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Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.54 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2020

 

ALÉM DO PRINCÍPIO DO PRAZER

 

Cântico negro: o uso clínico do conceito de pulsão de morte

 

Black canticle: the clinical use of the death instinct concept

 

Canto negro: el uso clínico del concepto de pulsión de muerte

 

Cantique noir: l'utilisation clinique du concept de la pulsion de mort

 

 

Osvaldo Luís Barison

Membro efetivo e docente do Instituto da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Membro do Grupo de Estudos de Psicanálise de São José do Rio Preto e Região

Correspondência

 

 


RESUMO

Discute-se o conceito de pulsão de morte e seu emprego no caso clínico de um usuário de drogas. Faz-se um apanhado da sua anunciação e das dificuldades em aceitá-lo e utilizá-lo, indicando seu papel central nas patologias não neuróticas. Conjectura-se sobre a elaboração da constituição do aparelho psíquico, e especula-se sobre a mudança de paradigma na psicanálise a partir da introdução da nova dualidade pulsional.

Palavras-chave: pulsão de morte, drogadição, não neurose, constituição psíquica, uso clínico


ABSTRACT

The concept of death instinct and its use in a clinical case of a drug user is discussed. An overview of its announcement and the difficulties in accepting and using it, is made, indicating its central role in non-neurotic pathologies. It is conjectured about the elaboration of the constitution of the psychic apparatus and speculated about the paradigm shift in psychoanalysis from the introduction of the new instinctual dualism.

Keywords: death instinct, drug addiction, non-neurosis, psychic constitution, clinical use


RESUMEN

Se discute el concepto de pulsión de muerte y su uso en un caso clínico de un consumidor de drogas. Se hace una descripción general de su anuncio y las dificultades para aceptarlo y usarlo, lo que indica su papel central en las patologías no neuróticas. Se conjetura sobre la elaboración de la constitución del aparato psíquico y se especula sobre el cambio de paradigma en el psicoanálisis a partir de la introducción de la nueva dualidad pulsional.

Palabras clave: pulsión de muerte, adicción a las drogas, no neurosis, constitución psíquica, uso clínico


RÉSUMÉ

Le concept de pulsion de mort et son utilisation dans le cas clinique d'un toxicomane sont discutés ici. On fait un aperçu de son annonce et des difficultés à l'accepter et à l'utiliser, en indiquant son rôle central dans les pathologies non névrotiques. On fait des conjectures sur l'élaboration de la constitution de l'appareil psychique et on spécule sur le changement de paradigme en psychanalyse depuis l'introduction de la nouvelle dualité pulsionnelle.

Mots-clés : pulsion de mort, toxicomanie, non-névrose, constitution psychique, utilisation clinique


 

 

A anunciação de um conceito demoníaco

A percepção de Freud sobre certos fenômenos clínicos e metapsicológicos, seguida pela anunciação de um nome para eles através do conceito de pulsão de morte, fez e ainda faz grande revolução e alvoroço no posicionamento tanto teórico quanto terapêutico da psicanálise. Proponho que se trata do conceito que está mais diretamente ligado aos fenômenos chamados de patologias não neuróticas, os quais têm gerado as maiores demandas e dificuldades no quotidiano da clínica psicanalítica. No entanto, é também o conceito menos entendido ou utilizado, que provoca as mais significativas diferenciações entre cada analista, ocasionando posicionamentos técnicos divergentes.

As patologias do vazio, os estados psicóticos, os transtornos do espectro autístico, os deficit de representação, as psicoses, os transtornos alimentares, a drogadição, o não simbólico, o cutting, as mutilações, as somatizações, a desmentalização, o borderline etc., com suas diversas formas de constituição psíquica e manifestação no setting, têm forçado ampliações no conjunto de teorias entendido como a origem da psicanálise.

É assim que a lida com os analisandos não neuróticos tem descentrado o psicanalista do lugar de alguém que sabe a priori, pois o conhecimento anteriormente acumulado pouco serve para o inusitado que a clínica apresenta neste momento. Quando se experimenta a raridade de cada encontro analítico, criam-se variações técnicas, surgindo diferenciações na maneira de trabalhar - de analista para analista e de escola para escola. O que afirmo é que a gama de compreensões teóricas e procedimentos técnicos divergentes oriundos da lida com pacientes não neuróticos parte do demoníaco conceito freudiano de pulsão de morte.

