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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.55 no.4 São Paulo out./dez. 2021

 

TEMÁTICOS

 

Retratos de uma supervisão: contribuições do jardim inglês

 

Retratos de una supervisión: contribución del jardín ingles

 

Portraits of a supervision: contributions from an English garden

 

Portraits d'une supervision: contributions du jardin anglais

 

 

Flávio José Gosling

Membro filiado do Instituto de Psicanálise Durval Marcondes da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Médico psiquiatra e mestre em saúde coletiva pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). São Paulo / flaviogos@uol.com.br

 

 


RESUMO

O autor relata a experiência de supervisão vivida por um analista em formação em um dos Institutos filiados à IPA. Assinala impasses bem como ganhos da supervisão. Aproveitando a associação com o conceito do jardim inglês, propõe, como possibilidade de uma supervisão, o estabelecimento de um contato vivo, criativo e espontâneo entre supervisor e supervisionando, através das trilhas percorridas conjuntamente pela dupla. A supervisão, ainda que revelando angústias e medos do analista, permitiu o desenvolvimento do supervisionando, incrementando elaborações em sua análise pessoal.

Palavras-chave: supervisão psicanalítica, identificação, desenvolvimento, experiência do analista, transmissão da psicanálise


ABSTRACT

This paper is a description of the experience lived by an analyst who undergoes training in one of IPA associated Institutes, related to the supervision process. It points out impasses and gains from the supervision process. Based on the association with the concept of English garden, this paper highlights that the supervision process may enable a live, creative, and spontaneous exchange between supervisor and supervised through the path taken. While supervision exposes the analyst's anxiety and fears, it allowed the development of the supervised, mainly in a way of enhancing elaborations in the setting of the supervised own analysis.

Keywords: psychoanalytic supervision, identification, development, analyst's experience, transmission of psychoanalysis


RESUMEN

El trabajo es un relato de la experiencia vivida por un analista en formación en uno de los Institutos afiliados a la IPA sobre el proceso de supervisión oficial. Se señalaron las dificultades y los beneficios de la supervisión. A partir de una asociación con el concepto del jardín inglés, el texto propone la posibilidad de la supervisión para crear un contacto vivo, creativo y espontáneo a través de los senderos recorridos. La supervisión, si bien revela las ansiedades y miedos del analista, permitió el desarrollo del supervisado, principalmente en el sentido de incrementar las elaboraciones en el marco de su propio análisis.

Palabras clave: supervisión psicoanalítica, identificación, desarrollo, experiencia de analista, transmisión del psicoanálisis


RÉSUMÉ

L'article est un récit de l'expérience de supervision vécue par un analyste en formation dans l'un des Instituts affiliés à l'ipa. Des impasses, aussi bien que des acquis de la supervision ont été signalés. En profitant de l'association au concept du jardin anglais, le texte propose, comme une possibilité de supervision, l'établissement d'un contact vivant, créatif et spontané entre le superviseur et le supervisé par l'intermédiaire des sentiers parcourus ensemble par eux. La supervision, même si elle révèle les angoisses et les peurs de l'analyste, elle a rendu possible le développement du supervisé tout en incrémentant des élaborations dans son analyse personnelle.

Mots-clés: supervision psychanalytique, identification, développement, expérience de l'analyste, transmission de la psychanalyse


 

 

Sitting in an English garden
Waiting for the sun
If the sun don't come, you get a tan
From standing in the English rain

BEATLES, "I am the walrus"

No texto "Deve-se ensinar a psicanálise nas universidades?", de 1919, Freud trata de um modo de treinamento no qual se aprende sobre o caso através da supervisão de um analista reconhecido. Ao longo da década de 1920, Freud e Eitingon instituem a supervisão obrigatória na formação psicanalítica.

Inicialmente designada como análise de controle, a prática é rebatizada como supervisão na década de 1960. Para um dispositivo em psicanálise, os termos controle e visão superior são, no mínimo, curiosos ou passíveis de questionamento. Fato é que a supervisão comemorou 100 anos de idade e, em torno dela, sobrevive um amplo debate. Suscita uma gama de reflexões a respeito da formação psicanalítica e permanece como elemento fundamental no processo formativo. É um dos eixos do tripé que sustenta o tornar-se um psicanalista.

Alguns analistas seguem advogando que a atividade é obrigatória e essencial. Outros alertam para um possível potencial iatrogênico e apontam a necessidade de mudanças na prática.

