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Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.50 no.4 São Paulo Sept./Dec. 2016

 

OUTRAS PALAVRAS

 

Psicanálise e universidade: o caso brasileiro

 

Psychoanalysis and university: the Brazilian case

 

Psicoanálisis y universidad: el caso brasileño

 

 

Camila Santos Lima FontelesI; Denise Maria Barreto CoutinhoII

IDoutora em psicologia com dupla titulação pela Universidade Federal da Bahia e pela Universidade Paris Diderot - Paris 7
IIProfessora associada do Instituto de Psicologia da Universidade Federal da Bahia. Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas

Correspondência

 

 


RESUMO

Este artigo tem como objetivo demonstrar que a relação psicanálise-universidade, também no Brasil, tem sua gênese no próprio movimento de invenção da psicanálise por Sigmund Freud. Parte-se da hipótese de que a presença da psicanálise na universidade brasileira é concomitante à introdução do discurso psicanalítico no Brasil, e que a universidade sempre foi uma poderosa via de difusão desse campo. Apresenta-se a trajetória da psicanálise na universidade brasileira desde o início do século XX pela via da medicina, bem como sua interação com diversas áreas, sobretudo a psicologia. A inserção da psicanálise no Brasil encontra eco no cenário atual da universidade, no qual vários campos reivindicam a psicanálise e são reivindicados pelos praticantes dela.

Palavras-chave: psicanálise no Brasil; história da psicanálise; estudos sobre a universidade.


ABSTRACT

The aim of this paper is to demonstrate that the relationship between psychoanalysis and the Brazilian university also has its genesis in the very movement of Sigmund Freud's creation of psychoanalysis. We start from the hypothesis that psychoanalysis in Brazilian universities has occurred simultaneously to the introduction of the psychoanalytic discourse in Brazil. We also highlight that university has always been a powerful way to spread psychoanalytic ideas. We present the trajectory of psychoanalysis, which was introduced into Brazilian universities via medical sciences in the early 20th century. We approach interactions between psychoanalysis and many other fields of study, especially psychology. The introduction of psychoanalysis in Brazil has still resounded throughout the university scenery, in which several fields of study reclaim psychoanalysis and are reclaimed by its practitioners.

Keywords: psychoanalysis in Brazil; history of psychoanalysis; studies on university.


RESUMEN

Este artículo tiene como objetivo demostrar que la relación psicoanálisis-universidad, incluso en Brasil, tiene su génesis en el movimiento propio de la invención del psicoanálisis por Sigmund Freud. Se inicia con la hipótesis de que la presencia del psicoanálisis en las universidades brasileñas es concomitante con la introducción del discurso psicoanalítico en Brasil, y que la universidad siempre ha sido un poderoso medio de difusión de este campo. Se presenta la trayectoria del psicoanálisis en las universidades brasileñas desde principios del siglo XX a través de la medicina, así como su interacción con diversas áreas, especialmente la psicología. La inserción del psicoanálisis en Brasil se hizo eco en el escenario actual de la universidad, donde varios campos reclaman el psicoanálisis y son reclamados por los practicantes de él.

Palabras clave: psicoanálisis en Brasil; historia del psicoanálisis; estudios sobre universidad.


 

 

Introdução

As relações entre psicanálise e universidade não são recentes. Desde o início da prática clínica de Freud, a psicanálise esteve conectada ao ambiente universitário, trazendo à cena questões sobre ensino, transmissão e pesquisa. Freud sempre desejou aproximar a psicanálise da universidade, embora não tivesse conseguido uma cátedra na Universidade de Viena, em parte pelo movimento antissemita já existente na Alemanha e na Áustria desde a segunda metade do século XIX. Dessa forma, a partir de 1885, Freud segue uma carreira como docente livre (Privat-dozent), ou seja, professor voluntário, sem salário e sem responsabilidades. Em 1902, é nomeado professor extraordinário (nome dado ao primeiro grau docente universitário) pelo imperador Francisco José (Douville, 2009). Somente em 1920 Freud se torna professor titular, numa época em que já não ministrava cursos. Lembremos que se tratava de uma cátedra de neurologia.

