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Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.53 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2019

 

SUICÍDIO

 

Reflexões conceituais sobre a metapsicologia do suicídio do melancólico

 

Conceptual reflections on the metapsychology of the suicide of the melancholic

 

Reflexiones conceptuales sobre la metapsicología del suicidio del melancólico

 

Réflexions conceptuelles sur la métapsychologie du suicide mélancolique

 

 

Janderson Farias Silvestre dos SantosI; Eva Maria MigliavaccaII

IMestre e doutorando em psicologia clínica pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP)
IIMembro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Professora titular aposentada do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP)

Correspondência

 

 


RESUMO

A melancolia é conhecida por uma potencialidade mortífera que se manifesta frequentemente em atos de autodestruição. O sujeito melancólico parece estar num constante flerte com a morte e com a possibilidade de saltar no abismo da inexistência. O suicídio do melancólico está profundamente ligado à maneira como se constituem os laços do sujeito com as experiências inelutáveis da vida e, principalmente, como ele vive as experiências de perda. Neste trabalho, a partir de reflexões metapsicológicas, discutimos quais são os componentes da constituição psíquica melancólica que podem levar à autodestruição, realizando uma articulação entre os conceitos de reparação maníaca e trabalho de melancolia. Para tanto, utilizamos teorizações de Freud e Klein, bem como contribuições de autores contemporâneos. Ao longo da discussão teórica, apresentamos também, a fim de exemplificar as ideias dessa discussão, recortes da obra da poetisa portuguesa Florbela Espanca, morta por suicídio em 1930.

Palavras-chave: suicídio, melancolia, metapsicologia, psicanálise


ABSTRACT

Melancholy is known as a lethal potentiality that often manifests itself in acts of self-destruction. The melancholic subject seems to be in constant flirtation with death and with the possibility of jumping into the abyss of nonexistence. The suicide of the melancholic is deeply connected to the way in which the bonds of the subject are formed with the ineluctable experiences of life and, especially, how he or she assimilates life's losses. In this work, we discuss, from metapsychological reflections, which components of the melancholic psychic constitution can lead to self - destruction, making an articulation between the concepts of manic repair and the work of melancholy. To do so, we made use of theories of Freud and Klein, articulated with contributions of contemporary authors. We also present, throughout the theoretical discussion, in order to exemplify the theory discussed, clippings of the work of the Portuguese poet Florbela Espanca, killed herself in the 1930s.

Keywords: suicide, melancholy, metapsychology, psychoanalysis


RESUMEN

La melancolía es conocida por una potencia mortífera que se manifiesta frecuentemente en actos de autodestrucción. El sujeto melancólico parece estar en un constante coqueteo con la muerte y con la posibilidad de saltar al abismo de la inexistencia. El suicidio del melancólico está profundamente vinculado con la manera como se constituyen los lazos del sujeto con las experiencias ineluctables de la vida y, principalmente, como vive las experiencias de pérdida. En este trabajo discutimos, a partir de reflexiones metapsicológicas, cuáles son los componentes de la constitución psíquica melancólica que pueden llevar a la autodestrucción, realizando una articulación entre los conceptos de reparación maniaca y trabajo de melancolía. Para esto, hicimos uso de teorizaciones de Freud y Klein, articuladas con contribuciones de autores contemporáneos. Presentamos además, a lo largo de la discusión teórica y con el fin de ejemplificar la teoría discutida, recortes de la obra de la poetisa portuguesa Florbela Espanca, muerta por suicidio en la década de los 30.

Palabras clave: suicidio, melancolía, metapsicología, psicoanálisis


RÉSUMÉ

La mélancolie est connue par sa potentialité mortifère qui se manifeste souvent par des actes d'autodestruction. Le sujet mélancolique semble être dans un flirt constant avec la mort et avec la possibilité de sauter dans l'abîme de l'inexistence. Le suicide du mélancolique est profondément lié à la manière comment s'organisent les liens du sujet avec les expériences inéluctables de la vie et surtout comment celui-ci vit ses expériences de perte. Dans ce travail nous discutons, à partir de réflexions basées sur la métapsychologie, quels sont les composants de la constitution psychique mélancolique qui peuvent amener à l'autodestruction, en effectuant une articulation entre les concepts de réparation maniaque et le travail de mélancolie. Pour cela, nous utilisons des théorisations de Freud et Klein, articulées à des contributions d'auteurs contemporains. Nous présentons également, tout au long de la discussion théorique, des passages de l'oeuvre de la poétesse portugaise Florbela Espanca, morte par suicide dans les années trente, afin d'exemplifier les idées discutées.

