Survival being related to the capacity of the analyst neither to retaliate nor to succumb to the pact of elimination of a creative mental relationship. The analytical work as being achieved through the maintenance of the linking of the affects, images and words as they are experienced and expressed in transference and countertransference.

Keywords: the work on the negative; presence; absence; symbolization processes.


RESUMEN

A partir de una experiencia analítica apoyada en el concepto del trabajo de lo negativo, elaborado por Green (1993/2010), se discute una dinámica donde lo negativo ocupa un lugar que se destaca por el rechazo a la elección y contradicciones. Una dinámica donde el Sí y el No, Presencia y Ausencia se presentan en estado de casi total incomunicabilidad, proporcionando un campo mental marcado por un rechazo a todo y, al mismo tiempo una apropiación de todo, en la anulación. Una estructura que elimina, a través de niveles extremos de división, expulsión-retención, eliminación y bloqueo, cualquier noción de una experiencia con asociaciones (copulación, fertilización, gestaciones). Se discute también que esa configuración mental expone al analista a una continua dinámica de destrucción/supervivencia de sus capacidades mentales. Supervivencia que está relacionada con la capacidad del analista de no colocarse en contra y tampoco someterse al pacto de eliminación de una relación mental creativa. El trabajo analítico se alcanza a través del mantenimiento del trabajo de asociación de los afectos, imágenes y palabras, de acuerdo a como se viven se expresan en la transferencia y en la contratransferencia.

Palabras clave: trabajo de lo negativo; presencia; ausencia; procesos de simbolización.


 

 

O trabalho do negativo na constituição e evolução do psiquismo

Green (2000) reúne os mecanismos afins: supressão, cisão ou repúdio, forclusão ou rejeição e negação na concepção de trabalho do negativo. Distingue, fundamentado em Bion, a "não-coisa" e o "nada", salientando que a ausência, que é encontrada em condições normais e neuróticas, leva a representações e fantasias, enquanto o "nada" diz respeito, predominantemente, à destruição, uma forma mais precisa de supressão.

... esta destruição, que pode ser entendida tanto na linha de Freud de forclusão e rejeição quanto de acordo com as ansiedades de aniquilamento de Klein, e que resultam não tanto em fantasias arcaicas de destruição, mas, como Winnicott e eu mostramos, numa destruição da atividade psíquica de representação, cria "buracos" na mente, ou sentimentos de oco, de vazio (Green, 2000, p. 144).

No entanto, o conceito de trabalho do negativo não se limita a elucidar esses mecanismos, diz respeito à própria constituição do psiquismo e sua evolução. O negativo, propõe Green (2000), está na base da atividade psíquica e não só é normal, como também é um pré-requisito para qualquer espécie do desenvolvimento psíquico. Sob essa perspectiva, o negativo não se restringe às vicissitudes do ego e aos seus mecanismos de defesa: diz respeito às dinâmicas de coexistência entre afirmação e negação, entre ausência e presença. Dinâmicas que podem corresponder a operações de coexistência disjuntiva ou conjuntiva (Green, 1988) desses elementos.

Quando a coexistência entre o Sim e o Não, entre a Ausência e a Presença é disjuntiva, o trabalho do negativo completa-se sob os auspícios da pulsão destrutiva, tomando a forma de uma exclusão radical, a qual leva a marca da rejeição (forclusão de Lacan ou a Verwerfung freudiana). Nesses casos, a meta da pulsão (de morte) é a de realizar ao máximo uma função desobjetalizante através do desligamento, do desinvestimento (Green, 1988). O seu sucesso manifestando-se pela extinção da atividade projetiva que se traduz então, sobretudo, pelo sentimento de morte psíquica - alucinação negativa do eu (Green, 1988). Ao invés de proceder a uma reunião, a operação disjuntiva do trabalho do negativo separa, impedindo toda a escolha e todo investimento positivo. O objeto perde a sua individualidade específica, sua singularidade, tornando-se qualquer objeto ou nenhum objeto. A função desobjetalizante implica um desinvestimento negativo dos objetos externos, internos ou mesmo transicionais. O intuito da mente, tornando-se uma tendência ao desaparecimento do self, estando mais ligado à inexistência do que à agressão.

Quando a coexistência é conjuntiva, a repressão se efetua a partir do modelo de aceitações e de recusas do objeto - a relação do objeto foi internalizada, o Sim e o Não, a Presença e a Ausência foram introjetados, propiciando o estabelecimento do limite entre o consciente e o pré-consciente de um lado, e o inconsciente de outro (Green, 1988). Uma dinâmica na qual o negativo tem seu lugar na sustentação do conjunto. Nesse caso, o trabalho do negativo está sendo efetuado sob o primado de Eros, garantindo uma função objetalizante:

... isto significando que o seu papel é não apenas o de criar uma relação com o objeto (interno e externo), mas que ela se revela capaz de transformar estruturas em objeto, mesmo quando o objeto não está mais diretamente em questão (Green, 1988, p. 64).

