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Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.52 no.2 São Paulo Apr./June 2018

 

OUTRAS PALAVRAS

 

Complexo de castração em tempos de novas configurações

 

Castration complex in times of new configurations

 

Complejo de castración en tiempos de nuevas configuraciones

 

Complexe de castration en temps de nouvelles configurations

 

 

Ignácio Alves Paim Filho

Psicanalista, membro pleno do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre (CEPdePA), membro titular da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPdePA), professor convidado da pós-graduação em psicologia clínica da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e da Universidade de Passo Fundo (UPF)

Correspondência

 

 


RESUMO

As ideias aqui desenvolvidas visam exercitar um pensamento sobre o complexo de castração, conceito secular da metapsicologia freudiana, em seu vínculo com o pulsional: morte e vida. O objetivo é estabelecer um diálogo com as novas configurações, que vêm produzindo diversas e inquietantes roupagens, desafiando as soluções até então fixadas pela ordem social. Diante desse contexto, busca-se refletir a respeito da pertinência desse complexo - em sua intrínseca relação com o complexo de Édipo - como organizador por excelência da psique e, por conseguinte, da cultura.

Palavras-chave: castração, Édipo, pulsão, novas configurações


ABSTRACT

The author develops ideas in this thought-provoking article about the castration complex and its connection with the life and death drive. Castration complex is a fundamental concept of Freud's metapsychology. The author's purpose is to establish a dialogue with new configurations. These configurations have resulted in diverse and disturbing forms, which have challenged the solutions so far set by social order. In this context, the author attempts to think about the relevance of the castration complex - in its intrinsic relation to the Oedipus complex - as an organizer par excellence of the psyche and, therefore, of the culture.

Keywords: castration, Oedipus, drive, configuration


RESUMEN

Las ideas aquí desarrolladas apuntan a ejercitar un pensamiento sobre el complejo de castración, concepto secular de la metapsicología freudiana, en su vínculo con el pulsional: muerte y vida. El objetivo es establecer un diálogo con las nuevas configuraciones, que están produciendo diversos e inquietantes caminos, desafiando las soluciones establecidas por el orden social. Ante este contexto, el texto busca reflexionar sobre la pertinencia de este complejo - en su intrínseca relación con el complejo de Edipo - como organizador por excelencia de la psique y, por consiguiente, de la cultura.

Palabras clave: castración, Edipo, pulsión, configuración


RÉSUMÉ

Les idées développées dans cet article ont pour but de réfléchir sur le complexe de castration, ancien concept dans la métapsychologie freudienne, dans son lien avec le pulsionnel: la mort et la vie. L'étude instaure un dialogue avec les nouvelles configurations, lesquelles soulèvent des questions diversifiées et perturbatrices, qui défient les solutions établies par l'ordre social. Dans ce contexte, ce texte évalue la pertinence de ce complexe - dans sa relation intrinsèque avec le complexe d'OEdipe - en tant qu'organisateur, par excellence, de la psyché et donc de la culture.

Mots-clés: castration, OEdipe, pulsion, configuration


 

 

A morte é a companheira do amor - juntos eles regem o mundo. Agora sabemos que a morte é igualmente importante.

(Sigmund Freud)

A temática desenvolvida neste escrito traz consigo vários desafios de nos havermos com a dualidade fundante do sujeito e do meio cultural: morte e vida, dois fatores que, em sua inter-relação, desenham a cartografia do humano. Tal ideia é corroborada pelo pensamento freudiano - este que tem por caraterística central o princípio de se inquietar com as soluções vigentes, redirecionar o olhar para o problema, e indicar novas saídas - ao propor, em 1920, o postulado do acontecer psíquico como resultante da tensão entre pulsão de vida e pulsão de morte.

Acredito que essa nova concepção de Freud também se deva ao que as novas configurações das décadas de 1920 e 1930 o instigam: refletir sobre o mal radical no homem (Garcia-Roza, 1990). Por exemplo: na clínica, a compulsão à repetição, os sonhos traumáticos, a reação terapêutica negativa e as neuroses de guerra; na cultura, as ressonâncias da Primeira Guerra Mundial, os prenúncios da agudização dos movimentos antissemitas e o surgimento de regimes totalitários e xenófobos, os quais, como sabemos, culminam na Segunda Guerra Mundial. Nessa mesma época, o mundo entra no ritmo célere dos loucos anos 1920, um movimento de ruptura, que estabelece mudanças comportamentais significativas. Seu epíteto, loucos, já denuncia sua marca fundamental, poder ousar em busca de novas formas de exprimir o modo de pensar e de viver - maior liberdade para o desejo de se expressar. Temos amostras desse processo no florescer do cinema, na literatura e na música; no âmbito social, amplamente falando, pela possibilidade de as mulheres se aproximarem do universo masculino com maior grau de simetria. Esse contexto sociocultural é representado, emblematicamente, pelo surrealismo na França e pelo movimento modernista no Brasil. Ao mesmo tempo, o centro econômico do mundo deixa de ser o continente europeu, devastado pela guerra, e passa a ser os Estados Unidos, com suas promessas de felicidade plena.

