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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.54 no.2 São Paulo abr,/./jun. 2020

 

PANDEMIA

 

Psicanálise em tempos de pandemia: o que pode o psicanalista?1

 

Psychoanalysis in times of pandemic: what can the psychoanalyst do?

 

Psiconálisis en tiempos de pandemia: ¿qué puede hacer el psicoanalista?

 

Psychanalyse en temps de pandémie : que peut le psychanalyste?

 

 

Ana Paula Brandão Rocha

Psicanalista. Mestre em psicologia clínica. Psicóloga do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), Universidade Federal Fluminense (UFF)

Correspondência

 

 


RESUMO

A humanidade caminha eternamente buscando progresso e felicidade, num constante equilibrar-se entre certezas e incertezas. Retrocessos e avanços se alternam como num mecanismo de autorregulação. E os desafios se impõem, maiores ou menores, e de todos os tipos. A pandemia que assola muitos países no primeiro semestre de 2020 está fazendo o ser humano buscar, além do tratamento e da vacina, novas formas de ser e estar no mundo. Esse processo tem sido dolorido, pois inclui muitas perdas. Os prejuízos são visíveis, tanto na economia mundial quanto na economia psíquica. A pandemia e seus desdobramentos - o medo, a morte, o luto, o isolamento social e o confinamento - têm criado uma demanda por recursos que possam restituir-nos saúde mental e bem-estar. Como a psicanálise pode contribuir e o que pode fazer o psicanalista é o que queremos pensar, junto com os leitores, neste artigo.

Palavras-chave: pandemia, psicanálise, psicanalista, covid-19


ABSTRACT

Humanity is forever seeking progress and happiness, constantly balancing between certainties and uncertainties. Setbacks and advances alternate as in a self-regulatory mechanism. Besides, challenges are imposed, greater or lesser, and of all kinds. The pandemic that plagues many countries in the first half of 2020 is making human beings seek, in addition to treatment and vaccines, new ways of behaving and being in the world. This process has been painful, as it includes many losses. The losses are also visible, both in the world economy and in the psychic economy. The pandemic and its consequences - fear, death, grief, social isolation and confinement - have created a demand for resources that can restore mental health and well-being. How psychoanalysis can contribute and what the psychoanalyst can do is what we intend to analyze, together with the readers, in this article.

Keywords: pandemic, psychoanalysis, psychoanalyst, covid-19


RESUMEN

La humanidad siempre busca el progreso y la felicidad, equilibrando constantemente certidumbres e incertidumbres. Los reveses y avances se alternan como en un mecanismo de autorregulación. Y se imponen desafíos, mayores o menores, y de todo tipo. La pandemia que afecta a muchos países desde la primera mitad de 2020 está haciendo que los seres humanos busquen, además del tratamiento y las vacunas, nuevas formas de ser y estar en el mundo. Este proceso ha sido doloroso, ya que incluye muchas pérdidas. Las pérdidas también son visibles, tanto en la economía mundial como en la economía psíquica. La pandemia y sus consecuencias (miedo, muerte, dolor, aislamiento social y confinamiento) han creado una demanda de recursos que puedan restaurar la salud mental y el bienestar. Cómo puede contribuir el psicoanálisis y qué puede hacer el psicoanalista es lo que queremos discutir junto con los lectores, en este artículo.

Palabras clave: pandemia, psicoanálisis, psicoanalista, covid-19


RÉSUMÉ

L'humanité suit toujours à la recherche du progrès et du bonheur, dans un équilibre constant entre certitudes et incertitudes. Les revers alternent avec les avancées, comme dans un mécanisme d'autorégulation. Et les défis, plus ou moins grands et de toutes sortes, nous sont imposés. La pandémie qui sévit dans de nombreux pays au premier semestre 2020 pousse les êtres humains à rechercher, en plus des traitements et des vaccins, de nouvelles façons d'être et d'être au monde. Ce processus a été douloureux, car il comporte de nombreuses pertes. Les pertes sont aussi visibles, à la fois dans l'économie mondiale et dans l'économie psychique. La pandémie et ses conséquences - peur, mort, chagrin, isolement social et confinement - ont créé une demande de ressources capables de restaurer la santé mentale et le bien-être. Comment la psychanalyse y peut contribuer et ce que le psychanalyste peut faire, voilà à quoi nous voulons réfléchir, avec les lecteurs, dans cet article.

Mots-clés : pandémie, psychanalyse, psychanalyste, covid-19


 

 

Há momentos em que, seja qual for a posição do corpo, a alma está de joelhos.