Não se pretende aqui fazer uma revisão do conceito e de suas várias evoluções no decorrer da história. Para isso, além do texto seminal de Freud, Além do princípio do prazer (1920/1996a), recomenda-se o livro A pulsão de morte (Yorke et al., 1988), resultado de um importante debate realizado pela Federação Europeia de Psicanálise em 1984, e o artigo "Pulsão de morte e de destruição e a função desobjetalizante no processo analítico", de Luciane Falcão (2017). Contudo, conjecturam-se algumas possíveis motivações que favorecem que até hoje não se tenha clareza sobre esse conceito e não se faça uso corriqueiro dele na clínica. Apresenta-se uma classificação de suas formas de entendimento e uso, e aponta-se para a maneira particular de compreender o conceito em um caso clínico específico.

Talvez o modo como Freud anunciou suas novas ideias tenha dado margem para questionamentos e a não aceitação pacífica da nova divisão pulsional. Quando, em 1920, ele descreveu fenômenos baseados na compulsão à repetição, nos sonhos traumáticos e nas brincadeiras das crianças, formulando o conceito, modificando a teoria das pulsões para a dualidade entre pulsão de vida e pulsão de morte, ele o fez de maneira assumidamente especulativa. Vejamos:

O que se segue é especulação, amiúde especulação forçada, que o leitor tomará em consideração ou porá de lado, de acordo com sua predileção individual. É mais uma tentativa de acompanhar uma ideia sistematicamente, só por curiosidade de ver até onde ela levará. (1920/1996a, p. 39)

Deve-se destacar que o próprio Freud, em O mal-estar na civilização, diz: "No começo expus apenas tentativamente essas concepções, mas com o tempo elas ganharam tal ascendência sobre mim, que já não posso pensar de outro modo" (1930/2010, p. 87). Paula Heimann resume parte das dificuldades de aceitação do conceito:

A teoria final de Freud das pulsões primárias de vida e de morte, clinicamente representadas pelos impulsos de amor, sexualidade e autopreservação, ou de destruição e crueldade, ainda não foi completamente elaborada e aplicada. Em sua obra, a teoria da libido ainda se conserva em sua forma original, em que a crueldade é tratada como uma "pulsão componente" da libido. A teoria psicanalítica tratou as duas pulsões de um modo desigual: a pulsão sexual é o filho primogênito e privilegiado, a pulsão destrutiva é o filho tardio, o enteado. O primeiro foi reconhecido desde o início e distinguido com um nome, libido; levou-se muito tempo para reconhecer o seu adversário, que ainda não dispõe de um nome especial. (1986, p. 356)

Provavelmente a opinião de Rosenfeld de que "é típico de todos os fenômenos ligados à pulsão de morte criar algo misterioso, secreto, indescritível, e no entanto incrivelmente poderoso e perigoso, contra o qual é impossível lutar" (1988, p. 303), capte o pensamento corrente entre muitos analistas de que se trata de um fenômeno de fronteira, em que é impossível ir além. Reconhece-se algo, mas sente-se impotência para adentrá-lo. Considerando o que Rosenfeld propõe, pode-se inclusive afirmar que estudar e escrever sobre esse conceito implica algo misterioso e impreciso. Parece mesmo que se entra em território do demoníaco, do enlouquecido, e portanto do que gera confusões.

Novamente em O mal-estar na civilização, Freud faz um resumo de como concebe o conceito:

Partindo de especulações sobre o começo da vida e de paralelos biológicos, concluí que deveria haver, além do instinto para conservar a substância vivente e juntá-la em unidades cada vez maiores, um outro, a ele contrário, que busca dissolver essas unidades e conduzi-las ao estado primordial inorgânico. Ou seja, ao lado de Eros, um instinto de morte. Os fenômenos da vida se esclareciam pela atuação conjunta ou antagônica dos dois. Mas não era mais fácil mostrar a atividade desse suposto instinto de morte. As manifestações de Eros eram suficientemente visíveis e ruidosas; era de supor que o instinto de morte trabalhasse silenciosamente no interior do ser vivo, para a dissolução deste, mas isso não constituía prova, é claro. (1930/2010, p. 87)

