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Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.50 no.4 São Paulo Sept./Dec. 2016

 

OUTRAS PALAVRAS

 

Considerações acerca do supereu a partir do caso Schreber1

 

Considerations on superego: notes upon Schreber's case

 

Consideraciones acerca del superyó a partir del caso Schreber

 

 

Henrique Riedel NunesI; Laéria FonteneleII

IMestrando em psicologia pela UFC
IIPsicanalista, professora associada da graduação e pós-graduação em psicologia da UFC e diretora do Corpo Freudiano - Seção Fortaleza

Correspondência

 

 


RESUMO

Este artigo expõe algumas das conclusões a que temos chegados em nossa pesquisa sobre a relação entre a psicose, o supereu e a noção lacaniana de Outro. Com isso, objetivamos realizar algumas considerações acerca do conceito de supereu a partir do caso Schreber. Tomando esse caso como substrato clínico, partindo do paradoxo que se ergue no momento em que encontramos manifestações imperativas na psicose - fenomenologicamente superegoicas - e da condição de não ter havido a dissolução do complexo de Édipo em tal estrutura, questionaremos sobre a possibilidade ou não de falarmos de uma instância superegoica no âmbito das psicoses, bem como sobre as condições para tanto.

Palavras-chave: psicose; supereu; caso Schreber.


ABSTRACT

This paper exposes some of the conclusions on our research into the relationship between psychosis, superego, and Lacan's notion of the Other. Our purpose is to write some considerations on the concept of superego, and these considerations have been built upon Schreber's case. We use this case as a clinical vignette, and we start from the paradox of imperative manifestations on psychosis - which are phenomenologically of the superego - and the maintenance of the Oedipus complex (which has not been dissolved) within that structure. We shall question whether (or not) we may consider a part of superego in the field of psychosis, and we shall explain the conditions that enable this situation.

Keywords: psychosis; superego; Schreber's case.


RESUMEN

En este artículo se presentan algunas de las conclusiones a las que hemos llegado en nuestra investigación sobre la relación entre la psicosis, el superyó y la noción lacaniana del Otro. Nuestro objetivo es hacer algunas consideraciones sobre el concepto de superyó a partir del caso Schreber. Tomando dicho caso como sustrato clínico, y teniendo como base la paradoja que surge en el momento en que encontramos manifestaciones imperativas en la psicosis - manifestaciones fenomenológicas del superyó - y la condición de que no haya ocurrido la disolución del complejo de Edipo en una estructura de este tipo, se pregunta sobre la posibilidad de la existencia de la instancia del superyó en ellas y las condiciones para eso.

Palabras clave: psicosis; superyó; caso Schreber


 

 

Introdução

Pretendemos, aqui, abordar a problemática da formação do supereu e de suas relações com a psicose, mais especificamente com a paranoia de Schreber. A relevância assumida por esse tema depreende-se das inúmeras inquietações que ele nos traz, a saber: sendo o supereu, segundo Freud, o herdeiro do complexo de Édipo, podería-mos falar de manifestações superegoicas no caso Schreber (Freud, 1911/19968)? Seria possível atribuir ou não um caráter superegoico a determinadas manifestações imperativas no delírio de Schreber? Como algo se coloca como ditame categórico ao sujeito se não há, como no caso da paranoia, a internalização de uma lei? Para dar conta dessas questões, consideramos necessário o resgate de alguns pontos preliminares: o desenvolvimento conceitual da noção de supereu e o modo como ele se posta em função da estrutura psicótica. Para tanto, far-nos-emos valer do caso Schreber como substrato clínico, o qual nos servirá de base para o exame dos pontos fundamentais necessários ao desenvolvimento da análise dos aspectos concernidos em nossas indagações e à consecução de nossos objetivos.

 

A estruturação psicótica e o problema do supereu

Comecemos por citar Freud, a fim de esclarecer os fundamentos que nos levaram a buscar o entendimento acerca da possível incidência de um supereu na paranoia: “Uma investigação atenta mostrou-nos, também, que o superego é tolhido em sua força e crescimento se a superação do complexo de Édipo tem êxito apenas parcial” (Freud, 1932/1996b p. 69). A partir disso, consideremos o alcance de tal implicação para o caso Schreber.

