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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.55 no.3 São Paulo jul./set. 2021

 

HISTÓRIA DA PSICANÁLISE

 

Impasse e solução1: controvérsias entre Anna Freud e Melanie Klein, origens do Middle Group

 

Stalemate and solution: Anna Freud and Melanie Klein's controversies. The origins of the Middle Group

 

Problema y solución: las controversias entre Anna Freud y Melanie Klein, orígenes del Middle Group

 

Impasse et solution: les controverses entre Anna Freud et Mélanie Klein. Les origines du Middle Group

 

 

Luiz Eduardo Prado

Psicanalista. Membro do Espace Analytique, Paris. Professor emérito de psicopatologia e história da psicanálise da Universidade de Paris 7 - Denis Diderot. Tradutor para o francês de The Freud-Klein Controversies: 1941-1945. Paris / ledprado@gmail.com

 

 


RESUMO

A partir da tradução de The Freud-Klein Controversies: 1941-1945, o autor estuda realidades históricas divididas entre assembleias administrativas e discussões científicas, durante as quais os kleinianos puderam pôr em debate suas principais teses. O autor mostra como as Controvérsias chegaram a ser um impasse, quando Edward Glover pensou que seria possível aliar-se com Anna Freud para expulsar Melanie Klein da Sociedade Britânica de Psicanálise. O que unia as duas vienenses era entretanto mais forte, e demais psicanalistas não estavam de acordo com exclusões. James Strachey e alguns outros lançaram então as bases do que seria o Middle Group.

Palavras-chave: Melanie Klein, Anna Freud, Edward Glover, James Strachey, Middle Group


ABSTRACT

From the translation of The Freud-Klein Controversies, the author studies their historical realities divided between Administrative Assemblies and Scientific Discussions, where the "Kleinians" were able to discuss their main theses. The author shows how the Controversies reached an impasse, when Edward Glover thought it would be possible to ally with Anna Freud to expel Melanie Klein from the British Psychoanalytic Society. What united the two Viennese women however was stronger. And other psychoanalysts did not agree with exclusions. James Strachey and a few others then laid the foundations of what was to become the Middle Group.

Keywords: Melanie Klein, Anna Freud, Edward Glover, James Strachey, Middle Group


RESUMEN

A partir de la traducción de The Freud-Klein Controversies, el autor estudia sus realidades históricas, divididas entre Asambleas Administrativas y Discusiones Científicas, donde los "kleinianos" pusieron em discusión sus principales tesis. El autor muestra cómo las Controversias llegaron a un punto muerto, cuando Edward Glover pensó que sería posible aliarse con Anna Freud para expulsar a Melanie Klein de la Sociedad Psicoanalítica Británica. Sin embargo, lo que unía a las dos vienesas era más fuerte. Y otros psicoanalistas no estaban de acuerdo con las exclusiones. James Strachey y algunos otros sentaron entonces las bases de lo que sería el Middle Group.

Palabras clave: Melanie Klein, Anna Freud, Edward Glover, James Strachey, Middle Group


RÉSUMÉ

À partir de la traduction de Les Controverses, Anne Freud - Mélanie Klein 1941-1945, l'auteur étudie leurs réalités historiques, réparties entre des assemblées administratives et des discussions scientifiques dans lesquelles les kleiniens ont pu mettre en débat leurs thèses les plus importantes. L'auteur montre comment Les Controverses sont devenues une impasse, lorsque Edward Glover a songé qu'il serait possible de s'allier à Anna Freud pour expulser Mélanie Klein de la Société britannique de psychanalyse. Cependant, ce qui unissait les deux Viennoises était plus fort. Et d'autres psychanalystes n'étaient pas d'accord avec les exclusions. James Strachey et quelques autres ont alors jeté les bases de ce qui deviendrait le Middle Group.

Mots-clés: Melanie Klein, Anna Freud, Edward Glover, James Strachey, Middle Group


 

 

O movimento psicanalítico vive muitas vezes de lendas. Elas perturbam a compreensão dos fatos e das questões marcantes. A psicanálise de crianças, por um lado, e o conflito entre Anna Freud e Melanie Klein, por outro, serviram para tanto, escondendo problemas como a presença da pedagogia junto à psicanálise - ou seja, a presença da sugestão dentro da cura - ou a contratransferência paralela à transferência, temas com ramificações que abrem novas pistas de pesquisa. Pretendo mostrar como, a partir dos impasses entre os dois grupos, uma solução foi encontrada e se formou: o Middle Group.