VICTOR HUGO

Pensar a psicanálise em tempos de pandemia nos leva a refletir a pandemia sob a luz da psicanálise e nos remete, invariavelmente, às ideias lançadas por Freud em O mal-estar na civilização. Estamos mais uma vez diante de uma realidade claramente imprecisa, que nos expõe simultaneamente às três diferentes fontes de sofrimento por ele descritas: "o poder superior da natureza, a fragilidade de nossos próprios corpos e a inadequação das regras que procuram ajustar os relacionamentos mútuos dos seres humanos na família, no Estado e na sociedade" (Freud, 1930/1974, p. 105). Precisamos dar conta de um pequeno vírus que nos coloca, a todos mundo afora, de joelhos. Uns mais, outros menos, é bem verdade, mas, consciente ou inconscientemente, cada um de nós está sendo confrontado com muitas incertezas, ameaçado pela constatação da própria vulnerabilidade, assombrado com a possibilidade da morte, esse fantasma que espreita desde sempre, e impedido em sua liberdade de relacionar-se com os outros como bem entender.

Estamos vivendo um instante na história da humanidade que muito se assemelha a uma tela de Salvador Dalí. A realidade, conforme conhecíamos, derrete-se diante dos nossos olhos e, impotentes, buscamos algum protagonismo, passamos a construir um modo alternativo de viver, na esperança de que seja mesmo um arranjo provisório, enquanto, numa tentativa de reassumir as rédeas, elucubramos sobre como será nosso mundo pós-pandemia e já vamos dando à nova ordem um nome, o "novo normal". Isso é coerente com o movimento espontâneo com que caminha a humanidade e que apontei no meu artigo para a revista Trieb intitulado "O mal-estar e a felicidade nas certezas e nas incertezas" (Rocha, 2017b). O desprazer gerado pela pandemia e suas implicações engendra certa infelicidade, que varia de pessoa para pessoa, e que pode tanto deflagrar diferentes patologias psíquicas quanto prover aquele grau necessário de insatisfação que nos coloca de novo em ação, levando-nos a empreender mudanças no mundo e em nós mesmos no intuito de retomar a nossa incessante busca de bem-estar.

Talvez pudesse afirmar tratar-se de uma busca de controle também, mas isso exigiria um outro artigo. Por ora, basta ressaltar o quanto tememos o mundo "em descontrole", para usar um termo de Mocellim (2007, p. 105), e como abdicamos até mesmo da felicidade para reaver o que supomos trazer segurança. Essa reflexão é útil ao psicanalista que se propõe pensar sobre a pandemia num macrocontexto porque nos leva a ponderar sobre os benefícios, os ganhos secundários do caos, que ela instaurou. Em primeiro lugar, me vem à cabeça a interdição. Nos discursos de pacientes, amigos e conhecidos é corriqueiro ouvir que "isso veio para nos forçar a parar e repensar o modo como estamos vivendo". Há um meme de sucesso circulando na web, que veicula o senso comum de que não adianta voltar ao "normal" porque o "normal" não era bom.

Por um lado, podemos fazer como quando transmitimos aos pais nossas observações provenientes de uma avaliação psicodiagnóstica que fizemos de seu filho, e iniciar pelos aspectos positivos. Sem dúvida alguma, temos chances de sair ganhando dessa pandemia, se o que estamos vivenciando nos permitir um olhar mais crítico com relação ao modo como temos conduzido nossas vidas, especialmente no que tange aos valores excessivos dados à dedicação ao trabalho em detrimento da vida pessoal e familiar, ou ao consumo em detrimento do desenvolvimento pessoal. Temos diante de nós uma excelente oportunidade de ressignificar muitas coisas e fazer escolhas diferentes. Foi o próprio Freud quem nos alertou para o fato de que com frequência "só podemos derivar prazer intenso de um contraste" (1930/1974, p. 95). Assim, a boa notícia é que a infelicidade que estamos experimentando nesse curto período de nossa existência pode vir a ser um meio fértil para a construção de uma felicidade melhor, de um eu melhor, de um mundo melhor, de um normal melhor, o tão idealizado "novo normal".

