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Revista Brasileira de Psicanálise

versión impresa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.48 no.2 São Paulo abr./jun. 2014

 

ARTIGOS

 

A vida escorre por entre os dedos

 

Life slipping through fingers

 

La vida escapa por entre los dedos

 

 

Julio Hirschhorn Gheller

Membro efetivo e analista didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP)

Correspondência

 

 


RESUMO

O autor trata da questão da recusa da realidade, mecanismo de defesa característico de estruturas perversas da personalidade, diferenciando-a da repressão - própria das neuroses - e da rejeição - entendida como traço distintivo das psicoses. Apoiado em uma história clínica, assinala suas repercussões na área da identidade sexual em um paciente que reluta, ao longo de todo um percurso de vida, em aceitar-se a si mesmo, num severo boicote às suas possibilidades de desenvolvimento. Vislumbram-se algumas conexões da problemática da recusa com aspectos derivados do sentimento invejoso, o que contribui para as dificuldades de relacionamento, prejudica o progresso pessoal e compromete sensivelmente a capacidade de fruição.

Palavras-chave: fetichismo; inveja; recalcamento; recusa; rejeição.


ABSTRACT

The author deals with the issue of disavowal of reality, a defense mechanism particular to perverse structures of personality, distinguishing it from repression - typical of neuroses - and from foreclosure - understood as a distinctive mark of psychoses. Based on a clinical case, the author highlights the repercussions of disavowal in the sexual identity of a patient that refuses, throughout an entire life, to accept himself, in a severe boycott to his possibilities of development. It is possible to envisage connections between the issue of disavowal and aspects derived from feelings of envy, which contribute to relationship difficulties, harm his personal progress and compromise significantly his ability of fruition.

Keywords: fetishism; envy; repression; disavowal; foreclosure.


RESUMEN

El autor discute la cuestión de la renegación de la realidad, mecanismo de defensa característico de estructuras perversas de la personalidad, a partir de su distinción con la represión - típica de las neurosis - y con el repudio - este entendido como trazo distintivo de las psicosis. Apoyado en una historia clínica, señala sus repercusiones en el área de la identidad sexual en un paciente que resiste, a lo largo de una trayectoria de vida, en aceptarse a sí mismo, en un severo boicoteo a sus posibilidades de desarrollo. Se vislumbran conexiones de la problemática de la renegación con aspectos derivados del sentimiento de envidia, lo que contribuye con las dificultades de relacionamiento, perjudica el progreso personal y compromete sensiblemente la capacidad de fruición.

Palabras clave: fetichismo; envidia; represión; renegación; repudio.


 

 

Introdução

Paulinho é meu paciente há quinze anos. Não há nada que chame a atenção em seu aspecto físico e apresentação. Longe de ser bonito, veste-se de maneira comum, sem qualquer traço peculiar de elegância. A fala e os gestos indicam, muito discretamente, sua orientação homossexual. Não se destaca especialmente por inteligência, cultura, simpatia ou bom humor. Suas conversas não primam por vivacidade ou brilho singular. Costuma repetir as mesmas queixas a respeito de um cotidiano opressivo, solidão afetiva, trabalho enfadonho e falta de perspectivas. As iniciativas de mudança são raras, tolhidas por medos e fantasias persecutórias.

É necessária a remoção de algumas camadas defensivas para observar a essência de seus conflitos íntimos e entrar em sintonia com suas dores e angústias. Como isto só ocorre de vez em quando, a análise passa por períodos de aridez.

 

Recusa da realidade

Dois anos após o início de nossos encontros fui surpreendido com uma singela teoria a respeito de seu nascimento. Ele dizia, simultaneamente com convicção e candura, o seguinte: "Eu achava que minha mãe só teve relações sexuais com meu pai uma única vez. Então eu fui concebido".

Comentava frequentemente que a mãe era uma mulher liberal, bem à frente do seu tempo, que tinha namorado bastante quando jovem e só veio a se casar - já um pouco velha para os padrões da época - pelo desejo de engravidar.

A teoria se completava com outra conjectura: "Depois de quatro anos eles tiveram relações outra vez, para que eu não ficasse sozinho. Foi aí que nasceu minha irmã".

Era um adulto enunciando suas teorias sexuais infantis. Mesmo que não acreditasse na completa veracidade delas, as bases que fundamentavam estas crenças mereciam ser esmiuçadas. Creio que Paulinho queria - e muito - ser o exclusivo objeto do amor da mãe, o centro de suas atenções afetivas, relegando o pai a um papel secundário, de mero reprodutor a serviço da realização do sonho materno, uma espécie de mal necessário.

