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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.51 no.4 São Paulo out./dez. 2017

 

HISTÓRIA DA PSICANÁLISE

 

Horizontes psicanalíticos em debate: notas sobre a história da psicanálise em Minas Gerais

 

Psychoanalytic horizons in debate: notes on the history of psychoanalysis in Minas Gerais

 

Horizontes psicoanalíticos en debate: notas sobre la historia del psicoanálisis en Minas Gerais

 

Horizons psychanalytiques en débat: notes sur l'histoire de la psychanalyse en Minas Gerais

 

 

Rodrigo Afonso Nogueira Santos

Doutorando pelo Programa de Psicologia Social do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP)

Correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo deste artigo é apresentar e discutir uma série de elementos relacionados à história da psicanálise em Minas Gerais. Partimos da primeira publicação sobre psicanálise, em 1925, e findamos nosso percurso em 1963, com a inauguração de uma instituição de formação clínica. Ao longo dessa trajetória, destacamos o momento da chegada da psicanálise a Minas Gerais, quando referências ao campo psicanalítico circularam abertamente entre psiquiatras, artistas, educadores e religiosos. Esse período é situado aqui entre 1925 e 1932, ano em que é inaugurada a Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais, marcando uma torção nos modos de conceber a psicanálise, vista a partir de então como um saber especializado. Por fim, discutimos as bases da primeira instituição psicanalítica do estado, inaugurada em 1963, por um padre e psicanalista. Assinalamos a importância de considerar o catolicismo como a principal fonte de resistência à psicanálise em Minas Gerais, uma das marcas centrais dessa história.

Palavras-chave: história da psicanálise, Minas Gerais, catolicismo, psiquiatria, educação


ABSTRACT

The purpose of this paper is to present and debate a range of elements of the history of psychoanalysis in Minas Gerais. The author describes a path that started from the first psychoanalytic publication in 1925 and ended in 1963, with the opening of an institution for psychoanalytic training. Throughout this trajectory, the author emphasizes the arrival of psychoanalysis in Minas Gerais as a moment in which references of psychoanalysis circulated freely among psychiatrists, artists, teachers, and priests. It happened between 1925 and 1932, the year in which the Pestalozzi Society of Minas Gerais was founded. This fact marked a significant change in the ways of thinking about psychoanalysis, which, since then, has been considered a specialized area of knowledge. Finally, the author discusses the bases of the first psychoanalytic institution of Minas Gerais, which was founded by a priest and psychoanalyst in 1963. According to the author, it is fundamental to take into consideration the role of Catholicism as the main source of resistance to psychoanalysis. This fact has deeply marked this history.

Keywords: history of psychoanalysis, Minas Gerais, Catholicism, psychiatry, education


RESUMEN

El objetivo de este artículo es presentar y discutir una serie de elementos relacionados a la historia del psicoanálisis en Minas Gerais. Partimos de la primera publicación referente al psicoanálisis, en 1925, y terminamos nuestro recorrido en 1963, con la inauguración de una institución de formación clínica. A lo largo de esa trayectoria, destacamos el momento de la llegada del psicoanálisis a Minas Gerais, cuando referencias al campo psicoanalítico circularon abiertamente entre psiquiatras, artistas, educadores y religiosos. Ese período se sitúa entre 1925 y 1932, año en que se inaugura la Sociedad Pestalozzi de Minas Gerais, marcando una torsión en los modos de concebir el psicoanálisis, visto a partir de entonces como un saber especializado. Finalmente, discutimos las bases de la primera institución psicoanalítica del estado, inaugurada en 1963, por un sacerdote y psicoanalista. Señalamos la importancia de considerar el catolicismo como la principal fuente de resistencia al psicoanálisis en Minas Gerais, una de las marcas centrales de esa historia.

Palabras clave: historia del psicoanálisis, Minas Gerais, catolicismo, psiquiatría, educación


RÉSUMÉ

Cet article a pour but de présenter et de discuter un certain nombre d'éléments liés à l'histoire de la psychanalyse en Minas Gerais. Nous partons de la première publication concernant la psychanalyse, en 1925, et nous terminons notre parcours en 1963, par l'ouverture d'un établissement de formation clinique. Tout au long de ce chemin, nous mettons en évidence l'arrivée de la psychanalyse en Minas Gerais, au moment où les références au champ psychanalytique ont été librement diffusées auprès des psychiatres, des artistes, des éducateurs et des religieux. Cette période est située entre 1925 et 1932, l'année où l'on inaugure la Société Pestalozzi du Minas Gerais, ce qui marque une torsion dans la manière de concevoir la psychanalyse, vue depuis comme un savoir spécialisé. Pour finir, nous discutons les bases de la première institution psychanalytique de l'état, inauguré en 1963 par un prêtre et psychanalyste. Nous soulignons l'importance de considérer le catholicisme comme la source principale de résistance à la psychanalyse en Minas Gerais, ce qui est l'une des caractéristiques majeures de l'histoire de la psychanalyse dans cet état.

