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Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.51 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2017

 

EM PAUTA

 

Exílios e repatriações: entre percursos gerativos de fertilizações

 

Exiles and repatriations: among generative paths of fertilization

 

Exilios y repatriaciones: entre trayectos generadores de fertilizaciones

 

 

Patrícia Rodella de Andrade Tittoto

Membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto SBPRP

Correspondência

 

 


RESUMO

Partindo da observação de conflitos internacionais envolvendo refugiados, o presente artigo busca percorrer experiências de exílio e migrações vividas por alguns nomes exponenciais da psicanálise e o reflexo dessas passagens em suas produções científicas - contribuições ao pensamento analítico que podem, sobretudo, voltar-se a uma prática de investimento humanitário. Outros autores são mencionados para ilustrar, com alguns conceitos, a importância do psicanalítico imbricado com o social e o cultural.

Palavras-chave: exílio; migrações; deslocamentos; solidão; subjetividades; pulsão de vida; pulsão de morte; mal-estar; pensar; social.


ABSTRACT

Starting from the examination of international conflicts that involve refugees, the author briefly writes about situations of exile and migrations that were experienced by remarkable psychoanalysts. The author comments about the impact of these experiences on these psychoanalysts' scientific production. Their contributions to the psychoanalytic thinking may be particularly applied to humanitarian practices. The author refers to other authors in order to illustrate, in some concepts, the importance of the psychoanalytic thinking. The paper highlights the close connection between psychoanalytic, social, and cultural fields.

Keywords: exile; migration; displacement; loneliness; subjectivities; life drive; death drive; malaise; thinking; social


RESUMEN

Partiendo de la observación de conflictos internacionales involucrando a refugiados, este artículo busca hacer un pequeño recorrido por experiencias de exilio y migraciones vividas por algunos nobles exponentes del psicoanálisis y el reflejo de esos pasajes en sus producciones científicas - contribuciones al pensamiento analítico que pueden, principalmente, volcarse a una práctica de inversión humanitaria. Otros autores son referencias para ilustrar, con algunos conceptos, la importancia de lo psicoanalítico junto con lo social y lo cultural.

Palabras clave: exilio; migraciones; desplazamientos; soledad; subjetividades; pulsión de vida; pulsión de muerte; malestar; pensar; social.


 

 

Estamos em tempos em que, mais do que nunca, há um imenso desconforto internacional com o tema refugiados.

Por todos os lados, somos bombardeados com tristes cenas, em que não cabem palavras, de milhares de pessoas em condições precárias, entoando embutidas preces, marchando por trilhas suadas, fugindo de situações de conflito territorial, expatriações forçadas, forjadas, voluntárias, involuntárias. Muitos caminhantes de pés e mãos feitos em poeira e areia. Em um estado emocional tal como que sepultados no mais próprio derradeiro pó.

Somos visitados em nossos sonhos diurnos, noturnos, em pavorosas sensações, por esses corpos em cores desmaiadas que habitam as fotografias de nossos dias. Tantas vezes dormentes em nossas defensivas fronteiras, descerramo-nos a um lusco-fusco de insônias que tentam afugentar os fantasmas dessas impressões desconcertantes. Sobressaltam-nos percepções sonâmbulas, abrindo marginais espaços, levando-nos a periferias de sentidos.

As imagens de desamparo que nos capturam, como aquelas reveladas pelo enquadramento das lentes de Sebastião Salgado, em seu livro Êxodos (2000), focalizam o fluxo maciço de rostos de migrantes pelo mundo afora, deflagrando nossa própria condição humana, já que pigmentam, segundo ele, a história de uma humanidade em trânsito, rastreando melhores condições de vida, visando, por vezes, apenas manter-se fisicamente viva, chegando alguns, pavorosamente, a lugar algum ou à vivência caótica do inacessível. Fico a considerar como seriam esses deslocamentos físicos para situações menos discriminatórias e massacrantes de se viver, com menos contingências de guerras e totalitarismos. Para além de dados factuais existentes nos sistemas internacionais de reordenamento comunitário e processos adaptativos, busco abordar aqui a importância dos reflexos desses deslocamentos sobre as implicadas subjetividades desenvolvidas nas experiências da ordem do interno, na realidade psíquica que nos foi anunciada por Freud (1905/1972a), em que podem ser gerados e gestados espaços mais íntegros e integrados para o pensar, imanências de produções criativas. Atesta-se o quanto a ausência ou a fuga do pensamento recai em ações desesperadas, desordenadas e inconsequentes, sendo estas aspectos centrais de fracassos na manutenção de uma sociedade mais justa com os seus.