Em 1909, Freud é convidado por Stanley Hall a proferir uma conferência na Clark University nos Estados Unidos. O fato é comentado por ele em “Contribuição à história do movimento psicanalítico” (1914/20123) e nas conferências publicadas no ano seguinte. Esse convite foi o primeiro reconhecimento oficial, ao qual Freud se reporta na Autobiografia (1925/2011):

Na Europa eu me sentia como que desprezado, mas ali os melhores indivíduos me receberam como um igual. Quando subi à cátedra em Worcester, para dar as Cinco lições de psicanálise, foi como a realização de um inverossímil devaneio. A psicanálise não era mais um produto do delírio, tornara-se uma parcela valiosa da realidade. (p. 138)

A psicanálise tornara-se matéria de interesse para aquela audiência universitária, e Freud conseguira o reconhecimento universitário, tal como vinha buscando desde o início.

Em 1919, o texto “Deve-se ensinar a psicanálise nas universidades?” (2010) inaugura formalmente a discussão sobre o tema. Freud apresenta seu ensino sob duas perspectivas: o da psicanálise e o da universidade. Em relação à psicanálise, Freud diz que “sua inclusão no currículo acadêmico seria motivo de satisfação para um psicanalista, mas, ao mesmo tempo, é evidente que ele pode prescindir da universidade, sem prejuízo para sua formação” (p. 378), reafirmando, em seguida, as condições de formação do analista, que incluem ensino, pesquisa, supervisão e a experiência da própria análise. Quanto ao segundo ponto de vista, o da universidade, Freud fala da importância da psicanálise na formação médica (na época, tratava-se da inserção da psicanálise nos cursos de medicina), devido à lacuna existente em relação ao conhecimento dos fatores psíquicos nas enfermidades e seus tratamentos. A ausência de exposição à psicanálise, nesses cursos, acarretaria deficiência à formação do profissional no futuro, segundo Freud. Além disso, a psicanálise cumpriria importante função propedêutica para a formação em psiquiatria.

Ampliando e justificando a presença da psicanálise na universidade, ele afirma:

Ao investigar os processos psíquicos e as funções intelectuais, a psicanálise segue um método próprio, cuja aplicação não se limita ao âmbito dos distúrbios psíquicos, mas se estende igualmente à resolução de problemas na arte, na filosofia e na religião. (p. 380)

Freud imagina um efeito fertilizante do pensamento psicanalítico sobre diversos campos, estabelecendo relação entre eles. Dessa forma, a psicanálise pode estar presente na formação universitária no campo das ciências, das artes, da saúde ou das humanidades, permitindo que estudantes de diferentes domínios do conhecimento aprendam sobre e com a psicanálise (Coutinho, Mattos, Monteiro, Virgens & Almeida-Filho, 2013). A defesa de Freud dizia respeito ao ensino e à difusão da psicanálise. Na época, a universidade ainda não era claramente um lugar de produção de conhecimentos tal como hoje se consolidou, sobretudo com sua presença em programas de pós-graduação.

Um dos primeiros acontecimentos a marcar o processo de institucionalização da psicanálise na universidade foi a nomeação de Ferenczi para o cargo de professor de psicanálise na Universidade de Budapeste em 1919. Esse projeto de ensino aparece nas correspondências entre Freud e Ferenczi, a partir de novembro de 1913, quando o psicanalista húngaro menciona seu interesse em postular o cargo de professor e busca apoio político para tal empreitada. Àquela altura, Ferenczi, amigo de Freud, era um reconhecido psicanalista em Budapeste, ministrando conferências públicas para médicos e despertando grande interesse sobre o novo campo. Esse apoio materializa-se, na ocasião, com o já citado texto “Deve-se ensinar a psicanálise nas universidades?”, publicado na revista húngara Gyógyászat. O texto é citado por Ferenczi em carta a Freud em junho do mesmo ano, época em que seus cursos já haviam começado, e ele relata seguir os princípios descritos nesse artigo (Moreau-Ricaud, 1990).

