SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.51 número4Agora eu era o rei: o anacronismo temporal da criançaComposições familiares e filiação na contemporaneidade índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.51 no.4 São Paulo out./dez. 2017

 

OUTRAS PALAVRAS

 

A importância do pai na constituição da subjetividade: de Freud a Winnicott, em direção aos desafios das novas configurações familiares

 

The importance of the father in the constitution of subjectivity: from Freud to Winnicott, towards the challenges of modern family configurations

 

La importancia del padre en la constitución de la subjetividad: de Freud a Winnicott hacia los desafíos de las nuevas configuraciones familiares

 

L'importance du père dans la constitution de la subjectivité: de Freud à Winnicott vers les défis des nouvelles configurations familiales

 

 

Astrid Müller RibeiroI; Claudia Kowarick HalperinII; Eliane Grass Ferreira NogueiraI; Ester Malque LitvinI; Fatima Tonolli FedrizziII; Lisiane Milman CervoIII; Paulo Picarelli FerreiraII,IV

IMembro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPdePA)
IIMembro do Instituto da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPdePA)
IIIMembro titular da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPdePA)
IVOs autores integram o Grupo de Estudos Espaço Potencial da SBPdePA e, desde 2005, desenvolvem estudos sobre a obra de D. W. Winnicott, em intersecção com pensadores relevantes da psicanálise, de Freud e Ferenczi até autores contemporâneos

Correspondência

 

 


RESUMO

Os autores fazem uma revisão sobre o lugar do pai na constituição da subjetividade, compreendendo que as contribuições psicanalíticas sobre o tema são marcadas pelo contexto histórico e sociocultural vigente. Após um breve apanhado das ideias de Freud, em que a importância do pai se ancorava no complexo de Édipo, este estudo dedica-se especialmente aos aportes de Winnicott sobre a paternidade, menos conhecidos do que suas concepções acerca da relação mãe-bebê. Para ele, além do pai edípico, com sua função de corte na díade mãe-bebê, ganha relevo a presença do pai pré-edípico, que exerce papel de suporte para a dupla. A função paterna também foi estudada no contexto do conceito winnicottiano de uso do objeto, sendo o tema ilustrado com exemplos de sua clínica psicanalítica. Por fim, discutem-se a validade dessas teses psicanalíticas e a importância de sua renovação, levando em conta as profundas modificações na configuração familiar contemporânea.

Palavras-chave: constituição da subjetividade, função paterna, função terceira, uso do objeto, transicionalidade


ABSTRACT

The authors review the role of the father in the constitution of subjectivity. According to their understanding, psychoanalytic contributions to this subject have been characterized by the historical and sociocultural context. Freud stated that the father's importance was established in the Oedipus Complex. After a brief overview of Freud's ideas, this paper particularly focuses on Winnicott's considerations about paternity. These studies are lesser-known than his thinking about the relationship between mother and baby. Besides the Oedipal father whose function is to divide the mother-baby dyad, Winnicott emphasizes the presence of the pre-Oedipal father who plays a role that supports this pair. In this paper, the authors also analyze the paternal function in the context of Winnicott's concept of "the use of an object". Examples from his clinical practice are used to illustrate. Finally, the authors discuss the validity of these psychoanalytic theses and the importance of their renewal, given that the configuration of contemporary families has deeply changed.

Keywords: constitution of subjectivity, parental function, third function, the use of an object, transitionality


RESUMEN

Los autores presentan una revisión sobre el rol del padre en la constitución de la subjetividad, comprendiendo que las contribuciones psicoanalíticas sobre el tema están marcadas por el contexto histórico y sociocultural vigente. Tras un breve conjunto de ideas de Freud, en las que la importancia del padre estaba anclada en el Complejo de Edipo, este estudio está dedicado especialmente a los aportes de Winnicott sobre la paternidad, menos conocidos que sus concepciones sobre la relación madre-hijo. Para él, más allá de padre edípico, con su función de corte en la diada madre-hijo, adquiere relevancia la presencia del padre pre-edípico, que ejerce papel de soporte para el dúo. La función paterna también fue estudiada en el contexto de su concepto del "Uso del Objeto", ilustrando el tema con ejemplos de su clínica psicoanalítica. Por último, se discute la validez de esas tesis psicoanalíticas y la importancia de su renovación, teniendo en cuenta las profundas modificaciones en las configuraciones familiares contemporáneas.

Palabras clave: constitución de la subjetividad, función paterna, función tercera, uso del objeto, transicionalidad


RÉSUMÉ

Les auteurs font une révision de la place du père dans la constitution de la subjectivité, en comprenant que les contributions psychanalytiques sur le sujet sont marquées par le contexte historique et socioculturel en vigueur. Après un bref abrégé des idées de Freud où l'importance du père était ancrée dans le complexe d'OEdipe, cette étude se consacre en spécial aux apports de Winnicott concernant la paternité, moins connus que ses conceptions concernant le rapport mère-bébé. Pour lui, outre le père oedipien, avec sa fonction de séparation de la dyade mère-bébé, la présence du père préoedipien, qui joue son rôle de soutien de la dyade, gagne de l'importance. La fonction paternelle a été aussi étudié dans le contexte du concept winnicottien de "l'usage de l'objet", et le thème a été illustré par des exemples de sa clinique psychanalytique. Enfin, les auteurs discutent la validité de ces thèses psychanalytiques et l'importance de sa rénovation, étant donné les profondes modifications dans les configurations familiales contemporaines.

