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Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.48 no.1 São Paulo Jan./Apr. 2014

 

RESENHAS

 

Sessão de histórias

 

 

Amnéris Maroni

Professora doutora no Departamento de Antropologia Social do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Campinas (IFCH-UNICAMP)

Correspondência

 

 

Autor: Ignacio Gerber
Editora: Ofício das Palavras, São Paulo, 2013, 207p.
Resenhado por: Amnéris Maroni

 

 

Desalojamentos, curtos-circuitos e abertura para o fora

La réponse est le malheur de la question
(Maurice Blanchot).

Como o título da resenha indica, o livro Sessão de histórias produz desalojamentos e curtos-circuitos na psique e no mental dos leitores, com isso novas possibilidades de sentido se abrem; isso, porém, ainda não diz o fundamental: o livro de Ignacio nos convida para o Fora. O Fora - uma experiência proposta por Maurice Blanchot na literatura, estendida por Michel Foucault à política, e por Gilles Deleuze ao pensamento, mais precisamente, para o impensável do pensamento - ganha cada vez mais espaço e é repensado e apropriado de diferentes maneiras em variadas áreas da cultura. Cito Tatiana Salem Levy: "O Fora - questão central do pensamento de Blanchot - é uma estratégia de pensamento que marca a falência do Logos clássico, colocando em xeque noções centrais para a filosofia e teoria literária, tais como autor, linguagem, experiência, realidade e pensamento" (2011, pp. 11-12)1.

Sugiro aos leitores outros livros singulares que vão nesta direção: O inominável, de Samuel Becket (2009), e Uma memória do futuro: a aurora do esquecimento, de W. R. Bion (1979/1996). Estou a insinuar primeiro que o livro de Ignacio Gerber inscreve-se em uma tradição, na tradição do Fora. Como Ignacio é também bioniano, estou provocando meus leitores na direção de uma segunda questão: Bion, psicanalista inglês que nasceu na Índia, nunca mencionou o Fora, e todavia é o autor - na psicanálise, com certeza ele é! - que mais experienciou e compreendeu o Fora. Isso não é tão surpreendente assim se levarmos em conta que ele admirava muito Blanchot e analisou Beckett. Vamos, portanto, a esta aventura, já que o Fora é sempre aventura impossível.

 

1. Sessão de histórias e cogumelos gigantes

O projeto gráfico é esteticamente belo, e as ilustrações, singelas e inquietantes ao mesmo tempo, são de M. Celina Anhaia Mello. A capa - cuja imagem foi cedida por José Roberto Aguilar -, em particular, nos provoca emocionalmente porque cada um de nós fará a partir dela associações singulares: para mim, é um cogumelo gigante, e foi acompanhada por esse cogumelo - talvez por isso! - que fiz uma experiência singular com o livro. Não se trata então de simplesmente ler o livro do Ignacio. Somos convocados a fazer uma experiência com o livro - e, pelo menos para mim, uma experiência de abertura de sentidos. O leitor compreenderá melhor essa proposta inescapável com mais algumas "dicas" a respeito das Sessões de história. Ignacio quer que o seu leitor toque na experiência do consultório; quer nos propor o clima emocional ali presente. Ora, sabemos o que aí encontraremos: a atenção flutuante (abrir mão de pressupostos e expectativas) do analista e a livre associação (falar tudo que vem à cabeça, sem censura de ordem racional ou moral) do analisando. E vice-versa: o analista também livre-associa, e o analisando também está em atenção flutuante. Em Bion, essa proposta se transformará no famoso sem desejo, sem memória e sem compreensão racional. Trata-se de uma escuta que não se vale de teoria preconcebida, permitindo assim que o sentido do que é dito vá se constituindo, como na parábola das pérolas:

Um dia um velho sábio chinês perdeu suas pérolas. Mandou pois os seus olhos buscá-las, mas os olhos não as encontraram. Mandou, então, os seus ouvidos procurá-las, mas os ouvidos tampouco as encontraram. Mandou também suas mãos, tudo em vão. Assim, mandou todos os sentidos na busca, porém nenhum deles as encontrou. Finalmente, mandou o não buscar as pérolas. Assim, o seu não buscar encontrou as pérolas (p. 15).

