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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.51 no.3 São Paulo jul/set. 2017

 

TÉDIO

 

O tédio na sociedade do trabalho total e diversão total: a tentativa de escapar do tédio como uma expressão típica desse mesmo fenômeno1

 

Boredom in the society of all work and all play: the attempt to avoid boredom as a typical display of the same phenomenon

 

El tedio en la sociedad del trabajo total y diversión total: el intento de escapar al tedio como una expresión típica de este mismo fenómeno

 

L'ennui dans la société du travail total et du divertissement total: la tentative d'échapper à l'ennui comme expression typique de ce même phénomène

 

 

Paulo Emilio Pessoa Lustosa CabralI; Ana Maria LoffredoII

IPsicólogo formado no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP) e mestre em ciências pelo programa Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano do IP-USP com orientação da profa. livre-docente Ana Maria Loffredo. Filiação institucional atual: consultório particular
IIMembro filiado ao Instituto de Psicanálise Durval Marcondes da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP) e professora livre-docente do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP)

Correspondência

 

 


RESUMO

O tédio será observado em sua alternância entre o desinteresse e a agitação. A hipótese é que ambos seriam complementares, em uma alternância cíclica e periódica, e que a fuga pelo trabalho ou pela diversão ainda configuraria uma expressão de tédio. Escapar do tédio ou a sensação de ser arrastado por ele podem também ser experimentados de maneiras diferentes, muito embora sejam a consequência de uma mesma dinâmica pulsional. Na sociedade atual, observa-se com certo espanto uma mesma resultante, conhecida há tempos pelos padres cristãos do medievo: a acídia é experimentada como a impossibilidade de fixar-se em coisa alguma, associada com a subsequente inércia e perda do interesse. As ações repetitivas, laborais, inúteis e distraídas configuram a perda da capacidade onírica e da criatividade. O tempo livre destituído da possibilidade do ócio ou ociosidade mimetiza o tempo do trabalho e a fuga para o campo das atividades logo cede lugar ao tédio.

Palavras-chave: tédio, acídia, tempo livre


ABSTRACT

The interchange between lack of interest and fidgetiness observed in boredom will be in the scope of this text. The hypothesis is that this cycle manifest itself in a continuous and periodic way through solutions such as work and the search for distraction. The attempt to escape from the sensation of boredom and the feeling that oneself is taken by it are both outcomes of the same instinctual dynamic. The medieval phenomenon of acedia presents itself as a modern day problem when one observes the agitation, inertia, and lack of interest displayed in the impossibility to stop. The repetitive actions either as a trace of industrial labor or of useless distractions point out the impairment of dream and creativity. Leisure and relaxation are themselves impossible since the quality time imitates working time. This statement means that when one avoids boredom often demises into boredom itself.

Keywords: boredom, acedia, leisure time


RESUMEN

El tedio será observado en su alternancia entre el desinterés y la agitación. La hipótesis es que ambos serian complementarios, alternándose cíclica y periódicamente, y que la fuga por el trabajo o por la diversión todavía configuraría la expresión del tedio. Escapar del tedio o la sensación de ser arrastrado por él pueden también ser experimentados de maneras distintas, aunque sean la consecuencia de una misma dinámica pulsional. En la sociedad actual se observa con cierto espanto una resultante conocida hace tiempo por los curas cristianos del medievo: la acidia es experimentada como una imposibilidad de fijarse en cosa alguna asociada con la subsecuente inercia y perdida del interés. Las acciones repetitivas, laborales, inútiles y divertidas configuran la perdida de la capacidad onírica y la creativa. El tiempo libre destituido de la posibilidad del ocio y de la ociosidad mimetiza el tiempo del trabajo y la fuga para el campo de las actividades pronto cede lugar al tedio.

Palabras clave: tedio, acidia, tiempo libre


RÉSUMÉ

L'ennui sera observé dans son alternance entre le désintérêt et l'agitation. L'hypothèse est que les deux seraient complémentaires, en alternance cyclique et périodique, et que la fuite par le travail ou par le divertissement configureraient encore l'expression de l'ennui. On peut éprouver de différentes façons le sentiment d'échapper à l'ennui ou à la sensation d'être entraîné par lui, bien que ceux-ci soient la conséquence d'une même dynamique pulsionnel. Dans la société actuelle, on observe avec étonnement une résultante connue depuis longtemps par les prêtres chrétiens du Moyen Âge: l'acédie est expérimentée comme une impossibilité de se fixer sur quelque chose, et associée à l'inertie subséquente et à la perte d'intérêt. Les actions répétitives, laborieuses, inutiles et amusantes configurent la perte de la capacité onirique et de la créativité. Le temps libre, privé de la possibilité de l'oisiveté, rend semblable le temps du travail, et la fuite vers le domaine des activités cède bientôt sa place à l›ennui.