Mas se ampliarmos o olhar e a escuta para açambarcar as mudanças que vêm se processando nas sociedades de modo mais extenso, não é difícil constatar a existência nos últimos anos de um movimento retrógrado, que soa a tentativas várias de retorno a um estágio anterior da civilização. Vemos diversos países nas mãos de governantes conservadores, donos de discursos preconceituosos, reacionários e restritivos das liberdades individuais. Estabelecem-se com o aval de grande parte da população. As motivações para tal, embora superficialmente justificadas e algumas de certa maneira até justificáveis, deixam entrever o que se poderia considerar como uma necessidade de retrocesso intrínseca ao processo desenvolvimentista da evolução humana. A humanidade progride e retrocede, alternadamente, nos valores e nos costumes, como se tivesse um mecanismo próprio de autorregulação que perpetua sua condição de alternar os papéis de desejante e de interditor, e por isso persiste experimentando o mal-estar, que Freud atribuiu ao antagonismo entre as exigências do instinto e as restrições a ele impostas pela cultura.

É bem possível que esse "novo normal" que vem sendo convocado não seja exatamente novo, pelo menos não em todos os seus aspectos. Nessa linha de retrocesso que evidenciamos, para muitos ele pode estar vindo como uma reedição do velho, atado às necessidades de restaurar normas de condutas e fixar papéis, ancorado numa ideia, fruto de crenças religiosas, de que a pandemia veio para nos ensinar, pois se trata de uma punição aos homens por conta de seus anseios por liberdades dos mais variados tipos. Como já sinalizava a mitologia grega, são punidos os que buscam o que a eles não cabe.

Se não ficarmos atentos, caímos no engodo de acreditar que é a natureza nos mostrando que o nosso normal não era bom, como se houvesse mesmo um normal ou um normal apenas. Pandemias acontecem desde que o mundo é mundo. Não podemos nos aproveitar de uma circunstância adversa pela qual a civilização passa de tempos em tempos para manipular, confundir, culpabilizar e reverter liberdades alcançadas pelas subjetividades que, a duras penas, ousaram ampliar seu modo de enxergar e construir a própria vida para além das fronteiras de uma cultura tão coercitiva quanto a judaico-cristã.

Em tempos de pandemia, podemos pensar, temos no Brasil outro desafio em andamento, um novo governo que, prometendo combater a corrupção e impulsionar a economia, com um discurso engessado e valores compatíveis com aqueles do "mundo sólido" de Bauman (2001), ameaça corromper todos os avanços de modernização que fizemos nas últimas décadas. Modernização essa que nada tem a ver com política ou economia, que é da ordem do social e do cultural, e que produziu transformações importantes em nossa subjetividade, trazendo flexibilização de normas, legitimação de comportamentos e papéis sociais, e encorajamento de liberdades individuais.

Muitos brasileiros estão com o governo, outros tantos estão contra ele. Como nas torcidas de times de futebol, ambos os lados são veementes defensores do que acreditam, e fortes, agressivos e intransigentes opositores. Temos um país cindido, resultado mais uma vez do mal-estar civilizatório, e confrontado, no auge da sua fragilidade de poderes, com o poder de um pequeno vírus que mata, indiscriminadamente, nas áreas chiques e nas comunidades, nos hospitais privados e nas redes públicas, nas grandes e nas pequenas cidades, homens, mulheres, crianças, de qualquer etnia, de qualquer cor e de qualquer orientação sexual.

A pandemia aumentou o número de incertezas numa época já bastante incerta. Isso tem intensificado desorientação e conflito - tanto coletivos quanto pessoais. As informações são imprecisas e pouco confiáveis, não há concordância nas orientações científicas, nem nas determinações políticas. As redes sociais estão cheias de gente que sabe tudo do que nada sabe, muitos palpiteiros de plantão conhecedores de coisa alguma. Seguimos todos em confusão e desamparo. Isso, claro, nos coloca em franca desvantagem diante do adversário. "A pandemia virou um pandemônio", como disse Cláudio Laks Eizirik numa live promovida pela Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ) a que assisti recentemente (Canal de Vídeos SBPRJ, 2020). De incertezas a psicanálise entende, ou pelo menos está acostumada a transitar por elas, então, além de contribuir com a compreensão dos processos, o que mais pode um psicanalista na pandemia?

O analista pode, no exercício da profissão, como na vida pessoal, aproveitar o caos, em todas as suas manifestações, para fazer nascer a nova ordem. A pandemia e a subsequente necessidade de distanciamento físico vieram impor modificações significativas no nosso já sacramentado setting psicanalítico, trazendo-nos incertezas e, ao mesmo tempo, desafiando as certezas que tínhamos salvaguardadas na técnica aprendida e por tanto tempo eficazmente praticada. Mesmo aqueles psicanalistas que, como discuti em "Há uma tela entre nós: a clínica na cultura da virtualidade" (Rocha, 2017a), já estavam ambientados com as análises à distância, realizadas através dos meios virtuais, agora passaram a ser obrigados a restringir toda a sua prática psicanalítica de consultório a essa modalidade. A radical mudança no setting foi a primeira provocação a que ficamos sujeitos.