Brincando com a questão, eu diria que, em muitos momentos, uma sessão de psicanálise, se fosse escutada por alguém do lado de fora, seria assim percebida: há dois loucos naquela sala conversando!

 

2. As histórias que Ignacio conta

Mas por que sessão de histórias, por que histórias? Em que contexto uma história faz sentido em uma sessão de psicanálise? Que histórias Ignacio conta? Cito-o:

Aquelas que vêm por associação livre suscitadas pela fala do analisando e que parecem dar conta da experiência emocional. Ainda que muitas vezes não esteja clara a conexão entre a história e o momento da sessão, tenho aprendido a confiar cada vez mais nos torpedos que meu inconsciente lança. Não é à toa que Bion e outros falam em sonhar a sessão (p. 15).

As Histórias de Ignacio incluem interpretações, casos pessoais vividos, anedotas, frases esparsas, músicas ou letras de músicas, aforismos. E tudo isso que funciona como interpretação tem uma razão de ser: são insaturadas e insaturáveis. Vale dizer, ao contrário de interpretações rígidas, histórias "que se abrem para novas visões ... que jamais esgotam seus sentidos, suas transformações possíveis" (p. 17). Além disso, as Histórias milenares que Ignacio nos conta têm o dom de apontar algo pessoal nos seus analisandos e também algo universal na espécie humana, e com isso saímos - seus analisandos também saem - do isolamento, quer no sofrimento, quer na alegria. Por fim, e do ponto de vista analítico isso é muito importante, as Histórias permitem a construção compartilhada de uma interpretação sempre provisória e transitória do que está acontecendo com a dupla analítica.

Ignacio convida seus leitores a, de alguma forma, também entrar na leitura com atenção flutuante e fazer livre-associações, e a leitura das histórias contadas nos ajudará muito nesta direção. Como se estivéssemos em uma sessão de análise, teremos insights, curtos-circuitos, muitos curtos-circuitos, um sem-número de desalojamentos. E isso será conquistado pelas histórias contadas em análise. Mas não só por elas, pois todo o projeto gráfico sustenta essa estética negativa: cada página, uma história.

Às vezes, um koan:

Qual o som de uma só mão batendo palma?
Qual era a sua cara antes de seus pais se conhecerem?
Qual é a cor do vento? (p. 22).

Outras vezes, um ensinamento oriental, de preferência zen-budista:

Séculos atrás, um renomado professor da Universidade de Kioto, interessou-se pelo Zen e resolveu procurar um velho mestre que morava numa choupana distante. Foi recebido pelo mestre e apresentou-se contando seus títulos, escritos, realizações. O mestre ofereceu-lhe uma xícara de chá e enquanto o preparava em silêncio o professor continuou a discorrer sobre seus conhecimentos acrescentando que queria aprender sobre o Zen.

Quando o chá ficou pronto o mestre encheu a xícara e continuou a vertê-lo derramando na mesa e na roupa do professor que se levantou indignado:

- O que significa isso?

O mestre respondeu:

- Quando a xícara está cheia, não cabe mais chá ("Xícara de Chá", p. 88).

Se você se debruçar sobre um koan e investigá-lo sem cessar, sua mente morre e seu desejo se destrói. É como se um abismo vasto e vazio se abrisse à sua frente sem qualquer apoio para seus pés e suas mãos. Você se defronta com a morte e suas vísceras parecem queimar. De súbito você é uno com o Koan, corpo e mente são descartados. Chamamos a isso Olhar para dentro de sua natureza ("Mestre japonês Hakuin", p. 23).

Não raro, piadas deliciosas, do analista, do analisando, ouvidas por aí:

Em um mosteiro da Idade Média, copiavam-se os textos sagrados para distribuí-los aos demais mosteiros. Certo dia um jovem monge teve um estalo, parou sua faina e foi falar com o abade:

Senhor me ocorreu que, como sempre copiamos a partir de cópias anteriores, poderia acontecer, com o tempo, que surgissem erros e distorções em relação aos originais.