 

 

Estando o pensar psicanalítico a transitar ininterruptamente por diferentes regiões do conhecimento e da produção cultural universal, com vistas a aprender com as diferentes linguagens simbólicas humanas, favorecendo assim a abertura de novos caminhos, clareiras, no intuito de trilhar múltiplas direções de questionamento e pesquisa, também tenciono evidenciar como a inserção do psicanalista no fazer social é altamente significativa para o cuidado das dimensões da existência humana.

 

 

Refugiados, migrantes, exilados e nômades

Refugiados nos aludem a migrantes, exilados e nômades, cada qual destes expressando figurações culturalmente diferenciadas em suas compreensões e conceituações, mas com um itinerário comum cravado: partir de sua “casa”, com expectativas, rumo a um “lugar-continente-anfitrião”.

O exílio nos remete a desterro, degredo, sentimento de perda de territorialidade, por intermédio de uma deriva absoluta. As raízes, para o exilado, são sentidas como radicalmente arrancadas, a fim de serem transplantadas, ainda que sem lugar fixo, para outro local nutrido em mistérios. Nele, a expectativa dos ganhos nos descobrimentos espreita contiguamente às arranhaduras deixadas pela dor do que não está mais disponível. Justamente por não permitir a anulação dentro de si de sua terra natal perdida é que se pode ver, de fato, o exílio encontrado. Mahmoud Darwish (citado por Said, 2003, pp. 56-57), em linguagem poética, apresenta-nos incompletudes, simbolizando a fratura incurável da perda do lar - a falta distinguindo-se tanto quanto a presença:

Mas eu sou o exilado. Sela-me com teus olhos. Leva-me para o que és.

Restaura-me a cor do rosto E o calor do corpo

A luz do coração e dos olhos, O sal do pão e do ritmo,

O gosto da terra... a terra natal. Protege-me com teus olhos.

Leva-me como uma relíquia da mansão do pesar.

Leva-me como um verso de minha tragédia;

Leva-me como um brinquedo, um tijolo da casa

Para que nossos filhos se lembrem de voltar.

Para um nômade, como se estivessem abertos todos os caminhos do mundo, todas as possibilidades, viajar faz-se estro poético, tempo de plenitude da territorialidade, em que o lugar alcançado se reveste de um caráter provisório, está prestes a ser deixado, para se voltar a um iniciar sempre constante, relativizando o sentido de origem. A terra que ele se atreve a chamar de sua é a própria cultura que carrega pelos anos que se somam. Reconhecendo-se como ser gregário, lida com recursos escassos que precisam ser transformados pelo trabalho para serem apropriados e, assim, garantir sua sobrevivência. Não reclama cidadania alheia, ainda que esta lhe seja efêmera aldeia, pois se posiciona pela renúncia, desconstrução do senso de identidade fixa. Recusa-se a ficar subjugado a um conjunto de normatizações e, em vez disso, subverte-o, caminhando contra qualquer espécie de fixação na natureza estabelecida como convencional em um pensamento teórico.

Como nos confessa Fernando Pessoa (1995, p. 182) em seu poema “Viajar! Perder países!”, neste trecho desalinhavado daqueles que compõem a deambulação do bardo pelos efeitos do jornadear, oferecendo-se ser outro constantemente:

Não pertencer nem a mim! Ir em frente, ir a seguir

A ausência de ter um fim, E a ânsia de o conseguir!

A condição de estabelecer uma relação com um “outro não familiar” pressupõe um “profundo espírito humanista empregado com generosidade e, se me permitem o termo, com hospitalidade” (Said, 2007, p. 22). Requer-se instrumentalização interior para engendrar o pouco visível, o suspenso, as descontinuidades, os desvios de rotas, os resíduos salvos, o inacabado, o presente e a presença, o que está fora do habitual, ou seja, do que se habita.

Cabem aqui as perguntas: estariam o refugiado, o migrante, o nômade, o exilado intimamente intrincados? Sendo uma vez possível o retorno, haveria oposição entre exílio e terra natal? O que somos nós sem o exílio? Qual é a terra sempre intocada que abriga nossa busca no viver?