Indagamos, então, em que medida se poderia falar de um supereu na paranoia. Por ora, convenhamos apenas que tais manifestações imperiosas existem no delírio schrebiano, sendo elas, ainda, inflexíveis, indiscutíveis e carentes de dialética. Ao mesmo tempo, destacamos o fato de que, nas psicoses, não se dá a internalização do ideal do eu como resultado do sepultamento do complexo de Édipo. Observamos, sim, a existência de uma intensa ligação entre o eu ideal e a paranoia. Esse elo torna-se evidente se considerarmos atentamente a dinâmica do delírio. Logo, escancara-se diante de nossos olhos uma aparente contradição: como é possível que haja manifestações de cunho imperativo na psicose - fenomenologi-camente semelhantes às mais imperiosas atividades superegoicas, conforme observadas na melancolia e na neurose obsessiva - uma vez que inexiste um ideal do eu internalizado ao qual o eu atual deve se comparar (Freud, 1923/2006)? Argumentemos acerca de tal problemática destacando o que Freud nos fala sobre o desenvolvimento do eu em relação ao eu ideal e ao ideal do eu.

O desenvolvimento do eu consiste em um processo de distanciamento do narcisismo primário e produz um intenso anseio de recuperá-lo. Esse distanciamento ocorre por meio de um deslocamento da libido em direção a um ideal-de-eu que foi imposto a partir de fora, e a satisfação é obtida agora pela realização desse ideal. (Freud, 1914/2004, p. 117)

Em nosso entendimento, não se trata, com isso, de outra coisa senão da divergência entre os aspectos fenomenológicos e metapsicológicos relativos ao desenvolvimento do eu e de suas consequências para a estruturação psíquica. É-nos evidente que o desenvolvimento da instância superegoica não se dá de maneira pontual: o supereu é tanto herdeiro do complexo de Édipo como o agente do isso, por ter origens também neste último (Freud, 1932/1996b). A relação entre o isso e o eu ideal - que se constitui a partir da incorporação dos objetos do isso pelo eu a fim de este se configurar como um objeto de amor - desemboca na ligação entre eu ideal e supereu. Só posteriormente, com o advento da dissolução do complexo de Édipo, tal eu ideal será abandonado em favor de um ideal do eu, o que não é outra coisa senão a identificação narcísica ao pai (Freud, 1923/2006). É nesses termos que se forma o supereu propriamente dito - o supereu tal como constituído nas neuroses.

Tendo em vista tal reflexão, é-nos clara uma dada condição para que se venha a falar da ação do supereu nas psicoses. Não se trataria do supereu tal como constituído nas neuroses, afinal, não há uma internalização do ideal do eu. Não se trata de um supereu propriamente dito. Então nos perguntamos: por quais motivos buscamos delimitar um supereu na psicose? Havemos de convir que, apesar de existir na neurose, em relação à formação da instância superegoica, uma etapa inexistente na psicose, nessas duas estruturas a formação do supereu obedece a etapas comuns. Por isso, não só se constatam nas manifestações superegoicas neuróticas os efeitos de um ideal do eu, mas também os efeitos dessas primeiras identificações objetais de que se faz o eu. Esses efeitos podem, portanto, ser denominados como sendo superegoicos, porque eles estão intimamente relacionados com a formação de tal instância, sendo sua condição inicial. Ora, diversos fenômenos clínicos da neurose são originados da relação do supereu como o agente do isso, o qual é indiferente à autoconservação por estar intimamente entrelaçado à pulsão de morte, tal como evidenciado pela reação terapêutica negativa, pela compulsão à repetição e pelas demais manifestações motivadas pela necessidade de castigo (Ambertín, 2009).

Esclarecemos que não defendemos o isolamento das etapas de constituição do supereu nem ações isoladas do que poderíamos chamar de seus núcleos. Não se trata de localizar um supereu mais cruel ou mais avançado. Nos neuróticos, as primeiras identificações e o ideal do eu internalizado manifestar-se-ão sujeitos às influências um do outro. O eu atual é comparado ao ideal do eu, mas sofre em relação às influências do isso no superen, de uma tal maneira que as duas heranças superegoicas - isso e complexo de Édipo - se entrelaçam (Ambertín, 2009).

Um ponto de particular interesse ao discernimento de tal problemática concerne à maneira como o supereu se manifesta nos sonhos. Lembremos o censor dos sonhos, denominado por Freud, o qual, em vez de substituir um elemento ou deslocar a importância deste, simplesmente interrompe o trabalho inconsciente - Freud (1916/19963) exemplifica no sonho dos serviços sexuais o elemento murmúrio. Trata-se de um chumbo da malha da significação (Lacan, 2011). Vemos também que acerca dos parafrênicos, bem como no caso de Schreber, parece haver constantemente tal ação superegoica. Há a interrupção do trabalho inconsciente, e a significação passa a remeter-se a si mesma (Ambertín, 2009). Portanto, as manifestações superegoicas neuróticas relacionadas ao supereu como agente do isso - considerando, é claro, que na condição de neuróticas não podem estar isentas da influência do ideal do eu - são vistas a céu aberto no caso das psicoses: o supereu - censor do trabalho inconsciente - está às claras.

