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Revista Brasileira de Psicanálise

Print version ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.55 no.3 São Paulo July/Sept. 2021

 

TEMÁTICOS

 

Por acaso clínico1: uma revisão de literatura (no caso)

 

By clinical chance: a literature review (in case)

 

Casualidad clínica: una revisión de la literatura (en el caso)

 

Par un hasard clinique: une revue de la littérature (dans le cas où)

 

 

Estanislau Alves da Silva Filho

Psicanalista e tradutor em psicanálise. Membro do Laboratório de Psicanálise, Sociedade e Política, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo (IP-USP). São Paulo / stani-asf@hotmail.com

 

 


RESUMO

Neste trabalho, o autor reflete acerca do estatuto de um caso clínico em psicanálise, seus elementos característicos e sua escrita, em termos de conteúdo e forma, através de uma revisão de literatura majoritariamente francesa, suscitando questões gerais e sensibilizando quanto aos acasos e aberturas porosas tão fundamentais ao tema, por uma postura distinta.

Palavras-chave: caso clínico, escrita, psicanálise


ABSTRACT

The purpose of this work is to promote a reflection on the status of a clinical case in psychoanalysis, its characteristic elements and its writing, in terms of content and form, through a mostly French literature review, raising general questions and raising awareness about the chance and porous openings so fundamental to the theme: for a distinct posture.

Keywords: clinical case, writing, psychoanalysis


RESUMEN

El propósito de este trabajo es promover una reflexión sobre el estado de un caso clínico en psicoanálisis, sus elementos característicos y su redacción, en términos de contenido y forma, a través de una revisión de literatura mayoritariamente francesa, planteando interrogantes generales y sensibilizando acerca de las aperturas casuales y porosas tan fundamentales del tema: para una postura distinta.

Palabras clave: caso clínico, escritura, psicoanálisis


RÉSUMÉ

Le but de ce travail est de favoriser une réflexion sur le statut d'un cas clinique en psychanalyse, ses éléments caractéristiques et sa rédaction, en termes de fond et de forme, par l'intermédiaire d'une revue de littérature majoritairement française, en soulevant des questions générales et en sensibilisant à ce qui concerne le hasard et les ouvertures poreuses du thème, si fondamentales : pour une posture distincte.

Mots-clés: cas clinique, l'écriture, psychanalyse


 

 

Sigamos por um trabalho em três voltas, que pareceram cabíveis ao intento de refletir acerca de quais elementos poderíamos abordar ao falar de um caso clínico em psicanálise, para além do que Freud já disse (conferir a nota ao final do texto).

 

Volta 1: primeiro impacto

Não façam cara feia, evoco de viés o que me repugna encobrir com a carta marcada da clínica. Qual seja, a maneira certa de responder à pergunta "Quem está falando?", quando se trata do sujeito do inconsciente. Pois essa resposta não poderia provir dele, se ele não sabe o que diz e nem sequer que está falando, como nos ensina a experiência inteira da análise.
JACQUES LACAN

 

Em 2011, na conclusão da quinto encontro do Programa Internacional de Psicanálise Aplicada de Orientação Lacaniana (Pipol), Jacques-Alain Miller foi categórico ao dizer: "Em psicanálise, o caso clínico não existe". A isso, acrescentou:

Não mais que a saúde mental. Expor um caso clínico como se fosse de um paciente é uma ficção; é o resultado de uma objetividade que é fingida, porque estamos implicados, ainda que seja pelos efeitos da transferência. Estamos dentro do caso clínico e não saberíamos abater nossa presença nem prescindir de seus efeitos.

Certamente não dizia grandes novidades, nem se aventurava em raciocínio novo. Já o havia dito em 1979, nas Conferências Caraquenhas:

É isso precisamente o que faz a particularidade da observação psicanalítica, do relato de casos. Se a escrita de um caso é difícil em psicanálise é porque, em última instância, é uma psicanálise do próprio analista. Na observação psicanalítica não há essa exterioridade que conserva a observação psiquiátrica. Freud é, talvez, o melhor exemplo, precisamente no caso Dora. Vocês sabem que, uma vez terminada a cura de Dora, ou melhor, interrompida a cura, pois ela a abandonou, Freud reanalisou sua própria posição com relação a ela, e concluiu que se tinha equivocado. ... Nesse sentido, o caso Dora é também o caso Freud. E o que dá a grandeza das Cinco Psicanálises é que o caso que está em seu centro é o caso do próprio Freud, que também não vacilou em se colocar ele mesmo na ciência dos sonhos, que é o que permite, afinal, que saibamos muito sobre a relação de Freud com, por exemplo, a mulher. (Miller, 1988, p. 60)

