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Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.53 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2019

 

SUICÍDIO

 

Suicídio na adolescência1: tentando pensar o impensável

 

Suicide in adolescence: trying to think the unthinkable

 

Suicidio en la adolescencia: tratando de pensar lo impensable

 

Suicide à l'adolescence: tentative de penser l'impensable

 

 

Ana Maria Stucchi Vannucchi

Membro efetivo e analista didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP)

Correspondência

 

 


RESUMO

Neste trabalho a autora revisita várias abordagens teóricas diferentes a respeito da adolescência e do suicídio nessa fase da vida, enfatizando a diferença entre o desejo de matar-se, procurando sair desta vida em busca de outra, ou mesmo tentando eliminar um perseguidor interno, e o desejo de morrer propriamente dito. As situações clínicas oferecidas iluminam diferentes configurações e funcionamentos mentais, exemplificando aspectos importantes, como onipotência, negação da violência interna, desejo de união com o objeto idealizado e vivências francamente psicóticas, frequentes nessa fase da vida, onde a desfusão pulsional libera a destrutividade, tornando a personalidade vulnerável aos elementos provenientes da explosão pulsional e do ambiente social e cultural. O trabalho traz também contribuições da literatura que ajudam a ampliar nossas possibilidades de compreender a complexidade da condição humana.

Palavras-chave: desfusão pulsional, pulsão de morte, onipotência, narcisismo, objeto idealizado, negação, violência interior


ABSTRACT

In this work the author revisits several theoretical approaches on adolescence and on suicide in this stage of life, emphasizing the difference between the wish to kill oneself to escape this life in search of another one, or to try to eliminate an inner persecutor, and the wish to die per se. The clinical situations presented shed light on different mental configurations and functioning that exemplify important aspects such as omnipotence, denial of the inner violence, desire to unite with the idealized object, and clearly psychotic experiences, frequent in this stage of life, in which the termination drive releases destructiveness making the personality vulnerable to the elements originated from the pulsatory explosion and from the sociocultural environment. The work also brings contributions from Literature, which help amplify our possibilities to understand the complexity of the human condition.

Keywords: death drive, omnipotence, narcissism, idealized object, denial, inner violence


RESUMEN

En este artículo, la autora revisa varios enfoques teóricos diferentes acerca de la adolescencia y del suicidio en esta etapa de la vida, enfatizando la diferencia entre el deseo de suicidarse - con la intención de abandonar esta vida en busca de otra o, incluso, eliminar un acosador interno - y el deseo de morir. Las situaciones clínicas que se ofrecen ilustran las diferentes configuraciones y funcionamientos mentales, ejemplificando aspectos importantes como la omnipotencia, la negación de la violencia interna, el deseo de unión con el objeto idealizado y las experiencias francamente psicóticas, frecuentes en esta fase de la vida, donde la defusión pulsional libera la destructividad, volviendo la personalidad vulnerable a los elementos provenientes de la explosión pulsional y del entorno social y cultural. El trabajo aporta, además, contribuciones de la literatura que ayudan a ampliar nuestras posibilidades de comprender la complejidad de la condición humana.

Palabras clave: defusión pulsional, pulsión de muerte, omnipotencia, narcisismo, objeto idealizado, negación, violencia interior


RÉSUMÉ

Dans ce travail, l'auteur revisite différents abordages théoriques concernant l'adolescence aussi bien que le suicide dans cette phase de la vie. Elle met l'accent sur la distinction entre le désir de se tuer, quittant cette vie pour en trouver une autre ou même pour essayer d'éliminer un persécuteur intérieur, et le désir de mourir proprement dit. Les cas cliniques proposés éclairent diverses configurations et fonctionnements mentaux, en illustrant certains aspects importants comme la toute-puissance, la négation de la violence intérieure, le désir d'union à l'objet idéalisé et des vécus franchement psychotiques, fréquents dans cette période de la vie où la déliaison pulsionnelle libère la destructivité et rend la personnalité vulnérable aux éléments issus de l'explosion pulsionnelle et de l'ambiance sociale et culturelle. Le travail puise également dans la littérature une aide pour la compréhension de la complexité de la condition humaine.

