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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.49 no.1 São Paulo jan./mar. 2015

 

OUTRAS PALAVRAS

 

O ser contemporâneo: entre o pensamento religioso e o científico (por um reinvestimento do processo sublimatório)1

 

The contemporary being: between religious and scientific thinking (for reinvesting in the sublimatory process)

 

El ser contemporáneo: entre el pensamiento religioso y el científico (por una reinversión del proceso de la sublimación)

 

 

Ignácio Alves Paim Filho

Psicanalista, membro pleno do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre (CEPdePA), membro titular da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPdePA), professor convidado da pós-graduação em psicologia clínica da Universidade de Caxias do Sul (UCS)

Correspondência

 

 


RESUMO

Este trabalho visa exercitar uma reflexão sobre o “ser contemporâneo”, tomando por objeto de estudo os estágios animista, religioso e científico enquanto sistema de pensamento, proposto por Freud em seu trabalho Totem e tabu. A partir deles, o autor faz um breve percurso pelo pensamento freudiano, com a expectativa de articular os desdobramentos dessas ideias embrionárias. Parte do pressuposto de que estamos vivendo um tempo marcado por um revigorar do sistema de pensamento religioso, acompanhado de uma degradação do sistema de pensamento científico. Diante disso, propõe a importância de um reinvestimento das bases sublimatórias do pensamento científico, vendo nessa interação a possibilidade da reconstrução de um sistema de pensamento que rompa com a ideia de criar Weltanschauung.

Palavras-chave: sublimação; pensamento; narcisismo; Weltanschauung.


ABSTRACT

This paper aims to be a reflection exercise about the “contemporary being”, focusing on the stages animist, religious, and scientific as a system of thought, which were proposed by Freud in his work Totem and Taboo. From these stages, the author briefly examines Freud's thinking in order to link the effects of inchoate ideas. He assumes that we are living in a time when the religious system of thought has been r evived, accompanied by a decline of the scientific system of thought. Thus, he suggests the importance of reinvesting in sublimatory bases of scientific thinking. From this interaction, he sees a system of thought that may be reconstructed which breaks from the idea of creating a Weltanschauung.

Keywords: sublimation; thinking; narcissism; Weltanschauung.


RESUMEN

Este trabajo tiene como objetivo reflexionar sobre el “ser contemporáneo”, tomando como objeto de estudio las etapas animista, religiosa e científica - propuestas por Freud en su obra Tótem y tabú. A partir de ellas, el autor hace un breve recorrido por el pensamiento freudiano, con la expectativa de articular las ramificaciones de estas ideas embrionarias. Presupone que estamos viviendo en una época marcada por una revitalización del sistema de pensamiento religioso, acompañado por una degradación del sistema de pensamiento científico. Teniendo en cuenta esta afirmación sugiere la importancia de la reinversión de las bases de la sublimación en el pensamiento científico. Viendo en esa interacción, la posibilidad de reconstrucción de un sistema de pensamiento que rompa con la idea de crear Weltanschauung.

Palabras clave: sublimación; pensamiento; narcisismo; Weltanschauung.


 

 

Nessa obscuridade, um raio de luz isolado é lançado pela observação psicanalítica.

(S. Freud)

Pensar a contemporaneidade é um grande desafio. Pensar o “ser” neste tempo é pura provocação. Pensar sobre sua interação, decididamente, é mais uma dessas missões impossíveis. Como pensar sobre nós mesmos, enquanto produtos e agentes deste tempo sem tempo? Seguramente um desafio carregado de dose significativa de provocação. Mas aceitá-lo faz parte do exercício interminável do vir a ser um analista identificado com o espírito investigador de Sigmund Freud.

Assim sendo, mesmo inebriados pela obscuridade ofuscante das intensidades tanáticas que brotam do solo desta pós-modernidade, proponho-me a lançar um olhar sobre os caminhos e descaminhos em sua composição. Vivemos um tempo marcado pela lógica das não diferenças, uma homogeneidade das individualidades, que produz sujeitos presos em uma homeostasia narcísica; um tempo movido pela busca de um prazer irrestrito, em que o consumo adicto de pessoas, coisas e drogas lícitas e ilícitas dita a norma de comportamento. Prolifera uma desmoralização da lei - esta passa a ser vista e sentida como pervertida em sua essência: a lei é para alguns, não para todos. A famosa imagem da Justiça, cega no sentido simbólico de imparcialidade, se encontra decadente - vivemos em face de muitas parcialidades. A violência indiscriminada assola a vida diária. Um universo que visa uma atemporalidade, na qual a memória, com sua potencialidade de narrar e transformar histórias, encontrare esfacelada - o ato em detrimento do pensamento. A psicopatologia da clínica cotidiana apresenta a dor psíquica circulando entre a apatia e a tristeza, traduzidas em uma desesperança de sujeitos desencantados consigo e com o seu meio social. Isso faz com que, muitas vezes, aufiram o rótulo de depressivos. Um panorama desolador. Como compreendê-lo? Que saída podemos oferecer desde a perspectiva da hipotética antropologia psicanalítica, proposta por Freud?