Nesta nossa contemporaneidade, que Augé (1992/1994, p. 73) chamou de supermodernidade, há o estabelecimento de novas relações com o espaço e com o outro, surgidas da proliferação desse constante trânsito mundial; elas propiciam novas vivências de solidão e desamparo, que se exprimem

em uma multiplicidade de estados. Do isolamento voluntário à exclusão. Da solidão do exílio, do imigrante, do estrangeiro àquela de quem se sente rejeitado e incompreendido em sua própria terra. Da solidão do gênio, da alienação. A solidão do corpo, do qual emana a singularidade. Do angustiante sentimento de solidão à solidão como reencontro com o self, fonte de criatividade e liberdade. (Tanis, 2003, p. 14)

Para muitos, a análise é um ato de confiança, pois, “ao abrir as portas de suas solidões, os analisandos transpuseram barreiras inomináveis na busca de uma experiência analítica” (Tanis, 2003, p. 14), depositaram nesta a enorme esperança de que pudessem conquistar, através da presença de um outro, a experiência emocional (Bion, 1962) que pode transformar “um sentimento negativo de solidão em uma experiência em que a solidão se manifeste como fundamento da singularidade” (Tanis, 2003, p. 192). Além disso, essa experiência emocional, em seus movimentos e mudanças de qualidade, permite que “o indivíduo, ao invés de simplesmente adquirir um saber sobre si mesmo, torne-se esse saber sobre si mesmo” (Chuster et al., 2011, p. 220), ampliando sua condição de criar a necessária assimetria e discriminação na relação. Pode-se aprender emocionalmente (Bion, 1962) com a experiência das coisas, diferentemente de se aprender acerca das coisas, fecundando-se nas influências encontradas e deixando sementes em seus passos - um intercâmbio que contraria qualquer tendência à estagnação.

Acredito que, pela experiência analítica, torna-se cada vez mais aquilo que se é, re-torna-se, sente-se “em casa”.

Pensando nessa construção plástica, quando são muitos os inimigos externos e internos, não há casa-fortaleza que traga sentimentos de abrigo e proteção. Reforça-se “por meio da estrangeiridade o estrangeiro em si mesmo, que por não conseguir enfrentá-lo parece ameaçar até a morte” (Tanis, 2003, p. 100).

Quanto mais existe abertura, favorecida pela análise pessoal, para a compreensão do ameaçador e aterrador a sua integridade, maiores as possibilidades do indivíduo avaliar o quanto tem se exilado voluntariamente em sua morada, aniquilando oportunidades de expandir suas rotas pelo mundo.

Podemos também refletir se a “casa” contemporânea estaria sendo registrada como sendo o “mundo todo”, estando muitas pessoas permanentemente vinculadas a um não lugar, com fronteiras de origem dissolvidas pela mediação de simulacros, de palavras estrangeiras, pela perda de confiança nos valores estabelecidos, pela curta durabilidade de conceitos, pela desigualdade entre ter acesso e ter participação e pela tensão entre o pensamento universal e o de sua territorialidade.

 

A psicanálise viajante

A psicanálise é ela mesma uma viajante, que foi ganhando corpo ao longo dos anos com as ideias e os sentimentos encarnados naqueles que sofreram com exílios e situações conflitivas internas e externas, fazendo com que sua bagagem se tornasse ainda maior. Rastreio, neste momento, o exemplo de algumas figuras notórias de sua história que podem ilustrar essas questões.

Freud, um homem cujo legado parece não ter esgotado sua capacidade de surpreender e instigar, traz histórias de deslocamentos familiares em si. Ainda que não se reconhecesse como uma pessoa religiosa, era portador da tradição cultural judaica, recheada de perseguições que resultaram em movimentos migratórios no transcorrer dos séculos. Viena foi a cidade escolhida por sua família de origem, imigrantes vindos da Morávia (atual República Tcheca). Embora criando situações para integrar-se aos costumes alemães, Freud sentia-se acometido pelas formas de racismo antissemita.

Numa entrevista a George Viereck, em 1926, Freud disse: “Minha língua é o alemão. Minha cultura, minhas realizações são alemãs. Eu me considerava intelectualmente alemão, até que notei o crescimento do preconceito antissemita na Alemanha e na Áustria germânica. Desde então prefiro me dizer um judeu” (citado por Gay, 1988/1989, p. 409). Um ano antes, ao tratar da oposição vivida quando de sua inserção na universidade, afirmou:

Lá encontrei essa estranha exigência: eu devia me sentir inferior, e excluído da nacionalidade dos outros, porque era judeu [...]. Nunca pude entender por que deveria ter vergonha de minha origem, ou como se começava a dizer: de minha raça [...]. Uma consequência dessas primeiras impressões da universidade que mais tarde teve sua importância foi o fato de familiarizar-me logo cedo com o destino de estar na oposição e sofrer a oposição de uma “maioria compacta”. (Freud, 1925/1980c, p. 19)

