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Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.49 no.3 São Paulo July/Sept. 2015

 

OUTRAS PALAVRAS

 

Transmissão psíquica de elementos traumáticos na conjugalidade1

 

Psychic transmission of traumatic elements in conjugality

 

Transmisión psíquica de elementos traumáticos en la conyugalidad

 

 

Carolina CibellaI; Andrea Seixas MagalhãesII; Terezinha Féres-CarneiroIII

IMestre em psicologia clínica pela PUC-Rio. Em formação psicanalítica na Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro (SPRJ). Graduação em Psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em Letras na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
IIDoutora em Psicologia Clínica pela PUC-Rio. Professora adjunta 2 do Departamento de Psicologia da PUC-Rio. Professora e supervisora do Curso de Especialização em Psicoterapia de Casal e Família da PUC-Rio. Membro da Association Internationale de Psychanalyse de Couple et de Famille. Bolsista de produtividade do CNPq
IIIDoutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP. Pós-doutorado em Psicoterapia de Família e Casal pela Universidade de Paris 5. Professora titular e coordenadora do Curso de Especialização em Psicoterapia de Família e Casal do Departamento de Psicologia da PUC-Rio. Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq. Membro da Association Internationale de Psychanalyse de Couple et de Famille

Correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo deste artigo é discutir as repercussões da transmissão psíquica inconsciente de elementos traumáticos na constituição da identidade conjugal, enfatizando o aspecto estruturante da transmissão do trauma. Pressupõe-se que os fantasmas que assombram o casal dizem respeito aos aspectos traumáticos que cada um dos parceiros traz consigo, a partir das experiências com os primeiros objetos de amor -sejam objetos primários, sejam edípicos - que são reeditadas na conjugalidade. Considera-se que essa vivência traumática é constitutiva da conjugalidade normal, ou seja, inerente à neurose. Conclui-se que a conjugalidade mobiliza intensa carga pulsional, fruto da transmissão transpsíquica entre os parceiros, mas também fruto do legado que o casal carrega de seus antepassados. A relação do casal abarca, portanto, a reedição de relações objetais do passado, ao mesmo tempo que o encontro amoroso possibilita o exercício da criatividade e da recriação do eu.

Palavras-chave: conjugalidade; trauma; transmissão psíquica; psicanálise de casal; identificação.


ABSTRACT

The purpose of this paper is to discuss the repercussions of the unconscious psychic transmission of traumatic elements in the constitution of the conjugal identity. For this purpose, the authors emphasized the structuring aspect of the trauma transmission. We assume the ghosts that haunt the couple are related to the traumatic aspects that the partners bring with themselves from those experiences with their first objects of love - either primary or oedipal objects - that are revived in conjugality. We consider this traumatic experience is constitutive of normal conjugality, and thus inherent in neurosis. We conclude that conjugality mobilizes an intense pulsional load, which is not only a product of the transpsychic transmission between partners but also a product of an ancestral legacy that has been carried on by them. Therefore the couple relationship includes the revival of past objectal relationships, as the romantic encounter enables the exercise of creativity and the recreation of the self.

Keywords: conjugality; trauma; psychic transmission; couple psychoanalysis; identification.


RESUMEN

El objetivo de este artículo es discutir las repercusiones de la transmisión psíquica inconsciente de elementos traumáticos en la constitución de la identidad conyugal, enfatizando el aspecto estructurador de la transmisión del trauma. Se presupone que los fantasmas que acechan a la pareja atañen a los aspectos traumáticos que cada uno de los compañeros trae consigo, a partir de las experiencias con los primeros objetos de amor - sean objetos primarios, sean edípicos - que son reeditadas en la conyugalidad. Se considera que esa vivencia traumática constituye la conyugalidad normal, es decir, inherente a la neurosis. Se concluye que la conyugalidad moviliza intensa carga pulsional, fruto de la transmisión transpsíquica entre los compañeros, pero también fruto del legado que la pareja trae de sus antepasados. La relación de la pareja abarca, por lo tanto, la reedición de las relaciones objetales del pasado, al mismo tiempo que el encuentro amoroso permite el ejercicio de la creatividad y de la recreación del yo.