Contudo, esse furor hedonista de desfrutar intensamente a vida após a morte "vivida" na guerra sofre um nocaute. No final da década, ocorre a quebra da bolsa de Nova York, cujo efeito transpõe o continente americano e põe o mundo em estado de alerta quanto a outras formas de apresentação da destrutividade do bicho-homem. Roudinesco assinala que Freud estaria convencido de que "a busca imoderada das riquezas era tão perigosa quanto a submissão à tirania" (2016, p. 447).

O território psicanalítico, em sintonia com seu tempo, adquire maior amplitude, insere-se em outros continentes, amplia seu raio de ação de Viena para a Europa e, em especial, para a América. Paralelamente, vive conflitos internos, com dissidências e disputas acirradas entre seus membros, o que encena a força e a destrutividade entre esses filhos da horda. Em consonância com os acontecimentos no cenário mundial, ao fim da primeira década do século XX, as mulheres, a princípio de forma acanhada, começam a fazer parte de suas fileiras; a partir dos anos 1920, surge uma nova configuração, e as mulheres passam a ocupar um lugar de proeminência no movimento psicanalítico, elaborando sistemas de pensamento próprios (Roudinesco, 2016) e desacomodando a soberania do saber masculino, fato que torna a psicanálise uma das precursoras na inserção das mulheres no mundo científico.

Essa conjuntura, com sua efervescência, é decisiva para Freud seguir trabalhando sobre a construção da masculinidade, as particularidades da feminilidade e seus desdobramentos na constituição do ser, em especial a partir dos anos 1930. A pergunta "O que quer uma mulher?" (Freud, 1925/1969a, p. 304) deixa em aberto a possibilidade de um questionamento mais amplo: o que querem homens e mulheres consigo e com a ordem cultural em que estão inseridos, enquanto sujeitos portadores de um inconsciente, que alberga em suas entranhas a força do desejo incestuoso e parricida? Essa ordem cultural, como já observado, é marcada pela intolerância à diversidade, num jogo perigoso entre a morte e a vida, potencializado pelo narcisismo das pequenas diferenças (Freud, 1930/1969i).

As soluções encontradas pelo estado social vigente nas primeiras décadas do século XX retratam seu mal-estar e a necessidade de um questionamento que leve a novas formas de problematizar e a novas saídas - o mais além do desejo e do sexual, com seu universo desejante, com suas implicações em homens e mulheres em sua interação com o coletivo. Consonante com essas inquietudes, Freud - desbravador da alma humana - promove mais um revés na concepção do sujeito moderno, introduzindo a destrutividade, em 1920, no cerne da psique, juntamente com a sexualidade infantil, abordada em 1905.

Nesse sentido, é importante recordar que essa mudança, que amplia os recursos metapsicológicos em vigor, se propõe a ir além do princípio do prazer/desprazer - considerado guardião exclusivo da vida psíquica -, o que significa questionar a sua supremacia, centrada na ideia do desprazer como ausência de prazer. Até então era impensável a ideia de um desprazer originário, da dor pela dor. Essa proposição, que tem seu marco fundante na chamada virada de 1920, estrutura-se no decorrer de 10 anos, atingindo magnitude em 1930, momento de assunção do postulado da pulsão de morte, compreendida como disposição autônoma, a pulsão por excelência. Freud fala explicitamente da importância da ubiquidade e da destrutividade não erótica na constituição do sujeito e da ordem social: "a inegável existência do mal" (Freud, 1930/1969i, p. 142), a instauração da morte da alma, que permite pensar além da morte biológica, a morte da psique, a morte do desejo.

Abastecido por esse cenário, com sua sustentação para as configurações sociais e individuais do século XX, sinto-me amparado para me debruçar sobre as novas configurações que fazem a história de nossa época. Estas podem ser compreendidas sob a ótica das múltiplas formas de constituição da sexualidade infantil, que determinam diferentes maneiras de apresentação do peculiar jeito de ser de cada sujeito, do estrutural ao psicopatológico. Por esse caminho, entendo que vivemos um tempo que solicita a ressignificação - reinscrever a história - das velhas configurações, cujo modelo emblemático é a família heteroparental e seus valores heteronormativos, e simultaneamente demanda a significação - inscrever a história - das novas configurações: famílias homoparentais, casais homoafetivos, transexuais etc.