O termo Verleugnung é utilizado por Freud para definir o mecanismo de defesa caracterizado por uma recusa do indivíduo em validar uma percepção traumatizante. Baseia sua concepção na dinâmica do fetichista (1927/1996d), que renega a ausência do pênis na mulher. Freud considera tratar-se de um mecanismo perverso - no sentido de desvio -, em que o sujeito, via clivagem do eu, experimenta a coexistência de duas realidades contraditórias, duas posições inconciliáveis. Ele reconhece a falta do pênis na mulher, mas, ao mesmo tempo, desautoriza esta percepção (Figueiredo, 2003), de modo a desmentir o que havia reconhecido (Guy Rosolato propôs traduzir Verleugnung por désaveau, que significa "desmentido" ou "retratação"). Por conseguinte, ficam comprometidas as conclusões lógicas -mais especificamente as que se referem à castração - que seriam decorrentes da percepção recusada e imediatamente esvaziada de sua plena potência significante. A fabricação do fetiche visa à substituição do órgão faltante, tendo por objetivo eliminar a prova da castração e fugir da angústia consequente. Freud cita o caso do homem que escondia o genital com a sunga, mascarando a diferença sexual. O fetichista se satisfaz em considerar que a mulher é ao mesmo tempo castrada e não castrada, e que o homem também pode ser castrado (Rou-dinesco & Plon, 1997/1998a, 1997/1998b). Desta maneira, cria ilusões e distorce percepções, recusando o conhecimento intuitivo de que o pênis ausente na mãe marca o local em que o pênis do pai vem realizar sua função fálica. O resultado deste processo é a negação -pelo menos parcial - da diferença entre os sexos e seu significado, em especial a noção de sua complementaridade. Joyce McDougall (1978/1983), por meio de vários exemplos clínicos, aprofunda o estudo psicodinâmico de pacientes com estrutura perversa, notadamente aqueles com comportamentos sexuais que se expressam através de enredos obsessivamente repetidos nos seus mínimos detalhes. Enfatiza a importância da tentativa de compreensão do sentido embutido nos complexos roteiros da mise-en-scène perversa, verdadeiros rituais minuciosamente desempenhados pelo autor com a colaboração de seus obedientes parceiros. Ela entende as tramas assim elaboradas como criações do sujeito - em busca de sobrevivência psíquica - que foi comumente exposto a uma prematura estimulação de ordem sexual, seguida de dolorosa frustração por parte do objeto materno fortemente idealizado.

A parte do ego que recusa aspectos da realidade necessita de abordagem cuidadosa para que os conteúdos submetidos ao processo de renegação possam ser devidamente identificados e trabalhados.

A estrutura perversa difere das estruturas neurótica e psicótica.

O mecanismo de defesa próprio da neurose é o recalcamento (Verdrängung), ou repressão, que está na origem da constituição do inconsciente. Neste caso, a representação - ligada a uma pulsão - intolerável para o sujeito é recalcada, permanecendo no inconsciente, separada do afeto desagradável produzido no confronto com as exigências da censura. Este afeto desagradável pode se converter em sintoma físico (na neurose histérica, em que, por exemplo, uma paralisia ou frigidez poderia indicar o conflito a se desvelar), ou ser deslocado para algum elemento do exterior (na neurose fóbica; vide o clássico medo de cavalos do pequeno Hans, que apontava para o seu drama edipiano) ou se vincular a outras ideias/representações (na neurose obsessiva, em que ideias recorrentes, compulsões, ritos conjuratórios e ruminação mental encobrem e significam os conteúdos reprimidos). O neurótico, em suma, é o indivíduo capaz de dar tratamento simbólico à castração, possibilitando o trabalho na transferência e com interpretações do inconsciente como elementos centrais da análise.

No caso da psicose, a representação intolerável é rejeitada, vai para fora do universo simbólico do indivíduo - na verdade, nem chega a fazer parte dele - através do mecanismo de defesa que Freud chamou de Verwerfung, conhecido em língua portuguesa como "repúdio" ou "rejeição". Lacan ulteriormente desenvolveu este conceito, nomeando-o de Forclusion, e, com base em "O Homem dos Lobos" (Freud, 1918/1996a), assinalou a sua especificidade para o fenômeno psicótico (Laplanche & Pontalis, 1967/1976a, 1967/1976b, 1967/1976c). No texto sobre o Homem dos Lobos, Freud comenta a respeito de uma experiência traumática - a visão da cena primária quando o paciente tinha apenas um ano e meio de idade - que teria sido repudiada. Seu paciente - ressalte-se que se trata de uma conjectura de Freud -, Serguéi Pankejeff, rejeitou a noção da falta do pênis materno e permaneceu na perspectiva do coito pelo ânus. Tudo se passou como se não existisse a castração. Só posteriormente, no trabalho de análise, foi possível dar sentido a este acontecimento tão precoce. Nos indivíduos de estrutura psicótica falta a inscrição no inconsciente da experiência simbólica da castração. Os significantes rejeitados, não integrados no inconsciente do indivíduo, não retornam de dentro como no caso das neuroses, nas quais se configura o fenômeno consagrado pela denominação de retorno do reprimido. Aquilo que é abolido do interior sem ser simbolizado retorna no real (exterior), na forma de alucinação. Os aspectos forcluídos da mente demandam uma capacidade do analista de sonhar a experiência emocional da sessão. Trata-se da necessidade de um trabalho de construção de sentidos, buscando preencher as lacunas deixadas no processo de rejeição.