Palabras clave: conyugalidad; trauma; transmisión psíquica; psicoanálisis de la pareja; identificación.


 

 

A instauração da conjugalidade possibilita a interseção de muitas tramas psíquicas no sujeito, sejam ligadas aos aspectos narcísicos e identitários, sejam relacionadas aos objetos parentais internalizados, que remontam aos primeiros objetos de amor e, portanto, à trama familiar edípica do sujeito. Cada parceiro traz para o par que se forma aspectos que serão confrontados com aqueles trazidos pelo outro, e é a metabolização deles que constituirá a originalidade do novo casal, produzindo o eu conjugal.

Essa metabolização remonta às origens familiares transmitidas psiquicamente, apesar de sempre permanecer a dialética continuidade/descontinuidade (Puget & Berenstein, 1993), na medida em que os dois polos criação/repetição estão sempre permeando o encontro a dois. A história dos sujeitos-parceiros é repetida e revelada, mas assume uma nova dimensão pelo efeito modificador que o outro causa no estabelecimento da conjugalidade. Convém apontar que se privilegia o ponto de vista que considera a conjugalidade numa perspectiva intersubjetiva, e não somente a partir do ponto de vista intrapsíquico. Ressaltam-se as trocas identificatórias, que possibilitam a constituição de um psiquismo compartilhado entre os membros do casal (Eiguer, 1985, 2013).

O objetivo deste estudo é discutir como a instauração da conjugalidade leva os sujeitos a entrarem em contato com um trauma constitutivo edípico ou pré-edípico - não sendo referido, portanto, a um trauma desestruturante, de natureza patológica. Instiga-se a compreensão da transmissão traumática na neurose comum, ou seja, referida aos aspectos da fantasia do neurótico ligados às primeiras relações de objeto, as quais possuem uma carga pulsional intensa e são reeditadas na instauração da conjugalidade.

Busca-se estudar o processo de formação do eu conjugal, em articulação com o que foi transmitido geracionalmente, tendo sido metabolizado ou não. Além dessa transmissão intergeracional, considera-se também a transmissão transpsíquica (Kaës, 2001) entre os membros do casal, ou seja, aquela que se refere ao que é transmitido através dos sujeitos, e não entre eles, e que diz respeito principalmente à transmissão de elementos traumáticos. Quando se refere ao trauma, trata-se da transmissão deste e de sua elaboração na identidade conjugal.

 

A dimensão inconsciente da conjugalidade

Na literatura psicanalítica das relações amorosas, a conjugalidade é definida como uma identidade compartilhada, que é produto da trama identificatória inconsciente dos membros do casal e criada a partir da história familiar de cada um, mas que aponta para um ideal conjugal compartilhado (Magalhães & Féres-Carneiro, 2003; Féres-Carneiro & Ziviani, 2009). Partindo dessa definição, percebe-se o quanto a conjugalidade se entrelaça com o que é transmitido geracionalmente, pela origem dessa identidade compartilhada na história familiar de cada um dos cônjuges, e ao mesmo tempo aponta para a formação de algo próprio ao casal, um ideal conjugal compartilhado. Magalhães e Féres-Carneiro (2003) definem a conjugalidade também como uma trama identificatória que reedita vivências edípicas e pré-edípicas, mas que ao mesmo tempo propicia uma possibilidade de recriação do eu. Essa reestruturação da subjetividade dos parceiros pode ocorrer, na conjugalidade, pelo exercício da atividade interfantasmática entre os parceiros (Magalhães & Féres-Carneiro, 2005).

A definição psicanalítica de conjugalidade remete, portanto, a duas direções: da repetição, por um lado, e do inédito e da criatividade, por outro. Considera-se que a escolha amorosa, aquilo que vai ligar os parceiros, é da ordem da transmissão. Pode-se entender essa escolha como uma formação de compromisso inconsciente (Eiguer, 1985), que atende ao desejo, mas ao mesmo tempo rompe com a família de origem; assim, é sempre uma escolha paradoxal.