Com tal concepção em mente, a passagem do tempo e suas velhas/novas configurações, no decorrer deste texto, exercito um diálogo com o enigmático complexo de castração, que "inibe e limita a masculinidade e incentiva a feminilidade" (Freud, 1925/1969a, p. 318), o que faz dele um fator decisivo na estruturação do mundo anímico e, por conseguinte, da civilização. Por meio de um olhar transversal e longitudinal, busco averiguar a pertinência desse complexo na contemporaneidade, momento histórico que propõe a supremacia do saber da consciência em detrimento do estrangeiro que nos habita, com suas inequívocas tendências masoquistas (Freud, 1920/2006). Nossa época se caracteriza, por exemplo, pela expressão "Ele(a) escolheu ser menino(a)". Escolheu? Retorno a essa questão mais adiante.

Cabe destacar que compreendo o mal como tudo aquilo que produz rupturas na homeostasia psíquica - desestabilizando o status quo -, não estando envolvido um juízo de valor, diferentemente do que ocorre com seu homônimo, o adjetivo mau. O substantivo mal remete a um estado anímico de turbulência, "como um princípio, isto é, como algo que está presente a cada momento regendo cada começo" (Garcia-Roza, 1990, p. 155). Em relação à homeostasia, parece-me que as novas configurações de hoje, como as do século passado, estão fazendo seu papel: cumprem uma missão disruptiva, que o novo, permeado pelo conhecido desconhecido, com seus estranhamentos, desvela. Tendo por guia o pensar freudiano - da solução ao problema -, lancemos um olhar para algumas manifestações dessas configurações, ou melhor, soluções.

Nosso tempo tem sido pródigo em produzir diversas e inquietantes configurações, que determinam diferentes modos de expressão. Um provável reviver dos loucos anos pelos indivíduos da "pós-modernidade"? Configuração: com + figuração. Figuração é um processo que tem por matéria-prima a sexualidade infantil, abastecida pela pulsão de morte e de vida, fundamentada no complexo de Édipo e em suas ramificações - elementos que nos constituem como sujeito psíquico, inserido na ordem civilizatória. Com, por sua vez, remete às múltiplas maneiras como as figuras podem se combinar, desde o infantilismo da sexualidade (Freud, 1905/1969p), expresso na psicopatologia, às manifestações estruturantes da sexualidade em toda a sua extensão, a possibilidade de transfigurar e reconfigurar. Esse cenário faz pensar na "Carta 52", em que Freud (1896/1986) fala da dinâmica das marcas psíquicas, que podem sofrer rearranjos e retranscrições. Destaco que essa figuração, em termos metapsicológicos, está assentada de forma ampla nas condições de figurabilidade - ensejo para criar representações - e nas condições de repre-sentabilidade - conforme proposto por Freud em 1900 (1969h), através do condensar e do deslocar, para contornar a barreira do recalcamento -, produtos das vicissitudes do encontro da pulsão com o objeto. A precariedade dessas condições determina um maior grau de sofrimento do corpo e da alma, em seu trânsito entre dores vividas e sentidas e dores vividas e não sentidas.

Seguindo esse trajeto, o que dizer sobre os transexuais, os casais homo-parentais com sua prole, os amores livres sem pacto de fidelidade e a bisse-xualidade vivida em ato por muitos de nossos adolescentes - enfim, sobre os embates entre o corpo pulsional, com sua artesanal anatomia psíquica (escopo do como ascender à masculinidade e à feminilidade), e o corpo biológico, com sua anatomia inata? Esses são alguns exemplos que nos convocam a dialogar, entre nós e com o meio cultural, meio esse muitas vezes permeado por demandas niilistas, pela não compreensão das diferenças e/ou pela busca de soluções imediatistas, impulsionadas pelo litígio da descarga; a supremacia da morte psíquica em detrimento da vida.

Antes de continuar, parece-me importante enfatizar que, nesse tempo de novas configurações, estamos vivendo, por um lado, uma revitalização do pensamento animista e religioso e, por outro, uma decadência do pensamento científico (Paim Filho, 2015). Acredito que esse fenômeno seja produto da insuportável dor do desamparo: viver é morrer um pouco a cada dia; necessito desesperadamente de alguém ou de algo que sustente a crença do ser imortal. "No inconsciente, cada um de nós está convencido da sua própria imortalidade" (Freud, 1915/1969m, p. 327). Deus Pai e/ou Deus Logos. Tempo de capturas narcísicas? Tempo do inconsciente a céu aberto? O âmbito científico somente cumprirá sua função propulsora de um pensar reflexivo e interrogativo se resgatar e trouxer consigo o registro de que todo saber é um processo eterno, de construção e desconstrução.