 

Psicanálise de crianças

A psicanálise de crianças é encorajada pelo próprio Freud. A observação da criança funda a reflexão sobre a pulsão de morte. Em 1921, Freud escreve a Ferenczi: "No dia 13 de março deste ano quase dei um passo abrupto em direção real à velhice. Desde então o pensamento da morte não me deixou" (Jones, 1957/1975, p. 641). No mesmo ano Melanie Klein publica "O desenvolvimento de uma criança", onde ela já trabalha a questão da luta entre princípio do prazer e princípio da realidade, assim como a importância da morte para a criança. Em 1926, no dia do seu aniversário, Freud anuncia renunciar à participação ativa no movimento psicanalítico. Karl Abraham, que estudava aplicar a psicanálise às crianças, morre. Anna Freud, que analisa crianças há alguns anos, publica O tratamento psicanalítico de crianças a partir de quatro conferências feitas na Sociedade Psicanalítica de Viena. Freud publica Inibição, sintoma e angústia. A psicanálise de crianças e as questões relativas à morte se encontram assim intimamente ligadas.

 

Os epítetos das Controvérsias

As Controvérsias ocorridas na Sociedade Britânica de Psicanálise entre 1942 e 1944 receberam diferentes epítetos: "luta sem trégua", "combate feroz", "violência inédita", "período de maior importância da história da psicanálise da Grã-Bretanha". Ora aparecem como confronto entre Anna Freud e Melanie Klein, ora como contraposição entre "os psicanalistas britânicos" e "seus homólogos continentais". E o que se discutia então? A sexualidade feminina, as origens do superego e suas relações com o complexo de Édipo, a técnica da psicanálise e a transferência de crianças, a presença da pedagogia no interior da psicanálise, questões ligadas ao narcisismo, as relações de objeto muito precoces, o papel do Nachträglichkeit (a posteriori), a perlaboração da angústia de castração, a articulação da metapsicologia kleiniana com a freudiana, o papel da interpretação. Ainda: a compreensão do fantasma, o papel da destrutividade, a assimilação da brincadeira infantil à livre associação do adulto. Podemos escolher no rol. Todos esses temas foram discutidos. Diferentes autores privilegiaram diferentes combinações ao apreciar os temas das discussões, muitas vezes repetitivas.

Entretanto, alguns pontos me parecem ainda obscuros. Creio que outros elementos não tiveram a merecida consideração. A ênfase em epítetos atribuídos às Grandes Controvérsias parece contribuir mais à dramatização do que à clarificação. Considerá-las como tendo durado de 1940 a 1945 já é um problema. Vamos então retornar à realidade das Controvérsias, afastando os epítetos.

 

Violência dos debates

Ferenczi (1928/2011a) considera que as divergências entre Anna Freud e Melanie Klein se reduzem às diferentes maneiras de articular pedagogia e psicanálise. Ele próprio já escrevera sobre as relações entre ambas (Ferenczi, 1908/2011b). Num certo sentido, Anna Freud abre as hostilidades. Em 1926, ela dá quatro conferências na Sociedade Psicanalítica de Viena, imediatamente publicadas com o título de O tratamento psicanalítico de crianças. Ela prossegue suas críticas, dessa vez na Sociedade de Berlim, no mês de março do ano seguinte. Barbara Low as apresenta à Sociedade Britânica no mês de maio. Melanie Klein (1927/1996e) responde com severidade a essas críticas num colóquio sobre a psicanálise de crianças na Sociedade, em Londres. Esse debate continua no Congresso Internacional de Psicanálise ocorrido em Innsbruck, ainda em 1927. Raramente os documentos disponíveis são tão claros sobre o início de uma controvérsia científica, suas ligações com pessoas que se confrontam e o papel da retórica nas representações que uns dão aos outros e podem ter de si próprios. O estilo dos participantes às vezes parece mais interessante que o tema discutido. Navegando entre humor, sarcasmo, exasperação, rigor e vituperações, os debates avançam.

O livro que Anna Freud publica em 1926 não tem a mesma violência que a crítica que lhe faz Melanie Klein um ano depois. A filha de Freud abre sua primeira conferência com aparente simplicidade, expondo o que ela considera ser a posição de Klein; refuta-a reivindicando para ela o apoio dos "analistas de Viena", que teriam se reunido e discutido as posições adversas. Ela afirma não ter condições de discutir o problema e passa ao relato de seu trabalho. Na segunda conferência assinala que Melanie Klein pensa que a brincadeira da criança corresponde à livre associação do adulto - "Parece à primeira vista que se preencheu uma aflitiva lacuna da análise de crianças através de uma técnica irrecusável" (Freud, 1926-1927/1971b, pp. 50-51) -, mas tem reservas quanto à hipótese. Ela consagra a terceira conferência a Melanie Klein, examinando cada uma de suas teses e as refutando. Na quarta conferência expõe as relações entre a análise de crianças e a de adultos e conclui: "Aqui novamente a análise de crianças não oferece vantagens em relação à dos adultos, mas se mostra na verdade menos apta a extrair material inconsciente" (p. 68). E negligencia Melanie Klein e suas análises, que vão em sentido contrário. É esta a violência de Anna Freud: menosprezar a outra, fazer pouco caso, se possível ignorá-la.