A implantação dessa cátedra é um fenômeno que merece toda a atenção, bem como os acontecimentos políticos em torno dele. Apoiados em Moreau-Ricaud (1990), tomemos esse evento histórico a partir dos acontecimentos da época. A psicanálise começa a despertar interesse no meio médico e acadêmico de Budapeste com as conferências de Ferenczi e alguns textos de Freud traduzidos para o húngaro. Interessava também ao governo por apresentar uma forma de tratamento das doenças nervosas, sobretudo naquele período pós-guerra. Os estudantes de medicina húngaros clamavam por reformas no ensino médico, dentre elas a inclusão do ensino da psicanálise. Esses estudantes faziam parte de um grupo vanguardista chamado Galilée, do qual Ferenczi participava. Foram redigidas e enviadas diversas petições ao ministro da Instrução Pública. Na última delas, encontra-se a seguinte solicitação:

Nós os abaixo assinados, estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade Húngara de Ciências de Budapeste, chamamos vossa atenção para o fato que até então a psicanálise não tem sido ensinada em nossa universidade. Essa ciência pode aplicar-se não somente a uma prática médica específica, mas também à psicologia pura e aplicada (sociologia, pedagogia, criminologia), que fazem de seu ensino regular na universidade uma necessidade inevitável. O fato de que até hoje a introdução da psicanálise tem sido rejeitada pode ser explicado, em nossa opinião, não somente pelas objeções científicas às quais os círculos oficiais da universidade têm recorrido, mas pelas hostilidades pessoais e políticas. Dentro do interesse da ciência, pensamos que não deveria ser permitido que uma consideração, qualquer que seja, freie o livre desenvolvimento de uma nova disciplina. Referimo-nos ao fato de que a psicanálise tem sido ensinada ao longo dos anos nas seguintes universidades estrangeiras: Viena (Prof. Freud), Londres (Prof. Jones), Leyde (Prof. Hlyerman Heymans), Boston (Universidade de Harvard: Prof. James Putman [sic]), Zurique (Prof. Bleuler). Pensamos que o Dr. Sándor Ferenczi é a pessoa mais apropriada para fazer as conferências sobre psicanálise na Universidade de Budapeste; neurologista, o Dr. Sándor Ferenczi é o propagador mais devotado à causa analítica em nosso país; ele é igualmente reconhecido no exterior. Solicitamos e esperamos que nossa demanda seja levada em consideração e que as medidas a serem tomadas sejam realizadas neste trimestre. Respeitosamente, os abaixo assinados. (Eros & Giampieri, 1987, citados por Moreau-Ricaud, 1990, p. 120)

A petição é inicialmente rejeitada pela suposta não cientificidade da psicanálise. Porém, em abril de 1919, Ferenczi obtém a cátedra e começa seu ensino em junho do mesmo ano com dois cursos: um sobre psicologia psicanalítica para médicos e outro sobre psicossexualidade. Após a entrada de Ferenczi, outros analistas passam a dar seus cursos na universidade, com bom acolhimento, e logo uma Associação Psicanalítica de Estudantes de Medicina é criada. No entanto, a queda do governo na Hungria em julho de 1919 leva ao fechamento da cátedra.

Um ano depois, o Instituto de Berlim, fundado por Max Eitingon, torna-se a primeira instituição destinada à formação de psicanalistas, sendo chamado de pequena universidade, pois sua organização em ensinos específicos anuais assemelhava-se à estrutura universitária. No prefácio ao relatório de dez anos de funcionamento do Instituto, Freud (1930/1985) destaca os esforços de seu criador e dos analistas que participam do empreendimento, apontando o Instituto como o lugar em que a psicanálise pode ser ensinada teoricamente e sublinhando que as experiências dos analistas mais velhos são ali transmitidas. Ressalta, todavia, a falta de interesse do Estado e da universidade, algo que ele já indicara no texto de 1919 ao afirmar que a formação nas sociedades psicanalíticas decorre do fato de a psicanálise estar excluída das universidades.

O ensino da psicanálise é, na época, uma realidade em diversos lugares, como citado pelos estudantes na petição antes transcrita. Em 1979, Laplanche escreve que, entre a experiência de Ferenczi em 1919 e a experiência francesa em 1968, a psicanálise passa a ser ensinada em outros países, como os Estados Unidos, na Universidade de Harvard, em cursos de psicologia, psiquiatria e antropologia. No mesmo período, Suíça, Alemanha, Áustria e Itália, além do Brasil, não citado por Laplanche, começam a institucionalização universitária da psicanálise.

O Brasil é um país com forte tradição de inserção da psicanálise na universidade desde o início do século XX. O que é amplamente divulgado é que a psicanálise entra nas universidades brasileiras a partir dos cursos de psicologia regulamentados na década de 1960. De fato, disciplinas como Psicologia do Desenvolvimento e Estágios Supervisionados, presentes nas matrizes curriculares dos primeiros cursos, estiveram entre os primeiros lócus institucionais a partir dos quais as ideias psicanalíticas puderam desenvolver-se. No entanto, o primeiro encontro da psicanálise com a universidade brasileira é bem anterior a essa data.