O tema favorece discussões sobre os movimentos da horizontalidade ou verticalidade na transmissão do saber, bem como sobre os vieses institucionais que incidem na supervisão compulsória nos cursos de formação. Remete-nos a assuntos de grande relevância para o campo da psicanálise, como o valor da avaliação na transmissão do conhecimento analítico, os fenômenos transferenciais e contratransferenciais na situação específica de supervisão, e assim por diante.

Bracher (2016) aponta que, há algum tempo, a supervisão passou a ser privilegiada enquanto objeto de estudo, em função da importância e das dificuldades que seu exercício apresenta. Vale lembrar que, na prática da supervisão, estão contidas nada menos que as três profissões que Freud julgava impossíveis: governar, ensinar e analisar.

Cournut (1992) chama a atenção para os riscos envolvidos no processo, como a alienação, a formalização excessiva e até mesmo uma situação de confusão do supervisionando, considerando a supervisão uma prática instituída e compulsória.

Porto entende que a supervisão deveria ser um espaço dominado pelo desejo, e não pela necessidade. Afirma que, se de fato a supervisão é um dos pilares do famoso tripé da transmissão analítica, "devemos reconhecer que é um pé instável, com uma demanda constante de cuidado para equalizar sua estabilidade" (2015, p. 46).

Em debate sobre o tema (Meyer et al., 2001), Menezes compreende a essência da supervisão como um processo do constituir-se analista através da interlocução com outro analista, desfocada da perspectiva de prestar contas exclusivamente pedagógicas. No mesmo debate, Meyer diz que há uma inquietação específica no espaço de supervisão, que deve ser mantida para não se tornar um ato burocrático.

Gomes e Woiler (1998) destacam um movimento de mudança e expansão da supervisão ao longo dos anos, desde o modelo definido por Eitingon e Freud. Para as autoras, é possível que se crie uma atmosfera de aprendizagem mútua, rica tanto para o analista quanto para o supervisor. Reconhecem sua legitimidade em uma prática criativa e ampliadora. Na mesma linha de pensamento, e antes dessas autoras, Bion (1977/2017) sugere que o analista em formação ouse usar sua imaginação e articular seu pensamento em uma supervisão. O autor assinala a potência e a validade da supervisão, na medida em que o analista-supervisionando diz o que pensa e usa a ocasião, com o supervisor, para exercitarem juntos a articulação de pensamentos, seja por meio de uma terminologia verbal, seja por meio de outras formas de comunicação.

Enfim, pode-se dizer que a discussão em torno do tema é borbulhante e que a centenária supervisão permanece mobilizando debates e instigando reflexões.

Este trabalho tem como objetivo apresentar os bastidores da mente do analista em formação enquanto supervisionando. O leitor assistirá a cenas de um processo de supervisão acompanhadas de sugestões que poderão ser facilmente refutadas ou debatidas, considerando que partem de uma experiência. Serão reveladas fotografias e anotações do diário de bordo do autor, com a expectativa de que venham a contribuir para as reflexões pessoais dos leitores.

Herrmann (2001) incentiva a escrita sobre a temática da supervisão, uma vez que os participantes do processo - supervisores e supervisionandos - são os que mais têm a dizer sobre o assunto. No caso deste artigo, trata-se do ponto de vista de quem participou e participa da dinâmica enquanto supervisionando. A experiência é de uma primeira supervisão, porém descrita do ponto de vista de quem atualmente está realizando a segunda supervisão, requisito para a formação em um instituto de psicanálise ligado à Associação Psicanalítica Internacional (IPA).1

O relato apontará para as angústias envolvidas, bem como para os ganhos obtidos - as dores e as delícias vividas em supervisão. O intuito é estabelecer uma conversa com colegas que estejam em início de formação ou pensando em iniciá-la. Para o analista em formação, programar o investimento nas supervisões obrigatórias, que é alto do ponto de vista financeiro e emocional, pode ser motivo de muita angústia. Pairam dúvidas sobre a escolha do supervisor, e mesmo sobre a valia das supervisões a que se submeterá. Aos supervisores que tenham interesse em ler sobre a perspectiva de um supervisionando, espera-se poder suscitar associações para o surgimento de novos e criativos formatos de supervisão.