Diante desse cenário, procuremos encontrar algum raio de luz tomando como ponto de partida o trabalho centenário de Freud Totem e tabu (1913/1969j). Dele, compreendo que os estágios animista, religioso e científico podem ser um bom guia para tecermos considerações sobre os interrogantes acima. Nesse texto, temos posta a seguinte estruturação para a organização da psique e da cultura: em priscas eras houve o assassinato do chefe da horda primeva por todos os irmãos; esse ato preciso sofreu a ação do recalcamento, que traduz em seus retornos a saciedade do ódio e também o amor que leva ao remorso; tal interação ódio-amor promove o retorno do pai sob a figura do “pai morto”; visando mitigar e reconhecendo sua culpa, os irmãos elegem um totem, representante desse pai morto, e dois tabus - respeitar a vida do totem e evitar o incesto. De forma sintética, podemos dizer que, assentado no universo totêmico, o processo de humani-zação do homem dar-se-á pelos estágios animista, religioso e científico.

Façamos um rápido percurso por tais modos de pensar. Esses estágios, ou ainda, sistema de pensamento, são desdobramentos do ato inaugural da cultura, que traz com uma envergadura peculiar a dor do desamparo e o enigma da morte nesses filhos insurgidos, que mantêm em si a marca de um assassinato primordial. Nesses estágios, como sistema de pensamento, se delineia sempre algum nível de renúncia, pois os mensageiros da morte sempre se anunciam. É importante frisar que Freud, na escritura de 1913, manterá um paralelo entre o homem primitivo, a criança e o neurótico, visando dar consistência a sua tese de persistência desses estágios no desenvolvimento de todo o ser da cultura. Concomitantemente, proporciona ancoragem a uma possível antropologia psicanalítica, situada no complexo de Édipo.

O estágio animista, o mais primitivo, visa explicar os fenômenos do universo de forma totalitária. Outorga uma explicação única com a pretensão da verdade absoluta. Freud o considera a primeira Weltanschauung - visão de mundo (1913/1969j, p. 99). Conjuntamente com essa compreensão, o homem primitivo tem a necessidade de controlar o mundo ao seu redor. Diante dessa demanda, cria normas para obter domínio sobre a natureza, as coisas e as pessoas. Nesse contexto, surge a força da magia e da feitiçaria. Temos aqui o nascimento do pensamento onipotente, a crença irrestrita no poder de seus desejos, fazendo surgir o que Freud denominou “alucinação motora” (1913/1969j, p. 106): desejo realizado em ato. Como sabemos, no bebê ocorre a satisfação alucinatória do desejo, que não vai ao ato pela sua debilidade motora. Outro contraponto é encontrado na neurose obsessiva - por exemplo, na erotização do pensamento, a crença no poder dele e na ambivalência. Nesse estágio, os homens atribuem a si o poder criador - supremacia do autocentramento. Entretanto, um quantum de sua onipotência é renunciado através da invenção dos espíritos, da alma. Assim, essa primeira efetivação teórica do homem cumpre uma dupla função: o reconhecimento da morte e, ao mesmo tempo, sua negação, trazendo à luz a imortalidade da alma. Agregando esses dados às ideias dos trabalhos metapsicológicos de 1914-15, temos condições de caracterizar esse sistema de pensamento como o vigente no narcisismo primário, Eu Ideal.