Para refazer tal percurso, é necessário retomar a chegada da psicanálise ao Brasil, o contexto histórico em que ocorreu e os precursores responsáveis pela divulgação das ideias psicanalíticas no país. A difusão da psicanálise no Brasil ocorre não somente pelas vias da medicina, mas também pelas vias da arte, da literatura, da educação, da psicologia, encontrando na universidade uma grande aliada.

Este artigo tem como objetivo demonstrar que a relação psicanálise-universidade tem sua gênese no próprio movimento de invenção da psicanálise por Sigmund Freud. Tomamos a história da psicanálise no Brasil como um caso exemplar dessa demonstração, seguindo a hipótese de que a presença da psicanálise na universidade brasileira é concomitante à introdução do discurso psicanalítico no Brasil, sendo a universidade uma poderosa, porque socialmente legitimada, via de difusão do campo.

 

A psicanálise na universidade brasileira

Boddin (1998) relata que a psicanálise começou a ser divulgada no Brasil através de psiquiatras docentes das faculdades de medicina. No entanto, a partir de 1914 ela passa a ser difundida no Brasil de forma mais sistemática. Nesse ano, na Faculdade Nacional de Medicina no Rio de Janeiro, é defendido o primeiro trabalho acadêmico em psicanálise no país, escrito pelo médico Genserico de Souza Pinto. O título é Da psicoanalise: a sexualidade nas nevroses, sendo considerado o primeiro trabalho em português no campo. A tese de Pinto (1914) inaugura um espaço para recepção e início da consolidação do campo no Brasil, ao reunir no ambiente universitário os discursos psiquiátrico e psicanalítico.

No primeiro capítulo da tese, o autor diz que em 1905 a psicanálise toma um caráter de método explorador e terapêutico, e a partir daí os estudiosos se voltam para a “grande doutrina psicológica de Freud” (p. 5), angariando muitos adeptos. Pinto reconhece alguns divulgadores como Juliano Moreira, Antonio Austregésilo e Henrique Roxo. O trabalho abrange nove capítulos teóricos e um apêndice com cinco casos clínicos.

Com o objetivo de facilitar a compreensão da teoria freudiana com foco na neurose, Pinto faz uma síntese das ideias de Freud, dando ênfase à teoria da sexualidade, para a compreensão da etiologia sexual das neuroses. No segundo capítulo, o tema é a sexualidade infantil; o terceiro aborda os desvios da sexualidade, divididos em “nevropatias sem história psíquica” ou “nevroses atuaes (neurastenia e nevrose de angústia)” e “nevropatias de histeria psíquica ou psiconevroses (histeria e obsessões e fobia)” (p. 45). A cada um dos subtemas é dedicado um novo capítulo, sendo que o último descreve a psicanálise como método terapêutico. A tese demonstra o conhecimento do autor sobre a parte da obra de Freud publicada até então.

A conclusão a que a tese chega é que somente o método psicanalítico permite uma cura definitiva e radical para afecções psíquicas. Essa tese é publicada em 1915, tornando-se o primeiro livro sobre psicanálise em língua portuguesa e, curiosamente, sob a forma de uma tese, portanto um trabalho universitário.

Na época, a grande divulgação da psicanálise no Brasil se dá no Rio de Janeiro e em São Paulo. Além disso, o Rio de Janeiro destaca-se pela divulgação do curso de psiquiatria médico-legal na Faculdade de Medicina, concebido por Afrânio Peixoto e Henrique Roxo, em 1918. Este último realiza um curso sobre a doutrina de Freud, tornando-se o primeiro professor de psicanálise no país, além de ter publicado um manual de psiquiatria em 1921, reservando várias páginas à psicanálise (Boddin, 1998; Oliveira, 2002a). Também é digno de nota o início da especialização em psicanálise, em 1931, na Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro, estratégia de um grupo de psiquiatras para consolidar a formação em psicanálise não vinculada aos moldes da ipa (Castro, 2015).