Visando prosseguir neste diálogo, percebendo no singular uma expressão do coletivo, sinto-me inclinado a referendar a ideia de que os destinos da morte e da vida têm no fator intensidade seu elemento determinante. A força disruptiva do pulsional necessita ser ligada por Eros, a fim de que se estabeleça um trabalho psíquico que privilegie a chamada via longa, que implica um haver-se com os limites do desejo e das exigências pulsionais. É importante que a pulsão encontre no objeto um elemento mediador de suas demandas, sendo esse um possível caminho para mantermos a diferença com a Antiguidade - enquanto marca da desmedida civilizatória -, não privilegiando a pulsão em detrimento do objeto (Freud, 1905/1969p). Tais limites incitam a revisitar o complexo de castração: a eterna presença do terceiro (com sua assimetria), aquele que dá a conhecer a não completude, como algo que está presente a cada momento regendo cada começo, a dor do masoquismo erógeno propiciando a construção de caminhos libertadores (masoquismo protetor da vida). Esse complexo, muitas vezes desconsiderado - talvez por não ser politicamente correto ousar falar dos limites do humano, de sua transitoriedade -, é um fator imprescindível para o estabelecimento de um fazer ético do sujeito e do meio cultural. Isso aparece em 1916, quando Freud, sob os efeitos diretos da Primeira Guerra Mundial, escreve um breve texto refletindo sobre a efeme-ridade do tempo ou, se quisermos, do ser. Nesse texto, ele diz: "O valor da transitoriedade é o valor da escassez do tempo" (Freud, 1916/1969n, p. 345).

Minha meta é referendar o lugar paradigmático desse complexo para refletirmos sobre o acontecer da morte e da vida psíquica na contemporaneida-de. Tenho por base a postura freudiana enunciada na conferência "Psicanálise e psiquiatria"; "Não desejo suscitar convicção; desejo estimular o pensamento e derrubar preconceitos" (Freud, 1917/1969k, p. 289).

É ocasião agora de nos concentrarmos na intimidade desse complexo, em toda a sua complexidade, e refletirmos sobre nosso desamparo, a história cíclica do bicho-homem: nascer, viver, morrer. Freud (1926[1925]/1969g) afirma que, em última instância, a angústia de castração é semelhante ao medo da morte, o que não se representa, mas se presentifica na força do que está desligado do pulsional, a pulsão de morte indomada. É importante destacar que esse complexo transcende as diferenças anatômicas entre os sexos (derrubar preconceitos); ganha sentido a partir delas, mas sua configuração é mais ampla: "Não obstante, não se deveria falar de um complexo de castração até essa ideia de perda ter se vinculado aos órgãos genitais masculinos" (Freud, 1923/1969j, p. 183). Até essa ideia de perda - essa expressão nos permite pensar na noção de ressignificação, assentada no a posteriori (nachtraglich) ou, como preferem os franceses, no après-coup: um segundo momento traumático dando significado a um momento traumático anterior. Portanto, a diferença anatômica ressignifica as perdas anteriores; ao mesmo tempo, essas perdas conferem significado à descoberta da diferença anatômica entre os sexos. Freud, em 1926 (1969g), amplia e anuncia as várias etapas (com sua temporalidade) que compõem essa vivência traumática constitutiva: a separação do corpo da mãe, o desmame, a perda das fezes e, por último, a descoberta da diferença anatômica, quando entra em cena a primazia do falo (Freud, 1923/1969j).

Cabe assinalar que esse complexo cumpre a função de ser o elemento mediador ou organizador da transição do universo narcísico/eu ideal para o universo edípico/ideal do eu. Assim, sua função primordial é ser o portador da incompletude. Em seus desdobramentos, habilita o humano a haver-se com as diferenças, para o que concorre a singularidade da anatomia psíquica. As novas configurações demandam que as diferenças sejam ouvidas, no sentido de uma escuta que se faça reflexiva e disruptiva, semeando a interrogação diante de tantas certezas (estimular o pensamento). Saber, por exemplo, que toda escolha está imantada por um não saber, o que remete ao desconhecido que nos habita e que se julga imortal; trilhar caminhos pelos quais tenhamos a possibilidade de descobrir o que há de libertador em "saber" que construímos a vida a partir da morte e a morte a partir da vida.

