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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.54 no.2 São Paulo abr,/./jun. 2020

 

PANDEMIA

 

Patchwork psicanalítico: costurando em tempos revoltos

 

Psychoanalytic patchwork: sewing on troubled times

 

Patchwork psicoanalítico: tejiendo en tiempos revueltos

 

Patchwork psychanalytique : couture en temps troubles

 

 

Claudia Regina de Oliveira LimaI; Ednéia Albino Nunes CerchiariII; Maria de Lourdes Jeffery ContiniIII; Maria Fernanda Marques SoaresIV; Miriam Cátia Bonini CodornizV; Terezinha Alcântara SilvaVI

IMembro associado da Sociedade Psicanalítica de Mato Grosso do Sul (SPMS)
IIMembro efetivo da Sociedade Psicanalítica de Mato Grosso do Sul (SPMS)
IIIMembro associado da Sociedade Psicanalítica de Mato Grosso do Sul (SPMS)
IVMembro efetivo em função didática da Sociedade Psicanalítica de Mato Grosso do Sul (SPMS)
VMembro efetivo em função didática da Sociedade Psicanalítica de Mato Grosso do Sul (SPMS). Presidente da SPMS
VIMembro efetivo em função didática da Sociedade Psicanalítica de Mato Grosso do Sul (SPMS)

Correspondência

 

 


RESUMO

Com a pandemia de covid-19, o mundo inteiro foi atingido de forma dramática e ameaçadora. Houve a perda da ilusão de que teríamos um lugar seguro neste planeta, de que poderiamos nos amparar, de que o mal poderia ser controlado por nós. Diante desse cenário, o trabalho de acolhimento e a possibilidade de dar voz às angústias vividas consistem no primeiro passo para promover o enfrentamento de uma experiência de vida tão difícil, o que minimiza os riscos de adoecimento mental. Assim, o presente estudo tem como objetivo refletir sobre o papel da psicanálise, do voluntariado e da escuta do psicanalista no Atendimento Humanitário em Saúde Mental da Sociedade Psicanalítica de Mato Grosso do Sul.

Palavras-chave: identificação, narcisismo, pulsão, trauma, voluntariado


ABSTRACT

The whole world has been affected by Covid-19 pandemic in a dramatic and threatening way. People have lost the illusion that we would have a safe place on this planet and that we could count on each other, that bad things could be controlled by us. Given this scenario, being open to help people and the possibility of giving voice and attention to anxiety were the first steps to support facing this difficult life experience which might minimize the risks of mental illnesses. Thus, the present study aims at reflecting on the role of psychoanalysis, volunteering and psychoanalytic examination in the Humanitarian Care in Mental Health, from Mato Grosso do Sul Psychoanalytical Society

Keywords: identification, narcissism, pulse, trauma, volunteering


RESUMEN

Con la pandemia de la Covid-19, el mundo entero fue afectado de forma considerable y amenazadora. Sobrevino la pérdida de la ilusión de que tendríamos un lugar seguro en este planeta, que podríamos sostenernos, que el mal podría ser controlado por nosotros. Ante este escenario, el trabajo de hospitalidad y la posibilidad de dar voz a las angustias vividas consisten en el primer paso para promover el enfrentamiento de una experiencia de vida tan difícil, lo que minimiza los riesgos de una enfermedad mental. Así, el presente estudio tiene como objetivo reflexionar sobre el papel del psicoanálisis, del voluntariado y escucha del psicoanalista en la Atención Humanitaria en Salud Mental de la Sociedad Psicoanalítica de Mato Grosso do Sul.

Palabras-clave: identificación, narcisismo, impulso, trauma, voluntariado


RÉSUMÉ

En raison de la pandémie du Covid-19, le monde entier a été touché de manière dramatique et menaçante. Il y a eu la perte des illusions tels qu'il y aurait un endroit sûr pour nous sur cette planète, que nous pourrions nous soutenir, que nous pourrions maîtriser le mal. Face à ce panorama, le travail d'accueil et la possibilité de donner voix aux angoisses vécues consistent en un premier pas pour promouvoir l'affrontement d'une expérience de vie si difficile, ce qui minimise les risques de contracter une maladie mentale. Ainsi, la présente étude vise à réfléchir sur le rôle de la psychanalyse, du volontariat et de l'écoute du psychanalyste aux Soins Humanitaires en Santé Mentale, de la Société Psychanalytique de l'État de Mato Grosso do Sul.

