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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.55 no.4 São Paulo out./dez. 2021

 

TEMAS LIVRES

 

Liberdade e singularidade na transmissão da psicanálise: interminável desafio1

 

Freedom and singularity in the psychoanalysis transmission: an endless challenge

 

Libertad y singularidad en la transmisión del psicoanálisis: interminable desafío

 

Liberté et singularité dans la transmission de la psychanalyse : le défi interminable

 

 

Ane Marlise Port Rodrigues

Membro titular com função didática na Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPdePA). Psicanalista de crianças e adolescentes pela Associação Psicanalítica Internacional (IPA). Diretora do Instituto de Psicanálise da SBPdePA (2018-2019). Porto Alegre / anemprodrigues@gmail.com

 

 


RESUMO

A questão da formação/transmissão em psicanálise abriga a discussão entre seu regramento e uniformidade ou sua liberdade e singularidade. Neste estudo, as possibilidades de liberdade e singularidade ficam relacionadas ao trabalho no grupo institucional em torno do quarto eixo (acrescentado ao clássico tripé da formação analítica), trocas e vivências subjetivas na instituição. Descreve-se, brevemente, a experiência de criação conjunta, a cada semestre, da planilha de seminários no Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (modelo Eitingon) pelo grupo institucional. Considera-se que essa experiência permite o trabalho no quarto eixo nesse Instituto específico, fortalecendo as relações democráticas e ampliando as possibilidades de liberdade e singularidade na transmissão da psicanálise.

Palavras-chave: instituição psicanalítica, transmissão da psicanálise, liberdade, singularidade, quarto eixo


ABSTRACT

Since its very beginning, training x transmission in psychoanalysis holds the discussion between its specific ruling and uniformity or its freedom and singularity. In this study, the possibilities of freedom and singularity are related to the work at the institutional group about the fourth axis (added to the classic tripod of the analytical training, exchanges and experiences in the institution). The experience of a joint creation, every semester, of the seminar spreadsheets at the Institute of the Brazilian Psychoanalytical Society of Porto Alegre (Eitingon Model) is briefly described by the institutional group. This experience is considered to allow the work in the fourth axis in this specific Institute, strengthening the democratic relations in the institution and enhancing the possibilities of freedom and uniqueness in the psychoanalysis transmission.

Keywords: psychoanalytical institution, transmission, freedom, singularity, fourth axis


RESUMEN

Desde su inicio, la formación x transmisión en psicoanálisis engloba la discusión entre su regulación y uniformidad o su libertad y singularidad. En este estudio, las posibilidades de libertad y singularidad quedan relacionadas con el trabajo en el grupo institucional alrededor del cuarto eje (sumada a la clásica trípode de la formación analítica, intercambios y vivencias en la institución). Se describe, brevemente, la experiencia de la creación conjunta, cada semestre, de la programación de los seminarios en el Instituto de Psicoanálisis de la Sociedad Brasileña de Psicoanálisis de Porto Alegre (Modelo Eitingon) por el grupo institucional. Se considera que esta experiencia permite el trabajo en el cuarto eje, en este Instituto específico, fortaleciendo las relaciones democráticas en la institución y ampliando las posibilidades de libertad y singularidad en la transmisión del psicoanálisis.

Palabras clave: institución psicoanalítica, transmisión del psicoanálisis, libertad, singularidad, cuarto eje


RÉSUMÉ

La question de la formation versus la transmission en psychanalyse abrite la discussion entre le règlement et l'uniformité ou la liberté et la singularité. Dans cette étude, les possibilités de liberté et de singularité restent reliées au travail dans le groupe institutionnel autour du quatrième axe (ajouté au trépied classique de la formation analytique, échanges et expériences dans l'institution). On décrit brièvement l'expérience de création collective de la grille de séminaires menée à chaque semestre par le groupe institutionnel, à l'Institut de Psychanalyse de la Société brésilienne de Psychanalyse de Porto Alegre (Modèle Eitingon). On estime que cette expérience permet de travailler sur le quatrième axe au sein de cet Institut, tout en renforçant les relations démocratiques et élargissant les possibilités de liberté et de singularité dans la transmission de la psychanalyse.

Mots-clés: institution psychanalytique, transmission de la psychanalyse, liberté, singularité, quatrième axe


 

 

Desde os seus começos, a formação/transmissão em psicanálise está envolvida na discussão entre seu regramento e uniformidade ou sua liberdade e singularidade. O desafio interminável vem por um lado da impossibilidade de apreensão acabada de nosso objeto de estudo, o inconsciente, e por outro lado das possibilidades e impossibilidades de elaboração e transformação alcançadas no trabalho grupal, o que sempre deixará restos, falhas e faltas.