Para prosseguir articulando as novas configurações pelo vértice do coletivo, mais do que pelo vértice do particular, vejamos como a castração, esse ordenador do psiquismo - enquanto separação -, tece sua função. Para que essa proposição se valide, ou melhor, se revalide, parece-me que nosso olhar deve redirecionar-se longitudinalmente para o centenário complexo de Édipo. Sabemos que ele é constituído de um segmento narcísico e de outro edípico propriamente dito (Paim Filho, 2014). Seus desdobramentos acontecem à medida que o complexo de castração inscreve rupturas na hegemonia do narcisismo primário, decorrente do ser identificado - um contexto esclarecedor para concebermos as origens do Édipo como vinculadas ao narcisismo com seu processo identificatório. Isso é dito por Freud: "ela [a identificação] desempenha um papel na história primitiva do complexo de Édipo" (Freud, 1921/1969l, p. 133). Observemos o assinalamento, por parte de Freud, de uma história primitiva, relacionada com as identificações primárias instauradoras da transição do autoerotismo para o narcisismo, com seu masoquismo subjacente, e por conseguinte da ascendência do próprio Édipo. Este, por exemplo, carrega o masoquismo narcotizante (Paim Filho & Terra Machado, 2017) em suas entranhas - está submetido à pulsão de apoderamento das figuras pa-rentais -, o que seus pés inchados revelam. O complexo de castração instrumentaliza a energia disruptiva da pulsão de morte para viabilizar o emergir do narcisismo secundário e da triangulação edípica com sua conflitiva. Dentro dessa cartografia, resgato a expressão primazia do falo, a fim de estabelecer o quanto de metafórico ela comporta.

Seguindo as pegadas intrépidas de Freud, podemos e devemos ampliar o significado do falo para além do corpo anatômico, o que nos convida a inquirir a teoria falocêntrica1 (não desejo suscitar convicção, mas interrogação). Esta, indiscutivelmente, nasce acoplada ao pênis enquanto órgão. Todavia, aos poucos se desenha um descolamento, que permite vislumbrar algo que ultrapassa a anatomia, a saber, a concepção do falo como símbolo de um poder irrestrito, ao qual estão submetidos homens e mulheres. A proposição da bissexualidade psíquica, em seus vários segmentos (atividade versus passividade, masculino fálico versus masculino castrado, e por último masculino versus feminino), vem ao encontro dessa ideia, corroborando a tese de que a estruturação da psique se faz no andamento de um processo identificatório, que se instaura no decurso da bissexualidade narcísica - completude imaginária de um hermafroditismo anímico - para a bissexualidade edípica - incompletude, com a discriminação entre feminino e masculino e as renúncias decorrentes desse saber, mediadas pelo complexo de castração, o qual viabiliza a construção da masculinidade e da feminilidade (Paim Filho & Garcia, 2017).

Nesse sentido, a advertência freudiana no texto "Feminilidade" é pródiga: "devem concluir que aquilo que constitui a masculinidade ou a feminilidade é uma característica desconhecida, que foge ao alcance da anatomia" (Freud, 1933[1932]/1969e, p. 141). O corpo anatômico, portanto, não é o destino determinante da identidade psíquica, com sua vasta gama de subjetividade. A constituição dessa identidade é desconhecida, e cada vez mais somos convocados - em tempos de múltiplas manifestações de Eros e Tânatos - a construir hipóteses metapsicológicas a respeito dela. Essa identidade adquire vigor estrutural e transformador à medida que vai se desenhando o processo identificatório, que permite ao sujeito, diferentemente do Édipo de Sófocles, seguir eternamente inquirindo-se, sem uma resposta unívoca: "Qual é a minha origem?", "Qual é o meu destino?", "Qual é o meu desejo?", "Quem sou eu?".

Diante do exposto, revisitemos a fase fálica do desenvolvimento da libido - interpolação na teoria da sexualidade feita por Freud em 1923 (1969j), aporte que avaliou como necessária, para discriminar a percepção de uma ausência do corpo representacional, que transcende o corpo biológico, a transição entre o universo anal e o genital. Nesse estágio, o pênis, mais especificamente o pênis em ereção, figura como símbolo privilegiado para perpetuar a ideia de completude e de potência, e menos como órgão em si. Aqui nos deparamos com o primado do falo; o genital está por vir. "O que está presente não é uma primazia dos órgãos genitais, mas uma primazia do falo" (Freud, 1923/1969j, p. 180). Esse primado visa aplacar a angústia diante da constatação da ferida da castração. A percepção da ferida/vagina põe em marcha o que Freud define nesse momento como renegação (Verleugnung): "Sabemos como as crianças reagem às primeiras impressões da ausência de um pênis. Renegam o fato e acreditam que elas realmente, ainda assim, veem um pênis" (1923/1969j, p. 182). Há uma diferença significativa entre a potencial subjetividade fálica -veem um pênis - e a objetividade incitada pela fase genital.