Mots-clés: constitution de la subjectivité, fonction paternelle, fonction tierce, l'usage de l'objet, transitionnalité


 

 

Introdução

Qual é o lugar do pai na constituição da subjetividade? Essa questão tem sido contemplada pela psicanálise desde os trabalhos de seu fundador, e as teses para respondê-la estão profundamente entrelaçadas com a cultura vigente, com o contexto histórico e sociocultural em que são formuladas. As ideias freudianas sobre o tema têm como pano de fundo as constelações familiares europeias advindas da era vitoriana - o enorme destaque dado à repressão da sexualidade era inerente àquele cenário. Em Freud, a discussão da importância do pai se ancorava no complexo de Édipo, nas angústias de castração e na percepção da diferença anatômica dos sexos.

A proposta deste trabalho é revisar o lugar destinado ao pai na obra de Winnicott, demarcando tanto sua profunda filiação freudiana quanto seus avanços teóricos em relação às contribuições de Freud sobre essa temática. Contrariando as habituais críticas de que a figura do pai não foi suficientemente destacada por Winnicott, o qual teria concedido um papel central à mãe na constituição psíquica e um lugar secundário ao pai, tentamos neste estudo demonstrar a importância da figura real do pai para o autor. Isso aparece implicitamente em vários de seus artigos clássicos e ganha maior relevo em seus artigos mais tardios, além de ser muito evidente em seus principais casos clínicos.

Como as publicações de Winnicott se deram especialmente entre as décadas de 1950 e 1970, suas ideias também foram concebidas conforme o modelo familiar vigente naquele período. Em nosso estudo, trazemos reflexões sobre como se pensaria atualmente o lugar do pai diante das profundas mudanças sociais ocorridas nos últimos 50 anos, com as novas configurações familiares. O que Winnicott diria hoje sobre os vários arranjos de família - reconstituída, homoparental, monoparental - que, contradizendo as predições anteriores, revelam-se tão capazes de criar filhos saudáveis quanto as famílias tradicionais? Com essa discussão, não pretendemos preencher nossas inquietações com respostas, e sim compartilhar o desafio de expandir nossas formulações psicanalíticas, a fim de considerar os notáveis avanços culturais e científicos e nos instrumentalizar tecnicamente para acolher as demandas da sociedade atual.

 

O pai na obra de Freud

Freud cunhou o termo função paterna, que desvinculava a função biológica da mera reprodução, quando instituiu a identificação como fundante psíquico. Entendeu que havia a substituição de um objeto por um símbolo e de uma ação por uma representação simbólica. Surgiu, então, o que passamos a entender por complexo edípico.

Inúmeros textos freudianos vão atestando a descoberta do pai simbólico necessário à constituição humana, desde a revelação de que as mulheres seduzidas pelo pai real, na verdade, fantasiam um homem sedutor e amoroso, o qual as levaria à sexualidade feminina. Havia ali uma ficção criada pela mente de uma mulher/menina e que conduziu Freud, inexoravelmente, ao mundo da fantasia humana e seus simbolismos inconfundíveis a partir de então. A grande descoberta do mestre passava pela figura do pai, não mais o pai que a cultura ditava, mas o pai que reinava desde sempre na mente dos filhos; o pai desejado em um momento e morto em outro; o pai que abriria caminho à sexualidade infantil e ajudaria a sepultar o complexo edípico para iniciar-se a saga do crescimento. De 1900 em diante, Freud passa a descrever o pai como um objeto investido desde a ligação com a mãe até a configuração edípica. Sela isso em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905/1969c), em que o pai se torna o interditor da relação com a mãe a fim de liberar o filho para a genitalidade. Em Totem e tabu (1913/1969b), mitifica a origem da família, chamando de horda primitiva o primeiro encontro humano com a tendência gregária, e toma o parricídio como fundador da cultura. Traz a culpa que se desenvolve a partir daí como o elemento psíquico que organiza e regulamenta os grupos para uma evolução. Retoma o tema da culpa e do parricídio em sua leitura de Dostoiévski (Os irmãos Karamázov), que se uniria a Shakespeare (Hamlet) e Sófocles (Édipo rei) como fontes culturais em que bebeu para falar do pai simbólico. Conclui o tema do pai com a fantástica obra mítica Moisés e o monoteísmo (1939/1986), em que aborda a ideia do Deus único, mitificado e adorado, depois morto e novamente santificado, para simbolizar a culpa e tornar expressa a repressão, e com isso a instauração da lei. É, no entanto, com o texto O ego e o id (1923/1969a) que Freud institui em sua obra a presença definitiva do pai através do que chamou de superego, herdeiro do complexo edípico e fruto de um processo de repressão necessário (castração). No Édipo, há renúncia da mãe. O pai, no sentido de função, introduz a proibição do incesto e abre caminho para que o sujeito entre na cultura. Por conta disso, o complexo de Édipo será superado e a lei introjetada. Em Freud, a função paterna é o que gera o indivíduo adulto; é preciso matar o pai para amadurecer psiquicamente. Se o corpo vivo da mãe é instituinte do psiquismo inicial, o corpo simbólico do pai morto é o que dá seguimento à secundariedade humana.