Mots-clés: déliaison pulsionnelle, pulsion de mort, toute-puissance, narcissisme, objet idéalisé, négation, violence intérieure


 

 

Considero esta uma dura empreitada: revitalizar a vida em condições insustentáveis e impensáveis. Alguns autores que se aproximam do tema (Bertolote, 2012) chamam sempre a atenção para a possibilidade de prevenção do suicídio, bem como para a necessidade de falar abertamente sobre este assunto sem permitir que ele se mantenha como um tabu, alvo de preconceitos, ou que seja positivo, como a glamurização, ou negativo, como a acusação de pecado que merece punição severa. Diana Corso e Mário Corso, psicanalistas em Porto Alegre, também usam esta expressão: "É necessário romper o silêncio em torno do suicídio" (2018, p. 174).

Vou trazer minha contribuição do vértice basicamente clínico, calcada em meu ofício, a psicanálise, e nos atendimentos de meus pacientes e supervisionandos, pensando também na necessidade de um trabalho compartilhado e multidisciplinar, especialmente nesses casos que envolvem riscos para a vida. Procuro sustentar o paradoxo de meu ponto de vista no desafio constitutivo do acolhimento da tentativa de suicídio: na cesura (Bion, 1981) entre a tentativa de resgate das condições vitais para encontrar graça na vida e o respeito ético que devemos ter pelo desejo de encerrá-la e descansar para sempre. Sabemos que esse gesto suicida é sempre ambivalente, muitas vezes envolvendo o desejo de matar-se, mas não o de morrer (Bronstein, 2009; Resmini, 1994). Esses dois aspectos implicam dimensões conscientes e inconscientes paradoxais, tal como Freud (1920/2010) apontou várias vezes, sublinhando a imortalidade inconsciente que habita o ser humano e, por outro lado, a crueldade, e o desejo de eliminar a própria vida e a de outros. Embora esse conceito de cesura tenha sido utilizado para descrever a descontinuidade/continuidade entre a vida intrauterina e o nascimento, o protomental e o mental, o consciente e o inconsciente, acredito ser possível sua utilização nesse contexto. Penso ser esta uma postura ética necessária em nosso campo de trabalho, onde a consideração pela alteridade, pelo outro, surge como bússola de nosso ofício.

Reconheço que a vida encerra dificuldades a cada momento, desafios, frustrações, sofrimentos, dores e doenças que podem torná-la insustentável se não pudermos dispor da visão binocular (Bion, 1980) que nos dá acesso às dimensões consciente e inconsciente, mas também ao prazer de viver, e ao encanto de estarmos vivos, além do sofrimento inerente à vida. O gesto suicida pode remeter também à necessidade de ser amado e reconhecido, de viver uma outra vida diferente desta ou mesmo de livrar-se de um perseguidor feroz, ou de uma parte maligna que nos habita. Várias possibilidades podem ser consideradas ao procurarmos pensar os elementos psíquicos envolvidos nas tentativas de suicídio, que configuram algo extremamente complexo e, penso eu, ainda insuficientemente conhecido.

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de suicídios vem aumentando bastante entre os muito jovens desde o ano 2000. Podemos pensar em várias razões para entender o suicídio adolescente do ponto de vista coletivo, numa sociedade onde faltam elementos para dar sentido ao mundo adulto, permeado por corrupção, desequilíbrios ecológicos, violência, desigualdade social, dificuldade de ter esperança no futuro, famílias desestruturadas, exclusão social, solidão, virtualidade dos vínculos etc.

Considero a existência desses elementos contextuáis, essa perspectiva coletiva, sempre necessária, especialmente no que diz respeito à necessidade de ações preventivas.

Meu ofício, no entanto, diz respeito ao funcionamento mental próprio da adolescência, e é nesse ponto que vou procurar me concentrar, pois acredito que é nele que vou poder dar minha limitada contribuição a um tema tão importante e fundamental como o fio da navalha entre a vida e a morte. Vou primeiramente expor algumas ideias de colegas sobre o assunto para poder, então, melhor desenvolver meu modo de pensar e publicar meu pensamento.

Concordo com Cassorla (2005) que as ações sociais precisam levar em conta a individualidade de cada um, estimulando a liberdade de pensar e de viver as emoções. O psicanalista pode contribuir muito atendendo seus pacientes individualmente, num setting protegido, trabalhando em profundidade com emoções não acessíveis ao jovem e configurações inconscientes, cujo conhecimento pode facultar crescimento mental e um contínuo movimento de K para O, onde os vínculos de amor e ódio possam ser reconhecidos, vividos e integrados numa experiência de se sentir "sendo e existindo", no entanto, lembra ele, "com humildade, ciente das limitações da luta dos seres humanos com Tanatos" (Cassorla, 2005, p. 8). Para Cassorla (1996), a tentativa de suicídio deve ser pensada como um fenômeno complexo, onde o processo de dessimbiotização do objeto amado tem lugar importante, sendo vivido trans-ferencialmente com o analista, o que pode permitir sua elaboração.