A força da renegação no caso de Paulinho não foi necessariamente tão radical quanto no exemplo dos fetichistas. Creio que ela oscilou ao longo do tempo, com maior ou menor intensidade. Por ocasião da criação das aludidas teorias explicativas de seu nascimento, o mecanismo defensivo estaria no auge, possivelmente quando mais se fazia sentir a decepção em relação à mãe, ao se dar conta de que não era o único, nem talvez o principal, objeto de seu desejo. De alguma maneira, precisou minimizar a importância e a potência do pai. Quando comunicadas ao analista, suas teorias já vinham acompanhadas de uma razoável dose de crítica. Em todo caso, existem - na história de sua infância - elementos indicativos de configurações emocionais capazes de fundamentar o processo de recusa da realidade, com prováveis implicações no desenvolvimento da identidade sexual, assim como em sentimentos de culpa inibidores da libido.

 

O paciente introjetado pelo analista

Fui compondo o perfil do paciente durante nossos encontros. Sempre o tratei por Paulo. Optei neste texto pelo uso do nome no diminutivo - que é como o chamam até hoje em família - para indicar mais claramente a forma autodepreciativa pela qual ele mesmo se enxerga. Não gosta de ser chamado de Paulinho, pensa que é sinal de falta de respeito. Afinal, apesar de já ter passado dos 50 anos, nunca conseguiu se firmar na vida afetiva e profissional. Considera um fracasso terrível o fato de não ter se casado. Deveria já estar com filhos criados, uma família grande e coesa, e a situação financeira consolidada. Uma imagem que traduz bem o cenário idealizado por ele refere-se a uma série de televisão dos anos 60, Papai sabe tudo, que retratava uma típica família americana de classe média, em que um simpático casal lidava com o crescimento de seus três filhos, conduzindo-se sempre com bondade e sensatez. Os episódios demonstravam, com alguma dose de inocência simplista, como tudo podia dar certo para quem tivesse pais tão generosos e dedicados. Nas suas fantasias mais carinhosamente acalentadas, a vida deveria ter seguido um script semelhante ao do seriado.

Foi um menino do tipo "bonzinho": obediente, comportado, aluno esforçado e estudioso, roupa limpa e bem-arrumada; nunca deu trabalho para sua mãe, a quem era muito apegado. Ela foi, até a morte, a pessoa em quem mais confiava e com quem mais trocava ideias. Seu pai, ao contrário, era mais distante, desligado e pouco acessível. Paulinho nunca teve facilidade para esportes, não ficava à vontade com os outros meninos, não conseguia participar de suas brincadeiras, não sabia jogar bola. Sentia-se diferente, fraco, desajeitado e esquivava-se do contato com eles, tornando-se um alvo fácil de brincadeiras e chacotas. Os garotos provavelmente já percebiam os vestígios de uma possível homossexualidade e, com a crueldade característica das crianças, o discriminavam. A ambivalência diante dos meninos era patente e revelava aspectos do conflito que permaneceria até hoje. Por um lado, ele despreza os homens heterossexuais, vistos em geral como brutos, estúpidos, boçais, verdadeiros trogloditas; por outro lado, porém, inveja a sua confiança e segurança, próprias de quem é "normal". No fundo, talvez eles tenham conseguido o que para ele, num plano inconsciente, não foi possível: atravessar o Édipo, aceitando a castração e, consequentemente, desistindo do objeto materno.

Preferia fazer amizade com as meninas, com quem se relacionava mais facilmente. No entanto, não desenvolveu interesse sexual por elas. Chegou a começar um namoro que não progrediu. Quando tentou - pela primeira e única vez - relacionar-se sexualmente com uma mulher, disposto a se testar, teve a apavorante visão de que sua mãe é que estava ali com ele. Entrou em pânico e não conseguiu consumar o ato. O horror à fantasia de penetrar a mãe -envolvendo um encoberto ingrediente de excitação - remete ao medo da castração. Se todas as mulheres podiam evocar a figura materna, então o remédio seria evitá-las por completo, e foi isto o que, de fato, acabou acontecendo. Concomitantemente, vinha se dando conta de uma perturbadora atração por homens. Chegou a pensar que podia ser algo passageiro, mas, por mais que quisesse, não conseguia se livrar dela. Já como adulto jovem teve o seu primeiro relacionamento com um homem mais velho. Não podia negar o desejo por pessoas do mesmo sexo e, ao lhe dar vazão, padecia de um intenso mal-estar de culpa. Não se conformava em ter de ficar à margem do caminho que julgava ideal, ou seja, casar-se com uma boa mulher e constituir família. Continuou, pela vida afora, carregando a impressão de que a homossexualidade era uma condenação fatal - uma verdadeira maldição - que o privava do destino feliz dos "homens comuns".

