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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.49 no.4 São Paulo out./dez. 2015

 

EM PAUTA

 

A metapsicologia como palco de diálogo teórico acerca da técnica, clínica, vida psíquica e cultura1

 

Metapsychology as a place for theoretical dialogue about technique, practice, psychic life and culture

 

Metapsicología como palco de diálogo teórico sobre la técnica, la clínica, la vida psíquica y la cultura

 

 

Celmy de A. A. Quilelli Corrêa

Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ). Psicanalista de crianças e adolescentes. Atualmente diretora do Instituto da SBPRJ

Correspondência

 

 


RESUMO

A autora saúda a iniciativa do congresso em iluminar os textos metapsicológicos como palco de diálogo com a clínica, a técnica e a cultura. Examinando o contexto histórico brasileiro, formula hipóteses para avaliar a predominância de alguns conceitos no ensino da metapsicologia. Refere pesquisa que vincula a "virada de 1920" à influência do romantismo germânico no pensamento de Freud, como possibilidade de acesso ao misterioso e irracional dos últimos textos freudianos. Sugere que os conceitos de pulsão de morte, identificação primária, desamparo, masoquismo primário, construções e feminilidade podem escapar ao impasse da racionalidade iluminista quando se convoca a "feiticeira metapsicológica".

Palavras-chave: metapsicologia; campo; palco inconsciente; segunda teoria pulsional; romantismo germânico.


ABSTRACT

The author praises the congress initiative of highlighting the metapsychological writings as a place for dialogues with practice, technique and culture. By examining the Brazilian historical context, the author proposes hypotheses in order to evaluate the predominance of some concepts in the metapsychological teaching. The author refers to a research that relates the "turning point of 1920" to the influence of the German Romanticism in Freud's thinking, as a possible access to the mysterious and irrational ideas in the last Freudian writings. The author also suggests that the concepts of death drive, primary identification, abandonment, primary masochism, constructions and femininity may escape from the impasse of Enlightenment Rationality, when the "metapsychological witch" is called.

Keywords: metapsychology; field: unconscious place; second theory of instinctual drive; German Romanticism.


RESUMEN

La autora acoge con beneplácito la iniciativa del congreso de iluminar los textos metapsicológicos como palco de diálogo con la clínica, la técnica y la cultura. Examinando el contexto histórico brasileño, formula hipótesis para evaluar el predominio de algunos conceptos en la enseñanza de la metapsicología. Hace referencia a una investigación que vincula el "cambio de 1920" con la influencia del romanticismo alemán en el pensamiento de Freud, como posibilidad de acceso a lo misterioso e irracional de los últimos textos freudianos. Sugiere que los conceptos de pulsión de muerte, identificación primaria, desamparo, masoquismo primario, construcciones y feminidad pueden escapar del estancamiento de la racionalidad iluminista cuando se convoca la "hechicera metapsicológica".

Palabras clave: metapsicología; campo: palco inconsciente; segunda teoría pulsional; romanticismo alemán.


 

 

Na realidade, minha intenção era a de seguir um sistema diferente... mas nem sempre resulta fácil realizar nossos propósitos, por razoáveis que sejam, pois a própria matéria que se trata de desenvolver impõe um determinado curso e nos desvia de nossas primeiras intenções.

(S. Freud, 1916-17)

 

O palco (o campo)

A proposta contendo metapsicologia como palco fez-me imediatamente evocar o trabalho de Freud (1942[1905-06]/1976b) "Personajes psicopáticos en el escenario", só publicado em 1942, mas que coincide com a época em que estava pensando sobre a transferência. Nele, buscava compreender por qual forma o teatro enlaçava os espectadores, as identificações com os personagens e com os atores. Trabalhando os sentimentos de alívio e prazer que um drama pode produzir, afirma:

Ser espectador participante do jogo dramático [schau-spiel]2 significa para o adulto o que o brinquedo representa para as crianças, cujas esperanças hesitantes de fazer o que os adultos fazem são, desta forma, satisfeitas. [...] O autor-ator do drama possibilita-lhe uma identificação com o herói, mas a condição de plasticidade artística é que o conflito não se evidencie explicitamente em sua crueza. não seja chamado pelo nome. (p. 277)

Com isto quer dizer da importância de que haja repressão para que o véu da realidade permita a ilusão das identificações. Sem saber.