 

Uma tentativa de classificação

Existem tantas formas de entender esse conceito e de usá-lo, que na própria obra de Freud parece haver dois fenômenos distintos que receberam o mesmo nome. É assim que, em Além do princípio do prazer, ele se refere à pulsão de morte como uma ação silenciosa, uma tendência para a ausência de excitações, buscando a homeostase, o nirvana, visando a ausência de trabalho mental. Contudo, em Esboço de psicanálise, Freud o equivale ao conceito de pulsão de destruição e o descreve como um fenômeno ruidoso, destinado à destrutividade, cujo "objetivo ... é desfazer conexões e, assim, destruir as coisas" (1940/1996b, p. 161).

O que parece ser consenso entre os analistas posteriores é a não necessidade de fazer paralelos com as bases biológicas que Freud utiliza no texto. Isso se dá não só pelas várias incoerências e dificuldades de comprovação apontadas por biólogos, mas principalmente porque a psicanálise não necessita desse tipo de suporte. Entende-se o uso da biologia tal qual um modelo, que poderia advir das artes, da cultura, da mitologia etc.

Contudo, é preciso concordar que todo ser vivente retorna ao estado inanimado. Observando-se a movimentação pulsional, percebe-se que ela visa promover o retorno ao estado anterior ao desequilíbrio que a necessidade gerou. Dessa perspectiva, a própria vida é um grande desequilíbrio.

Também cabe ressaltar que a erotização da morte como objeto de desejo é característica do ser que se percebe sofredor em demasia e que não acredita poder suportar tamanha dor. Crê, assim, que a única maneira de se livrar do sofrimento é pondo fim à vida. Esse "desejo de morrer", ou "de se matar", é passível de trabalho analítico.

Há várias maneiras de entender e utilizar o conceito. Fazendo, grosso modo, uma elementar classificação entre as várias abordagens tanto do fenômeno quanto do conceito de pulsão de morte, percebemos que existem as seguintes:

• Os que entendem a agressão e a destrutividade como tendência inata do ser humano e, a partir daí, fazem várias ampliações e aplicações do conceito. São os analistas da chamada escola kleiniana, os quais -parece - são os que mais utilizam o conceito. Contudo, mesmo entre eles existem diferenças e nuances. David Bell cataloga três maneiras básicas de entenderem o conceito: visa destruir a vida e todas as manifestações que podem indicá-la (faz isso de forma violenta, evidente e ruidosa); "é ativo na busca da passividade amortecedora"; "é igualmente discreto e visa amortecer, impedir o desenvolvimento, mas não a aniquilação" (2017, p. 96).

• Os que não reconhecem o conceito e explicam o fenômeno da destrutividade como manifestação derivada da frustração do investimento libidinal.

• Os que percebem a força destrutiva no humano, mas não veem sentido no conceito de pulsão de morte. Estariam aqui D. W. Winnicott e seus seguidores. O próprio Winnicott, ao discutir a contribuição de Melanie Klein para si, afirma que é uma "contribuição duvidosa: manutenção do uso da teoria do instinto de vida e do instinto de morte" (1962/1983, p. 162).

• Os que reconhecem o fenômeno e o conceito, mas veem na pulsão de morte um limite para o trabalho analítico.

• Os que entendem o fenômeno, porém discordam de Freud quanto ao conceito, pois consideram a pulsão de morte apenas uma tendência desobjetalizante. Aqui estão André Green e alguns analistas influenciados por ele. É o que vemos nos excertos: "a pulsão de morte será uma força que age para desobjetalizar e que não permitirá as possibilidades de caminhos representacionais se constituírem psiquicamente"; "a meta da pulsão de morte é realizar ao máximo uma função desobjetalizante através do desligamento"; "busca ativa não da unidade, mas do nada, isto é, de uma redução das tensões ao nível zero, que é a aproximação da morte psíquica" (Green, 1988, pp. 23, 65 e 110).

• Os que explicam fenômenos não neuróticos como manifestação da pulsão de morte, mas que não percebem o que podem fazer com essa compreensão.