Nessa época Melanie Klein já havia escrito textos importantes sobre análise de crianças, mas não tinha publicado um livro, algo por definição mais prestigioso. Ela havia acabado de se instalar em Londres. Suas teses são bem definidas: a diferença entre a análise de adultos e a de crianças é de técnica, os princípios são os mesmos; na psicanálise de crianças a transferência se estabelece desde o começo; o objeto da análise é o complexo de Édipo, o recalque e o medo da castração (Klein, 1923/1996b, 1926/1996d). Anna Freud não tinha levado nada disso em conta. Retraçando a história da psicanálise de crianças, Klein mostra os avanços e erros de Hug-Hellmuth, se apoia na experiência de Freud e refuta praticamente cada linha do texto de Anna Freud. Em resumo o que Melanie Klein parece dizer é simples: "Anna Freud não entende nada de nada. Ela não diz uma palavra sobre complexo de Édipo, nem sobre complexo de castração; nada sobre a culpa, nada sobre o inconsciente, nada sobre a angústia, nada sobre as peculiaridades da transferência!". "As premissas e conclusões de Anna Freud formam um círculo vicioso", "Não entendo o que ela quer dizer", "Devo combater com energia as afirmações de Anna Freud", "Anna Freud, acho, se superestima muito e não interpreta corretamente", "Contrariamente a Anna Freud", "Uma das razões de divergência entre Anna Freud e mim", "Meu conhecimento sobre análise de crianças pequenas me obriga a ter sobre este ponto uma opinião totalmente diferente", "A diferença mais chocante e fundamental entre nós", e enfim "O que é omitido por Anna Freud? Tudo...!".

Tal é a violência de Melanie Klein. Ela sabe o que a outra ignora. Ela sabe. Ela olha Anna Freud de perto, não quer que a rival escape de seu olhar que escrutina, enquanto a outra pretende desviar os olhos. Só ela sabe o que a outra ignora. Melanie Klein não suporta que a outra reduza e minimize a psicanálise de crianças, considerando-a um subproduto da análise de adultos, um recuo em relação à posição de Freud.

Tanto uma como a outra não veem que não é da mesma criança que elas se ocupam. Anna Freud fez análise com o pai, depois analisou seu sobrinho Ernst, órfão de sua irmã Sophie, com quem sempre brigou, e em seguida os quatro filhos de sua amiga íntima Dorothy Burlingham, também em análise com seu pai. Anna Freud é menina protegida de família rica. Melanie Klein, órfã de pai, de família pobre, começou analisando os próprios filhos numa cidade que não era a sua. Anna Freud analisa as crianças e sua adaptação às famílias na realidade. Klein analisa o mundo interno das crianças, que ela vai criando/descobrindo enquanto analisa. As posições de uma em relação à outra são diametralmente opostas. Melanie Klein não prestará mais atenção ao trabalho teórico de Anna Freud, enquanto esta permanecerá atenta ao trabalho da outra.

O Congresso Internacional de Psicanálise de Innsbruck, em 1927, ocorre em clima de suspeitas generalizadas, de violência - violência da censura disfarçada das publicações psicanalíticas exercida por Jones e por Sándor Radó; das discussões entre Jones e Freud sobre a análise de Anna; de um trio formado por Freud, Sándor Ferenczi e Max Eitingon contra a ascensão de Jones à presidência da Associação Psicanalítica Internacional (IPA); da superposição da questão da análise leiga às questões da psicanálise de crianças.

É nesse clima que Anna Freud dará uma resposta invariável a Melanie Klein: ela finge nada ouvir. No texto que apresenta nesse congresso, "A teoria da análise infantil", ela dá a entender que Melanie Klein sustenta suas teses. Reivindicando para si mesma e algumas outras analistas de crianças avanços importantes em relação às teses kleinianas, Anna Freud procede a uma longa exposição de caso e conclui que o analista deve poder conhecer "as influências educativas a que submete a criança, e - quando a coisa parecer necessária - retirar dos educadores sua tarefa durante todo o período de duração da análise para se ocupar dela ele mesmo" (1927/1971a, p. 98).