Mots-clés : identification, narcissisme, pulsion, traumatisme, volontariat


 

 

Introdução

No início do ano de 2020, quando a vida seguia seu curso normal, fomos surpreendidos por uma "sombra" vinda do continente asiático. A sombra é um vírus, uma minúscula molécula, protegida por uma capa de gordura, que surgiu no nosso planeta de forma sorrateira, invadindo ruidosamente nossa vida, trazendo em seu bojo o nome covid-19. Invisível e enigmático, esse desconhecido é traiçoeiro em sua ação destrutiva e, ao menor descuido, se alastra de modo exponencial. Por onde passa, deixa marcas de dor, desalento e sofrimento, e faz com que nos sintamos impotentes, ameaçados e aterrorizados por não conseguirmos vencê-lo.

Diante desse cenário catastrófico, que temos como pano de fundo, e utilizando o arcabouço teórico psicanalítico, resolvemos costurar com uma linha teórica básica, o Atendimento Humanitário em Saúde Mental da Sociedade Psicanalítica de Mato Grosso do Sul (SPMS). Com base no caminho percorrido pelo entrelaçar dos fios da costura, e sabendo que esse é um trabalho ainda em fase inicial, teceremos algumas considerações sobre este momento ímpar em nossa vida, pessoal e profissional, enquanto psicanalistas desenvolvendo um trabalho voluntário. Salientamos que essa é a primeira vivência de voluntariado na SPMS.

O pensar pensamentos é mister de um psicanalista, e não seria diferente diante dessa proposta de trabalho. Assim, neste momento, muitos questionamentos nos vêm à mente, embora alguns não sejam necessariamente respondidos agora: o que move alguém a dedicar parte do seu tempo, da sua vida, a cuidar de outra pessoa, sem remuneração? Quais são as motivações inconscientes nesse movimento? Qual será a costura expressa nesse patchwork da instituição psicanalítica, em especial da nossa sociedade psicanalítica, neste momento de pandemia de covid-19? É possível a maneira de pensar proveniente da experiência clínica psicanalítica contribuir para o entendimento das diferentes demandas sociais e para o engajamento do psicanalista nelas, sobretudo no campo dos programas assistenciais de voluntariado para a população?

Com o intuito de estudarmos o papel da psicanálise e as vicissitudes da escuta do psicanalista no atendimento voluntário, e de respondermos aos questionamentos apresentados pelos psicanalistas participantes do Atendimento Humanitário em Saúde Mental da SPMS, revisitaremos alguns conceitos psi-canalíticos e faremos um breve relato dos atendimentos em curso.

 

Tecendo nossa vivência: costurando em tempos revoltos

Pano de fundo: a pandemia de covid-19

Com a pandemia de covid-19, o mundo inteiro foi atingido de forma dramática e ameaçadora. Houve a perda da ilusão de que teríamos um lugar seguro neste planeta, de que poderíamos nos amparar, de que o mal poderia ser controlado por nós. Hoje temos de conviver com a morte, que pode estar à espreita em todos os lugares; temos de rever a agressão que impomos a nós e ao meio ambiente, o conceito de bem-estar de cada um, o que consideramos prioritário para a nossa vida.

A covid-19 pode acarretar, na população em geral e nas pessoas diretamente afetadas em especial, dificuldades psicossociais em diferentes níveis de intensidade e gravidade. Essas dificuldades podem exceder a capacidade de enfrentamento da pessoa, interferindo nas decisões e na condução adequada da vida social, familiar e profissional, e principalmente na luta contra a covid-19.

Uma vez que a maioria das dificuldades psicossociais vivenciadas são reações e sintomas normais para uma vivência anormal, a Organização Mundial de Saúde (oms) estima um aumento, na primeira fase da resposta à epidemia, da incidência de transtornos psíquicos: entre um terço e metade da população seria atingida em decorrência da magnitude do evento, do grau de vulnerabilidade psicossocial, do tempo e da qualidade das ações psicossociais (Weintraub et al., 2020).

Como uma catástrofe mundial, a pandemia traz um inimigo invisível, desconhecido, que ameaça, aonde quer que vá, com a morte implacável, na medida em que não conhecemos essa doença, não temos recursos confiáveis para combatê-la, não temos condições mínimas de prever, com mais presteza, a evolução do quadro clínico, já que a cada momento se produzem efeitos diferentes.

Uma das medidas para o controle da covid-19 é o isolamento social, que impõe novos obstáculos e mais fontes de angústia, visto que restringe o convívio, podendo abalar profundamente a economia e levar as pessoas a se fechar em si mesmas.

Portanto, é uma situação que conduz à vivência de mudança catastrófica na vida como um todo, algo traumatizante pelo montante de dificuldades que nos impõe, sendo humanamente impossível lidar com tudo isso, ao mesmo tempo, com presteza e sem dor.