• Os que percebem e entendem que todo movimento de ampliação da teia de simbolização é um recurso de expansão da mente e, portanto, de obtenção de melhores condições para a vida, através da maior capacidade de lidar com a força da pulsão de morte.

Como toda classificação, essa também é imprecisa e não abarca a multiplicidade de compreensões, posicionamentos e usos do fenômeno e conceito. Contudo, aponta por si só a complexidade do assunto.

 

Uma mente "craqueada"

Como exemplo clínico, recorro a um jovem usuário de crack. No intenso relacionamento analítico que vivíamos, com diversas atuações, tentativas de controle e desafios constantes à minha capacidade analítica, eu percebia várias manobras para modificar o setting e eliminar as possibilidades de pensamento. Na fase inicial, em que eu ainda estava tentando estabelecer um relacionamento produtivo com ele, contou-me que não ouvia nenhum cantor brasileiro, mas que a mãe estava ouvindo Maria Bethânia, que esta declamou um poema e ele prestou atenção. Começou a me falar do poema, do qual eu conhecia partes. Tentamos complementar os versos que não lembrávamos. É claro que ele sacou o celular e baixou a poesia que se segue:

Cântico negro
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha Mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
(Régio, 1955, pp. 108-110)1

Para além da beleza com que o gênio do poeta nos brinda nesse poema, ele fotografa a alma de meu analisando, o que me deu as coordenadas para minha postura perante ele. Eu teria que me manter na mais estrita postura analítica, sem invadi-lo ou me antecipar. Percebia que ele vivia no limiar entre ter mente para suportar as emoções ou apenas para expulsar qualquer estimulação sensorial. Ele gostava de ter mente para pensar coisas inteligentes, inusitadas, e entrar em contato com a cultura. Mas perceber as emoções era algo muito estranho para ele. Desejava, portanto, não ser provocado pelas experiências que geravam afetos, ou não ter mente para lidar com eles. Funcionava como bicho raivoso e intolerante, apesar de acessar intelectualmente as mais altas produções humanas.

 

Origens do mental

No livro em que Freud anuncia o conceito de pulsão de morte - Além do princípio do prazer - há um importante elemento para entender a própria noção de pulsão. Trata-se da afirmação de que a pulsão existe no limiar entre o somático e o psíquico. Ela parte de um territorio independente e anterior ao funcionamento mental, mais próximo à condição animal, antes mesmo que se tenha constituído algo que possamos denominar alma, mente ou psiquismo. Tanto é que Freud define a pulsão de morte como a pulsão por excelência. Uma vez alcançado o psíquico, compondo-se o id, ela já se encontra amalgamada com a pulsão de vida.

Sabe-se que a constituição da mente humana se dá por processo evolutivo, desde o mais primitivo e elementar até a sofisticação do pensamento simbólico. Contudo, em qualquer fase do desenvolvimento psicossexual, mesmo as mais originais, nenhuma dessas etapas deixa de existir e forçar no psíquico o seu modo de funcionar, alternando-se na mesma pessoa e manifestando-se durante as várias fases do trabalho analítico, às vezes na mesma sessão.

Podemos entender que a mente foi constituída no processo de evolução de nossa espécie como mais um recurso para garantir a sobrevivência. Entretanto, não é uma construção que se apresenta de maneira pronta para nós. Ela é resultado de um processo evolutivo, tanto na espécie quanto no sujeito, processo que ainda está em evolução e sempre estará.

A mente se forma a partir das primeiras experiências, gerando os chamados traços mnêmicos, precipitados simbólicos que registramos após os investimentos em objetos externos, dando início ao que designamos como memória. Toda essa constituição está moldada pelo que viemos a conhecer como sexualidade, representada por uma energia que denominamos libido. Essa pulsão sofre toda a sorte de vicissitudes que descrevemos como jogos psíquicos entre aspectos estruturais, econômicos e dinâmicos. A maneira como a mente funciona é a base da teoria psicanalítica descrita na chamada primeira tópica. Vale ressaltar que já nos encontramos no campo do simbólico, uma vez que a pulsão foi capturada pela teia de representações, seguindo destinos particulares da constituição do sujeito.