Esse estágio será o precursor dos demais, produzindo suas ressonâncias. Verificamos isso, em especial, no estágio religioso. Nele ressurge a personificação do pai morto, não em um totem mas sim em Deus, criado à imagem e semelhança do homem. Sendo a onipotência transferida para os deuses, eles sim têm o poder de transformar as formas indomadas da natureza, bem como das pulsões. Cabe ao homem, através dos mais diversos rituais, influenciar os deuses para realizar seus desejos e apaziguar sua destrutividade. Aqui já temos a instalação do narcisismo secundário e um Ideal Eu, este projetado na figura de Deus-Pai - evidentemente, como sucedâneo da história da sexualidade infantil, em sua fixação libidinal nos pais; um alvorecer da conflitiva edípica. Nesse estágio, ocorre um alienar-se nos desígnios de Deus - apogeu da heteronomia: somente contenho o meu desejo e a força da minha destrutividade por temor a Deus. O mal-estar é mitigado por formações reativas, que em um movimento circular se retroalimentam. Por exemplo: desejo - pecado - punição - sacrifício - salvação. Esse sistema de pensamento é movido por princípios morais, ditados pelo Supereu, com seu masoquismo moral, que se manifesta no seu sadismo sobre o Eu. Padece da força coerciva do juízo de condenação: minha culpa, minha máxima culpa.

Quando do advento do estágio científico, algumas aquisições significativas são atingidas. Cabe destaque, em especial, ao avanço na potencialidade de renunciar à satisfação imediata de seus desejos. A onipotência do pensamento entra em declínio, o homem se conecta com sua pequenez, o princípio da realidade ganha maior relevância. Freud, porém, adverte que algo da crença primitiva na onipotência sobrevive “na fé dos homens no poder da mente humana, que entra em luta com as leis da realidade” (1913/1969j, p. 111). Seu narcisismo mediado pela angústia de castração, ápice da conflitiva edípica, se perpetua através de um Ideal-de-Eu não mais projetado em Deus, mais sim na sua disposição de seguir procurando realizar seus ideais: “Não tenho tudo que gostaria, mas sigo trabalhando para isso”. Esse Ideal, como herdeiro do narcisismo primário, é o resultante da resolução de sua conflitiva edípica, que consiste na inscrição simbólica da castração, com o consequente recalque do desejo. Se assim o for, o sistema de pensamento científico transita entre o conhecer os limites de seus desejos e a insuportável dor de seu desamparo. Descobrir-se um sobrevivente, que sustenta a insustentável leveza do seu ser, com a possibilidade de seguir em busca do desejado, porém por outras vicissitudes - apropriado uso dos resquícios da onipotência oriunda do estágio animista. Nesse estágio, criam-se as condições para a busca, no meio externo, de objetos que tenham uma peculiar aptidão para realizar o desejado, capacidade de amar o outro em sua singularidade.

Por esse trajeto cria-se a matéria-prima necessária para a construção da autonomia. Esse ser descentrado está habilitado a responsabilizar-se por seus destinos e pelos do meio social. Não subordinado a princípios morais, mas sim éticos. Sua relação com o Supereu, esse que contém em si os ideais, seria de instrumentalizar os destinos sublimatórios. Reconhece a dívida simbólica que tem com a tradição, podendo apropriar-se de sua herança e, com isso, andar por trilhas não trilhadas. O juízo de condenação evoca a responsabilidade: pelo que é, pelo que não é e pelo que gostaria de ser.

Eis aqui minha proposição: um reinvestimento das bases sublimatórias do pensamento científico, destino esse que está presente e ausente em todo o legado freudiano. Deixemos isso, por enquanto, em suspenso; retorno posteriormente, quando pretendo sustentar sua validade para resgatar um sistema cultural centrado em uma ética que rompa com ideais de se criar visões de mundo.

Essa breve síntese teve por objetivo delinear o pensar freudiano sobre os sistemas de pensamento. Como pode ser observado, Freud avistava, em sua concepção de pensamento científico, uma saída mais profícua para o homem administrar o mal-estar na cultura. Acreditava que um ser sem a ilusão de imortalidade, enquanto premissa fundante, poderia conviver consigo e com seus semelhantes de uma maneira mais harmoniosa. Afirma ele em 1927: “ilusão seria imaginar que aquilo que a ciência não pode nos dar, podemos conseguir em outro lugar” (Freud, 1927/1969f p. 71). Repassemos que seu ideal de ciência, como representante do sistema de pensamento científico, prezava a busca de um conhecer em constante estágio de transformação. Que as eternas perguntas do homem - o que somos, de onde viemos e para onde vamos - se perpetuem e sigam denunciando a impossibilidade de uma resposta perene. Eis um dos porquês do seu dialogar com os mitos. Essa ideia dá amparo ao codinome de: totem e tabu - nosso mito científico (1921/1969i); ciência - nosso Deus Logos (1927/1969f); ou ainda, teoria das pulsões -nossa mitologia (1933/1969c).