Observa-se na atualidade que, a partir dos três modelos de formação oficiais da Associação Psicanalítica Internacional (IPA) - Eitingon, francês e uruguaio -, os Institutos mantêm o clássico tripé (análise pessoal, supervisões, seminários teóricos), mas introduzem variações na maneira de aplicar essas exigências (Eizirik, 2015). Também é referido que os três modelos não esgotam a diversidade de propostas de formação coexistentes dentro da IPA (Cabral, 2012).

Na pesquisa realizada em 2015 pela Comissão de Formação e Transmissão da Psicanálise da Federação Psicanalítica da América Latina (Fepal), contatou-se que a maioria dos Institutos seguia o modelo Eitingon. Mas estariam se referindo a um mesmo modelo ou cada Instituto teria seu próprio modelo Eitingon atualizado (Fulco, 2016)?

Os três modelos de formação foram aprovados pela IPA em 2006. No Encontro de Institutos da Fepal ocorrido em 2015 no Rio de Janeiro, comentava-se que talvez haja tantos modelos Eitingon quantos Institutos houver (Fulco et al., 2016).

Todos consideram inquestionável a importância fundamental da análise do postulante à formação analítica. Viver a experiência da existência do inconsciente em si mesmo, cujos derivados são ativados pela relação transferencial com o analista, vai solidificando a transferência com a psicanálise e afinando a escuta analítica para com os pacientes. Ao procurar uma formação ligada à IPA, já estão em andamento transferências vinculadas a Freud, como criador da psicanálise, à IPA, por abrigar a tradição e a pluralidade da produção psicanalítica, e à instituição eleita para a formação.

Cada vez mais se reconhece a importância dos elementos do tripé e se acrescenta um quarto eixo: as vivências subjetivas geradas a partir do grupo institucional.

Neste artigo, as possibilidades de um maior desenvolvimento da liberdade e da singularidade na formação analítica são relacionadas ao trabalho conjunto dentro do grupo institucional. Considera-se que as práticas democráticas (que dão representação a diferentes instâncias da instituição) e a ampliação dos aportes teóricos advindos da teoria vincular de Berenstein e Puget geram melhor instrumentação para a realização das tarefas de transmissão da psicanálise a partir dos Institutos.

A tarefa brevemente referida diz respeito à criação conjunta da planilha de seminários oferecidos a cada semestre no Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPdePA) - modelo Eitingon. Participam dessas reuniões a direção do Instituto, os coordenadores que inscrevem seminários, a Associação dos Membros do Instituto (ami) e os demais membros do Instituto (candidatos).

O exercício da política e do poder pode mostrar-se especialmente difícil nas instituições psicanalíticas, revelando muitas vezes o despreparo dos psicanalistas para lidar com questões que envolvem o funcionar em grupo.

A política é vista como atividade especificamente humana e centrada na relação com o outro, dentro do conjunto humano vincular (Berenstein, 2001a).

Em 2017, a IPA criou um grupo de trabalho para incentivar as novas gerações de psicanalistas a participarem da entidade. Registra-se elevada faixa etária média entre seus associados. Nesse espaço de reflexão, existe a proposta de permeabilidade e o desejo de fertilização mútua entre a geração mais antiga e os mais jovens (Nosek, 2017).

Esse novo núcleo poderia tornar-se uma estratégia na aplicação do modelo quadripartite referido por Bolognini (2014). No entanto, cabe lembrar que a primeira inscrição dos analistas mais jovens é com sua própria instituição de origem, e convém refletir sobre o que se passa com eles em sua própria casa. Sabe-se que vários candidatos não finalizam a formação, não se tornando membros da IPA.

 

Quarto eixo

Próximo aos anos 2000 e depois, surgem artigos em que psicanalistas de diferentes regiões chamam a atenção para a importância dos fatores institucionais ou de um quarto eixo dentro da formação analítica (Ambrosiano, 2005; Amendoeira, 2009; Bolognini, 2008, 2009; Cypel, 1998; Kernberg, 1996; Leal, 2001; Montagna, 2009; Petrucci, 2004; Rodrigues et al., 2006; Waisbich et al., 2005; Zac de Filc, 1999).

Dentro de uma possível sincronicidade de autores psicanalíticos, cresce em importância a teorização sobre o fenômeno vincular através das contribuições de Berenstein e Puget, que há muito tempo se ocupavam dessa temática.

O reconhecimento de uma dinâmica que torna os quatro eixos entrelaçados, um repercutindo sobre o outro, faz avançar nossa percepção sobre esse fenômeno.