Alguma semelhança com a cena e função da transferência?

É intrigante a concomitância com o tempo em que estava articulando sua experiência clínica com Dora, teorizando sobre e propondo uma técnica para abordar a transferência. Além disso, o detentor do texto publicado postumamente foi Max Graf, pai de Herbert Graf, nosso pequeno Hans, que depois foi diretor de cena do Metropolitan...

Voltando à importância da metapsicologia como palco do diálogo, no caso, com a clínica e com a técnica, note-se que o texto póstumo permite-nos enlaçá-lo com o conceito de campo. Muitos anos se passaram para que o conceito de campo e, posteriormente, o de enactement pudessem tomar o encontro analítico como pesquisa da cena fantasmática inconsciente.

 

O teatro da alma

Utilizar a imaginação, construir a cena, atuar os personagens em cena são tarefas do ator. Muito comumente é citado que A ratoeira, peça dentro da peça em Hamlet, é a metáfora usada por Shakespeare para pensar a função do teatro. Entretanto, a peça inteira trabalha essa temática do ocultamente e do desvelamento, da representação, da representação e do ato, do que é o sonho de ser e da ação.

Shakespeare, diz que "o ator força sua alma a sofrer com o seu próprio pensamento" (1988a, p. 616), transformando seus sentimentos e toda a sua natureza na palavra que precisa dizer. Quando entra em cena, segundo Mallet,

já traz consigo um hálito de morte: entra a carcaça, o "ator" [...] esquece então os princípios básicos, esquece a materialidade à sua volta, esquece os objetos que já se encontram em cena e frequentemente esquece aqueles que ele próprio carregou para o palco. (2000)

Quantas destas "representações" (inconscientes) os pacientes trazem em ato para a cena transferencial, na qual o psicanalista também mergulha para depois poder falar, agora como "espectador participante do jogo dramático [schau-spiel]"?

 

O contexto

Os textos de 1915, nomeados como estudos metapsicológicos, surgiram, em sua forma definitiva, como explosão criativa durante três semanas e mais onze dias do verão de 1915, em que Freud, deprimido pela guerra e pela proximidade de seus 60 anos, dispõe-se a reunir uma descrição exaustiva sobre os processos mentais até então descobertos. Um criador atormentado pela incerteza da guerra e pela vida de seus filhos, além de profundamente angustiado pela permanência de sua obra, mergulhou numa síntese teórica. Curiosa e paradoxalmente, a meu ver, sua produtividade foi intensa e férvida. Buscava um extrato para todo o seu trabalho, temia a destruição pela guerra e pela própria morte. Paria o que gestara há alguns anos: "a gravidez de uma grande síntese" (carta a Jung, citada por Jones, 1961/1979, p. 518).

Define-se a metapsicologia como a parte mais teórica e abstrata da psicanálise, como um conjunto de leis, princípios e conceitos fundamentais que permitem representar e descrever o funcionamento do aparelho psíquico, contemplando-o à luz de seus atributos dinâmicos, topográficos e econômicos. Surgiu na mente de Freud muito precocemente (temos registros dessa aspiração na correspondência com Fliess) e foi forjada por analogia com o conceito filosófico de metafísica. "A proposta de Freud é realizar a tarefa de converter a metafísica em metapsicologia" (Roussillon, 2005, p. 1174). Para isso, cria um neologismo: metapsicologia (Assoun, 1983, p. 11).

 

Cartografias

Em Freud

Temos que considerar que a ambição de Freud em conquistar o estatuto de cientificidade para a psicanálise, assim como seu forte enraizamento iluminista, fez com que a afirmasse como uma ciência da natureza, recorrendo para tal aos fundamentos e modelos referentes à sua época. Sabemos no entanto que, para que se dimensione a importância teórica de um conceito, ainda que dentro da obra de um mesmo autor tal conceito possa diferir radicalmente, é necessário que se procurem as bases epistêmicas que sustentam essas flutuações. Investigá-lo em sua inserção geográfica, muitas vezes dispersa, e nos ambientes temporal e culturalmente diversos deve ser o cinzel com que o destacamos de uma leitura literal da obra (Mezan, 1982).

 

No Rio de Janeiro. No Brasil?