Quanto mais o trabalho do negativo propicia o recalque, mais a polaridade Sim-Não, Ligação-Desligamento, vem acompanhada de um religamento no inconsciente. E quanto mais o trabalho do negativo instaura uma dinâmica que se afasta da repressão, mais se constata a operação de defesas, tais como forclusão ou rejeição radical. O resultado é um buraco vazio na mente, que não só atua como um vazio interno, mas tem o poder de atrair todos os conteúdos mentais ou pensamentos ligados ao tópico principal, central, de espaço vazio (Green, 2000). Uma atividade de "apagamento" que nada tem a ver com a repressão como censura e, sim, com a supressão radical do que ocorre na mente.

Este processo de apagamento está relacionado à representação interna do negativo, ou seja, uma representação da ausência de representação, que se exprime no pensamento em termos de alucinação negativa, ou no campo do afeto, vácuo, vazio ou, em menor grau, futilidade, ausência de significado (Green, 1997, p. 241).

 

Uma dinâmica do negativo: a experiência clínica com Ângela

Chamarei de Ângela uma analisanda de quarenta e poucos anos. Relatou que o que a motivara a buscar esse tipo de tratamento tinha a ver com uma terrível sensação que havia experimentado durante uma viagem para o exterior (de fato, sua primeira viagem para o exterior). Algumas amigas vinham lhe sugerindo fazer análise - demorou a aceitar essa ideia, pois achava que deveria resolver seus problemas sozinha, que seria uma espécie de fracasso admitir que precisasse de ajuda.

Episódios de hipertensão a fizeram, enfim, buscar tratamento. Além disso, mais ou menos quatro sessões após o início da análise, mostrando receio de que talvez eu não quisesse mais atendê-la, confessou: "Eu sou homossexual, tudo bem com você?"

Sua atual companheira, mais jovem do que ela - que já havia sido casada com um homem (com quem tivera uma filha) -, estava saindo com outra mulher. A ameaça de término dessa relação suscitava-lhe sensações muito próximas das que experimentara em sua viagem para o exterior.

Estava com medo. Não conseguia dormir. Andava insone pela casa. Assistia filmes após filmes, para se acalmar.

Nas sessões, Ângela dizia que não conseguia entender por que estava tão perturbada com a traição de sua companheira, já que sempre havia buscado e estabelecido relações "abertas". Um compromisso em que a ordem do dia era a de se envolver sexualmente com outras mulheres, sem segredos e sem mentiras.

Durante os primeiros meses de análise, percebi a analisanda em uma situação-limite, a viver intensas emoções e sensações com as quais tinha muito pouca familiaridade, posto que destituídas de nome, lugar e origem. O ciúme, a ira, os sentimentos de abandono e exclusão que Ângela vivenciava devido à traição soavam muito vagos. Quando contava que havia procurado, na conta telefônica de sua companheira, "pistas" de um envolvimento com outra mulher, não sentia ciúmes nem ira, somente um terrível mal-estar, imediatamente transformado em racionalismo: "Afinal, eu mesma já fiz isso com outras companheiras"

Tais momentos de agitação e turbulência duraram pouco na análise. Ângela apaixonou-se por outra mulher bem mais jovem do que ela, amiga de sua companheira. Isso, a princípio, aumentou seu assombro e agitação. Esboçou algum sentimento de culpa, chegou a cogitar: "Por vingança?" No entanto, logo rompeu com sua companheira e iniciou uma relação com essa "outra" mulher.

Tudo isso sem alardes. Sem brigas. Sem discórdias. Tudo sendo resolvido de forma civilizada, como dizia. E isso era muito importante para ela: continuar sendo amiga de suas ex-companheiras. As três mulheres trabalhavam em um mesmo lugar. E assim continuaram. Acabou uma relação. Começou outra. É muito importante para mim, frisava Ângela, que seja desse jeito: "Sempre fico amiga de minhas ex-companheiras" Às vezes, relatava-me, saíam as três juntas para jantar ou se reuniam para um bate-papo na casa de uma delas.

A relação com a atual amante, as alterações de humor, a exaltação, a efervescência da alma, característicos de uma mente provocada pela "paixão nascente", foram pouco comentadas ou expressas de forma evidente nas sessões, embora se soubesse de alguma maneira que estavam lá. Ângela dizia, algumas vezes: "Estou apaixonada... como é bom estar apaixonada novamente".