Precisamente, o caso Dora é o caso Freud: o caso clínico é o analista, que nada depõe sobre a análise de outro. Noutras belas palavras: "Se existe alguma seriedade na noção de inconsciente, então não estaremos autorizados a afirmar que o caso clínico - aquele de que falamos - é o caso", pois, "se o caso pudesse ser esgotado, tornado sinônimo do analisante sobre quem falamos, a psicanálise seria uma experiência objetivante" (Dias, 2012, p. 98). Ou ainda: em psicanálise, "o fato clínico não existe fora da presença do clínico. Ao contrário, se constitui por sua presença e é inteiramente dependente desta" (Czermak, 2013, orelha do livro); em psicanálise, é necessário saber que "não há fato clínico em si, e que é preciso clínico aí", isto é, "não há fato clínico sem clínico" (Czermak, 2013, pp. 117 e 131).

Quer dizer, é pior do que só considerar que se trata de um não empirismo, ou que se trata apenas de ficção. Há uma outra verdade em jogo. E não por menos outros autores chegarão a dizer:

A prática das "vinhetas clínicas", tão estendida hoje como meio de transmissão, é ... um erro. ... Ela faz acreditar em uma ilustração de um ideal teórico pela prática. Fornece a ilusão de um acesso direto à realidade da clínica, fazendo esquecer a construção que a sustenta, o método que a guia, a inclusão do analista no sintoma. O analista nega o ato pelo qual isola um momento da análise (o qual ele jamais saberá quando terá efetivamente acabado) como fato clínico. Ele obtura toda possibilidade de reflexão sobre o método clínico colocando-se como garantia da verdade. A vinheta clínica projeta uma cortina de fumaça sobre a inclusão do analista na sua relação com os fundamentos da clínica e mascara a parte intransmissível que existe em toda transmissão. (Porge, 2014, p. 75)

Complementando:

A verdadeira clínica psicanalítica é aquela que provém do dizer do analisando, que testemunha, e não aquela do analista que comenta e exibe vinhetas clínicas. Há uma distância irredutível entre o que diz o analisando de sua análise e o que diz o analista. O analista não pode valer-se de nenhuma identidade fundada no ser. ... seu ser está formado de uma metade de sintoma do analisando. ... É sempre no après-coup do dizer de um analisando que terá havido análise, e não no relato de um que apresenta outro como analisado. (Porge, 2014, p. 85)

É algo curioso, que podemos derivar e desenrolar, de modo colateral e desde outro ângulo, a partir das palavras de Angelina Harari:

Graciela Brodsky, no livro Usos da psicanálise, afirma que a psicanálise que praticamos nos consultórios é aplicada. ... Ou seja, a prática da psicanálise é psicanálise aplicada até que apareça um analista, a posteriori. É o analista a posteriori que vai dizer que a psicanálise não foi aplicada apenas, mas psicanálise pura. ("Conversação", 2007, pp. 89-90)

A autora suplementa:

Na psicanálise pura, o vetor incide na análise do analista, o analista produto de uma análise, enquanto na psicanálise aplicada a interrogação incide sobre o praticante. ... Investigar a prática, o exercício da psicanálise, só pode acontecer no âmbito da psicanálise aplicada, uma vez que na investigação da psicanálise pura a prática fica descartada. A verificação realizada no passe está desvinculada da prática do passante, que a rigor pode inclusive não ser praticante. ... É um debate interessante, se fizermos uma equivalência entre psicanálise aplicada e prática da psicanálise. A psicanálise pura se tornaria a experiência do analista da escola (ae), gradus proposto por Lacan para nomear a verificação da emergência do desejo do analista ao final de uma psicanálise. (Harari, 2008, pp. 39-40)

O ato analítico produz um analista. Este sim, tão somente e tão só, poderá dizer, no-depois, de uma análise ocorrida - sendo talvez o passe o único caso clínico propriamente dito (em que haveria a fala de um analista de sua própria experiência). Ou, mais ainda, como bem apimentou Jorge Forbes, em suas "Provocações psicanalíticas ii" (2009): "A psicanálise não trabalha com casuística. Freud revolucionou o estudo da psicose com um só caso - o caso Schreber -, que não foi caso, foi um livro de alguém que ele, Freud, nunca viu". Freud não fez diferente com Da Vinci, Dostoiévski ou Moisés, e o mesmo se pode dizer de Lacan com o famoso Homem dos Miolos Frescos (e suas pelo menos sete distintas versões em Lacan) ou inclusive e em especial com seu James Joyce (o Joyce de Lacan, que não se iguala ao escritor irlandês). Enfim, é por essas e outras que não caberia simplesmente o antigo preceito médico (empirista, objetivante e realista) de que "a clínica é soberana" em psicanálise. É por essas e outras que um Lacan chegou a dizer: "Me recuso a passar a vocês a carta forçada da clínica".