Foi isso o que aconteceu com relação ao estudo da metapsicologia, pelo menos no Rio de Janeiro, na SBPRJ. Tendo sempre em mente os três fatores da diáspora psicanalítica que nos constituíram (Argentina, Inglaterra e leituras autóctones), de qual Freud estaríamos falando, uma vez que os grupos que nos formaram eram tão diferentes entre si? Pois que o Freud que nos chegou da Argentina era bem diferente do Freud que se estudava na Inglaterra. Escapava-nos a visão mais abrangente (e política) dos enraizamentos transferenciais às escolas hegemônicas atuantes. Exemplificando: "Luto e melancolia" era um texto privilegiado pela possibilidade de evidenciar o conceito de objeto interno, amplamente utilizado na obra de Klein.

Toda a política do movimento psicanalítico nos distanciava de procurar outras vertentes já muito preponderantes no pensamento europeu da época, como o estruturalismo, que permitiu a Lacan um "retorno a Freud", do qual ficamos isolados até o final da década de 70.

Autores que pensaram o Ego autônomo, como esfera livre de conflitos, eram privilegiados. Conceito muito mais palatável, e com possibilidade de articulação à teoria das relações de objetos, do que a noção princeps na metapsicologia que é a pulsão, na época lida e caracterizada como acentuadamente imbricada ao modelo econômico, e mesmo biológico.

Desconsiderava-se a imagem de o homem não ser senhor em sua própria casa, base da concepção pulsional, do psiquismo e do próprio inconsciente. Nada como lembrar a anedota citada por Freud numa carta a Fliess, ao comentar que a escrita de A interpretação dos sonhos teria sido ditada inteiramente pelo inconsciente. Itzig, um cavaleiro dominical, encontra um amigo que pergunta: "Para onde estás indo?"; Itzig responde: "Não sei, não tenho a menor ideia, pergunte a meu cavalo" (Fuks, 2014, p. 193). Contrastando com essa visão, houve um momento na história do pensamento psicanalítico em que os analistas privilegiaram outra imagem, usada pelo próprio Freud, em 1923: do cavaleiro Ego que cavalga o cavalo Id. Disso decorreram posturas técnicas que se distanciaram vivamente da pesquisa do inconsciente, Unbewusste ("aquilo que não pode ser sabido").

 

Um pouco de história e política

Assim, as críticas que se fizeram ao estudo da metapsicologia freudiana, se não foram superficiais e levianas, porque datadas entre os anos 50 e 70, foram aquelas possíveis e que nos trouxeram até hoje. Daí sempre a necessidade de revisitação. Temos que ser críticos e pensantes.

Note-se que exponho aqui o pensamento e a cultura do início dos anos 70, em que o mercado editorial brasileiro era pobre, tornando-nos dependentes do movimento editorial argentino e também inglês, já filtrados política e economicamente. Quando se teve acesso às publicações francesas, à tradução direta do alemão da própria obra, da correspondência Freud-Fliess, iniciou-se uma releitura freudiana. Com espanto, pudemos nos interrogar sobre a compreensão da primeira teoria do trauma originário, marca do recalque primário, do a posteriori, que sem a leitura do texto integral da Carta 52 não se entendia com clareza. Disso adviria enorme repercussão na técnica pela possibilidade de se aceitarem feridas, rupturas psíquicas, originariamente resultantes de acontecimentos reais. Autorizava-se uma clínica que escutava os abusos e traumas referidos pelos pacientes como capazes de desorganização subjetiva real.

A chegada do Vocabulário de psicanálise, de Laplanche e Pontalis, facilitou o estudo dos conceitos freudianos e seu interrelacionamento. Era realmente um prazer estudar, desenovelando-se enigmas conceituais que nos escapavam anteriormente sem a devida noção global da metapsicologia. Foi também dessa época a ressurreição do "Projeto" - possível a partir da publicação da correspondência Freud-Fliess, obviamente. Mas já imaginaram como se poderia ensinar e aprender A interpretação dos sonhos sem a correspondência? E ela só saiu, em português, em 1985!

As viagens de autores como Green, em 1977, no auge de sua produtividade, nos permitiram contato com o Freud já visitado por Lacan. A chegada do movimento lacaniano ao Rio de Janeiro, a volta de colegas brasileiros que tinham feito formação na França (com forte influência freudiana), os estudos e publicações de Mezan, Joel Birman e suas teses, Luiz Alfredo Garcia-Roza e o mestrado em teoria psicanalítica foram fatores que durante a década de 80 nos possibilitaram uma grande aprendizagem conceitual. Talvez ainda para poucos, é verdade. Até porque havia certa miopia que dissociava a teoria da clínica, em detrimento da primeira.