Em alguns textos ao longo de sua obra, Freud teorizou a respeito da escolha amorosa - por exemplo, em "Sobre o narcisismo: uma introdução" (Freud, 1914/1996b), nos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (Freud, 1905/1996e), assim como na série de três textos sobre a psicologia do amor (Freud, 1910/1996d, 1912/1996a, 1918/1996c). Contudo, Freud não conceituou especificamente o termo conjugalidade; ele considerava a escolha amorosa na perspectiva do sujeito que escolhe alguém de acordo com seus primeiros objetos de amor parentais - como diz Freud, "o encontro do objeto é, na verdade, um reencontro" (Freud, 1905/1996e, p. 210).

A partir de um detalhado percurso teórico, Freud (1910/19960) demonstra que os objetos amorosos do homem adulto são substitutos do amor infantil pela mãe. Todavia, esse amor pela mãe é insubstituível e, portanto, seus possíveis substitutos, na fase adulta, carregam a marca de não proporcionar a satisfação desejada - o que configura um desejo insaciável. A escolha objetal do adulto resgata o romance familiar do sujeito e toda a triangulação edípica infantil.

Ressalta-se que a escolha amorosa, ou melhor, a instauração da conjugalidade é um marco importante na vida psíquica do sujeito, dentre muitos fatores, pelo fato de a escolha do objeto de amor extraparental reativar o objeto edipiano parental, propiciando a emergência de fantasias que estavam adormecidas e possibilitando um momento de elaboração do conflito edípico. Apesar de mobilizar tantos sentimentos conflituosos, a possibilidade de elaboração do conflito edípico que o encontro amoroso promove - e que já se iniciara na adolescência - pode ser estruturante para o casal conjugal. A escolha amorosa é uma escolha inconsciente, em que se substitui o objeto amoroso do romance familiar por um amor possível, mas que permanece veladamente relacionado ao amor infantil recalcado (Eiguer, 1985; Magalhães, 2009).

A partir da proposição de Eiguer (1985) que conceitua a escolha amorosa como um tipo de formação de compromisso inconsciente, próximo ao sintoma ou ao lapso, que possibilita um alívio econômico, discute-se a sua função defensiva. Pode-se pensar nessa defesa como uma proteção frente ao incesto, que ocorreria caso a fantasia edípica com relação às figuras parentais se concretizasse. Eiguer (2013) defende a importância dessa escolha para a consolidação e organização inconsciente do casal, uma vez que os dois membros do casal entrecruzam objetos inconscientes, frutos do amor infantil. Segundo Magalhães e Féres-Carneiro (2003), o parceiro mobiliza o material recalcado e produz um discurso amoroso com potencial de elaboração e decifração - decifração esta relacionada com o edípico, ou seja, com todos os impulsos amorosos e hostis que retornam direcionados na atualidade ao objeto amoroso, e não mais aos pais.

O casal é, assim, o passado e o atual. Robert (2005) indica que, no casal, cada um transfere e desloca sobre o outro imagens do passado. Contudo, o casal também é o atual, e não somente o passado: o atual seria o encontro com a alteridade, com o estrangeiro. O autor pontua que a palavra laço, ou vínculo (lien, em francês), é polissêmica e suscita interrogações sobre o narcisismo e a relação de objeto, portanto, sobre o período primário da constituição do psiquismo. Muitos casais, na clínica, apresentam o medo do compromisso, mantendo uma incerteza com relação ao vínculo, uma vez que a possibilidade da perda não pode ser assumida nem suportada.

Essa impossibilidade da perda do outro remete a perdas vividas com objetos do passado. Puget e Berenstein (1993) apontam que muitos casais atendidos na clínica sofrem com o desprendimento dos vínculos parentais com as famílias de origem, assim como encontram dificuldade em criar uma estrutura inédita na relação conjugal. Alguns casais se comportam como se permanecessem em um mesmo contínuo com a família de origem, reproduzindo seus modelos, diante da angústia de indiferenciação. Outros já fixam o começo de uma história neles mesmos, desconsiderando o passado geracional. Muitos casais demonstram, ainda, intolerância quando se percebem como parte de uma continuidade. Esses são os principais mitos de origem do casal.