 

Volta 2: o caso

Início dos tempos de aids. Primeira entrevista. Ele, casado, pai de dois filhos pequenos. Saía todas as noites depois do trabalho - bares, boates. Deitava com uma, duas prostitutas, e depois ia pra casa. Encontrava a mulher na cama, já dormindo. Transava com ela. Sem se lavar. De propósito. - Por que faz isso? - Não sei. - ... - Me fez bem contar pra você. Me sinto aliviado. Nunca mais voltou.
SYLVIA LOEB

O caso clínico é uma construção. Fabrica-se o caso clínico, cria-se o caso clínico. E nesse criar, nesse ficcionalizar, algo se perde, algo cai. Cai de quem? De quem conta ou do objeto da contação? Quem é o objeto da contação? Nunca é o reflexo fiel de um fato concreto, mas um relato criado por um "clínico". Se tiver muita função didática, vira uma apresentação de caso. Seria bem enquadrável num discurso de mestria, ou universidade, visando um certo ensino. Se for em âmbito de aprendizagem mais que de ensino, talvez esteja no campo da construção de caso, donde alguém teria que se haver com um limite do próprio saber e estar na posição de poder aprender com o que ouve de si, com o que houve de si. Talvez a própria ideia - comum por aí - de formar pequenos grupos de covisão (ou "supervisão horizontal"), parecidos com cartéis, venha carregada da vantagem de viabilizar uma posição de construção de caso, posição de fala analisante, mais fluida. Se apresentar um caso a um público amplo requer maiores disposições em fazê-lo, em circunscrever e formalizar certos elementos, ir construindo um caso passo a passo, em companhia limitada, permite certo cuidado com o desenvolvimento. É um exercício constante e duro o de atingir a posição de analista (uma vez mais: analista de sua própria experiência analisante, que é mesmo a maior delimitação do que é o ato psicanalítico, diga-se de passagem).

"Podemos afirmar também que o gênio de Freud foi ter feito avançar a psicanálise a partir dos seus relativos fracassos clínicos, e que os tratamentos bem-sucedidos não têm história" (Porge et al., 2015, p. 98). Êxito ou hesito? Enfim,

é de se perguntar se podemos falar de tratamento bem-sucedido. A própria ideia de um tratamento com sucesso é talvez contraditória com a experiência terapêutica. Freud compreendeu isso muito bem, pois o único exemplo que nos dá de um tratamento perfeitamente bem-sucedido é o de uma ficção que evolui em Pompeia, na Itália. É o tratamento conduzido por Zoe/Gradiva com o arqueólogo Norbert Hanold. ... De fato sabemos que temos sucesso em certas coisas, mas felizmente jamais acreditamos completamente que teremos sucesso. Sabemos que podemos trazer uma melhora, mas nunca estamos seguros de que essa melhora será definitiva. Precisamos admitir que aí está nossa atividade de terapeuta: ela nos obriga à modéstia de nunca tornar exemplar aquilo em que somos bem-sucedidos, como também nos obriga a jamais sermos exibicionistas de nossos fracassos. Estamos entre dois: juntos, mas sós, com nosso paciente. É por essa condição que pessoalmente me recuso, tanto quanto possível, em expor como exemplo pedagógico um tratamento clínico. Sou sempre muito reticente quando leio alguém que me conta o sucesso de seu tratamento. Sempre me digo que aí há um blefe e que o tratamento teve sucesso no imaginário, mesmo quando eu possa supor que o psicanalista que escreve é honesto consigo mesmo e inteligente em sua prática. ... Do ponto de vista de nossa atividade, é mais importante circunscrever certas dificuldades que encontramos, sem por isso cair no exibicionismo contratransferencial. (Fédida, 1988, pp. 33-34)

Mas, afinal, que se poderia querer com a escrita de um caso? O que é que se intenta? Por que e para quê? Essas seriam perguntas sempre repetíveis, que sempre caberiam retornar quando alguém pega a caneta ou se põe a digitar. Pois é fato: "De uma sessão, nada há a ser contado, a quem quer que seja!" (Fédida, 1991, p. 180). Não interessa a ninguém, não é da conta de ninguém, e tampouco se poderia reproduzir um tal f-ato clínico, um tal acontecimento. Ademais,

a questão que eu me coloco no que diz respeito a toda escrita em psicanálise: qual é a parte desempenhada pela história pessoal de uns e outros em suas preferências teóricas e nas escolhas dos exemplos clínicos? Não creio que seria mais conveniente para nossa disciplina fazer com que o simples cidadão acredite que apenas o interesse intelectual guia a pesquisa de um psicanalista. Seria pura mentira... além do que, inútil. (Zygouris, 1995, p. 252)