Ora, é nesse congresso que Melanie Klein expõe um trabalho de importância capital, que revoluciona a psicanálise, "Os estágios iniciais do conflito edipiano". Ela aplica a noção de complexo de Édipo a cada posição do percurso sexual. Assim, há uma elaboração oral do complexo de Édipo, uma elaboração anal, uma outra uretral, antes que se chegue ao complexo de Édipo tal como Freud o entende. A essas elaborações ela aplica suas noções de introjeção e projeção. Melanie Klein diferencia claramente as posições femininas e masculinas. Em nenhum momento se refere a Anna Freud, que se tornou inexistente para ela.

O debate teórico entre as duas grandes damas - "os Dragões", como as chamam na Sociedade - terminou. Na introdução do livro A psicanálise de crianças (1932/1997), Melanie Klein resume as divergências entre elas: a transferência da criança, a técnica de interpretação, a precocidade do superego. Até 1947 uma não mencionará o nome da outra em seus escritos. Nesse ano Melanie Klein acrescenta uma breve nota de introdução ao texto em que atacou de maneira tão viva as teses de Anna Freud: "As coisas evoluíram muito, Anna Freud mudou muito, suas ideias se aproximaram das minhas!". É tudo. Essa nota apoia-se na última intervenção de Susan Isaacs no debate sobre seu próprio texto nas Controvérsias na Sociedade Britânica, pois em seu livro de 1946, mesmo que Anna Freud reafirme suas dúvidas quanto a uma identificação perfeita entre a brincadeira e a livre associação, o nome de Melanie Klein não é mencionado.

Houve conflitos entre elas, embora ao se reencontrarem em Londres, nas reuniões da Sociedade Britânica de Psicanálise, tenham dado provas de tentar apagar a animosidade recíproca. O vivo debate, o período mais violento e também o mais fértil, durou alguns meses em 1927. Os rumores de maledicências do começo dos anos 1920 atingiram seu auge sete anos depois. Durante as Grandes Controvérsias ambas evitam se enfrentar abertamente; tudo se passa entre membros de seus grupos. Então, se entre 1942 e 1944 elas evitam ataques mútuos, por que essas Controvérsias são ditas "entre Anna Freud e Melanie Klein", quando o debate entre elas terminou em 1927? Já veremos.

 

Conferências de trocas

Pela primeira vez, no congresso de Innsbruck, em 1927, os analistas britânicos eram numerosos em um encontro internacional. Com Jones, seu presidente, e Glover, vice-presidente, apoiavam Melanie Klein. Até então os britânicos guardavam posição insular, de inferioridade, longe da cena analítica continental, dominada por Viena e Berlim. Agora Jones os conduzia à arena internacional, onde tinham motivos para se sentirem orgulhosos. Os continentais não apresentavam nada de novo e não tinham nenhum argumento sério para lhes opor. Tornou-se claro que não se tratava de uma querela de ciúmes ou prioridades entre Anna Freud e Melanie Klein, mas que as teses desta revolucionavam as teses antigas. Parecia que a relação entre os dois importantes grupos de psicanalistas, britânicos e continentais, ameaçava azedar. O congresso decidiu então seguir uma orientação de Freud e organizar trocas de conferências entre Viena e Londres para amenizar os conflitos. Foram quatro conferências: uma de Jones, à qual responde uma outra de Waelder, e uma de Riviere, à qual responde mais uma vez o mesmo psicanalista.

Jones fez a primeira dessas conferências de trocas, como foram chamadas, em 24 de abril de 1935, em Viena, com o título de "Sexualidade feminina precoce". Nela retoma teses de Melanie Klein. Ele se mostra diplomático, mas afirma suas diferenças com Freud, que as aceita, sem tratá-los, nem a Jones nem a Klein, como dissidentes. A reavaliação do complexo de Édipo tem implicações para a compreensão da instauração do superego. Jones evita os pontos que Freud havia definido como essenciais para a psicanálise: a existência do inconsciente, o caráter predominante da sexualidade, a dinâmica entre o recalque e o retorno do recalcado, e por fim o complexo de Édipo. Jones resume o conflito entre vienenses e britânicos como desacordo teórico a respeito do peso relativo da realidade externa ou da realidade psíquica na conformação da vida do sujeito, e conclui:

De forma geral, os vienenses podem criticar nossa valorização excessiva da vida fantasmática precoce em detrimento da realidade externa. A isso responderemos que não existe um perigo sério de que os analistas negligenciem a realidade externa, ao passo que lhes é sempre possível subestimar na doutrina freudiana a importância da realidade psíquica. ( 1935, p. 270)

Pouco mais tarde, no mesmo ano, Waelder vai a Londres para sua primeira conferência de trocas, que tem como título "Problemas da psicologia do ego", que virá a ser capítulo de um de seus livros (Waelder, 1935/1960). Diplomático como Jones, ele é bem acolhido pelos britânicos, que debatem suas ideias da conferência (King, 1996). Apesar de valorizar as concepções de Klein, aponta a dificuldade de verificá-las, já que se apoiam em crianças que ainda não falam.