Mots-clés: suicide, mélancolie, métapsychologie, psychanalyse


 

 

O trabalho de melancolia

A poesia da escritora portuguesa Florbela Espanca, morta por suicídio em 1930, é marcada por problemáticas duras da existência, remontando frequentemente a uma perda primordial e a seu corolário, a saudade. Dessa perda que recai sobre a obra de Florbela parece derivar um trabalho de luto, trabalho que parece subjazer a toda a produção literária florbeliana. Assim, por exemplo, o poema "Junquilhos", que abre O livro dele, versa sobre a perda/abandono do amante:

Nessa tarde mimosa de saudade

Em que te vi partir, ó meu amor,

Levaste-me a minh'alma apaixonada

Nas folhas perfumadas duma flor.

(2002b, p. 91)

Os paradigmas da perda e do luto são centrais para compreender a dinâmica que constitui a melancolia. Na melancolia, todavia, o luto é impossível (Cintra, 2011). Impossibilitado de realizar um trabalho de luto, o melancólico deve, para se desvincular do objeto introjetado e retornar às relações alteritárias (mesmo que ainda narcísicas), realizar um trabalho análogo ao do luto, isto é, um trabalho de melancolia (Rosenberg, 2003). Em que consistiria esse trabalho? Vejamos.

Na melancolia, a perda objetal suscita um surto melancólico (Freud, 1933/1996b), momento em que a severidade superegoica é amplamente intensificada. A saída desse surto, pela via do trabalho de melancolia, é o que impede que o sujeito se lance na senda da autodestruição. Rosenberg argumenta que, para que o trabalho de melancolia tenha sucesso, quatro processos psíquicos devem ser assegurados: "a 'destacabilidade' do objeto", "a liquidação do investimento narcisista-idealizante do objeto perdido", "a expressão da raiva-sadismo para ligá-la e elaborá-la" e "o encontro com o objeto por meio da transformação do autossadismo em masoquismo" (2003, p. 148). No cerne desses componentes estão o narcisismo (nos dois primeiros) e a ambivalência (nos dois últimos).

 

Narcisismo melancólico e destacabilidade

No luto normal, o processo de desapego está assegurado pelo narcisismo (Freud, 1917/1996e). Na melancolia, ao contrário, é precisamente o narcisismo que impede o desapego, pois o vínculo objetal que precede a perda é um vínculo narcísico, o que significa dizer que às relações objetais melancólicas subjaz uma ampla identificação (Freud, 1921/1996g), de modo que a identificação com o objeto perdido modifica o ego substancialmente.

As modalidades de identificação têm a ver diretamente com a formação do ideal do ego (Freud, 1914/1996h). No desenvolvimento normal, em que as rupturas ocorrem de forma gradual, vão se dando múltiplas projeções do ideal narcísico perdido nos objetos e, concomitantemente, múltiplas identificações, compondo uma pluralidade de vozes que constitui o ego. Na melancolia, e particularmente no surto melancólico, parece que, no lugar de sucessivas identificações secundárias parciais com objetos ao longo do desenvolvimento, ocorre uma identificação regressiva com um objeto primário idealizado. É em razão disso que o narcisismo, na melancolia, não impulsiona o desapego do objeto, pois estar vivo, para o melancólico, é estar identificado com o objeto ideal. O melancólico não pode deixar que o objeto se vá sem temer perder-se com ele.

No poema "O último sonho de Sóror Saudade", Florbela Espanca diz:

Sóror Saudade olhou... Que olhar profundo
Que sonha e espera?... Ah! como é feio o mundo.
E os homens vãos! - Então, devagarinho,

Sóror Saudade entrou no seu convento.
E, até morrer, rezou, sem um lamento,
Por Um que se perdera no caminho!.
(2002c, p. 143)