Ponderemos com o que já ponderou Fédida (1991), sobre alguns pontos do caso, aproveitando seu importante legado enquanto interlocutor e autor da psicanálise - capaz de se inserir na tradição e ilustrá-la, sem deixar de trazer o novo. Antes de mais nada, o autor se ocupava da dimensão de construção de caso, o que certamente envolvia a relevância da supervisão na formação e transmissão da psicanálise. Dizia ele que era preciso "deixar para trás a época dos empirismos anedóticos, quando o analista responsável por um tratamento vinha regularmente e escrupulosamente contar o conteúdo memorizável das sessões desse tratamento a alguém institucionalmente colocado na posição hierárquica de 'controlador'" (p. 172). Curiosamente, isso sendo algo sempre a ser "re"-ensinado, já que "qualquer supervisor conhece a experiência desses analistas em formação que tentam contar uma após outra as sessões da semana anterior, buscando restituir seu conteúdo verbal (geralmente o do paciente) com a máxima fidelidade possível" (p. 174). Como um paciente que começa uma análise se esforçando por descrever sua vida e mazelas detida e claramente? Haverá sempre que se questionar "Que tipo de memória está em jogo?" em psicanálise? É certo que usar uma memória narrativa, geralmente pródiga em peripécias dramáticas, em vez de uma "memória infantil", reforça uma dinâmica de atenção "mais em sua modalidade de representação que de linguagem" - é justamente isso, e não por menos, "que Freud desaconselhava aos jovens analistas, convidando-os a confiarem unicamente em sua memória inconsciente" (p. 175), Freud esse que sempre se colocava em seus casos, comumente escrevendo-os em primeira pessoa, ao mesmo tempo que se esforçava para fazer ciência e tornar compreensíveis as nuances de um saber a ser generalizável. "Quanto a nós, não precisamos mais provar perante o mundo tal exigência" (Zygouris, 1995, p. 254).

Está-se preocupado em transmitir um saber psicanalítico (dado), uma experiência clínica (prévia) ou um caso (algo que não se sabe)? Apresentar ou construir, eis a pergunta fundamental que trará consequências para a escolha da forma. Essencialmente, um caso, que implique memória inconsciente ou infantil, algum não domínio, psicanalítica e costumeiramente provirá daqueles chamados casos difíceis, isto é, "aqueles casos que tendem a ocupar toda a memória consciente do analista fora da sessão" (Fédida, 1991, p. 176). Um caso que dá problemas. Um caso que não sai da cabeça. Por que alguém falaria de algo que não é um problema? A menos que se queira muito chover no molhado, reinventar a roda, re-provar algo, não parecerá grandes feitos. Se for um exercício de escrita, ou algum outro intento de achar sempre interessante redizer algo que se considera importante, quiçá terá valor mais pessoal. Algo mais?

Bom, de qualquer jeito, possivelmente, "falar de um tratamento a um terceiro - independentemente de quem seja esse terceiro e da situação na qual intervém (supervisão, conferência ou relatório, relação de amizade, ambiente dos próximos) - provoca, em contrapartida, modificações", seja sobre a memória em jogo, seja sobre "a economia do silêncio e da fala do analista no tratamento" (p. 175). Então talvez se queira falar para modificar algo, o que também levanta a responsabilidade sobre o falar, sobre o sair falando de qualquer jeito ou qualquer coisa. Se construir um caso é parte crucial de uma formação psicanalítica (porque faz alguém se haver com faltas e posições ocupadas e a serem ocupadas), apresentar é completamente opcional e dispensável. "Não há nada a ser contado, a quem quer que seja, de uma sessão de análise, o que importa em primeiro lugar são as formações sintomáticas tomadas pelo pensamento do analista no decorrer do tratamento" (p. 180), isto é, os sintomas que tomam o pensar do analista - os sintomas do analista. Por isso, a supervisão entraria justamente "ali onde fracassa momentaneamente a capacidade de construção" (p. 180). É para isso que ela serviria, para permitir uma reabertura, talvez um esquecimento (daquilo que não se deixava esquecer), para ir além das representações e realidades afetivas e acontecimentais que tendem a suprimir a palavra e seu registro.

Ainda sobre o cuidado com esse falar qualquer, Fédida ressalta que "o relato de um tratamento pode, de fato, transformá-lo em objeto de uma memória narrativa, que, dirigindo a atenção às atualidades da vida, ignora o infantil" (p. 180). Pois o importante em psicanálise é "uma escritura que não deve nada reter", a "invisível escritura de uma memória que não conserva nada" (p. 181). A trama de eventos de uma história "não constitui em nada o caso psicanalítico e tampouco, em sentido próprio, a condição de uma casuística psiquiátrica" (p. 227). Facilmente incorreria mais numa "formação encobridora a serviço do reforço da amnésia infantil" (p. 233).