Durante sua gestão como presidente da IPA, Bolognini (2014) enfatizou um modelo quadripartite, que contempla a aquisição da capacidade de trabalhar com colegas e de integrar atividades de troca científica e a vida institucional. Salientou que essa vivência contribui para uma permanente função constitutiva da identidade psicanalítica.

Observou ainda que, nas Sociedades vinculadas à IPA, a porcentagem média de participação em encontros científicos flutuava entre 25% e 30% de seus membros. Outro fenômeno mencionado foi o fechamento de analistas em claustros de devoção e familiaridade, em geral em torno de uma escola de psicanálise ou de um psicanalista, sem interação com outros grupos. Nessa modalidade, algumas zonas de conflito são evitadas pelo isolamento mútuo.

 

Aportes da teoria vincular

A convivência em conjuntos sociais requer um trabalho constante devido à violência inerente às relações entre humanos, a qual eclode a qualquer momento. O pertencimento ao grupo nunca está assegurado, tendo de ser construído diariamente sobre um fundo de insegurança, variabilidades e incertezas. Momentos de criatividade vão se alternar com momentos de inércia ou impotência (Puget, 2016).

Frequentemente, as fontes dessa violência são reportadas ao narcisismo dos analistas, que resiste e escapa às possibilidades de mudança através da análise pessoal. A área envolvida é da ordem do intrapsíquico.

Outra fonte de violência surge pela imposição do outro enquanto presença que imprime uma marca com sua alteridade/outridade (ajenidad). Trata-se do alheio (ajeno) do outro, com o qual não nos identificamos e que gostaríamos de eliminar (Berenstein, 2001b, 2008; Berenstein & Puget, 1997; Puget, 2011). Lidar com esse mal-estar sem aniquilar o radicalmente outro, em sua alteridade e diferença, é um dos maiores desafios nas relações. As resistências à vincularidade operam em todas as relações e grupos (Berenstein, 2001a). A lógica da presença e sua imposição acrescentam novo aporte teórico à lógica da ausência e sua representação.

Tornar próprio algo alheio com sua devida transformação (diferente da ideia de apropriação para tornar-se dono, fagocitando o outro) faz parte do processo de criação daquilo que antes não estava posto no espaço do "entre dois", espaço que difere do não espaço, onde tudo é um. Quando o encontro é fundante, resulta em novas inscrições, que dão lugar a mudanças subjetivas e ampliam as possibilidades de ser (Berenstein, 2001b, 2008; Puget, 2011). Puget alerta:

O resultado do fazer entre vários é sempre imprevisível e circunstancial e, portanto, governar, educar e curar é possível desde que se admita que seja surpreendente. Torna-se impossível se só depende do saber e da vontade de um, de um só sujeito ou conjunto pensados como aquele que detém o poder onímodo. O fazer é coprodução possível quando se sabe que só concerne ao presente, depende do que ocorre entre vários e constrói futuros aleatórios que se tenta tornar previsíveis. (2016, p. 141)

Também somos convocados a criar dispositivos e inventar maneiras de transformar aspectos contidos nas expressões violentas geradas pelo estar em grupo.

Podemos acrescentar a necessidade de transformação do desinvestimento libidinal, visível através do afastamento e indiferença para com a instituição, sendo a relação mantida de forma burocrática/administrativa. Porém, é da ordem do humano que uma parcela do grupo institucional se mantenha distante da instituição por variadas razões.

 

Articulação entre os eixos (análise, supervisão, teoria e instituição)

Além de a instituição ser continente de muitas das angústias que sucedem aos analistas, Rascovsky (2010) diz que nela está o outro enquanto interlocutor. Como a condição analítica nunca está assegurada, é necessário o processamento permanente dessa convicção.

Também Eizirik (2015) destaca a complexa trama de fantasias inconscientes, projeções e dissociações que se estabelecem não só entre o candidato e seu analista em sua análise pessoal, mas também com seus supervisores, professores, colegas, as autoridades do Instituto, a cultura e a tradição institucionais e suas inúmeras novelas familiares. Mescla-se a tudo isso a própria história do candidato.

Portanto, para além da análise pessoal do analista, há um crescente reconhecimento dos fatores institucionais como poderosos geradores de transferências que requerem continência e a elaboração possível. Acrescentem-se os efeitos da presença de cada sujeito, que impõe sua marca ao grupo. O entrelaçamento dos quatro eixos torna-se cada vez mais evidente e percebido.