Mots-clés: histoire de la psychanalyse, Minas Gerais, catholicisme, psychiatrie, éducation


 

 

Introdução

Com este artigo, apresentaremos uma série de elementos que se inserem no campo da história da psicanálise em Minas Gerais. Partiremos da primeira publicação relacionada ao campo psicanalítico no estado, no ano de 1925, e concluiremos nosso percurso no ano de 1963, com a institucionalização da psicanálise em Minas Gerais.

Ao longo desse percurso, destacaremos várias similaridades com o modo como a psicanálise chegou ao Brasil, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro. No entanto, vale ressaltar que a história da psicanálise em Minas Gerais traz muitas peculiaridades. Reconhecemos isso pelo fato de que, como nos explica Oliveira (2006), a chegada da psicanálise a determinada região é sempre atravessada pelas condições históricas do lugar em questão - políticas, culturais, religiosas e sociais -, imprimindo marcas específicas ao trajeto. Dessa forma, privilegiaremos tanto as similaridades quanto as especificidades da história da psicanálise em Minas Gerais, com relação a outros lugares do país.

Neste trabalho, marcaremos nosso percurso com a estruturação de três períodos, nos quais enfatizaremos as diferentes formas de relacionar a circulação de ideias psicanalíticas com elementos históricos específicos. Num primeiro momento da história da psicanálise em Minas Gerais, destacamos as estratégias de difusão das ideias psicanalíticas em meios distintos mas relacionados, momento que situamos entre os anos de 1925 e 1932. Após esse período de leituras abertas e de intensa difusão de ideias freudianas em meios de comunicação, segue-se uma época na qual observamos a psicanálise se estabelecer como um saber especializado, época que demarcamos entre os anos de 1932 e 1963. Por fim, destacamos o ano de 1963 como aquele no qual a psicanálise se institucionalizou em Minas Gerais, por meio de Malomar Lund Edelweiss, padre e psicanalista que transmitia esse saber a partir de coordenadas distintas daquelas propostas pela Associação Psicanalítica Internacional (IPA).

Como demonstraremos com este texto, a história da psicanálise em Minas Gerais, dos primeiros tempos à institucionalização, foi atravessada diretamente pelas referências religiosas tão em voga no estado. Não sem motivos, ela se institucionalizou por meio de um padre e psicanalista, com uma formação que articulava Freud e os princípios do existencialismo cristão. Assim, consideramos que a religião católica exerceu grande efeito sobre a chegada e o posterior trajeto da psicanálise em Minas Gerais, dando-lhe um caráter peculiar em relação a outros estados.

 

Os primeiros tempos da psicanálise em Minas Gerais: a difusão das ideias freudianas entre 1925 e 1932

Definimos o período relacionado aos primeiros tempos da psicanálise em Minas Gerais como tendo início com a primeira publicação sobre o tema. A partir daí, a difusão das ideias psicanalíticas foi intensa, com o nome de Freud circulando em revistas modernistas, aulas de medicina, textos católicos e eventos educacionais. Tal como ocorreu em outros estados, a psicanálise chegou a Minas Gerais por meio de médicos e modernistas interessados em elementos do pensamento freudiano para o enriquecimento de projetos próprios. Entre uma psiquiatria fortemente influenciada pelo Rio de Janeiro e grupos modernistas próximos do movimento paulista, esse encontro ganhou, em Minas Gerais, contornos específicos. Buscaremos apresentar aqui uma série de elementos que caracterizam a particularidade desse percurso.