Mots-clés: ennui, acédie, temps libre


 

 

Introdução

Uma consideração preliminar a respeito do tédio é que ele parece abarcar um espectro de expressões diferentes, que variam de uma expressão leve a uma patológica (Fenichel, 1951; Phillips, 1993), e pode ser observado, em um momento ou em outro, em praticamente todas as pessoas do assim considerado mundo ocidental (Svendsen, 2006). Esse grande leque de fenômenos que podem convergir no tédio é também acompanhado pelo fato de que ele pode ser nomeado de várias maneiras diferentes. Esta peculiaridade não impede que sejam discernidas as suas características próprias e que se constate que algumas delas se sobrepõem a algumas características presentes em outros fenômenos vizinhos.

Apesar de ser um termo surgido na Inglaterra (boredom) e na Alemanha (Langeweile), no século XVIII (Svendsen, 2006), é possível afirmar que o tédio estabelece uma semelhança com fenômenos muito mais antigos, como a melancolia, a preguiça, a acídia medieval, o “mal do século”, e a ociosidade, para citar alguns. É também notável que o tédio encontra articulação com expressões mais recentes do cenário patológico, como a depressão, a neurastenia, as paradepressões e a síndrome da fadiga crônica.

A articulação com a depressão é estabelecida por vários autores, seja no sentido de traçar paralelos, seja para diferenciá-los em sua raiz (Bidaud, 2001; Buchianeri, 2012; Kehl, 2009). O mesmo acontece com a melancolia (Agamben, 2007; Rovaletti & Pallares, 2014), a ociosidade (Adorno, 1995; Matos, 2012), a acídia (Agamben, 2007; Bidaud, 2001; Lauand, 2000; Matos, 2012), a preguiça (Agamben, 2007; Cabral, 2015; Matos, 2012), a neurastenia (Bidaud, 2001; Cancina, 2004) e as paradepressões (Rovaletti & Pallares, 2014). Também é igualmente frequente a aproximação desses últimos termos entre si. A impressão é que tais assuntos compartilham uma espécie de vizinhança temática, seja ela conceitual, seja ela apenas resultado de uma liberdade poética. Em outras palavras, para referir-se a um desses fenômenos são usados diversos desses termos acima citados. Tal como ocorre com o estudo da preguiça (Cabral, 2015), nota-se que o tédio é um fenômeno difícil de ser abordado de maneira isolada e que tampouco pode dispensar uma visão multidisciplinar (Svendsen, 2006).

O tédio não configura um simples desinteresse. As sensações de inquietação expressas em uma compulsão a agir, em um agir errante e insatisfeito, ou numa automação motora repetitiva são igualmente frequentes. Para alguns autores, esse fato indica que ele contém algo semelhante ao ciclo mania-melancolia, alternância verificada constantemente nessa vizinhança temática. Os movimentos repetitivos, como, por exemplo, andar de um lado para o outro, coçar-se, girar os polegares como um molinete, bater o pé, ou o pedido constante para que o outro resolva a situação, são comportamentos que Ferenczi (1990/1932), em seu Diário clínico, pontua como uma tentativa de “fuga diante do tédio” (p. 52). Tal desarranjo dos movimentos pode ser visto como um desvio da atividade motora, como a “contrapartida de um ataque de epilepsia” (p. 52), aproximação essa com a epilepsia que é também buscada por Fenichel (1951), no texto On the psychology of boredom, para se referir ao tédio no sentido da convulsão tônica-clônica.

Assim, é importante notar que o tédio não tem como marca apenas a apraxia, e esta pode até mesmo estar ausente. A inquietude e a agitação, manifestas em ações repetitivas, parecem ser diferentes de um tédio marcado pela imobilidade e o desinteresse, mas, de acordo com Fenichel (1951), haveria uma correlação íntima entre uma e outra: “Estados de tédio desse tipo são a mesma coisa, em ligação tônica, assim como a inquietude motora é uma condição clónica”2 (p. 294), noção também articulada por Ferenczi (1990/1932). Essa alternância pode ser verificada em um mesmo indivíduo, ou pode ser que diferentes pessoas demonstrem predominância de uma expressão ou outra de tédio.