Parece estar implícito nesse poema que a feiura do mundo se dá por causa de uma importante perda sofrida por Sóror Saudade. O narrador do poema, ao interpelá-la, aponta para essa dimensão da espera. Em seguida, pela constatação da ausência desse a quem se espera, caem sobre os ombros do narrador e da própria Sóror a feiura do mundo e a nulidade dos homens. No poema, após a perda desse a quem se espera, tudo perde o significado e, na impossibilidade de reencontrá-lo, apenas resta a Sóror retornar ao seu enclausuramento e aguardar a chegada da morte. Não poderíamos dizer que há nesse poema uma descrição poética do que seria um lento suicídio? Nesse contexto, remontamos à afirmação de Freud (1923/1996c) de que a angústia de morte, na melancolia, deriva do ódio devotado ao ego pelo superego, porque para o ego viver significa ser amado pelo superego. Pensamos que se compreende mais facilmente essa relação quando se atenta para a dimensão de ideal que o superego comporta. Ser amado é estar totalmente ligado ao ideal. Para o melancólico, perder o objeto ideal implica, pois, ser lançado à morte. Há, portanto, na melancolia, um colamento entre ego e objeto, nomeado por Rosenberg (2003) de não destacabilidade. No poema, vemos que na clausura a que Sóror Saudade se impõe não há mais possibilidade de encontrar outro que não seja aquele que se perdeu.

Numa trilha semelhante, outros autores observam a singularidade da in-diferenciação ego/objeto na experiência melancólica. Ogden (2014) refere-se à existência, no psiquismo melancólico, de um pareamento eu-mim/sujeito-objeto, em que o sujeito fica preso numa relação bidimensional com o objeto amado, furtando-se da possibilidade de um relacionamento fecundo tridimensional (sujeito - mundo interno - mundo externo) e de um enriquecimento de seu mundo interno. Steiner (1994), por sua vez, descreve a vivência de uma maciça identificação projetiva na primeira fase do luto, que tem por objetivo negar a realidade da perda e desvanecer a separação entre sujeito e objeto, fase que, a nosso ver, o melancólico não consegue ultrapassar. Rosenberg define então o trabalho de melancolia como o "trabalho psíquico elaborativo da não destaca-bilidade" (2003, p. 131), o qual implica a expressão da raiva-sadismo sobre o objeto introjetado, a fim de realizar a desidealização do objeto, isto é, liquidar o investimento narcisista-idealizante. Esse trabalho só é possível, de acordo com Rosenberg, por causa da identificação.

Como Freud (1917/1996e) já havia pontuado, o conflito de ambivalência que se dá entre o ego e o objeto não pode vir à consciência para ser elaborado. A raiva do melancólico direcionada ao objeto primário, isto é, a "raiva implicada na constituição do objeto primário" (Rosenberg, 2003, p. 142), foi sempre encoberta pelo investimento narcisista-idealizante. Essa raiva, que é intensificada com a perda objetal, só pode tornar-se consciente por meio da identificação do ego ao objeto perdido, de forma que o que se apresenta é um conflito ego-superego, em vez do conflito com o objeto. Somente então é que se torna possível a elaboração subjacente ao trabalho de melancolia.

 

Do autossadismo ao masoquismo erógeno

Se por um lado, para que o trabalho de melancolia tenha sucesso, é necessário que a raiva seja expressa, por outro é preciso que a raiva seja ligada, isto é, fusionada com componentes eróticos. É necessário haver um intenso investimento no ego, de maneira que a raiva-sadismo se torne masoquismo erógeno. A esse respeito, Rosenberg (2003) diz que a formação de um núcleo masoquista erógeno primário é condição de sobrevivência do ego, visto que ele permite que o ego suporte certa quantidade de excitação própria das pulsões de vida sem sucumbir à fragmentação absoluta a que tende a pulsão de morte.

Relembramos as três etapas da passagem do sadismo ao masoquismo elencadas por Freud (1915/1996d). No surto melancólico, o sujeito está inserido na segunda etapa, a saber, a etapa em que o objeto é abandonado e substituído pela própria pessoa (por meio da introjeção desse objeto): "A ânsia de atormentar se torna tormento de si mesmo, castigo de si, e não masoquismo" (p. 48). Em "Uma criança é espancada" (1919/1996a), Freud apresenta a culpa como fator fundamental no processo de conversão do sadismo em masoquismo. Rosenberg (2003), todavia, observa que a inscrição da culpa nas manifestações sádicas não basta para transformar sadismo em masoquismo. O autor argumenta que deve haver uma erotização da culpa para que isso ocorra. Ou seja, para haver a instauração da cena masoquista, é preciso existir um terceiro erotizado, que fará o papel de sujeito. Enquanto não há esse terceiro, o que toma lugar é uma cena autossádica, ou seja, uma cena intrapsíquica de agressão recíproca entre as instâncias psíquicas. É o que acontece no surto melancólico.