Em maio do ano seguinte, Joan Riviere apresenta uma conferência de trocas, dessa vez em Viena. Ela aborda o conflito psíquico no início da infância. Sua conferência é, acima de tudo, propaganda: "O trabalho de Melanie Klein e de seus seguidores mostrou que os processos mentais de projeção e introjeção se revestem de um significado e têm uma influência muito maiores do que se julgava, em todos os estágios do desenvolvimento psíquico" (Riviere, 1936/1969, p. 53). Apesar das discordâncias de alguns autores britânicos da época, como Marjorie Brierley, Riviere defende com rigor as primeiras teses kleinianas de que é possível conhecer a vida psíquica dos bebês já nas primeiras semanas de vida. Introjeção e incorporação se equivalem, assim como projeção e expulsão corporal. "Estado" e "objetos" internos são desde sempre identificados. Introjeção e projeção são os principais mecanismos de defesa contra as pulsões e contra a angústia, e a pulsão de morte age desde o nascimento. Riviere é enfática, passional e apaixonante.

No mesmo ano Waelder responde, retornando a Londres. Apesar de concordar com algumas teses kleinianas, ele sustenta diferenças. Discorda principalmente da concepção de phantasma de Riviere, que não é consenso entre os autores britânicos e, segundo ele, aproxima-se de um "biologismo sem biologia". Não a refuta, porém marca sua opinião. Os kleinianos, pensa, parecem esquecer que tudo que supõem ver no paciente se desenrola na transferência. Waelder considera traumático o uso que fazem da interpretação, já que ignoram o caráter pedagógico evidente pela simples presença de um adulto junto a uma criança. Em compensação Waelder acha interessante o conceito de projeção, ainda que questione a uniformidade de seu uso em fenômenos tão diversos como alucinação e delírio. Ele considera não ser evidente a utilização feita pelos kleinianos do termo psicose e não acredita que traços psicóticos presentes num sujeito normal sejam os mesmos que se encontram num sujeito psicótico. Reconhece a riqueza dos trabalhos de Klein, sobretudo nos detalhes do modo de funcionamento psíquico, que enriquecem a compreensão dos fantasmas ligados à oralidade, mas outros domínios fantasmáticos ainda devem ser estudados. Waelder não tem a flama de Riviere, porém é mais atento. Mesmo sendo às vezes entediante, pretende fazer verdadeiras trocas, enquanto Riviere prefere alardear suas teses. A chegada dos nazistas ao poder acaba com os projetos de trocas e impõe o exílio aos psicanalistas continentais.

 

As crises e as Controvérsias

É importante saber quem participa das Controvérsias. No total são 28 pessoas, entre as quais 15 britânicos e 13 continentais, divididos estes entre cinco alemães, quatro austríacos, dois húngaros, uma norte-americana e um canadense. O núcleo duro dos kleinianos, além dela mesma, é formado por Susan Isaacs e Joan Riviere, duas britânicas, às quais se une uma alemã, Paula Heimann, imigrada em 1933, convidada por Jones na mesma época que Klein, logo que Hitler chega ao poder. Essas quatro "Valquírias", como as chamavam então, recebiam apoio entusiasta de Donald W. Winnicott e John Rickman - o primeiro, pediatra e psicanalista, hoje em dia de fama internacional e duradoura; o segundo, psiquiatra, herói de guerra, tendo participado enquanto paraquedista de duas guerras mundiais, analisado por Sándor Ferenczi e por Freud. O apoio de Rickman a Klein será decisivo, pois tem prestígio dentro e fora da Sociedade. É sobre ele que escreve Jacques Lacan quando se exprime admirativo a respeito dos psicanalistas heróis de guerra, que subiam em seus aviões levando livros de Klein em seus bolsos. É aliás nesse mesmo texto que, sempre os elogiando, Lacan assinala a capacidade que têm de transformar um impasse "em força viva de intervenção" (1947/2003, p. 108)

Contra as teses kleinianas se reuniam Anna Freud; sua companheira Dorothy Burlingham, norte-americana analisada por Freud; Edward Glover; Walter e Melitta Schmideberg, filha de Klein, em análise com Glover; Willi Hoffer, de Viena, e sua esposa Hedwig Hoffer, alemã estabelecida na capital austríaca depois do casamento e após a análise com Anna Freud; Barbara Low; e Barbara Lantos (Rayner, 1990).