O marco inicial da história da psicanálise em Minas Gerais é a publicação de um texto intitulado "Sobre a psycho-analyse" (1925),1 do psiquiatra Iago Pimentel, em um periódico modernista, A Revista, editado por Carlos Drummond de Andrade. Definindo seu objetivo como apresentar, em breves palavras, o que seria o núcleo do projeto freudiano, Pimentel demonstra erudição ao falar dos traços gerais da psycho-analyse:

Freud tem uma concepção dynamica da vida psychica, que ele considera como um systema em evolução de forças antagonistas e componentes; só uma pequena parte dessas forças constitue o consciente do indivíduo, em opposição a outra parte, o inconsciente, composto de elementos muito mais numerosos e, sobretudo, muito mais activos no determinismo da actividade mental. (p. 14)

Partindo dessa discussão do que seria a psicanálise, Pimentel apresenta um projeto de tradução de textos freudianos, do alemão para o português, sendo esse o primeiro empreendimento brasileiro nesse sentido. No entanto, apenas o início da tradução das Cinco lições de psicanálise chegou a ser publicado no número seguinte d'A Revista, visto que o periódico contou apenas com mais uma edição.

O fato de um psiquiatra publicar esse texto em um periódico modernista nos aponta uma especificidade histórica sobre a história da psicanálise em Minas Gerais. Estamos nos referindo à relação dos psiquiatras com os modernistas mineiros. Quanto a isso, Pedro Nava, modernista e médico formado em Belo Horizonte nos anos 1920, nos indica que "Galba Velloso frequentava muito o nosso Grupo Estrela, sempre com seu inseparável amigo Iago Pimentel" (1978, p. 381).

Galba Velloso, cabe lembrar, era um psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina de Minas Gerais, que discutia elementos da psicanálise em suas aulas. Como novamente nos atesta Nava, comentando sua formação médica nos anos 1920, "tinha lido alguma coisa do bruxo de Viena - La psychopathologie de la vie quotidienne, Totem et tabou, Introduction à la psychanalyse" (1983, p. 214). Em outro momento, Nava assinala a decisiva influência de Galba Velloso para a difUsão das ideias psicanalíticas no meio médico mineiro: "foi do Galba que ouvimos os primeiros ensinamentos sobre o valor da psicanálise como recurso de indagação psicológica e a profunda revolução que Freud e seus seguidores representavam para a psiquiatria" (1978, p. 381). Tais indicações apontam para uma leitura da obra freudiana, por parte de psiquiatras, na qual a psicanálise aparece mais como elemento de enriquecimento de projetos médicos do que como uma área descolada da medicina.

Desse modo, a relação entre psiquiatras e modernistas em Minas Gerais se mostra digna de nota. Isso porque, se em São Paulo e no Rio de Janeiro ambos os grupos apresentavam projetos distintos de leitura da psicanálise, em Belo Horizonte essa tensão não existia tão abertamente, visto que os interessados em Freud habitavam os mesmos espaços, sobretudo o Café Estrela.

Quanto ao modernismo mineiro, vemos emergir uma leitura de textos freudianos em consonância com a perspectiva apresentada e construída em São Paulo. Cabe destacar que, para os modernistas brasileiros, com relação às suas leituras de textos freudianos, não se trata "de uma adesão à doutrina psicanalítica, mas de uma apropriação livre de alguns dos conceitos freudianos sem nenhuma filiação ou preocupação teórica" (Oliveira, 2006, p. 66). Essa afirmação encontra eco em Minas Gerais, o que é atestado pelos grupos modernistas que ganharam espaço no estado.

Um desses grupos, localizado na pequena cidade mineira de Cataguases, teve repercussão a partir da organização de uma revista própria, a Verde, e contou com publicações ligadas à psicanálise, como o texto "O papel do instinto no mundo atual: Freud" (Lopes, 1928). Outro exemplo pode ser dado com o periódico Leite Criôlo, criado em Belo Horizonte em 1929 e que contou com textos como o de João Alphonsus intitulado "De Negra Fulô a Freud" (Martins Filho & Cabral, 2012). Como ocorria em outros locais, os modernistas mineiros se utilizavam da psicanálise como uma ferramenta a mais para a sua reflexão acerca da estrutura social brasileira.

Conforme temos visto, as ideias psicanalíticas circularam em Minas Gerais de maneira semelhante ao que acontecia em outros estados, embora com traços específicos. No entanto, podemos demarcar claramente um movimento de resistência à circulação desse conjunto de ideias no estado. Como nos atesta Oliveira (2006), o trunfo da psicanálise, quando de sua chegada ao Brasil, foi ser concebida como uma teoria pansexualista, ou seja, uma proposta que lia no sexo e na sexualidade o cerne do espírito humano. Reconhecer o papel da sexualidade infantil e adulta em formas de adoecimento ou destacar o papel do sexo na construção de uma identidade nacional - marcas das leituras psiquiátricas e modernistas da época - despertou um intenso mal-estar em um conjunto de intelectuais e militantes vinculados ao catolicismo, o que rendeu ao nome de Freud uma série de críticas e hostilidade.