A particularidade da paranoia se daria no sentido de que o processo de formação do supereu estanca na etapa relativa à constituição do eu ideal. Enquanto na neurose há manifestações superegoicas relativas ao ideal do eu, como também ao eu ideal, na psicose tais manifestações estão relacionadas apenas com o eu ideal. Começamos a entender o porquê do fato de que na neurose a figura superegoica é despersonalizada, por advento da internalização do ideal do eu. “Normalmente, o superego se afasta mais e mais das figuras parentais originais; torna-se, digamos assim, mais impessoal” (Freud, 1932/19966, p. 70) - diferentemente do que ocorre na psicose, na qual as manifestações superegoicas são provenientes de uma figura encarnada. Finalmente, lembremos que “o superego se funde no id; na verdade, como herdeiro do complexo de Édipo, tem íntimas relações com o id” (Freud, 1932/19960, p. 83). Os primeiros objetos do sujeito são justamente aqueles que se põem como elementos da trama edípica, portanto, não há duas origens superegoicas independentes - isso e complexo de Édipo. As heranças do isso e do complexo de Édipo estão entrelaçadas em relação à instância superegoica. É nessa perspectiva que acreditamos na possibilidade de constatarmos manifestações superegoicas num delírio paranoico e, mais particularmente, no delírio de Schreber.

Desde o seu Projeto, Freud demonstra existir, nos primórdios da nossa constituição psíquica, a necessidade da dependência de um outro, tendo em vista o desamparo primordial inerente à filogenia da espécie humana (Ambertín, 2009). Além disso, Freud leva essa condição às suas implicações: “um objeto semelhante foi, ao mesmo tempo, o primeiro objeto satisfatório [do sujeito], seu primeiro objeto hostil, além de sua única força auxiliar” (1950[1895]1996e, p. 383). É-nos clara, portanto, a profunda imbricação entre esse primeiro outro pré-histórico ao sujeito e as primeiras formas de satisfação que irão prevalecer ao longo da vida.

Destacamos, ainda, a concepção presente em O eu e o id (Freud, 1923/2006), a qual consiste no entendimento de que o supereu é tanto um resíduo das escolhas objetais primordiais do isso como também a própria reação a tais escolhas. Lembremos que essas escolhas se remetem à identificação primária do eu, o eu ideal. Não se trata de uma identificação narcísica, decorrente do ideal do eu, mas sim de uma identificação narcísica direta, ligada a um pai pré-histórico.

A partir daí, cabe-nos lembrar alguns aspectos relacionados à formação do eu e à sua condição: a dependência absoluta de um outro. Quanto a isso, são esclarecedoras as seguintes palavras de Freud:

Os complexos perceptivos emanados desse ser semelhante serão então em parte novos e incomparáveis - como, por exemplo, seus traços, na esfera visual; mas outras percepções visuais - as do movimento das mãos, por exemplo - coincidirão no sujeito como lembrança de impressões visuais muito semelhantes, emanadas de seu próprio corpo. (1950[1895]/1996e, p. 383)

Considerando isso, presenciamos a questão do estranho no caso Schreber relacionada com o próprio mecanismo da projeção. A ideia inicial de Schreber - de ser uma mulher no momento da cópula - passa a ser atribuída a outrem. Aquilo que pertence intimamente a Schreber, uma ideia surgida durante um estado hipnagógico, aparece no sistema delirante como algo imposto por um agente externo, estrangeiro, estranho ou, como ele próprio denomina, sobrenatural (Freud, 1911/1996d). Esse outro, incorporado ao eu em sua formação, continua agindo ao longo da vida do indivíduo, como podemos constatar no delírio de Schreber, considerando todas as imposições advindas de um outro - as figuras perseguidoras -, de uma maneira tal que essas imposições nada mais são do que o próprio meio de satisfação do paranoico. Constatamos aqui a presença de uma alteridade que se configura como radical por justamente representar o que há de mais íntimo e de mais estrangeiro para o sujeito. Salta-nos aos olhos a relação desse panorama com a formação do eu ideal:

Inicialmente, na fase oral primitiva do indivíduo, não há como distinguir o investimento objetal da identificação. A decorrência lógica disso é que os investimentos de carga mais tarde depositados nos objetos partam todos do id, o qual sente seus anseios eróticos como necessidades. O eu, ainda frágil, tomaria, então, conhecimento desses investimentos objetais, sendo obrigado a tolerá-los [...] o objeto é erigido dentro do eu. [...] Assim, poderíamos dizer que o eu contém a história dessas escolhas objetais. (Freud, 1923/2006, pp. 40-41)

Vemos aquilo que ocorre em Schreber justamente como essa situação em que o eu tolera os objetos amorosos do isso e os erige em si mesmo. A lógica inerente ao seu delírio não é outra senão a mesma da formação do eu ideal e, consequentemente, a lógica do supereu como agente do isso. Há um imperativo de satisfação pulsional de acordo com os anseios ídicos. “O próprio Deus exige poder encontrar voluptuosidade nele e ameaça-o com a retirada de Seus raios, se se esquecer de cultivar a voluptuosidade e não puder oferecer a Deus o que este exige” (Freud, 1911/199Ód, p. 40).