Além deles participavam Jones, presidente da Sociedade Britânica de Psicanálise, Sylvia Payne, Ella Sharpe, Marjorie Brierley, William Gillespie, John Bowlby, James Strachey, Michael Balint, Kate Friedlander, Adrian e Karin Stephen. Dois outros membros inscritos para os debates participam muito pouco, Clifford Scott, canadense, lutando na frente de guerra, e Siegmund Foulkes, de origem alemã, naturalizado britânico, pela mesma razão.

É nessa última fornada que se encontra o núcleo do que virá a ser conhecido como Middle Group: Strachey, Brierley e o casal Stephen, aos quais se unem pouco a pouco Payne, Sharpe, Gillespie, Bowlby, Balint e Winnicott.

Logo depois que Klein publica "Uma contribuição à psicogênese dos estados maníaco-depressivos" (1935/1996a), os conflitos explodem com Glover, em meados dos anos 1930. Ele, psiquiatra, não aceita a utilização feita por Klein, uma "leiga", de terminologia psiquiátrica. A Sociedade Britânica de Psicanálise entra numa zona perigosa, como se a guerra que se prepara na Europa se refletisse nela sob a forma de guerras internas. A partir do final dos anos 1930, com a chegada progressiva dos psicanalistas de Viena, Berlim e Budapeste, se reavivam as esperanças ou os temores de ambas as partes de verem suas posições reforçadas ou atacadas. Com a morte de Freud e o grande número de psiquiatras continentais e freudianos chegando, era previsível que Glover imaginasse poder fazer pender a balança de maneira decisiva a seu favor.

Em 1939, pouco depois de chegar a Londres, Anna Freud retoma uma prática analítica e logo organiza uma formação em psicanálise infantil. No entanto, no mesmo ano, se recusa a assumir a responsabilidade de um seminário com esse tema na Sociedade Britânica. Ela se justifica afirmando que aqueles que tinham recebido uma formação analítica diferente da sua não podiam "se beneficiar de seu ensino". No ano seguinte é ainda mais direta. Na reunião do Comitê de Formação de 24 de abril de 1940, ataca violentamente Klein, reivindicando para si mesma e seus colaboradores a qualidade de "análise freudiana", e acusando o trabalho de Klein de ser apenas um derivativo, dando como prova o fato de sua prática ser tão diferente do que os "freudianos faziam e sabiam ser psicanálise". Coloca-se assim numa situação delicada, pois na mesma reunião Glover tenta proibir o ensino de teses kleinianas no currículo da Sociedade. Essa foi a única vez que uma frente entre os dois inimigos de Klein se formou.

Entretanto, desde a véspera Strachey escrevera uma carta a Glover (então presidente desse comitê) propondo uma solução sem extremismos:

Comemoro a chegada da primavera acamado com uma espécie de gripe alérgica e com febre - não creio que possa ir a Londres amanhã nem participar da reunião do Comitê de Formação. Prefiro que você saiba (a título pessoal) que caso tenhamos um embate frontal - defendo com todas as minhas forças um compromisso a todo custo. Parece-me que o problema reside nos extremismos de ambos os lados. Pessoalmente penso que a Sra. K... fez algumas contribuições muito importantes para a pa [psicanálise], mas é absurdo afirmar (a) que elas esgotam o assunto ou (b) que sua validade seja axiomática. Por outro lado, acho que é igualmente ridículo da parte da Srta. F... pretender que a pa seja um domínio protegido da família F... e que as ideias da Sra. K... sejam totalmente subversivas. (King & Steiner, 1996, p. 52)

Com essa carta Strachey está lançando a base do que será o Middle Group: nem Klein nem Anna Freud, nem kleinismo nem annafreudismo (Rayner, 1990). Strachey não sabe, mas Glover faz parte dos "extremistas" e quer expulsar Klein. Com o tempo as Controvérsias dependerão mais do que se passa entre esses dois homens do que das inimizades entre kleinianos e annafreudianos.