Com base na importante contribuição de Winnicott de que as relações amorosas se vinculam com o brincar, constituindo um espaço potencial, Lejarraga (2012) aponta que os membros do casal não procuram a união abolindo as diferenças, mas sim vivenciam os paradoxos da transicionalidade, a partir do desejo de se unir e se fusionar, ao mesmo tempo que buscam explorar e descobrir o outro como diferente. Portanto, não se trata de considerar a formação do eu conjugal como uma fusão de dois egos, com a abolição das diferenças e a formação de um psiquismo compartilhado homogêneo, mas sim de discutir e problematizar, no estudo da conjugalidade, as complexas origens do psiquismo do casal, assim como as formas que os parceiros encontram para lidar com o paradoxo da repetição e da criação, que estarão sempre permeando o encontro a dois.

Winnicott (1970/2011) sinaliza que a criatividade refere-se à experiência infantil, que consiste na capacidade de criar o mundo, o que permite a manutenção da vida. Com relação ao viver criativo no casamento, o autor aponta que parece haver um sentimento de declínio de iniciativa em muitos sujeitos casados, ou seja, nem todos podem se sentir criativos no casamento e, portanto, nem todos permanecem casados. O autor ressalta que "o tédio resulta do tamponamento da vida criativa, que provém do indivíduo, e não da parceria, ainda que um parceiro possa inspirar criatividade" (Winnicott, 1970/2011, p. 30).

Convém refletir sobre a origem desse tamponamento da vida criativa, ou seja, por que e em que momentos o tédio parece dominar a vida a dois, bloqueando a possibilidade de o novo emergir? Winnicott traça uma possibilidade de resposta a esse questionamento: o autor diz que muitos daqueles que não conseguem ser criativos e, assim, são vítimas da compulsão, estão repetindo elementos de suas histórias. Acrescenta-se que, quando os sentimentos de tédio ou angústia dominam, esses casais parecem estar repetindo elementos traumáticos da sua história - vivências difíceis com os objetos primários ou edípicos de suas infâncias, que, na vida a dois, são rememorados.

 

Transmissão psíquica inconsciente na conjugalidade

Todo sujeito recebe uma herança genealógica e psíquica de seus familiares, tendo como tarefa lidar com esse material. O ambiente familiar e, especificamente, a vida do casal são espaços nos quais os mecanismos de identificação irão processar-se, assim como são cenas nas quais a transmissão psíquica inconsciente vai se apresentar, seja através do legado psíquico herdado de gerações anteriores, seja através da transmissão inconsciente entre os membros de uma mesma geração, o que permitirá a constituição do psiquismo familiar e do psiquismo conjugal.

Ao lançar o foco sobre a conjugalidade, tomando como base a transmissão de elementos traumáticos através das gerações, considera-se que esses elementos mal assimilados ao psiquismo retornam com a revivência do Édipo no casamento, tendo sido transmitidos para os membros do casal através do processo de transmissão psíquica. Trata-se aqui de uma transmissão inconsciente, que também ocorre com os membros do casal na formação de sua identidade conjugal, uma vez que há a formação de uma estrutura psíquica conjugal que supera os limites egoicos.

O que está em jogo na questão da transmissão, em termos psicanalíticos, é a formação do inconsciente e os efeitos produzidos nas subjetividades, por meio das relações intersubjetivas, ao longo das cadeias geracionais (Kaës, 2001). Parte significativa do processo de transmissão baseia-se nas identificações. Na formação do casal, podem-se identificar as representações de objeto e os afetos presentes no vínculo conjugal, que, por sua vez, remontam aos ancestrais dos dois e, ao mesmo tempo, apontam para o caráter da família que está se formando (Eiguer, 1998).