 

A escolha do analista supervisor: o primeiro namoro e a aceitação do grupo social

Minha experiência de início de formação é a de que os colegas ocupam um lugar de destaque na escolha do primeiro supervisor. É compreensível que

ninguém queira fazer supervisão com um analista didata pouco cotado em seu grupo de relações. Não pega bem, como se diz. Ocorre-me uma associação com a vivência adolescente, quando se revela um primeiro namoro ao grupo de amigos. O adolescente deseja evidenciar aos amigos que é capaz de fazer parceria com uma pessoa interessante. Do contrário, parece não ter valido de nada todo o exercício da conquista e a legitimação do seu desejo frente ao grupo social. Caso a popularidade da pessoa escolhida seja baixa, a aproximação amorosa pode ser banalizada pela ótica dos pares.

Eu havia tomado uma decisão complexa: queria fazer a primeira supervisão com alguém que tivesse um "sotaque" mais kleiniano, abordagem em psicanálise que não era a mais cotada entre parte de meus colegas. Não me considero kleiniano, e justamente por isso eu estava escolhendo um supervisor com esse olhar: para desmistificar idealizações e, ao mesmo tempo, lidar com as resistências e dificuldades diante do pensamento de Melanie Klein, uma das autoras mais controversas do meio - amada por uns, odiada por outros.

Alguns de seus seguidores são conhecidos por posturas ortodoxas, por seus textos enigmáticos ou incompreensíveis e por se utilizarem de interpretações selvagens. Chegam até a ser acusados de contrariar a tradição freudiana. Por outro lado, entrei na formação com um impasse pessoal: o começo de minha prática clínica foi atendendo crianças, e o pensamento de Klein inevitavelmente a ancorava, ainda que não de forma exclusiva. A partir do trabalho dessa psicanalista, foi possível pensar uma prática analítica infantil que se sustenta no brincar. Trata-se de um corpo teórico fundamental para quem se dispõe a trabalhar com crianças.

Uma sensação: tinha para comigo conceitos da autora e seguia a clínica me alimentando de outras contribuições do campo, entendendo as formulações de Klein como conhecimento de base. Os autores pós-kleinianos tornaram-se referências importantes, e a mim parecia que a referência kleiniana funcionava quase como uma teoria que corria em paralelo. A escolha de um supervisor conhecedor de Klein, pensava eu, poderia proporcionar um aprofundamento e integração da teoria um tanto quanto abandonada por mim anteriormente, aumentando assim o meu repertório na formação. Era um simples projeto, rumo a uma tentativa de desmistificação de Melanie Klein.

Aos meus amigos, não havia dito nada. Era segredo que eu procurava um kleiniano como supervisor, o que seria visto por alguns como heresia misturada com ousadia. Em outros contextos, parecia que, se eu revelasse que escolheria um supervisor estudioso de Klein, já estaria atestando a escolha de uma orientação teórica eterna e uma forma de ser psicanalista. Estaria me colocando um rótulo frente ao grupo. Na época, aproveitei um evento do qual vários didatas participaram para conhecer melhor o terreno da instituição e silenciosamente direcionei minha escuta aos analistas ditos kleinianos.

Um breve parêntese: em minhas experiências prévias de supervisão, antes de entrar na formação em psicanálise, o tema da linha teórica não se impunha. Há alguns anos tive um supervisor, psicanalista de crianças, e curiosamente não me recordo de ele se apresentar como kleiniano ou advogar ortodoxias em psicanálise, ainda que fizesse comumente alusões à autora e à sua teoria. Francamente, acho que na ocasião eu nem pensava a respeito disso. O que me lembro das supervisões é que fui percebendo, no contato com o supervisor, que eu achava o estudo da psicanálise fascinante. Em nossas supervisões, não havia qualquer tipo de racionalização excessiva ou rigidez no uso da técnica. Recordo que nos esforçávamos para desenovelar imbróglios teóricos e clínicos psicanalíticos e que me surgiu um apreço por um estilo de psicanálise "descomplicada". Sobretudo, eu me certifiquei com ele de que adoro ouvir as narrativas dos mais velhos e suas diferentes óticas sobre determinado tema, e para mim a supervisão seria algo próximo a isso. Queria, então, entender como compunha esses dois universos de supervisão: o vivido anteriormente em uma antiga supervisão e o vivido agora com a formação oficial.

Retornando: em meu plano de encontrar um kleiniano para chamar de meu supervisor, assisti às aulas dos didatas no referido evento e decidi que escolheria alguém preferencialmente mais sofisticado na intelectualidade, para contrastar com minha forma mais coloquial e com minhas experiências anteriores. A despeito das diferenças de partida, eu entendia que o encontro e o conhecimento poderiam confluir e que, em 80 horas de trabalho conjunto, haveria possibilidades de conexão. Foi uma aposta de esperança e, ao mesmo tempo, um desafio.