Uma vez que ele pode ser também bastante ativo e ocupado, é possível que uma série de ações entediadas coincida de igual modo com o universo do trabalho, principalmente, quando observado o caráter repetitivo, excessivo e sem sentido atrelado a diversas tarefas laborais. De forma análoga, a procrastinação indefinida do dever e a busca pela diversão no tempo supostamente livre serão investigadas pela mesma ótica. Parte-se da suposição de que haveria uma semelhança entre as exigências presentes no tempo livre e no tempo de trabalho, o que torna a distração incessantemente buscada no tempo livre, e repetida até a fadiga, tão inebriante como o seu aparente oposto.

Neste artigo será estudada a alternância cíclica do tédio com um enfoque na agitação característica, buscando subsídios tanto na psicanálise, como no fenômeno da acídia medieval. Esse objetivo será realizado sobre um pano de fundo que é o diagnóstico de época focado nas mudanças da organização do trabalho observadas no capitalismo tardio.

 

Acídia e a flexibilização do trabalho

Uma investigação com intuito de formalizar os conceitos em chaves fechadas pode perder de vista que o arranjo dessa vizinhança temática esconde critérios de valor e preconceitos bastante arraigados no nosso imaginário. Para ilustrar isso de maneira concisa basta observar o Código de Contravenções Penais, estabelecido pelo Decreto-Lei 3688 de 3 de outubro de 1941. No artigo 59 consta a seguinte afirmação: é considerado contravenção “Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à própria subsistência mediante ocupação ilícita”, sujeita à pena de prisão simples de até no máximo três meses, inafiançável, que pode ser extinta caso uma renda superveniente seja adquirida.3

É de nosso conhecimento o ditado que diz que “mente vazia é a oficina do diabo”, mas parece que o cárcere fica restrito aos setores da sociedade que já estão à margem do ordenamento social e econômico. O tédio, na medida em que também pode ser associado a uma preguiça sem prazer, ou à ociosidade inquieta e insatisfeita, é frequentemente elencado pelos circuitos conservadores como um inimigo muito mais terrível, apenas na medida em que é verificado entre os desprovidos de renda. Ora, não é igualmente comum a noção de que o tédio convida os jovens para o crime?

Em busca de uma abordagem do tédio que não seja carregada de preconceitos, deve-se acrescentar que ele pode distinguir-se do “fazer nada” e da “preguiça relaxada”, porque nele se observa uma falta de acomodação e de senso de realização, mais do que uma falta de produtividade legalizada. Como destacado anteriormente, o tédio pode ser, até mesmo, o pano de fundo de onde certas ações, produtivas ou não, são tomadas: “Por trás do trabalho aparentemente preciso de uma certa senhora, havia constantemente melodias de que ela só raramente estava consciente” (Ferenczi, 1990/1932, p. 54).

Apesar de existir um caldo cultural que privilegia certas expressões de ociosidade, a depender da classe social na qual ela se manifesta, o tédio pode ser entendido como um caso especial de ociosidade e de ócio, não se igualando a nenhum deles, a não ser de maneira negativa. Por ser o negativo do ócio, ele pode ser mais parecido com a ociosidade, na medida mesma em que esta seria uma espécie de contraface negativa do otium cum dignitate. A diferença entre ócio e ociosidade é, por si só, marcada por confusões e misturas sobredeterminadas (Benjamin, 2009), mas, em linhas gerais, eles seriam opostos do trabalho e do negócio, mais próprios do lazer e da política (Lafargue, 2003/1880). Pelo caminho trabalhoso do ócio, o homem “se liberta do mundo da necessidade para dedicar-se à busca do conhecimento e ao cultivo das artes”, sendo a ociosidade um “mero reverso das estruturas da vida ativa” (Rouanet, 2012, p. 161). O tédio é carregado de uma sensação mais perceptível e incômoda de mal-estar, como se existisse não apenas uma hesitação da ação, ou uma falta de objetividade, mas uma inquietude mais ou menos percebida, que acaba refletida na perda do controle consciente sobre o corpo e, só eventualmente, do interesse. A sensação no tédio é de langor, mas também de tensão: um desespero latente com o tempo demorado, presentificado e imóvel.

Para Matos (2012), em artigo para o livro Mutações, elogio à preguiça, o tédio estaria mais próximo de uma “preguiça do coração”: a “ausência de repouso interior e, assim, uma incapacidade para o ócio, a que se associa o desespero” (p. 61), e que nos tempos do medievo merecia o nome de acídia, o mais terrível dos sete pecados capitais nomeados pela Igreja Católica.