O pensamento científico que encontramos na obra freudiana se caracteriza por constantes rupturas, que criam possibilidades e originam novas ideias. Seguramente o exemplo mais significativo está posto na famosa virada de vinte - criação do conceito altamente subversivo da pulsão de morte.2

Contudo, antes de avançarmos, recordemos a máxima freudiana: cada ser humano repete em sua história singular suas heranças geracionais mais a de sua espécie. A ontogênese repete a filogênese. Todos nós somos tributários e devedores do crime primordial. Nesse sentido, na psique nada se perde: tudo apresenta potencialidade de transformação. Portanto, reafirmo: os sistemas de pensamentos assinalados seguem vigentes em nossa estruturação, e somos convocados a refletir de que forma ocorrem seus retornos. Neste trabalho, em conexão com minha proposta, vou circunscrever a amplitude dessa temática, ocupando-me em tecer algumas considerações sobre o processo do pensar - entre o pensamento religioso e o científico e suas repercussões no ser contemporâneo.

Tomando por referência o dito anteriormente sobre nossa contemporaneidade, julgo que estamos diante das ressonâncias psicopatológicas dos dois sistemas de pensamento - arrefecer da sublimação.

Recordemos que na Idade Média (séculos de V a XV) tivemos o auge do estágio religioso, uma visão de mundo que preconiza o poder absoluto de Deus-Pai. Império do patriarcado com suas monarquias. Deus mantém o mundo e o homem sob o seu controle - a desconsideração para com os seus mandatos transforma o ser em um bárbaro. Está prescrito que não há vida possível fora do escopo religioso. Questionar a pertinência dos seus dogmas é igual à excomunhão. Esse período ficou conhecido como Era das Trevas.

A Idade Moderna (séculos de XV a XVIII) encontra nas ideias de Copérnico (1473-1543) um marco significativo para a construção de um novo tempo. Segundo Freud (1917/1969b), ele promove o primeiro golpe (cosmológico) no narcisismo do estágio religioso, ao proferir que a Terra não é o centro do universo - do geocentrismo para o heliocentrismo. Entretanto, o ápice transformador que instaura a modernidade com seu sistema de pensamento são as ideias forjadas no Iluminismo (século XVIII), movimento que visava mobilizar o poder da razão a fim de aperfeiçoar a sociedade e reformar o conhecimento oriundo da tradição medieval. Possui na Revolução Francesa (1789/1799) um de seus grandes representantes, como bem o demonstram seus ideais: liberdade, fraternidade e igualdade. O mundo sofre uma grande mutação: das trevas às luzes. O estágio científico ganha consistência. Isso fará Freud dizer que Darwin (1809-1882), naturalista britânico, promoverá o segundo grande golpe (biológico) no narcisismo, no que diz respeito às ideias geradas no estágio religioso, na era medieval. Com seu livro A origem das espécies (1859), introduz a ideia da evolução a partir de um ancestral comum -a seleção natural. Sendo assim, anuncia que o homem tem sua origem relacionada com os macacos. A origem divina entra em questão. Põe-se em movimento uma das primeiras discussões científicas da humanidade. Seguindo esses descaminhos, o estágio científico ganha envergadura, por exemplo, com Nietzsche (1844-1900), filósofo alemão que, em 1882, no livro A gaia ciência, vai anunciar ao mundo que “Deus está morto”. O pensar está mais livre das garras animistas e religiosas; é possível pensar o não pensado, como também o impensável.

No âmbito social, a Revolução Industrial (1760-1840) é um divisor de águas na história da humanidade. A vida cotidiana ganha novos contornos; o trabalho e o acesso aos bens de consumo visam tornar a vida mais produtiva. Nasce a perspectiva de um bem-estar individual que levaria a um bem-estar coletivo. O pensador escocês Adam Smith (1723-1790), pai da economia moderna, propõe que o individualismo é útil para a sociedade. O capitalismo entra em gestação. O mal-estar social se traduz pela distância entre classes sociais, decorrente de uma individualidade sem singularidade, com impossibilidade de um olhar para o coletivo. Por outro lado, Karl Marx (1818-1883), fundador da doutrina comunista, propunha a ideia de que o mal-estar da modernidade seria solucionado com uma “ditadura do proletariado”. Acreditava que eliminar as diferenças de classe, por si só, garantiria o tão almejado bem-estar coletivo. É considerado um dos arquitetos da sociologia moderna. Contudo, seu projeto não se efetivou devido a uma homogeneidade do social que não levava em conta a individualidade com sua subjetividade.