Um dos melhores exemplos disso é um opúsculo escrito por Alceu Amoroso Lima (sob o pseudônimo de Tristão de Athayde), um dos principais intelectuais católicos do país. Esse texto, intitulado Freud, foi publicado no Rio de Janeiro e contou com intensa circulação em Minas Gerais. Nesse trabalho, o autor vê em Freud alguém que definiu o homem como uma criatura de instintos, havendo "a predominância do instinto sexual, não só sobre os demais instintos, mas ainda sobre toda a vida consciente do indivíduo" (Lima, 1929, p. 10). Marcando uma intensa animalização do homem, Lima afirma que "nenhum pensador contemporaneo ousou expor, com tanta audacia, as theorias mais repugnantes ao que havia de mais delicado, de mais intangível na alma dos homens: a pureza do sentimento filial e o respeito pela inocência infantil. Freud ousou" (p. 31).

Com esse exemplo, ilustramos a intensa resistência à circulação das ideias psicanalíticas no Brasil por parte de intelectuais católicos, sendo essa resistência uma das marcas constitutivas da história da psicanálise em Minas Gerais. Entre leituras médicas e resistências católicas, vemos emergir um posicionamento surpreendente nesse estado, representado pelo médico e professor Washington Pires. A concepção psicanalítica de Pires, que discutia as psico-neuroses em suas aulas, pode ser ilustrada com sua fala na 2.ª Conferência Nacional de Educação, ocorrida em Belo Horizonte, no ano de 1928.

Com efeito, a estrutura da comunicação de Pires nesse evento surpreende pelo tom conciliador: consegue apresentar uma narrativa médica recheada de elementos da psicanálise, com um pano de fundo claramente inspirado no catolicismo. Um ponto que se destaca nessa comunicação é o acontecimento que o levou a estudar a psicanálise. Narrando um atendimento clínico, ele descreve uma senhora em vias de ficar cega, que busca saber como sonhar mais coisas bonitas. Esse evento o comoveu a tal ponto, que, como afirma, "eu me resolvi a estudar o mistério do sonho, e por aí foi que me fiz um praticante da psicanálise. E estudei a história da psicanálise, a Bíblia" (Silva, 2004, p. 111). Seguindo essa linha de pensamento, Pires desenvolve sua fala em torno de elementos bíblicos e psicanalíticos: comenta, por exemplo, o mito do nascimento de Eva, o surgimento do seu narcisismo, seus sonhos interpretados por Adão, e faz uma comparação entre a história de Caim e Abel e a discussão desenvolvida por Freud em Totem e tabu (1913/1996). Sempre destaca, porém, a importância de serem desconsiderados os exageros da doutrina psicanalítica, referindo-se à sexualidade (Santos, 2016).

Consideramos a narrativa de Washington Pires um dos grandes exemplos de como a religião católica operou resistências e atravessou leituras da psicanálise em Minas Gerais. Se em Minas modernistas e psiquiatras conviveram pacificamente, o conflito se organizou em torno das relações entre leitores de Freud e intelectuais católicos, sendo algo que conduziu à formação de enunciados específicos. Vale destacar que tais enunciados, longe de serem isolados, emergem como uma constante na história da psicanálise em Minas Gerais, tendo operado desde a sua chegada até o momento da sua institucionalização.

 

A psicanálise no campo das especialidades e suas relações com o catolicismo

Os anos 1930 foram marcantes para a história da psicanálise no Brasil. Tendo os modernistas se afastado dessa disciplina (Facchinetti & Ponte, 2003), vemos o discurso médico-pedagógico tornar-se o responsável pelo espaço no qual a psicanálise passa a circular a partir de então. Com o movimento político que acompanhou o golpe de Estado operado por Getúlio Vargas, que conduziu o país a uma ideologia nacional-desenvolvimentista, a infância passou a ser cada vez mais concebida como um espaço privilegiado de cuidados, tanto no quesito da saúde quanto no da formação técnica. Essa mudança política afetou os estudiosos da psicanálise de variadas formas, visto que, "como muitos intelectuais brasileiros de diferentes convicções políticas, psicanalistas viram a oportunidade de sua própria disciplina ocupar espaço, e não hesitaram em seguir essa agenda para seus próprios fins" (Oliveira, 2012, p. 115).