A transmissão psíquica que ocorre entre pais e filhos é chamada de intergeracional, sendo também constitutiva da intersubjetividade e, portanto, das subjetividades. A transmissão psíquica intergeracional é um trabalho de ligações e de transformações (Granjon, 2000). Esse trabalho, contudo, pode falhar, ocorrendo então a transmissão transgeracional, na qual o que se transmite está em estado bruto, podendo aparecer como uma lacuna, um vazio, algo que não pôde ser transformado nem elaborado. Essa distinção entre transmissão intergeracional e transgeracional é proposta por muitos teóricos psicanalíticos (Benghozi, 2000; Correa, 2000; Granjon, 2000; Trachtenberg, 2005), que consideram a transmissão transgeracional como a transmissão do trauma, do não elaborado, uma transmissão bruta entre as gerações, que se expressa pelos sintomas.

Contudo, considera-se que a herança transgeração também compreende elementos em instância de representação, elementos de natureza não traumática, ou seja, não patológica (Eiguer, 1998). Essa perspectiva embasa a proposta de se pensar o trauma como constitutivo e, portanto, atualizado na relação conjugal, na medida em que há no encontro amoroso, novamente, assim como nos períodos edípico e pré-edípico, a vivência de um excesso pulsional em relação ao qual o ego deve fazer frente. A instauração da conjugalidade é uma situação potencialmente traumática, uma vez que, quando dois egos se unem para constituir um psiquismo compartilhado, há um excesso pulsional além da capacidade egoica de elaboração. Cada um dos membros do casal traz consigo uma carga pulsional própria, advinda de sua história. Entretanto, considera-se que o encontro amoroso pode se constituir em uma vivência traumática estruturante, na medida em que é parte integrante da experiência de todo sujeito que se dispõe a estabelecer um laço conjugal.

A transmissão intersubjetiva é acompanhada, normalmente, por um trabalho de transformação, para que o afeto, o pensamento e a emoção possam ser assimilados (Lemaire, 2003). Esse tipo de transmissão pressupõe certa diferenciação entre os sujeitos e o espaço entre eles (no grupo familiar ou no casal), ao passo que na transmissão transpsíquica os limites já não são tão claros. Na transmissão transpsíquica, não há, portanto, um espaço intermediário. Tal configuração acaba por gerar a formação de enclaves, clivagens e criptas para defender-se do contato com o objeto psíquico temido, perigoso ou traumático, transmitido pelo outro (por exemplo, o parceiro amoroso). Lemaire (2003) exemplifica essa questão da transmissão transpsíquica através de certas formas de relações amorosas que podem se apresentar como um perigo para a autonomia psíquica e afetiva de um ou de outro membro do casal, que se sente possuído pelo seu parceiro e psiquicamente submetido, ainda que não haja nenhuma violência manifesta.

Buscando novos elementos na teoria psicanalítica para a compreensão da dinâmica do casal, retoma-se Puget (2000), que diz que é preciso ter em mente que não existe uma realidade forjada somente pelas fantasias inconscientes e pela vida pulsional, mas que existe uma outra realidade construída no encontro a dois: são dois sujeitos que impõem sua estranheza um ao outro, como acontece no vínculo conjugal. Essa estranheza, à qual a autora se refere, relaciona-se aos elementos traumáticos presentes no psiquismo de cada membro do casal e apresenta-se de forma intensa quando, na instauração da conjugalidade, forma-se o eu conjugal. Esses elementos traumáticos podem ser compreendidos a partir do conceito de intermediário (Kaës, 2011).

A ideia de intermediário aparece, na obra de Freud, no estudo dos sonhos, da formação do ego e do pré-consciente, considerando os espaços intrapsíquicos; e, no espaço intersubjetivo, quando o autor estuda os grupos e a questão da cultura. Kaës (2011) chama de formações intermediárias alguns processos - como o da formação do sintoma - que carregam o traço do conflito defensivo do qual resultam. Ressalta que "o intermediário funciona, pois, como uma barreira de filtragem, como um para-xcitações contra o poder contagioso do desejo que destruiria tudo se fosse satisfeito sem outro tratamento econômico" (Kaës, 2001, p. 53). O trauma poderia ser entendido como o resultado de um fracasso da formação intermediária, já que as situações traumáticas são aquelas em que as excitações são tão fortes a ponto de romper a barreira de proteção egoica. O intermediário remete àquilo que faz a ligação entre elementos. Portanto, quando, na formação de um casal, cada membro traz sua "estranheza" - seus elementos traumáticos - para ligar à estranheza do outro na formação do eu conjugal, pode-se presumir que haverá uma exigência, e talvez um fracasso, do processo intermediário.