Mais do que uma preguiça (que é sua herdeira na doutrina dos sete pecados capitais), mais do que um simples cansaço, descuido, ou descaso, mais do que uma aversão ao trabalho, a acídia é a “antítese da 'vida boa', é incapacidade à preguiça” (Matos, 2012, p. 62). Ela seria o tédio e o desânimo que dominam aquele que é tomado pela tristeza vertiginosa na relação com o divino. Diferente do sono depois do almoço e mais próxima ao desespero com a jornada infinita do sol imobilizado pelo demônio do meio-dia, ela seria a manifestação de uma tristeza específica, a tristeza espiritual, advinda de tentações demoníacas e relativa aos bens do homem. Segundo Aquino (2001), a acídia seria uma fuga no próprio sujeito, quando um bem espiritual impede a acomodação ou o prazer corporal:

Solução (e ad2 e ad3). Como já dissemos, vício capital é aquele do qual naturalmente procedem - a título de finalidade - outros vícios. E como os homens fazem muitas coisas por causa do prazer - para obtê-lo ou movidos pelo impulso do prazer -, assim também fazem muitas coisas por causa da tristeza; para evitá-la ou arrastados pelo peso da tristeza. E esse tipo de tristeza que é a acídia é convenientemente situado como vício capital. (p. 94)

A acídia seria uma espécie de tristeza (species tristitiae), e, ao observar as considerações de São Gregório, isso seria perceptível pela troca constante de um termo por outro. A insatisfação pecaminosa do acidioso voltava-se aos bens interiores, os bens do espírito, e não aos males ou bens exteriores ou do corpo. Ao fugir da tristeza, o indivíduo não consegue dela se separar, pois ele não apenas foge, como também tenta lutar contra aquilo que o entristece. Nesse meio do caminho, nessa estação intermediária, o desespero advindo da errância e do desejo retesado também é testemunha de uma maneira de relacionar-se com o objeto em questão (Agamben, 2007). Foge-se de e foge-se para; simultaneamente arrastado por... e para escapar de.

O indivíduo molestado por essa influência demoníaca torna-se assujeitado também às filhas da acídia, que Aquino denomina como “outros vícios” (p. 94). A filha primogênita do pecado capital da acídia é a divagação mental, evagatio mentis, e ela será importante para estabelecermos, aqui, um paralelo com o tédio.

Autores diferentes destacam essa divagação, ao lado do desespero triste, como uma das consequências e marcas mais brutais da acídia. Segundo Matos (2012), ela é o mal dos pensamentos excessivos e desembaralhados (logismoi). Sob o peso da acídia, a pessoa não encontra repouso, ela sente-se incapaz de permanecer inativa, mas tampouco consegue dedicar-se a qualquer coisa. Demonstra essa vertigem espiritual como um “desassossego interior, na instabilidade, na impossibilidade de assentar-se em um lugar e de decidir-se por algo” (Pieper, 2010, p. 282), em uma curiosidade insaciável. A divagação é importunita mentis, e afeta a atenção que se desmancha em fantasias; é curiositas, quando se manifesta como uma vontade insaciável por conhecimento, um “ver por ver que se perde em possibilidades sempre novas” (Agamben, 2007, p. 25); é verbositas, percebida na fala superficial e nas demandas por satisfação; inquietudo corporis, que indica os membros agitados; e instabilitas, como uma insatisfação permanente pela situação em que se encontra.

Com o decorrer dos séculos, o elaborado quadro da acídia foi reduzido ao simples não cumprimento das normas ditadas pelo espírito fabril e produ-tivista. No entanto, Pieper (2010), no livro Las virtudes fundamentales, destaca que a acídia não é oposta ao trabalho e à diligência exigidas e valorizadas pelo capitalismo; até mesmo a origem do desmesurado e excessivo trabalho industrial residiria nesse pecado capital. Matos (2012) afirma que nessa secularização, justamente, “a acídia é assimilada à tristeza e torna-se sinônimo de indiferença. Mas essa 'preguiça do espírito' é também um torpor que se manifesta nos excessos do Homo faber e sua busca febril de coisas terrenas” (p. 65). Assim, apesar de que, no sentido espiritual e ascético, pode ser igualada com um descuido preguiçoso (akedia), no sentido de uma aversão ao cumprimento das regras religiosas, não se configura como oposição ao mundo do trabalho. Na verdade, a acídia se opõe ao terceiro mandamento, que ordena ao homem o descanso no espírito de Deus: o mandamento de guardar o sábado.