Rabain (2010), com base nos estudos de Freud, refere-se à paternidade como uma ficção legal. Destaca que, graças à repressão, as crianças não se lembram da mãe grávida de um irmão. Mas permanece a pergunta de como esse bebê entrou lá, fazendo do pai o primeiro desconhecido. Mater certissima, pater semper incertus est, diz o clássico adágio. Freud transforma essa incerteza em trunfo para o pai:

A paternidade é uma conjectura, ela se baseia numa dedução e num postulado, enquanto a maternidade é atestada pelo testemunho dos sentidos. ... A passagem da mãe para o pai é uma vitória da mente sobre os sentidos ... um triunfo da vida mental sobre a vida sensorial e, portanto, um progresso da civilização. (1939/1986, p. 213)

 

O pai na obra de Winnicott

A literatura psicanalítica faz diversas referências ao papel da mãe em relação ao bebê, mas até meados de 1950 a ênfase recaía principalmente sobre o indivíduo e seu mundo interno. Foi a partir das contribuições de Winnicott que o impacto do ambiente sobre a constituição do bebê ganhou destaque. Com afirmações categóricas como o bebê é algo que não existe, o autor marca o quanto a existência do bebê está totalmente atrelada à presença de um outro - a mãe suficientemente boa.

Quanto ao lugar do pai, embora Winnicott tenha sido muito questionado por não o ter apontado de forma tão direta e explícita como o fez com a mãe, uma leitura mais atenta demonstra a importância fundamental da figura paterna na sustentação da família, como promotor e facilitador do estágio de preocupação materna primária. O próprio termo suficientemente bom é a chave nessa discussão. Muitos tradutores insistem que o verdadeiro sentido é: bastante bom, mas não demasiado. Isso nos remete à importante tarefa de poder aceitar a falta. Da mãe, após um estágio de devoção, é esperado que ela possa faltar, mas de uma maneira que esteja a serviço da vida e do desenvolvimento, e não como um abandono traumático. Essa falta, então, deve ser introduzida gradualmente e, de certo modo, regulada e sustentada pela presença do pai, nos bastidores e na mente da mãe (Duparc, 2005).

Winnicott (1941/1971) afirma que, para o bebê reconhecer um terceiro, é preciso que haja, previamente, a autorização e o reconhecimento da mãe, que aceita ou não deixar seu bebê viver a experiência. Formar o triângulo edípico freudiano, portanto, não é uma tendência natural, segundo Winnicott, o que até mesmo poderá não acontecer. Somente acontecerá se a mãe-ambiente for suficientemente adequada e promover a entrada do pai.

Boukobza, referindo-se ao texto de Winnicott "O medo do colapso", destaca a importância da presença real do pai, ao amanhecer, no café da manhã:

Quando papai está presente no café da manhã, estamos em segurança para sonhar que ele foi esmagado ou ... que o ladrão atirou no marido da senhora rica para tomar-lhe as joias. Se o papai não está no café da manhã, é muito apavorante sonhar com isso. . Essa presença real do pai é indispensável para permitir e, ao mesmo tempo, limitar a fantasmatização edípica da criança. (2010, p. 105)

O pai, como pessoa integrada, é o suporte da destrutividade do bebê, sobrevivendo aos ataques noturnos.

Duparc ressalta, na obra de Winnicott, outros papéis do pai no relacionamento com o filho, de forma direta ou indireta:

1) através da união com a mãe, o pai propicia uma estrutura sólida para o filho tecer fantasias, poder aferrar-se e/ou agredir, desenvolvendo soluções para o problema das relações triangulares; 2) o pai é a encarnação da lei e da ordem que a mãe introduz no mundo do filho. Ele é quem impõe limites ao ódio do filho pela mãe, por meio de sua presença/ausência, sendo percebido frequentemente como real e vivo; 3) o pai é muito importante pela sedução da novidade, por ser diferente da mãe e dos outros pais, pelo seu conhecimento do mundo. (2005, pp. 92-93)

Função do pai: uso do objeto

Um dos últimos e fundamentais conceitos formulados por Winnicott é o uso do objeto. Como seus trabalhos sobre o tema são de difícil compreensão para quem não estuda mais profundamente sua obra, e pretendemos articular esse tema com a função do pai para o autor, vamos inicialmente esclarecer a nomenclatura própria de Winnicott quando se refere ao papel da destruição na relação com o objeto e no uso do objeto.