Podemos antecipar que há perdas sim, é claro, pois as ferramentas virtuais possibilitam a continuidade das análises, mas impedem o contato pessoal e toda a leitura sensorial naturalmente viabilizada no encontro presencial e tão útil ao nosso fazer analítico. Mas precisamos considerar que, conforme relatos de diversos colegas, surpreendentemente há ganhos, já que muitos pacientes têm apresentado intensificação evidente do ritmo e do aprofundamento de seus processos analíticos. Se favorecidos pela nova técnica, pelo "calor da hora" ou por uma combinação de ambos os fatores, não sabemos precisar. Que há ganhos, é fato, como também é, que um deles é justo a confirmação de que o setting psicanalítico está dentro da cabeça do psicanalista e vai com ele aonde ele for.

Vale lembrar que não estamos sozinhos nessa empreitada. Temos os nossos pares, com quem dividimos nossas angústias e compartilhamos novas observações. E, sobretudo, temos os nossos pacientes, que partilham dos mesmos sentimentos e de semelhantes ressentimentos no que diz respeito às desarrumações da análise, do mundo e de nós mesmos. Para começar, os consultórios migraram para dentro das nossas casas e, ainda que numa tela diminuta, desnudam aos pacientes nossa intimidade. O entorno da nossa imagem, a decoração do ambiente escolhido, o latido do cachorro no corredor, a voz da criança do lado de fora da porta, a discussão do casal vizinho que invade as vidraças cerradas das janelas. E também os divãs e poltronas dos consultórios migraram para os lugares mais diversos, onde nossos pacientes tentam vorazmente garantir alguma privacidade e um bom sinal de Internet: seus quartos, o banheiro apertado, o banco da praça em frente à padaria que empresta o Wi-Fi, o carro estacionado na garagem e fechado aos ouvidos curiosos do marido em home office, a varanda simulando um quase do lado de fora.

Outro ponto interessante com que estamos sendo confrontados é passível de muito pensar e maior aprofundamento, mas desde já traz uma inquietação e inaugura um dado novo no fazer psicanalítico; no atendimento virtual, pacientes e analistas enxergam a si mesmos, concretamente na tela, enquanto olham o outro. Impossível de acontecer em condições habituais, exceto se tivéssemos uma sala de consultas onde as paredes fossem forradas por espelhos. Como tem sido para cada um de nós essa observação simultânea do eu e do outro? Como esse dado absolutamente novo tem interferido nos processos em curso? Que novidades esse detalhe sutil pode trazer para as compreensões que a psicanálise nos permite fazer?

Num futuro próximo pretendo escrever sobre isso e, para tanto, utilizar especialmente as experiências que tenho tido com o atendimento psicanalítico de pacientes em grupo. Tendo sido essa a minha primeira vivência da psicanálise como paciente, nos idos anos 1980 e com o querido psicanalista Roberto Bittencourt Martins, acabei me apaixonando pela técnica e fazendo minha formação na extinta Sociedade de Psicoterapia Analítica de Grupo do Estado do Rio de Janeiro (spag-e.río). Atualmente tenho em atendimento, além dos pacientes individuais, 10 grupos psicanalíticos. Esse trabalho realizo há muitos anos, regularmente, em um ambulatório de um hospital universitário. Com a pandemia, os atendimentos migraram para a plataforma virtual Zoom e pude perceber algumas alterações significativas. Uma delas foi justamente esta: na tela do meu computador estão todos os meus pacientes do grupo e eu, em condições iguais, todos juntos e misturados. E o mesmo se dá nas telas dos computadores deles, ou nos celulares.

Eu nunca tinha tido a oportunidade de me observar durante um atendimento e confesso que, no início, a minha presença naquele quadradinho no meio dos outros quadradinhos me incomodou um pouco. Aproveitando o formato com que nos apresentamos na plataforma, até pensei, tudo bem cada um no seu quadrado, mas não me assegurei de que estava certo de que o meu lugar fosse ali também. Enxergar-me foi quase uma surpresa, passei a notar o meu gestual, minhas expressões, todo o meu comportamento não verbal que, até então, só achava importante perceber nos meus pacientes.