A impossibilidade de fruição e do descanso esconde-se sob o manto da atenção distorcida. O acidioso não procura diversão como uma busca, mas como uma fuga. Também chama a atenção que a evagatio mentis aproximase, ponto a ponto, das mais atuais manifestações do mal-estar moderno. Para Agamben (2007), em seu livro Estâncias, “como acontece com frequência, o mal-entendido e a minimização de um fenômeno, longe de significar que isso nos é remoto e estranho, pelo contrário, são indícios de uma proximidade tão intolerável, a ponto de a devermos camuflar e reprimir” (p. 26). Sua manifestação atualizada expõe uma situação facilmente reconhecível:

Evagatio mentis torna-se a fuga e o divertimento em relação às possibilidades mais autênticas do ser-aí; verbositas é o “bate-papo” que em todo lugar e sem cessar dissimula o que deveria desvelar, mantendo assim o ser-aí no equívoco; curiositas é a “curiosidade”, que “busca o que é novo só para saltar mais uma vez para o que é ainda mais novo” e, sendo incapaz de cuidar de fato do que se lhe apresenta, procura, através dessa “impossibilidade de parar” (a instabilitas dos Padres), a constante disponibilidade da distração. (p. 27)

A bagunça intencional entre preguiça (ou ociosidade) e acidia não consegue esconder o fato de que o tempo livre, além de não ser nada livre, também está em decadência. Segundo Standing (2015), o seu aumento nas estatísticas escamoteia um fenômeno mais atual: ele não só é preenchido pelo espetáculo da indústria do lazer e pelo gozo enlatado, mas deve ser, sobretudo, utilizado para incrementar e otimizar as qualidades valorizadas no trabalho.

Isso não é exatamente uma novidade, já que essa tendência foi percebida desde os meados do século XX (Adorno, 1995). O que desponta como novo é que o ambiente de trabalho das décadas anteriores e suas regras de funcionamento, com horários fixos, hierarquias rígidas e perspectiva de crescimento profissional baseada na rotina, não são mais a tendência atual. A flexibilização desse ambiente e das tarefas exigidas, que configura uma resposta até mesmo às queixas relacionadas ao tédio que permeava tais ambientes, criou uma situação de crescente convocação ao trabalho total e não remunerado. Sob o modelo do toyotismo, os trabalhadores devem cumprir metas, em vez de seguir o horário do expediente, devem ser criativos em vez de obedecer a padrões, e otimizar suas capacidades para as finalidades de seus empregos (o que inclui se divertir e descansar), durante seu suposto tempo livre. Em outras palavras, será impossível contabilizar o trabalho na forma de expediente:

O horizonte perfeito aconteceria, então, quando o próprio trabalho desaparecesse para que os trabalhadores se transformassem em empresas ... empresas que se associam a outras empresas em dinâmicas flexíveis administradas por organizações que, a partir de então, teriam apenas funcionários terceirizados. (Safatle, 2012, p. 400)

A otimização e a criatividade constantes exigidas do “individuo S/A” (Moraes, 2015) andam de mãos dadas com a vulnerabilidade e desemprego crescente. A estrutura de tal divisão é uma fantasmagoria que perpassa a vida tanto do precariado como do assalariado moderno, atingindo também os acionistas da empresa. Se o ditame é a renovação e o recomeço, quem pode se dar ao luxo de ficar parado ou triste? Ainda que tais estados não coincidam, quando a regra é fazer parte do sonho da empresa, isso significa que a vida deve ser inteiramente voltada para o aprimoramento de si. Ao mesmo tempo, e isso é determinante para o quadro se compor de maneira efetiva, enquanto segredo público, há uma cobrança não apenas pela otimização das capacidades e pela hiperprodutividade, mas, também, pelo relaxamento e pela fluidez total das preocupações. Trabalho total e diversão total! Às vezes, até mesmo, trabalho e diversão ao mesmo tempo: “all work, all play”. Desde que seguir as metas não seja esquecido, é claro. Supõe-se que a lentidão e a fadiga, a depressão ou até mesmo a hesitação, arremessem o indivíduo na miséria e na marginalidade. Divertir-se é, assim, uma regra. Marcuse (1981) apontava essa tendência, antecipando a configuração dos fatos atuais:

As queixas sobre o efeito degradante do “trabalho total”, a exortação para que se apreciem as coisas boas e belas deste mundo e do mundo futuro são em si mesmas atitudes repressivas, na medida em que reconciliam o homem com o mundo do trabalho, o qual deixam intacto. (p. 144)

De acordo com Ab'Sáber (2013), no livro A música do tempo infinito, essa tendência legitima a diversão, já que consegue “simultaneamente conviver com a adaptação ao velho mundo do trabalho alienado de sempre” (p. 43). A exaltação do relaxamento, os mandamentos de felicidade e a colonização do Eu-prazer constituem um conjunto de noções que caminham lado a lado com as demandas de produtividade e otimização constantes. Qualquer dificuldade que desponte nesse quadro é codificada, por essa mesma ideologia, enquanto falha pessoal e incapacidade mórbida individualizada, frequentemente associadas com a ideia de uma afecção neurológica. E isso é válido tanto para a dificuldade com o relaxamento, com a diversão, como em relação ao trabalho total. “Ame o seu trabalho”, “just do it”, “coma bem”, “durma bem”, “divirta-se” compõem as duas faces de uma mesma moeda.