Por vergonha, sempre fez o possível para esconder a sua orientação sexual. Nunca a admitiu na família nem em ambiente profissional.

Analisamos, em nossas conversas, que uma espécie de punição - para aquilo que considerava uma falha imperdoável - era sufocar o desejo, acarretando longas temporadas de abstinência. Dizia, nestes períodos, que se considerava um ser assexuado, já que na prática não mantinha atividade sexual com ninguém. Apenas raramente se masturbava. A anestesia libidinal, que ele tanto almejava, parecia ser uma solução mais aceitável do que admitir a evidente inclinação que o seu mundo de fantasias insistia em revelar. Preferia não mais ser incomodado pelos estímulos que continuavam brotando de suas entranhas, contrariando a vontade consciente. Esta aspiração por uma paz sem excitações - um estado semelhante ao descrito no princípio de Nirvana, com uma conotação próxima à da pulsão de morte, conforme assinalava Freud em 1924 (1996c) - apareceu mais uma vez, recentemente, por ocasião de um tratamento de reposição com testosterona, prescrito para um quadro de cansaço e indisposição constantes, aliado a baixas taxas do hormônio. A subsequente exacerbação da libido implicou uma necessidade de reforço de suas defesas para controlar - se possível soterrar - os desejos. Arrependeu-se amargamente e interrompeu o tratamento perturbador.

Tem um amigo que é, há cerca de dez anos, quem mais se aproxima do que seria um namorado. Com ele já viajou algumas vezes e sai com frequência. Depois de uma fase inicial, em que contatos sexuais faziam parte do relacionamento, Paulinho deu um jeito de colocar um limite na convivência, afastando o companheiro e reduzindo o número de encontros. Sentia-se sufocado pela presença mais constante do parceiro em sua casa e temia que os vizinhos pudessem perceber seu envolvimento com outro homem. Desta maneira, o sexo foi excluído da relação. Passaram a se encontrar apenas como bons amigos. Ressente-se, hoje em dia, desta situação, esperando manifestações afetivas mais calorosas do outro. Admite ser o maior responsável pelo esfriamento entre os dois e lamenta que as coisas tenham evoluído de tal forma. Aos poucos, vai se conformando com a ideia de que o seu tempo já passou, que não adianta criar expectativas, que não vai acontecer nenhuma reviravolta na sua vida.

 

Constelação familiar

Nos primeiros anos de análise Paulinho não poupava o pai de suas críticas. A mãe era a figura adorada, acolhedora, disponível, luminosa, que lhe transmitia energia vital. O pai - visto como um estranho, praticamente um intruso na própria casa - era descrito como desinteressado, frio, ríspido, ensimesmado, sempre alheio aos acontecimentos ao seu redor. Desde muito cedo, se a mãe se sentisse mal - tinha uma saúde delicada -, os filhos é que precisavam buscar auxílio, até mesmo levá-la a um pronto-socorro se fosse o caso. Como exemplo mais marcante desta situação insólita, lembrava que, por ocasião do nascimento da irmã, o pai não acompanhou sua mãe na maternidade. Nas festas de aniversário dos filhos, ele se enfurnava no quarto e não aparecia. Da mesma forma, evitava conviver com a família da esposa. Os esforços em busca de melhores condições na casa sempre partiram de iniciativas da mãe, lutando contra a resistência do pai. Este achava que, por sustentar todas as despesas, já estava cumprindo perfeitamente com suas obrigações e não fazia questão de nenhum novo investimento.