E o mesmo aconteceu com eles. Do outro lado da minha tela, em suas próprias telas, cada um passou a ter diante dos olhos uma imagem de si mesmo em meio aos demais. Incrível o que vem acontecendo desde então. Com frequência eles fazem alusão ao que veem, analisam a própria imagem e corrigem distorções que vinham tendo sobre suas aparências, importantíssimo especialmente em casos de transtornos alimentares e em pacientes que sofreram bullying. Os que inicialmente resistiram em "mostrar-se" e mantinham as câmeras desautorizadas passaram a permitir a exposição da imagem quando questionados, convidados e incentivados pelos outros. Um refazer dos passos da infância remota em que os olhos da mãe foram espelho? Tem havido um incremento no sentimento de pertencimento, diminuição da percepção de solidão, embora, em contrapartida, estejam surgindo situações em que é possível trabalhar o estar só na presença do outro conforme formulado por Winnicott (1990); são frequentes os avanços em todas as questões ligadas a autoimagem e autoestima, e tantas outras coisas que se eu fosse descrever aqui, terminaria por preencher muitas páginas.

Os atendimentos individuais também fazem progressos, quer porque as questões se tornaram prementes em função dos prejuízos da pandemia à saúde mental, quer pela comodidade de contar com mais tempo disponível em razão de a maioria estar livre dos deslocamentos para trabalho ou escola. Não há faltas no horário marcado para as sessões, salvo raríssimas exceções, estão todos presentes. Então, o fato é que em meio a tantos arranjos e rearranjos, seguimos sendo analistas e os analisandos sendo pacientes. E pacientemente vamos nos adaptando, ambos os lados, fazendo ajustes, aparando arestas. E aí vem a grata constatação de que o trabalho analítico, mesmo dentro de novos enquadres, continua acontecendo e apresentando suas características habituais. Mais do que isso, progredindo a passos largos.

No fundo já sabíamos que seria assim. Ainda que estejamos atravessando um território desconhecido para nós, não mapeado e impactante, há muito já andamos discutindo as transformações do processo analítico, do perfil do paciente, do próprio psicanalista e da nossa formação. A evolução da técnica psicanalítica já foi muito bem destrinchada por vários dentre nós e com maestria por Zimerman (2004), quando se empenha em responder à pergunta: para onde vai a psicanálise? A psicanálise segue as profundas transformações que acompanham a evolução da humanidade, produz em si mesma as mudanças necessárias para melhor adequação, evitando tornar-se engessada e inviável. Cabe ao psicanalista adaptar a técnica com ética e cuidado para não descaracterizá-la, e adaptar-se para seguir fazendo aquilo que melhor sabe fazer, atendendo às demandas de cada época e de cada paciente, garantindo a permanência no fazer psicanalítico do que é fundamental para sua correta efetivação.

A pandemia nos convoca a um "fazer diferente" e também a um "fazer mais". Muito se tem falado sobre os prejuízos à saúde mental causados pelas incertezas, pelas ameaças de morte ou perda de entes queridos, pelo confinamento e pelo distanciamento físico/social, pelas instabilidades econômicas pessoais e mundiais. Nossos pacientes em tratamento apresentam novos sintomas ou manifestam os que já tinham com um colorido mais forte. Aparecem muitas outras pessoas adoecidas física e psiquicamente demandando atenção. Surgem as ações solidárias, pessoais ou de grupos, em que psicanalistas se oferecem para atendimento online gratuito.

Alguns poderiam questionar se um analista que se oferece para atendimento não estaria "criando" uma demanda que deveria ser espontânea. Isso nos faz lembrar Lacan, quando diz que conseguiu o que um comerciante gostaria: com oferta, criou demanda. A oferta se coloca de antemão, ela já está ali, "anterior à solicitação" (Lacan, 1976/2003, p. 569). Ora, se oferecemos nossa escuta é porque existe, além do nosso desejo de escutar, demanda por escuta. E é errôneo pensar que estamos todos no mesmo barco. Estamos na mesma tempestade, isso sim. Mas em barcos muito diferentes, enfrentando o mar revolto, cada um à sua maneira e com seus recursos, tanto no que concerne à organização psíquica quanto econômica. Disponibilizar ajuda, oferecer escuta, é atitude humanitária, ainda mais numa situação adversa como essa.