A vida na era moderna vai se tornando mais complexa; o homem desenvolve recursos para dominar as forças da natureza, as quais passam a trabalhar em prol das necessidades dele. Desejar é quase igual a realizar - querer é poder. A ciência vai criando o inimaginável, tendo como referência fundamental a racionalidade. Descartes (1596-1650), com seu “Penso, logo existo”, ocupa um lugar de relevância. A civilização centrada em um ideal de plenitude avança a passos largos, rumo a novas conquistas. A ideia de imortalidade aguça todos os sentidos, a transitoriedade deve ser desconsiderada. O ser da era moderna está comprometido com o imperativo categórico do ter.

Contudo, o mal-estar persiste, insiste, e as ideias de conquista de amparo para nosso desamparo originário, por meio dos lemas da Revolução Francesa, fracassam: liberdade - adaptação; igualdade - ausência de singularidade; fraternidade - indiferença com as diferenças. Sendo assim, um grande marco que põe em questão a modernidade e vai influenciar o surgir dos tempos pós-modernos é a Segunda Guerra Mundial: o Holocausto do povo judeu, que o mundo testemunhou com indiferença. Penso que esse fato histórico é um segundo tempo da situação traumática vivida na escravidão, na degradação do continente negro. Talvez possamos inferir que o Holocausto foi um fator significativo na deterioração do estágio científico, enquanto a escravidão consolidou a falência do estágio religioso, ainda presente na Idade Moderna, e lançou as sementes que interrogam o sistema de pensamento científico.

Freud (1856-1939), um cidadão além de seu tempo, profere o terceiro golpe (psicológico) no narcisismo da humanidade e o primeiro no pensamento científico da modernidade, centrado na racionalidade e na cientificidade, ao criar a psicanálise - essa ciência unheimlich (Paim Filho, 2011). Temos isso sintetizado na célebre frase: “O eu não é senhor da sua própria casa” (Freud, 191771969b, p. 178). Ou ainda, no livro de 1930, O mal-estar na cultura, no qual consolida a tese sobre a força da destrutividade humana, o mal radical que habita o homem. Parte do pressuposto de que as ideias iluministas focadas na racionalidade não podem ser atingidas na amplitude desejada. Entretanto, propõe que o sujeito que busca saber de si pode galgar mais liberdade, ao reconhecer seu desejo e a impossibilidade de realizá-lo totalmente, estabelecendo um jogo dialético entre a renúncia e a satisfação - obtenção da capacidade de viver sua sexualidade com maior prazer. De posse dessa aquisição, tem recursos para tratar de forma igual os diferentes, possibilidade de se pôr no lugar de... - condição fundamental para trabalhar com o outro para o bem da coletividade.

O sofrimento do ser contemporâneo se manifesta diante de suas mazelas com o ter. O conflito não se estabelece com o que desejo, mas com o que necessito desesperadamente. A busca é por alívio, e não por querer saber o porquê do seu padecer. Se o ter faz o ser, o que fazer quando o ter entra em colapso? Talvez não seja da ordem do fazer, mas sim do sentir. Sentir o quê? Tristeza, angústia ou a dor que todo luto produz. Isso é possível quando vivemos sob a égide da sociedade do espetáculo (Debord, 1967/1997), ou ainda, da cultura do narcisismo (Lasch, 1979/1983)? Não. Nesse caso, a tristeza/a dor dos lutos que nos constitui como humanos vira sinônimo de depressão e, como tal, passa a ser vista como um mal a ser erradicado. Se assim o for, podemos especular que, no período moderno, o mal-estar se apresentava através da histeria, assim como, no pós-moderno, se configura na patologia da depressão. Nesse sentido, a “patologização” do ser faz jus ao dito popular: para cada dor um remédio, ou melhor, uma medicação.