Ângela ia, assim, dando-me a conhecer sua forma específica de lidar com o Sim e com o Não, com a Presença e com a Ausência, com a dor da perda, com a ira, com o ciúme, com seus sentimentos de abandono e de exclusão. Obstinada a rejeitar qualquer alteração em si, Ângela desenvolveu um sistema de crenças rigidamente estabelecido e rigorosamente mantido. Nunca ou muito raramente perdia a paciência. Jamais uma palavra áspera para alguém. Era preciso ter caridade, disse-me ela, através de um texto escrito três anos já após o início da análise: "Não se devia odiar... era preciso perdoar... era preciso compreender as fraquezas humanas... resignar-se à ausência e à rispidez... dizia a si mesma que não era perfeita e que também ela era uma decepção ao outro".

Ângela seguia suas normas à risca. Havia em seu rosto uma candura, uma placidez. Havia uma brandura. Não se queixava, não reclamava, não criticava ninguém, não se zangava com ninguém de maneira evidente. Não mostrava qualquer desapontamento em relação a mim ou em relação às pessoas de sua convivência.

Em uma sessão, mais ou menos três anos após o início da análise, Ângela me contou que, em sua infância, morava ao lado de sua casa uma senhora muito idosa que vivia sozinha. Costumava ir lá todos os dias. Levava todos os dias, para ela, as refeições preparadas por sua mãe. Gostava muito de ficar com ela. Não se lembrava do que conversavam, mas que era muito bom vê-la todos os dias.

Um dia, contou-me Ângela: "Eu cortei o dedo com uma faca e a empregada enrolou um pano para estancar o sangue". No dia seguinte, ao tirar o pano do dedo, ficou encantada com as manchas vermelhas ali estampadas. Resolveu então dá-lo à velha senhora, sua grande amiga. Aquele pedaço de pano, disse, continha coisas minhas, e resolvi, então, dá-lo de presente a ela. Achava que era o melhor presente que uma criança poderia dar a alguém de quem gostava muito. Qual não foi, contudo, sua surpresa quando, dias depois, a velha senhora lhe mostrou o pano bem-lavado e bem-passado, guardado em uma gaveta. Foi um momento de grande decepção para Ângela: "Como eu era muito pequena, não consegui entender o que se passava, mas nossa relação nunca mais foi a mesma. Dali em diante eu continuei indo à casa dela todos os dias, mas nunca mais foi a mesma coisa".

Por meio de recortes de sua infância, Ângela trouxe para a sessão o que entendi ser uma metáfora de seu funcionamento mental quando enfrentava vivências de intenso desapontamento com o objeto. O objeto desejado, amado - porém falho - não era transformado em um objeto hostil e mau. Tampouco era transformado em um objeto melancólico que, embora morto e danificado, é uma presença no mundo interno, é representável, embora esmagado com o peso da decepção.

O objeto desapontador e falho de Ângela tornava-se um objeto desinvestido, a ponto de tornar-se um objeto nem vivo nem morto. Um objeto que não provocava nem sonhos, nem sono, um objeto neutro e imparcial.

Através de manobras radicais, Ângela transformava o objeto desapontador em um objeto branco, bem-passado e bem-lavado, sem qualquer utilidade. Um objeto destituído de registros, marcas e impressões, que fundamentam o jogo de simbolização necessário para se viver mais o conflito do que a tensão; mais a crise do que o êxtase e a descarga; mais a criação do que a expressão; mais o deslocamento do que o acting-out no corpo e no mundo exterior.

 

O paredão branco

Nos primeiros meses de análise, Ângela mostrou suas manobras radicais para lidar com o que lhe "saltava aos olhos". Rompeu com a ex-companheira, ao mesmo tempo em que iniciava uma relação com uma amiga desta. Um arranjo que, ao coincidir com o início da análise, denunciava também uma forma de suprimir e apagar qualquer manifestação de vivências transferenciais. Às vezes, ela dizia: "Minhas amigas dizem que se apaixonaram pela analista - engraçado, não sinto nada disso aqui". Essa sua comunicação tinha mais o efeito, em mim, de um imobilismo do que permissão para encarar sua fala sob diferentes ângulos e contextos mais extensos.

Quando tudo ficou arranjado entre Ângela e suas companheiras (a ex e a atual), a análise caiu em um período marcado por faltas, atrasos e suborno da atividade analítica. Por muitas sessões, pairava no ar uma insipidez, que parecia reproduzir no campo analítico uma falta de contorno em sua realidade psíquica. Uma trivialidade de expressões que parecia não pertencer a ninguém: nem a mim, nem a ela. Não havia sintomas localizáveis e, não raro, nesse período, ela dizia que havia demorado tanto para buscar análise porque - no fundo, no fundo - pressentia que era um processo muito delicado e que necessitava ser feito por um profissional muito bem-formado. Solicitava-me, então, conselhos a respeito de alguma dificuldade em seu trabalho e com familiares, além de indicações de analistas para amigos e parentes.