Além de discutir o conceito de intermediário com base na obra freudiana, Kaës (2011) destaca na teoria winnicotiana a noção de espaço transicional, que pode ser entendido como um espaço para a apropriação da herança transmitida. Na presente discussão, assinala-se que o espaço transicional criado na conjugalidade funciona como um espaço intermediário no qual os elementos traumáticos herdados podem ser apropriados, elaborados ou mesmo assimilados ao psiquismo compartilhado pelo casal. Assim, entende-se o contato do psiquismo conjugal com os elementos traumáticos, sobretudo, como uma possibilidade de reconfiguração egoica, tanto dos sujeitos-parceiros quanto do casal enquanto unidade.

Na relação conjugal, os membros do casal passam por um trabalho de assimilação e de elaboração de traços do outro, no momento de constituição do eu conjugal. Esse processo identificatório envolve a introjeção, uma vez que há um encontro de dois egos que se fundem para formar um psiquismo conjugal; contudo, esse trabalho psíquico não se dá de forma tão linear, não há um encaixe perfeito dos dois egos. Em alguns tipos de relação conjugal, o mecanismo da incorporação predomina sobre o da introjeção, fazendo com que aspectos do outro sejam depositados no psiquismo, dispensando o "trabalho doloroso da recomposição", usando a expressão de Abraham e Torok (1995). Nesses casos, parece haver uma recusa do luto, uma vez que sempre haverá perdas no processo de constituição do eu conjugal, ou mesmo podem ocorrer casos em que o outro é incorporado como um tampão, para encobrir angústias e vazios existenciais. Esses processos de identificação entre os membros do casal oscilam entre a introjeção e a incorporação de qualidades do outro (Magalhães & Féres-Carneiro, 2003).

A transmissão psíquica, travada por meio dos processos de identificação, necessita de uma filtragem do ego. Quando falha essa filtragem, aquilo que é transmitido não consegue ser apropriado pelo ego. Nas relações conjugais, como há um ego compartilhado pelo casal (o eu conjugal), a transmissão transpsíquica, que ocorre através dos membros, estará atuante e, portanto, o eu conjugal terá o trabalho de filtrar os elementos traumáticos transmitidos por gerações passadas. Entretanto, ocorrerá também uma transmissão entre os sujeitos, ou seja, no vínculo conjugal cada um irá transmitir, ao outro, traços psíquicos que serão introjetados ou incorporados pelo parceiro na instauração da identidade compartilhada pelo casal. Podem-se entender essas duas formas de transmissão na conjugalidade, respectivamente, como estando a primeira no eixo vertical (transmissão através das gerações) e a segunda no eixo horizontal (por meio das identificações entre os sujeitos-parceiros).

 

Transmissão psíquica de elementos traumáticos na conjugalidade

As uniões conjugais, apesar de muitas vezes envolverem rituais familiares cercados de alegria, como se traduz na celebração do casamento, são também situações críticas, que suscitam alguns rearranjos psíquicos e a transmissão de objetos familiares. Granjon (2000) sinaliza que a vida da família é composta por momentos críticos, dentre os quais destaca os nascimentos, as mortes e as partidas. Esses eventos do ciclo vital da família marcam a história familiar, e a instauração da conjugalidade é um desses acontecimentos críticos, pois, dentre muitos fatores, é um momento em que elementos traumáticos não elaborados pelas gerações anteriores, que dizem respeito ao laço conjugal, podem vir a emergir.