As "exigências de trabalho" que as pulsões e a consequente percepção delas provocam no psiquismo são sentidas como desprazer. Segundo a concepção freudiana, a mente funciona tal qual um filtro, com a tendência a diminuir ou manter constante toda e qualquer excitação. A essa característica Freud atribuiu o nome de princípio do prazer.

Esse princípio é a denominação para algo que opera no sentido de descarregar imediatamente e de modo eficaz toda e qualquer excitação que acomete a mente. Se fosse dado a ele um valor absoluto, não seria possível a constituição do mental, pois estaria a serviço da pulsão de morte, eliminando qualquer possibilidade de retenção simbólica. A hipótese que se faz aqui é que ele também é um processo que se instala de forma gradual, chegando a ter a primazia como tendência do funcionamento mental somente em mente constituída. É nesse sentido que Freud, em 1920, diferenciando o que havia afirmado até então, define o princípio do prazer como tendência, e não como função:

Vamos distinguir entre função e tendência de maneira mais aguda do que fizemos até agora. O princípio do prazer, então, é uma tendência que se acha a serviço de uma função, à qual cabe tornar o aparelho psíquico isento de excitação, ou conservar o montante de excitação dentro dele constante ou o menor possível. (1920/1996a, p. 37)

Assim, a tendência do princípio do prazer em eliminar a tensão - portanto, o desprazer - precisa ser sexualizada pela pulsão de vida para constituir o psíquico. Dito de outro modo: o princípio do prazer, entendido como tendência, é um processo de amadurecimento e também passa por várias etapas até ser característica fundamental do funcionamento psíquico. No rigor da nomenclatura, tal qual Freud nos alerta, não poderia ser designado como um princípio, mas como uma tendência que vai se instalando e alcançando a primazia no decorrer do amadurecimento do aparato mental, tanto quanto mais estiver a serviço da pulsão de vida.

Através de uma das vertentes do conceito de narcisismo, percebemos que os investimentos libidinais feitos nos objetos externos deixam como resultado precipitados que constituem o eu. Uma vez tendo representantes desses objetos na sua constituição, estes são oferecidos às pulsões como investimentos mais vantajosos ao id. O eu torna-se instância psíquica capaz de retenção da pulsão, funcionando tal qual um reservatório da libido.

Pari passu, portador de energia que se tornou, o eu viabiliza um segundo e posterior investimento, porém agora em objetos que se identificam com os que estão na mente, sendo portanto pretensamente mais adequados e com garantias de satisfação duradoura. Essa capacidade de retenção da descarga libidinal, numa negociação perante a tendência imediata de obter alívio, considerando o teste de realidade, é descrita pelo nome de princípio de realidade.

Assim como a existência de um princípio do prazer, temos também que conjecturar uma tendência inata para um princípio de realidade, o qual se contrapõe ao imediatismo da descarga. Essa ideia está de acordo com a formulação de que na mente as duas classes de pulsão coexistem, sendo quase impossível a manifestação de apenas uma delas. As duas tendências são complementares, porém conflitivas, e na mente adulta espera-se uma supremacia do princípio de realidade.

Esse processo é um passo momentoso na evolução da espécie e na constituição do sujeito. Contudo, os problemas começam a ocorrer exatamente pelo adiamento da descarga, pois isso é a causa da frustração do bicho que somos, e a pulsão, uma vez movimentada, necessita ser descarregada. Em razão do princípio de realidade e opondo-se ao princípio do prazer, quando se propõe a manutenção da tensão no interior da mente, todo o psíquico passa a ser objeto gerador de frustração.

Instala-se, assim, um paradoxo. Adiar a descarga é algo necessário e que nos permite ter um desempenho melhor no trato com a realidade e a sobrevivência. No entanto, postergar a descarga é frustrador, pois se deseja eliminar a tensão de forma imediata e sem negociações, tal qual é a necessidade do princípio do prazer. O que parece ocorrer em um desenvolvimento saudável é certa modulação entre os dois princípios.

Esta parece ser a radicalidade do conceito de pulsão de morte: ele explica a movimentação pulsional que ocorre como tentativa de destruir a mente e todos os recursos de adiamento da satisfação. Nesse entendimento, a pulsão de morte é anterior à instalação plena do princípio do prazer conjuntamente com a modulação feita pelo princípio de realidade, dificultando seu funcionamento como tendência organizadora da mente.