Seguindo essa toada, façamos uma breve parada a fim de abordar o significado da palavra falo. Originária do grego, é definida como imagem representativa do pênis. Destaco: representativa, ou seja, refere-se ao pênis, mas não é o pênis em si. Estamos no território da representação, da construção plástica que simboliza alguma coisa. Nas divindades gregas, o termo está associado à fecundidade, à capacidade regenerativa da natureza e à aptidão de exercer uma função apotropaica (proteção contra influências maléficas). Essa concepção resultou na criação de um derivado, itifálico, que se refere à imagem do pênis em ereção, encontrada na representação de vários deuses, sendo o mais emblemático e antagônico Priapo, potência na ereção e impotência na fertilidade. Seria nesse sentido o falo uma falácia? A presença de uma potência que recobre uma impotência? Sim. Reduzir o falo ao pênis é buscar sustentar um sofisma, o qual pode criar um sentido falso para o falocentrismo. Não se trata da hegemonia do pênis, mas do falo, com todo o seu investimento narcísi-co, concepção condizente com a sexualidade ampliada proposta por Freud no prefácio à quarta edição (1920) dos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905/1969p), ideia ratificada em 1925: "Em primeiro lugar, a sexualidade está divorciada de uma ligação por demais estreita com os órgãos genitais, sendo considerada como uma função corpórea mais ampla" (Freud, 1925/1969d, p. 51). Uma ilustração desse pensamento já está presente em 1909, quando, em carta a Jung, Freud revela: "Em particular, sempre considerei Adônis como o próprio pênis; a alegria da mulher quando o deus, que ela tomara por morto, se levanta é inequívoca!" (Freud, 1993, p. 286). Não esqueçamos que esse deus é filho do incesto, entre Teias e sua filha Mirra - a realização plena do desejo, a renegação da castração.

Dito isso, sigamos nosso roteiro. A mencionada interpolação de 1923 na teoria da sexualidade é precedida por dois textos, "As transformações do instinto exemplificadas no erotismo anal" (1917/1969o) e "História de uma neurose infantil" (1918[1914]/1969f), e seguida por outros dois, "A dissolução do complexo de Édipo" (1924/1969c) e "Algumas consequências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos" (1925/1969a). O trabalho de 1917 enseja o entrosamento entre fezes, pênis e bebê, o que possibilitaria subjetivá-los: "esses elementos do inconsciente são tratados muitas vezes como se fossem equivalentes e pudessem livremente substituir um ao outro" (1969o, p. 161). Estaria aí explicitado um jogo centrado no poder concebido no ser e no dar, que o processo primário do inconsciente - condensar e deslocar - propicia? Penso que sim. Um ano depois, no caso do Homem dos Lobos, reencontramos a menção à equivalência entre esses elementos: "'Fezes', 'bebê' e 'pênis' formam assim uma unidade, um conceito inconsciente - a saber, o conceito de um 'pequeno' que se separa do corpo de alguém" (1969f, p. 107). Termo significativo: conceito, que se define, de maneira informal, como noção ou ideia abstrata de algo, modeladora de percepções e de conhecimento. Deleuze e Guattari comentam: "todo conceito tem um contorno irregular ... sendo uma questão de articulação, corte e superposição" (1997, p. 27).

Contudo, é somente em "A dissolução do complexo de Édipo", depois de conceber a existência da fase fálica, que Freud nomeia essa associação, ou melhor, esse conceito, de equação simbólica, equação que vai ao encontro não da preponderância do falo vinculado exclusivamente ao pênis (ligaçãopor demais estreita), mas da plástica fantasmática da ereção como completude, tendo por contraponto a vagina: ferida/marca de uma abertura, com seus mistérios ligados à caverna das origens. No trabalho de 1925, centrado (a princípio) na distinção anatômica entre os sexos, o autor nos fornece mais subsídios para fundamentar a hipótese de a anatomia ser o catalizador que permite criar e recriar sentidos para a presença/ausência do pênis e sua relação com o clitóris. Nesse texto, Freud aborda de forma mais contundente as particularidades do complexo de Édipo na menina. Ele explicita uma diferença significativa na trama edípica de meninas e meninos por meio do complexo de castração: elas entram na conflitiva edípica diante da constatação da presença de uma falta, que revela a ideia de castração; eles saem da conflitiva edípica diante da impossibilidade de seguir renegando a falta que a vagina representa. Apesar de certo grau de prevalência da anatomia, Freud segue falando da equação pênis/bebê como referência simbólica de completude.