Paulinho não demorou a concluir que o pai não era o parceiro ideal para a mãe. Eles não demonstravam sentimento amoroso, não eram carinhosos um com o outro. Não forneciam subsídios para convencê-lo de que constituíam um casal unido e feliz. Recorda-se muito bem que dormiam em camas separadas e, depois de alguns anos, passaram a ocupar aposentos distintos. Suas observações possivelmente alimentavam a convicção de que os órgãos genitais dos pais não eram complementares e de que não havia desejo entre eles. As associações analíticas foram confluindo para a hipótese interpretativa de que Paulinho pudesse ter vivenciado, por um tempo considerável, a impressão de ser o verdadeiro - e querido - companheirinho de sua mãe. Seu pai - fechado, pouco afetivo, omisso em diversas situações - não teria feito o devido corte simbólico da lei, permitindo-lhe um acesso quase irrestrito à mãe. Além do mais, não serviu de modelo de identificação para o menino, que não via motivos para admirá-lo. A mãe, por sua vez, queixava-se frequentemente do marido. Não escondia sua insatisfação e desabafava com o filho, usando-o como confidente em assunto tão íntimo e delicado, de modo a fomentar uma sensação de cumplicidade total. O olhar depreciativo da mãe desvalorizava - diante de Paulinho - o poder fálico do pai, contribuindo para que alimentasse a esperança de ser o legítimo objeto do desejo dela.

O nascimento da irmã pode ter representado a primeira grande desilusão de sua fantasia, como prova irrefutável de que algo - interditado para ele - ocorria entre os pais. Daí, quem sabe, tenha criado a teoria que, já adulto, ainda me comunicava em sessão, relutando em abandoná-la e modificar seu ponto de vista. Provavelmente representava uma estratégia mental para mitigar a dor e a frustração, ao se dar conta da derrocada da tão arraigada ilusão cultivada em relação à mãe. Refere com tristeza momentos de sua adolescência, quando parecia que ela já não tinha mais a mesma paciência e disponibilidade para com ele, recomendando-lhe com certa irritação que se "soltasse da barra de sua saia".

A tenacidade com que ainda se apegava à caracterização estereotipada das virtudes da mãe, em contraste com os inúmeros defeitos do pai, representou por muito tempo um entrave ao poder fertilizador da análise. O apego irrestrito a teorias cristalizadas denunciava uma parte mais primitiva da mente. Assim, acabou preferindo verdades parciais e retardando a aceitação amadurecida da realidade.

Ao concluir seus estudos universitários foi trabalhar no negócio do pai. Não se sentiu devidamente apoiado por ele. Recebia um salário insatisfatório e não conseguia se sustentar. Passado algum tempo, foi cursar uma segunda faculdade, ligada a outra área profissional, que lhe parecia financeiramente mais promissora. Desta maneira abandonou, talvez precocemente, a carreira que tinha mais a ver com suas aptidões, pensando na possibilidade de se tornar economicamente independente. Esta escolha viria a ser, no futuro, mais um dos motivos de sua infelicidade.

Comprou um apartamento, mas hesitou bastante até ir morar sozinho, apesar das sugestões enfáticas de sua mãe, que o censurava pelo temperamento medroso. Ela o estimulava a dar este passo de crescimento, mas ele, sempre temeroso, se sentia empurrado para fora de casa. Depois de protelar por anos a decisão, acabou por efetivar a mudança; porém, continuou frequentando o lar materno com assiduidade quase diária. Ainda havia um cordão umbilical psíquico para ser cortado.

Jamais teve entusiasmo pela profissão, de modo que não se interessava por aperfeiçoamento. As novidades na área apareciam, mas ele tinha preguiça de aprender o que ia surgindo. O trabalho era visto apenas como meio de subsistência. Assim sendo, há muito deixou de esperar outro tipo de gratificação profissional. Consequentemente, seus progressos - inclusive em termos de promoções - foram limitados, acrescentando mais um tema para suas habituais lamentações. Foi ficando para trás, sendo ultrapassado pelos mais jovens e tendo que desempenhar funções não condizentes com sua experiência. Isto acentuava sentimentos de vergonha e fracasso.

Sua irmã foi por muito tempo - até ser atingida por percalços que a abalaram - uma espécie de oposto seu. Era firme, decidida, corajosa, assertiva e bem-sucedida. Expressava opiniões bem-definidas sobre tudo, sendo dura com os outros. Não tinha papas na língua e criticava Paulinho implacavelmente, qualquer que fosse o motivo da divergência, reforçando as suas inseguranças. Ela era uma eficaz representante da reprovação tão temida, que ele projetava do seu mundo interno para o exterior.

 