Faz-se necessário, então, um trabalho psíquico em torno da herança desses fantasmas que assombram o casal. Tal trabalho pode ser efetuado por meio da historicização propiciada pelo processo psicanalítico. Kaës (2001) diz que "a noção de trabalho psíquico da transmissão é entendida como o processo e o resultado de ligações psíquicas entre aparelhos psíquicos e como as transformações operadas por essas ligações" (p. 69). Trabalha-se, desse modo, com os elementos que compõem a história do casal, assim como com o vínculo intersubjetivo e os processos identificatórios (sobretudo as projeções) que ocorrem entre os membros do casal.

Partindo da ideia de que há a constituição de um ego compartilhado na conjugalidade e, portanto, sem delimitação clara das fronteiras psíquicas entre os membros do casal, considera-se que a parte não acessível da história de gerações anteriores que reaparece pode ser percebida pelo eu conjugal como um excesso pulsional, que necessita ser dominado. Conforme Chem (2005): "No exercício diário das relações amorosas, as fronteiras entre interno e externo, dentro e fora, não são permanentes e, em muitos momentos, ameaçam desaparecer" (p. 85). A dificuldade está em conciliar o estabelecimento de uma diferenciação egoica separada, o que é importante para a preservação da individualidade, sem projeção maciça de cargas psíquicas violentas de um sobre o outro, e, por outro lado, o estabelecimento de um eu conjugal, de uma identidade de casal, necessária para a constituição de um vínculo conjugal consistente.

A partir da reflexão sobre os processos de transmissão psíquica de elementos traumáticos na conjugalidade, é possível articular o enigma no casal com a compreensão de mensagens enigmáticas transmitidas (inconscientemente) às crianças pelos adultos nos primeiros anos de vida, desenvolvida por Laplanche (1988). As mensagens transmitidas entre os membros de um casal também podem ser enigmáticas pela estraneidade que comportam e, portanto, pela possibilidade de envolverem uma dimensão traumática, assim como pela mobilização de aspectos muito regressivos dos cônjuges.

Ocorre, contudo, que o cônjuge possui os códigos de tradução das mensagens que a criança não possui. O transpsíquico - a intrusão no psiquismo do outro - age sobre um psiquismo em formação, o da criança, enquanto que, no caso de um casal, estamos diante de dois indivíduos adultos (Robert, 2005). Essas mensagens enigmáticas, emitidas pelo parceiro, muitas vezes dizem respeito a fantasmas do passado, a elementos traumáticos que assombram o psiquismo de um ou dos dois membros do casal. Se essas mensagens irão configurar-se como traumáticas, inassimiláveis ou não, ou mesmo se serão estruturantes para a constituição do eu conjugal, irá depender da história de cada casal particularmente e da capacidade de elaboração dos parceiros.

Identificar o que seria traumático na conjugalidade não é a proposta deste trabalho, uma vez que implicaria a investigação da história particular de cada casal. No entanto, considera-se que algumas das características permanentes da conjugalidade permitem levantar alguns processos próprios ao encontro conjugal que tocam a questão da transmissão de elementos traumáticos de forma mais ampla. Um desses processos seria a revivência das relações primárias e edipianas, importante característica da constituição da conjugalidade, na medida em que os membros do casal se deparam com o excesso pulsional advindo dessas relações, o que pode ser vivido como traumático. Como exemplo, Kernberg (1995) fala que "um marido dominante e uma esposa submissa se transformam, respectivamente, num garotinho lamuriento e numa severa mestra quando ele fica gripado e precisa de cuidados" (p. 81). Outro exemplo seriam os processos próprios à formação do eu conjugal: a introjeção, a incorporação e a identificação projetiva, que também são constituintes da conjugalidade e remetem à transmissão de elementos (traumáticos ou não) entre os membros do casal.