Noutras palavras e já redizendo de maneira aprofundada: uma "analista só começa a saber que o paciente tornar-se-á 'um caso de análise' em razão mesmo do recalque que sua fala provoca nela, no próprio decorrer das sessões" (p. 217). A sério, a cada vez que um relato se torna "mais minucioso, sob o pretexto de querer ser mais preciso, mais exato ... tudo escorre por entre os dedos ... e a sensação de cansaço sobrepuja a narração antes mesmo que ela tenha chegado ao ponto que tentava atingir" (p. 220). "Idealmente, o que se chamaria aqui um caso de análise - e isso para além do período de formação do candidato - receberia, como já notamos, suas determinações nocionais do famoso 'ponto-cego'" (p. 233), tratando-se, muito mais, da circunscrição disso. "Originalidade psicopatológica e singularidade de uma história pessoal não bastariam para constituir o caso" em psicanálise (p. 229). Questiona-se mais:

Se o caso é constituído por meio de um relato ou, pelo menos, de uma relação de eventos de sua história pessoal, será então possível falar verdadeiramente de "casos" em psicanálise, já que a exterioridade pública do desenrolar de um tratamento faz aparecer apenas acontecimentos exemplares cuja expressão literária - por maior que seja sua qualidade - muda de fato os tempos da fala e de sua escuta, assim como as transferências implicadas? A estrutura de um relato de caso não seria antinômica com a construção da memória da situação psicanalítica? ... Qual o valor clínico dessas histórias de caso que heroízam o tratamento analítico ou ainda que o tingem de prazer romanesco? (p. 228)

"Uma espécie de prova de validade da psicanálise poderia incontestavelmente ocorrer na cultura se os psicanalistas fossem capazes de falar de seus casos" (p. 228). Mas a natureza de uma apresentação discursiva está aqui em causa, em jogo.

A psicanálise não teria introduzido uma inovação radical ao tornar impossível a casuística por privilegiar o trabalho do tratamento - esta coelaboração empreendida no analista e no analisando em razão de uma relação de fala que não se deixaria, em momento algum, reduzir à função de caso? (p. 229)

Associação livre, memória inconsciente e transferência são certamente elementos bastante complexos. "Prestar contas de uma análise? Para que e por quê? Junto a quem? Com que objetivos? De que maneiras?" (p. 229).

Não devemos esquecer que a psicanálise é uma prática oral (Fédida, 2002), de modo que a escrita, para ser psicanalítica, teria de estar relacionada com a fala (supondo-se que ela pode não estar - quer dizer, ela pode não estar talqualmente um discurso de mestria supõe-se consciente e dono do que diz dizendo).

Não é certamente a "vinheta" (quando muito pedagogicamente ilustrativa) nem o exemplo ou a amostra que asseguram a clinicidade do escrito. Conviria antes perguntar se, escrevendo ou falando, o analista permanece em seu pensamento disponível ao material com o qual cotidianamente ele trabalha e como este material trabalha sua própria escrita. (p. 55)

Quer dizer, "tornando-se psicanalíticos", os "casos" se emancipam "de sua representação psicopatológica", valendo determinar, então, "as condições nas quais um caso torna-se um caso na psicanálise (não um caso psicanalítico) e em quais condições ele fracassa nessa tentativa" (pp. 52-53). É fato que se podem produzir incontáveis histórias de um mesmo "material clínico" (sem contar o ponto de que a percepção e a escolha do material serão integradas numa história de caso de modo completamente variável de acordo, entre outros aspectos, com a orientação dita teórica dos analistas), e até sem ele; igualmente, ele pode bem se transformar a cada aproximação e retomada, efeito deveras curioso, não fosse arroz e feijão psicanalítico. Pois que a troca é crucial, a transformação:

A coerência exigiria dos analistas que eles reaprendessem primeiro a trabalhar em conjunto, uma vez que eles não sabem mais fazê-lo, e sobretudo que eles deixassem de esperar do público (científico ou não) uma legitimação de sua prática teórica e clínica. (p. 51)

É de uma comunidade psicanalítica que se trata. No caso, "o que se transmite de um analista a outro não é estranho ao que se transmite no curso de um tratamento" (p. 55), sendo a construção de caso precisamente essa dimensão de trabalho "entre analistas" (p. 53). É relacional, seja lá como for, e transformacional, também fazedora de uma dimensão desejante, fazedora de um analista um analisante. Pode até haver uma lógica que arranja e organiza os elementos esparsos de um tratamento para fazer dele um caso, entretanto "a matéria-prima de um caso não é um conhecimento, mas justamente aquilo que resiste ao 'saber', à técnica e à teoria" (Fernandez, 2002, p. 67).