Diante desse cenário, o trabalho de acolhimento e a possibilidade de dar voz às angústias vividas são o primeiro passo para promover o enfren-tamento de uma experiência de vida tão difícil, o que minimiza os riscos de adoecimento mental e favorece um trabalho de grupo mais eficiente e cooperante. Assim, propomos também um trabalho preventivo para a comunidade em geral.

A linha traumática: revisitando conceitos psicanalíticos

O arcabouço teórico da psicanálise sobre o conceito de trauma auxilia-nos a entender as vicissitudes do sofrimento psíquico imposto pela covid-19. Nessa direção, consideramos a definição de trauma apresentada por Laplanche e Pontalis (1967/2000): o fato que, pela intensidade e pela incapacidade de reação adequada, causa efeitos patológicos e duradouros no psiquismo.

Freud diz que traumática é "uma vivência que, em curto espaço de tempo, traz para a vida psíquica um tal incremento de estímulos que sua resolução ou elaboração não é possível da forma costumeira, disso resultando inevitavelmente perturbações duradouras no funcionamento da energia", na neurose, no adoecimento traumático, pela "incapacidade de dar conta de uma vivência carregada de um afeto muito intenso" (1917/2014, p. 367).

Uma década depois dessa afirmação, Freud observa que o sinal de perigo pode surgir com a vivência de desamparo, quando o bebê percebe que a mãe é o objeto externo que pode resolver o perigo semelhante ao do nascimento, porque "o conteúdo do perigo que teme é deslocado da situação econômica para a condição que determinou essa situação, ... a perda de objeto" (1926/1976, p. 161), e toda vez que houver ameaça de sua perda, haverá sinal de ansiedade.

Com origem no grego, trauma é uma ferida, um conceito fundamental para a psicanálise. Para entender o que é um trauma, é preciso destacar o tempo em que o fato acontece e, depois, o tempo em que a pessoa se dá conta do que lhe aconteceu. O trauma pode ter uma série de fatores, internos e externos à pessoa. O mesmo evento poderá ser sentido e vivido de modo diferente por cada pessoa, dependendo de sua capacidade para enfrentar seu mundo interno e a realidade.

Em "Formulações sobre os dois princípios do funcionamento psíquico", Freud aponta para o papel do pensamento como forma de conter, abreviar o montante dos investimentos livremente deslocáveis ou da descarga motora: "A suspensão da descarga motora (da ação), que se tornou necessária, foi arranjada mediante o processo de pensamento que se formou a partir do imaginar", e assim "o aparelho psíquico suporta a elevada tensão dos estímulos durante a suspensão da descarga" (1911/2010, p. 114).

A incapacidade de lidar com esse excesso traumatizante de ansiedade provocado pela pandemia pode interferir, então, na capacidade de pensar sobre as situações vividas, fator essencialmente patogênico.

A vivência traumática corresponde a toda situação que impõe tal montante de dor, angústia e frustração ao ego que o impede de dar sentido a essa situação. Alarmado, ele se confunde, se contorce, podendo ficar aterrorizado, inundado pelo estresse com o qual é incapaz de lidar. É possível que entre em pane, se paralise, se cegue, emudeça e deixe de pensar. Com o tempo, cada vez que uma situação parecida se avizinhar ou despontar no horizonte poderão surgir angústias semelhantes, pela ameaça de se repetir a mesma situação aterrorizante, traumática.

De acordo com Zaslavsky (2004), em "Análise terminável e interminável" (1937) e Moisés e o monoteísmo (1939) Freud discorre sobre o trauma não metabolizado, quando a pessoa não consegue se organizar e desenvolver um processo de pensamento e simbolização. A possibilidade do ego de se reorganizar, se recompor, tem a ver com a chance de pensar sobre o caos ou a tragédia vividos, de dar sentido às angústias e, consequentemente, conferir a elas novos destinos, impedidos pela vivência traumática. Segundo Barros, "a experiência traumática tem um papel congelante dos processos simbólicos de elaboração" (2005, p. 114), porque impõe um desgaste de investimento incessante e cada vez mais penetrante, interditando o contato com a realidade e a transformação dela.

No Atendimento Humanitário, encontramos pessoas para quem a mudança de rotina, a impossibilidade de ver os entes queridos mais velhos que ficaram confinados, a convivência diuturna com a família, a reclusão em espaços restritos e com inúmeras privações e limitações, as perdas econômicas, foram sentidas de forma tão violenta que as impossibilitou de lançar mão das experiências vividas anteriormente para lidar com a situação, não conseguindo manter o mínimo de organização interna para encontrar estratégias de enfrentamento, o que revelou as capacidades egoicas de cada um.