 

A chamada grande virada (dos anos 1920)

Compreender o conceito de pulsão de morte não apenas como uma especulação filosófica de Freud, ou como sinônimo da agressividade primária na leitura kleiniana, era para poucos. Concebê-la como pulsão primeira, com sua tendência dominante para a desunião, o desligamento (assim descrita no Esboço de psicanálise), inapreensível e muda, irrepresentável, unicamente detectada na clínica através da compulsão à repetição não foi, e não é ainda, tarefa fácil enquanto circunscrita à obra original de 1920. Freud sempre soube que seu conceito não tinha sido bem recebido pela comunidade psicanalítica. Escrevendo para Einstein, observa: "A teoria das pulsões é, por assim dizer, a nossa mitologia" (Freud, 1933[1932]/2010b, p. 430).

Uma das maiores consequências de se considerar a pulsão de morte como pura dispersão é concebê-la como pulsão anarquista, aquela que desconstrói o arché, o arquivo, enquanto primado da frieza imutável; compreendê-la como exigência de trabalho que insiste no descongelamento do narcisismo de morte (Birman, 2014).

Abre-se com tal vértice a possibilidade de releitura sobre o masoquismo primário, o desamparo, o conceito de feminilidade, fetichismo e clivagem do eu. Também as novas formas de subjetivação. Supondo-se o caos inicial e a necessidade de ação do Outro para contê-lo e incluí-lo no mundo, dando-lhe um sentido e organização, pôde-se então imaginar com mais facilidade a posição de dependência absoluta que, quando faltosa e não atendida suficientemente, acarretaria uma sujeição servil ao outro (Birman, 2006, p. 26-28). Esta compreensão permite-nos atender, ainda dentro de uma visão freudiana, a pacientes muito graves, nos quais é bastante comum encontrarmos a repetição monocórdica das queixas de ataques e sevícias aos quais foram submetidos, privilegiando inconscientemente a força dos personagens sádicos torturadores. Torna-se evidente que preferem manter a cena sadomasoquista, que lhes possibilita o conforto defensivo contra o horror do desamparo. No caso aqui evocado, é melhor um pai sádico do que não ter pai. Recentemente, o filme Phoenix (Petzold, 2014) permitiu-nos acompanhar a restauração de uma mulher desfigurada em seu corpo e subjetividade, a qual, apaixonadamente, fusionalmente, se submete a uma figura idealizada que a tiraniza. De sua escuridão emocional, em que tenta preservar o objeto sádico, paradoxalmente vai ganhando força para libertar-se.

 

Uma chave: Freud e o romantismo germânico

Há, no estilo linguístico de Freud, no uso frequente de metáforas, sinais de seu enraizamento no romantismo germânico que deveríamos considerar. Questão muitas vezes velada sob a afirmação (verdadeira, por sinal) do enraizamento de Freud à doutrina iluminista, assim como sua formação científica, há que se enfatizar que foi moldado por várias correntes de pensamento, de suas raízes judaicas à cultura clássica greco-romana, bem como ao espírito do romantismo germânico no qual foi forjado. Considerando-se que "esse [espírito germânico] é mais inclinado para as profundezas obscuras da alma" (Vermorel & Vermorel, 1986, p. 23), torna-se importante ressaltar os estudos recentes que insistentemente têm comentado sobre alguns conceitos freudianos mergulhados no romantismo alemão. A palavra Trieb, por exemplo, é usada nos textos de poetas e filósofos do romantismo alemão, com significado semelhante, várias vezes; algo similar podemos dizer do conceito de inconsciente (destacando-se, é claro, a originalidade de concebê-lo em sua dinâmica funcional); acrescente-se o estilo de linguagem com que descreve a fantasmagoria de "O estranho" e de Além do princípio do prazer. O apelo à feiticeira metapsicológica (também sua "criança ideal", nos termos de uma carta a Fliess), quando ao final de sua obra se encontra diante do impasse de como amansar a pulsão e integrá-la diante das exigências do Ego: "É preciso que a feiticeira nos ajude!" (Freud, 1937/19753, p. 257) - sabendo-se que a feiticeira invocada é aquela com quem Fausto trabalha e que tem a seguinte tabuada:

E nove são um!