Nessas condições, as formas de conceber a psicanálise tiveram que ser repensadas. Se antes as leituras de Freud eram constantemente fundadas na noção de pansexualismo, a partir desse momento houve "um deslocamento da temática sexual para um discurso de base psicológica centrado nos desvios e normas de comportamento, investindo agora na chamada criança-problema" (Oliveira, 2014, p. 65). Sem espaço para abordar a sexualidade infantil nas escolas, operou-se essa torção no modo de ler e discutir Freud. Como exemplo disso, podemos destacar o trabalho das Clínicas de Orientação Infantil, tanto no Rio de Janeiro, a partir de 1934, quanto em São Paulo, iniciado em 1938.

Em Minas, essa mudança teve como efeito a inauguração da Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais, em 1932. Tal instituição, que tinha a educadora Helena Antipoff como diretora e principal referência, apresentava como objetivo justamente a pesquisa e o ensino de práticas relacionadas a um projeto de infância saudável, tendo como foco o tratamento das "crianças excepcionais" (Jacó-Vilela, 2011, p. 439).

Entre as concepções educacionais e a condução das práticas organizadas na Sociedade Pestalozzi, vemos a psicanálise atravessar os fundamentos do trabalho não como uma disciplina autônoma, mas como uma ferramenta a serviço da educação: "não se educam os instintos mediante a repressão: a educação tem a seu serviço processos conhecidos, sob o nome de canalizações, desvios, sublimações, objetivações, que provam melhor que os da disciplina autoritária" (Antipoff & Assumpção, 1930/2002, p. 156). Esse trecho nos mostra que noções psicanalíticas permeavam a maneira de pensar a educação, o que se refletia diretamente no modo de organização das práticas pedagógicas:

o trabalho manual das oficinas não serve apenas para ocupar o tempo e evitar a ociosidade, nem tampouco para escoar somente as energias num rude esforço muscular, mas serve para sublimar as tendências e as forças instintivas desses rapazes, transformando-as em meios para produzir não só coisas úteis como belas. (Antipoff, 1933/1992, p. 18)

Os trabalhos de Helena Antipoff à frente da Sociedade Pestalozzi nos mostram que a psicanálise, nos anos 1930, seguiu a tendência nacional de se aliar a discursos voltados à infância, na condição de ferramenta educacional. Esse foco na infância foi seguido por diversos médicos e pedagogos mineiros, agora no lugar de especialistas. É o caso do próprio Iago Pimentel, que publicou, em 1932, um livro no qual defendia a psicanálise como uma ferramenta fundamental para o tratamento de crianças excepcionais, bem como uma parte essencial da educação geral, inspirando-se em conceitos como recalque e sublimação.

Cabe assinalar aqui um aspecto importante da história da psicanálise em Minas Gerais durante esse período, em comparação com outros lugares. Estamos nos referindo ao crescente interesse, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro, em estruturar uma instituição psicanalítica nos moldes da ipa. Esse movimento - que trouxe a São Paulo a analista didata Adelheid Koch, em 1936, e os didatas Mark Burke e Werner Kemper ao Rio de Janeiro, nos anos 1940 - não se consolidou em Minas Gerais. Nesse estado, a psicanálise continuou a operar como uma ferramenta a mais a serviço da psiquiatria, situando-se como um saber psicológico voltado para o tratamento de psiconeuroses, sem que se buscasse a sua institucionalização com uma formação específica. Desse modo, o pouco esforço na tentativa de institucionalizar a psicanálise não surtiu o efeito esperado em terras mineiras.

Isso é o que podemos depreender dos diversos trabalhos escritos e publicados em Minas Gerais entre os anos 1930 e 1950. Autores como Galba Velloso, Clóvis Alvim, Austregésilo Ribeiro de Mendonça, Lopes Rodrigues e mesmo Iago Pimentel passaram a discutir cada vez mais o lugar da psicanálise no interior das práticas médicas e psicológicas especializadas, sendo ela consolidada como um método de tratamento das neuroses. A esse respeito, Clóvis Alvim sustenta que

o psiquiatra deve ser antes de tudo um médico; mas um médico livre dos preconceitos organicistas, orientando a sua formação nos princípios da psicologia dinâmica, da psicopatologia no seu melhor sentido. Não esposamos também a tese referente à formação de psicanalistas leigos, considerando inconcebível que exerçam a clínica indivíduos inteiramente alheados da prática médica. Da mesma forma que o psiquiatra deve ser médico, o psicanalista deve ser obrigatoriamente psiquiatra. (1956, p. 145)