O abade concordou e resolveu fazer uma pesquisa nos originais. Desceu ao subterrâneo onde eram guardados e lá ficou por horas. De repente, os monges ouviram gritos, junto com imprecações, choros e ruídos.

Descem correndo e se deparam com o velho abade gritando, chorando, arrancando os cabelos. Os monges apavorados, perguntam o que estava acontecendo, e o ancião balbuciou: É CARIDADE E NÃO CASTIDADE! ("Neutralidade ou Naturalidade", p. 43).

No seu livro A Interpretação dos Sonhos Freud descreveu a noção de "deslocamento psíquico" como: "... a passagem de uma associação normal e séria para uma associação superficial e de aparência absurda..."

A ação de deslocar a carga emocional suscitada por uma pessoa, ou uma situação, significativa para outra secundária, porém ligada à principal por uma cadeia associativa, evitando assim o confronto temido com uma realidade frustrante. Para ilustrar esse "mecanismo de defesa", Freud contava a seguinte história:

Numa pequena comunidade rural judaica - uma 'shteitl', o ferreiro comete uma falta indesculpável e o conselho resolve que a única solução justa para o caso é expulsá-lo. Nesse momento, um dos membros do conselho lembra que ele é o único ferreiro e se for expulso todos os trabalhos do campo serão prejudicados. Os outros membros preocupados voltam a debater e chegam a outra solução. Como só há um ferreiro, mas existem dois padeiros na 'shteitl', um deles será expulso em seu lugar ("Uma história que Freud contava", p. 11).

Sutis e utilíssimas compreensões psicanalíticas:

Um laborioso português de Trás-os-Montes emigrou para o Brasil nos anos 1930 deixando na terrinha a mulher e os filhos pequenos. Trabalhou com dedicação por dois anos e juntou um dinheirinho para trazer a família. No porto de Santos, a mulher estranhou a fala das pessoas:

- Manoel, eu pensava que o povo aqui falasse português, mas não entendo nada do que dizem. E ele:

- Isso não é nada! Precisavas ver como falavam há dois anos!

Mudaram os outros ou mudamos nós?

Quando nós mudamos os outros mudam conosco (p. 47).

Frases de intelectuais, cientistas, poetas, músicos, livros sagrados:

Um sonho não interpretado é como uma carta não lida (Talmud, p. 31).

A dificuldade real não reside nas novas ideias, mas conseguir escapar das antigas (John Maynard Keynes, p. 73).

A ilusão fundamental da humanidade é supor que eu estou aqui e você está lá (Yasutani Roshi, p. 76).

Quando você se sente perdido e cheio de dúvidas, mesmo mil livros não são suficientes. Quando você realiza a compreensão, mesmo uma palavra é demais (Fen-Yang, p. 78).

Triste é a época em que é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito (Albert Einstein, p. 178).

Não tenho nada a dizer, estou dizendo-o e isto é poesia (John Cage, p. 178).

Permeado por um tom plural, Ignacio, ainda que bioniano, está bem longe de promover a "guerra entre as escolas de psicanálise":

Freud era um homem de seu tempo e lugar vivendo o desafio de transcendê-lo. Formado dentro de uma cultura eurocêntrica, aliado incondicional (ao menos no início) das hostes iluministas que combatiam a religião em nome da ciência. É importante frisar que ele enfatizava "religião" dentro da tradição judaico cristã na qual vivia o conflito entre sua própria recusa da tradição familiar judaica e por outro lado o preconceito maligno antissemita que permeava a sociedade e o atingia diretamente.