Em um de seus mais expressivos artigos, "O uso de um objeto e relacionamento através de identificações" (1968/1975), Winnicott observa que a relação de objeto é uma experiência que pode ser descrita em termos do sujeito, isoladamente (pode ser com um objeto parcial, interno, subjetivo). Quando se refere, porém, ao uso do objeto, a relação de objeto já é evidente e novas características são acrescidas, envolvendo a natureza e o comportamento do objeto, que já deve ser um objeto total, tendo-se estabelecido o princípio de realidade. Para ser usado, o objeto deve ser necessariamente real, e não um feixe de projeções; deve fazer parte da realidade compartilhada, apresentando uma existência externa e independente, fora da área do controle onipotente do sujeito. Winnicott descreve um processo de amadurecimento necessário para que alguém desenvolva a capacidade de usar um objeto, processo que envolve certa sequência:

1) o sujeito relaciona-se com o objeto; 2) o objeto está em processo de ser encontrado; 3) o sujeito destrói o objeto; 4) o objeto sobrevive à destruição (o que inaugura a alteridade, a exterioridade do objeto e também a fantasia para o indivíduo); 5) finalmente, o sujeito pode usar o objeto, quando encontra um ambiente que pode receber a destruição, sobrevivendo sem retaliação. (p. 131)

Assim, a capacidade de encontrar e usar o objeto é uma conquista se o ambiente dispõe de condições muito favoráveis.

Winnicott expande seus estudos sobre o tema em outro texto, publicado postumamente, "O uso do objeto no contexto de Moisés e o monoteísmo" (1969/1989), em que a presença real do pai e as consequências de sua personalidade sobre o bebê ganham contornos mais claros. Para ele, é no caminho da integração que se chega à noção de possuir um pai e, mais tarde, um Deus único. Winnicott parece acompanhar Freud na ideia de o desenvolvimento humano ser semelhante ao desenvolvimento individual, articulando o que se passava na civilização, no período do politeísmo, com o desenvolvimento emocional primitivo, pois no início os objetos são parciais, múltiplos e não necessariamente conectados. A figura do pai/Deus surge como um objeto integrado, ou seja, o pai é sempre um objeto total para o bebê. O autor propõe que o bebê faz uso do pai como um exemplo para a sua própria integração.

Para Winnicott, existe uma diferença que depende de o pai estar lá ou não, de estar apto para estabelecer uma relação ou não, de ser sadio ou insano, de ter uma personalidade flexível ou rígida. Se o pai morre, isso é verdadeiramente importante. Quando isso acontece durante a vida do bebê, existem vários fatores a considerar e que estão relacionados à imago paterna. Assim, um pai insano ou ausente não poderá ser usado por seu filho, o que dificultaria todo o processo de integração e amadurecimento emocional descrito.

Em Natureza humana (1990), Winnicott articula o complexo de Édipo com sua concepção de uso do objeto, explicando que, na relação triangular, quando a criança divide a mãe com outro, ela odeia a terceira pessoa. Aparece o medo de que aquilo que é amado tenha sido destruído. Nos casos mais favoráveis, quando o pai se transforma no objeto de ódio e é capaz de se defender, sobreviver, perdoar, o ódio pode ser liberado na relação triangular, e o amor pela mãe é preservado.

O pai na clínica de Winnicott

A importância da figura real do pai foi sendo explicitada e ganhando relevo nos trabalhos mais tardios de Winnicott, o que fica evidente nas duas descrições clínicas mais extensas e expressivas do autor: o caso Piggle (1964-1966/1987) e Holding e interpretação (1965/2001). Cada uma delas resultou em um livro que contém uma sequência de sessões analíticas na íntegra.

O caso Piggle é o relato do tratamento psicanalítico de uma menina desde que ela tinha 2 anos e 4 meses, e que se deu ao longo de três anos, conforme a demanda. Piggle apresentava um Édipo ultraprecoce. Com o nascimento de uma irmã, desenvolveu uma regressão maciça e uma dissociação: manifestava um falso self esquizoide. Talvez, segundo Winnicott, consequência ou prolongamento desse Édipo e desse ego prematuros.

Embora a princípio Winnicott acreditasse que as angústias maternas estavam na etiologia do adoecimento da menina, o trabalho teve a participação de ambos os pais. Mas sobretudo o pai participou das sessões, dispondo-se a ser usado pela menina em seis delas.

Ao longo do tratamento de Piggle, Winnicott desempenhou e interpretou, na transferência, papéis que remetem a diferentes funções paternas: o pai que substitui a mãe (cuida e alimenta); o pai que seduz e aprende a brincar; o pai que separa e castiga (dá limites); e o pai que deve ser morto e eliminado.

Nesse caso, como em várias outras descrições clínicas de Winnicott, o pai que acode a mãe quando ela se encontra fragilizada ou incapacitada para algumas funções maternas e se apresenta como um pai maternal passa, ao longo do tratamento, a ceder lugar ao pai que interdita e proporciona o crescimento da filha, instaurando a função paterna, que estava faltando.

Em Holding e interpretação, Winnicott descreve o caso de um homem adulto que estivera em análise antes (aos 19 anos, com o próprio Winnicott) e que na época fora considerado esquizofrênico. Anos mais tarde, já formado em medicina e sendo um profissional qualificado, teve um surto psicótico, acompanhado de depressão profunda, e foi internado. Nos seis últimos meses dessa análise, o material gradualmente assumiu a forma de uma neurose transferencial do tipo clássico: a importância da situação edípica e da figura do pai, o exame das angústias de castração, a falta de rivalidade com o pai nas associações do paciente e a exclusão do terceiro. O pai do paciente, muito cedo, evitou todo conflito com o filho; não deu motivo ao desejo do filho de derrubá-lo, apresentando-se como um duplo da mãe, que o descrevia como perfeito - portanto, não real.