Quando liguei para marcar a supervisão, a supervisora me questionou se eu era parente de um conhecido analista inglês pós-kleiniano com o mesmo sobrenome que o meu. Disse que não e, naquele momento, senti que talvez tivesse decepcionado e não fosse corresponder às expectativas da supervisão. Embora meu sobrenome seja inglês, minha família não manteve quaisquer conexões com as origens anglo-saxãs. Meu bisavô veio para o interior do estado e não cultivou nenhuma tradição. Nesse sentido, minha família abrasileirou-se por inteiro, nada de conexões londrinas ou escocesas.

Expliquei que, infelizmente, não era parente ou amigo do famoso psicanalista inglês de sobrenome Gosling. Mesmo assim, estava marcado o primeiro encontro. Com toda a minha "simplicidade", eu iria encarar minhas idealizações na formação oficial: a própria Melanie Klein, uma nova e sofisticada supervisora kleiniana, os conceitos da criança no adulto/do adulto na criança e dos objetos internos. E que bom que assim o fiz, enfrentando os receios e as possíveis desidealizações que certamente fariam parte do processo.

 

O terreno da supervisão e o registro da experiência

O consultório em que fiz a primeira supervisão ficava em uma casa. Para chegar à sala de espera e ao consultório, era preciso passar por um jardim. No primeiro dia, como estava próximo ao horário, entrei brevemente na sala de espera e recordo ter sido hipnotizado por bromélias ao longo do caminho. Lembro-me de ter pensado, naquele momento, que não havia pressa, que eu teria a possibilidade de revê-las mais vezes e com mais calma. Dentro da sala, um vaso de flores naturais, que exalavam um perfume discreto, me impactou. Ao lado do vaso, uma jarra de água coberta com uma dessas redes que protegem a água das moscas voadoras. Sou fascinado por cuidados domésticos como esses. Pego um copo para tomar água e daquela forma já começo a me abastecer. Na parede vejo uma fotografia: nela uma pedra está envolta por uma manta laranja. O que parecia somente uma pedra à primeira vista foi se transformando no dorso nu de uma mulher, coberto com uma echarpe, que me acompanhou todas as semanas. Conectei-me com a mulher envolta no tecido, com as flores naturais do vaso e com as bromélias. Fui então chamado para o consultório, onde se daria a supervisão.

Já havia feito supervisões antes, mas dessa vez, ao entrar na sala e me sentar na poltrona, fui notando que a experiência tinha algo de diferente. Primeiramente porque havia escolhido como supervisor alguém a quem não conhecia. Percebo que muitos colegas escolhem supervisores mais familiares e alinhados ao seu modo de pensar teórico e à sua análise. E ali, na supervisão "oficial", eu sabia que teria um percurso com um profissional da instituição, que objetivaria confeccionar um relatório e uma apresentação e obter uma validação. Vivi naquele momento um estado de regressão intenso e muito peculiar. A regressão em análise me parece diferente: além de ser mais lenta, como que se dando em conta-gotas, permanece isolada e protegida pela dupla no espaço analítico. Além disso, ela é trabalhada em um contato muito mais frequente e vivida sem o compromisso com finalizações ou desempenho. Com o supervisor, o quadro é outro: está posto que teremos um resultado objetivo do trabalho. Naquele momento, percebi que me apresentaria através da minha clínica e seria observado em minha prática com uma lupa.

É dessa emoção que quero falar, baseada em um diálogo interno rápido e muito profundo sobre minha clínica e meu ofício. Parece que ali, em segundos, foi feita uma revisão do meu trajeto em psicanálise. Vivi um xeque-mate interno: como tenho encarado e praticado o ofício de psicanalista?

E o trabalho não parou por aí nessa revisão do primeiro encontro. De mim, foi exigida uma abertura para revelar meu desempenho, algo evidentemente custoso. Mas já que havia chegado ali, tínhamos de caminhar. E contei com a parceria da supervisora e sua sensibilidade para isso. Recebi também uma solicitação: redigir as sessões. A tarefa de redigir semanalmente as sessões talvez tenha sido uma das coisas mais difíceis que já fiz no percurso da clínica.

Freud, em seus textos sobre técnica, não recomenda que o psicanalista escreva na frente do analisando. E, de fato, não acho isso confortável. No máximo, escrevo palavras e ideias que depois venham a me suscitar algo. Então, sem o costume de redigir sessões, mas com a necessidade de fazê-lo, optei por escrever logo após cada sessão, pois percebi que minha memória não me ajudaria se demorasse a cumprir o trabalho. Mesmo contrariado com a proposta, experimentei.