Por outros motivos estava lendo Moretto sobre a atuação do psicanalista no hospital, quando me deparei com a seguinte recomendação:

Cuidemos da nossa posição para não fazermos dela um meio para defender os injustiçados, uma forma de assistência social ingênua, em que o desejo do sujeito é tomado sem ser interpretado. É preciso que não nos deixemos ser levados por um discurso humanista que impede, muitas vezes, a emergência da verdade do sujeito, em busca de um bem-estar que está muito mais na ordem da ilusão do que da verdade de cada um. (2019, p. 129)

Como psicanalista, trabalhando há 26 anos dentro de um hospital, entendo o que ela quer dizer, mas tendo a achar que nesse atual contexto, situações se impõem em que os papéis se confundem, e algumas vezes fazemos psicanálise do jeito que conseguimos ou fazemos mesmo outra coisa que não psicanálise. E não há mal nenhum nisso, porque a identidade de psicanalista não se perde, nem o olhar ou a escuta. Uma vez psicanalista, sempre psicanalista. E podemos nos dar o direito, como bem colocou Winnicott em todo o seu brilhantismo, de fazer outra coisa quando nosso paciente não precisa ou não quer ou não aguenta, naquele momento, fazer psicanálise. Ou podemos fazer psicanálise de uma outra maneira que não a habitual, por exemplo oferecendo nas redes sociais atendimento gratuito aos menos favorecidos. Podemos tudo, desde que o trabalho seja sério, regido pelas recomendações técnicas, embasado teoricamente, conduzido com ética, respeito, comprometimento e de modo pontual.

Há 100 anos Freud escrevia Além do princípio do prazer, e hoje a covid-19 joga a pulsão de morte em nosso colo. O ser humano é forçado a olhar a morte nos olhos, a recebê-la em sua casa, compulsoriamente, sem que a tenha convidado, a lutar contra ela ou, resignado, buscar fazer o luto necessário para seguir em frente. O medo está presente no discurso público ou na confidência daqueles que não se utilizam de toscos mecanismos de negação. Clama-se pela cura com tratamentos supostamente eficazes porém sem nenhuma comprovação confiável, espera-se uma vacina que volte a manter a morte a alguma distância e com isso permita a retomada da vida social, profissional, afetiva. E pensar que, no inconsciente, como Freud nos disse, cada um de nós está convencido da própria imortalidade. Fácil imaginar o mal-estar, não é?

Agora, imaginem em plena crise atual, dentro de um hospital e na rede pública de saúde. Questões relativas ao embate entre vida e morte se fazem permanentemente presentes com toda a força de suas cores e suas sombras no ambiente hospitalar. Por muito tempo a medicina encarou a morte apenas como uma inimiga a ser vencida. Embora a partir da segunda metade do século xx o movimento de humanização da saúde tenha alterado um pouco esse cenário, através de uma nova abordagem e compreensão dos lutos, "a morte ainda hoje é percebida no meio médico como uma derrota" (Campos, 2013). Então, continua produzindo imensas angústias que geram comportamentos defensivos e ensejam lutas inglórias. As particularidades da covid-19, o pouco conhecimento a respeito do comportamento do vírus e a sabida precariedade do nosso serviço público de saúde para dar conta de uma pandemia tornaram o hospital um ambiente mais tenso do que habitualmente é.

Desde o ano passado, o Serviço de Psicologia do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), num grupo coeso do qual faço parte junto com outras colegas, algumas também psicanalistas, e com a contribuição de uma psiquiatra, vem otimizando inúmeras ações com o objetivo de implementar novas rotinas de humanização. Com a chegada da pandemia em março de 2020 isso se intensificou. Algumas de nossas atividades regulares ficaram temporariamente suspensas, como os atendimentos clínicos ambulatoriais, ou seja, as análises dos meus pacientes. Assim, inicialmente ficamos todas mais disponíveis e fomos nos reposicionando à medida que percebíamos as diferentes demandas que surgiam.

As demandas, como era de se esperar, não foram poucas, não são poucas. As equipes de saúde estão trabalhando num nível máximo de estresse, os pacientes internados estão sofrendo com o medo de contrair o vírus no hospital e saudosos de seus familiares, já que as visitas ficaram suspensas, os óbitos sucedem-se em condições novas, que mobilizam familiares, equipes e funcionários - sem despedidas prévias, sem velório e sem contato com os pertences do morto, sua referência última, antes de cumprido um prazo de quarentena. Triste. Trágico. Desafiador. A pandemia cria condições inusitadas tanto para a vida quanto para a morte e desafia a dor de cada um.