Laufer, por exemplo, enfatiza a diferença entre um adolescente com ideias suicidas e outro que já tentou efetivamente matar-se; mostra como em muitos casos o jovem, ao acordar na internação, não se dá conta dos riscos que correu, e nem das forças inconscientes destrutivas que o moveram nesse sentido, dizendo: "Oi, mãe. Oi, pai. O que estou fazendo aqui?" (1996, p. 153). É preciso cuidado por parte do analista para discriminar os riscos que corre esse jovem, sem abandoná-lo, levando a sério seu sofrimento.

O próprio Laufer nos mostra como a adolescência pode nos reservar vivências emocionais novas e mudanças na vida mental que podem nos deixar mais vulneráveis ao ódio, a nós mesmos, à desesperança, à autovingança, vivências de anormalidade, de loucura, de violência, onde o suicídio é visto como alcançar a paz por meio da destruição de um inimigo interno que persegue e ataca. Laufer enfatiza várias vezes em seus trabalhos que o analista de adolescentes precisa ter elaborado emocionalmente sua própria adolescência, suas próprias fantasias suicidas, para poder realmente ser útil a seus pacientes jovens, sem minimizar nem se desesperar com suas angústias.

Para Bertolini (1987, p. 69), o suicídio se liga a uma intolerável percepção de si, como ser separado dos pais, isolado e carregado de angústia, solidão, desintegração e vazio que antecedem o "nascimento de si próprio como pessoa" ou a "ameaça da existência pessoal". Chama a atenção para a diferença entre a tentativa de suicídio e o ato suicida no que diz respeito à impulsividade e incapacidade de pensar os pensamentos intoleráveis, em vez de lançar-se à ação.

Bronstein destaca a negação como elemento defensivo das tentativas de suicídio, colocando ênfase na negação da violência. Centra sua reflexão no corpo sexuado, no aumento tempestuoso dos instintos e nas mudanças ocasionadas, trazendo uma "imagem cambiante" de si, "com sentimentos de desespero e impotência, e a crença de que a morte é a única saída possível" (2009, p. 281). Sugere diferentes fantasias ligadas à morte: estado de nirvana, livrar-se de uma parte negativa de si, silenciar vozes persecutorias que atormentam. Associa também o suicídio a uma consciência dolorosa da passagem do tempo, em oposição ao tempo infinito da infância. A intensidade dos afetos e a possibilidade de realizá-los, como matar os pais, ou mesmo se relacionar sexualmente com eles, tornam as fantasias factíveis e ocasionam vivências de loucura, intensificando mecanismos de defesa. Não compartilhar esses sentimentos e recolher-se para dentro de si pode ser indicativo de risco e de foco de preocupação na adolescência. Ressalta que os estudos nessa área são ainda incompletos e descreve o atendimento de Sally, uma garota de 15 anos, com família desestruturada e intenso ódio voltado para o próprio corpo, no qual estão projetados todos os sentimentos negativos, descrevendo uma relação sadomasoquista consigo mesma, num círculo vicioso que só poderia ser "liberado" pelo suicídio. O importante desse trabalho é o destaque que a autora oferece para a dificuldade de o analista trabalhar nessas condições tão difíceis, "suportando a ansiedade de não saber que desenlace ocorrerá, sustentando sua capacidade negativa sem perder a esperança e sem negar a destrutividade, sugerindo inclusive uma boa e eficiente retaguarda para estes profissionais" (Bronstein, 2009, p. 294).

Nessa linha também trabalha Flechner. Ela descreve o atendimento psicanalítico de André, um jovem à beira do suicídio e, literalmente, na borda de uma sacada, de onde ele a chama por telefone. O destaque fundamental desse trabalho é como utilizar a relação analítica e a mente do analista para lidar com esses elementos de violência e "fascinação pela morte", transformando o ódio consciente e inconsciente em relação ao analista em ferramenta de trabalho. A autora mostra a importância de o analista ter "bem analisados" sua própria adolescência e suas angústias diante da morte, já que esse tipo de trabalho nos "envolve profundamente, solicitando repensar nosso compromisso com esta profissão" e, ao mesmo tempo, "lançando mão de nossa criatividade" (2006, pp. 92-93).