Quando finalmente o pai apareceu em suas associações, era um homem perigoso e castrador. Para Winnicott, o evitamento do Édipo pelo pai tornara o paciente passivo, esquizoide, incapaz de agressividade e de se pôr em situação de rivalidade. Segundo o autor, o papel castrador do pai é positivo, pois, ao proibir a mãe, libera o filho para amar outras mulheres e, ao não evitar a rivalidade, permite a amizade com outros homens.

Esse caso clínico foi examinado por Haydée Faimberg em "The 'as-yet situation' in Winnicott's Fragment of an analysis" (2013). A autora põe ênfase na importância atribuída por Winnicott à função do pai no funcionamento psíquico de seus pacientes. Ela ressalta que, através de suas interpretações, ele cria no processo analítico a função paterna, depois de evidenciar como, para aquele paciente, o pai ainda não estava lá (not as yet there). Winnicott se oferece como um pai a ser, um pai que daria a posteriori um significado àquele pai real, que mesmo tendo estado presente nunca lhe havia dado a honra de tornar-se um genuíno rival. Em seu trabalho, Faimberg articula essa contribuição clínica de Winnicott a dois conceitos teóricos: um de Freud (a posteriori - Nachtraglichkeit) e outro do próprio Winnicott (medo do colapso), ambos ligados ao tema da temporalidade. Destaca uma das sessões, em que o paciente pergunta a Winnicott como poderia ter a esperança de chegar, na análise, a algo que nunca tinha estado lá. Winnicott, por meio de sua presença e de suas interpretações, vai se oferecendo, ao longo do processo transferencial, como o pai que o paciente ainda não tinha tido. A interpretação de Winnicott torna-se o corte, a função de castração do pai, ocasionando uma mudança psíquica. Constrói-se, assim, um significado retroativo para a figura de um pai: a proibição do incesto.

Apresentamos agora algumas vinhetas extraídas do texto original de Winnicott (1965/2001), para ilustrar especialmente o trabalho interpretativo do analista, que cria a função paterna ao longo de algumas sessões:

P: Com minha filha, sempre me preocupei em dar-lhe banho e em começar bem cedo a fazer parte de sua vida - uma ideia que o meu pai teve, pelo que me lembro. Ele disse haver tomado parte do cuidado dos filhos tão cedo quanto lhe foi possível, a fim de ser reconhecido e aceito como pai. (p. 91)

A: Você está sempre procurando o homem que você odeia por causa do amor de uma mulher. No final das contas, trata-se de seu pai, um novo aspecto do pai que você não conheceu, pois ele entrou muito cedo em sua vida e se estabeleceu como uma mãe alternativa para você. (p. 96)

A: Você está me usando na análise de várias formas diferentes. ... Em determinado momento, eu estava muito identificado com sua esposa. Mais tarde, fui identificado com sua namorada. . Agora parece que existe uma nova fase, e eu me tornei o homem que o preocupa na sua relação com a moça. (p. 101)

A: Você não experimentou a rivalidade com homens e as amizades que surgem de tal rivalidade. (p. 104)

A: Você nunca viu seu pai como um homem a ser odiado, um rival, alguém que você temesse. Quer isso tenha ocorrido por sua causa, por causa dele ou por causa de ambos, o fato é que você não teve essa experiência e, portanto, nunca se sentiu maduro. (p. 105)

P: Isso explicaria a falta de sofrimento e pesar quando meu pai morreu. Ele nunca me vira como um rival e por isso deixou-me com a terrível incumbência de fazer eu mesmo as proibições.

A: Sim. Por um lado, ele nunca lhe deu a honra de reconhecer sua maturidade, proibindo as relações sexuais com sua mãe; por outro, ele também o privou da alegria e do prazer da rivalidade, assim como da amizade que surge da rivalidade entre homens. Então, você teve que desenvolver uma inibição geral. Você não poderia sentir dor por um pai que você nunca matou. (p. 106)

Falei então que, pela primeira vez na análise, ele tinha motivo para suspeitar de mim, já que, na sessão anterior, eu havia surgido no papel do pai que proíbe o incesto. (p. 111)

A: O tempo todo você está procurando pelo homem que dirá "não" no momento certo; alguém que você poderia odiar ou desobedecer e com quem você poderia chegar a se entender. Pouco a pouco, ao zangar-se comigo, você está permitindo que eu ocupe essa posição. (p. 113)

A: Nesse caso, eu estou dizendo "não", o que quer dizer que, por hoje, chega de análise. Estou me interpondo entre você e a análise e mandando-o embora. (p. 114)

Essa sequência de material clínico que selecionamos ilustra o conceito de Winnicott de uso do objeto: por um lado, mostra um analista que permite ser usado, na transferência, pelo seu paciente, a fim de que se crie a função paterna; por outro, aponta a hipótese de que o paciente teria um pai que, embora vivo e presente, não se deixou usar pelo paciente, não pôde aceitar a disputa edípica, ser atacado, destruído, e ter sobrevivido a tais ataques.