Klein é corajosa: em 1.º de janeiro de 1942, telefona para Anna Freud, transmitindo-lhe os votos de praxe nesse dia do ano e prometendo que tudo fará para evitar a cisão da Sociedade. Discutem entre elas quem seria o melhor presidente para a Sociedade. Anna Freud pensa que seria Glover, Melanie Klein propõe Sylvia Payne, considerada independente, a igual distância de ambas. Elas reafirmam a ideia antiga de dois cursos de formação paralelos, que poderiam mais tarde vir a colaborar. Sendo ambas judias de Viena, é evidente que entre elas existem mais pontos em comum do que entre Anna Freud e Glover. Sabemos disso graças à carta que Klein enviou para sua amiga Joan Riviere (Young-Bruehl, 1988).

Durante as cinco assembleias administrativas extraordinárias, Melanie Klein e Anna Freud não se chocam; nenhum membro de um grupo ataca os membros do outro; assistem impassíveis às vituperações de Glover contra a infiltração e o proselitismo dos kleinianos. Em 28 de julho de 1942, alguns membros da Sociedade pedem ao Comitê de Formação que organize reuniões científicas nas quais os kleinianos possam explicar suas teorias. Como Jones se refugiou longe de Londres, cabe a Glover assumir a presidência da Sociedade e organizar essas reuniões. Em 21 de setembro de 1942, Glover apresenta um artigo introdutório sobre formação psicanalítica para o Comitê de Formação. Daí até fevereiro de 1944 (data da renúncia de Glover), as reuniões do Comitê de Formação e as reuniões científicas ocorrem em paralelo. Em 27 de fevereiro de 1943, Susan Isaacs apresenta um trabalho sobre "A natureza e a função da phantasia",2 conceito central nas divergências entre annafreudianos e kleinianos. Anna Freud faz intervenção no mesmo dia agradecendo sua clareza e exatidão na compreensão das divergências. Em 24 de fevereiro, Strachey apresenta suas próprias observações sobre a formação para o comitê divergindo de Glover, a quem critica com severidade. É o Middle Group, que continua a afirmar-se. Em 7 de abril, na quarta reunião das controvérsias científicas, Anna Freud intervém indicando as teses com as quais não pode concordar: a idade na qual relações de objeto e fantasmas precoces se iniciam, a formação do eu, os sentimentos iniciais de culpa e reparação, a utilização do conceito de phantasia precoce. Sylvia Payne questiona Anna Freud, que responde admitindo o estabelecimento precoce das relações de objeto desde os 6 meses de idade. Mais tarde Lacan considera essas discussões como bizantinas, o que não é raro entre psicanalistas, muitas delas motivadas por suas próprias formulações. Na última reunião Susan Isaacs resume sua compreensão das teses dos vienenses e do livro de Anna Freud O ego e os mecanismos de defesa assinalando as mudanças trazidas pela autora em relação às suas intervenções recentes. Anna Freud não responde, apesar de sublinhar que seu silêncio não significa que aceite o que foi dito.

Podemos interrogar as razões de reduzir as Controvérsias a uma disputa entre Anna Freud e Melanie Klein, quando o que estava em questão era bem mais amplo, sobretudo o nascimento do Middle Group. Roudinesco (1993/1994) responde com generosidade: assinala que, pela primeira vez, sérias divergências psicanalíticas não terminaram em dissidência ou exclusão, e também que as Controvérsias inauguram uma era de reinterpretação da obra de Freud. Podemos acrescentar que foram grandes no sentido de que perpetuaram uma maneira de transmissão oral e escrita da psicanálise, prosseguindo o trabalho começado com as atas da Sociedade Psicanalítica de Viena (Colabone & Prado, 2019).

Finalmente, no outono de 1943, Anna Freud, Melanie Klein e Marjorie Brierley apresentam suas sugestões para o Comitê de Formação, seguidas em 24 de novembro de sugestões de Ella Sharpe e Sylvia Payne, sendo também apresentado e discutido o primeiro relatório do Comitê de Formação a respeito do ensino da psicanálise durante a guerra, quando Glover ataca com violência a Sociedade, afirmando ter sido a formação inexistente no período. Muitos de seus colegas não estão de acordo. Expõem as difíceis condições da formação analítica, mas afirmam ter realizado seu trabalho de analistas didatas. Em 24 de janeiro de 1944, o inimaginável ocorre: Glover, até então muito poderoso, se demite da Sociedade. O relatório do comitê recomendava que "membros envolvidos em intensas controvérsias científicas ou pessoais" não deveriam ser indicados para o Comitê de Formação ou como analistas didatas. Ele sentiu-se atingido. Klein, não. Ela teve o sangue-frio que faltou a seu inimigo. Glover havia utilizado todas as reuniões do Comitê de Formação para denunciar a tomada do poder pelos kleinianos e a passividade dos freudianos britânicos em contraposição aos que considerava os freudianos vienenses, bem como para atacar a organização de um middle group. Em certo sentido, de maneira irônica, pode-se dizer que os ataques de Glover serviram à criação do grupo, pois sua repetição incessante das duas palavras vem delinear o que ele acusa.