O trabalho de melancolia deve levar o sujeito do autossadismo do surto melancólico para o masoquismo propriamente dito. Essas duas entidades são opostas, diz Rosenberg (2003), visto que no surto melancólico há um apri-sionamento do objeto numa clausura narcísica, enquanto no masoquismo há um (re)encontro com objetos. É possível notar esse enclausuramento narcísico autossádico em alguns poemas de Florbela Espanca que aludem a figuras de clausura, como o convento ou o castelo: "A minha mocidade há muito pus/ No tranquilo convento da tristeza" (2002c, p. 44). E ainda: "Altiva e couraçada de desdém/ Vivo sozinha em meu castelo: a Dor!" (2002b, p. 129).

O sujeito está exposto a um grande risco de suicídio se não realizar a tempo a passagem da dinâmica mortífera autossádica para o registro do masoquismo erógeno, reencontrando objetos, de modo que a desfusão pulsional seja mitigada e a pulsão de morte tenha sua potência amainada. Além disso, estando o sujeito inserido no registro das relações objetais externas, a pulsão de morte encontrará destino no mundo externo, acarretando a diminuição de sua influência no interior.

 

A (tentativa de) reparação maníaca melancólica

Em O ego e o id (1923/1996c), Freud observa que a mudança da melancolia para a mania é o que impede que o ego seja impelido à morte pelo superego. Klein (1935/1996a, 1940/1996b), por sua vez, afirma que as defesas maníacas são as principais defesas utilizadas contra os afetos depressivos na posição depressiva infantil. Acreditamos que na melancolia o sujeito permanece profundamente enredado no uso de defesas maníacas, sendo o luto melancólico eminentemente maníaco. Acreditamos ainda que tanto o trabalho de melancolia quanto as reparações maníacas são faces do mesmo processo, que leva à saída do surto melancólico e impede que o sujeito sucumba ao suicídio.

Para começar uma argumentação sobre esse ponto de vista, trazemos a lume uma afirmação de Petot (2002), segundo a qual a configuração psíquica que Klein descreve como posição depressiva é, na verdade, uma posição maníaco-depressiva. Petot diz que não há na posição depressiva defesas propriamente depressivas e que as reparações que se dão nessa posição são maníacas e obsessivas, como a própria Klein (1940/1996b) assinala. Quando o bebê se torna capaz de prescindir dos modos de reparação maníaca e obsessiva, isso significa que a posição depressiva infantil foi superada. Dessa forma, a "reparação autenticamente depressiva é de fato um mecanismo pós-depressivo" (Petot, 2002, p. 24).

Por seu turno, Steiner (1994) propõe que a posição depressiva é dividida em duas fases: fase de medo da perda do objeto e fase de reconhecimento da perda. Essas fases seriam atualizadas nas perdas posteriores, correspondendo às fases do trabalho de luto. Na primeira fase, o sujeito empreende um controle do objeto, a fim de negar a dolorosa realidade de sua própria incapacidade para proteger o objeto amado. Somente quando o sujeito ultrapassa essa fase, podendo enfrentar a realidade, é que "a identificação projetiva é revertida e partes do self antes atribuídas ao objeto são revertidas ao ego" (Steiner, 1994, p. 68).

Klein (1963/1991b) diz que o melancólico deu alguns passos em direção à integração de si e do objeto. No entanto, a principal problemática da dinâmica melancólica é a impossibilidade de reparar o objeto amado e estabelecer de fato uma relação de amor com ele. Por causa disso, o melancólico não conseguiu elaborar e ultrapassar a posição depressiva, ficando enredado na utilização de mecanismos defensivos primitivos.

O melancólico, portanto, pôde sair de uma posição não integrada para uma posição de integração egoica e objetal, rumando de um modo de relação parcial idealizante com o objeto para o reconhecimento do objeto bom (não mais ideal) e total. Contudo, ele não pôde sustentar as angústias dessa nova posição, enredando-se no uso de defesas primitivas, predominantemente maníacas, para suportar a nova condição psíquica. O psiquismo do melancólico não alcança o desenvolvimento necessário para constituir um mundo interno harmônico em torno do bom objeto primário, pois ele se vê incapaz de restaurar o seu objeto danificado, estando sempre presente nessa relação a possibilidade de que o objeto seja destruído pelo exacerbado ódio do sujeito. O mundo interno melancólico é, por conseguinte, moribundo e perigoso, na medida em que se constitui por objetos bons danificados em razão do próprio ódio do sujeito e dos objetos maus que ali se encontram. Nesse cenário, as defesas maníacas servem não somente à luta contra os perseguidores, mas também ao propósito de negar a realidade dos danos causados ao objeto amado e evitar o confrontamento com a culpa. Dessa forma, cada nova experiência de luto melancólico é uma reativação desse modo de defesa.