Talvez seja nesse sentido que sempre fica divertido lembrar e mencionar o modo como Radmila Zygouris, em um livro intitulado Ah! As belas lições! - formado simplesmente por 15 "casos clínicos" (originalmente publicados entre 1978 e 1993, em diferentes revistas de língua francesa) -, compôs uma abertura de texto profundamente primorosa:

Passei quatro anos sob alta vigilância. Duas vezes por semana, com hora marcada, ela vinha e me impedia de me mover, de falar, de pensar. Um dia, eu me revoltei. Gostaria de contar o momento dessa revolta e suas consequências. Nesse texto, "eu" é uma psicanalista, "ela" uma paciente, a história um fragmento de tratamento. O parti pris de não fazer comentários científicos exige essa explicação, mas, na verdade, eu e ela não fomos sempre tão nitidamente distintas quanto seria necessário segundo a lógica da narração. Embora o Grande Costume do Ocidente exija que cada protagonista de uma história seja o único sujeito de sua enunciação, há histórias nas quais um diz o que o outro não pode proferir, e até mesmo algo que um terceiro, não nomeado e ausente, o faz dizer ou fazer. Confio na sagacidade do leitor para efetuar as permutações necessárias, sem lhe infligir as costumeiras excursões teóricas, produtos perecíveis que têm o dom de envelhecer mais depressa do que as histórias que pretendem esclarecer. (1995, p. 215)

Talvez valha a pena apenas seguir o que disse Catherine Cyssau (1999) num artigo intitulado "Funções teóricas do caso clínico". De acordo com ela, a análise constrói o infantil do paciente, e o caso se constrói com o infantil do analista. A mesma Catherine Cyssau, analista ligada ao grupo de Fédida, faz bem a distinção entre atendimento psicanalítico e caso clínico. Para ela também, nem todo atendimento psicanalítico é um caso clínico; ele se torna um caso clínico à medida que mobiliza aspectos internos do analista e demanda uma tradução para o registro da escrita, solicitando elaboração. Pensando na supervisão, não é todo caso que você leva para o supervisor, somente alguns, e depois você se dá conta de que há casos que nunca levou de fato ("Autoria", 2012).

Enfim, qual é o critério então? Que tal lembrar a bela carta de Winnicott de 13 de outubro de 1959?

Foi muito a sério que falei da diferença entre fazer uma análise e escrever um artigo [um caso]. Minhas análises são do princípio ao fim levadas ou arrastadas pelo paciente, e não por mim, enquanto evidentemente não é a mesma coisa com um artigo. Posso dizer que um artigo que estou escrevendo nunca se vira para mim e diz: "Ei! Acorda!". (2005, p. 153)

É perfeito! Em subversão - que só existirá pelo valor do original aí (que bem traz à tona a diferença entre uma construção de caso e uma apresentação de caso, ou um caso psicanalítico e um caso que fracassa em sê-lo) -, um caso é um caso analítico quando vira para você e diz: "Ei! Acorda!".

 

Volta 3: para uma breve sensibilização escrita

Existem vários modos de escrever a psicanálise. Há o estilo e o método. Se o estilo pertence a cada um, assim como sua respiração, podemos emitir algumas exigências quanto ao método, quando se trata de psicanálise. É possível escrever de modo acadêmico coisas belíssimas, mas acredito que, quando um analista deseja transmitir sua experiência ou sua reflexão, é forçado a estabelecer um equilíbrio estético e ético entre uma abertura à teorização, isso é uma exigência desta, e o espaço deixado de modo latente ou patente à presença do sujeito, aquele que avança e se adianta ao escrever. Se alguns psicanalistas pecam por um excesso de academismo, outros sofrem da ausência de literatura. Se se trata de um puro desejo de escrever, por que se esconder atrás do pretexto da psicanálise? É permitido a todos tentar a sua chance no relato subjetivo ou na ficção. Da mesma forma, a incapacidade de construir um bom relato, uma história, é uma inibição imaginária um tanto quanto tristonha. Permanecer suficientemente próximo da própria subjetividade, sem no entanto invadir a cena com inúteis confidências, e permanecer, ao mesmo tempo, suficientemente lógico para se prestar a uma argumentação contraditória, eis o desafio, do qual nem sempre é fácil dar conta.
RADMILA ZYGOURIS

Roland Barthes desenvolveu uma estética da leitura enraizada no contraste entre as concepções de texto legível e texto escritível. O teórico considerava o texto legível, ou a narrativa clássica, insuficiente, na medida em que o leitor era forçado a ser um consumidor passivo de códigos, que podia aceitar ou rejeitar um texto, mas a quem seria negado o acesso à "magia do significante". O texto escritível, pelo contrário, era defendido por Barthes como o novo objetivo estético das artes literárias. Descreveu-o como um texto aberto, plural, que oferece uma série indeterminada de interpretações a um leitor participativo, que também "escreve" (Bonacho, 2015).