De acordo com Oliveira Lima (2019), Freud propõe que o trauma maior do ser humano é o estado de desamparo (Hilflosigkeit) e sua condição de vulnerabilidade. O homem da psicanálise é um ser onipotente por natureza, que não considera sua própria morte, pois para o inconsciente não existe morte, e com isso nega o seu estado de desamparo e vulnerabilidade. Entendemos que, neste momento, todos nos sentimos impotentes, perdemos nossas antigas ilusões, não existe mais certeza de que consigamos vencer o mal da covid-19, e o aumento de ansiedade é o sinal de que não estamos dando conta de conter e entender tamanhas fantasias e sensações terroríficas, as quais suscitam sempre o temor da separação, do abandono e da perda do objeto bom, protetor e confiável que irá nos auxiliar a lidar com o desamparo e a fragilidade, de modo semelhante àquelas situações que vivemos nos primórdios da vida, na época do nascimento. Quanto mais desprotegidos nos sentimos precocemente, quanto mais politraumatizados fomos, mais teremos dificuldades para enfrentar tempos tão difíceis e desafiadores.

O estado de desamparo atual pode reproduzir e se somar a uma situação traumática vivida antes, que deve ser diferenciada da situação de perigo. A forma como a pessoa lida com as experiências emocionais nos dará indícios sobre o sofrimento psíquico e a dimensão do trauma. Portanto, o primeiro passo para conversar sobre algo será a possibilidade de traduzirmos os irrepresentáveis (Minerbo, 2016; Paim & Leite, 2012) contidos na situação traumática, a qual é revivida na situação terapêutica.

Acrescentamos ainda que o excesso de informações sobre um tema tão controvertido, novo, às vezes com tentativas de ensaio e erro para enfrentar o problema, se torna mais ansiógeno quando somos defrontados com a confusão de orientações dos setores de liderança, promovendo visões equivocadas (impregnadas de pós-verdades, mentiras, fake news), a indiscriminação, a insegurança, o esgarçamento do tecido mental de cada um e, por conseguinte, do tecido social.

Nesse sentido, França diz que o trauma "é a mentira, a impenetrabilidade do acontecimento pelo sujeito"; cria-se um mundo que não é real, personagens fictícios que vivem em um mundo onde o perigo real e concreto, apesar de invisível, não é considerado: "A qualidade de mentira surge ao não se encontrar sintonia com nenhuma experiência constituinte anterior. A qualidade do afeto oferecido torna-se completamente opaca ao mundo interno do sujeito" (2005, p. 21), já que a vivência pessoal fica em distonia com a grupal, e deve ser, assim, negada, afastada de qualquer possibilidade de ser pensada, transformando-se a vivência em algo estranho, pela impossibilidade de tradução, por ser inconcebível, irrealizável pela pessoa. Atingindo níveis tão primitivos de funcionamento, no reino da indiscriminação, o vínculo mãe--bebê, o vínculo com os líderes, perde a sua confiabilidade, sua credibilidade, e fica mais refratário a críticas, promovendo a sujeição completa a manobras populistas, autoritárias e milagrosas de qualquer ordem.

Nos primeiros atendimentos individuais realizados, os pacientes se mostravam retraídos, defendendo-se de um perigo iminente, sem saber se de fato existia a pandemia, se era uma invenção dos chineses, se era uma fantasia ou um exagero da imprensa. O pavor era tanto que não conseguiam o mínimo de elaboração para continuar a vida, perdiam o sono, tinham dificuldade de se alimentar e se organizar para as tarefas do dia. Nesse aspecto, o trabalho terapêutico, focal, baseava-se essencialmente em nomear as angústias e o terror vividos naquele momento.

Minerbo (2016), apoiada em ideias de Roussillon, esclarece que a função simbolizante ocorre em dois tempos. No primeiro impacto da experiência, os traços mnésicos precisam ser transformados em imagens mentais (a aquisição da representação-coisa, o processo de simbolização primária que impede o trauma primário), quando a experiência traumática pode ser imaginada. Dessa forma, nomear a situação angustiante e traumatizante, além do alívio, pode delimitar o problema, que fica passível de ser pensado. Nesse segundo tempo da simbolização, a simbolização secundária, com a aquisição da representação-palavra, a vivência pode ser verbalmente comunicável, pen-sável (e a falta desse símbolo ocasiona o trauma secundário); pode ser enfrentada, modificável em algum nível. Os tempos do trauma têm a ver com a possibilidade de dar um sentido a posteriori a uma situação traumática inicial.