É assim que se compreende que os ataques aos objetos externos através de agressividade, ódio, inveja e destruição - processos que receberam os nomes de pulsão de agressão e pulsão de destruição - são apenas a deflexão do ódio que é dirigido aos mecanismos de postergação da descarga, identificando no exterior os objetos que representam as forças resposáveis por dificultar ou impossibilitar a descarga. São objetos odiados por serem os representantes internos que retardaram a descarga imediata. Porém já são objetos capturados pelas formas sexuais, consequentemente contingentes e particulares.

Todas as patologias elencadas no começo deste texto estão vinculadas às fases de desenvolvimento da libido anteriores ao conflito edípico e à dissolução do complexo de Édipo - ou seja, a fases em que a mente ainda não está constituída como tal, exatamente por ainda não estar modulada pelo princípio do prazer e o princípio de realidade, ficando portanto muito mais vulnerável aos ataques de desmentalização realizados pela pulsão de morte.

 

Ódio a ter mente

Retomando o material clínico do paciente que apresentei antes, ressalto que, apesar da violência e do desejo de não sentir ou do fato de ter mente, nas sessões de análise lidávamos com a forma erótica de ele se relacionar com os objetos. Ele falava comigo e podia expressar o que acontecia em seu mundo mental. Mesmo precário e carregado de angústia, o discurso do paciente está inserido no campo do simbólico, em que as palavras e expressões guardam correlação com o que deveras ocorre com ele. Ou seja, é expressão sexualizada que pôde encontrar objetos para transformá-la em comunicação.

Atualiza assim a formulação de Freud de que "podemos suspeitar que as duas espécies de instintos raramente - talvez nunca - surgem isoladas uma da outra, mas se fundem em proporções diferentes e muito variadas, tornando-se irreconhecíveis para nosso julgamento" (1930/2010, p. 86).

A própria ideia de pulsão é uma construção teórica pela qual, a partir da observação de seus efeitos, podemos conjecturar que existem energias que movimentam o psiquismo e que têm certas características invariantes a todos os humanos.

A hipótese teórica - a nossa mitologia, no dizer de Freud - que formula a existência de uma "pulsão por excelência" mediante o conceito de pulsão de morte só faz sentido se pudermos imaginar uma energia bruta, anterior à constituição do mental; passa a ter adequação ao arcabouço metapsicológico se puder ser entendida como força que dificulta a captura do afeto pela rede de símbolos responsáveis por gerar as representações. Não temos acesso direto à pulsão, apenas através de seus símbolos na derivação defletida nos objetos externos. Somos capazes de figurar que forças violentas e contrárias ao processo simbólico atuam nesse paciente no sentido de dificultar que sua mente retenha, processe e transforme o que lhe afeta. Contudo, isso precisa ser entendido como uma construção imaginativa que a teorização psicanalítica nos proporciona.

Acredito que este trecho de sessão pode ilustrar o que estou descrevendo:

MORENO: Eu nunca entendia este negócio de análise. Sempre achei perda de tempo e dinheiro. Ia porque meus pais queriam. Mas meu negócio é remédio. Eu odeio sentir. Acho isso uma coisa estúpida, desnecessária.

Ou este outro fragmento:

MORENO: Tive um sonho muito ruim. Na verdade, não me lembro do sonho, só que acordei com o cheiro e o gosto do crack na boca. Fiquei muito assustado porque era exatamente igual. Aí tomei 40 gotas de Rivotril e voltei a dormir. Eu odeio sonhar, odeio com todas as minhas forças. Não sei para que eu necessito disso. Algo tão sem lógica, sem pé nem cabeça, um atraso para a vida. Algo sem sentido nenhum.

OSVALDO: Caso fosse realmente sem sentido, você não ficaria tão angustiado assim. Parece que não conseguir suportar o sentimento nem entender o sonho é o que te coloca bravo assim.

MORENO: Não sei. Só acho uma besteira sonhar. Eu odeio. Quando eu era adolescente, eu sonhava cada coisa sem pé nem cabeça. Depois que descobri o Rivotril, aí eu me livrei disso. O Rivotril não deixa sonhar. Ele é ótimo, me faz dormir e me livra dessa desgraça.