Ao nos questionarmos por que via as injunções alcançam Schreber, ditando-lhe o destino do delírio, deparamos as injúrias que lhe são feitas pelos pássaros falantes, como também nos aparece em lugar de destaque a língua fundamental. Conforme seu relato autobiográfico, tal língua era conhecida apenas pelos que faziam parte da esfera divina e, excepcionalmente, por Schreber. Seria por intermédio dela que se daria a comunicação de Deus para com ele. Podemos relacionar tal língua, bem como as injúrias dos pássaros - as quais, a princípio, pareciam desarticuladas, segundo o próprio Schreber -, com um momento da fala em que a função comunicativa ainda não prevalece. Como Freud (1950[1895]/1996e) nos diz, há um estágio inicial no qual a linguagem parece estar desarticulada de sua função comunicativa. Nele, a única finalidade está relacionada à descarga motora. Aí nos deparamos com algo alheio a Schreber, que lhe diz algo sem sentido, como a própria fantasia passiva inicial. O que se mostra curioso é o fato de o delírio se configurar como a tentativa de dar sentido a todas as imposições feitas pelas diversas vozes. Lembremos, neste ponto, que toda a querela culmina num livro. Ora, não seria inadequado que constatássemos a ideia de o quão comunicativo pode ser um livro. Percebemos a busca por sentido concomitante ao desenvolvimento delirante.

Nesse panorama, já nos é plausível o lugar ocupado pelo supereu no delírio de Schreber. No engodo de Schreber, podemos notar o caráter totalmente externo das imposições feitas a ele. Entretanto, do mesmo modo, é digno que concebamos todo o desenvolvimento delirante como a tentativa de assimilar tais imposições, nos expondo as relações delas com a satisfação pulsional própria de Schreber.

Ainda acerca da manifestação da fala despida de sua função comunicativa, algumas outras questões merecem exame. Considerando a pulsão como o conceito-limite entre o somático e o anímico, isto é, entre o afeto - que se dá no corpo - e o representante - equivalente aos precipitados psíquicos da linguagem -, podemos lançar luz sobre alguns aspectos do delírio de Schreber. Sabemos que ele afirmava veementemente ter lido seu próprio obituário no jornal, além de ter afirmado viver durante algum período sem órgãos viscerais (Freud, 1911/1996d). Freud observa existir na parafrenia e nas psicoses, de maneira geral, a denominada linguagem dos órgãos, fenômeno relativo à dinâmica da pulsão nas psicoses. Por não haver uma função comunicativa em relação à linguagem, a pulsão aparece articulada ao corpo, mas desarticulada da linguagem. Há aí uma dificuldade no desenvolvimento psicossexual, de modo que a fala permanece tendo a finalidade única de descarga motora. A pulsão se faz presente em Schreber, porém com esta peculiaridade no que concerne ao polo do representante. É devido a esse imbróglio que notamos em Schreber a pulsão agindo de maneira desarticulada em relação aos representantes. Ora, quando há uma articulação, essa é imposta de fora. Tudo isso desemboca na emasculação - para que Schreber pudesse satisfazer-se sexualmente como a mulher de Deus. É oportuno destacarmos: o desenvolvimento do seu delírio lhe permite, assim, a articulação de seus representantes pulsionais.

Observamos haver, no caso citado, uma prevalência do representante de coisa, que deriva do investimento propriamente objetal, em concorrência com o representante de palavra. É nesse sentido que nele se encontram a céu aberto “restos de linguagem que não conduzem à significação da palavra e pressionam o sujeito de modo insuportável” (Ambertín, 2009, p. 109).

Podemos dizer, sinteticamente, que no funcionamento psíquico de Schreber os representantes de palavra permanecem desarticulados dos representantes de coisa e resultam na dimensão sem sentido da linguagem.