Nas estimulantes palavras de Haroldo de Campos, ao falar da tradição e criação próprias de textos galácticos,

nas páginas iniciais de S/Z, Roland Barthes expôs sua concepção dos textos escritíveis (scriptibles), que seriam ilegíveis no confronto com os textos literários clássicos, ou seja, com aqueles, por definição, legíveis. "Estrelados", "plurais", os textos escritíveis exigiriam a leitura como um trabalho: "quanto mais o texto é plural, tanto menos ele será escrito antes que eu o leia", acentua Barthes. O ideal (inalcançável) desse texto, Barthes o propõe assim: "(nele) as redes são múltiplas e jogam entre elas, sem que nenhuma possa sobrepor-se às outras; esse texto é uma galáxia de significantes, não uma estrutura de significados; ele não tem começo; ele é reversível; tem-se acesso a ele por múltiplas entradas, nenhuma das quais pode ser, com certeza, considerada a principal; os códigos que ele mobiliza se perfilam a perder de vista; eles são indecidíveis; ... desse texto absolutamente plural, os sistemas de sentido podem se apropriar, mas seu número não será jamais fechado, tendo por medida o infinito da linguagem". (2001, pp. 188-189)

Assim, o ponto para Barthes seria o de que, numa escrita-leitura, "os dados não estejam lançados, mas que haja um jogo"; para o autor - pelo menos no caso ideal do texto "absolutamente plural" - não haverá um "princípio de decisão" quanto aos códigos de sentido, não havendo critério de "verdade" (Barthes, citado por Campos, 2001, p. 189). "Talvez" daí que para Harold Bloom a leitura (quando forte) seja sempre uma desleitura, pois ela seria "sempre um ato de decisão, e o que tenta decidir é o significado".

A influência, como a concebo, significa que não existem textos, apenas relações entre os textos. Essas relações dependem de um ato crítico, uma desleitura ou desapropriação, ... e isso não difere em gênero dos necessários atos críticos que todo leitor forte realiza com todo texto que encontra. A relação de influência governa a leitura assim como governa a escrita, e a leitura, portanto, é uma "desescrita" assim como a escrita é uma desleitura. (2003, p. 23)

"Talvez" seja por isso que no famoso ensaio "A morte do autor" Barthes reforce a ideia de que a multiplicidade da escrita está centrada no leitor, e não, como antes se pensava, no autor (Bonacho, 2015).

Outrossim, podemos pensar nessa dinâmica textual, isto é, no tipo de relação que se tem com a linguagem - o que implica, inevitavelmente, um tipo específico de relação com a verdade. Noutros termos, logos-organon e logos-pharmakon. Vejamos a descrição que Cassin (2017) faz desses tais logos-organon e logos-pharmakon: o primeiro, apodítico antes de tudo, ou seja, voltado à demonstração, àquilo que é da ordem do "necessário", se destaca como profundamente aristotélico; o segundo, sofístico-gorgiano, epidítico, ostentoso, cerimonioso, voltado ao elogio e à censura, tem "muito ornato e pouca consistência" (dirá o aristotélico).

No logos-organon, as palavras são estímulos substitutivos que se utilizam no lugar das coisas, por convenção e conveniência ("visto que quando se fala não é possível trazer as próprias coisas, mas em lugar das coisas, devemos nos servir de seus nomes como símbolos" - Aristóteles, Refutações sofísticas, 165 a 6-8). No logos-pharmakon, em contrapartida, as palavras são não estímulos substitutivos, mas os únicos estímulos eficazes sobre a alma, assim como os remédios são eficazes sobre os corpos. São as palavras, e não as coisas sob as palavras, que transformam nossas disposições: as palavras, sozinhas, produzem reorganizações de almas. ... Como organon ... a linguagem é o instrumento/órgão próprio do homem, que lhe serve para desdobrar, para demonstrar a coisa a partir dela mesma: ela culmina não na epidítica retórica, mas na fenomeno-logia e na apodítica lógica. De um lado, portanto, o poder e o efeito, do outro, o desvelamento e a adequação. (pp. 87-88)

Palavras que criam as coisas ou que as representam? Palavras que objetificam e objetalizam ou palavras que circunscrevem, demonstram ou mesmo assombram? Atos de fala ou apenas descrições (verdadeiras ou falsas)? Falar de, com ou sobre algo? Transcendente ou imanente? De modo explicativo e linear ou efetivo e pluridimensional? Nominalista ou realista? Causal ou equívoco? Predicável ou incorporal? "A árvore é verde" ou "A árvore verdeja"? Informando ou afetando? A coisa tratada depende e é covariante com o modo de sua exposição. Não existe diferença entre o que dizemos e aquilo com que dizemos. Diz-se com buracos? Pois, ao escrever um caso, isso haverá que ser levado em conta, caso se queira uma psicanalítica matéria, porosa, suscitante e disponibilizadora de aberturas possivelmente interrogantes, seja lá de qual leitorautor. A forma conta.