A princípio, pensei serem esses movimentos transferenciais de Ângela fruto de sedução e idealização - no entanto, à medida que fui me familiarizando com as minhas vivências contratransferenciais, passei a conjeturar que esse comportamento de Ângela estava mais próximo a uma necessidade de aderência à análise e à analista. Colocava-me na relação trans-ferencial como se fossemos colegas, discutindo diagnósticos e possíveis encaminhamentos. Ângela apagava, assim, as diferenciações entre paciente e analista, e borrava a especificidade do processo analítico. Ao mesmo tempo, essas manobras de aderência denunciavam também que a presença/ausência da analista podia estar gerando em Ângela uma angústia ligada à sua eliminação da capacidade para representar, levando-a a pedir auxílio por meio de alguma informação concreta (nome de analistas, conselhos etc). Essa angústia, ligada à sua incapacidade para representar, possivelmente remetia Ângela a um estado de desamparo psíquico e ao desejo de evitar a invasão de um sentimento de frustração gerador de raiva, inveja, impotência.

Na contratransferência, esses movimentos de Ângela (ligação/desligamento) levaram-me a conjeturar, ainda que muito vagamente, sobre o destino da análise. Havia um receio de que um impasse se instalaria a qualquer momento - o qual, imaginava, não seria expresso abertamente, mas com um simples: resolvi me mudar para outra cidade, não vai dar para continuar; de vez em quando, eu te ligo para dizer como estou.

Hoje, consigo organizar um pensamento mais robusto a respeito desse fato clínico: era preciso que eu encarnasse, na análise, o self/objeto quase absolutamente neutro e imparcial; virasse um pedaço de pano sem registros, marcas e utilidade, para que Ângela pudesse vivenciar com sua "nova" amante, o Um Absoluto (o ser imaginário, que nunca iria desapontar, que nunca seria desapontado).

Resultava daí que a vida psíquica apresentada nas sessões parecia tão pobre - mal chegava a ser uma vida, tampouco era morte. No entanto, apesar dos atrasos, faltas e suborno da atividade do pensar, Ângela continuava vindo.

Em uma sessão, quando parecíamos estar vivendo nossos últimos "suspiros" analíticos, ela, em um misto de curiosidade e espanto, disse: "Constatei nesse final de semana o quanto minha mãe é uma mulher rígida e controladora, mas o pior não é isso, o pior é que eu percebi que sou muito parecida com ela".

Apresentava-se visivelmente tocada por sua percepção. Parecia que estava descobrindo, naquele momento, o mundo das representações calcado em um rico e dinâmico jogo de projeções-introjeções. Ela, que se apresentava nas sessões como sendo quase totalmente desprovida de memória e de mãe, estaria conseguindo "imaginar a 'mão materna' que liga o caos às representações lineares, que faz as linhas sonharem?" (Pontalis, 1991, p. 222).

Nessas sessões (em torno de quatro ou cinco), quando então Ângela trazia suas representações de uma mãe rígida e controladora - "Achava-me tão diferente dela... Nossa! Não sabia o quanto me apavorava sentir essas coisas em relação a minha mãe." -, eu reencontrava o meu lugar de analista. Conseguia manter tanto quanto possível a atenção livremente flutuante; percebia uma conflitualidade interna em Ângela, seu discurso se aproximava e se distanciava de um núcleo significativo da experiência, que tentava abertura em direção ao consciente. Não tinha uma ideia precisa do que estava sendo ativado ou freado em sua comunicação, mas seu psiquismo apresentava variações e ritmos, sua mente parecia dar sinais de vitalidade, Aceitava, recusava - e, portanto, selecionava, filtrando inconscientemente - conteúdos significativos de sua realidade psíquica.

No entanto, após esse período, Ângela pôs-se novamente a faltar, a se atrasar, a solicitar nomes de analistas para amigas e parentes. Penso que a associação livre de ideias representava para Ângela - na medida em que a aproximava de suas fantasias inconscientes e de seus afetos - um enorme risco de acarretar uma espécie de cataclismo, e também um mergulho em um estado de dependência incontrolável com a análise e com a analista. A mente de Ângela não parecia se organizar a partir de um continente psíquico capaz de manter um sistema de coexistência conjuntiva entre Sim e Não, Presença e Ausência.