Medo do futuro

A carência afetiva vem se acentuando com a percepção do envelhecimento. O pavor da solidão, da doença, da ruína e, em suma, do triste fado que ele prevê para todos os homossexuais se manifesta pela pergunta: "Quando eu morrer quem vai carregar as alças do meu caixão?", dúvida que o aterroriza ao longo dos anos. Toda vez que observa um homossexual mais velho, especialmente se acompanhado por um parceiro jovem, seus comentários são impiedosamente ácidos, expressando seus temores mais profundos. Não acredita que pessoas do mesmo sexo possam de fato se acertar numa relação. Parece ter algum prazer em ser uma espécie de formiguinha operosa, que - tal como na fábula de La Fontaine - no final da história vai se dar melhor do que as alegres cigarras, aquelas que só sabem cantar e dançar. Esta é a forma como retrata os homossexuais abertamente assumidos, expondo de modo inequívoco o seu próprio preconceito. Seria uma espécie de triunfo compensador, ainda assim insuficiente para consolá-lo. Em função deste tipo de preocupação, conclui que precisa trabalhar até o limite do fisicamente suportável, com a finalidade de guardar dinheiro para a velhice, quando terá obrigatoriamente de pagar pelos serviços de um acompanhante e/ou cuidador. Assim explica a sua preocupação constante em não usar suas economias, acumulando uma reserva para o futuro sombrio. Este cenário psíquico desolador compromete investimentos no presente, implicando comportamentos de avareza sobre os quais tem pouco discernimento.

Chega à noite em casa normalmente desgastado por um trabalho que não o satisfaz. O ambiente corporativo do dia a dia o incomoda pela alta exigência e competitividade. Vive em estado de contínua tensão, sempre preocupado em ocultar sua vida particular, com receio de julgamentos negativos. Adormece esgotado, infeliz por estar sozinho. O sonho - que lhe parece cada vez mais remoto - de ter uma companhia significa naturalmente poder contar com alguém para conversar na hora do jantar. Alguém que se interesse pelo que fez durante o dia, que escute atentamente suas queixas e o incentive a superar as inúmeras dificuldades. Numa fantasia bastante reveladora, Paulinho vai ao ponto de imaginar que esta pessoa poderia, amorosamente, examinar sua pele cheia de dermatites e passar as pomadas que o aliviariam. A cena remete aos cuidados de uma mãe prestimosa para com o seu bebê e encerra ingredientes tanto da ordem da ternura quanto da sensualidade.

Nos encontros sexuais, cada vez mais raros, sempre preferiu ser penetrado a penetrar. Poder-se-ia inferir que seu pênis não deve assumir uma função mais ativa, o que seria coerente com a atitude pouco incisiva e predominantemente expectante na vida. Elaborações a respeito passaram rapidamente pelo horror de se imaginar penetrando genitalmente a própria mãe. Por outro lado, uma identificação com a mãe poderia ser interpretada na maneira com que trata os parceiros sexuais, agindo do mesmo modo carinhoso como possivelmente -nos seus devaneios infantis - gostaria de ter sido tratado por ela. Outra interpretação - na linha do complexo de Édipo invertido (Freud, 1923/1996b) -, tentando correlacionar o seu comportamento com vestígios derivados de um hipotético desejo inconsciente de obter prazer do pai - talvez admirado num plano mais profundo -, foi rechaçada com veemência por Paulinho como totalmente inadmissível. Sequer conseguiu pensar a respeito. A ideia revelou-se mais traumática do que propiciadora de reflexão. A temática sexual é uma questão que ainda demandaria afrouxamento de resistências para novas explorações. Cogito, todavia, que nossa parceria analítica esbarrará nesta área com limites que não poderão ser ultrapassados.

 

O vínculo com o analista

Paulinho é extremamente assíduo e pontual. Avisa com antecedência as faltas previstas para poder obter uma eventual reposição de horário. Assim revela um inegável empenho no labor analítico. Por outro lado, percebo um traço mesquinho em sua conduta. Parece que ele não aguenta faltar a uma sessão - como fato que pode eventualmente acontecer - e ter de pagar por ela. Significaria um desperdício inaceitável, um prejuízo irrecuperável, um dano a ser evitado a qualquer custo. Isto conduz a especulações sobre sua inveja e voracidade, indicadas também pelo forte medo de ser explorado e espoliado. São aspectos que ele resiste em analisar. Está como que psiquicamente instalado no papel de fraco e infeliz. Transmite a impressão de que é um "coitadinho", vítima do destino cruel que o condenou à homossexualidade. Perder uma sessão também significa perder a chance de obter o máximo possível do analista, tomado como um seio idealizado, cheio de qualidades que a ele faltam. Ele é tão carente de energia, vitalidade, ideias, iniciativa e coragem que talvez fantasie absorver estes elementos no contato comigo. A voracidade anda junto com a inveja em relação ao analista, supostamente em paz consigo mesmo, equilibrado e bem-resolvido sexualmente, assim como são todos os seus primos, referências recorrentes em nossas conversas como símbolos do sucesso que ele nunca alcançou e - pior que tudo - nunca alcançará. A imagem do êxito é simples e clara: são todos casados, com filhos e financeiramente bem-situados. Ressalte-se que todos eles, segundo seu viés, o tratam com indiferença ou desdém sempre que o encontram.