O movimento regressivo do casal, contudo, não é somente uma repetição do passado - das experiências precoces entre mãe e bebê ou das vivências edípicas -, mas também um movimento de reorganização. A relação amorosa se apoia numa fantasia, visando à ilusão perdida (Robert, 2004). No entanto, considera-se que há um espaço transicional na conjugalidade com potencialidade de transformação daquilo que é transmitido e que parece ser pura repetição do passado. Conforme afirma Alvarenga (1996), "mesmo sendo impossível não repetir padrões arcaicos surge, através do trabalho da sublimação, a possibilidade de inovação para além da repetição" (p. 31).

Monique Dupré Latour, no artigo "Couple et traumatisme" (2005), interroga-se sobre o modo como o casal pode ser o lugar de organização, digestão e elaboração dos traumatismos e por quais processos o aparelho psíquico do casal transmite o trauma, já com alguma elaboração. A autora analisa a transmissão do trauma principalmente a partir da escolha amorosa. Aponta dois tipos de identificação que podem surgir entre os membros do casal no momento da escolha amorosa: as identificações positivas e as negativas. As positivas são mais conscientes e adaptadas à realidade. Já as negativas têm em sua base uma questão traumática inconsciente, sendo que o laço psíquico formado não possibilita a simbolização e a verbalização - a dimensão transicional do laço torna-se, portanto, permeada pela fusão.

Latour (2005) diz, ainda, que a escolha de um parceiro pode ser implementada por uma ressonância identificatória, isto é, pessoas que sofreram o mesmo trauma podem se compreender melhor e, por isso, escolhem uma à outra. A escolha nesse caso é pautada por um tipo de reconhecimento, e não de conhecimento.

Os membros de um casal podem vir a estabelecer uma relação como a de dois irmãos que competem e disputam, que se sentem preteridos por um terceiro, assim como tinham ciúmes do amor da mãe. Essas situações podem ocorrer, por exemplo, no caso de uma traição, de um homem que busca outra mulher fora do casamento - a parceira pode disputar com essa mulher, assim como disputava, no passado, com um irmão pelo amor da mãe. Outro exemplo seria o de um homem que sente ciúmes da mulher com os filhos, angustiando-se ao perceber-se excluído dessa relação dual, assim como ocorreu com ele no passado quando a mãe teve o segundo filho e passou a estar mais distante dele. Situações como essas são relatadas por Hervé (2003), que identifica, na psicoterapia de casal, a presença da transmissão desses fantasmas da infância dos parceiros, que acaba por ser sentida pela psicoterapeuta a partir da contratransferência.

 

Considerações finais

A discussão desenvolvida neste trabalho partiu do pressuposto de que aspectos traumáticos encontram-se presentes, em maior ou menor grau, em todo psiquismo, e não somente em casos de patologias graves. A neurose comum abarca conteúdos pulsionais excessivos, o que não diz respeito a situações traumáticas desestruturantes, mas a aspectos traumáticos constituintes do psiquismo. São os objetos perdidos, a falta, o recalque, a patologia e os lutos que são transmitidos "negativamente" por meio das alianças inconscientes que se processam na instauração da conjugalidade. Cada membro do casal terá tido uma vivência familiar, terá uma história própria que comporta esses elementos mal integrados ao psiquismo. Sendo assim, quando ocorre a formação do psiquismo compartilhado pelo casal e, portanto, o processamento da transmissão inconsciente entre eles, tais aspectos são resgatados.

A conjugalidade parece reativar, desse modo, duas angústias: a angústia frente ao desamparo, uma vez que, pelo vínculo intenso com o objeto de amor, torna-se também intenso o sentimento de dependência e fusão; e a angústia edípica, que estaria mais ligada à ameaça de perda de amor. Ressalta-se que a conjugalidade tem uma potencialidade traumática pelo perigo pulsional vivenciado no contato, na realidade, com um objeto amoroso que remete ao objeto fantasmático, mas a força traumática atribuída a esse encontro dependerá de cada sujeito, de cada par, de cada história.

 

Nota

1 Este trabalho é resultado da dissertação de Carolina Cibella, bolsista CNPq, defendida na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), em fevereiro de 2014, e orientada pela Prof.ª Dr.ª Andrea Seixas Magalhães.

 

Referências

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Recebido em em 25.11.2014
Aceito em 27.01.2015

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