 

Um sonho

Em algum momento, após alguns meses permeados por um campo aparentemente sem conflitos, sem desejos, sem paixão, Ângela trouxe um sonho:

Ela estava dentro de casa, seu irmão e vários outros homens (seu irmão havia morrido de câncer há vários anos e ela já havia dito que não conseguia pensar nisso, que havia colocado tudo dentro de um armário muito bem trancado) tentavam arrombar a porta, enquanto ela, do lado de dentro, tentava com o máximo de sua força evitar que entrassem.

Nessa sessão e nas quatro sessões seguintes, compreendemos a força hercúlea de Ângela para fechar-para-fora vivências relacionadas à doença, morte, rivalidade (Ângela representava seu irmão como o predileto da mãe, o desejado, o único a fazer sua mãe sorrir de orelha a orelha). O irmão morto, que Ângela tinha trancado dentro do armário, voltava disposto a arrombar o dispositivo que a protegia. Tendo trancado sexo, doença e morte dentro do armário, ficava protegida fora. Mas, agora, o armário dela, prestes a ser arrombado, abre para um fora no qual os espectros lhe voltam, ameaçando o espaço dentro, onde ela tem proteção.

Posteriormente a esse período, a análise caiu novamente em assepsia; no entanto, esse período veio acompanhado de algo novo: a imagem do paredão branco. Um muro intransponível que, segundo Ângela, a impedia de olhar para dentro de si, impossibilitando-a de dizer qualquer coisa para mim. Um enorme obstáculo branco que a impossibilitava de ir além de uma camada superficial de si mesma.

Além disso, Ângela apresentou, nesse período, crises de desidrose (algo que ela havia mencionado apresentar por vários anos, mas que não havia ainda se manifestado desde que estava em análise). Segundo ela, baseada em pesquisa que havia feito pela internet, a origem dessa doença era desconhecida, mas tinha a ver com o fechamento dos poros de todo o corpo. Na região com pelos isso não causava problema algum; mas nas partes sem pelo (palma das mãos; planta dos pés; dedos das mãos e dos pés), o fechamento dos poros impedia o suor de sair, provocando o aparecimento de pequenas bolhas e coceira. No caso de Ângela, a desidrose gerava uma compulsão a estourar as bolhas e arrancar depois, com os dentes, as peles salientes, a ponto de produzir pequenas feridas extremamente dolorosas, que às vezes infeccionavam.

Repetidas experiências desse tipo levaram-me a configurar um padrão, uma forma específica de Ângela lidar com o andamento do processo analítico. Durante algumas sessões era possível - a partir do relato de um sonho, de esboços de conflitualidade e de afetos contrastantes - alcançar um campo analítico em que o pensamento onírico fluía mais facilmente. Em seguida, mergulhávamos em longos períodos caracterizados por atrasos, faltas, pela imagem do paredão branco, pela desidrose, pela solicitação de algo concreto.

Nesses períodos, entrávamos em uma organização mental no qual Sim e Não, Presença e Ausência ficavam incomunicáveis. Um paredão intransponível mantinha (em fantasia) consciente/inconsciente, vida/morte, continuidade/ruptura, posição esquizoparanoide/posição depressiva, verdadeiro/falso, nominável/inominável - sem possibilidade de articulação. Decorria, dessa organização, que cada um desses elementos da vida psíquica, uma vez inarticuláveis, tornavam-se maciços demais e, ao mesmo tempo, pobres demais e intensos demais e desvitalizados demais, deixando assim de se tornarem forças a dinamizar o mundo mental. Sob o efeito da cisão, da expulsão, da supressão e do apagamento, esses elementos não conseguiam alcançar uma ordem qualquer do discurso e do sentido.

Tanto o Sim como o Não, tanto a Presença como a Ausência, em um estado de quase total não-articulação, tornavam-se psiquicamente intratáveis e, consequentemente, poderosamente ameaçadores.

Através da imagem do paredão branco, da ausência nas sessões, da presença de um corpo com todos os poros fechados, Ângela comunicava-me as áreas de sua mente abarcadas por rupturas sem continuidade, as quais eram sustentadas e alimentadas por uma fantasia alucinatória de não-articulação.

O processo analítico, em sua função de propiciar que o Sim e o Não, a Presença e a Ausência, pudessem se sustentar em um contínuo trabalho de ligação (recusa, aceitação, seleção, filtragem, triagem), ameaçava a organização psíquica de Ângela, ancorada, até então, no triunfo da homogeneidade - ou seja, na fantasia de possuir um espaço mental quase absolutamente uniforme, sem relevos nem saliências.