Esses representantes podem ser identificados com as imposições feitas a Schreber por seus perseguidores. Não é assustador conceber que é por meio delas que ele logra a satisfação pulsional. Nesse ponto, a fim de que entendamos a relação disso com a formação do supereu, citemos Freud: “é impossível ao supraeu renegar que também sua origem se situa naquilo que já foi um dia escutado” (1923/2006, p. 60). O supereu se origina de algo que foi escutado, porém, numa época - leia-se em condições - em que esse algo não tinha para o sujeito em desenvolvimento sentido algum. O que se evidencia é que o supereu, no referido caso, continua agindo da mesma maneira que ele se formou. Manifesta-se por meio de uma voz que lhe é alheia e externa. Falta-lhe, justamente, a etapa na qual se dá a internalização da autoridade externa e sua consequente despersonalização. Tais atributos só surgem na ocasião do sepultamento do complexo de Édipo (Freud, 1923/2006). Desse modo, ao refletirmos sobre o aforismo de que a palavra mata a coisa, poderiamos dizer que o paranoico não mata o pai. É nesse sentido que os psicóticos encaram as palavras como as coisas em si, as quais lhes são impostas por um pai vivo, detentor do gozo (Quinet, 2011). Eis o que Freud designou como a característica geral das alucinações, para que entendamos o que ocorre no caso de Schreber:

algo que foi experimentado na infância e depois esquecido retorne - algo que a criança viu ou ouviu numa época em que mal podia falar e que agora força o seu caminho à consciência, provavelmente deformado e deslocado, devido à operação de forças que se opõem a esse retorno. (1937/19960, p. 285)

Para Freud (1911/1996d), a disposição à paranoia se deve a uma fixação libidinal narcísica. Decorre daí o fato de que, ao ser desencadeada uma crise, o paranoico recolhe os investimentos objetais ao eu. Tal fator explica o caráter megalomaníaco e redentor do delírio de Schreber, tendo em vista a inflação libidinal de seu eu. Se, a partir de uma determinada frustração, o sujeito retorna a uma fixação desse tipo, seus laços sociais serão afetados por esse tipo de investimento sexualizado de seu eu, que pode implicar o retorno a um tipo de satisfação autoerótica.

Acerca disso, destacamos o fato de Schreber e seus irmãos terem sido cobaias da ortopedia pedagógica presente no método de educação física desenvolvido por seu pai, o qual controlava o desempenho de diversas de suas atividades, inclusive corporais, o que, supomos, correspondia a uma forma de satisfação de suas pulsões parciais - satisfação essa presente de forma análoga na relação entre Deus e Schreber. A figura divina tinha por costume impor certas condições de satisfação pulsional a ele, as quais sempre causavam volúpia e se davam de maneira inapropriada por ignorância em relação aos homens vivos por parte do Deus - nota-se aqui uma injúria à figura do pai deslocada - e também à guisa de provocação para com o jurista. Isso fica claro quando Schreber nos relata como o Deus o induzia a defecar sempre que todos os banheiros estavam ocupados, isto é, Schreber, na ocasião do desencadeamento de sua psicose, regride a um modo de satisfação baseado na dinâmica pulsional na qual fora moldado, conforme as condições de sua educação: volta a ter suas satisfações pulsionais mediadas por uma autoridade inflexível - Deus.

Em relação à não introjeção de um ideal do eu e à consequente prevalência dos efeitos do eu ideal na paranoia de Schreber, notamos uma concomitância ao mecanismo de projeção. O que é bom -os propósitos de manutenção da espécie, exclusividade na relação com o divino, por exemplo - pertence a Schreber. O que é mau - ambições sexuais, volúpia, aquilo contra a ordem das coisas - é imposto a ele por uma figura externa, a do perseguidor.

Retomemos o fato de que a identificação simbólica em relação a um ideal do eu implica necessariamente uma sublimação, ou seja, resulta numa dessexualização. Freud (1923/2006) bem nos diz que, a partir daí, o sujeito pode se relacionar com seus pares de uma maneira não sexual, já que suas relações sociais estão sublimadas. Em Schreber, na ocasião em que um conjunto de frustrações desencadeou sua psicose, houve um retorno a uma fase em que tal sublimação não havia se dado. Daí se poder compreender o fato de que, no delírio schrebiano, Flechsig tem a ambição de abusar sexualmente dele, de modo que o jurista seria alvo de diversas imposições sexuais. Dessa forma, a sexualidade, representada pela volúpia, era algo sempre imposto a Schreber por algo ou alguém, o que por certo caracteriza o seu modo de satisfação pulsional.