E dez são nenhum.

Tal é das bruxas

A tabuada. (Goethe, 1808/1964, p. 94)

Tal bruxaria permite-nos maior aproximação ao caldeirão do inconsciente e do Id, num espaço conveniente de intimidade e confiança, no qual se torna possível, através do imponderável que dali se exala, construirmos uma linguagem comum, ainda que mítica ou mágica. Esta, a reconsideração da proposta psicanalítica atual: não mais a pretensão solar, iluminada, do saber sobre o outro, mas o conhecimento de que "somos feitos de sonhos" (Shakespeare, 1988c, p. 952), sendo esta nossa matéria-prima, matéria misteriosa que só podemos tocar com nossa própria fantasia.

 

Por que precisamos do romantismo alemão?

Diz-nos Inês Loureiro:

é a partir da influência, do desvio, da inflexão e da transformação em relação à herança romântica (e da cultura germânica como um todo) que vamos entender a obra freudiana e situar aqueles pontos em que seu pensamento parece mais próximo e, sem dúvida, tributário do romantismo alemão. (2002, p. 27)

Poucas vezes valorizado na corrente de pensamento mais divulgada, o romantismo freudiano permite-nos compreender mais profundamente os paradoxos e a poética de certos conceitos construídos a partir de 1920.

Quando Freud (1921/2011), por exemplo, enunciou a identificação primária, descreveu-a como o primeiro laço humano emocional e apontou sua relação primeira com o pai. Esta enunciação, tomada literalmente, de imediato nos parece um contrassenso diante de outras teorizações freudianas, só podendo ser pensada se a considerarmos como referente a um pai simbólico, cultural, ambiental. O poema "Ao Éter" (Holderlin, 1991), "An den Aether... mein Vater",3 em que os elementos naturais que envolvem o ser, ao qual ele aspira e no qual imerge para se nutrir, permitem, no entanto, uma compreensão que parecia escapar racionalmente. Há que se considerar as importantes vinculações entre os conceitos freudianos que tendem a propor um primário (Urvater, Urphantasien, Urverdrángung) com os fenômenos primários tão caros aos românticos, entre eles Goethe, como pesquisaram os Vermorel (1986, pp. 23-24).

Também na passagem do Ego e o Id, em que Freud diz que o Superego mergulha suas raízes no Id, reforçando assim a imagem do Id como um magma infernal, irrepresentável, inapreensível em sua totalidade, arquivo milenar das experiências humanas, permitindo perceber essa afirmação como um problema incontestável para enunciar a transmissão transgeracional, note-se uma maior aproximação ao romantismo germânico do que comumente se faz, ligando-o preferentemente ao lamarquianismo. Através dessas pesquisas, criam-se novas dimensões para os textos "da virada".

Curiosamente, mais tarde, nas Novas conferências introdutórias à psicanálise, encontramos novamente o balanceamento racional de Freud, "corrigindo" o resvalamento no romantismo abissal, retornando ao tema: "a mesma pessoa a quem a criança deve sua existência, o pai (ou melhor, a instância parental composta de pai e mãe)", e logo adiante, na mesma página, "o mesmo pai (ou instância parental)" (Freud, 1933[1932]/2010a, p. 329).

Também em O mal-estar na civilização, tantas vezes citado como seu testamento pessimista, incluindo o conceito de mal radical como constitutivo humano - texto em que adianta lucidamente uma visão crítica sobre as ideologias políticas -, podemos perceber, no diálogo com Romain Rolland, uma grande familiaridade com a noção do sentimento oceânico, princípio do romantismo germânico para afirmar a união com a natureza ou o Uno. Note-se que tal debate entre os dois tinha sido gestado através de quatro anos de correspondência.

No entanto, uma coisa é inegável: "Há que separar a ideia de que Freud é romântico, a psicanálise não!" (Loureiro, 2002, p. 39). Sendo assim, qual a importância desse resgate?

Certos conceitos freudianos devem ser compreendidos dentro de uma magia quase irracional, recurso utilizado desde sempre por seu estilo e, após 1920, muito benéfico para dar conta das formulações teóricas que foram construídas sobre a clínica que se apresentava a ele.