Casseb distingue agressividade - ligada às maneiras de ação do ego - de violência - atrelada à finalidade de danar, lesionar e atingir o outro. Como trabalhá-las analíticamente? Ao contar o caso de Maria, Casseb sugere a utilidade das ideias de Bion, "ampliando o continente-mente, por meio da atividade investigativa, introduzindo dúvidas nas certezas, utilizando um filtro para suas produções agressivo-violentas, de forma que seja possível albergar outros conteúdos, diferentes de destruição, violência e desamor" (2017, p. 21). Para isso, a sobrevivência do analista na função analítica é crucial.

Concordo em alguns aspectos com esses autores, como sugerem os casos clínicos que descrevo. Penso com Green (1994) que a adolescência envolve aspectos e vivências de natureza psicótica, relacionados com a possibilidade de desorganização e intensificação dos afetos. Ele sugere cuidado constante com a patologização e psiquiatrização, colocando ênfase no prognóstico, e não no diagnóstico. A relação conflitiva com o novo, o luto da infância e a desidealização dos pais impõem enorme sofrimento, envolvendo uma aguda percepção da realidade, dos pais e da sociedade. Ao lado da erotização do corpo e do mundo, temos as vivências ligadas à incapacidade de amar e ao recrudescimento do narcisismo, necessário para reconstruir o ego, combalido pela perda dos aspectos infantis. O aspecto psicótico está creditado também à violência das pulsões que emergem, tanto de amor como de ódio, diante das quais o ego se vê vulnerável, demandando um urgente trabalho do negativo para poder construir o pensamento.

Para Green (2010), a violência agressiva não é sempre mortífera, mas sim o desligamento, a negação da existência de si e do outro. Green nos ajuda a fazer a distinção entre loucura e psicose: na loucura, há o predomínio das pulsões de vida; na psicose, o das pulsões de morte e destruição, que trazem a aniquilação do sentimento de existência. Assim, a capacidade de ligação é um aspecto muito importante para pensarmos o prognóstico do jovem que nos procura, além da configuração edípica, que implica as possibilidades de pensar as relações entre mundo interno e externo, e a relação com a realidade. Se a fonte pulsional está externalizada, surgem as vivências persecutórias e o empobrecimento do ego. Essa distinção é tão importante que Guignard (1997, p. 223) nomeia a adolescência como "sábia loucura", recomendando "cuidado com os diagnósticos, respeito sem medo pela estrutura estranha, explosiva e rica que caracteriza a adolescência".

Em outra oportunidade (Vannucchi, 2017), salientei como os lutos da infância deixam o ego fragilizado, mas ao mesmo tempo livre para as futuras e necessárias identificações. Aproximei essa vivência da noção de mudança catastrófica proposta por Bion (2004), podendo desenrolar-se uma situação de crescimento, ou uma catástrofe de fato. O processo identificatório promove a desfusão pulsional, como Freud esclarece detalhadamente, por transformar a libido objetal erótica em libido narcísica, num processo de dessexualização, "querer ser como o objeto amado, já que não é mais possível tê-lo" (1923/2011, pp. 37 e 51-52). Essa desfusão abre caminho para a violência e virulência das pulsões agressivas, agora livres de sua ligação com Eros e, invariavelmente, voltadas para os objetos parentais ou para as autoridades constituídas. O maior risco se encontra quando elas se voltam para o próprio eu, impedindo-o de estar vivo, de ter prazer com a própria vida, processos próprios do desligamento, ou atacando-a frontalmente, como no caso do suicídio. Trata-se aqui de distinguir entre a rebelião frutífera e a estéril, discriminação necessária para quem atende jovens. Melhor dizendo, trata-se muitas vezes de encontrar a rebelião frutífera onde nos parece haver uma rebelião estéril. A capacidade de ligação, penso eu, deve ser considerada um divisor de águas.