O que pode fazer o psicanalista no hospital durante uma pandemia? Segundo Moretto, o que um analista faz com o instrumental teórico e técnico da psicanálise depende da relação que ele tem com ela. Tenho percebido que durante esse período, mesmo sendo convocada a "fazer outra coisa", como na fala de Winnicott, continuo fazendo psicanálise, desde que entendendo as especificidades dos diferentes contextos. Para início de conversa, noto que observo o meu próprio grupo de trabalho com o olhar e a escuta psicanalítica, identifico conflitos velados, ansiedades não ditas, posturas coerentes com as histórias e as exigências egoicas e superegoicas de cada uma de nós. Houve inclusive um momento em que foi preciso sinalizar, parar tudo e propor um grupo de reflexão para a nossa equipe. A intervenção foi útil e facilitou o prosseguimento do trabalho conjunto.

Criamos um projeto para a pandemia, o PsicoviDa. Talvez nos moldes de uma oferta precedendo a demanda, conforme Lacan, mas com a proposta clara de avaliar cada demanda, a fim de captar sua veracidade, em caso de demanda por análise, ou de acolher e orientar, em caso de demanda de outra ordem qualquer. Dentro desse projeto, nos colocamos disponíveis para atender profissionais das equipes de saúde que atuam dentro do Huap, pacientes internados que solicitem atendimento e familiares desses pacientes que desejem uma ou mais consultas.

Se, como Lacan, considerarmos como demanda verdadeira para início de um processo analítico o desejo do paciente de desvencilhar-se do sintoma, podemos afirmar que grande parte dos atendimentos realizados tem correspondido a demandas por análise. Tanto que, se a ideia original era de oferecer até quatro sessões para cada paciente, algo próximo ao modelo das consultas terapêuticas de Winnicott, o que está acontecendo em muitos casos é um prosseguimento natural da análise, online ou presencial, visto que já está firmada a aliança terapêutica e estabelecida a transferência.

Podemos dizer que a pandemia e todos os imbróglios a ela associados provocaram muita angústia, despertaram a consciência e acabaram por criar demanda por análise. A oferta de atendimento tem sido uma surpresa boa, nesse sentido. O encontro com o analista de um modo geral é bem-vindo e leva o paciente a um encontro consigo mesmo, através do analista, do adoecer, da ameaça da morte ou mesmo do luto. A situação caótica de viver uma pandemia, algo nunca antes imaginado pelas gerações que aqui estão em pleno século xxi, vem sendo o facilitador desse encontro. O caos facilita a dor do encontro. E também a alegria.

Lembro o caso do pai internado que, antes de ser intubado, solicitou atendimento. Como alguém solicita atendimento sendo intubado e ciente de que seria mantido sedado? Que demanda era aquela? Feito o contato, quem compareceu à consulta com uma de minhas colegas foi uma das filhas do paciente que, ao final do atendimento, inscreveu a irmã no projeto. Esta, por sua vez, quando contatada, embora surpreendida com a atitude da outra, compareceu à consulta agendada para si visivelmente emocionada. Contou-me a história da família, sua própria história, as desavenças com o pai e com a irmã. Falou de raiva, de culpa, de remorso, de resgate. Solicitou continuidade da análise e, enquanto caminhamos, vai fazendo seu movimento de reaproximação do círculo familiar, do lado de dentro e do lado de fora. O pai faleceu e ela e a irmã estão podendo fazer juntas o inventário das cinzas dessa família.

Mas nem só de cinzas vivem as famílias. E em tempos de pandemia, quando alguém está internado, vivem também de apreensões e saudades. As visitas nos hospitais estão suspensas, conforme eu disse anteriormente. Os pacientes em condições menos graves estão nas enfermarias, onde mais facilmente têm acesso aos familiares e amigos através de seus telefones celulares. O mesmo não acontece nos centros de tratamento intensivo (CRIS). Ali o clima é mais tenso ainda e reina uma solidão interrompida apenas pelos incessantes cuidados das equipes e pelos apitos dos aparelhos que dão suporte à vida. Pensando sobre isso, implementamos as visitas virtuais, utilizando tablets que foram doados por um colega médico quando soube do nosso projeto. Mais uma vez é a solidariedade, o oferecimento, que permite a ação. O presente provendo presença na ausência.

Com os tablets promovemos os encontros virtuais dos familiares com os pacientes. Os que estão lúcidos conseguem ver através da tela aqueles que lhes são queridos e conversar por alguns minutos que, certamente, ganham status de eternidade. Os que estão sedados têm oportunidade de ouvir os áudios que os familiares nos enviam para que sejam transmitidos a eles. Algumas reações são mesmo emocionantes, como os sinais sutis, porém detectáveis, que alguns emitem quando expostos à voz familiar. Também nos sensibiliza ouvir com eles, ou por eles, declarações de amor, agradecimentos, despedidas, todas manifestações tão importantes para aqueles familiares que desse modo conseguem se fazer presentes.