Outro movimento digno de nota, ocorrido em Minas Gerais durante esse período, é aquele que girou em torno de Karl Weissmann. Nascido na Áustria, Weissmann veio ao Brasil ainda jovem e entrou em contato com a psicanálise por meio de Gastão Pereira da Silva, no Rio de Janeiro. Ao chegar a Belo Horizonte, em 1932, ele se tornou um famoso autor de textos relacionados à psicanálise - a ponto de receber uma carta de Freud em 1938 -, sendo cada vez mais reconhecido na cena intelectual mineira. Esse movimento teve como ponto alto os anos 1950, quando Weissmann despontou como um grande hipnotista e especialista em psicanálise, sendo até mesmo contratado para trabalhar em uma penitenciária com o tratamento psicológico dos reclusos.2

Outra característica importante que podemos atribuir a Weissmann relaciona-se com o fato de que foi ele quem apresentou a psicanálise a Leão Cabernite, polêmico e importante psicanalista brasileiro, quando este ainda cursava medicina em Belo Horizonte. Além disso, Weissmann, apesar de suas raízes judaicas, foi um grande amigo de Werner Kemper, antigo membro do Instituto Göring.3 Dessa relação surgiu uma tentativa de elaborar uma instituição vinculada à IPA em Minas Gerais, mas tal projeto não seguiu adiante. Com Karl Weissmann, mais uma vez a figura do intelectual especialista em psicanálise se fez valer em Minas Gerais, entre os anos 1930 e 1960.

Um ponto de suma importância que devemos destacar aqui se refere ao fato de que, circulando entre intelectuais e especialistas, a psicanálise se afastou das discussões sociais, voltadas à moral e ao pansexualismo, tão em voga quando da sua chegada ao Brasil. Estando aliada a estratégias de construção de uma infância saudável e sendo vista mais como uma ferramenta educacional e psiquiátrica, seu uso se deslocou do plano sexual para os conceitos de sublimação e recalque, por exemplo.

Um efeito direto disso foi o apaziguamento das críticas advindas dos intelectuais religiosos, que passaram a ver na psicanálise não mais uma ameaça à moral familiar, mas uma ferramenta a serviço de dispositivos psiquiátricos e pedagógicos. Isso pode ser claramente ilustrado com trabalhos publicados por Alceu Amoroso Lima durante esse período. Antes um ferrenho crítico da psicanálise, tornou-se muito mais brando a partir do momento em que reconheceu um descolamento do nome de Freud da perspectiva pansexualista. Em O existencialismo e outros mitos do nosso tempo, Lima afirma:

Os três caminhos de Freud foram, como se sabe - o pan-sexualismo, o sonho e o subconsciente. Sob a variada camada de sugestões levantadas pelo grande psicólogo vienense, são êsses os três pontos pelos quais ia lançar grande parte do pensamento moderno. O sonho e o subconsciente, a sua importância para a compreensão dos fenômenos da psicologia, não só anormal como normal, vieram enriquecer grandemente a cultura moderna, mas não alcançaram, nem de longe, o êxito do terceiro roteiro: o único dos três que chegou a cristalizar-se e a generalizar-se de tal forma que se impôs, finalmente, como um dos mitos mais patentes dos nossos dias. (1956, pp. 213-214)

Podemos observar, a partir do pensamento desse autor tão influente em Minas Gerais, o quanto a intelectualidade católica se afastou do teor crítico com relação a Freud e à psicanálise, quando esta deixou de ser vista como uma teoria pansexualista. No caso mineiro, vista como um saber especializado entre o ano de 1932 e o início da década de 1960, a psicanálise deixou de ter oposição por parte dos católicos, desde que não tocasse em assuntos fundamentais ao catolicismo, como a sexualidade infantil ou a moral sexual. Assim é que sublinhamos esse segundo momento da psicanálise em Minas Gerais, novamente atravessado pelas coordenadas históricas do estado - sobretudo as relacionadas ao catolicismo. Passaremos agora para o momento de institucionalização da psicanálise em Minas Gerais, que não deixou de ser, novamente, permeado por questões religiosas.