Confesso que nas primeiras vezes que me deparei com a dificuldade de escrever os diálogos de uma sessão, me questionei: "Onde fui me enfiar?". Eu já atendia havia alguns anos. Para que esse esforço com formação? Como diz a famosa expressão caipira, "Onde fui amarrar meu burro?". No entanto, à medida que o tempo foi passando e o processo de supervisão caminhando, eu me dei conta de que já era capaz de relatar o que ouvia com maior fluência discursiva, sem os tradicionais "ele disse", "ela disse". Não conseguia reproduzir ipsis litteris os diálogos, mas acabei desenvolvendo uma forma de transcrição mais confortável, e tive de dar o braço a torcer: anotar as sessões facilitou bastante minha auto-observação enquanto analista.

No início do segundo processo de supervisão obrigatório, não me senti diferente: o começo me gerou inseguranças e questionamentos. Contudo, tendo já vivido uma primeira experiência, pude tolerar melhor os desconfortos. Além disso, a primeira supervisão contribuiu imensamente para que eu criasse um jeito próprio de redigir a sessão, no qual não uso diálogos, mas sim relatos.

Fédida (2001) diz que a primeira supervisão tocaria mais em aspectos não analisados do paciente, ao passo que a segunda estaria mais vinculada à entrada do analista na comunidade analítica propriamente dita. Tenho dúvidas quanto a se essa divisão se dá assim de forma tão didática e estanque, e tendo a pensar que talvez as coisas se misturem ao longo das duas supervisões. De qualquer maneira, é certo que o percurso da primeira supervisão contribui para o desenvolvimento do analista, permite que observe sua prática e traz novos elementos tanto para a segunda supervisão quanto para a análise pessoal.

Além de a supervisão e o relatório objetivarem favorecer a entrada de um analista em uma comunidade clínica, penso que estimulam um percurso para a singularidade e a criatividade do analista em formação. A partir da supervisão, e por causa dela, posso dizer que vivi uma melhora qualitativa na clínica e em minha análise. Pude não somente aprimorar minha escrita de sessões, mas enxergar melhor e mais amplamente uma paciente percorrendo o climatério. Pude observar mais de perto o infantil que se revela a despeito da menopausa e, a partir de reedições de angústias primitivas, vislumbrar novas possibilidades para o atendimento. Pude me ligar mais intensamente a uma mulher madura e ao medo da proximidade da morte, assim como enxergar a beleza e a potência da maturidade do feminino nessa fase. A paciente deixou de ser alguém mergulhada em fogachos e pensamentos sobre aposentadoria e foi associada a uma figura icônica do cinema, com toda a sua força e fragilidade. A supervisão e o contato com a supervisora ampliaram minhas possibilidades na clínica, o que eu não teria obtido sozinho.

 

O jardim inglês enquanto facilitador de uma experiência

Gostaria de me aprofundar em algo bastante significativo que apontei rapidamente no início do artigo: a conexão com o jardim que passei a visitar semanalmente ao ir para as supervisões. Certa vez, em diálogo com minha analista sobre isso, ela me perguntou se se tratava de um jardim inglês. Não tinha ideia do que fosse um jardim inglês. Então, fui pesquisar. Acabei por conhecer as diferentes concepções dos jardins europeus.

De um lado, está o encantamento dos clássicos jardins franceses, tão bem retratados no trabalho de Monet: organizados, coloridos, enfeitados com fontes e pontes harmoniosas. Do outro, estão os jardins desenvolvidos pelos ingleses, a partir do século xviii, com outra concepção: eles queriam incluir nos jardins a atmosfera das paisagens campestres.

Os jardins ingleses estimulam uma nova forma de olhar para a natureza, ao mesmo tempo que convidam seus visitantes a uma exploração mais ativa do terreno em que se encontram. O século xviii foi marcado pelo movimento romântico, que valorizava os sentimentos, a subjetividade, a emoção, a espontaneidade, a expressão individual e o realce da beleza natural. O homem buscava se harmonizar com a natureza e admirá-la. O jardim inglês surgiu como uma revolução e uma oposição aos padrões rígidos, à simetria e à riqueza de detalhes do estilo barroco ou renascentista. O objetivo não era mais controlar a natureza, e sim aproveitá-la. O belo se encontrava no natural e no livre, e não na artificialidade dos jardins franceses.