Lembro-me aqui de Joana, jovem de 16 anos muito inibida em seu desenvolvimento emocional, isolada em seu quarto, sem vínculos de amizade, presa ao controle dos pais, que dizia: "Eu tenho medo de morrer sem ter vivido". No outro extremo, lembro-me de Júlio: muito inteligente e culto, gostava de dizer que habitava o subterrâneo, tal como o herói de Dostoiévski em Memórias do subsolo (1864/2009). Trata-se de um narrador-personagem que sustenta paradoxos, investindo ferozmente contra tudo e contra todos, entre a ciência e a superstição, a razão e a desrazão, e, acima de tudo, contra o solo da própria consciência, que se afirma e se nega sucessivamente, sozinho e sem ninguém. Muito ligado em política, preso a um grupo de amigos semelhantes, mas nunca o suficiente para lhe fazerem companhia de verdade. Desprezava a família e os colegas, e até mesmo a analista, incapaz de ser considerada uma interlocutora à sua altura. Brutal solidão! Que dificuldade tive para me aproximar afetivamente dele. As aproximações eram sempre transladadas para um vértice racional, que como sabemos, é sinal de dor mental. Dizia que nunca chorava, só quando estava sozinho. Nas sessões, muitas vezes se comovia, ficava com os olhos marejados, mas se orgulhava de sua dureza, que confundia com força e valentia. Até que um dia, um amigo próximo tentou se matar. Júlio ficou desesperado e caiu em profunda tristeza e mutismo. Faltava muito às sessões e, quando vinha, passava muito tempo me olhando, olhar pedinte, sem formular nada. Fui acompanhando esse estado de mente de profunda tristeza silenciosa com paciência e apreensão. Estaria ele abrigando também ideias suicidas? Na conversa nada disso era expresso, os silêncios imperavam. Comuniquei a ele minha apreensão, investigando seu desânimo diante da vida. Conseguiu expressar sua vontade de "sumir do mapa" e sua profunda tristeza depois de muitas idas e vindas. Depois de um bom tempo, quando esse quadro se tornara muito agudo, disse-lhe que eu gostaria de conversar com seus pais, ao que ele reagiu negativamente. Muitas conversas foram necessárias para que o encontro com os pais fosse possível, sem a presença dele, que não quis comparecer. Os pais estavam aturdidos e aflitos, começaram a acompanhar o filho mais de perto. Outra batalha foi criada para encaminhá-lo ao psiquiatra, a fim de verificar a necessidade de medicação antidepressiva. Todos esses passos demandaram cuidado, pois qualquer mal-entendido poderia comprometer o vínculo analítico. Que sofrimento vivia eu também nessa corda bamba! Um dia, Júlio começou a se comover, falar do desamparo do amigo, de sua solidão, de se sentir incompreendido pela família e de como pensou em morrer junto com o amigo, mas que agora queria ajudá-lo. Sentia-se importante para ajudar o amigo a viver. E assim pode sobreviver.

Como sugere Dolto, "o fato de dar a alguém o que acreditamos não ter nos permite sobreviver. ... damos sempre o que não sabemos ter, o que acreditamos não ter" (1995, p. 442). A partir daí, pôde falar de seus sentimentos de ódio pelos pais, escola e adultos em geral, agredindo também a analista por fazer parte de um mundo assim tão podre:

JULIO: Não me conformo de você achar que vale a pena viver neste mundo!

ANA: Eu acho que vale a pena estar aqui tendo esta conversa com você!

Júlio se comove e chora. Muitos meses se passaram onde essa era a tônica das sessões, calcada na busca de emoções soterradas ou eliminadas e na capacidade de transformá-las em narrativas, permeadas por pensamento onírico. Aos poucos foi surgindo o rap e as músicas de protesto, como um continente capaz de recuperar a capacidade de ligação, integrar pulsões de vida e de morte, e resgatar a possibilidade de pensar as emoções. Como diz Mano Brown (2002), muito presente em nossas conversas nesse período:

A vida é desafio

Tenha fé porque até no lixão nasce flor

Insista, persista, mas nunca desista!

As grades nunca vão prender nosso pensamento

E foi assim que Júlio sobreviveu. Penso que o fundamental para um psicanalista é iluminar o funcionamento mental adolescente e perceber nele as frestas por onde a tragédia de viver se insinua. Como nos lembra Lima (2011, 2017), o trágico é constitutivo da adolescência. Ao falar sobre Antígona, de Sófocles, o autor sugere que Antígona representa o mundo da compaixão, fazendo uma escolha deliberada de ir para o Hades, de enfrentar Creonte por defender outras leis, no caso o direito de enterrar seu irmão Polinices. Ele nos lembra que a banalidade da vida oculta o trágico e que a única disciplina que pode fazê-lo vir à tona é a psicanálise, pois na sala de análise o analista tem a possibilidade de intervir e dar luminosidade a ele: "O trágico nos faz mergulhar profundamente no desconhecido de nós mesmos: não sabemos que pessoa vai sair dali".