 

Padre ou psicanalista? Malomar Lund Edelweiss e as origens do Círculo Brasileiro de Psicologia Profunda de Minas Gerais

O ano de 1963 representou um grande marco para a psicanálise em Minas Gerais. Isso porque foi em abril desse ano que a psicanálise se institucionalizou no estado, tornando possível a sua transmissão a partir de um conjunto próprio de referências, descolado da lógica médico-universitária.

Uma das características fundamentais desse processo é sua diferença em relação ao que ocorria em outros lugares do país. Com efeito, os anos 1960 se iniciaram com instituições vinculadas à IPA consolidadas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Já em Minas Gerais, as possibilidades de formalização e transmissão da psicanálise pela clínica passaram por outras vias, uma vez que esse processo também foi atravessado pelo catolicismo, por ter sido coordenado por Malomar Lund Edelweiss, um psicanalista que também era padre.

A formação psicanalítica de Malomar seguiu um curso pouco usual no quadro da história da psicanálise no Brasil. Formado em teologia, direito e filosofia, era também padre, e chegou a ser diretor da Faculdade Católica de Filosofia de Pelotas em 1952. Poucos anos depois, ele foi à Europa estudar religião, onde buscou ainda uma formação em psicanálise. Assim, foi a Viena e se aproximou de Igor Caruso, autor que havia rompido com a perspectiva de formação em psicanálise vinculada à IPA para buscar "uma assimilação da psicanálise na grande tradição ocidental da conduta da alma e era insistente na direção de uma filosofia antropológica de bases cristãs" (Huber, 1981, p. 6).

Igor Caruso trabalhava, à época, em torno de uma concepção de psicanálise que havia suprimido a importância do papel da sexualidade, colocando o foco em uma perspectiva muito mais favorável para a almejada base cristã. A respeito de Caruso, Mendes comenta:

Nessa época, seus escritos dão a perceber uma crítica que se dirige mais consistentemente à "visão de homem" delineada pela teoria freudiana, particularmente através da teoria das pulsões. A ela se contrapõe uma visão da totalidade da pessoa humana e particularmente de uma hierarquia de valores, na qual os valores religiosos e a crença e a fé em Deus ocupam o lugar primordial. (2013, p. 48)

Essa citação aponta as principais diferenças entre o pensamento de Igor Caruso e o de Freud. Como temos demonstrado ao longo do texto, as noções desenvolvidas na psicanálise a respeito do sexual despertaram resistências por parte do catolicismo em Minas Gerais. Em razão dessas divergências, surgiu o esforço de suprimir o caráter sexual do psiquismo humano, marcado fundamentalmente por pulsões eróticas, para situar aí elementos da moral católica. Ou seja, retirou-se o foco justamente daquilo que incomodava, a saber, o sexual, possibilitando alocar nesse espaço vazio um conjunto de referências mais palatáveis ao catolicismo, como a crença e a fé em Deus. A psicanálise, então, torna-se "centrada em valores místicos que viam a 'superação da neurose' no momento do encontro com Deus e a fé religiosa" (Amoretti, 1993, p. 135).

Essa discussão sobre os fundamentos do pensamento carusiano é essencial aqui por ter sido com Caruso que Malomar fez sua formação psicanalítica e por ter sido a partir desse fato que a psicanálise se institucionalizou em Minas Gerais. Em Viena, Caruso havia formalizado uma instituição de formação em psicanálise - o Círculo Vienense de Psicologia Profunda - com bases muito distintas daquelas adotadas pela ipa, e foi justamente a perspectiva carusiana que chegou a Minas em 1963, com Malomar e o Círculo Brasileiro de Psicologia Profunda de Minas Gerais. Essa instituição, porém, no fim dos anos 1960, mudou de nome, passando para Círculo Psicanalítico de Minas Gerais, e afastou-se do pensamento de Malomar e de Caruso. A IPA chegaria a Minas Gerais apenas em 1993, de modo que o Círculo foi a principal instituição de formação psicanalítica do estado até os anos 1990.