Em São Paulo, destaca-se Franco da Rocha, reconhecido como o maior expoente da psiquiatria local, um dos precursores da psicanálise. Ele é designado professor de Clínica Psiquiátrica na Faculdade de Medicina em 1919 e ministra uma aula inaugural intitulada “Do delírio geral”. Essa aula, transformada em artigo, é publicada no jornal O Estado de S. Paulo, chamando a atenção de Durval Marcondes, que viria a ser um dos responsáveis pelo estabelecimento da psicanálise no Brasil e por sua divulgação na universidade. Em 1920, Franco da Rocha lança O pansexualismo na doutrina de Freud, primeira publicação psicanalítica de impacto no país (Oliveira, 2002a, 2014). Enfatizamos novamente o fato de ser uma obra psicanalítica relevante e de cunho acadêmico, baseada em aulas de um curso universitário.

Durval Marcondes funda, em 1927, junto com Franco da Rocha, a Sociedade Brasileira de Psicanálise, primeira do gênero na América Latina. No ano seguinte, é fundada a primeira Sociedade de Psicanálise no Rio de Janeiro, com sede no Hospital dos Alienados, tendo como presidente Juliano Moreira. No Rio, há expressiva adesão de médicos. Em contrapartida, a Sociedade de São Paulo, que congregava intelectuais e artistas, além de profissionais de outras áreas, conhece um desenvolvimento não tão atrelado à psiquiatria.

Oliveira (2002b) assinala dois movimentos de inserção nesse início da psicanálise no Brasil. O primeiro, como instrumento terapêutico; o segundo faz uma apropriação da psicanálise no meio cultural, de forma a ser aplicada em diversas áreas do conhecimento, o que é mais visível na interface com as artes. No entanto, as ideias freudianas, tomadas por um viés pansexualista, em diversos contextos da realidade brasileira, eram utilizadas, e ainda o são, com o intuito de encontrar soluções ou explicações para questões e problemas sociais. Dessa forma, a psicanálise esteve presente desde as ideias reformistas da educação até o movimento de higiene mental, passando pelo movimento modernista.

O próprio Durval Marcondes é responsável por aproximações com o campo literário. Ele publica em 1926 o ensaio literário O simbolismo esthetico na literatura: ensaio de uma orientação para a crítica literária, baseada nos conhecimentos fornecidos pela psicanálise, enviando-o a Freud e recebendo resposta apreciativa.

Paralelamente a sua inserção na psiquiatria e no meio cultural, o ensino universitário foi uma importante via de expansão da psicanálise no Brasil. Destaca-se, no contexto, em 1936, a disputa entre Durval Marcondes e Pacheco e Silva pela disciplina Neuropsiquiatria, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Pacheco e Silva vence o concurso e, consequentemente, passa a exercer grande influência na formação dos psiquiatras paulistas. Sua “aversão” à psicanálise faz com que esta deixe de ser ensinada aos futuros médicos naquele estado. Caso Durval Marcondes tivesse vencido a disputa, os rumos da psiquiatria poderiam ter sido diferentes, com uma maior aderência à psicanálise. A partir desse episódio, Durval Marcondes começa a se aproximar da psicologia clínica, campo no qual a psicanálise encontrará bastante apoio (Oliveira, 2005). Ressaltamos que essa inserção universitária esteve presente em outros estados brasileiros. Por exemplo, ainda na década de 1930, a psicanálise chegou à Universidade Federal do Rio Grande do Sul através do curso Elementos de Psicanálise, ministrado por Celestino Prunes como parte dos estudos de criminologia e psiquiatria forense. Aliás, esse estado também conhece a divulgação da psicanálise para além da psiquiatria, tendo no movimento literário uma vigorosa via de difusão (Gageiro & Torossian, 2014).

Uma inserção universitária da psicanálise não vinculada à psiquiatria diz respeito à sua integração na Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, em 1940. Na época, a curiosidade girava em torno de estudos psicanalíticos culturalistas e etnográficos. A psicanálise é ensinada como forma de compreender fenômenos sociais e como método para melhorar as condições de ajustamento psíquico dos indivíduos (Oliveira, 2014). Durval Marcondes destaca-se como professor da disciplina Psicanálise e Saúde Mental no curso de sociologia. A disciplina Psicologia Social também será ministrada por psicanalistas, dentre os quais Virgínia Bicudo, ex-aluna da escola e uma das precursoras da psicanálise (Oliveira, 2005). Dessa forma, começamos a ver desenhar-se com a psicanálise a construção de um caminho para além da psiquiatria, estabelecendo relações com outros saberes, como educação e artes. É também na mesma época que se iniciam relações entre psicanálise e psicologia.