Ao tornar-se adolescente, o jovem deve abandonar as vivências infantis, o corpo infantil e até mesmo as imagos parentais da infância, o que se constitui num profundo luto que pode ser vivido melancolicamente se a tarefa de se construir não for banhada pela esperança. Como nos lembra Ferrari (1996), a perda das ilusões precisa dar lugar à esperança. Como abrir caminho para ela? Como oferecer modelos adultos que contenham esperança e sentido de viver? Penso que o psicanalista pode de alguma forma aproximar-se desse modelo desidealizado, afastando-se das imagos parentais - e também dos grupos de amizade e pertencimento - se for possível estabelecer um profundo vínculo afetivo no trabalho analítico, um real interesse pela vida do jovem e um vínculo de amor com seu próprio trabalho de analista de adolescentes. No caso de Júlio, o rap poderia ser considerado um elemento de esperança? Penso que sim.

E o analista, como olhar e elaborar sua própria adolescência, suas experiências e angústias? Acho importante considerar esse aspecto e lembrar-se sempre de sua juventude, como aponta o trecho a seguir:

Quem não viveu situações-limite entre a vida e a morte? Quem não viveu sonhos delirantes de mudar o mundo? Quem não pensou em desistir de tudo e morrer? Quem não pensou que o amor poderia salvar o mundo? Quem não tomou todas para esquecer as mágoas? (Vannucchi, 2017, p. 4)

Essas experiências são fundamentais para que possamos nos aproximar dessa ponte longa e estreita, sem corrimão, que descreve a travessia adolescente. Como acompanhar alguém sem segurá-lo ou empurrá-lo? Como conversar com alguém que parou no meio da ponte e tem medo de continuar? Ou que quer se jogar da ponte para sumir desta vida? Como criar uma conversa possível, mesmo com a distância geracional que nos separa?

Conforme nos sugere Dolto (1995), é preciso que o adulto, especialmente o analista, possa distinguir entre fantasias suicidas, naturais e constitutivas da vida - especialmente da adolescência -, e vivências potencialmente indicativas de atos suicidas, que pedem outro tipo de conduta do analista, como comunicação com a família - sempre com o conhecimento do jovem - e indicação de atendimento psiquiátrico - para que o jovem possa receber ajuda medicamentosa. Como diz Dolto, "se eu não tivesse tido ideias suicidas, não estaria plenamente viva. ... Quem não as teve, ainda não passou a adolescência. ... É o drama humano de todos. ... Todos temos de passar por isso" (1995, p. 466).

Luna, 18 anos, teve grave crise depressiva depois de terminar um relacionamento amoroso. Morando sozinha em São Paulo, me procurou por insistência de amigas. Vi uma pessoa muito ambiciosa e orgulhosa, cheia de superioridade, destruída e em pedaços depois dessa "decepção". Finalmente entrou em contato com sua fragilidade e desamparo, que lhe produziram sentimentos de inferioridade. Sentiu que a vida perdera sentido e começou a "namorar a morte". Leu livros e visitou sites que ensinam como se suicidar. Percebi que faltava muito às sessões e que não comia nem dormia direito. Quando faltava seguidamente lhe telefonava e ela me dizia: "Perdi a hora dormindo". Decidi encaminhá-la ao psiquiatra, que a medicou. Acompanhamos os dois esse momento de Luna, tal como um casal parental. Invadiram-me sentimentos de profunda angústia e dúvida sobre a minha capacidade para enfrentar o tsunami que se apresentou. Sei que não podia me responsabilizar pela vida dela, mas, por outro lado, me senti implicada e comprometida. Numa sessão desse período, decidi dizer que seus pais deveriam poder saber o que se passava com ela, que eles gostariam de poder ajudá-la. Num primeiro momento, Luna se revoltou, disse que odiava seus pais e que não queria nada com eles. Aos poucos fui tentando mostrar que ódio e amor são complementares. Finalmente, um dia ela me contou que ligara para a irmã e que ela viria fazer-lhe companhia. Respirei mais aliviada, assim poderia trabalhar com um pouco mais de calma.