Um dos componentes da modalidade maníaca de reparação é o triunfo. Nas palavras de Petot, "o triunfo representa de fato a face, voltada para o objeto, da ilusão de onipotência que infiltra a atitude de reparação da posição maníaca" (2002, p. 20). Embora o elemento do triunfo seja parte natural dos períodos iniciais de luto, se ele não é sobrepujado pela reparação real, esta fica comprometida, de maneira que a culpa não é aliviada. Nessas circunstâncias, o ego empreende um reforço das defesas maníacas, o que leva à instauração de um círculo maligno em que a intensificação da culpa incrementa a violência das defesas. O sujeito então necessita sobrepor-se cada vez mais ao objeto, triunfar sobre ele, sendo a idealização outra face do triunfo, já que a exaltação maníaca está associada "à sensação de trazer o objeto amado perfeito (idealizado) dentro de si" (Klein, 1940/1996b, p. 398).

Klein (1940/1996b) observa que, apesar de o triunfo ser um componente presente também no luto normal, um dos riscos implicados em sua utilização é que ele se estenda aos objetos bons, de maneira que os maus e os bons se confundam na mente do sujeito, e ele acabe prevalecendo sobre os bons, o que suscitaria ainda mais culpa e medo de retaliação. Isso parece ser o que se dá na vivência do luto melancólico, em razão do intenso sadismo. Desse modo, em vez de o triunfo ser, como no luto normal, uma fase no andamento do trabalho de luto, sendo superado por reais trabalhos de reparação, no melancólico o desfecho do triunfo se dá ou pela destruição onipotente do objeto, após a destacabilidade efetuada pelo trabalho de melancolia, ou por uma intensificação da idealização, o que pode culminar no ato suicida.

 

Da melancolia ao suicídio

Numa carta dirigida a Guido Battelli1 em 27 de julho de 1930, Florbela Espanca diz adorar

as árvores, as pedras, os bichos, as flores. Essas imobilidades frementes ... que só sabem andar abraçadas à terra, em íntimo contato com ela, a terra misteriosa e purificadora, a terra amiga e boa que dum assassino sabe fazer uma rosa, que nos há de lançar a todos nós mais para além, para o céu, para a luz, para os astros onde não chegue a desprezível vaidade dos tolos, a covardia das traições, a baixeza das mentiras, toda esta grotesca comédia humana que me suja e a quem eu não perdoo o sujar-me. (2002a, p. 273)

Nota-se nesse apego de Florbela às coisas simples, aos animais simples e mesmo à natureza inanimada o seu anseio de escapar dos conflitos inerentes à criatura humana. Assim, ela quer fugir da ambivalência dos afetos e de tudo o que dela deriva. Anseia retornar a um suposto estado primevo de quietude, em que possa ver-se longe dos conflitos internos e externos, na calmaria absoluta.

O que parece estar subjacente a esse anseio é uma tendência regressiva profunda que, de acordo com Abraham (1924/1970), existe no melancólico, tendência que faz sua libido regredir de etapa em etapa, rumo ao nível mais primitivo, o nível oral de sucção. O melancólico anseia fugir de seu conflito de ambivalência e, por isso, tende a regredir ao estágio do desenvolvimento libidinal que seria ainda pré-ambivalente. Se essa regressão se efetua completamente, ela culmina no suicídio (Mezan, 1999).

Acreditamos que a tendência regressiva do melancólico, à qual Abraham se refere, está ligada à ação da pulsão de morte.2 Freud (1923/1996c) já havia pontuado que a desfusão pulsional, que libera a pulsão de morte no interior do ego, subjaz aos processos de regressão às fases arcaicas do desenvolvimento libidinal. Uma absoluta desfusão acarretaria uma regressão profunda, que em última instância culminaria na morte.

Segundo Rosenberg, "é a polarização dos investimentos pulsionais que cinde o eu primário em duas instâncias: o eu propriamente dito e o supereu (2003, p. 172). Ou seja, na própria formação do superego há a manutenção de uma parte idealizada do ego, já que a mesma desfusão pulsional que acarreta o incremento da severidade superegoica propicia o investimento libidinal no ego. Essa desfusão torna-se ainda mais premente no surto melancólico, cabendo ao trabalho de melancolia realizar a religação.