 

Uma relação privilegiada com a psicologia

Desde 1934, a psicologia passa a ser oferecida como disciplina obrigatória nos cursos de nível superior no Brasil, mas somente a partir da década de 1950 cursos de graduação começam a surgir com posterior regulação, bem como a profissão de psicólogo em 1962. Figueiredo (2008) destaca que a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Río) foi pioneira na formação de psicólogos, embasada no suporte teórico da psicanálise, nos anos 1960. O curso de psicologia é ali criado em 1956, tendo como professores psicanalistas da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e do Rio de Janeiro. Antes ainda, em 1954, é criado um curso de especialização em psicologia clínica na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Posteriormente, surge outra formação na Faculdade de Filosofia Sedes Sapientiae (Oliveira, 2005).

O exercício da psicanálise era permitido oficialmente somente a médicos no país. No entanto, sabemos, como já indicado antes, que em São Paulo a psicanálise é praticada por não médicos desde sempre. É célebre o texto sobre análise leiga (1926/1996) no qual Freud defende que o conteúdo ensinado na faculdade de medicina não é aquele necessário para a formação do analista. Ao longo de todo o texto, ele sustenta que formação psicanalítica não se confunde com formação médica. Enfatiza a importância crucial da análise pessoal e afirma que muitos médicos fazem uso equivocado da psicanálise, devendo esta se precaver mais dos médicos que a praticam de maneira incorreta do que de analistas não médicos.

Sobre esse tema no contexto brasileiro, Lima, Caponi e Minella (2010) destacam que a revista médica O Médico Moderno: Revista Profissional e Cultural da Medicina consagra ao assunto uma matéria de capa, em outubro de 1965: “Psicologia clínica: médicos veem perigo na nova lei. Lei que autoriza aos psicólogos a solução dos problemas de desajustamentos é julgada pelos psiquiatras: o perigo estaria na criação dos consultórios de leigos” (p. 50). A reportagem ouviu cinco psiquiatras e um professor do recém-criado curso de psicologia da Universidade de São Paulo.

Na década de 1970 ocorre o boom das psicoterapias, com a divulgação de diversas correntes da psicologia e, sobretudo, da psicanálise (Russo, 2002). Psicólogos, ainda excluídos da formação, participam de grupos de estudo fora das instituições psicanalíticas, muitos deles ligados à universidade. Um dos primeiros lugares de formação em psicanálise, como já dissemos, foi a clínica do curso de psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, desde sua fundação em 1954. Além desta, destaca-se a clínica de psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Instituto Sedes Sapientiae, também em São Paulo, voltada a alunos de pedagogia e, depois, de psicologia. Em 1960, a clínica se abre aos médicos e estudantes de medicina. No início da década seguinte, ocorre a chegada do pensamento lacaniano ao Brasil por meio de psicólogos (Boddin, 1998). Alguns dos primeiros lacanianos, pelo fato de não pertencerem a escolas reconhecidas pela ipa, acabam aproximando-se da universidade, onde encontram acolhimento para o estudo das formulações de Jacques Lacan. A fragmentação dos espaços institucionais, em decorrência de sucessivas cisões, vem enfraquecer o movimento lacaniano, fazendo com que analistas migrem para as universidades, em busca de reconhecimento e revitalização.

Um segundo momento na relação com a universidade ocorre na década de 1980, por meio da inserção da psicanálise em cursos de pós-graduação, inicialmente no Rio de Janeiro e depois em São Paulo (Mezan, 1998). A entrada oficial da psicanálise na pós-graduação brasileira ocorre com a criação, na década de 1970, do curso de especialização em psicologia clínica na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, que visava à formação de psicólogos psicanalistas, impedidos de buscar formação em escolas de psicanálise por não serem médicos. A universidade exerce então a função de formar profissionais em psicanálise, embora não reconhecidos como psicanalistas (Figueiredo, 2008). No entanto, na Universidade de São Paulo, a psicanálise aparece, já em 1954, na formação de psicólogos clínicos no curso de especialização em psicologia clínica, que tinha como professor Durval Marcondes (Oliveira, 2005).