A vida de Freud é um exemplo do permanente questionamento de suas próprias convicções, mas como a grande maioria dos intelectuais europeus seus contemporâneos, ele não tinha maiores informações sobre a tradição filosófica oriental desde os upanishads vedas até o Tao e o Zen, tão distantes de uma religião monoteísta institucionalizada em torno de um deus antropomor-fizado que nos julga, pune ou recompensa. O contato de Jung com essa tradição viva, por meio do sinólogo alemão Richard Wilheim, autor pioneiro de uma tradução do I-ching, talvez tenha acrescentado mais um fator na ruptura inevitável com Freud (p. 205, nota 182).

Sempre aberto a outras áreas do conhecimento, aberto ao transdisciplinar:

A pluridisciplinaridade diz respeito ao estudo de um objeto de uma mesma e única disciplina por várias disciplinas ao mesmo tempo. A interdisciplinaridade diz respeito à transferência de métodos de uma disciplina para outra. A transdisciplinaridade, como o prefixo "trans" indica, diz respeito àquilo que está ao mesmo tempo "entre" as disciplinas, "através" das diferentes disciplinas e "além" de qualquer disciplina. Seu objetivo é a "compreensão do mundo presente", para o qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento. A disciplinaridade, a pluridisciplinaridade, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade são as quatro flechas de um único e mesmo arco: o do conhecimento (O manifesto da transdisciplinaridade, Basarab Nicolescu, nota 149).

Suas sessões de análise abrem as portas para o espiritual, para um "mais além", para o mistério:

... a experiência com a natureza assemelha-se muito à experiência com seres humanos. Se alguém se aproxima de um outro homem com uma "teoria" fixa a respeito dele, como um "inimigo" contra o qual é preciso se defender, esse homem responderá da mesma maneira, e, portanto, a "teoria" será, aparentemente, confirmada pela experiência. De maneira semelhante, a natureza responderá de acordo com a teoria com que foi abordada (A totalidade e a ordem implicada, David Bohm, p. 144).

E, claro, não poderia faltar um torpedo do próprio Ignacio:

Se você encontrar o Buda, mate o Buda (LIN-CHI).

Se você encontrar o Bion, mate o Bion (Paráfrase de Ignacio Gerber, p. 72).

 

3. Estética negativa e palavra inacabada

Vale dizer, há muitos espaços vazios, há buracos por toda a parte, e também vínculos, pois uma espécie de rede de amigos se faz presente e participa do livro, também contando histórias, também produzindo espantos. Belos desenhos, imagens-sugestão, nos remetem às histórias, e elas nos vão dando uma espécie de caminho ao que parece intencional do autor. Todos os escritos foram pensados, estão aí por um motivo, são caminhos. Ignacio Gerber é um psicanalista bioniano, e os bionianos fazem uma psicanálise do pensamento-emocional, e então o livro Sessão de histórias não é teórico, mas é pensamento - parodiando o próprio Bion, eu diria que o livro Sessão de histórias são "pensamentos em busca de pensadores", seus leitores.

Não acabamos a leitura de Sessão de histórias sem nos sentirmos algo transformados: as mudanças caleidoscópicas que se processam a cada página produzem desalojamentos, encantamentos, curtos-circuitos no mental. Não raro, desassossego! Desassossego na forma de perguntas, pois o livro inteiro Sessão de histórias é pergunta. Fiz a experiência da "profundidade na superfície", da "sabedoria ofertada em cápsulas", da "simplicidade que revela o muito complexo". Paradoxos: curtos-circuitos ininterruptos.

A palavra usada por Ignacio é inacabada, de tal maneira que nós nos somamos também ao desejo de narrar. Buracos, espaços vazios, inacabamentos que de jeito nenhum nos convocam ao preenchimento; antes, a continuar a produção desses intervalos de silêncio.

A experiência que a leitura me proporcionou, a mais forte, chamaria de dessubjetivação: entrada em um outro campo, externo ao meu, algo anônimo e, no entanto, portador de uma infinidade de forças. Campo de criação, criação de novos sentidos. Nele entrei com os meus objetos emocionais, psíquicos, mentais constituídos, algo rígidos, e desse espaço de dessubjetivação saí transformada, com meus objetos trabalhados, na expressão deleuziana, por uma espécie de máquina anônima de devires. E com isso, Ignacio pode estar certo de que seu livro, Sessão de histórias, deixou de ser seu, já que é e será capaz de gerar em seus leitores outros escritos, outros pensamentos, e isto em função do imenso poder de devir-outro. É nesse sentido também que identifico o livro como palavra inacabada.