Após a renúncia de Glover, como a história prega peças, nessa mesma reunião acontece uma das mais interessantes discussões das Controvérsias, sobre a pulsão de morte.

Nesse ínterim, a Segunda Guerra Mundial finda e também o grupo pioneiro kleiniano. A partir de 1947 um distanciamento ocorre entre Riviere e Klein. Susan Isaacs morre subitamente em 1948. Em 1949 Heimann e Rickman se afastam de Klein, devido a divergências sobre a contratransferência, conceito que Klein não admite, salvo como deformação e defesa. Rickman se aproxima do Middle Group. Anna Freud volta à Sociedade. Um acordo se estabelece, e os dois cursos de formação começam a funcionar.

 

E depois...

As Controvérsias persistem de forma latente. Em 3 de junho de 1954, Winnicott escreve para Anna Freud e para Melanie Klein uma carta conjunta, pedindo-lhes que dissolvam seus grupos:

Quero chamar a atenção para o efeito dos agrupamentos oficializados. Estou pensando na saúde da Sociedade Britânica de Psicanálise e tentando entrever o futuro.
Minha proposição é de que não apenas é verdade que os grupos a e b foram essenciais há 10 anos, e que a adoção desses grupos salvou a Sociedade da cisão, como também é verdade que, no momento presente, o motivo para esse arranjo deixou de existir, isto é, não há perigo algum de expulsão dos que seguem a Srta. Freud. Tampouco é verdade que seja plausível a saída de qualquer dos dois grupos; a Sociedade se reconciliou, como qualquer outra sociedade, com o fato de existirem diferenças científicas, que acabam por se resolver automaticamente com o decorrer do tempo, concomitantemente ao fato de surgirem novas diferenças.
Há um comentário que gostaria de fazer neste momento, o de que existe uma ligeira e interessante diferença na formação dos dois grupos. ... Pode-se dizer que, enquanto os seguidores da Sra. Klein são todos filhos e netos, os seguidores da Srta. Freud foram todos da mesma escola. Menciono essa diferença na formação dos dois grupos porque penso que ela produz suas próprias complicações e contribui para a falsa visão que o recém-chegado recebe ao lhe ser comunicada a existência de dois grupos.

Winnicott prossegue assim por mais duas páginas, mostrando o que os dois grupos têm em comum e o pouco que os diferencia. E termina:

Estou dirigindo essa carta às senhoras e enviando uma cópia à Dra. Sylvia Payne. Não há mais ninguém que tenha conhecimento desta carta, e acho isso de extrema importância porque, caso venham a se decidir pela abolição da ideia do reconhecimento oficial dos dois grupos, essa ideia deve partir das senhoras. (1987/2017, pp. 87-90)

Ambas rejeitaram as análises e as propostas do colega, que escrevia a partir de um ponto de vista do Middle Group. Se esse grupo se tornou garantia externa de uma tensa aceitação mútua entre os grupos de Anna Freud e de Melanie Klein, foi pela mesma razão excluído da cumplicidade que a convivência de tais querelas implica. Podemos entrever que outras querelas apareceriam. Tenho para mim que a recusa de que Lacan fosse readmitido na ipa, o que equivalia a uma expulsão de fato, decisão tomada por comissão da qual Winnicott era o presidente, foi um dano colateral dessas querelas da Sociedade Britânica e das "pulsões de expulsão, de exclusão, de rejeição". Desde sempre, a psicanálise se alimenta de dissensões, debates, rupturas, dos quais sempre novos middle groups surgem. Nesse sentido, as Controvérsias e os impasses que criaram são uma questão atual. Novos grupos e novas teses sempre surgirão.

 

Referências

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1 Escrito com a colaboração de Marta Raquel Colabone (historiadora, psicanalista, membro do Centro de Estudos Psicanalíticos [CEP], São Paulo) e de Vera Lucia Dutra (psicanalista, Rio de Janeiro).
2 Insistimos sobre a grafia das edições originais, phantasia ou phantasma. O ph inicial vem sublinhar como os kleinianos entendem a phantasia ou o phantasma, que são sempre inconscientes, nada tendo em comum com o devaneio ou com o sonho diurno. As traduções brasileiras apagam essa diferença essencial da proposta kleiniana. Consultado, Elias Mallet da Rocha Barros justifica esse erro por simples problema com a gráfica, que corrigiu ph por f, e os editores ulteriores mantiveram o erro, perpetuando o engano entre os kleinianos brasileiros.

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