 

Nota

Algumas observações de Freud sobre a escrita do caso em psicanálise

1. "Tomar notas durante a sessão poderia ser justificado pela intenção de tornar o caso objeto de uma publicação científica. Algo que em princípio não se pode proibir. Mas deve-se ter em mente que protocolos exatos, num caso clínico psicanalítico, ajudam menos do que se poderia esperar. A rigor, ostentam a pseudoexatidão de que a "moderna" psiquiatria nos oferece exemplos notórios. Geralmente são cansativos para o leitor, e não conseguem substituir para ele a presença na análise. A experiência mostra que o leitor, se estiver disposto a crer no analista, lhe dará crédito também pelo pouco de elaboração que ele empreendeu no material; mas, se não pretender levar a sério a análise e o analista, ignorará também protocolos fiéis do tratamento. Este não parece ser o caminho para remediar a falta de evidência que se enxerga nos relatos psicanalíticos" ["Recomendações ao médico que pratica a psicanálise"] (Freud, 1912/2010).

2. "Devo confessar que ainda não consegui ter êxito em penetrar completamente a textura complicada de um caso severo de neurose obsessiva. E que, ainda que conseguisse fazer isso, reproduzindo a análise ipsis litteris, seria impossível para mim tornar visível a outros a estrutura, tal como com a ajuda da análise nós a conhecemos ou a suspeitamos, através da massa de trabalho terapêutico superposta sobre ela" (Freud, 1909, citado por Mezan, 1998, p. 169).

3. "Não é possível escrever a história de meu paciente nem do ponto de vista histórico nem do ponto de vista pragmático. Não é possível fazer um relato seguido da história do tratamento ou da doença, mas será preciso combinar os dois tipos de exposição. É sabido que qualquer meio só existe para transmitir na exposição de uma análise a força convincente que resulta da própria análise. Relatórios literais, completos, de sessões de análise não possuem quaisquer garantias; a técnica própria ao tratamento torna impossível possuí-las" ["História de uma neurose infantil ('O Homem dos Lobos')"] (Freud, 1918, citado por Fernandez, 2002, p. 66).

4. "Eu me surpreendo ao constatar que minhas observações dos doentes se leem como romances e que elas não carregam consigo nenhuma marca de seriedade, própria aos escritos dos sábios" [Estudos sobre a histeria] (Freud, 1893-1895, citado por Fernandez, 2002, p. 66).

5. "'Leonardo da Vinci e uma lembrança de sua infância' é um estudo controverso. Desde a sua publicação em 1910, foi duramente criticado por historiadores da arte, filósofos e, também, psicanalistas. Apesar disso, Sigmund Freud confidenciou a um amigo: 'Foi a única coisa bela que escrevi'" (Frayze-Pereira, 2019). "Freud chega mesmo a precisar que seu desejo mais antigo e mais intenso era de escrever verdadeiros romances. Admite até mesmo possuir material de primeira mão que faria a alegria de alguns romancistas. 'De fato, meus livros assemelham-se muito mais a obras de imaginação que a tratados de patologia. Meus estudos sobre a vida cotidiana e sobre os chistes são literatura pura e simples. Em Totem e tabu, aventurei-me no romance histórico. Meu desejo mais antigo e mais tenaz seria de escrever pura e simplesmente romances, e ... possuo um opulento material, recolhido de primeira mão, que faria a felicidade de cem romancistas! Temo, infelizmente, que agora seja tarde demais.' Não se saberá talvez nunca se tal material chegou algum dia a existir. Contudo, observa-se efetivamente que os escritos freudianos contêm muito de 'literário', e ele próprio se dava conta disso. A respeito de seu ensaio sobre Leonardo da Vinci, por exemplo, Freud reconheceu que se poderia considerar que ele escreveu apenas um 'romance psicanalítico'. O primeiro esboço de Der Mann Moses und die monotheistische Religion (1939[1934-1938]) - Moisés e a religião monoteísta trazia o sugestivo título de O homem Moisés, romance histórico, e Freud se referia a esse livro, especialmente em sua correspondência, como um romance que não lhe saía da cabeça" (Pinto, 2009, p. 132).

 

Referências

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Recebido em 14/6/2021
Aceito em 5/8/2021

 

 

1 Trabalho apresentado em encontro da Hæresis Associação de Psicanálise, em 12 de dezembro de 2020, e sequencialmente adaptado à temática da carta-convite da Revista Brasileira de Psicanálise, no intuito de colaborar com a reflexão sobre os impasses, inclusive de escrita.

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