O jardim paisagístico inglês, centrado na casa de campo, era projetado não somente para ser admirado a partir da residência, mas também para ser percorrido. Por ser assimétrico, o jardim inglês permite uma sensação de descoberta, mistério e surpresa a quem o admira. Os percursos do jardim deveriam surpreender o observador, levando-o a desfrutar da paisagem como se houvesse uma sucessão de quadros ao longo da caminhada. Para os britânicos, os jardins são tão importantes quanto o restante da casa, e não são raros, no Reino Unido, os imensos gramados e paisagens cinematográficas. Em muitas regiões, ainda são preservados jardins centenários no tradicional estilo inglês.

O jardim que eu frequentava semanalmente me remeteu ao jardim inglês, ainda que eu não saiba, até hoje, se ele foi assim idealizado. Foi uma percepção da supervisão e uma associação advinda do espaço de análise. De modo semelhante ao estilo e à proposta desse jardim, tal associação possibilitou experimentar e aproveitar melhor a supervisão. As questões institucionais frente à supervisão ficaram distanciadas do processo, e me permiti, junto com minha supervisora, mergulhar mais espontaneamente no jardim e interagir com ele mais livremente.

Eu me dei conta de que estava caminhando com uma analista mais experiente, que me apresentava sugestões de leitura e me contava histórias de sua clínica e de sua formação. Percebi também que a mim era permitido experimentar. Esqueci que seria formalmente avaliado. Esqueci que a supervisora era uma didata atravessada por questões institucionais ou que teria algum poder sobre mim. Esqueci inclusive que ela era "kleiniana" ou que Melanie Klein é uma figura assustadora. Aliás, minha supervisora me disse algo que achei precioso e com que passei a concordar: "Se somos psicanalistas, somos todos kleinianos". Ao mesmo tempo, li vários outros autores a partir das associações e indicações de minha supervisão, e certamente ampliei meus conhecimentos sobre a teoria kleiniana e pós-kleiniana em função da experiência que a supervisora tem no campo. O mergulho no jardim permitiu um aprofundamento da observação analítica e do meu desenvolvimento enquanto analista. Para mim foram suspensos os ruídos externos e as turbulências advindas das disputas institucionais, das questões políticas ou das linhas teóricas na formação. A supervisão ficou sendo somente (e, ao mesmo tempo, bastante) o contato com uma analista mais experiente.

Outro vértice que quero reforçar: a mim fez todo o sentido a supervisão acompanhada da análise pessoal. Embora sejam espaços com finalidades distintas, penso que a supervisão permite um incremento da elaboração pessoal em análise, como processos complementares. Retomo este exemplo: a observação sobre o jardim da supervisão que fiz em análise foi o que permitiu à minha analista associá-lo aos jardins ingleses. Não aconteceu nenhum tipo de interferência direta entre analista e supervisor ou alguma triangulação. Entendo haver aí um papel importante do supervisionando em face do seu processo de formação. Considerando que os candidatos ou membros filiados dos Institutos já têm um percurso prévio em psicanálise, é permitido o protagonismo em sua própria formação. A construção do espaço analítico, a supervisão e sua análise são, ao meu modo de ver, a despeito das características próprias do supervisor, da dupla e da instituição em que se encontra, aproveitadas de forma bastante singular e personalizada pelo analista em formação.

O psicanalista Yutaka Kubo, em texto de 1981, dialoga com o que pensei:

A qualidade do trabalho analítico sofrerá modificação somente quando houver a modificação da personalidade do analista, razão pela qual a análise pessoal seja insubstituível. Sendo assim não se considera a supervisão como meio adequado para curar o analista, ainda que perceba a partir dela uma melhora da qualidade do trabalho. Nesse sentido, a experiência com a supervisão foi propiciadora de uma expansão da personalidade, mas elaborada e alcançada em análise. (1981, p. 319)

A supervisão não é, segundo Kubo, o conhecimento direto a respeito do analisando, mas aponta as dificuldades do trabalho analítico e é um meio de promover desenvolvimento da personalidade. Entendo ser função de ambas as duplas - supervisor-supervisionando e analista-analisando - esse tipo de desenvolvimento, cuidando de possíveis interferências institucionais ou ruídos externos. Passei a senti-las, supervisão e análise, como processos muito íntimos do analista em formação.