O simbólico, enquanto ressonância desse conceito inconsciente, cria margem para expandir essa circunscrição, viabilizando que Freud cunhe o conceito de mãe fálica (1933[1932]/1969e), noção ou ideia abstrata, com contornos irregulares; mãe que não tem inscrita em si a marca da castração, não tem o pênis, mas tem a fantasia da completude que o falo representa: articulação, corte e superposição. Há na perversão - renegação ( Verleugnung) da castração - uma perpetuação na crença da mãe fálica, explicitada, por exemplo, na invenção do objeto-fetiche: "o fetiche é um substituto do pênis da mulher (da mãe), em que o menininho outrora acreditou e do qual - bem sabemos o porquê - não quer de modo algum abdicar" (Freud, 1927/2007, p. 162). Um porquê cercado de certo grau de mistério; talvez o que podemos saber de maneira pontual. O não abdicar é uma tentativa de manter a fantasia de possuir o falo, conceito produzido por uma organização perceptiva a partir da constatação de uma ausência.

Considerado das perspectivas até aqui abordadas, o texto "Análise terminável e interminável" (Freud, 1937/1969b) faz um fechamento e uma abertura significativos para os desdobramentos do complexo de castração: o repúdio da feminilidade (o feminino enquanto componente da bissexualidade psíquica, portanto passividade), fenômeno universal que abrange homens e mulheres, marcado por uma eterna recusa da aceitação plena da castração. Esta se mantém pulsante sob o leito de rocha: neles como temor de submissão a outro homem, nelas como inveja do pênis. Esse é o fechamento proposto por Freud, reatualizando o pênis, e não o falo. Entretanto, há também uma abertura, visto que resgatamos a concepção metapsicológica do falo, legada pelo próprio Freud: representação que revela uma presença encobridora de uma ausência em homens e mulheres, no longo caminho da construção da masculinidade e da feminilidade. Nesse sentido, o que está em jogo é a inveja do falo, que a expressão repúdio da feminilidade, enquanto passividade, revela; a crença de que alguém tem aquilo que me falta, a completude narcísica tributária do deus Priapo, com seu priapismo: potência estéril.

Com base no princípio que considera o complexo de castração o ordenador da vida psíquica, a presença dele enquanto reconhecimento da falta que nos constitui como humanos é um fator preponderante para que o sujeito e sua inserção cultural se estabeleçam de forma ética - ética que alude a ver-se com o próprio desejo e o do semelhante, a ver-se construído pelos caminhos que levam de Narciso a Édipo. Nesse sentido, a castração, ao mesmo tempo que poda,2 abastecida pela força disruptiva da pulsão de morte - angústia acionando o recalque - cumpre o papel de instigar a interdição do desejo incestuoso, império da plenitude narcísica, em prol de um Eros transformador, que pode construir novos caminhos para a realização e/ou a construção do desejo.

Ao recolocar o complexo de castração, com sua função ordenadora, no epicentro da constituição do anímico, temos condições de refletir sobre as novas configurações por meio desse prisma, o qual permite desprender-mo-nos do fenômeno manifesto e escutar o latente. Assim, pensar a questão do corpo por esse viés pode ser um desafio profícuo. Por exemplo: quando ocorrem cirurgias mutiladoras do corpo, em nome de um eu ideal, em detrimento do ideal do eu, sejam elas em transexuais, heterossexuais ou homossexuais, quais as possíveis vicissitudes desse ato de poda? Parece-me que há aqui uma demanda de que a anatomia do corpo biológico ofereça a solução para o que transborda da anatomia psíquica do corpo pulsional. A problemática justaposta nessa solução é acreditar que o corpo biológico, em sua transformação, dê conta das injúrias narcísicas - o conhecer a castração - que a história de cada sujeito comporta. O corpo mutilado, paradoxalmente, é erigido a um grande falo - Adônis -, que visa em sua concretude fomentar a supremacia do repúdio ao feminino, desconsiderando excessivamente a anatomia do corpo e a passagem do tempo. Quando a intervenção no corpo se faz pela via de um eu ideal, impõe-se com maior relevo a supremacia do juízo de atribuição, que se pauta pela oposição entre bom/meu e mau/do mundo. Logo, o que é sentido como mau deve ser extirpado. Diante dessa lógica, estabelece-se um possível funcionamento psicótico: o corpo como destino da representação incompatível,3 decorrente da força da rejeição (Verwerfung) (Freud, 1918[1914]/1969f). Destaco porém que, quando a mutilação do corpo se faz pelo viés da predominância do ideal do eu, estão criadas as condições para vigorar as leis do juízo de existência, condições que estruturam recursos mais adequados para o sujeito vir a adquirir um maior grau de intimidade com seu novo corpo anatômico e, nesse contínuo, pôr em marcha a reconfiguração do seu corpo representacional.