OSVALDO: Uma droga que te livra da responsabilidade de conciliar seu sono, suportar os sentimentos e ter que atribuir algum sentido às coisas esquisitas que o sonho te propõe...

MORENO: Então, é ótimo. Para que vou ficar cuidando disso se tem uma droga que faz por mim?

OSVALDO: Você é um apaixonado pelas drogas. Mas percebeu que elas estavam te prejudicando, tanto é que pediu ajuda. Contudo, se responsabilizar pela sua mente, suas emoções e sua existência ainda é algo difícil para você.

MORENO: [Longo silêncio. Sinto que algo muda no campo.] Eu não quero estar vivo. Não vejo sentido nenhum nisso. Para quê? Eu quero morrer, ficar na cama. Não vale nada tentar fazer algo. Falam que eu tenho que lutar. Para quê? Não muda nada. Só decepção.

Neste outro exemplo, fica claro seu ódio e a forma de este aparecer na sessão:

MORENO: Cheguei cinco minutos atrasados para te dar um tempo. Estou o cão. Fiquei ali na frente esperando para não te sobrecarregar, para não ficar tão pesado para você.

OSVALDO: Nossa! Deve estar muito pesado para você aguentar sozinho. Você se preocupou comigo e diz que quer me poupar, mas aí fica com todo o trabalho de suportar sozinho.

MORENO: Eu estou muito bravo, está chato, estou o cão de bravo. No final de semana inteiro fiquei que não me aguentava. Não sei. Não aconteceu nada diferente. Não saí do quarto. Não quero falar com ninguém. Nem no Facebook eu estou entrando. Aguentar aqueles idiotas e burros é que não dá. [Silêncio.]

OSVALDO: [Lembro que na semana anterior ele estava mais animado, voltando a trabalhar. Apesar de percebê-lo bastante irritado, resolvo propor as ideias que me surgiram.] Semana passada você estava animado, trabalhando e ganhando dinheiro. Parece que a nova fase da crise política te desorganizou, interrompeu uma tentativa sua de se animar e sair do isolamento em que você está.

MORENO: Ah, eu não sei o que é! Também esta noite eu dormi mal, tive refluxo, levantei milhares de vezes para tomar remédio.

OSVALDO: Então, você estava indo, se animando, e aí teve um refluxo que te desorganizou, tirou seu bem-estar, por acreditar que estava conseguindo sair do isolamento.

MORENO: Eu não quero saber. Não acho que tenha algo. Eu só estou mal, só quero tomar remédio, ligar o ar-condicionado no último e dormir.

OSVALDO: Eu percebo que você está tomado pela irritação e pelo ódio. Com isso, parece que não sobra espaço para pensar ou até mesmo para ouvir. É como se você estivesse soterrado pela irritação, vítima indefesa da avalanche de sentimentos.

MORENO: Eu não quero sentir, não quero sentir. Eu vou me entupir de remédio e dormir, que passa.

 

Mais especulações

O que parece estar em questão na reformulação da teoria das pulsões ocorrida nos anos de 1920 é uma visão muito mais radical da existência humana. Como afirmei em "Desconstrução do ideal de analista" (Barison, 2019), penso que todos nós que buscamos trabalhar com a medicina, a psicologia e a psicanálise somos influenciados pelas ideias humanistas. Ou seja, temos uma paixão pela condição humana e acreditamos poder favorecer a melhoria da experiência de estar vivo.

A psicanálise nasceu com a marca de seu tempo, com a crença humanista e positivista, fruto da chamada modernidade e que estava em voga na época. Acreditava-se que a racionalidade poderia trazer a felicidade para todos. Para um psicanalista, a revelação do inconsciente estava em sintonia com esse ideal moderno, em que o conhecimento não só nos libertaria da ignorância, mas também seria gerador de bem-estar e saúde. A própria noção de determinismo psíquico, tão importante no início da psicanálise, aponta para as ideias de ordem e coerência, mesmo que não entendidas, mas existentes.

Na história do desenvolvimento da teoria e da prática psicanalítica, isso dura até Além do princípio do prazer. É aí que Freud dá uma guinada na compreensão do humano e na própria psicanálise.