Deixo registrada mais uma dimensão muito significativa desse primeiro processo de supervisão. Por causa da pandemia de covid-19, tivemos de mudar o trabalho para o formato online. No auge da pandemia, os momentos de isolamento e a grande angústia foram amenizados pelas sessões, ainda que virtuais, de supervisão. A motivação que eu tinha para ler, escrever e pensar o caso ajudava-me a sentir esperança na continuidade. Foi alentador ter esse espaço quando todos estávamos socialmente isolados. Não me encontrava mais com o jardim presencialmente, mas a imagem dele e o contato com a supervisora, ainda que em tela, mitigaram o sofrimento em um período tão complicado da existência humana.

 

Sugestões aos colegas (ainda que refutáveis e dialogáveis)

Gostaria de compartilhar que me foi extremamente proveitoso ir escrevendo ao longo do processo de supervisão. Vejo que alguns colegas primeiro a frequentam integralmente para só depois iniciar o trabalho de escrita, em especial do relatório referente a ela. No caso, eu teria me atrapalhado se não tivesse registrado e anotado o que vivi ao longo da supervisão, ainda que muito do material escrito não tenha sido usado para o relatório final. De maneira nenhuma foi um trabalho em vão. Refiro-me não somente à redação do conteúdo e/ou dos diálogos das sessões, mas também às indicações de leitura feitas pela supervisora, aos comentários, aos lapsos, às emoções vividas e ao que foi ocorrendo no transcorrer do processo.

Se possível ao supervisionando, acho interessante escrever o relatório concomitantemente à supervisão - ter feito ambos em paralelo me ajudou muito. Acredito que a escrita permite ao analista em formação fazer a construção de um espaço seu. Escrevendo, o analista pratica o registro de observações clínicas, além de facilitar a emergência de seu estilo próprio e de sua criatividade.

Não posso dizer que tenha sentido ou que ainda sinta meus processos cerceados pelo controle institucional ou pela formatação de um jeito certo de fazer na clínica ou na própria supervisão - e considero desnecessário nos ocuparmos com isso de antemão. Caso ocorra, penso que o assunto deva ser tratado na própria supervisão ou em análise. O que posso dizer é que me senti e me sinto nutrido com o contato com os supervisores. Percebo-os como analistas experientes e mais traquejados do que eu, escolhidos para acompanhar um percurso. Há aprendizado com as diferenças, tanto na forma de clinicar como na forma de ser. Claro que surgem embates ou discordâncias, mas entendo que isso faça parte de um processo relacional e de crescimento.

Acredito que, para a escolha do supervisor, a intuição é essencial. Não sugiro escolhas baseadas exclusivamente em opiniões de colegas, distantes do feeling próprio. E desconfio do excesso de racionalização quanto às linhas teóricas. Eu daria preferência à busca do que o supervisionando entende ser importante para a sua formação. Consideraria o próprio percurso, as demandas íntimas e o sentido que se queira dar para a supervisão. Sugiro também, se possível, o encontro com um supervisor que não seja muito próximo ou conhecido previamente. Achei interessante construir uma história relacional nova, da qual pude colher frutos bons e originais. Penso que alguém excessivamente familiar ou com uma ligação afetiva prévia talvez retirasse um tanto da mágica do trabalho da supervisão - que é justamente de ampliação e revelação. O terreno com alguém mais familiar ou de mesmo alinhamento teórico tem a vantagem de ser mais confortável. No entanto, a construção do processo com um supervisor "inédito" pode trazer novos elementos, e sabemos como estes são caros aos psicanalistas.

Outro ponto: assim como no trabalho em análise, considero fundamental, em supervisão, estarmos atentos ao ambiente, à atmosfera emocional e a tudo o que é vivido no contexto do encontro. Além de incrementar a bagagem pessoal, todos esses elementos têm potencial para se transformar em material de análise. Tudo o que é dito em supervisão, no que tange às indicações de leitura, à teoria e aos pensamentos e interpretações sobre o caso, é relevante. Sugiro também atenção ao que estiver no entorno da supervisão e do ambiente, desde a saída de casa, e não somente ao conteúdo trabalhado. Sobretudo, sugiro atenção à experiência vivida com o supervisor, assim como fazemos com nossos analistas.

Em minha experiência, o processo de supervisão contribuiu de forma muito enriquecedora para a análise pessoal e para o desenvolvimento da função analítica. Segundo Winnicott (1963/1983), se aceitarmos a ideia de dependência em psicanálise e a luta humana rumo à independência, e considerarmos paralelamente que um analista deva se desenvolver, um fator essencial será um analista supervisor suficientemente bom. Em uma análise, seja ela didática ou tradicional, olhar essa relação com o supervisor pode gerar bons frutos. De acordo com o autor, "poucos falam dos elementos externos necessários ou falam deles o tempo todo esquecendo, ignorando os fatores internos" (p. 227). A supervisão revela-se como um ótimo exercício de integração dos aspectos ambientais/externos e dos aspectos internos. Nesse sentido me pareceu significativo o papel do supervisor, assim como o do analista, na formação em psicanálise.