De acordo com Klein (1935/1996a), no ato suicida há uma fantasia de preservação de uma parte boa do ego, identificada com os objetos bons. Isso nos ajuda a entender o lugar do elemento do triunfo maníaco na dinâmica psíquica que leva ao suicídio do melancólico. No advento da perda, o triunfo se dá sobre o objeto perdido, mas não sobre todo o objeto, e sim sobre sua face má. O triunfo está relacionado à negação da realidade psíquica e vem sempre somado à idealização do bom objeto, isto é, da parte boa do objeto e da parte do ego identificada com ela. Por conseguinte, no suicídio do melancólico, há uma fantasia de preservação dos objetos bons e da parte do ego identificada com eles, isto é, uma fantasia de fusão com esses bons objetos.

A partir disso, compreendemos por que o uso contínuo de reparações maníacas na melancolia a cada experiência de perda pode levar essas reparações ao paroxismo e, no extremo, encaminhar o sujeito ao suicídio, pois a cada perda a raiva-sadismo toma lugar, conduzindo, de um lado, à idealização da parte boa do objeto e, de outro, a um movimento de controle maníaco da parte má. O círculo mau é, pois, intensificado, de maneira que essas defesas se tornam cada vez mais violentas. No limite, isso leva à aniquilação onipotente dos maus objetos e à completa fusão com o objeto ideal.

Nesse contexto, o suicídio aparece como possibilidade de fugir da angústia de morte (Freud, 1923/1996c). Essa fuga, no entanto, não se dá para o vazio, isto é, para a aniquilação absoluta. O suicídio do melancólico somente é possível por conta da outra face da aniquilação, a saber, a idealização, um importante elemento que subjaz às defesas maníacas. A saída para a mania, sendo efetuada pelo elemento do triunfo, envolve, de um lado, a negação da realidade psíquica, principalmente a experiência da ambivalência e da culpa que ela implica, e, de outro, a manutenção de uma parte idealizada do ego.

Pensamos que o investimento no ego e a expressão do sadismo, que propiciam a destacabilidade do objeto no trabalho de melancolia, são também a expressão da exaltação maníaca, na medida em que o investimento permite que o ego se sobreponha narcisicamente ao objeto, que perde então a função de ideal, possibilitando que o ego se volte a outros relacionamentos objetais. Freud (1917/1996e) já havia observado que o apetite maníaco voraz por novos relacionamentos objetais demonstra a saída do enclausuramento ego/objeto que se dá no surto melancólico.

O uso contínuo das defesas maníacas, contudo, instaurando o círculo mau, convoca o ego à intensificação da violência das defesas, em razão da progressiva intensificação da culpa. Lembremos, neste ponto, que a experiência de perda que suscita o surto melancólico, por trazer à tona o sadismo encoberto pelo investimento narcísico, amplifica a desfusão pulsional. Se é essa desfusão que, como aponta Rosenberg (2003), está na raiz da cisão entre ego e superego, é também ela que potencializa a distância entre a parte má do ego e seu ideal, ao mesmo tempo que a libido desfusionada e investida na outra parte impulsiona a idealização desse último.

No círculo mau das reparações maníacas torna-se cada vez mais difícil uma fusão satisfatória das pulsões, havendo concomitantemente a ampliação da distância entre o ego e o ideal. Ou seja, enquanto no desenvolvimento saudável o círculo benigno das gratificações propicia a aproximação do ego e do ideal, na constituição melancólica o círculo maligno das defesas maníacas aumenta cada vez mais a fissura entre o ego e o ideal, o que é acompanhado por uma desfusão pulsional cada vez mais profunda, amplificando, a cada experiência de perda, a dificuldade de religação das pulsões pelo trabalho de melancolia e, consequentemente, a saída do surto melancólico para a mania.