 

Conclusão

Ao longo deste artigo, apresentamos uma série de elementos relacionados à história da psicanálise em Minas Gerais, buscando compará-la com a de outros estados brasileiros. Demonstramos que um dos principais fios condutores desse percurso foi a força da religião católica em terras mineiras, tendo esta operado resistências e levado a torções de grandes efeitos para a psicanálise em Minas Gerais. Pensando no papel fundamental do catolicismo para a história da psicanálise no estado, trazemos aqui um livro escrito por Dom Antônio DAlmeida Moraes Júnior (personagem com grande influência no catolicismo brasileiro e mineiro no século XX), intitulado A doutrina de Freud (1942/1959).4

Com esse trabalho, vemos Dom Antônio discutir o pensamento freudiano a partir de três chaves de leitura distintas: a moral, a psiquiatria e a clínica. A primeira delas seria, para o autor, fruto de um grande equívoco de Freud, operado a partir do momento em que ele deixou o campo das neuroses para se dedicar a questões sociais. Nessa perspectiva, Dom Antônio considera a psicanálise uma disciplina condenável e equivocada, por discutir elementos morais e sociais da humanidade. Segundo ele, "não podemos deixar de protestar contra o uso de um método não só falho de sólido fundamento científico, mas também causa de deploráveis consequências morais e pedagógicas" (p. 77).

A segunda dessas chaves de leitura, que apresenta Freud como um ilustre psiquiatra, aponta o criador da psicanálise como um autor de grande interesse científico, desde que restrito ao campo do tratamento das psiconeuroses - desde que a psicanálise seja limitada a "um processo terapêutico na cura da histeria e outras desordens mentais" (p. 10)

Por fim, Dom Antônio aponta a psicanálise como uma ferramenta clínica desejável e altamente indicada, não apenas como um método psiquiátrico voltado para o tratamento das neuroses, mas como uma atividade digna de elevação de todo o espírito humano, desde que satisfeitas algumas condições. Tais condições seriam responsabilidade de intelectuais católicos, competindo a eles "integrar os fatos revelados por Freud numa síntese digna de seu qualificativo de católica" (p. 86). A partir desse momento, mais do que conceber Freud como um autor possível para a psiquiatria, o que vemos é um verdadeiro esforço de articulação da psicanálise com elementos do catolicismo. Nessas condições, comentando a importância de praticar a psicanálise aliada ao catolicismo, o autor afirma:

É certo que o doente, de cujo complexo se libertou, é muito mais débil que aquêles que não sofreram qualquer recalque. Sendo muito mais fraco, depois de conhecido o seu conflito interior, terá muito mais dificuldade de superar seus instintos. Dêsse modo, o analista deverá assumir o papel de um verdadeiro diretor espiritual. (p. 88)

Acompanhamos com interesse as três distintas chaves de leitura propostas por Dom Antônio para pensar a psicanálise, visto que elas seguem de perto a história desse saber em Minas Gerais, a partir das suas relações com o catolicismo. Em um primeiro momento, voltado para discussões sociais e morais - com os modernistas -, a psicanálise foi intensamente criticada pelos católicos. Em um segundo momento, voltado para a psiquiatria e para o tratamento das neuroses, sendo Freud visto como um ilustre psiquiatra, a psicanálise circulou com grande liberdade entre saberes especializados e as críticas católicas se abrandaram consideravelmente. Por fim, concebida como uma proposta clínica consequente de uma síntese com o catolicismo operada por analistas católicos, a psicanálise seria digna de respeito e até mesmo indicada, o que de fato ocorreu em terras mineiras, por meio de Malomar e do Círculo Brasileiro de Psicologia Profunda de Minas Gerais. Não sem motivos, como principal exemplo dessa possível - e catolicamente desejável - articulação, Dom Antônio cita justamente Igor Caruso e seus esforços de conciliação entre a psicanálise e a moral cristã.

 

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Correspondência:
Rodrigo Afonso Nogueira Santos
Rua Abadia dos Dourados, 51, ap. 2
05586-030 São Paulo, SP
Tel.: 11 98422-7709
rodrigoafonsons@gmail.com

Recebido em 14.09.2017
Aceito em 28.09.2017

 

 

1 Por ser este um trabalho que parte do reconhecimento fundamental da fonte primária como condição da escrita histórica, nos utilizaremos da grafia original nas citações, sem adequações ao uso atual da língua.
2 Vale ressaltar que Karl Weissmann era um autodidata em assuntos psicanalíticos e que ele nunca chegou a se filiar a qualquer instituição, vinculada à IPA ou não.
3 Instituto Goring era o nome mais conhecido do Instituto Alemão de Pesquisa Psicológica e Psicoterapia, principal centro de estudo e difusão dos conhecimentos PSI durante o período da Alemanha nazista (Frosh, 2005).
4 À época da escrita desse livro, Dom Antônio era arcebispo de Olinda e Recife, membro da Academia Mineira de Letras, do Instituto de Direito Social de São Paulo e do Instituto Arqueológico de Pernambuco e membro honorário do Instituto Brasileiro de História da Medicina.

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