A face sinistra do que havia sido trancado para fora ameaçava, por arrombamento, um reingresso; a imobilização imperiosa de sua arquitetura mental fazia-se visível sob a forma de saliências intoleráveis. O que, até então, fora tingido, em fantasia, de "nada", ameaçava vazar sobre si mesma, deixando transparecer um temor de aniquilamento consecutivo a um desencadeamento pulsional não articulável, de predominância destrutiva.

Em uma tentativa desesperada para controlar a violência pulsional, Ângela intensificava suas oposições ao desejo, reduzindo o objeto ao seu mais indiferenciado estado. De forma compulsiva e canibal, arrancava, com dentadas, qualquer saliência, qualquer relevo, qualquer manifestação de um self/objeto em altos e baixos. Sim e Não, Presença e Ausência precisavam permanecer em estado homogêneo, plano, monocromático.

 

A análise como espaço de desova

Em um dos períodos de "queda" do paredão branco, Ângela me entregou uma série de poemas que, segundo ela, haviam sido reescritos após o início da análise. Ela me entregou o material e disse: "São poesias viáveis" Nada comentou. Só entregou o material e pediu-me que o lesse.

Pouco tempo depois dessa sessão, tive a oportunidade de ler seus escritos. Fiquei surpreendida não só pela beleza, mas especialmente pelo conteúdo apresentado. Grande parte falava de vazios, de falta de contornos, de silêncios. Um dos poemas saltou-me aos olhos: falava de uma criança nos braços de uma mãe que morrera há muito, muito tempo.

Logo que o li, conjeturei sobre o corpo duro e frio de uma mãe morta, os olhos incapazes de enxergar, a falta de movimento, de som. Imaginei o que seria para uma criança estar nos braços de uma mãe inviável, ou seja, uma mãe não vivaz, psiquicamente não factível, não realizável. A imagem da criança no colo de uma mãe morta comporta vários registros. A mãe morta pode ser uma mãe simbolicamente presente. Uma mãe viva, porém ausente, pode despertar uma série de fantasias (meu ódio a destruiu, meu amor a trouxe de volta). Já uma mãe morta, mas que continua sustentando sua criança nos braços, fala de uma estratégia do Sim-Não que propicia, ao mesmo tempo, usufruir do objeto e também ignorá-lo.

Uma dinâmica que expõe, acima de tudo, uma incapacidade para admitir a noção de uma existência com parcerias: a mãe morta, mas que continua sustentando sua criança, é uma mãe negada em termos de troca, permuta, reciprocidade, interação e combinação.

Logo após me entregar suas poesias, Ângela "desapareceu" novamente (chegava atrasada; faltava uma sessão; vinha outras; faltava mais duas...), deixando-me impossibilitada de trabalhar com ela o material trazido em forma de poesia. Em uma de suas faltas, peguei-me pensando na palavra desova. Parecia que, após uma brevíssima "copulação", Ângela desovava conteúdos significativos no setting analítico, a modo do que acontece com anfíbios e peixes. Alguns ovos prosseguiriam o processo de evolução; outros não, fadados que estavam à pre-dação, devido à falta de um continente-protetor mais eficaz.

Em uma outra ocasião, em um dos períodos de "paredão branco", acompanhado de crises de desidrose, peguei-me também confabulando que Ângela "desovava" seus conteúdos na sessão, pelos dedos dos pés e das mãos. E associei essa imagem a uma lenda de certo povo indígena, cuja história versa ao redor da crença de que os bebês nascem pelos joelhos do pai ou da mãe. Essas associações auxiliaram-me a conjeturar a respeito de fantasias inconscientes, criadas a partir de uma recusa brutal das diferenças sexuais e da atividade sexual dos pais. Fantasias estas geradoras de uma crença inconsciente na reprodução a partir de uma não-copulação.

No espaço de desova, não há registros de objeto. Em um espaço que somente recolhe aquilo que é expulso, não há inferências a um dentro e a um fora, a uma copulação, fertilização, gestação. Em uma ocasião, quando tentei fazer uma articulação entre a imagem do paredão branco com a imagem da criança no colo da mãe morta, de uma de suas poesias, Ângela, em um misto de surpresa e terror, exclamou: "Nossa! Eu não tinha a menor ideia de que estava escrevendo sobre mim".

Com frequência, Ângela me dizia que a grande preocupação de um poeta era saber se aquilo que havia escrito era poesia. Na poesia, salientava, o autor está praticamente invisível - por isso, a crônica é considerada uma escrita de segunda categoria. Na crônica, o escritor está todo lá, em total transparência, dizia. Daí sua surpresa e inquietude quando salientei a totalidade de sua presença naquilo que escrevera. Para ela, poesia era fruto de um processo intelectivo, altamente sofisticado e completamente desligado da pessoa do autor. O autor estaria completamente desaparecido por trás de sua obra, sem se manifestar.