Freud (1921/1996g) já observara que na mania há uma confluência do ego e do ideal, o que subjaz ao elemento do triunfo e se opõe ao surto melancólico, momento em que há uma tensão extrema entre o ego e o ideal. Consideramos que essa confluência é, mesmo na mania, sempre relativa, e que o estado absoluto se encontra apenas na morte. A nosso ver, é precisamente nesse colamento absoluto que se dá o suicídio do melancólico. Para argumentar em favor dessa ideia, pensamos ser importante inserir o problema das pulsões desfusionadas, a fim de compreender a razão da necessidade, para a manutenção da vida, não somente da percepção, mas de relacionamentos objetais desde a infância mais remota. Para isso, evocamos o pensamento de Rosenberg (2003) a respeito da desfusão pulsional. O autor defende que a fusão pulsional só é possível por meio do encontro das duas pulsões no objeto primário. Isso torna evidente a importância dos relacionamentos objetais primários para a satisfatória fusão pulsional, e nos remete à relevância da conceituação kleiniana do objeto bom primordial como "um núcleo gerador de pulsões de vida" (Cintra & Figueiredo, 2004, p. 126), na medida em que o que propicia uma boa fusão pulsional não é algo intrínseco ao processo de fusão, visto que esta ocorre no terreno do objeto; o que determina a qualidade da fusão é o fator quantitativo ligado à presença de cada uma das pulsões no interior do sujeito.

Em "O problema econômico do masoquismo" (1924/1996f), Freud afirma que o principal mecanismo de defesa utilizado pelo ego para inibir a ação da pulsão de morte no interior do sujeito é a projeção. Ora, o mecanismo projetivo implica a necessidade de existência de um objeto "receptor", sobre o qual se realiza a projeção. Os relacionamentos objetais primitivos propiciam, portanto, não apenas a fusão pulsional, mas a retirada, do ego para o objeto, de grande parte da pulsão de morte, que de outro modo agiria no seio do ego. Ademais, Klein (1948/1991a) observa que, mesmo na posição esquizoparanoide, fazem-se presentes momentos fugazes de integração objetal e culpa, o que já indica uma relativa distância entre o ego e o ideal.

A partir disso, retomemos a reflexão sobre o lugar da mania no suicídio do melancólico. De acordo com Rosenberg (2003), se por um lado a fusão pulsional, ao libidinizar a pulsão de morte, permite ao ego suportar a excitação que precede a descarga e tolerar certa dose de frustração própria aos relacionamentos objetais, por outro lado a ação da pulsão de morte sobre a libido evita que o ego se funda com o objeto, permitindo diferenciações no objeto primário e entre o ego e o objeto.

Na medida em que a fusão pulsional propicia o encontro com o objeto, e que o desfecho satisfatório do trabalho de melancolia se encontra na reintrincação das pulsões desfusionadas, torna-se incongruente supor que a mania, enquanto expressão da saída do surto melancólico, saída que se perfaz numa ânsia voraz de relacionamentos objetais, como diz Freud (1917/1996e), se insira numa confluência absoluta do ego e do ideal, já que os relacionamentos objetais são possíveis apenas no registro de uma dialética de aproximação/distanciamento possibilitada por uma, ao menos relativa, fusão pulsional. A confluência absoluta só poderia existir na desfusão absoluta.

O círculo maligno das defesas maníacas, cada vez mais intensificado, mostra em seu cerne o contínuo aumento da distância entre o ego e o ideal, o que, como já referido, demonstra a tendência regressiva do melancólico, em oposição à tendência progressiva de quem satisfatoriamente constituiu-se psiquicamente em torno do bom objeto primordial internalizado.

Ora, se como proposto por Rosenberg (2003) é a relativa desfusão primária que cria a cisão entre ego e objeto (o superego como primeiro objeto interno), podemos inferir daí que à distância entre o ego e o superego equivale um distanciamento entre as pulsões, isto é, a distância entre o ego e o superego aponta para o nível da desfusão pulsional. Em nossa opinião, somente quando a regressão chega a tal ponto que a fusão pulsional atinge o nível zero (ou quase) é que poderíamos falar numa confluência do ego e do ideal. Acreditamos que é nesse ponto que as defesas maníacas atingem o paroxismo, o trabalho de melancolia fracassa e o suicídio do melancólico acontece.

O elemento do triunfo que subjaz às defesas maníacas implica a fantasia de conter dentro de si o objeto idealizado. A relação com esse objeto, ainda que perpassada por um superinvestimento libidinal, é fruto de uma relativa fusão pulsional, pois, como já dito, ela permite que o melancólico se volte às relações objetais. A gradual intensificação da violência das defesas maníacas que se perfaz no círculo mau, ao mesmo tempo que deriva da desfusão pulsional, potencializa essa desfusão. Ao chegar ao ápice, essas defesas levam exatamente ao contrário de seu objetivo, isto é, transformam o relacionamento objetal com o objeto ideal em um colamento absoluto. O suicídio do melancólico parece se dar, portanto, numa conjunção de fatores, a saber, de um lado, a ação da pulsão de morte desfusionada sobre uma parte do ego e, de outro, a ação da pulsão libidinal também desfusionada sobre a outra parte, intensificando a fantasia de fusão absoluta que subjaz à idealização. O que há nesse caso, em última análise, é o paroxismo do processo de cisão entre o amor, que encontra refúgio na identificação narcísica, e o ódio, que é tomado pelo superego.