Retratando o exílio imposto quando do anúncio de suas descobertas de que as forças pulsionais se afirmam em detrimento do império maciço da vontade e da razão, causando reações pelo mundo, violentas a ele, Freud comenta:

alcançara minha primeira compreensão interna (insight) das profundezas da vida dos instintos humanos; eu vira certas coisas que eram tranquilizadoras e mesmo, de início, assustadoras. Por outro lado, a comunicação das minhas descobertas desagradáveis teve como resultado a ruptura da maior parte dos meus contatos humanos; senti-me como se fosse desprezado e universalmente evitado. Em minha solidão fui presa do anseio de encontrar um círculo de homens de escol de caráter elevado, que me recebesse com espírito amistoso, apesar da minha temeridade. Vossa sociedade foi-me indicada como o lugar onde tais homens seriam encontrados. Foi assim que me tornei um dos vossos [...]. Não houve absolutamente qualquer dúvida em convencer-vos das minhas teorias; mas numa época em que ninguém na Europa me dava ouvidos e eu ainda não tinha nenhum discípulo nem mesmo em Viena, vós me concedestes vossa amável atenção. Vós fostes meu primeiro auditório. (Freud, 1941[1926]/1980b, p. 315)

Creio também que a experiência quase contínua de ter sofrido a hecatombe e os entraves de duas grandes guerras mundiais, tendo que se exilar na Inglaterra no final da vida, ainda que lhe trouxesse enormes receios sobre o destino da humanidade, fez com que Freud fosse continuamente confrontado com o resgate da esperança, nutrida por sua capacidade de sonhar. A prova disso são suas ricas produções teórico-clínicas, atravessadas por ideias que contribuiriam para reflexões acerca de acontecimentos sociais, econômicos e políticos de seu tempo, tornando-se atemporais no auxílio à estruturação e sustentação da vida psíquica humana.

Em dois de seus ensaios (1921/1980d, 1930/2010), Freud apresentou a hipocrisia da sociedade moderna, a coerção social ativa e o caráter primário das tendências agressivas. Ainda com o sismo das guerras reverberando, a erupção mantida em seu interesse por esses estudos, ligados à agressão, fez com que ele afirmasse em certo momento que

a questão decisiva para a espécie humana é saber se, e em que medida, a sua evolução cultural poderá controlar as perturbações trazidas à vida em comum pelos instintos humanos de agressão e autodestruição [...]. Cabe agora esperar que a outra das duas “potências celestiais”, o eterno Eros, empreenda um esforço para afirmar-se na luta contra o adversário igualmente imortal. Mas quem pode prever o sucesso e o desenlace? (Freud, 1930/2010, p. 122)

Sua preocupação com a civilização humana permaneceu até o final de seus dias, como confirma esta colocação de quando ele completava 70 anos:

O que me ligava ao povo judeu não era (envergonho-me de admitir) nem a fé nem o orgulho nacional, pois sempre fui um descrente e fui educado sem religião, embora não sem o respeito do que se denomina de padrões “éticos” da civilização humana. (Freud, 1941[1926]/1980b, p. 315)

O investimento na subjetividade trazido à tona por ele em seu “conhece-te a ti mesmo”, fortemente preconizado por esse êmulo de Sócrates, faz inclusive com que se experimente desvendar como atuam nossas pulsões de morte, as patologias do narcisismo, do sadismo/masoquismo... Um apelo em nossos dias, como a um bote salva-vidas, perante a eventualidade de um naufrágio. Podemos integrar um Oráculo de Delfos pós-moderno que postule um “constrói-te a ti mesmo”, com liberdade e responsabilidade no apossar-se mais e mais de si mesmo, edificando ações nas quais se reconheça.

Falemos agora de outro imigrante, Édipo - ilustre personagem de Édipo Rei, de Sófocles -, que, nascido em Tebas, para escapar de seu trágico destino, foi deslocado, ainda bebê, à terra estrangeira de Corinto. Esse seu início de vida e todas as motivações mescladas em suas demais conflitivas marchas serviram para Freud, como observou Bion (1963/2004, p. 79), de instrumento para descobrir a psicanálise. Cada encruzilhada convida a decidir por onde continuar, na presença invisível dos deuses internos da vingança, da punição, da desmedida, trazendo as consequências pela escolha feita. Com que condição interna o homem aceita sofrer as sequências de seus atos no desconhecimento pleno de sua natureza e dimensão? Freud opta por fazer-se acompanhar de Édipo e anunciar ao mundo as contribuições desse encontro, refletidas nos seus estudos sobre a sexualidade infantil, o inconsciente reprimido, os conflitos que causam as neuroses e outras doenças psíquicas, abrindo-nos, para melhor questionamento, pétalas da cultura, como a religião, a arte e as organizações sociais.