Oliveira Lima (2019) nos recorda da observação de Freud em "A divisão do ego no processo de defesa" (1940): diante de uma situação penosa, não passível de enfrentamento ou de possível solução, o ego sofre um trauma-sofrimento e se defende. Por um lado, rejeita a realidade; por outro, reconhece o perigo da realidade e assume o medo desse perigo como sintoma patológico. O esforço para manter o perigo à parte provoca uma cisão, que tende a se complicar com o tempo. A elaboração desse perigo inicial pode trazer a liberação de um investimento necessário para a contenção da situação penosa, levando a situação angustiante para um destino mais promissor ao ego.

Marion (2014) ressalta a ideia freudiana do primeiro tempo, em que o vivido não tem significado; só a posteriori, na vivência próxima, a situação traumatizante ganhará significação e poderá ser integrada, em termos psíquicos, promovendo reorganizações e reinscrições psíquicas, transformando, enfim, o próprio trauma.

O tema da morte, a própria e a das pessoas amadas, corresponde a uma grande ameaça para aqueles que procuram o Atendimento Humanitário devido à culpa de terem sobrevivido à doença, pois "a morte real pode ser vivenciada como uma confirmação, de forma onipotentemente fantasiosa, e tornar presentes antigos desejos inconscientes de morte" (Zaslavsky, 2004, p. 115)

Na pandemia, aconteceram muitas mortes em muito pouco tempo; milhares de pessoas morreram em apenas 24 horas, assombrando-nos pelos nossos desejos inconscientes, nossos medos de morte presentes, e a pergunta era "Quem será o próximo?".

As notícias da tragédia pelo mundo todo, a falência dos sistemas de saúde, a pressa para tomar medidas sanitárias rigorosas, os desastres econômicos, a perda das rotinas, dos prazeres, tendem a provocar angústias inomináveis, podendo causar medo do colapso psíquico (Winnicott, 1963/1994b).

Winnicott (1965/1994a) diz que o trauma surge com a noção interna de não ter recursos para lidar com a situação penosa, pelo fracasso da mãe interna em desempenhar sua função de provimento de segurança, amparo, contenção e satisfação de necessidades.

Segundo Bion, o terror sem nome corresponde a essas situações que nos põem diante do impensável; é fruto da incapacidade para pensar e simbolizar as situações penosas, porque o "continente é 'estourado' pelo contido" (Rezze, 2005, p. 151).

Green (2000) observa que pode haver dificuldades no funcionamento mental quando a situação traumática aciona traumas anteriores. Ressalta a importância das representações para a elaboração das situações traumáticas, apontando para o efeito arborescente, com transformações nas ramificações dos fios associativos de forma irradiante, com efeitos retroativos, gerando ecos retrospectivos ou novas representações e modificações em camadas anteriores. Enfatiza o papel de propiciar novas representações, porque "nossa tarefa consiste em entender a complexidade, a estrutura e a função do significado que subjaz ao discurso e tentar apreender a passagem de um canal de comunicação para outro" (p. 443).

O trauma proporciona a "quebra da fé" no sentido da esperança de ter algo bom no futuro, de "acreditar".

O trauma é a destruição da pureza da experiência individual por uma demasiada intrusão súbita ou impredizível de fatos reais e pela geração de ódio no indivíduo, ódio do objeto bom experienciado não como ódio, mas delirantemente, como sendo odiado. (Winnicott 1965/1994a, p. 114)

Voluntariado e psicanálise

No mundo, a cada ano, inúmeras pessoas se tornam trabalhadoras voluntárias. De acordo com a Organização das Nações Unidas, "voluntário é o jovem, o adulto ou o idoso que, devido a seu interesse pessoal e seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração, a diversas formas de atividade de bem-estar social ou outros campos" (2018).

Nesse sentido, acreditamos que o pensamento psicanalítico pode ser útil em todas as situações que envolvem seres humanos, e que o psicanalista deve estar comprometido com todo e qualquer problema que atinja o bem-estar físico, psíquico e social da população em geral. A partir de sua observação e de sua escuta analítica, ele pode ainda colaborar para a sistematização de programas direcionados à saúde mental e para a formulação e definição de políticas de assistência.

Retomando nossas inquietações: o que move alguém a dedicar parte do seu tempo, da sua vida, a ajudar outra pessoa, sem remuneração? Quais são as motivações inconscientes nesse movimento? É possível a forma de pensar, proveniente da experiência clínica psicanalítica, contribuir para o entendimento das diferentes demandas sociais e para o engajamento do psicanalista nelas, sobretudo no campo dos programas assistenciais de voluntariado para a população e neste momento de pandemia?