Ponderando sobre essa necessidade de elaborar os lutos sem luta, parece-me que a produção e a prescrição de psicofármacos, em grande escala, estão aí para acabar com a dor e provavelmente com o amor. Este pode ser um bom modelo para caracterizar o pensamento científico na pós-modernidade: racionalismo e cientificismo. Pois esse pensar propõe destituir o singular, com sua subjetividade, pelo plural, com sua objetividade. Diz-me quais os teus sintomas, que te direi quem és. A etiologia da dor é desconsiderada em prol dos conjuntos de sinais e sintomas que caracterizam as síndromes ou os transtornos. Esse sistema de pensamento acabou por criar uma nova visão de mundo, uma

Weltanschauung científica, ou ainda, neurológica. Nesse pensar regido pelos ditames do narcisismo, a rocha da castração entra em declínio. Temos aqui o estabelecimento da idealização, que como nos diz Freud é diferente da sublimação: “a sublimação descreve algo que ocorre com a pulsão, e a idealização, algo que ocorre com o objeto” (Freud, 1914/2004, p. 113). Sendo assim, na idealização, o objeto é exaltado e mantém seu compromisso com a meta da satisfação sexual parcamente transformada. Acredito que o pensar científico, enquanto visão de mundo, produz ideias que ganham a condição de fetiches - as quais podem ser compreendidas como tentativas de administrar a realidade inassimilável da castração:

A criação do fetiche foi devida a uma intenção de destruir a prova da possibilidade da castração, de maneira a que o temor desta possa ser evitado (Freud, 1940/19696, p. 232).

Diante desse novo/velho cenário de desamparo, que fomenta a força do masoquismo primário em sua versão erógena e não erógena,3 observamos, por um lado, um retrocesso ao sistema de pensamento religioso - este compreendido como catalizador dos investimentos narcísicos e endogâmicos. A dor frente à falência da função paterna - como diz Cazuza: “Meus heróis morreram de overdose” - faz com que o Homem procure desesperadamente alguém que o acolha, seja o chefe do bando, da tribo, da gangue, do crime organizado, ou ainda, da seita religiosa. Estamos em tempo de proliferação do misticismo; de impossibilidade de prescindir da presença de um pai fálico, talvez tramitando entre o totem e Deus; de expectativa de ressuscitar o Deus morto - idolatria e devoção -, como nas religiões fundamentalistas. Nesse sistema de pensamento, temos operando a formação reativa, transformação ao contrário, que desinveste o destino sublimatório e potencializa a ação do recalcamento. Recordemos:

Aquele que trocou seu narcisismo pela veneração de um ideal-de-Eu elevado não conseguiu necessariamente sublimar sua pulsões libidinais (Freud, 1914/2004, p. 113).

Por outro lado, o pensamento científico, libertador em sua essência, já que visa a construção da autonomia, encontra-se em degradação, acha-se corrompido pelas forças narcísicas, pela proliferação desmedida da onipotência animista, que desencadeia a necessidade de busca da imortalidade e da felicidade plena - seres que se acreditam investidos do poder de Deus, propondo o império da racionalidade. O Deus Logos, de Freud, perde seu status de mito para ganhar contornos de um ser portador de uma verdade absoluta, consolidação do cientificismo com seu racionalismo - estes embebidos por proposições também fundamentalistas. Perspectiva de ressuscitar Deus Logos através da crença da redução do homem a um ser neuronal, que tem um padrão de comportamento preestabelecido a cumprir. Falência do processo sublimatório, um estar aprisionado ao Eu-ideal, o que determina um ideal em si mesmo. Ambiente propício para o acontecer do desmentido, fazendo do criado um objeto que encarna a completude.

Após esse breve trajeto pelos destinos do ser contemporâneo, um interrogante se faz presente: partindo do pressuposto de que estamos vivendo em uma temporalidade que tem circulado entre as visões de mundo do sistema de pensamento religioso e do científico, qual o melhor caminho? Creio na possibilidade de uma via complementar: o reinvestimento do processo sublimatório - uma área de ilusão a serviço das especulações. Como proferiu Freud em 1937: “Sem especulação e teorização metapsicológica - quase disse 'fantasiar' - não daremos outro passo à frente” (1937/19Ó9a, p. 257). Esse processo está vinculado à proposição freudiana de que a sublimação é um dos destinos do desejo que prescinde do recalque,4 estando implicada na gênese da criação. Freud trabalha esse conceito em vários momentos de sua obra; vou me ocupar, mais especificamente, de sua significação quando do advento da última teoria pulsional. Isso se deve ao fato que a sublimação no cenário da pulsão de destruição cria e amplia a capacidade do sujeito de aproximar-se e, ao mesmo tempo, manter uma distância protetora do caldeirão das paixões pulsionais. Assim sendo, esse recurso paradoxal dá condições de construir algo a partir da instrumentalização por Eros da energia representacional liberada pela pulsão de destruição, energia essa que é uma espécie de embaixador do vazio originário. Nesse sentido, a dimensão ética da sublimação se dá em dois ângulos: na possibilidade de liberar o desejo das amarras do recalque e, concomitantemente, por poder dar um destino alternativo à destrutiva pulsional - um destino que não seja, por exemplo, o ato e/ou a submissão masoquista aos mandatos do Supereu sádico.