Ao mesmo tempo que se observa a prevalência do narcisismo primário na paranoia de Schreber, não deixamos de nos inquietar com algo que funciona de modo análogo a um ideal do eu, a denominada ordem das coisas. Reafirmamos que tal ideal do eu só se constitui completamente na ocasião do sepultamento do complexo de Édipo, o que não se dá na paranoia. De todo modo, problematizemos tal questão. Principalmente no que concerne ao propósito de zelar pela satisfação narcísica, poderíamos conceber a ordem como um ideal, tendo em vista sua função tal como Freud nos esclarece:

Não seria de admirar se encontrássemos uma instância psíquica especial que, atuando a partir do ideal-de-eu, se incumbisse da tarefa de zelar pela satisfação narcísica e que, com esse propósito, observasse o eu atual de maneira ininterrupta, medindo-o por esse ideal. (1914/2004, p. 113)

Ora, ao longo do desenvolvimento delirante de Schreber, este menciona as ambições dos perseguidores tendo como parâmetro a ordem das coisas. Tais ambições nada mais são do que elementos projetados de Schreber: há de fato uma mensuração entre o eu atual e algo ao qual esse eu tem de estar em consonância, um ideal. É nesse ponto, porém, que as coisas se distinguem. Tal ordem das coisas é externa a Schreber. Lembremos a origem externa da autoridade, que só posteriormente será internalizada como ideal do eu (Freud, 1923/2006). Ademais, Schreber se mostra completamente alienado à ordem, de modo que ela se constitui como o único elemento intocado e imutável em toda a história do delírio. Configura-se, portanto, não como um ideal internalizado pela via da castração, mas sim como algo imposto desde fora, por meio das exigências feitas a Schreber pelos perseguidores. É nesse sentido que “aquilo que foi internamente abolido retorna desde fora” (Freud, 1911/1996d, p. 78). Não seria assustador observarmos que as ambições para com Schreber vão se alterando, de maneira que, no frigir dos ovos, elas se adéquam à ordem das coisas, a qual parece preexistir ao próprio Schreber?

A pedagogia ortopédica à qual Schreber foi submetido por seu pai imprimiu-lhe o funcionamento de uma dinâmica pulsional particular, a qual, segundo ele próprio, consistia basicamente em renúncia pulsional:

Poucas pessoas podem ter sido criadas segundo os estritos princípios morais em que fui, e poucas pessoas, durante toda a sua vida, podem ter exercido (especialmente em assuntos sexuais) uma autocoibição que se conformasse tão estritamente a esses princípios, como posso dizer de mim mesmo que exerci. (Schreber, citado por Freud, 1911/1996d, p. 41)

Durante todo o seu delírio, tal posição de Schreber é tipicamente passiva em relação a seu pai. Na fantasia em que ele menciona o quão bom seria ocupar a posição feminina no momento do coito, a passividade em relação ao pai se renova. Destacamos ter havido, em sua infância, um modo de satisfação imposto por seu pai por meio de seus métodos ortopédicos e, ao mesmo tempo, morais. O empuxo por uma satisfação do mesmo tipo é renovado ao longo do desenvolvimento delirante de Schreber. Para demonstrar isso, debruçar-nos-emos em alguns elementos de sua estrutura delirante, bem como de suas peculiaridades.

Pensemos primeiramente sobre a ordem das coisas: nada mais superegoico do que tal fator. Constituía-se como um conjunto de circunstâncias alheio ao próprio Deus - bem como a Flechsig -, em relação ao qual Schreber deveria guiar suas ações e decisões. Assemelha-se, funcionalmente, ao conjunto de circunstâncias a que Schreber se submetera em sua infância e que era pertencente ao modo particular de educação proposto por Moritz Schreber, que suprimia fisicamente a masturbação e outras práticas consideradas destoantes dos bons costumes - o que, havemos de convir, dá à dinâmica pulsional de um sujeito que se submete a tal pedagogia um aspecto particular. A partir daí, devemos lembrar o mecanismo da projeção na paranoia. Ora, o que foi suprimido no interior está intimamente relacionado com a renúncia pulsio-nal e, ao ser projetado, advém no exterior na figura do perseguidor que impõe sensações voluptuosas a Schreber. Não se trata de outra coisa senão de um imperativo de satisfação tipicamente superegoico.

Por outro lado, Deus exige um estado constante de prazer, tal como estaria de acordo com as condições de existência impostas às almas pela ordem das coisas; e é meu dever fornecer-lhe isso... sob a forma da maior geração possível de voluptuosidade espiritual. E se, nesse processo, um pouco de prazer sensual cabe a mim, sinto-me justificado em aceitá-lo como diminuta compensação pela excessiva quantidade de sofrimento e privação que foi minha por tantos anos passados. (Schreber, citado por Freud, 1911/1996d, p. 43)

Como vimos, o supereu é herdeiro do isso, uma vez que se origina da parte do eu advinda dele, de modo que tal eu se identifica com os primeiros objetos ídicos. Essa dinâmica só reproduz o que já dissemos: Schreber, ao ter sido criado segundo os métodos pedagógicos de seu pai, satisfez-se em função deles. Isso implica, categoricamente, uma reclusão em relação às moções pulsionais, moções essas que só seriam satisfeitas de acordo com uma ordem - a qual, funcionalmente, assemelha-se à ordem imposta pela pedagogia de Moritz Schreber. Schreber não poderia assumir outra posição senão a passiva. Logo, é sempre algo outro que o pressiona, que o coloca em condições intransigíveis, para que ele, Schreber, esteja de acordo com a ordem das coisas.