 

Fuga do tédio?

Ferenczi (2011/1919) talvez tenha sido o primeiro a notar que a flutuação sintomática de algumas neuroses ligava-se a um certo dia da semana: o domingo. Nesse dia, em que os deveres estariam supostamente abrandados e que o comportamento poderia ficar mais licencioso, alguns indivíduos especialmente sensíveis experimentavam uma série de desprazeres. Queixavam-se, especialmente, de dores de barriga e de cabeça. Durante suas falas, era frequente que atribuíssem a causa do mal-estar físico a uma mudança da rotina durante esse dia. Apesar de não excluir de todo essa hipótese, o psicanalista verificou que os sintomas permaneciam, mesmo que fossem tomadas as medidas profiláticas pertinentes.

De modo que, para ele, as circunstâncias que regiam o período sabático pareciam mais determinantes do que qualquer outra contingência encontrada para racionalizar o sofrimento. Quando podiam estar à rédea solta, aqueles que apresentam uma “disposição neurótica são propensos a uma inversão de afetos, justamente nessas ocasiões, seja porque têm de conter pulsões particularmente perigosas ..., seja porque sua consciência hipersensível não perdoa nenhuma falta” (p. 393). Incapazes de se divertir, alguns pacientes reclamavam não apenas dessas manifestações efêmeras, mas também se queixavam de suas férias, as quais eram marcadas por uma mudança significativa do humor: “Penso num tédio carregado de tensão, que pode obstruir todas as distrações do indivíduo e acarretar igualmente uma incapacidade para o trabalho muito penosa em si. 'Preguiça e má consciência', 'preguiça sem prazer'” (pp. 393-394). E ainda:

Outro falava de uma nostalgia por algo indefinido e recordava-se de que já na sua infância tinha o hábito de atormentar a mãe durante horas com esse pedido de múltiplos sentidos: “Mamãe, me dá alguma coisa!”. Mas tudo o que sua mãe podia dar-lhe deixava-o insatisfeito. (Ferenczi, 2011/1919, p. 394)

Abraham (1923) destaca que os indivíduos que apresentam predominância do caráter anal da libido seriam especialmente vulneráveis a esse tipo de problema, não conseguindo encontrar satisfação em nada que não seja o trabalho. Seriam mais suscetíveis a ataques de irritação, quando seus deveres são interrompidos, em função de sua constante preocupação com a “perda” de tempo, já que consideram como “bem” utilizado apenas o tempo dedicado ao serviço. Mas, escreve esse autor, assim “como toda tendência exageradamente neurótica erra de objeto, esse também é frequentemente o caso aqui. O paciente costuma poupar tempo em coisas insignificantes e perder nas que são realmente importantes” (p. 412).

O conflito do entediado pode ser vivido, então, como a procrastinação indefinida da tarefa e aversão simultânea da ociosidade. A tarefa premente é hierarquizada, cedendo lugar a atividades secundárias que parecem tão urgentes quanto o dever a ser feito. O trabalho passa então a ser regido pela mesma lógica do indivíduo que, durante o tempo livre, não sabe o que fazer e erra de diversão em diversão. No entanto, nota-se uma diferença, quando a fuga do tédio encontra no trabalho um apaziguamento para as tensões que são insuportáveis durante o tempo livre. A estrutura que rege o fenômeno nessas duas dimensões temporais expõe as suas semelhanças, as quais se tornam especialmente claras em algumas pessoas mais sensíveis. Para certos indivíduos, não haveria nada pior do que não trabalhar.

Fenichel (1951) observa que as atitudes excêntricas do dandy ou do gentleman inglês, tomado pelo spleen, ou a impaciência velada do sujeito blasé, todas parecem equivalentes às atitudes do sujeito que escapa do tédio pelo trabalho. De acordo com suas considerações, nos primeiros, as ações parecem ser buscadas ativamente, muito embora persista um tédio de fundo, de maneira que não se entusiasmam por nenhuma das soluções encontradas para se distrair; seriam orgasticamente impotentes, são como que arrastados pelo tédio. De modo que ambas essas formas seriam consequências de um “represamento crônico da libido que toma a forma de tensão enquanto a meta pulsional fica reprimida” (p. 302). Assim, aquele que escapa do tédio pelo trabalho padeceria da mesma dinâmica pulsional, no tocante à sua meta, daquele que anda de um lado para o outro sem entusiasmo, ou inebriado pelas coisas terrenas.