Bion (1957/1988), revendo o mito de Édipo, posiciona de maneira periférica o crime sexual, apresentando como crime nuclear a capacidade para pensar. “O pensar passa a existir para dar conta dos pensamentos” (p. 128). Sabemos bem o quanto “um pensamento sem pensador” traz riscos à civilização, dependendo a capacidade de pensar de uma boa dose de frustração e das condições internas para suportá-la. Nascer, crescer, desenvolver-se, enfim, viver, são experiências extremamente dolorosas, presentes na essência dos percursos.

Por entre tantos deslocamentos, Bion pôde captar o inefável da experiência, que representou por O, em si desconhecido, o vir a ser constante, que também modulou as paisagens e passagens de suas impressões, as manifestações de sua escrita e de seu viver clínico, as quais envolvem, fundamentalmente,

a forma como viemos a saber (real-izar) o que sabemos, como “aprendemos (e evoluímos - ou seja, transcendemos) com a experiência nos tornando (sentindo) nossas emoções” - e, como resultado, como somos capazes de pensar cognitiva e reflexivamente. As emoções formam o padrão para o pensar. O sonhar - e o vasto séquito de suas funções subordinadas: contenção, função alfa, transformação, a Grade e a barreira de contato [...] funções intimamente ligadas e/ou sobrepostas - é o gêmeo e companheiro obrigatório que torna o pensar possível. [...] a metateoria de Bion propõe a significância consumada de O como a força agrupadora que confronta o indivíduo interna e externamente - ou seja, o sujeito humano está existencialmente aprisionado entre os dois braços de O. Sonhar, pensar e tornar-se permitem uma saída. (Grotstein, 2007/2010, p. 324)

A adoção da complexidade de uma direção não hermenêutica, não determinada, não linear, espectral, gerando a ampliação do uso da capacidade negativa, a suspensão da memória, do desejo e da necessidade de compreensão, favoreceu o abrir-se à escuta e à linguagem própria de cada um, fazendo com que o “saber que não sabe” do analista propiciasse um maior encontro com a realidade dos fenômenos a serem interpretados presentes na parceria analítica, ou seja, os objetos psicanalíticos (Chuster et al., 2011).

O exílio, exímio desenhista nas vivências de Bion, possivelmente concedeu-lhe importar uma disposição mental que foi estruturando esses estudos de indivíduos, bem como de grupos. Uma cartografia de experiências e representações culturais provadas na dinâmica orgânica entre Índia, Inglaterra, Estados Unidos e o retorno à Inglaterra, que lhe abrigou a morte.

Essa encruzilhada, fazendo convergir as culturas ocidentais e orientais, parece ter sido uma boa colaboradora para guiar Bion a nos trazer contribuições para as possibilidades de mudança de paradigmas, não apenas no objeto psicanalítico, mas na própria psicanálise!

Em sua notável autobiografia O longo fim de semana (1982), compreendendo os anos de 1897 a 1919, Bion nos mostra as cicatrizes obtidas em sua passagem pela guerra, revelando como novo tecido seu caminho de autodescoberta social no qual trabalhou nos trinta anos seguintes. Reconheceu a fina linha divisória entre o sentimento inteligente (inteligência sentida) e a estupidez cega, havendo, nessa última, um desperdício da razão humana.

Apesar de Bion ter sido bastante respeitado pelos colegas e ocupado importantes cargos na Sociedade Britânica de Psicanálise, Zimerman (2004) nos conta que ele viveu a indiferença de muitos ao seu pensamento psicanalítico, radicando-se, então, em Los Angeles. Suas ideias, nos Estados Unidos, também ficariam, durante certo tempo, restritas a um grupo de pessoas interessadas em suas obras e na experiência que teve com Klein, tendo permanecido praticamente ignorado pela grande maioria dos psicanalistas. Esses conflitos parecem ter sido transformados em “textos sobre o místico e o establishment” (Zimerman, 2004, p. 27) - establishment de determinadas culturas e épocas que se sentiam ameaçadas por suas ideias revolucionárias, presentes em sua personalidade extraordinária.