O trabalho continuou com muita assiduidade, ela comparecia, estava com aparência menos macilenta, tomava a medicação, conseguia dormir e acordar. Bion (1957) nos lembra que o paciente tomado por angústias psicóticas, vivendo uma depressão psicótica, não consegue dormir nem acordar. Entramos num outro período, em que Luna me contava seus pesadelos e, aos contá-los, observava que o horror deles era bem maior que o da vida cotidiana. Era visitada por monstros que a devoravam, estupravam, despedaçavam e dos quais queria fugir, mas percebia que não tinha pernas, estava paralítica. Tinha pavor de ratos, que lhe invadiam a casa e roíam tudo o que viam pela frente. Trazia muitos sonhos com animais, geralmente muito maldosos e cruéis, expressando angústia diante de sua "animalidade". Não sei se eram sonhos verdadeiramente elaborativos, ou evacuativos, mas num primeiro momento pareciam aliviá-la desses horrores. Eu a escutava atentamente e falava pouco, mas ela se sentia acompanhada e considerada.

Contou também da Baleia Azul, um jogo supostamente criado numa rede social russa no qual o curador propõe 50 tarefas para o adolescente inscrito, desde automutilação a filmes de terror, sendo o suicídio a etapa final. Essas comunicações me deixam muito amedrontada. Outro dia começou a contar que queria fazer uma tatuagem, a mesma que o Harry Potter tinha feito: Especto Patronum. Essa frase é um grito de defesa que ele usa para expulsar os dementadores, que o aterrorizam e querem destruí-lo. O Patronum evoca uma energia positiva capaz de trazer memórias felizes e evitar os maus espíritos. Ela mesma se dá conta de que tem vontade de expulsar os maus espíritos de sua mente. Quem seriam esses dementadores? Seres de outro planeta? De outra dimensão mental? Podemos conhecê-los? Empreendemos viagens a esses outros planetas para conhecer esses monstros, que, com a convivência, aos poucos foram se tornando menos cruéis.

Um dia Luna me disse: "Você sabe que eu tava pensando na Metamorfose, do Kafka, em que ele era homem e se transformou em barata? Sempre achei essa história horrível... Hoje pensei ao contrário, que eu era uma ratazana, mas com as mãozinhas de gente". Chamou minha atenção o diminutivo "mãozinhas". Algo delicado e pequenino, nada monstruoso. Eu disse: "Que delicadeza essas mãozinhas!". Luna se comoveu: "Nunca pensei que delicadeza podia ser bonito, em vez de fraco e sem forças!". Ao que respondi: "Então você achou alguma força na delicadeza!". Pensei comigo mesma: Seriam as famosas pulsões de vida? Achamos água no deserto? Ana Maria Azevedo (comunicação pessoal, 1993) me disse certa vez que todo deserto tem oásis, lembrei disso e considerei uma lembrança esperançosa. A imagem de um oásis nos acompanhou por um período nesse deserto. A morte continuou por perto, mas talvez um pouco menos potente. Em outro momento, Luna me contou longamente sobre um livro que estava lendo, se chamava Suicídio: futuro interrompido. Contou que a autora chama a atenção para o fato de que o suicídio podia ser um "mau negócio", pois o futuro a gente não conhece e, desse jeito, não ia conhecer nunca! Estava animada ao contar. Percebi que gostava de compartilhar essas experiências comigo e lhe mostrei isso. Luna se surpreendeu e disse: "Você percebe cada coisa! Eu gosto do seu jeito de falar". Mostrei-lhe que naquele momento ela estava achando alguma graça na vida. Ela pareceu concordar comigo.

Nesses casos, podemos ver como a desfusão pulsional, como dizia Freud (1923/2011), intensifica as pulsões de morte, deixando-as livres para trabalhar desvairadamente. O funcionamento mental se faz predominantemente na posição esquizoparanoide, sendo impedido o movimento para a posição depressiva. Aos poucos, cria-se um continente capaz de acolher a violência interior, o que pode transformar as oportunidades amargas que a vida cotidiana oferece em novas possibilidades. Vemos também como a função narrativa pode desenvolver o pensamento onírico, que cria a possibilidade de ligar imagens, recuperar afetos adormecidos, anestesiados ou mesmo eliminados e criar um continente para pensar. Se ampliarmos um pouco o diâmetro do círculo (Bion, 2016), podemos incluir outros vértices e recuperar a capacidade de pensar, aumentando o espaço mental. Não um pensamento abstrato e racional, mas um pensamento vivo, encarnado. E, assim, Luna pôde sobreviver a esse terremoto, conhecendo-se cada vez melhor e recuperando a vitalidade.