Compreender o mundo que nos rodeia é fundamental para que possamos estar nele. A apreensão do real é feita de modo sensível e reflexivo e, portanto, realizada pelo pensar, sentir, sonhar, imaginar.

Ao refletirmos sobre os sentimentos do ser humano e suas vicissitudes, nas relações pessoais, interpessoais e intrapsíquicas, e sobre os novos modos de subjetivação do homem, em especial em tempos de pandemia e pós-pandemia de covid-19, alguns conceitos da psicanálise imediatamente nos vêm à mente: pulsão, narcisismo, desejo, identificação. Assim, com a finalidade de tecermos algumas considerações sobre o voluntariado e a psicanálise, revisitaremos esses conceitos. Lembramos, porém, que não pretendemos realizar, nestas reflexões, uma revisão histórica e epistemológica detalhada.

Iniciaremos com o conceito de pulsão: "Empregado por Sigmund Freud a partir de 1905, tornou-se um grande conceito da doutrina psicanalítica, definido como a carga energética que se encontra na origem da atividade motora do organismo e do funcionamento psíquico inconsciente do homem" (Roudinesco & Plon, 1998, p. 628).

O termo narcisismo "entra definitivamente para o discurso psicanalítico quando Freud (1914) abre caminho para o entendimento do narcisismo como elemento constitutivo do amor-próprio e da autoestima e, portanto, destinado à autopreservação do sujeito e à formação dos laços sociais" (Araújo, 2010, p. 79). Ou seja, o eu também se torna objeto de investimento. Desse modo, o narcisismo se define como elemento constituinte do sujeito.

Na teoria freudiana, o conceito de desejo é apresentado por Freud "já nas obras comumente chamadas de pré-psicanalíticas", onde "apresenta os traços principais do conceito de 'desejo' que desenvolverá em obras posteriores"; no "Projeto para uma psicologia científica" (1895), o desejo é entendido como "atração positiva para o objeto desejado, ou mais precisamente, por sua imagem mnêmica" (Sanches, 2010, p. 97). Segundo Roudinesco e Plon, "o desejo é a realização de um anseio ou voto" (1998, p. 146).

Em Psicologia de grupo e a análise do ego (1921), Freud apresenta a pulsão pela via do amor, aquela que possibilita laços pela identificação, por meio do retorno da libido ao eu, com a finalidade de investir nos objetos nar-cisicamente (Stenner, 2004).

Assim, o "processo de identificação nos constitui e nos liga, cria laços com outros humanos", em que "o outro, além de ser objeto de amor e de ódio, é também modelo de identificação" (Ferrari, 2008, p. 33).

Os conceitos revisitados nos conduzem ao entendimento de que o mundo psíquico do voluntário está direcionado ao desejo de cuidar do outro, podendo indicar um genuíno cuidado com o semelhante ou o uso desse trabalho com a finalidade de resolver seu intrincado mundo interno.

 

A arte da costura do patchwork

Atendimento Humanitário em Saúde Mental - Covid-19

Neste período de calamidade pública mundial, que vem provocando uma revolução sem precedentes na vida das pessoas e das instituições, pela gravidade, pela amplitude e pela profundidade de seu alcance, o Departamento de Atendimento à Comunidade e Cultura (DACC) da SPMS, no dia 22 de março de 2020, criou a Comissão de Atendimento Humanitário em Saúde Mental - Covid-19, com o objetivo de realizar, de forma voluntária, gratuita e anônima, um atendimento emergencial, individual, por telefone, à população em geral. No início do projeto, em março de 2020, a comissão contava com quatro psicanalistas; em maio, mais duas se juntaram à equipe; hoje, somos 19 analistas voluntários.

Os resultados preliminares do atendimento individual apontam que o projeto tem atingido o objetivo inicial, visto que, no período de 15 de abril a 16 de junho de 2020, o voluntariado efetuou 97 atendimentos, em sua maioria com homens (74), de nove estados da federação, de 16 cidades diferentes: Marechal Deodoro (AL); Salvador (BA); Brasília (DF); São Luís (MA); Buritis (MG); Angélica, Campo Grande, Corumbá, Dourados, Maracaju e Ponta Porã (MS); Rio de Janeiro (RJ); Florianópolis (SC); Assis, Campinas e São Paulo (SP). A faixa etária predominante entre os atendidos variava de 19 a 59 anos. Também foram atendidas quatro crianças, com idade de 6 (três) e 9 anos (uma), e cinco adolescentes, com idade de 15 a 18 anos.