Com a anunciação do conceito de pulsão de morte, ele promove uma ruptura no movimento psicanalítico. É como se ele descartasse o positivismo e enterrasse qualquer tipo de ilusão quanto aos dias melhores sonhados para a humanidade, lançando luz sobre os aspectos caóticos que escapam às possíveis simbolizações. Consequentemente, o próprio Freud - fruto e exemplar perfeito da filosofia moderna - se recoloca em consonância com a filosofia clássica, em que há a noção de que tudo tende à destruição, rompendo com o modelo filosófico de sua época.

Propus em 1996 a ideia de que o aparecimento do conceito de pulsão de morte representa uma quarta ferida narcísica na humanidade (Barison, 1996). Tal qual a terceira, perpetrada pelo próprio Freud, essa nova ferida descentra a noção de que a vida, o desenvolvimento e a felicidade sejam os objetivos da nossa existência. Depois tomei conhecimento de que a expressão de uma quarta ferida narcísica já havia sido formulada pelos teóricos da psicanálise de grupo. De qualquer forma, retomo essa ideia para destacar a radicalidade do conceito de pulsão de morte. Caso entendamos que a movimentação pulsional por excelência aponta para o fim, para o retorno ao inorgânico, e se manifesta no sentido da não instalação do mental, percebemos que Freud nos remete para um contrapositivismo, anunciando que é inviável qualquer cura para a condição humana.

Os psicanalistas acreditam que experiências emocionais profundas, associadas ao conhecimento racional delas, levam a desenvolver o aparelho mental, pretensamente melhorando o desempenho na vida, gerando sensação de bem-estar. No entanto, não é isso que depreendemos de Freud depois dos anos de 1920. Vejamos como ele ironiza os que não acreditam em algo como a pulsão de morte:

A suposição de um instinto de morte ou de destruição encontrou resistência até mesmo nos círculos psicanalíticos. Sei que é frequente a inclinação de atribuir a uma bipolaridade original do próprio amor tudo o que nele é encontrado de perigoso e hostil. (1930/2010, p. 87)

Ou então:

O fato de outros haverem mostrado e ainda mostrarem a mesma rejeição não me surpreende. Pois as crianças não gostam de ouvir, quando se fala da tendência inata do ser humano para o "mal", para a agressão, a destruição, para a crueldade, portanto. (1930/2010, p. 88)

Conjecturar a vida e o trabalho analítico a partir de ideias com a radicalidade de uma força com tais características, mas sem se entregar ao niilismo, a algo melancólico, sem desistir de trabalhar ou até mesmo de viver, demanda muita condição mental do analista. Implica reconhecer e ter contato com as várias facetas não neuróticas da própria personalidade.

Como destaca Freud, assumir a maldade, as perversões, as loucuras, as adições, os ódios, as agressividades, as invejas etc. como manifestação sintomática da repressão - ou seja, no modelo da primeira tópica - é muito mais fácil de realizar. Afinal, como desculpa, podemos afirmar que também os psicanalistas são vítimas de uma sociedade repressora, que não permite o livre curso de Eros.

O difícil é entender e aceitar cada uma dessas características como atávicas ao humano. Se for assim, não haverá reformas políticas ou evoluções psicanalíticas e culturais que nos livrarão do que somos. Quem sabe a superação da espécie possa resolver isso.

A construção de um conceito cuja manifestação não se pode perceber de forma direta, porém sempre mesclada com a erotização que a passagem simbólica perpetra, é de difícil realização. No entanto, é de grande valor para pensar a clínica e desenvolver a prontidão para lidar com suas manifestações, como no sadismo/masoquismo, na agressão e violência, na estupidez e nos processos de recusa em transformar demandas pulsionais em atividades psíquicas.

Sendo um conceito de difícil realização, impacta afetivamente todos os que se aproximam dele. Funciona como algo em excesso para a compreensão, ganhando aspectos demoníacos, causadores de dúvidas e confusões. Assemelha-se a uma babel, em que muitas vezes o que podemos fazer é manter uma postura de que, faz de conta, estamos nos entendendo.

 

Referências

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Correspondência:
Osvaldo Luís Barison
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Recebido em 18/3/2020
Aceito em 24/4/2020

 

 

1 José Régio (1901-1969), escritor português.

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