 

O lugar do pai nas configurações familiares contemporâneas

Todas essas contribuições a respeito da importância do pai para a estruturação da subjetividade constituem um acréscimo valioso para o pensar e a clínica psicanalíticos. Entretanto, precisamos considerar as profundas mudanças sociais que ocorreram desde a época em que Winnicott publicou suas ideias, mudanças essas que exigem uma revisão sobre a aplicação dessas teorias na contemporaneidade. O que vemos hoje corresponde a uma verdadeira revolução, tanto no papel da mulher quanto nas configurações familiares. A mulher vem conquistando seu espaço no mercado de trabalho. A pílula anticoncepcional revolucionou os costumes sexuais e realçou o papel do desejo e do prazer na definição da vida amorosa feminina. A liberação sexual alterou a estabilidade da constituição familiar, levando a uniões sem casamento, separações, famílias reconstituídas etc. As mudanças na legislação permitiram que casais homossexuais tivessem reconhecimento legal e pudessem assumir a responsabilidade na criação de filhos. As novas técnicas reprodutivas também redesenharam completamente as configurações familiares. Entre as inúmeras possibilidades, temos as hétero, as homo e as monoparentalidades.

Em um artigo anterior do Grupo de Estudos Espaço Potencial, sobre a temática da bissexualidade em Freud e Winnicott, já havíamos destacado, na epígrafe, a seguinte afirmação de Winnicott:

Todo o mundo é bissexual, no sentido da capacidade de se identificar com o homem e a mulher. ... Acho que o estudo da identificação do homem com a mulher tem sido muito complicado por uma tentativa insistente por parte dos psicanalistas em chamar de homossexualidade tudo o que não é masculino num homem. (Cervo et al., 2007, p. 77)

Essa referência pode contribuir para pensarmos os desafios com que a sociedade atual se defronta, ao questionar a adoção de crianças por casais homoafetivos com a justificativa de que haveria prejuízo na identificação da criança quanto ao gênero (por exemplo, se o pai for homossexual ou se o terceiro não for um homem).

Ceccarelli (2010) destaca que expressões como crise da masculinidade e declínio do poder paterno, se examinadas mais detalhadamente, poderiam corresponder ao declínio do patriarcado devido às transformações culturais e, sobretudo, econômicas que produziram o homem moderno. Entende que se está reavaliando o que até então se mostrava como única possibilidade de subjetivação (a referência paterna), quando era o homem quem ocupava o lugar central na sociedade. Acabou-se por confundir esse poder com o ter e até com o ser o falo.

O casal sexuado casado dá lugar a configurações tão diferentes, que se começa a desconstruir até mesmo um dos pilares da teoria freudiana, que é o complexo edípico da forma clássica. Marcel Gauchet pontua o que a psicanálise precisa pensar:

A psicanálise tinha teorizado uma família arcaica e não viu que ela estava em vias de liquidação. Também hoje os psicanalistas estão muito embaraçados com uma teoria do pai, da mãe, da família, obsoleta em relação à realidade da evolução contemporânea. A reformulação da teoria psicanalítica deveria ter dois pontos de partida, a saber: o reconhecimento dessa apropriação pela cultura contemporânea da descoberta psicanalítica e a consideração da mutação das instituições familiares, que faz com que a história continue a caminhar e cria uma paisagem completamente diferente daquela em que foi formulada a teoria freudiana. (citado por Rabain, 2010)

O importante do legado freudiano do Édipo é que leva a criança a considerar suas origens, sua herança, sua filiação e, portanto, sua história. Arnaldo Smola (2010) refere três pilares teóricos da psicanálise que seriam questionados por essas novas configurações familiares: as identificações precoces, o complexo de Édipo e a cena primária.

Rabain (2010) ressalta que os autores pós-freudianos, como Winnicott, Bowlby, Brazelton, Tronik e Trévarthen, ao enfatizar as primeiríssimas relações com o ambiente materno e a intersubjetividade primária, contribuíram consideravelmente para a compreensão do desenvolvimento precoce da criança. Entende ainda que esses autores podem ter dessexualizado o desenvolvimento primário e deixado de lado o tema da diferença sexual, importante para o destino emocional de uma criança. Ceccarelli (2010) complementa essas questões afirmando que o nuclear do Édipo é que o sujeito se dá conta de que está excluído de uma relação. As dificuldades se devem principalmente à bissexualidade constitucional de cada sujeito e ao caráter triangular da relação edípica, como já apontava Freud. No entanto, nada indica que o caráter triangular deva ocorrer com pessoas de sexos diferentes.

Charlotte Patterson (2006) refere que mais de duas décadas de pesquisa não revelaram diferenças importantes no desenvolvimento de crianças ou adolescentes criados por casais do mesmo sexo, em comparação com os educados por casais heterossexuais, relativamente a autoestima e ansiedade, resultado e comportamento escolar, relações amorosas, uso de drogas, delinquência e vitimização de pares. "Os resultados das pesquisas sugerem que a qualidade das relações familiares (afeto e cordialidade) é mais estreitamente ligada ao desenvolvimento da criança do que à orientação sexual dos pais" (p. 241).