Zimerman (2004, p. 28) nos apresenta um relato de Virgínia Bicudo publicado na revista Alter (1980). Ela testemunhou Bion

sendo agredido em reuniões da Sociedade Britânica de Psicanálise. Após a apresentação de um de seus trabalhos, seguiu-se uma discussão em termos fortemente agressivos, na qual ele era qualificado de esquizofrênico. A reação de Bion foi a de permanecer calado e somente retomar a palavra quando um questionamento sobre suas ideias era colocado.

Registra-se que o primeiro artigo de Bion, publicado em 1940, recebeu o nome de “A guerra dos nervos”, enquanto seu último ainda em vida, “Como tornar proveitoso um mau negócio”, encerra-se com a frase: “essa guerra ainda não terminou” (1979, p. 478) - muito do mundo primitivo, inacessível e violento dos homens ainda por poder tornar-se, quem sabe, acessível ao pensar. Temos bastante a aprender com a sabedoria preconizada por Bion, nascida da experiência e da tolerância, algo de mais valia para nossa própria e maior humanidade.

Peter Gay (1988/1989) nos recorda que muitos foram os psicanalistas que conseguiram viver entre línguas, culturas, países, continentes, assimilando alimentos à mente não na presença de suas raízes, mas no viver a falta delas. Entre eles, alguns outros alemães e austríacos de origem judia, como Max Eitingon, Otto Fenichel, Erich Fromm e Ernst Simmel, que mobilizaram significativos repertórios dessa experiência em seus sistemas conceituais.

 

Para onde vamos?

Somos todos seres sujeitos à consumação do mais trágico. Restam-nos tantas vezes tropeços por pedregosos caminhos rumo ao viver a responsabilidade da liberdade; ou encarar afogamentos, em gotas fatídicas para as aspirações que não se adéquam ao que somos ou intentamos ser, no mar de travessias que nos propomos navegar - fugindo muitas vezes do que não entendemos, não aceitamos, não incorporamos, ou submergindo para não dizer, fazer, criar o que nos foi mapeado em sonhos.

O que nos coloca “a caminho”? O que nos move?

Dormimos à deriva de correntes inconscientes que nos levam em botes tecidos em tramas de nossa história, em que reservamos fios soltos e de suscetível acabamento social, feitos de contradições e paradoxos. Em Além do princípio do prazer, Freud (1920/1980a), buscando uma proposta especulativa, pela curiosidade de saber para onde é conduzida a substância vivente, introduz a teoria da pulsão de morte. Para chegar a esse passo, o autor já contava com uma longa trajetória de pensamento, fazendo a diferenciação entre o instintivo e o pulsional em trabalhos anteriores; em escritos posteriores, continuou a trazer questionamentos sobre a tendência à agressão, uma disposição de instinto original e autônoma do ser humano, que ele qualificava como sendo o maior obstáculo à civilização (Freud, 1930/2010). Essa é uma ideia à qual ele próprio admite não ter sido tão receptivo a princípio, tendo encontrado resistência também no círculo psicanalítico.

A vida enquanto conflito anuncia-se, ao passo que a morte é quase invisível, taciturna. A história de nossa humanidade vem nos mostrando que estamos sempre em busca de como cuidar das pulsões de morte, que se mostram apenas quando amalgamadas à pulsão de vida.

Neste momento, não busco contemplar em profundidade a complexidade desses conceitos e processos, mas sim ater-me às implicações das forças antagônicas e complementares, pulsão de vida (Eros) e de morte (Tânatos), das quais o ser humano é resultante, para ilustrar as ambivalências existentes no sentir, pensar e agir - forças que podem levar a diferentes instâncias, à não agregação do indivíduo em si e com os demais.

Sabemos que a pulsão de morte está sempre alerta para manter ou restaurar o estado de paz no organismo, tentando eliminar qualquer perturbação que apareça nele. Como um “estado totalitário” que se esforça por manter o controle, a regulação e a restrição, a pulsão de morte é, ela mesma, pura dispersão ou uma potência que fica dispersa, enquanto a pulsão de vida promove a ligação entre o indivíduo, os elementos necessários à sua preservação e outros elementos de suas vivências.