Como diz a música de Milton Nascimento, "chegar e partir são só dois lados da mesma viagem". Confirmamos isso quando as visitas virtuais podem também promover primeiros encontros. Foi o que aconteceu com a paciente que, contaminada pela covid-19, precisou dar à luz precocemente. Dias depois, ainda no cri, estava vendo pela primeira vez o rostinho do seu bebê prematuro, através da tela do tablet, em um filme gravado pela equipe da unidade neonatal. Cenas assim reafirmam a força da vida em meio a tanta morte. O relato consta de um trabalho recentemente escrito para um projeto do Conselho Regional de Psicologia (crp) de reunir reflexões e práticas de psicólogos em tempos de pandemia (Rocha et al., no prelo).

E já que a morte, presença constante em um hospital dedicado a casos de alta complexidade como o nosso, vem se fazendo ainda mais presente ultimamente por conta da pandemia, pensamos um meio de ajudar os que ficam a receber a notícia e iniciar um processo de elaboração do luto. Oferecemos suporte, sustentação, colo - como chamariam aqueles que sabem exatamente o que "dar colo" significa. Os familiares recebem a triste notícia e vêm a nós literalmente sem nada nas mãos. Nada além de um atestado de óbito. Deixaram ali um parente e saem com um pedaço de papel. É o desamparo que vemos estampado nos rostos tristes de quem sequer vai poder contemplar o corpo de quem partiu no velório, de quem não pôde trocar um olhar, não teve chances de dar um abraço, de dizer uma palavra de despedida, de nada, absolutamente nada.

No encontro com o analista está a oportunidade de dizer o que não foi dito e de ressignificar a sofrida experiência que priva essas pessoas não apenas do ente querido, mas também de todos os rituais relativos ao morrer com que estamos habituados. Nesse primeiro momento, além da acolhida, que permite que o outro hospede em nós a sua dor e no encontro conosco encontre abrigo e algum possível conforto, oferecemos aos familiares uma "caixa de memórias" em que simbolicamente eles poderão depositar, junto com a saudade, as histórias que viveram com aqueles que morreram. No cartão sobre a caixa vai o número de contato do PsicoviDa, e a certeza de que eles têm um lugar para voltar, uma porta aberta, caso precisem e queiram.

Portanto, são variadas as formas de atuação do psicanalista em tempos de pandemia. E a escrita é também uma delas. Em um momento histórico para a humanidade, estamos tendo a oportunidade de trocar vivências e deixar registros, produções textuais, que cumprem a tarefa de escrever mais um capítulo na história da psicanálise. Escrevendo, vamos desidratando a dor de existir num mundo que estamos todos fadados a abandonar em algum momento. Sem banalizar a morte, como fazem alguns inadvertidamente, sabemos que ela chega mesmo para todos e que, como disse Schopenhauer:

A vida do corpo é a morte sempre suspensa, uma morte adiada. ... É preciso, enfim, que a morte triunfe, pois lhe pertencemos pelo próprio fato do nosso nascimento, e ela não faz senão brincar com a presa antes de devorá-la. ... Seguimos o curso da nossa existência, com um interesse extraordinário, com mil cuidados, mil precauções, durante todo o tempo possível, como se sopra uma bola de sabão, aplicando-nos a enchê-la o mais que podemos e durante muito tempo, não obstante a certeza que temos de que ela acabará por rebentar. (2016, p. 33)

Resta-nos esperar, como seres humanos, que essa pandemia inaugure em nós uma nova forma de olhar tanto a morte quanto a vida, e como psicanalistas, que ela nos ensine que somos capazes de enfrentar os desafios com os instrumentos que possuímos e praticar a psicanálise em condições diferentes das que estamos acostumados, porém de modo possível e útil, porque se a morte é inevitável, a vida, de uma forma ou de outra, também segue.

 

Referências

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Correspondência:
Ana Paula Brandão Rocha
Rua Barão de Lucena, 76, ap. 101
22260-020 Rio de Janeiro, RJ
Tel.: 21 98757-1754
anapaula.brandao@yahoo.com.br / anapaula.brandao@icloud.com

Recebido em 20/7/2020
Aceito em 22/9/2020

 

 

1 Agradeço às colegas da equipe do Psicovina - Andréia Fontoura, Júlia Mendonça, Marcia Martino, Rosângela Lima, Tânia Ventura, Thábata Luiz e Virgínia Dresch - pela parceria nos projetos que citarei aqui e que estamos desenvolvendo no Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap) durante esse período de pandemia.

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