Plena de contrastes, sua obra transita do claro-escuro, muitas vezes expressionista, para a luz da razão. Seu pensamento aberto critica o fechamento religioso, ideológico e mesmo científico, quando este for dogmático. Na Conferência XXXV, diz que "uma concepção do universo fundada na ciência tem, além da acentuação do mundo exterior real, traços essencialmente negativos, como o submetimento à verdade e a repulsa das ilusões" (Freud, 1933[1932], citado por Loureiro, 2002, p. 304).

Ao mesmo tempo que afirma a psicanálise como essencialmente materialista, advoga para ela que, "sem tal psicologia, a ciência seria, certamente, muito incompleta" (Freud, 1933[1932], citado por Loureiro, 2002).

Como diz Roussillon, "desqualificar o status da metapsicologia na psicanálise equivale sem dúvida a suprimir nesta última a parte mais fundamental de sua contribuição para a psicologia das profundidades" (2005, p. 1174).

 

O cavalo de Itzig volta um pouco atrás...

A metapsicologia freudiana estendeu-se por toda a sua obra, terminando somente com a morte do autor. Sua leitura parcial talvez tenha sido o viés enganoso pelo qual foi descentralizada de sua importância, apresentada de forma sumária como "uma plataforma extraordinariamente explícita e excessivamente concisa", nas palavras de Paul Assoun (1983). Mais um exemplo disso é o conceito de narcisismo: não articulá-lo ao texto Psicologia das massas e análise do eu, para a compreensão das questões sociais, políticas e até jurídicas daí decorrentes, vai encerrá-lo na visão de uma psicanálise intrapsíquica, de curto alcance.

Utilizá-lo como motor das idealizações, formação de líderes, radical entranhamento de preconceitos é deslocá-lo da época de sua formulação, em que a guerra acentuava os nacionalismos e sentimentos ufanistas, obrigando assim a uma reflexão sobre as dores que a alteridade impõe. Incluí-lo como texto metapsicológico, assim como "O tabu da virgindade", Totem e tabu, "O estranho", O mal-estar na civilização, Moisés e o monoteísmo, chamados textos da cultura, resgata a metapsicologia de uma leitura míope, restrita à literalidade. Se avançarmos na mencionada lista até "Fetichismo", "Análise terminável e interminável", "Construções em análise" e "A divisão do Ego no processo de defesa", teremos até uma terceira metapsicologia.

Tanto na poesia como na literatura encontramos a utilização da metáfora do porco-espinho, formulada por Schopenhauer e citada por Freud, para indicar a necessidade do Outro com a distância ótima, utilizada defensiva e narcisicamente para proteger-se dos embates humanos. Como diz Paloma, personagem de M. Barbery:

A Sra. Michel tem a elegância do ouriço: por fora, é crivada de espinhos, uma verdadeira fortaleza, mas tenho a intuição de que dentro é tão simplesmente requintada quanto os ouriços, que são uns bichinhos falsamente indolentes, ferozmente solitários e terrivelmente elegantes. (2008, p. 152)

Definição precisa e delicada para esses seres que tanto nos ocupam...

 

O irrepresentável e a cultura

Outro exemplo de conceito muitas vezes abreviado numa formatação para ensino da constituição edípica e definição de sexualidades é o de castração. Ampliá-lo como noção de limite do inapreensível impôs-nos um dispositivo conceitual que possibilita compreender vivências subjetivas que se organizam como identidades sexuais, ou até "para além" nas neossexualidades. A castração, o limite, a morte, pode ser aquilo que aponta para a questão do homem trágico, do paradoxo. O desejo que nunca se esgota, enquanto vida.

Hoje em dia, há que se repensar a própria bissexualidade, e ainda por cima primária, como formulada inicialmente por Freud. Diante dos avanços da ciência e das propostas filosóficas desconstrutivas para sistemas fechados, somos obrigados a pensar se ele ainda postularia para a sexualidade uma questão binária de gênero!