O organismo também pode ser conduzido à morte pela pulsão de vida, mas à própria morte, no sentido de preservar a vida para que ela morra a seu próprio modo (Freud, 1920/1980a). E a pulsão de morte pode ser criatividade se estiver a favor da pulsão de vida, já que, a partir do que foi desconstruído, desarranjado, pode-se elaborar o novo, o diferente, fazendo-nos crescer em nossas aquisições de aprendizagem, gerando espaço para novas formações. Também nossa agressividade pode ser empregada em defesa de nossa existência, protegendo-nos de um ato hostil, ameaçador - a palavra agregar advém do mesmo prefixo. Aproximações em ambos os casos, que podem ser modeladas pelas condições internas do indivíduo de tolerar frustrações, privações, observar-se e elaborar benefícios adaptativos.

Funções de contração e deslocamento compreendem o equipamento primário de preservação intrínseco ao organismo, sendo a relação primária com o objeto, como nos diz Freud (1915/1972b), a retração, a destruição, a fuga, a indiferença, a aversão e o ódio. Segundo Rechardt (1986/1988, p. 48), “isto se aplica tanto aos fatores estimulantes que perturbam a libido do mundo externo quanto à fonte libidinal no self”.

Discorrendo sobre o mal-estar intrínseco à cultura, Freud (1930/2010) descreveu o ser humano como sendo não uma criatura assim tão doce, ávida de amor, defendendo-se apenas quando atacada; ressalta a presença de muita agressividade em seus dotes instintuais, não somente transformando o próximo em um colaborador e objeto sexual, mas utilizando-o para satisfazer sua tendência à agressão, para roubar-lhe o patrimônio, humilhá-lo, torturá-lo, provocar-lhe dor e matá-lo.

Tolerar o mal, para Freud, não pode ser, de maneira alguma, uma consequência do conhecimento. Ele acreditava que a psicanálise ensinava, além do que temos que suportar, sobretudo o que temos que evitar, como mencionou na entrevista concedida a Viereck (Altman, 1995).

 

Um passo adiante... com o qual tudo recomeça

Percebemos que os vínculos em nossa sociedade são muitas vezes cortados na tentativa de evitar e colocar à distância as tensões internas, a insuportável sensação de não saber como lidar com emoções mobilizadas pelo outro ou com o vazio e a morte interior. Segundo Brainsky e Padilla (2013), muitos partem em fantasias de “deixar-se ir” para cenários idílicos esboçados. Cria-se a imagem de uma existência exilada, sem conflitos, em que os afetos são congelados, produzindo uma espécie de hibernação psíquica, uma vida desértica sem o potencial de relações, da qual se desprende a vivência da morte em vida.

Brainsky e Padilla (2013, p. 93) trazem as palavras da poetisa Alejandra Pizarnik para ilustrar o diálogo que o processo analítico pode propiciar com uma parte de si antes inacessível, incompreensível, obscura, não sonhada: “Yo me levanté de mi cadáver, yo fui en busca de quien soy. Peregrina de mí, he ido hacia la que duerme en un país al viento.”

Psicanalistas podem parecer estar caminhando no processo em que se engajam, estando, na verdade, em rigidez cadavérica, agarrados a uma técnica congelada, a formulações de significado estático, como se esse controle fosse apropriado à situação analítica. Podem gerar, assim, a estratificação de constructos e estruturas rígidas de interpretação, fugindo das turbulências do aqui e agora (Bion), de “sentir um aumento da realidade dos fenômenos a serem interpretados” (Chuster et al., 2011, p. 27).

Evadindo-se de soluções canônicas retiradas de teorias postas como dogmáticas, em busca de diálogo com diversas orientações de debate sobre aspectos da clínica contemporânea e sobre o que há de mais vivo (e morto) em nosso cotidiano, o psicanalista expande o psicanalítico imbricado com o social, trazendo diferentes linguagens e novos sentidos ao trabalho metapsicológico.

Novas e possíveis direções da psicanálise já eram apontadas por Freud na conferência intitulada “Linhas de progresso na terapia analítica”, proferida em 1918 durante o V Congresso Internacional de Psicanálise, em Budapeste, antes do término da Primeira Guerra Mundial, tendo como entorno um continente europeu bastante devastado. Naquele evento, ele avaliaria as chances de seu método de tratamento alcançar amplitude continental, como utilidade pública e social, levando benefícios aos cuidados de uma “enorme quantidade de miséria neurótica que existe no mundo” (Freud, 1918/1976, p. 209).

Referir-se à utilidade pública e social implica pensarmos em justiça. Rustin, em sua obra A boa sociedade e o mundo interno (1991/2000), sugere que podemos definir o que se entende por justiça como sendo, sobretudo, a oferta de oportunidades de desenvolvimento emocional e psíquico, e que buscar as condições para que exista justiça social significa trabalhar com a sociedade em tudo quanto fracassou, até então, para atendê-la, levando a ela possibilidades de compreensão e cuidado.