Segundo Zambrano (2007), a família, hoje, é definida como o lugar em que se tecem os vínculos que ligam os indivíduos entre si, apresentando muitas outras configurações, as quais os psicanalistas vão ter que enfrentar na prática clínica e incorporar teoricamente para não ficar à margem das mudanças sociais. Para a autora, é essencial que se amplie o significado do Édipo para pensar como os filhos de casais homossexuais passam pelo processo edípico e se constituem psiquicamente. Acredita que qualquer tipo de família possa construir uma estrutura triangular com funções simbólicas, independentemente do sexo dos seus componentes, permitindo à criança a entrada na cultura e um bom desenvolvimento psíquico.

Muitos autores contemporâneos, como Victor Guerra, Thomas Ogden e Leticia Fiorini, têm se ocupado desse tema, tentando entender o caminho que está tomando a subjetivação humana diante de toda essa complexidade. Guerra (2011) define três conceitos que colaboram para pensarmos o lugar do terceiro simbólico, descrevendo os desdobramentos de experiências fundamentais necessárias para uma efetiva constituição de terceiridade. Apresenta o processo de construção do sujeito simbólico a partir dos conceitos de triadificação, terceiro e terceiridade. Ao chegar à terceiridade, o sujeito adquire a potencialidade psíquica que implica a eventualidade de gerar um terceiro

Lisiane Milman Cervo et al. lugar, um entre, que constituirá o espaço transicional, em que se produzirão os fenômenos que culminam na simbolização e na linguagem. O mesmo autor cita Thomas Ogden, para quem o espaço potencial é gerado pela terceiridade e criado pela diferenciação entre símbolo, simbolizado e um terceiro que interpreta. Esse é o espaço em que a criatividade acontece, o espaço em que estamos vivos em nossa qualidade de seres humanos, em oposição a sermos simplesmente seres que reagem.

Leticia Fiorini (2015) defende a necessidade de desconstrução da função paterna e propõe substituir o termo por função terceira. Entende que, por se tratar de uma função simbólica, não seja adequada a denominação paterna, porque esta remete a noções de uma sociedade patriarcal, que não se adaptam mais aos dias de hoje. Discorda de que se possa falar de uma função paterna internalizada no psiquismo da mãe. Segundo a autora, a maternidade como tal possui suas próprias operações simbólicas para estabelecer diferenças, cortes e separações. Por isso, acredita ser mais adequada a denominação função terceira para essas operações simbólicas, que não pertencem nem ao pai nem à mãe, sugerindo que ambos (ou outros) possam exercê-las. Uma psicanálise ainda centrada no modelo patriarcal de sociedade não consegue oferecer modelos teóricos suficientes para pensar as profundas modificações no papel social da mulher e as novas configurações familiares, distintas da família nuclear clássica. Por fim, destaca que, diante das mudanças históricas nas relações humanas, devem surgir também redefinições nos modelos de pensamento, o que vai gerar uma mudança de paradigma para entender o lugar e as funções de pais e mães concretos, evitando os enquadramentos teóricos forçados de tais rupturas.

Portanto, é necessário cuidado para não transformarmos essas teorias, sobre a importância do pai na construção da subjetividade, em prescrições normativas de como devem ser as condições ideais para o pleno desenvolvimento do indivíduo. Isso porque uma leitura mais superficial dos preceitos teóricos nos leva a colocar a percepção da diferença de sexos como precondição para o estabelecimento da capacidade simbólica, bem como a equiparar o temor à castração com os órgãos sexuais. Da mesma forma, uma leitura descontextualizada de Winnicott nos levaria a concluir que é a pessoa real do pai masculino que vai realizar toda a função paterna, essencial para o pleno e rico desenvolvimento do sujeito. Tal leitura pode trazer dúvidas quanto à capacidade das novas configurações familiares de satisfazer as necessidades da criação de indivíduos saudáveis.

Ao final deste trabalho, buscamos uma abertura para futuras teorizações sobre o processo de subjetivação e entendemos ser importante destacar duas contribuições de Winnicott que muito auxiliaram para explicar o sucesso das novas configurações familiares nesse processo de mudança. A primeira é o conceito de transicionalidade, cuja constituição é fundamental para os movimentos criativos, juntamente com as condições de holding, necessárias para sua estruturação. A segunda é o conceito de uso do objeto, imprescindível para entendermos por que o gênero não é fundamental no cuidado dos filhos. Essas concepções mantêm-se muito atuais e poderiam dar sustentação a quase todas as contribuições dos autores contemporâneos citados.

Pensamos que é hora de a psicanálise se desafiar, em direção a um futuro de novas teorizações, novas configurações, sem tutela teórica definida, mas pensando o que está no mais profundo do humano, que tem uma perene tendência a mudar e a se reinventar.