A menção da função narrativa nos lembra Goethe (2001) e Os sofrimentos do jovem Werther, obra em que, como sabemos, o personagem principal decide colocar fim a sua vida por causa de uma profunda e intensa paixão não correspondida. Sabemos que esse livro teve enorme repercussão na época, tendo sido recolhido temporariamente e considerado responsável por inúmeros suicídios de jovens, e, por isso mesmo, esse efeito de contágio foi nomeado efeito Werther.

Em Poesia e verdade, Goethe nos conta na primeira pessoa do plural como, na época, estava tumultuado por essa "presunção pesarosa ... com a ideia de simplesmente abandonar a vida quando quiséssemos, se ela não fosse mais do nosso agrado" (2017, p. 697). Goethe desistiu dessa fantasia suicida, transformando-a numa tarefa literária que se delineou mais claramente quando recebeu a notícia da morte do amigo Jerusalem. Nesse momento, tomou corpo o romance Os sofrimentos do jovem Werther. Goethe nos conta como o manuscrito assustou seus amigos, tendo sido repudiado por alguns deles e produzido em sua mente o alívio de uma "confissão geral": "Mas enquanto eu me sentia aliviado e esclarecido por ter transformado a realidade em poesia, meus amigos se atarantavam com a ideia de que tinham que transformar poesia em realidade". Goethe menciona também a violência da explosão que o livro causou no público, esclarecendo que a obra não foi causadora dos suicídios, "mas que ilumina e instrui, por engendrar as tramas e sentimentos no curso da narrativa" (2001, pp. 704 e 706).

Achei muito interessantes essas observações de Goethe, pois ele esclarece que a obra de arte é apenas um veículo que permite a expressão de sentimentos e impulsos que hibernam no leitor, e não uma ferramenta que cria esses impulsos a partir do nada. D. Corso e M. Corso vão na mesma direção, ao refletir sobre a adolescência tendo por base filmes muito sugestivos e bem escolhidos. Os filmes trazem cenas e imagens que, muitas vezes, iluminam vivências para as quais as palavras ainda não puderam nascer. Ao pensar o suicídio na adolescência, utilizam o seriado 13 reasons why, que nomeiam como Treze razões para nunca crescer. Questionam a crença de que os jovens seriam mais facilmente sugestionáveis pela ideia do suicídio apontando aspectos de natureza narcísica vingativa e onipotente, com profunda desconsideração pela alteridade e intolerância à frustração como elementos mentais responsáveis pelo suicídio de Hannah, personagem central do seriado: "Os suicidas são os únicos que ficam com a última palavra" (2018, p. 174). Acredito que a necessidade de achar culpados, seja do que for, nos impede de pensar e refletir de maneira séria e realista.

Por essas razões penso que nossa função como psicanalistas não seja a de nos indignar com produtos da cultura que veiculam violência ou sugerem suicídio, mas sim iluminar o funcionamento psíquico dos jovens que nos procuram em busca dos genuínos sentimentos e crenças negadas, adormecidas ou ainda não nascidas que emergem das diferentes dimensões mentais. Nada mais propício para esse trabalho que as vivências da experiência emocional da dupla analítica. Nesse contexto, considero fundamentais a continência para a violência, a capacidade negativa, a criatividade do pensamento onírico e a sinceridade com delicadeza.

Penso que a sinceridade é um ingrediente fundamental no trabalho psicanalítico com jovens, pois eles têm o "faro" muito bem desenvolvido para mentiras e falsificações, em função das vivências de desidealização e reconstrução identitária necessárias nesse período. Acredito que a sinceridade consigo mesmo seja um pilar fundamental sobre o qual uma identidade sadia e forte poderá se desenvolver, pois permite o estabelecimento de um vínculo profundo e consistente, terreno fértil para as novas identificações. Além disso, abre portas para a esperança, sentimento necessário para enfrentar a vida. Para terminar, lembro Guimarães Rosa: "Viver é negócio muito perigoso" (2001, p. 26). Precisamos de coragem para enfrentar a vida, não para morrer.

 

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Correspondência:
Ana Maria Stucchi Vannucchi
Rua Urussui, 71/51
04542-050 São Paulo, SP
Tel.: 11 3071-2456
anavannucchi@gmail.com

Recebido em 18/11/2019
Aceito em 17/12/2019

 

 

1 Este trabalho foi escrito inicialmente, numa versão resumida, para a mesa-redonda "Suicídio: o insustentável da juventude", em companhia do Dr. José Bertolote, no simpósio O Eu e o Outro, realizado em São Paulo (SP), em 26 de agosto de 2018.

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