De maneira sucinta, podemos dizer que a sublimação permite a construção de um novo objeto do desejo, a partir do originário, o que possibilita um prazer com maior fluidez de gratificação - gratificação que busca um outro que também possa usufruir dessa produção prazerosa. Portanto, como dissemos antes, toda a sublimação remete a uma questão ética, pois sempre está em jogo o sujeito criador (emissor) e um outro sujeito (receptor) com que será compartilhado o objeto criado - ambos, emissor e receptor, estando sob o jugo estruturante da falta. Paralelamente a isso, temos o fator estético: algo é criado, uma presença para ser compartilhada, sentida em suas nuances prazerosas e desprazerosas - não apenas pelo viés do belo como também pela qualidade do sentir em todas as suas ressonâncias. Sentir como está disposto por Freud em “O estranho” [“Das Unheimliche”] (1919/1969e), que remete ao horror/fascínio do encontro com algo conhecido e desconhecido, que revela e encobre a falta, a castração. Via sublimação, podemos ter um bom intercâmbio entre a força destrutiva da pulsão de morte e a força construtora da pulsão sexual: “Portanto, na combinação regular dos dois instintos há uma sublimação parcial do instinto de destruição” (Freud, 1953/1989, pp. 449-450). Ressaltando que nesse processo se encontra implicado de forma determinante um objeto que, ao ser inventado, permite que se estabeleça um compasso e um descompasso sublimatório no criador, bem como nesse outro que recebe a criação.

Por esse caminho, especulo a possibilidade de a sublimação poder executar uma função de conferir uma nova vicissitude ao repúdio do feminino (Freud, 1937/1969a). Esse que jaz no leito de rocha. Castrado sim, porém nem tanto...5 Pois todo o ato sublimatório perpassa uma dessexualização e uma defusão pulsional. Diante disso, reafirmo, a pulsão de morte liberada fica a serviço de romper com as ligações, produzindo potencialidades para que a pulsão sexual possa trilhar novas trilhas. Não esqueçamos que, para Freud, a sublimação envolve mudança na meta: de sexual direta para um sexual indireto - juntamente com a ideia de que o objeto criado esteja em conexão com os ideais da cultura, não com a cultura do ideal. Nesse sentido, evoco o enunciado de Freud de 1933, em que compara o processo de transformação da psique com uma produção da cultura. Ambos deixam um subtexto que nos faz especular sobre o duplo vértice da sublimação: sujeito↔cultura: “Onde estava o Id, ali estará o Ego. É uma obra da cultura - não diferente da drenagem do Zuiderzee” (Freud, 1933/1969c, p. 102).

O reinvestimento do processo sublimatório poderia ser uma opção para que o pensamento científico encontrasse um melhor destino para seu narcisismo. Nesse caso, o ser contemporâneo poderia organizar-se e ter seu escopo pensante circulando entre o desejo e o reconhecimento da alteridade; com isso, teríamos o advento de um novo tempo, em que o horror ao desamparo encontraria refúgio no prazer advindo do encontro ético e estético com a criação. Isso fica bem caracterizado na obra de arte, que convida criador e espectador a viver em parceria os deleites e os estranhamentos diante do reencontro com suas experiências primárias de satisfação, balizados pelo interjogo do repúdio e do recalque.

Entretanto a sublimação transpõe a criação artística: ela tem potencialidade de se fazer presente em todo o processo criador do sujeito. Um bom exemplo é o ato criador que acontece quando o bebê não encontra a identidade de percepção. Dessa experiência de dor nasce, de um lado, a alucinação e, de outro, a construção da identidade de pensamento. Freud diz em 1900: “O pensamento, afinal, não passa de um substituto do desejo alucinatório” (1900/1909g, p. 517). Seguindo essas associações, recordo que, em 1923, Freud afirma o lugar da sublimação no processo de pensar: “Daí resulta que, na verdade, é a sublimação da força pulsional erótica que também alimenta o trabalho de pensar” (Freud, 1923/2007, p. 54), trabalho esse que ganha sentido, como um destino balizado pela sublimação, quando nele estão implicados o desejo do sujeito - o desejo do outro - e os ideais da cultura. Temos exemplos, característicos da falha da sublimação no processo de pensamento, em que predominam as certezas alienantes do narcisismo, tais como: a ruminação e erotização do pensar obsessivo; o delírio da psicose; o “sei, mas, mesmo assim” (Mannoni, 1969/1973) da perversão; ou ainda, o “nem sim nem não” (Green, 1977/1988) dos fronteiriços.