Para Zaslavsky et al. (2003), a internalização de diferentes modos de funcionamento, por meio da supervisão, é um dos elementos essenciais para a aquisição da identidade psicanalítica. Se a supervisão transcorrer bem, o supervisionando introjetará modelos éticos e técnicos, bem como conhecimentos teóricos, que resultarão em mudanças internas através de processos de identificação. Promove-se, assim, o crescimento e o desenvolvimento da identidade psicanalítica e da personalidade. A formação da identidade psicanalítica, segundo os autores, é um dos objetivos primordiais do treinamento de um analista. Os autores apontam ainda para as contribuições de Bion, que considera o aprender a partir da experiência como essencial para o desenvolvimento de uma experiência emocional capaz de produzir mudanças. Ao abordar o tema do setting em análise, Bion configura o terreno onde o encontro pode se dar, conceito que pode ser facilmente transposto para a noção de setting da supervisão. Por sorte, como aconteceu comigo, é possível se deparar com um jardim inglês. Mas, ainda que não se encontre um jardim, é possível que o terreno do encontro gere florescimentos.

 

Associações finais

Os sites e artigos de jardinagem costumam elogiar a inovação trazida pelo paisagismo inglês. Os jardins ingleses foram tão importantes para a cultura britânica que serviram de inspiração para obras de diversos artistas ao longo da história. Renomados pintores, através das suas obras, ajudaram a difundir o conceito de paisagens menos formatadas. Escritores e músicos também se dedicaram a elas.

Contemporaneamente, os Beatles fizeram referência ao tema em uma de suas músicas, "I am the walrus", que diz: "Sitting in an English garden, waiting for the sun", verso que integra a estrofe citada no início do texto. Os Beatles sugerem desfrutá-lo e que se aguarde o sol, ou que a pessoa se sinta aquecer ainda que aparentemente esteja em condições menos ensolaradas. Desse modo, assim como na situação clínica, o tempo e a paciência com o processo da supervisão são essenciais. Há um tempo próprio, como no passeio em um jardim inglês, para caminhar entre os espaços, conhecer os cantos inesperados, desfrutar do que está ali contido, de sua forma natural. Lembrando que não se trata de um jardim exclusivo de flores. Há também galhos dos quais se desviar, espinhos a enfrentar, além de encontros significativos e encantos ao longo da trilha.

No início de seu romance Retrato de uma senhora (1881/2020), Henry James descreve um tradicional jardim britânico integrado a uma casa. Suas palavras podem revelar metaforicamente a atmosfera de uma supervisão:

Aqui reinava em absoluto a intimidade, e o largo tapete de relva que cobria o topo raso da colina parecia simplesmente a continuação de um interior luxuoso. Os altos carvalhos silenciosos, assim como as faias, projetavam sombras densas como cortinas de veludo; e aquele recanto estava mobiliado como uma sala, com cadeiras estofadas, tapetes de cores opulentas, livros e jornais dispersos pelo chão. O rio corria a pouca distância; onde o terreno começava a descer, o relvado, propriamente dito, cessava. Mas, até a água, o caminho não deixava de constituir um passeio encantador.

A supervisão, assim como o jardim inglês, tem a vantagem de permitir uma experiência de interação e elaboração, personalizada pela dupla. É uma experiência vivida em conjunto, mas que comporta percursos em trilhas singulares, bem como o surgimento de criatividade e espontaneidade. Eu sugiro a aventura.

Por fim, não poderia deixar de agradecer imensamente a todos os meus supervisores, parceiros e modelos na jornada em psicanálise2 - especialmente à minha supervisora do primeiro relatório -, que permitiram, e ainda me permitem, explorar, experimentar, acertar, falhar e crescer.

 

Referências

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Recebido em 1/11/2021
Aceito em 2/12/2021

 

 

1 Os analistas em formação em Institutos ligados à IPA precisam obrigatoriamente frequentar dois processos distintos de supervisão, cada um com duração de 80 horas. Este artigo aborda a primeira supervisão obrigatória realizada pelo autor, que está em formação na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.
2 Agradecimentos a Liana Pinto Chaves, Roberto Kehdy, Miriam Moreira Brambilla Altimari, Diva Reale e Oswaldo Di Loreto (in memoriam).

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