Nesse âmbito, destacamos as figuras perseguidoras agindo de forma a impor que Schreber se submeta a determinadas circunstâncias, as quais implicam uma maneira particular de satisfação em que Schreber está numa posição objetal. A configuração presente em relação à ordem das coisas, de certo modo, repete-se em relação às figuras perseguidoras: as mais evidentes são Flechsig e Deus. Recordemos que houve primordialmente uma ideia na qual Schreber mencionava o quão bom seria estar na posição de uma mulher no momento da cópula. Posteriormente, houve a intenção inerente a Flechsig de idiotizar Schreber para que pudesse abusar sexualmente de seu corpo. Tudo isso culmina quando Schreber concebe que a solução de todo o conflito é se pôr como a mulher de Deus, sendo fecundado(a) e dando origem a uma nova raça de homens. Destaquemos que o elemento pôr-se em posição sexualmente passiva é uma invariante ao longo de toda a trama. Inicialmente, colocar-se em posição objetal constitui-se como algo contrário à ordem das coisas. Essa posição passiva lhe é imputada pelas figuras perseguidoras - Flechsig e Deus. Porém, no momento em que converge na direção da ordem das coisas, Schreber finalmente terá a oportunidade de se colocar na posição de mulher no momento do coito, e isso só se dá uma vez que tem fundamental importância divina e em relação à espécie humana.

Consideremos o papel da perpetuação do legado dos Schreber relacionado com o fato de que fora frustrado em ter filhos. Tal aspecto parece ter profunda relevância no desenvolvimento do delírio, uma vez que, por essa via, Schreber não só daria continuidade à sua linhagem, mas também daria origem a uma nova humanidade, toda ela sendo derivada de Schreber. Como bem sabemos, a família Schreber possuía um legado e uma tradição muito característica. Era inerente a qualquer Schreber o interesse por trabalhos intelectuais em diversas áreas, inclusive direito, medicina e educação. Outro ponto comum a toda a família consistia na busca de reconhecimento por meio desse trabalho intelectual. Isso se dava de uma maneira tal que a preocupação com a moralidade e com o bem da humanidade se constituiu como aspecto peculiar a todas as gerações dos Schreber, incluindo o nosso indivíduo em questão. A própria pedagogia de Moritz Schreber tinha por finalidade fazer com que os jovens se empenhassem de maneira a contribuir com a sociedade.

Desse modo, Daniel Paul Schreber teve de assumir a responsabilidade de perpetuar o legado familiar de uma forma um tanto ou quanto precoce. Isso se deu uma vez que seu pai faleceu e seu irmão se suicidou. Ligado a isso, há o fato de que Schreber, reprodutivamente, não tinha êxito em perpetuar tal legado, afinal, como se sabe, sua esposa tivera seis abortos espontâneos. Poderíamos atribuir a essa problemática a necessidade de Schreber de ser fecundado(a) por Deus e dar origem a uma nova humanidade. Notamos aqui a noção de que Schreber teria mais êxito em ter filhos do que sua mulher (Freud, 1911/1996d). Não haveria meio mais elegante de transmitir o legado de uma família.

Percebemos claramente nesse ponto aquilo que Freud denomina como a constituição do supereu da criança a partir do supereu dos pais. Havia, ao longo das gerações dos Schreber, uma ânsia por reconhecimento através de seus trabalhos intelectuais. Isso estava presente intensamente em Moritz Schreber, e não foi diferente com Daniel Paul Schreber. Para que concebamos isso, basta lembrarmos o fato de que Schreber, ao lançar suas Memórias, acreditava estar divulgando para a humanidade uma obra que muito contribuiria aos mais diversos âmbitos. Ademais, obviamente, não é necessário que ressaltemos a imensa importância do papel designado a Schreber em seu delírio, de forma que, ao divulgar suas Memórias, ele escreve para a posteridade, tal como seu bisavô havia dito acerca dos escritos dos Schreber.