Depois dessa sessão, Ângela chegou atrasada, faltou, e quando nos encontramos novamente ela se apresentou tão racional e razoável em suas explanações, e eu tão entretida em seguir seu raciocínio, que já não conseguia mais articular os sentimentos e pensamentos que havia tido durante sua ausência.

Repetidas experiências desse tipo levaram-me a compreender o temor de Ângela por qualquer manifestação de ligação (copulação, parceria, troca) entre presença e ausência, palavra e silêncio, as páginas poéticas e sua ausência nas sessões.

 

Inclusão/Exclusão na relação analítica

Trago um período da análise, mais ou menos quatro anos após seu início. Assim que se deitou no divã, Ângela disse: "Não estava com vontade de vir". Ficou algum tempo em silêncio, e continuou: "Mas não tem nada a ver com você..." - (respirou fundo) - "Você não sabe o quanto é difícil para mim te dizer isso"

Foi uma sessão tensa. Para Ângela, não querer vir à análise e me comunicar isso poderia, segundo ela, gerar uma coisa muito terrível entre nós: "Eu posso compreender intelectualmente que não é nada tão sério, mas por dentro é um terror"

Nas sessões seguintes, novamente atrasos, explanações razoáveis, falta. Mais ou menos um mês depois, Ângela chegou dizendo que havia tido muitos sonhos entre uma sessão e outra, mas que não se lembrava de nenhum: "Acho que éporque eu estou bem"

Ficamos em silêncio por vários minutos e então Ângela pôs-se a "filosofar" sobre o que o indivíduo pode esperar de si mesmo frente aos inevitáveis encontros e desencontros das relações; frente à inquestionável realidade da morte e da perda. Ângela foi assim, durante a sessão, desenvolvendo uma espécie de tese altamente razoável sobre as possíveis saídas do ser humano frente à sua inevitável condição de vulnerabilidade e fragilidade. Sua fala teve, em mim, um incontrolável efeito anestésico, colocando-me sonolenta e desligada. "Acordei" com Ângela dizendo: "Então, veja você, não há nada que o ser humano possa fazer, a não ser aceitar."

Então eu disse: "Você está me apresentando uma tese sobre você mesma, mas onde está a Ângela que sonha... onde estão todos os sonhos que me disse ter tido entre uma sessão e outra?". Terminei a sessão - e percebi, logo depois, que havia encerrado dez minutos antes.

Na sessão seguinte, assim que abri a porta, Ângela perguntou: "Passou a sua braveza comigo?".

Tivemos uma sessão atípica, frisei.

Ela então me contou sobre os vários sentimentos e ideias que permearam sua mente desde a última sessão. Falou que, a princípio, tinha ficado muito brava comigo, imaginando que eu estava lhe pedindo algo que ela não estava me dando, não porque não queria, mas porque não conseguia e que, por isso mesmo, estava em análise. Depois, relatou ter entrado em um estado de muita tristeza, achando que não iria corresponder às minhas expectativas e, portanto, a análise possivelmente iria acabar.

Contou-me também que havia feito um enorme esforço para vir, e que tinha muito medo que, mesmo vindo, não conseguisse falar comigo sobre essas coisas. Comentei que estávamos frente a uma transformação em nossa relação. Ela concordou, mas salientou seu medo de não conseguir levar a análise adiante: "Você sabe que eu recuo, tenho medo de ir matando você dentro de mim de forma silenciosa e lenta, até não sobrar mais nada".

Depois dessa sessão, caímos novamente na assepsia habitual - no entanto, ia ficando cada vez mais claro para mim que era preciso que eu mantivesse em minha mente a ligação entre esses dois estados - presença e ausência; as sessões e o vazio das sessões -; era preciso que eu não me tornasse a mãe, que embora capaz de sustentar a criança em seus braços, era uma mãe psiquicamente não realizável. Tinha que manter em minha mente o que Ângela não conseguia enxergar e precisava ignorar.

 

Comentários finais

A análise com Ângela me auxiliou a compreender uma configuração psíquica que tenta continuamente remover da mente tanto as representações do self como as representações do objeto. A contrapartida é a crença inconsciente em uma realidade (interna e externa) branca, asséptica, sem fraturas, higiênica. Um mundo sem Fúrias ou Gorgones, sem pai nem mãe, sem cena de desejo, sem amor, sem ódio, sem loucura nem remorso, à custa de uma quase total extinção da atividade projetiva-introjetiva.