Em relação ao motivo da procura, foram relatados os seguintes sintomas nos grupos, por faixa etária.

• Criança: ensimesmamento, agitação, insônia, ansiedade, medo de envelhecer e morrer, irritabilidade e choro excessivo.

• Adolescente: tristeza profunda (40%).

• Adulto: ansiedade (30%).

• Idoso: estresse (18%) e ansiedade (18,2%).

Havia também medo de morrer, medo de ser contagiado, medo de contagiar o outro e medo de alguém da família morrer.

Quanto à participação do psicanalista da SPMS como voluntário, dos 37 pertencentes à membresia, 19 (51%) aderiram à proposta e estão na equipe de atendimento. Destes, nove são membros associados, seis são membros efetivos e quatro são psicanalistas em função didática.

Atendimento Humanitário em Saúde Mental de Grupo para profissionais da saúde

Consideramos que os profissionais da saúde, que estão na linha de frente do atendimento hospitalar da covid-19, podem estar vivendo momentos de intensa angústia e desamparo, tal qual vive um bebê em face de um mundo desconhecido. Estamos diante de um inimigo desconhecido, que foge ao nosso controle e que pode nos aniquilar. Os profissionais que estão à frente da batalha contra esse inimigo vivem diariamente angústias terroríficas e, portanto, o medo e o desamparo podem alcançar níveis insustentáveis para o psiquismo.

Por que o trabalho em grupo? Seguindo a reflexão de Zimerman (2007), o ser humano é gregário por natureza, e serão os seus relacionamentos inter-grupais, desde o seu nascimento, que irão moldar dialeticamente a sua identidade, tanto individual como social. Portanto, cada grupo contém conjuntos de grupos e subgrupos que vão constituindo sujeitos, comunidades, que por sua vez formam o conjunto de uma sociedade.

Dessa forma, é possível dizer que tanto o mundo interior quanto o mundo exterior são, na verdade, a continuidade um do outro, e vão se interpenetrando ao longo da vida do sujeito. Ainda, segundo Zimerman (2007), todo indivíduo é um grupo, com um mundo interno povoado pelas figuras dos pais, irmãos etc., convivendo e interagindo entre si. Assim, também é possível dizer que todo grupo pode comportar-se como uma individualidade, na medida em que adquire não só uma identidade, mas também características próprias. No caso específico, o sujeito do grupo, que é nosso foco de interesse, são os profissionais da saúde.

Nossa proposta se baseia na psicanálise aplicada. Winnicott (1962/1990) diz que podemos praticar a psicanálise padrão, de acordo com os moldes estabelecidos por Freud, ou ser um psicanalista fazendo outra coisa mais apropriada à situação. Consideramos que o momento e o tipo de trabalho proposto se encaixam na segunda opção.

O atendimento de grupo para profissionais da saúde, em unidade hospitalar, está sendo realizado online, via Google Meet, que pode ser acessado em qualquer lugar do país. São englobados tanto os que atuam na assistência direta (fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, médicos, psicólogos etc.) quanto os que atuam no suporte (vigilância, conservação, administração, pesquisas, serviços funerários etc.), em consonância com o que recomenda a Onu: segundo a organização, "garantir a saúde mental dos trabalhadores dos serviços de saúde é um fator crítico nas ações de preparação, resposta e recuperação da covid-19" (Weintraub et al., 2020, p. 2).

Para tanto, o caminho metodológico percorrido pelos membros da comissão para o atendimento de grupo foi semelhante ao realizado pelo projeto de atendimento individual: elaboração do projeto; aprovação pelo conselho diretor da instituição; divulgação da atividade no site da SPMS e na mídia (jornais, televisão, WhatsApp, Instagram, Facebook e outras plataformas); e, em especial, contato institucional com os hospitais, através de carta, para apresentar o projeto. A partir do interesse e do aceite da instituição hospitalar, formaram-se grupos com duplas fixas de terapeutas, para no mínimo três e no máximo oito pessoas, havendo previsão de quatro encontros de uma hora e meia com cada grupo.

 

Entrelaçando: vivência, conceitos, voluntariado e psicanálise

Com o objetivo de sustentar a práxis do atendimento humanitário individual e grupal, recorremos ao arcabouço teórico psicanalítico. Nessa modalidade de trabalho, conceitos como trauma, pulsão, identificação e narcisismo perpassaram as nossas vivências cotidianas.

Diante de tantos sofrimentos e angústias advindos da pandemia, percebíamos a dificuldade dos solicitantes em encontrar saídas para conflitos de ordem financeira, emocional e afetiva. Ora deparávamos com emoções denominadas terror sem nome, ora com excitações internas (fantasias, culpas) e externas (medos, perdas, dores), que fragilizavam o ego e o impediam de metabolizar, nomear e simbolizar as angústias.