Em paralelo à inveja, como outra face da mesma moeda, observo que lhe falta o sentimento de gratidão. É raro expressar, direta ou indiretamente, algum tipo de reconhecimento ou agradecimento em relação a mim ou a qualquer outra pessoa de seu relacionamento. Parece que ninguém se salva. A exceção era a sua mãe, quando viva. Hoje em dia, a exceção tende a ser a sua sobrinha, por quem tem uma evidente afeição, preocupando-se com seu futuro. Os comentários sobre os poucos amigos são sempre contundentes: são egoístas, aborrecidos ou depressivos. Os colegas de trabalho são ambiciosos e agressivos. Os clientes são exigentes, imediatistas e grosseiros. Sua irmã é autoritária e quer controlar sua vida. Em comum, todos são invasivos, querendo saber de sua vida pessoal, se é casado ou se tem namorada, perguntas para as quais não tem a única resposta - a afirmativa - correta e salvadora. O fato é que Paulinho continua em estado de permanente alerta, procurando manter em segredo a verdade que o martiriza, mas que, a esta altura, todos que o conhecem parecem intuir. Chega a ser ingênua e comovente a tentativa de enganar as pessoas do seu convívio com respostas evasivas.

No geral assume a postura de que o mundo lhe deve e que deveria receber muito mais atenção e consideração dos outros, que, no entanto, maldosamente negam o que seria mais do que justo e merecido.

Em termos da análise, as queixas recorrentes estão a serviço de evidenciar que meu trabalho não é tão eficiente, uma vez que seus problemas persistem, causando-lhe muita angústia. Deixar o analista, por meio de identificação projetiva, com a plena noção de sua insuficiência parece ser um objetivo inconsciente da parte invejosa de Paulinho. Impede, talvez, que se sinta inferiorizado diante de mim, que seria mais um integrante do time dos privilegiados pela sorte que não lhe sorriu. Este mecanismo serviria para atenuar a força do ódio e ressentimento de quem se considera um perdedor e permitir que ele não despreze totalmente o processo analítico, não a ponto de interrompê-lo. A ambivalência é notória, pois se ele comparece religiosamente a nossos encontros é porque necessita de mim como o interlocutor que lhe oferece escuta, holding e continência, ajudando-o a não perder as esperanças em um futuro melhor. Por outro lado, se não demonstra gratidão e reconhecimento, talvez isto se deva, em parte, a uma estratégia de defesa contra eventuais e perigosas fantasias homossexuais - que se sobreporiam ao laço afetivo - em relação ao analista, e que, se admitidas, acentuariam sensações de dependência e vulnerabilidade.

Paulinho não acolhe bem as interpretações transferenciais. Não se empenha em associações e deixa que elas se percam, desperdiçando o seu potencial de expandir ideias. Eu diria que é uma estratégia de esterilização da análise. Mais do que isso, dificilmente menciona qualquer tipo de impressão a respeito do analista. Superficialmente esta atitude aparenta ser uma espécie de belle indifférence histérica. Num plano mais profundo, penso neste comportamento como manifestação de traços de um narcisismo negativo com aspiração ao nível zero de investimentos, expressando-se através do que Green (2002/2008) denomina de função desobjetalizante - essencialmente caracterizada por desinvestimento e desligamento -, que ataca a relação com o objeto. Trata-se para este autor da operação da pulsão de morte. Como alvo desta desobjetalização, perco importância para Paulinho, que me coloca no papel de "analisador" do material que traz, porém com poucas chances de um intercâmbio analítico efetivo. Deste modo, esquiva-se de um contato mais pleno, refugiando-se em um retraimento narcísico. O resultado é o empobrecimento do processo analítico, com restrição das possibilidades de trilhar novos percursos de pensamento.

Como ensina Klein (1957/1991), a inveja prejudica a capacidade de fruição e, em consequência, a gratidão. Esta, por sua vez, ajuda a atenuar os impulsos destrutivos, a própria inveja e a voracidade. A gratidão pode ser concebida como um derivado da capacidade de amar. Se ela não se desenvolve de maneira satisfatória ficam prejudicadas as possibilidades do sujeito para a reparação e a sublimação. As dificuldades de elaboração da posição depressiva se entrelaçam, numa influência recíproca, com as da travessia do Édipo. Paulinho está longe de aproveitar a vida no que ela pode lhe oferecer. O medo o paralisa e o ressentimento toma grande parte de seus pensamentos. Percorrendo a rota da repetição, entoa sempre as mesmas queixas e lamúrias. Seus sonhos o levam, em geral, a reviver situações do passado - como se afirmasse: "Eu era feliz e não sabia!" -, em companhia da querida mãe, aquela que o deixou, deflagrando uma vivência próxima do luto insuperável.