 

O feminino, não a feminilidade

No palco da metapsicologia, outro conceito-personagem a ganhar nova roupagem ao final da obra de Freud foi o de feminilidade. A solução edípica para as mulheres, sustentada até 1933, alvo de questionamentos do movimento feminista e mesmo das mulheres psicanalistas. A subjetividade da mulher considerada como um devir, um ser em processo, um ser na impossibilidade de completude final, como pensam entre nós Beth Fucks, Joel Birman e outros autores contemporâneos, foi resgatada a partir de uma releitura segundo o espírito teórico da construção metapsicológica freudiana, apesar das ambiguidades de Freud sobre o assunto. O impacto do conceito do feminino não mais identificado com o ser da mulher nem com a própria sexualidade feminina até hoje não foi suficientemente absorvido entre os psicanalistas, assim prejudicando a clínica e a abordagem técnica de sujeitos em que a escolha de satisfação erótica com parceiros do mesmo sexo é abordada através do modelo da inveja do pênis, ainda dentro do modelo essencialista. As leituras atuais do texto de 1937, "Análise terminável e interminável", permitem nova posição: o temido, por homens e mulheres, é a quebra da organização fálica, a vivência de um caos pulsional. O que ele afirma é que a angústia maior é da ordem do repúdio ao feminino.

Seria possível pensá-lo equivalente ao Eterno Feminino, como apresentado por Goethe (no Fausto), tão citado e amado por Freud? Equivalente ao Mistério? Ao Caos?

Mais feiticeiras? Daquelas que surpreenderam Macbeth, que das brumas as entreviu?

"Quem são essas criaturas tão mirradas e de vestes selvagens, que habitantes não parecem da terra e, no entanto, nela se movem? [...] Quase vos tomara por mulheres; no entanto vossas barbas não me permitem" (Shakespeare, 1988b, p. 482).

 

Reconstruindo, com sonhos e delírios (construções)

Em "Construções em análise" (193771975b), não mais tão preocupado em dar provas de sua teoria, mas livre para arriscar, delirar, Freud se utiliza do texto de Shakespeare, na fala de Polônio: "com a isca da mentira, fisgarás a carpa da verdade", indicando que, quaisquer que sejam as hipóteses, não tenhamos a pretensão de acertar ou medo de errar. O conceito de construção emerge num momento em que, diante do inapreensível, ocorre a constatação de que o Id, o Ego e o Superego, em suas relações, não se dobrariam ao deciframento simplório de um código; um momento em que toda a interpretação hermenêutica de significado nos escapa é um momento em que só nos resta ousar, aventurar-nos.

A isca da mentira de Polônio é a própria ficção, algo que se sustenta também na questão da verdade histórica. Nem verdade nem história real.

Expor a obra de alguém é tarefa disciplinária. Alcançar o que um homem como Freud produziu ao longo de sua vida é encargo para muitas outras vidas.

Alguém tomado pela dor de um câncer mandibular, já praticamente impedido de se alimentar, evitando opiáceos para não perder a consciência, determinado a encerrar sua vida com aquiescência da família, como testemunha seu médico M. Schur, esse alguém ainda busca ler.

O que ainda nos ensina Freud?

O que lê Freud? La peau du chagrin, novela de Balzac cujo tema central é o conflito entre o desejo e a longevidade, narrativa de temática faustiana em que um pacto diabólico é contratado para livrar-se de um desvalimento total, de ideias de suicídio, buscando irreprimivelmente a conquista de uma vida jovem e fulgurante, ensejada pela magia da "pele de asno" , aquela que permitiria a realização de todos os desejos.

Freud despede-se ativamente da vida, lendo na Comédia humana o paradoxo: o desejo faustiano de vencer a morte.

Para alguém que morre de chagrin (dor, sofrimento)...

Como ele amava: "o resto é silêncio"...

 

Notas

1 Texto apresentado em sessão plenária realizada durante o XXV Congresso Brasileiro de Psicanálise, realizado em São Paulo/SP, de 28 a 31 de outubro de 2015.

2 Note-se também que Freud utiliza o termo schauspiel para destacar seus dois componentes: espetáculo teatral e jogo (brincar). A palavra para representação teatral seria shauspiel. Há uma clara intenção, aí declarada, pela escansão.

3 As imagens que o poeta evoca para ilustrar sua relação com a natureza condensam apropriadamente o conceito pensado por Freud: "Ninguém, entre os homens e os deuses, foi-me tão fiel e bom como o foste, Pai Éter; antes já que minha mãe me tomasse em seus braços para aleitar-me em seu seio, tu me enlaçaste com meiguice e me verteste no peito infante a poção do céu e no ouvido o sacro sopro teu" (Holderlin, 1991, p. 63).

 

Referências

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Correspondência:
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Recebido em 7.12.15
Aceito em 21.12.2015

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