 

Referências

Boukobza, C. (2010). La figure du père dans la clinique de Winnicott avec les enfants ou un père au petit déjeuner. In C. Vanier & A. Vanier (Dirs.), Winnicott avec Lacan (pp. 103-115). Paris: Hermann.         [ Links ]

Ceccarelli, P. R. (2010). Configuraciones edípicas contemporáneas: reflexiones sobre las nuevas formas de paternidad. In E. Rotenberg & B. Wainer (Comps.), Homoparentalidades: nuevas familias (2a ed., pp. 165-176). Buenos Aires: Lugar.         [ Links ]

Cervo, L., Halperin, C., Litvin, E. M., Milman, C., Nogueira, E. & Ribeiro, A. (2007). Reflexões sobre a bissexualidade em Freud e Winnicott. Psicanálise: Revista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre, 9(1),77-93.         [ Links ]

Duparc, F. (2005). El padre en Winnicott (¿es "suficientemente bueno"?). In J. Bouhsira & M. Durieux (Orgs.), Winnicott insólito (pp. 83-109). Buenos Aires: Nueva Visión.         [ Links ]

Faimberg, H. (2013). The "as-yet situation" in Winnicott's Fragment of an analysis: your father "never did you the honor of...". The Psychoanalytic Quarterly, 82,849-876.         [ Links ]

Fiorini, L. G. (2015). Deconstruyendo la función paterna: ¿función paterna o función tercera? In L. G. Fiorini, La diferencia sexual en debate (pp. 177-188). Buenos Aires: Lugar.         [ Links ]

Freud, S. (1969a). O ego e o id. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 19, pp. 27-82). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1923)        [ Links ]

Freud, S. (1969b). Totem e tabu. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 13, pp. 21-258). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1913)        [ Links ]

Freud, S. (1969c). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 7, pp. 128-217). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1905)        [ Links ]

Freud, S. (1986). L'homme Moïse et la religion monothéiste (C. Heim, Trad.). Paris: Gallimard. (Trabalho original publicado em 1939)        [ Links ]

Guerra, V. (2011). Triadificação e terceiridade no primeiro ano de vida do bebê: quando se necessitam três para que dois tenham (e abandonem) a ilusão de ser um. Ceapia: Revista de Psicoterapia da Infância e da Adolescência, 20,31-50.         [ Links ]

Patterson, C. J. (2006). Children of lesbian and gay parents. Current Directions in Psychological Science, 15(5),241-244.         [ Links ]

Rabain, J.-F (2010). Freud ou Winnicott? La place du père et de la mère dans la construction psychique. Mag Philo. Recuperado em 13 ago. 2017, de http://www.cndp.fr/magphilo/index.php?id=28.         [ Links ]

Smola, A. (2010). Homoparentalidades. In E. Rotenberg & B. Wainer (Comps.), Homoparentalidades: nuevas familias (2a ed., pp. 63-70). Buenos Aires: Lugar.         [ Links ]

Winnicott, D. W. (1971). E o pai? In D. W Winnicott, A criança e seu mundo (2a ed., A. Cabral, Trad., pp. 127-133). Rio de Janeiro: Zahar. (Trabalho original publicado em 1941)        [ Links ]

Winnicott, D. W. (1975). O uso de um objeto e relacionamento através de identificações. In D. W. Winnicott, O brincar e a realidade (J. O. de A. Abreu & V. Nobre, Trads., pp. 121-131). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1968)        [ Links ]

Winnicott, D. W. (1987). The Piggle: relato do tratamento analítico de uma menina (2a ed., E. P. Vieira & R. de L. Martins, Trads.). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1964-1966)        [ Links ]

Winnicott, D. W. (1989). O uso de um objeto no contexto de Moisés e o monoteísmo. In D. W. Winnicott, Explorações psicanalíticas (J. O. de A. Abreu, Trad., pp. 187-191). Porto Alegre: Artes Médicas. (Trabalho original publicado em 1969)        [ Links ]

Winnicott, D. W (1990). Natureza humana (D. L. Bogomoletz, Trad.). Rio de Janeiro: Imago.         [ Links ]

Winnicott, D. W. (2001). Holding e interpretação (2ª ed., S. M. T. M. de Barros, Trad.). São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1965)        [ Links ]

Zambrano, E. (2007). Novas famílias [Entrevista com Faoze Chibli]. Ciência & Vida: Psique, 2(16),6-13.         [ Links ]

 

 

Correspondência:
Astrid Müller Ribeiro
Rua Tobias da Silva, 99/403
90570-020 Porto Alegre, RS
Tel.: 51 99308-2602
astridmribeiro@gmail.com

Claudia Kowarick Halperin
Rua Mariante, 288/708
90430-180 Porto Alegre, RS
Tel.: 51 99989-9464
kowarickhalperin@uol.com.br

Eliane Grass Ferreira Nogueira
Rua 24 de outubro, 1681/406
90510-003 Porto Alegre, RS
Tel.: 51 98141-9849
elianenogueira@terra.com.br

Ester Malque Litvin
Rua Ramiro Barcelos, 1793/704
90035-006 Porto Alegre, RS
Tel.: 51 99810-0081
ester23litvin@gmail.com

Fatima Tonolli Fedrizzi
Rua Florêncio Ygartua, 60/101
90430-010 Porto Alegre, RS
Tel.: 54 99972-5460
fatima.t.fedrizzi@gmail.com

Lisiane Milman Cervo
Rua Florêncio Ygartua, 391/202
90430-010 Porto Alegre, RS
Tel.: 51 99226-2561
lisimcervo@gmail.com

Paulo Picarelli Ferreira
Rua Mostardeiro 780/303
90430-000 Porto Alegre, RS
Tel.: 51 99984-4376
paulopicarelli@gmail.com

Recebido em 25.01.2017
Aceito em 09.08.2017

Creative Commons License