Fenichel e Ferenczi elaboraram uma mesma definição desse estado entediado ou que tenta fugir do tédio: o indivíduo que se entedia está numa situação em que é obrigado a fazer o que não quer, ou não pode fazer o que deseja. A marca patológica adviria do fato de a pessoa não saber “conscientemente o que quer e o que não quer” (Ferenczi, 1990/1932, p. 51). O prazer no tempo livre torna-se inacessível e, paradoxalmente, revela-se uma situação de sofrimento por via sintomática, desde que algo esperado e que não se sabe o que é não acontece. Mesmo porque, afirma Fenichel (1951), é sempre necessário que o ambiente apresente alguma condição para a descarga da tensão pulsional, e, assim, todos teriam o direito de sentir tédio em um ambiente que provê muito pouco.

Seguindo a discussão elaborada por esse autor, a reação da pessoa perante uma situação insatisfatória é um desfecho que depende das fantasias do sujeito e da maneira pela qual estabelece seus vínculos com os outros. Um exemplo disso é o efeito produzido por uma situação considerada monótona: a monotonia dos estímulos externos pode conduzir tanto ao sono como ao êxtase; sua qualidade rítmica constante pode embalar ou excitar. Essa modalidade de estímulo é acompanhada e sentida por um estado particular de tensão, para o qual a pessoa não consegue achar alívio e que mimetizaria, em sua particularidade, a experiência do coito interrompido e da cena primária. A busca pela excitação é, muitas vezes, em vão, porque ela passa a ser experimentada, em si mesma, não como um prazer ou complexificação do desejo, mas como um grande perigo.

De acordo com essas considerações, é como se o indivíduo demandasse que o mundo lhe desse, novamente, o espetáculo excitante, pondo um término à tensão presente em sua expectativa, ao mesmo tempo que o Eu - mais temeroso da imensa quantidade de estímulos que advém da cena primária do que da tensão desagradável da expectativa - “demanda do mundo exterior um desvio de sua própria atenção, que acenda as luzes, reassegure-o e desvie sua mente para longe dos horrores de seus medos noturnos e das excitações da realidade sóbria” (Fenichel, 1951, p. 296). Assim, os objetos e as soluções não são buscados para realizar a descarga pulsional, configurando o tédio um problema referente à meta da pulsão, que parece ter se tornado inacessível. A impossibilidade de hesitar ou de negociar em silêncio com seu desejo (Phillips, 1993) abre campo para uma experiência de estagnação incômoda e rancorosa, que tenta sem sucesso reencontrar com sua verve e seus objetivos.

Bidaud (2001) nota que as demandas endereçadas ao outro (como as do paciente de Ferenczi) reafirmam não apenas a própria falta que a pessoa experimenta em si mesma, como também evidenciam a condição faltante do outro, na medida em que se mostra (sempre) incapaz de encontrar soluções para a situação: “o tédio é a marca em si da falta no outro, no sentido da falta do outro” (p. 95). A incapacidade para a criação ou mesmo para o relaxar far niente faz do tédio uma prótese da atividade onírica: ele se “constituiria pelo 'refluxo' do sonho, pelo lugar deixado vazio pelo sonho” (p. 99). Em outras palavras, revela uma impossibilidade para a realização elaborativa do sonho. Laboriosa ou divertida, a agitação repetitiva e o interesse nômade configurariam, assim, uma retração da libido para atividades socialmente aceitas, tais como o girar os dedos como um molinete, vagar pela informação infinita alocada na Internet (curiositas) ou, em alguns casos, trabalhar.

É interessante notar que o ciclo tônico-clônico destacado por Fenichel (1951) se manifesta, justamente, como uma alternância entre a experiência de inquietude exposta de maneira ativa (que busca por si) ou passiva (com demandas endereçadas ao outro), à qual se sobrepõe um estado de completa falta de interesse (ligação tônica). Em uma espécie de paródia da demanda por satisfação passiva do entediado, o autor simula o pedido impossível em termos mais claros:

Eu estou excitado. Se eu deixar que essa excitação se desenvolva, eu ficarei ansioso. Assim, eu digo a mim mesmo que não estou nada excitado, que eu não quero fazer nada. Ao mesmo tempo, contudo, eu sinto que quero fazer alguma coisa, mas como eu me esqueci da minha meta original eu não sei o que fazer. O mundo exterior deve fazer alguma coisa que me traga um alívio dessa excitação sem me deixar ansioso. Ele deve fazer alguma coisa para que eu então não seja responsável por isso. Deve me distrair, divergir minha atenção, para que então o que eu vier a fazer seja suficientemente remoto da minha meta original. (pp. 296-297)