Via de regra, os pais, e as autoridades análogas a eles, seguem os preceitos de seus próprios superegos ao educar as crianças. [...] Assim, o superego de uma criança é, com efeito, construído segundo o modelo não de seus pais, mas do superego de seus pais; os conteúdos que ele encerra são os mesmos, e torna-se veículo da tradição e de todos os duradouros julgamentos de valores que dessa forma se transmitiram de geração a geração. (Freud, 1932/1996b, p. 72)

No presente momento, cabe a nós refletirmos acerca de uma personagem que é apenas citada no caso Schreber, sua mãe. Não podemos, de maneira alguma, fazer elucubrações sobre ela com a finalidade de descobrir acontecimentos concretos a ela relacionados. Não se trata de um levantamento de fatos, os quais seriam passíveis de serem localizados cronologicamente. As informações da mãe de Schreber são escassas: sabe-se apenas que, provavelmente, ela se submeteu de maneira passiva à autoridade do marido, Moritz Schreber. Poderíamos supor que o modo como a mãe de Schreber concebia o marido colocava este numa posição em que a figura de um pai totêmico se encarnava. Destaquemos novamente que esse argumento só é possível por um viés lógico. Além disso, demonstra-se bastante interessante para pensarmos a maneira como uma função paterna de caráter totêmico aparece encarnada de diversas formas recorrentemente no delírio de Schreber, não só como um dos elementos, mas basicamente como aquilo que o move em direção a uma progressão delirante.

Tais manifestações delirantes relacionadas funcionalmente a um pai totêmico se demonstram quando encontramos aspectos ligados àquela figura pré-histórica citada por Freud (1950[1895]/1996e). Noutros termos, o pai totêmico se faz presente no delírio de Schreber não como pai morto, representante da lei internalizada, mas sim como vivo e, por excelência, como o detentor do gozo (Quinet, 2011). Ora, apenas por intermédio das figuras perseguidoras é que Schreber teria permissão para ter sensações voluptuosas, levando em conta que ele se sujeita a tal situação por, na sua infância, ter sido submetido às mais severas supressões de suas satisfações. Não se trata de uma moral internalizada, mas sim de uma ordem das coisas totalmente alheia a Schreber e, como nos retrata, ao próprio Deus. Além disso, o caráter totê-mico dessa função paterna se caracteriza por sua inflexibilidade, falta de dialética e pelo que poderíamos julgar como sua principal característica, o caráter alienante em relação ao sujeito.

Esse panorama reflete o fato de que, nas psicoses em geral, não se dá uma internalização de um ideal. Em termos míticos, não se dá a morte do pai. Portanto, concebe-se a figura paterna (aquele que assume a função paterna) como encarnada. Não há uma lei que substitua o pai em sua ausência. Este, por sua vez, continua atuando incorporado no perseguidor. Faz-se ressoar em Schreber como Flechsig e Deus, aqueles que o perseguem. Logo, seu pai, que era médico e trabalhara na Universidade de Leipzig, é revivido por Schreber quando este elege Flechsig como perseguidor - também médico e também funcionário da universidade citada. Da mesma forma, percebe-se a ambivalência direcionada tipicamente para a figura paterna em relação a Deus: diz-se que Deus só sabe lidar com cadáveres; sobre os vivos, Ele nada sabe (Freud, 1911/1996d). Não podemos pensar numa atribuição mais pejorativa a ser dada para um médico. Trata-se de um supereu encarnado na figura do perseguidor e que impele o sujeito sem deixar-lhe escolhas.

 

Considerações finais

Finalmente, consideramos que as figuras substitutivas do pai vão mudando ao longo das internações de Schreber - tendo em vista que as almas dos médicos dos outros sanatórios também são incorporadas no delírio de Schreber -, porém, funcionalmente, elas são equivalentes. Notamos, portanto, um caráter dúbio em relação ao supereu presente em Schreber. Ao mesmo tempo que se mostra como aquilo que impõe uma série de condições alheias às ambições de Schreber, configura-se também como algo que lhe é intrínseco. Ao mesmo tempo que as imposições superegoicas imobilizam o sujeito, seu delírio possibilita um movimento em relação a elas. Ora, Schreber subverte tais imposições, de modo que não se deixa ser induzido completamente por elas. É nesse sentido que Freud (1911/1996d) concebe o delírio como a tentativa de cura - diferentemente da psiquiatria, a qual concebe o delírio como o que caracteriza a afecção paranoica.

 

Nota

1 Este artigo é um dos produtos de uma pesquisa desenvolvida atualmente na pós-graduação em psicologia da Universidade Federal do Ceará UFC e que tem sido financiada pela Capes, à qual agradecemos o apoio recebido.

 

Referências

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Quinet, A. (2011). Teoria e clínica da psicose. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.         [ Links ]

 

 

Correspondência:
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Recebido em 21.9.2015
Aceito em 19.2.2016

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