Interpelados por essa máquina dessubjetivante; jogados incessantemente em registros emocionais e afetivos - também mentais - diversos; deleitando-nos exatamente no momento em que a página e o pensamento expira para não mais voltar, já nostálgicos e saudosos do futuro; desalojados um sem-número de vezes; ensaiando-nos como paradoxos ambulantes, distantes do horizonte da representação, completamente desarrumados, mas amando-nos como tal. Inacabados e querendo continuar a brincar, fechamos o livro Sessão de histórias com a impressão de que algo aconteceu, algo não familiar: a experiência do Fora.

 

4. Sessão de histórias é também testemunho de si

O livro Sessão de histórias é marcadamente autobiográfico. Ignacio se retrata em cada uma de suas páginas - muito mais do que ele, Ignacio, admite. Diz quem ele é e como trabalha este analista singular e, todavia, não diz nada - ou melhor, diz muito pouco - de si do ponto de vista formal, com exceção de uma pequena nota no final do livro que, sob o ponto de vista autobiográfico, tem pouca ou nenhuma importância. É no corpo do livro, por meio da fala dos outros, das falas milenares coletadas que Ignacio se diz, nos conta quem ele é: humilde, amante, sim, da psicanálise, mas esse amor parece ser sobrepujado pelo amor aos pacientes, brincalhão e bem-humorado, muito competente no desfazimento de nós psíquicos, aberto ao infinito, espiritualizado, exala uma sabedoria de quem viveu a vida com seus tormentos e suas alegrias e sempre dando as mãos para o outro. Seu traço mais importante para mim é a liberdade: Ignacio é alguém que conquistou independência e liberdade em um meio bastante difícil de se fazer essas conquistas emocionais; refiro-me à psicanálise, ciosa como é de seus limites e ansiosa por proclamar - de forma algo persecutória - quem dentre seus membros pratica a "verdadeira psicanálise"! Ignacio Gerber representa - para esta leitora - a "verdadeira psicanálise" simplesmente porque ele é espontâneo e verdadeiro, cada palavra sua no livro, mas também na análise, tem compromisso com a verdade. Essa espontaneidade e essa verdade vêm do compromisso assumido pelos analistas bionianos, não propriamente com a técnica analítica, com o fazer do analista, mas com o ser do analista, que resumiria da seguinte maneira e com o auxílio do próprio Ignacio: o analista "é na prática clínica o que É na vida, não há álibis ou disfarces possíveis" (p. 21). É este o retrato que faço de Ignacio Gerber através desse livro estranhamente autobiográfico, que, ao nos dizer poucas palavras sobre os acontecimentos da vida do autor, nos revela com detalhes seu psiquismo e sua espiritualidade.

 

Referências

Beckett, S. (2009). O inominável (A. H. Souza, trad.). Rio de Janeiro: Globo. (Trabalho original publicado em 1949).         [ Links ]

Bion, W. R. (1996). Uma memória do futuro: a aurora do esquecimento (P. C. Sandler, trad.). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1979).         [ Links ]

Levy, T. S. (2011). A experiência do fora: Blanchot, Foucault e Deleuze. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.         [ Links ]

 

 

Correspondência:
Amnéris Maroni
Rua Benjamin Egas, 66 / 6
05418-030 São Paulo, SP
amneris@plugnet.com.br

 

 

1 O real, doravante, que "emerge" na literatura e que se "produz" na relação com o Fora é impossível, errância, deserto. Vale dizer, não reproduz - muito longe disso - a realidade compartilhada. A literatura dá vida a um outro Real: ambíguo, inacessível, que não se diz até o fim. Essa opacidade é a sua marca, o seu jeito de ser, o charme em relação ao qual, por definição, a palavra é inacabada e infinita.

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