A transferência, ainda segundo Rustin, do trabalho do consultório para outras esferas sociais exige que a qualidade do ambiente seja favorecida por alguém que se faça capaz de pensar e de ajudar outros a pensar, com observação ao discernimento, autonomia, alteridade. Um pensar em que há um saber referente a um não saber constante, marco mesmo do saber. O analista, ao destituir-se do posto de quem sabe a priori sobre o outro em seus sofrimentos e sintomas, pode abrir vias para uma relação de busca constante, dando aporte, em trabalhos com o social, ao questionamento da dimensão existente na particularidade que há em cada um.

Falar em igualdade social seria “o equivalente a uma oportunidade igual de ser diferente, de encontrar uma maneira própria, pessoal e original de ser um indivíduo [...] criativo” (Rustin, 1991/2000, p. 61). Lembrando que, “para todos os avanços sociais ocorrerem, foram necessários processos complexos de aprendizado compartilhado” (p. 62), reflexões intermitentes sobre aspectos importantes de padrões sociais e suas relações.

Atrevo-me, pois, a considerar a psicanálise uma pacifista a advogar pela paz. Ela própria uma recorrente a dialogar com partes oponentes e com o campo em que a tirania das certezas e do senso comum pode ser mais bem combatida. Cabe-lhe sempre a valentia de não abrandar a dor do pensar, lançando iniciativas para que toda a sociedade viva inquietações, fazendo-se um continente propício ao crescimento mental.

Aliada à construção e sustentação de um espaço vital e criativo de produção e existência, a psicanálise derrubou muros separatistas entre o “saudável” e o “doente”, descortinando a férrea verdade de que o ser humano possui aspectos saudáveis e doentios em sua personalidade, que podem se manifestar em diferentes proporções, em conformidade com situações específicas.

Venho acompanhando trabalhos de Comissões de Cultura e Comunidade em Sociedades pertencentes à IPA - de forma mais participativa naquela à qual pertenço -, nascidas em trajetórias dignas do propósito de tornar o método psicanalítico, com cuidado à sua integridade, mais compreensível, atraente e colaborador para a promoção de saúde mental em uma comunidade mais ampla. Tenho testemunhado o quanto esses berçários de semeadura da psicanálise germinam a excelência própria do deslumbre da beleza envolvida nesse exercício de aprendizagem de cidadania. Permitem evidenciar a pluralidade de condições de aprimoramento da experiência do encontro e do viver conjunto, em lições estéticas contemplativas e interativas compartilhadas, que traduzem, em suas realizações, a pulsação do infinito de possibilidades.

Assumir funções que encerrem a esterilidade do descomprometimento com tudo aquilo que possa gerar vida, no caminho empreendido também pelo social, propicia uma volta a nós mesmos - e à nossa casa-instituição-Sociedade-de-pertencimento -, com maior ampliação de recursos para podermos suportar e sustentar a gestação do que se propõe vivente.

 

Considerações finais

Como vemos, para além da geopolítica, a razão sensível da psicanálise torna-se um vasto abrigo para as diferentes questões subjetivas geradas por cenários em que imperam a ameaça de catástrofe contínua e a erupção do trauma e de outros sintomas sociais confinados no campo da alienação mental.

O analista, em seu fazer existir a responsabilidade social, pode levar esporos de possibilidades de entendimento e apresentar terras nutridas com cuidado ao equilíbrio dos distintos eixos de organização das capacidades integradoras e transformadoras, complementares e paradoxais, presentes nos sujeitos.

O nós existente internamente constitui-se muitas vezes em nós, amarraduras que não se desatam em singularidade, expansão, liberdade, transformação e criatividade. Os laços com o outro, com o outro de nós mesmos, com o transgeracional, com o comunitário, sendo sempre sintomáticos, podem também viver bons enlaces, em que a situação conflitiva, o acontecer disperso de danos e enganos, pode ser rastreada, agregada e cuidada pelo viver dinâmico e participativo da psicanálise em sua relação com a verdade e com as condições de pensar de cada ser humano.

Psicanalistas favorecendo não o exílio, mas o exalar da existência. “Pois nosso sentimento é dispersão; ai de nós! Exalamos nossa existência” (Rilke, 2002, p. 135).

 

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Correspondência:
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Recebido em 27.10.2016
Aceito em 10.11.2016

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