 

O presente

Alguns anos decorreram entre a morte da mãe e a do pai. Depois que ela faleceu, Paulinho pôde se aproximar mais dele. Embora sem grandes manifestações de afeto, conseguiu redimensionar sua figura, reconhecendo as qualidades de homem honesto, correto e que trabalhou com afinco para propiciar uma condição de conforto para a família.

Paulinho se ocupou com seus pais durante todo o período em que estiveram doentes. Administrou a casa com muita dedicação. Isto serviu como boa justificativa para relegar a um segundo plano qualquer projeto pessoal. Não procurou uma atividade profissional mais gratificante nem priorizou uma ligação afetiva mais consistente.

Após a morte do pai, aparentemente, ele estaria mais livre para cuidar de sua vida. Parece, no entanto, que a tristeza pelas perdas, especialmente a da mãe - com quem ainda sonha muito hoje em dia, como se quisesse voltar ao aconchego do útero -, o conduziu para um estado de melancolia. Está sempre cansado e desanimado, detesta o trabalho, sente-se carente, mas não consegue fazer nada para mudar o panorama de sua existência. Aliás, não acredita em suas condições para alterar o rumo dos acontecimentos.

Uma questão emblemática de sua tremenda dificuldade de mobilização é o fato de a casa dos pais estar já há alguns anos desabitada, mas ainda com a mobília quase intacta e muitas roupas e utensílios guardados. Não consegue resolver o que fazer com o imóvel. Não se decide a alugá-lo ou vendê-lo. Sequer fala com um corretor para avaliá-lo. Deste modo, o assunto permanece estacionado, como se a casa fosse se transformar numa espécie de museu da família.

Ultimamente a irmã está se apegando muito a ele. Desde que se separou, ela recorre à ajuda de Paulinho. Ele vem lhe emprestando dinheiro para cobrir déficit de orçamento e frequentemente sai com ela e a sobrinha. O trio aparenta, para um observador externo, constituir um casal com uma filha. Evidentemente trata-se de um casal que não poderá se concretizar; dir-se-ia que é uma maneira que ele tem de se envolver cada vez mais em uma situação que não pode prosperar. De alguma forma, empata seu tempo e sua vida em projetos sem perspectivas, englobando defesas cerceadoras da libido.

A problemática sexual, vivida com tanta culpa, encontra na irmã uma herdeira do aspecto repressivo dos pais. Teria sido constrangedor admitir sua homossexualidade perante a mãe - que queria um filho másculo e viril, mas também doce e gentil, bem melhor do que o marido que escolhera - e também uma humilhação perante o pai, sempre tão denegrido. Este pai nunca demonstrou grande confiança nas capacidades de Paulinho, principalmente depois de adulto. O seu olhar reprovador expressava um conteúdo de castração, tal como se dissesse: "Você não é suficientemente competente como homem!". Hoje ele ainda se revolta quando a irmã faz algum questionamento ou qualquer insinuação sobre a natureza do relacionamento que mantém com o seu amigo mais próximo.

Assim a vida passa e nenhuma mudança deve acontecer. A ladainha mortífera de queixas prossegue e a previsão da solidão no envelhecimento pode realmente se efetivar, como uma profecia da qual ele não escapará.

 

Palavras finais

Lacan (1986/1988), na introdução de seu texto sobre os paradoxos da ética, coloca a instigante pergunta: "Agiste em conformidade com o teu desejo?" (p. 373).

Garcia-Roza (1990) discute esta questão e, utilizando-se de outra formulação de Lacan, afirma que a exigência fundamental de uma ética da psicanálise seria dar meios ao indivíduo para ter condições de "não ceder de seu desejo" (p. 156). Não ceder de seu desejo equivaleria a não ceder de sua diferença e, portanto, não abrir mão de ser sujeito. Não se trata, creio eu, de negar as leis e restrições veiculadas pela cultura e pela família através da instância do superego, tal qual uma apologia da transgressão e do gozo. Trata-se, isto sim, de ressaltar a importância de que cada indivíduo possa levar seriamente em conta o seu verdadeiro desejo. Esta visão reforça o entendimento da análise como o processo pelo qual o analisando vai se aprofundando no conhecimento de si mesmo e se constituindo como sujeito em sua singularidade. Seria o caminho para que cada um vá se assumindo como a pessoa que realmente é.

Paulinho abre mão de sonhos, desejos, fantasias e aspirações. Tenta, sem sucesso, substituí-los por uma receita convencional e normativa. Parece fugir de si mesmo, renegando aspectos de sua personalidade. Obcecado pelo ideal de uma heterossexualidade inatingível, ele acaba por trair a sua essência como ser humano. É, sem dúvida, a forma de sobrevivência que escolheu, mas o preço parece muito alto.

 

Referências

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Correspondência:
Julio Hirschhorn Gheller
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Recebido em 11.6.2013
Aceito em 23.8.2013

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