A psicanálise tem lugar no primeiro mestrado em psicologia do país (curso da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, criado em 1966), por meio de dissertações defendidas, sobretudo, após a década de 1970. Não havia uma linha de pesquisa específica, o que só vem a acontecer em 1982, mas professores psicanalistas integravam aquele programa de pós-graduação (ppg) (Féres-Carneiro, 2007). Também na década de 1960, a Universidade de São Paulo implanta seus ppgs em psicologia, incluindo um doutorado em 1974. Mesmo sabendo que não iriam ter o reconhecimento das sociedades psicanalíticas, candidatos encontravam no sistema de pós-graduação brasileiro uma forma de contato com a psicanálise e a clínica.

Entre o contexto de chegada ao Brasil, com a consequente aproximação da universidade, e a atual conformação universitária, temos um período de afastamento. Na década de 1950, quando escolas de psicanálise começam a ser reconhecidas, com discussões sobre o estatuto científico e epistemológico de outros saberes, começam também críticas sobre a inserção da psicanálise na universidade, acompanhadas de embates com instituições formadoras. Algumas dessas instituições e seus analistas se posicionam contra a presença da psicanálise na universidade, criando mal-estar, desconfiança ou rejeição entre pares, em função do título de professor universitário. A crítica maior recai sobre a pós-graduação, com a necessária sistematização da pesquisa em psicanálise, trazendo a clínica para o contexto universitário, sobretudo nos doutorados em psicanálise.

A partir dos anos 1990, começa a se delinear o que chamamos psicanálise brasileira, com uma tomada de consciência do peso dos movimentos psicanalíticos brasileiros na cena internacional. Canais de divulgação da psicanálise começam a aparecer, com revistas, livros, editoras especializadas, publicação de dissertações e teses (Oliveira, 2005). Assim, a produção brasileira começa a ganhar contornos mais nítidos e expressivos.

Em 1988, é criado o primeiro mestrado em psicanálise na Universidade Federal do Rio de Janeiro, com a posterior aprovação de um doutorado em 1994. Dez anos depois, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro implanta seu mestrado (1998) e depois o doutorado, em 2007. Em 2006, temos a criação do primeiro mestrado profissional em psicanálise, saúde e sociedade na Universidade Veiga de Almeida, também no Rio de Janeiro. Em 2012, essa universidade particular teve seu doutorado aprovado. Em 2014, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul implanta seu mestrado em psicanálise. O curso da ufrj teve o primeiro programa de caráter específico, considerando a psicanálise em sua singularidade teórica, e não como uma doutrina psicológica ou psicopatológica.

As relações entre psicanálise e universidade, que durante esse período foram marcadas por oposição e exclusão, atualmente trazem a marca da inclusão e conciliação. Os significantes resistência e transferência eram empregados pelo movimento psicanalítico para interpretar ambivalentes interfaces entre ambos. Tais relações seriam mais bem descritas hoje por meio dos termos harmonia e pacificação: a universidade tem sido um espaço social privilegiado pela psicanálise e cada vez mais ocupado por psicanalistas. Mais que isso, a universidade tem se tornado objeto de desejo de psicanalistas. O status atribuído ao professor universitário, no contexto brasileiro, é um capital simbólico, fonte de distinção e prestígio (Birman, 2013), bem mais social que financeiro, se comparado com o que a clínica privada pode proporcionar. Ainda segundo Birman (2013), os cursos de mestrado e doutorado vêm preencher uma lacuna sobre o ensino teórico praticado em instituições psicanalíticas. Assim, constitui-se a figura do psicanalista-pesquisador a partir dessa demanda e da relação entre universidade e instituições de formação analíticas. A universidade, que inicialmente acolheu analistas de todas as escolas e teorias, torna-se objeto de disputas políticas entre escolas que buscam visibilidade social e recrutamento de novos analistas, alimentando a formação, mas também constituindo relações de poder e disputas entre escolas e universidades.