Nos formulários preenchidos no atendimento de grupo para profissionais da saúde de instituição hospitalar, encontramos as seguintes motivações para a busca de atendimento: cuidar da saúde mental; estresse; sofrimento pela pandemia; pressão sofrida nesta época de pandemia; dor, tristeza e medo constantes para todos, sejam pacientes ou profissionais. Foram realizados quatro encontros, um por semana, com duração de uma hora e meia, por duas psicanalistas. Desses encontros, observou-se que o espaço terapêutico oferecido serviu de fato como um espaço de grupo, fornecendo um setting de acolhimento e holding para os profissionais, permitindo-lhes, na medida do possível, sentir e pensar as suas vivências, bem como acolher os dilemas e angústias que ocorrem no ambiente hospitalar, lugar em que a luta entre vida e morte acontece diuturnamente.

Corroborando com a forma como o aparelho psíquico digere e metaboliza a angústia difusa, temos Freud, Winnicott, Bion e Green. Acreditamos que a escuta psicanalítica dos voluntários da SPMS diminuiu o impacto do trauma e do sofrimento psíquico advindos da pandemia de covid-19, muitas vezes oferecendo um significado, uma representação para a situação traumática vivida.

Aplicamos um questionário de avaliação da participação do voluntário no serviço de saúde mental, com o intuito de entender as motivações para colaborar nessa iniciativa, e pudemos inferir sobre o valor dado a uma prática importante, criativa, de aprendizado e solidária com quem está em sofrimento, pela prestação de serviço voluntário em um país com muitas deficiências, principalmente na área de saúde; uma contribuição com a psicanálise, favorecendo a desconstrução de pré-conceitos e preconceitos, promovendo novos olhares, horizontes e formas de dispor o conhecimento psicanalítico à comunidade em geral, fundados na preocupação e no interesse pelas pessoas e por seu sofrimento.

Perguntamos também sobre a possibilidade de entender e trabalhar com diferentes demandas sociais a partir do conhecimento psicanalítico da prática clínica. As respostas obtidas mostram que os psicanalistas que integram esse projeto de voluntariado acreditam que esta é uma responsabilidade da psicanálise contemporânea, uma relevante ação social da instituição, em um "momento de imensa dor e angústia diante do desconhecido", "com um trabalho sério e ético, demonstrando maturidade institucional; toma para si a responsabilidade de intervir e dispor todo o conhecimento psicanalítico àqueles, indistintamente, que buscam alívio de seu sofrimento psíquico". Uma ação "como presença e pertencimento do grupo social, como participação num contexto que vai além da função específica, e pode contribuir para ampliar o conhecimento psicanalítico".

Diante do exposto, cabe-nos aqui nos aquietarmos a partir das reflexões ao longo deste texto. Para tanto, buscaremos, em poucas linhas, arrematar os caminhos da covid-19 no nosso aparelho psíquico e no daqueles que tivemos a ventura de acompanhar, por meio do Atendimento Humanitário em Saúde Mental da SPMS.

Sabemos que o bem e o mal, o amor e o ódio, a vida e a morte coexistem em cada um de nós. Eis a dualidade, a ambiguidade dos nossos sentimentos. Somos demasiadamente humanos e, com isso, a guerra interna, psíquica, diária e contínua entre nossas pulsões eróticas e agressivas está estabelecida.

Nós, brasileiros, em tempos de pandemia de covid-19, vivemos, além dessa guerra interna, mais duas guerras: a sanitária e a política, que têm nos destroçado enquanto cidadãos. A batalha tem sido intensa, contínua e diária para todos nós. Concluímos, portanto, que estar à disposição do outro, em detrimento do nosso próprio eu, se faz necessário enquanto humanos que somos.

Por fim, o objetivo principal dessas atividades é participar efetivamente, em tempos de pandemia de covid-19, na atenção à saúde mental, no estado do Mato Grosso do Sul e nos demais estados do país, ampliando as ações da SPMS junto à comunidade, especialmente em relação às atividades de promoção, recuperação e manutenção da saúde mental, disponibilizando o saber psicanalítico e a escuta à população em geral.

Como num patchwork, temos um trabalho inicial, em que a pandemia, pano de fundo, poderá ser enfrentada com a elaboração dos fios associativos traumáticos, a posteriori, favorecendo-se o aprimoramento do nosso trabalho com o tempo e com as experiências de cada envolvido no processo.

 

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Recebido em 20/7/2020
Aceito em 21/10/2020

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