Trouxe fragmentos da análise com Ângela nos quais observei uma dinâmica em que o negativo ocupava um lugar predominante de recusa a qualquer escolha e contradições. Embora rejeitando tudo, Ângela parecia, ao mesmo tempo, se apropriar de tudo, na anulação - isto é, para manutenção do nada. Uma dinâmica marcada não só por "isto não, mas aquilo sim", mas sobretudo ambos: nem isto, nem aquilo, mas ambos e nada.

Ângela lançava mão de uma estratégia radical: anulava não somente a experiência de self e do objeto, de forma alternada, mas sobretudo a experiência de ter uma vida mental inconsciente. A imagem do paredão branco, as ausências na sessão, os atrasos de Ângela dizem respeito a um trabalho de supressão e apagamento das representações.

Ao ser capaz de permitir um início de relação mental criativa, o medo de desapontar o objeto ou ser por ele desapontada, levava Ângela a recuar para uma dimensão mental de quase total eliminação da experiência de ter uma mente capaz de produzir representações, sonhos, pensamentos oníricos. Entendo, aqui, a palavra recuar não no sentido de um retrocesso evolutivo, mas no sentido de retorno a seu refúgio psíquico (Steiner, 1993), pertencente, no caso, a uma organização defensiva que, através de desligamento e desinvestimento, promovia a crença inconsciente de ser o espaço mental um espaço de desova, sem qualquer objeto para recolher aquilo que é expulso, sem quaisquer inferências a uma noção de copulação, fertilização, gestação.

No trabalho do negativo apoiado no recalque, o conteúdo deslocado para fora da consciência é preservado junto ao sujeito e é capaz de exercer pressão sobre ele (Hanns, 1996). O forcluído, contudo, com sua ênfase no descarte e na eliminação do conteúdo, não consegue encontrar uma forma de representação capaz de apresentar-se à consciência, como ocorreria com o recalcado, o seu modo de representar-se sendo por meio do seu vácuo, vazio, nada (Hanns, 1996). Nessas circunstâncias, o espaço mental - gerador e palco de representações, sonho e pensamento onírico - passa a ser vivido, em fantasia, como uma fortaleza vazia, um paredão branco.

Uma manifestação tanto da destrutividade primitiva, visando à eliminação da experiência de se ter uma mente, como de um sistema de defesas altamente organizado e vigorosamente mantido para neutralizá-la. Nesse caso, o excluído, o estranho, o sinistro (Unheimlich) não é nem o seio, nem o pênis, nem a vagina, não é nem o masculino, nem o feminino; o estranho, nesse caso, é a própria mente, ou seja, as criações psíquicas referentes a todos esses elementos. Essa condição remete o analista, continuamente, à própria origem e natureza da psicanálise, em sua função de conhecimento da mente e seus funcionamentos - isto é, em sua tentativa constante de trazer de volta da "estrangeiridade" a mente e seus produtos.

Essa dinâmica de destruição/sobrevivência da mente do analista foi o pano de fundo da relação com Ângela, e fui, pouco a pouco, compreendendo que a sobrevivência da análise estava diretamente relacionada com minha capacidade de manter em minha mente uma articulação entre presença e ausência, palavra e vazio, identificação e anulação, a poesia escrita e a ausência nas sessões. Uma articulação entre o branco, asséptico, higiênico, e seu par complementar: o doloroso, o desapontador, o sanguinolento.

 

Referências

Green, A. (1988). Pulsão de morte, narcisismo negativo e função desobjetalizante. In A. Green, A pulsão de morte. Rio de Janeiro: Imago.         [ Links ]

Green, A. (1997). A intuição do negativo em O brincar e a realidade. Livro Anual de Psicanálise, XIII, 239-251.         [ Links ] Green, A. (2000). A mente primordial e o trabalho do negativo. Livro Anual de Psicanálise, XIV, 133-148.         [ Links ] Green, A. (2010). O trabalho do negativo. São Paulo: Artmed. (Trabalho original publicado em 1993).         [ Links ]

Hanns, L. (1996). Dicionário comentado do alemão de Freud. Rio de Janeiro: Imago.         [ Links ]

Pontalis, J.-B. (1991). Perder de vista. Rio de Janeiro: Zahar.         [ Links ]

Steiner, J. (1993). Psychic retreats: pathological organizations in psychotic, neurotic and borderline patients. London: Routledge.         [ Links ]

 

 

Correspondência:
Vera Lucia Colussi Lamanno Adamo
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vera.adamo@ig.com.br

Recebido em 1.10.2013
Aceito em 29.10.2013

 

 

1 Texto vencedor do Prêmio Revista Brasileira de Psicanálise, conferido durante o XXIV Congresso Brasileiro de Psicanálise, realizado em Campo Grande, MS, de 25 a 28 de setembro de 2013.

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