Ao longo dos anos, tem ocorrido uma expansão na oferta de cursos de pós-graduação de modo geral, e a psicanálise se faz presente em ppgs de diversos campos, com áreas de concentração, linhas de pesquisa e, consequentemente, produções para além da medicina e da psicologia. Os programas específicos em psicanálise, como vimos antes, também têm sido aprovados e reconhecidos. No cenário atual no Brasil, há 19 ppgs com área de concentração ou linha de pesquisa em psicanálise, além dos específicos já citados. Esses programas/linhas são responsáveis por expressiva produção, sobretudo a partir dos anos 2000. Por outro lado, vários ppgs de outros campos, como educação, saúde, letras/literatura, filosofia, sociologia, comunicação e artes, realizam pesquisas em psicanálise. Vemos, assim, uma trajetória histórica da psicanálise na universidade brasileira, desde o início do século XX, concomitante, portanto, ao surgimento da própria psicanálise. Por esse histórico aqui traçado, demonstramos sua ligação inicial com dois campos, medicina e psicologia, com os quais continua a estabelecer relações, mas também percebemos sua difusão para além desses campos, corroborando o pensamento de Freud (1913/20120; 1919/2010; 1926/1996).

 

Conclusão

As relações psicanálise e universidade parecem indissociáveis desde o seu início, fazendo parte indelével da história do movimento psicanalítico. A entrada da psicanálise no Brasil coincide com a criação da universidade brasileira. A primeira organização universitária data da década de 1920, no Rio de Janeiro. Vemos, então, que um discurso científico inovador, a jovem ciência, como a denominou Freud, chega ao Brasil e encontra no meio universitário importante via de produção, recepção e divulgação de pensamento e pesquisa.

A universidade é uma organização social, com mandato milenar de produção, reprodução e difusão de conhecimento. Com o passar do tempo, torna-se também definidora de mecanismos de legitimação dos saberes e práticas. Freud sempre buscou o reconhecimento da universidade e advogava a pertença da psicanálise ao campo científico. Percorrendo a história da psicanálise no Brasil, vemos como a universidade teve e continua tendo papel fundamental na formação e difusão dos conceitos, práticas, diálogos e impasses com outros campos.

Freud defende a psicanálise na universidade, mas enfatiza que a universidade não forma o psicanalista. Como comprova a história, a psicanálise precisou, sim, bastante da universidade, inicialmente como divulgação de novas ideias e atualmente como produção de conhecimento. Ainda que o analista não se forme nos bancos universitários, é impensável dizer que a universidade não se beneficia das contribuições da psicanálise.

Para nós é muito claro o limite da universidade no sentido de empreender a formação de analista, mas ela pode ser esse lugar de constituir uma demanda dirigida à psicanálise, ao mesmo tempo que continua a fazer bem o seu papel de atravessar outros campos, questionando-os. Ademais, o ensino da psicanálise tem como objetivo apresentar um outro modelo de formular perguntas sobre a condição humana, considerando sempre a singularidade desconcertante de cada sujeito. Com a pesquisa nos programas de pós-graduação, damos um passo a mais na necessária atualização do ambiente universitário.

A psicanálise parece produzir efeito fecundador na vida universitária, alargando seus parâmetros epistêmicos tradicionais e também beneficiando-se do diálogo com outros saberes. A universidade constitui local propício a esse encontro, permitindo intenso intercâmbio inter e transdisciplinar; lugar em que a psicanálise se reinventa por meio de investigações que interrogam sua práxis.

Em pesquisa recente, foram levantadas as teses produzidas em psicanálise na pós-graduação brasileira, encontrando-se como resultado 1.075 teses no período de 1987 a 2012, em diversas áreas de conhecimento, o que parece demonstrar a importância da psicanálise na universidade, como lugar de pesquisa e produção do saber (Fonteles & Coutinho, 2015).

Em suma, os caminhos múltiplos da inserção da psicanálise no Brasil encontram eco no cenário atual da universidade. Diversos saberes reivindicam a psicanálise e são reivindicados pelos praticantes dela. Conforma-se um campo reconhecido e qualificado, o que inclui incontestável e ampla produção acadêmica. Como diz Freud, em A questão da análise leiga (1926/1996):

Pois não consideramos absolutamente conveniente para uma psicanálise ser devorada pela medicina e encontrar seu último lugar de repouso num livro de texto de psiquiatria sob a epígrafe “Métodos de Tratamento” [...]. Merece melhor destino e, pode-se esperar, o terá. (p. 238)

Os caminhos percorridos mostram que a aposta de Freud permanece viva e atual e que a universidade fez e continua fazendo parte dessa trajetória.

 

Referências

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Correspondência:
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Recebido em 17.9.2015
Aceito em 26.4.2016

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