Antes de seguir para o encerramento destas especulações, retomemos a questão feita anteriormente: escolhemos ser menino ou menina? Não. Essa "escolha" é produto da história da sexualidade infantil, construída em parceria com as figuras parentais. Falar em escolha é falar do determinismo dos desejos inconscientes - nossas escolhas resultam dos múltiplos caminhos pelos quais esses desejos se fazem conscientes. Quando os pais delegam essa tarefa, impossível, para seus rebentos, eles põem em cena desejos filicidas, desamparo transvestido de liberdade, provável inscrição débil da castração, perpetuação da máxima de alcançar as aspirações não alcançadas pelos progenitores: "A criança deve satisfazer os sonhos e os desejos nunca realizados dos pais" (Freud, 1914/2004, p. 110). Tal visão ratifica a proposição de que a identidade sexual é tecida na trama do romance familiar.

Por conseguinte, advogo que a inscrição simbólica da castração - enquanto fator de interdito, marca da alteridade - segue sendo o elemento mediador da vida anímica, a qual, reafirmo, se estrutura em torno do complexo de Édipo e suas ramificações, complexo que diz que o sujeito e a cultura são o produto da interação da tríade pais-mães-filhos, em suas diversas apresentações; que instaura a ordem familiar e a social. Assim, em face das novas configurações familiares, somos convidados, mais do que nunca, a nos desprender de um possível determinismo do sexo anatômico e a nos ocupar da identidade de gênero psíquico, resultante da bissexualidade psíquica, com seu mosaico identificatório, mais a inscrição psíquica do sexo biológico. A anatomia psíquica é um dos fatores, não o fator, na constituição da identidade de gênero (Paim Filho & Maschke Paim, no prelo). Com essa constatação, nosso olhar e nossa escuta, diante de uma dupla homossexual (como também diante das heterossexuais), em termos do fenômeno externo, direcionam-se ao vínculo que esses sujeitos estabelecem em sua própria rede psíquica: predomínio da libido homossexual (não contempla diferenças/narcísica) ou da heterossexual (contempla diferenças/edípica). Trata-se, portanto, de nos havermos com a existência de um trabalho psíquico que joga entre o desejo de completude e a possibilidade libertadora de sua não efetivação. Que o outro, enquanto semelhante e, ao mesmo tempo, diferente, siga como o mensageiro da falta causadora do desejo do encontro, que impulsiona a vida apesar do inevitável da morte. Esse contexto implica sustentar, dialeticamente, as velhas e sábias questões "Qual é o meu desejo?", "Quem sou eu?".

Nesse sentido, o novo vem para instigar a necessidade de a psicanálise resgatar - quem sabe, reconfigurar - seu objeto de trabalho e investigação: o inconsciente, com sua sexualidade infantil, construída em parceria com as figuras parentais, tendo como móbil o pulsional.

Um último assinalamento, para seguirmos refletindo sobre a problemática da morte e da vida, enquanto seres sexuais, destrutivos, quiçá castrados: "Se queres preservar a vida, prepara-te para a morte" (Freud, 1915/1969m, p. 339). Essa preparação implica construir certo grau de intimidade com as podas da vida, do qual a castração é o veículo primordial. Tudo isso tem como sinalizador a força do pulsional: "Somente pela ação concorrente ou mutuamente oposta dos dois instintos primevos - Eros e o instinto de morte -, e nunca por um ou outro sozinho, podemos explicar a rica multiplicidade dos fenômenos da vida" (Freud, 1937/1969b, p. 276).

 

Referências

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Correspondência:
Ignácio Alves Paim Filho
Rua Félix da Cunha, 737/410
90570-001 Porto Alegre, RS
Tel.: 51 3321-3825
paimiga@terra.com.br

Recebido em 20/9/2017
Aceito em 8/6/2018

 

 

1 A proposta de repensar a questão falocêntrica para além da anatomia é trabalhada, de forma pioneira, por Lacan a partir de 1956, em especial no texto "A significação do falo" (1966/1998), em que aborda o falo imaginário, o falo da mãe e o falo simbólico.
2 Poda: corte que visa estimular o crescimento da planta. Entretanto, os especialistas advertem que ela precisa ser feita de maneira adequada, pois os excessos podem comprometer a vitalidade da planta. O corte da castração - jogo fecundo entre desassimilação e assimilação -deve cumprir um efeito similar no humano: nem tão intenso que faça o desejo sucumbir nas profundezas do Aqueronte, nem tão frágil que limite as múltiplas possiblidades de satisfação ou, ainda, de ressurreição.
3 No texto "O tornar-se mulher: a intrigante história da(s) garota(s) dinamarquesa(s)" (Paim Filho et al., 2017), baseado no filme A garota dinamarquesa, os autores trabalham os aspectos em que predomina o eu ideal na personagem Lili. Apresentam como um provável funcionamento delirante, de maneira circunscrita, a busca da última cirurgia - determinante de sua morte -, feita em nome de tornar-se uma mulher de verdade.

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