Nessas palavras transcritas no parágrafo anterior, Freud explicita o pensamento como sendo, em sua gênese, um dos destinos da sublimação, essa que tem em vista sublimar-a-ação. Quando viabilizada, permite que o encontro da “coisa” com a palavra vá adquirindo o valor de metáfora - metáfora que permite conjugar múltiplas percepções, dando margem para o emergir dos pensamentos não pensados e impensáveis em busca de um pensador. Aquisição que institui condições para que a psique se amplie, criando e recriando representações.

Pensamento científico, quando investido pela sublimação, abre possibilidades de invenção, criação e transformação. Sim, transformar as forças indomáveis das pulsões dentro de certa formação de compromisso entre o desejo do sujeito e as demandas da cultura. Por esses caminhos, é possível fantasiar a ideia de que o homem possa se reconciliar consigo - enquanto ser desejante, desamparado e vassalo de sua pulsão de morte - e com o meio social, fazendo do seu mal-estar uma força propulsora que o mantenha conectado com a falta que o desejo revela e encobre, e que veja nessa não somente a marca da frustração, mas também a marca que pode alavancar a sua busca por um bem-estar próprio e compartilhado. Se a arte é um bom guia para a compreensão e o desenvolvimento de um pensamento impulsionado pelo processo sublimatório, quem sabe cada um de nós possa se descobrir como aquele que faz arte.

À guisa de assinalamento final, deixo registradas as seguintes palavras de Freud, proferidas em O mal-estar na cultura (1930/1969h), com a esperança de que produzam um raio de luz, mesmo que isolado, iluminando nossa vocação para tecer especulações metapsicológicas sobre e para o ser contemporâneo, o qual necessita, mais do que nunca, romper com os mandatos idealizados que lhe estão sendo destinados desde a perspectiva fundamentalista do pensar religioso e científico:

A tarefa aqui consiste em reorientar os objetivos pulsionais de maneira que eludam a frustração do mundo externo. Para isso ela conta com a assistência da sublimação das pulsões. [...] Quando isso acontece, o destino pouco pode fazer contra nós. Uma satisfação desse tipo, como, por exemplo, a alegria do artista em criar, em dar corpo as suas fantasias, ou do cientista em solucionar problemas ou descobrir verdades, possui uma qualidade especial que, sem dúvida, um dia poderemos caracterizar em termos metapsicológicos. (Freud, 1930/1969h p. 98)

 

NOTAS

1 Trabalho apresentado no Congresso Brasileiro de Psicanálise, Campo Grande, 2013.

2 Psicanalista, membro pleno do Centro de Estudos Psi-canalíticos de Porto Alegre (CEPdePA), membro titular da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPdePA), professor convidado da pós-graduação em psicologia clínica da Universidade de Caxias do Sul (UCS).

3 No sentido de rever as viradas, ou ainda, os pontos de mutação do pensamento freudiano, o trabalho “Exercitando a leitura de Freud nestes novos tempos” (Paim Filho, Katz & Kunzler, 2011/2014) fornece um bom roteiro. Propõe a ideia de quatro viradas: (1) 1891/1897-1905; (2) 1914-1915; (3) 1919/1920-1930; (4) 1925/1927-1937/1938.

4 A temática de um masoquismo não erógeno é tratada no trabalho “Freud reinventando Freud: um retorno às origens” (Paim Filho, 2012), em que se busca validar a ideia de que o não erógeno estaria na origem do psíquico, com um predomínio da pulsão de morte pouco domesticada. Implica sua presença nas patologias do irrepresentável.

5 Paim Filho e Frizzo (2008) trabalham a ideia de que o recalque ao qual a sublimação não está subordinada é o recalque propriamente dito. Compreendem que o recalque originário, enquanto fundante do inconsciente recalcado, estará sempre implicado no processo sublimatório.

6 Alguns autores contemporâneos que abordam esse tema são Myrta Pereda (1997), a ideia de uma desmentida estruturante, e Noberto Marucco (1997/1998), a do fetiche virtual.

 

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Correspondência:
Ignácio Alves Paim Filho
Rua Felipe Neri, 457/401
90440-150 Porto Alegre, RS
paimiga@terra.com.br

Recebido em 20.1.2014
Aceito em 4.12.2014

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