Nesse sentido, o suicídio do melancólico seria, paradoxalmente, ao mesmo tempo fruto do fracasso e do sucesso da conversão em mania. O paradoxo se dá no fato de que a mania só pode se configurar numa saída do surto melancólico em direção à preservação da vida se houver um fracasso relativo dessa conversão. Isto é, o objetivo último da mania é a confluência absoluta do ego e do ideal. Essa confluência, como vimos, só pode se dar numa desfusão absoluta das pulsões, o que, em última instância, é a morte.

Desse modo, quando nos referimos ao fracasso relativo da conversão da melancolia à mania, estamos pontuando precisamente que esse fracasso/sucesso relativo é o que permite a saída do enclausuramento narcísico e o movimento rumo às relações objetais. Esse fracasso (ou sucesso) relativo só é alcançado porque mesmo o intenso investimento libidinal é ainda acompanhando de certo nível de fusão das pulsões, o que é efetuado pelo trabalho de melancolia. Somente na desfusão absoluta é que a conversão para a mania seria absoluta. Se, de um lado, isso representa o sucesso do objetivo último da conversão para a mania, de outro, representa o fracasso da mania enquanto possibilidade de saída do surto melancólico e para longe do horizonte do suicídio.

 

Nota sobre o desenvolvimento da obra florbeliana

Finalizaremos este artigo fazendo um breve comentário sobre o desenvolvimento da obra florbeliana. É digno de nota que Florbela Espanca tenha escrito seus poemas quase que exclusivamente em sonetos, aderindo a um padrão estético já reconhecidamente belo nos cânones da literatura. A transformação se dá, de poema a poema, apenas no conteúdo, de maneira que a expressão dos estados afetivos fica restrita ao conteúdo da obra. Isso parece indicar um congelamento de parte da realidade psíquica. Empreendendo a modificação de apenas uma parte da obra a ser criada, isto é, seu conteúdo, e congelando a forma, evita-se, de imediato, que a pulsão destrutiva e toda a configuração afetiva da posição depressiva ganhem expressão em uma parte da obra. Assim, criação após criação parece ser realizado um movimento de reparação maníaca que, como é próprio desse tipo de reparação, está fadado ao fracasso se não evoluir para a reparação propriamente depressiva. Talvez por isso Florbela diga, cerca de três anos e meio antes de sua morte, que está cansada de escrever versos: "Os portugueses parecem-me saturados de versos e eu, francamente, um pouco saturada de os fazer..." (2002a, p. 239). Ela volta-se então para a escrita de prosa, escrevendo um livro de contos dedicado à memória do irmão morto.

A mudança de gênero literário, da poesia para a prosa, implica não apenas uma alteração da forma, visto que a forma poderia ser alterada também na escrita poética. Concomitantemente à mudança de forma, há uma transformação na maneira de expressão do conteúdo, isto é, na voz que fala na produção literária. Assim, embora ainda haja, na prosa, o recorrente aparecimento de temáticas como morte, finitude, desamparo, solidão, perda, tudo é narrado por um observador externo, por alguém distante do drama.

O tom confessional da poesia permite mais livremente a expressão de certos estados afetivos que a prosa, que pelo próprio caráter de narração ficcional pode encobrir parte da expressão subjetiva. Pensamos, pois, que a prosa aparece como uma mudança na forma reparatória. Florbela parece estar em busca de novos materiais com que possa empreender a reparação. Por algum tempo, o uso da prosa, somado à escrita poética (que a autora jamais abandonou), parece servir de meio de reparação para Florbela, meio que, gradualmente, entra em falência.

 

Referências

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Janderson Farias Silvestre dos Santos
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Recebido em 30/7/2018
Aceito em 25/4/2019

 

 

1 Professor italiano visitante na Universidade Coimbra, com quem Florbela manteve correspondência em seu último ano de vida.
2 Abraham não trabalhava com o conceito de pulsão de morte e as articulações dessa pulsão com as instâncias psíquicas. Como observa Mezan (1999), o inconsciente segundo Abraham é uma região em que se efetua uma luta intralibidinal, isto é, a libido luta consigo mesma, investindo certos objetos e desinvestindo e destruindo outros.

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