A demanda por uma satisfação passiva e sem culpa não é o único pedido manifestado. É também notável que o endereçamento é conduzido com uma agressividade subjacente, e qualquer solução encontrada passa pelo mesmo processo de repressão que a meta original da pulsão. O outro é incapaz de ajudar, e isso pode provocar a raiva, também, nessa pessoa, ou até mesmo tédio - como contrapartida dessa própria agressividade. Contudo, tanto nos pedidos por satisfação passiva como na busca ativa, o tédio configura uma reação defensiva contra certas moções destrutivas, mediante um desinvestimento no próprio indivíduo. Ferenczi (1990/1932) descreve essa dinâmica da seguinte forma:

Qual é a causa dessa angústia apavorante e da fuga diante desse vazio? Respostas possíveis: por trás desse vazio, oculta-se toda experiência ou série de experiências que levaram a essa incapacidade: irritação dolorosa, tendências coléricas defensivas, sentimento de desamparo, ou medo da possibilidade de explosões irreparáveis de raiva e agressão. (p. 52)

Logo em seguida, ele destaca que as ações repetitivas e compulsivas seriam como movimentos involuntários, que refletem a regressão da libido para fases de seu desenvolvimento não perturbadas ou espontâneas: um “superinvestimento puramente mecânico do negativismo ou da apraxia por atividades de rotina puramente mecânicas e, ao mesmo tempo, socialmente possíveis” (p. 53). Assim, a aparência de ceder à força da situação é acompanhada de um manifesto silencioso, que se exibe no modo errante, compulsivo e automático, mediante o qual a pessoa entediada tenta escapar de seu sofrimento.

 

Conclusão

O tédio não deixa de estar presente na situação de flexibilização da ética do trabalho. Se foi possível aos revolucionários e aos grupos de artistas de vanguarda da década de 1960 - como os situacionistas na França - identificarem o tédio que corrói o campo da realização humana, acreditamos que ele ainda se faz presente, mesmo quando aparece como uma fuga do tédio. Tal transformação talvez deixe apenas mais evidente que a divisão do trabalho mostra-se, no capitalismo tardio, de maneira brutal e individualizada.

A exortação pelo trabalho total e pela diversão total, ou seja, a exigência incessante pelo acoplamento da criatividade no cumprimento do dever e do lazer, é acompanhada em sua faceta negativa pela procrastinação e também pela compulsão a agir. Caso fosse diferente, poderíamos viver uma sociedade de “ócio total”, e não de sua negação: o neg-ócio total. O sujeito workaholic, desvinculado de sua família e amigos, experimenta a fuga do tédio pela via da adicção e das atitudes compulsivas, tais como outro entediado recorreria à masturbação, bebidas etc.

O consumo do sonho enlatado deve ser buscado na diversão que complementa e, em alguns casos, mistura-se com o ambiente de trabalho. Ao tentar se distrair, o procrastinador e o entediado também erram constantemente de alvo, vivendo uma impossibilidade de sintonizar seus sonhos com as exigências da ideologia. O primeiro erra de trabalho em trabalho, o segundo desmancha-se na instabilitas e na subsequente abulia. Outros tantos se derramam na cultura do espetáculo, misturando-se à festa e ao êxtase da consciência feliz. Perdidos entre as exigências pulsionais e as demandas atuais de inserção socioeconómica, acabam por experimentar um empobrecimento em si mesmos, no sentido da quebra da continuidade de seu sonho. Suas ações, ainda que aparentemente criativas e destacadas do tédio, manifestam uma tendência milenar, já verificada nas profundas análises conduzidas pelos anacoretas cristãos, desde o período patrístico (do século i d.C. até cerca de 600 d.C.): foge-se de ao mesmo tempo em que se foge para.

Diante dessa problemática, e acompanhando um trabalho recente de Bergstein (2009), espera-se do psicanalista que tanto experimente o tédio diante daquele que entedia, como também que não ceda a este, por meio de uma “criatividade” reativa ou de uma abulia hipotónica. Que o tédio seja o pano de fundo das relações sociais e da própria modernidade é, afinal, uma consideração que merece mais atenção.

 

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Correspondência:
Ana Maria Loffredo
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Recebido em 21.08.2017
Aceito em 04.09.2017

 

 

1 Texto fruto da dissertação de mestrado intitulada Ensaio sobre a preguiça, desenvolvida pelo primeiro autor, com orientação da segunda autora, no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP), junto ao Laboratório de Psicanálise e Análise do Discurso (LAPSI-PSA), com apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
2 Quando necessárias, todas as traduções são de nossa responsabilidade.
3 Recuperado de www.planalto.gov.br.

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