 

Criatividade/liberdade vs. formatação/regulamentação

Em artigos psicanalíticos referentes à formação analítica, percebe-se uma associação entre formatação/regulamentação e tolhimento da criatividade do candidato. A criatividade aparece vinculada à liberdade e sua consequência: uma formação que respeita e acompanha o indivíduo em suas características singulares. A desregulamentação da análise pessoal, a não existência de seminários obrigatórios e a plena liberdade de escolha são vistas como favorecedoras da singularidade. A criatividade, porém, vai por outros caminhos, que não ficam definidos.

Essas estratégias parecem não garantir o entusiasmo e a criatividade dos candidatos, apesar de serem consideradas favorecedoras. O engessamento do tripé, por outro lado, traz queixas de infantilização, submetimento e formatação do candidato, condições não favoráveis ao desenvolvimento do pensamento próprio e da criatividade.

Gibeaut (2018), ao falar sobre o modelo francês, menciona o pedido de um grupo de candidatos para ter seminários mais organizados, a fim de estudar Freud e os conceitos fundamentais da psicanálise. Sentiam-se isolados, querendo maior integração dentro da vida institucional e maior participação nas atividades científicas. Refere a preocupação de que deixar tudo muito livre poderia desencorajar alguns candidatos.

Horn (2012), em depoimento sobre sua formação no modelo francês, conta que alguns colegas se sentiam desamparados e gostariam de um enquadre um pouco mais rígido. Para ele, ficou uma noção de liberdade muito grande inserida em um contexto psicanalítico.

Entramos na problemática dos restos e das faltas quanto às variações individuais: o que para uns é uma falta/falha, para outros é o que buscavam e encontraram.

Fulco (2016) traz esta complexa questão: como sustentar o difícil equilíbrio entre as responsabilidades inerentes à formação por parte dos Institutos e o modo singular de cada candidato transitar por seu processo de subjetivação em seu percurso de formação analítica?

Além dos possíveis movimentos pendulares de cada Instituto, no decorrer do tempo, entre maior liberdade ou maior formatação, importa ouvir o pensamento dos membros e dos candidatos em suas expectativas e necessidades. A singularidade na formação analítica passa, então, por uma singular construção do grupo envolvido (que sempre será única e resultante do grupo específico).

Nessas reuniões do grupo institucional poderá ocorrer o encontro entre a tradição necessária e organizadora de cada modelo de formação e a inovação que as novas gerações trazem. As diferentes gerações necessitam-se mutuamente e ambas têm coisas importantes a dizer, desde que uma ouça a outra. É necessário articular o que a experiência da tradição de cada modelo de formação traz com o impacto de suas especificidades no grupo institucional. Estamos no território do "entre dois", onde é fundamental que as partes tenham voz e sejam ouvidas, com espaço para as diferenças, buscando elaborações para o mal-estar inevitável e criando os acordos possíveis. As mudanças podem ser de ordem prática ou subjetiva, mas é desejável que se opere uma transformação nos sujeitos envolvidos, fundando algo que antes não existia.

Importam aqui não só as múltiplas transferências em jogo, mas também os efeitos da presença de cada sujeito e os efeitos da presença do modelo de formação, das autoridades do Instituto e da instituição, dos membros em geral e dos candidatos, cada qual impondo suas marcas e gerando acontecimentos ao lidar com o alheio (ajeno).

No sentido referido, as estratégias para aumentar o engajamento dos mais jovens em suas instituições e na IPA passam por práticas democráticas, em que as várias representações possam ter voz e ser ouvidas, gerando transformações no grupo.

Modelos nos quais prevalece a ideia de que a área da teoria deve ficar completamente livre, sem interferência do Instituto, podem ser relacionados por alguns com uma falta de posicionamento institucional, em que o Instituto não se colocaria como balizador da formação (Milmaniene, 2014).

Percebe-se a relevante função conferida aos Institutos de cada Sociedade como catalisadores dos debates internos, pois através do conhecimento da tradição vigente na instituição cada Instituto fornece as bordas para a continência dessas discussões, assumindo seu papel de interlocutor e de intermediário entre as diversas instâncias. Dessa maneira, ser porta-voz e dar voz tornam-se responsabilidades éticas de cada Instituto.

Cabral (2014) alerta para o papel significativo da tradição, mas resguardando-se o espaço para a invenção, preservando-se a tradição de sua ritualização.

Encontros sistemáticos ou criados para uma tarefa específica entre sujeitos interessados (dimensão do desejo) possibilitam que o grupo institucional se torne um lugar de filiação, não simplesmente regido por um princípio de autorização a ser analista, mas regido pelo reconhecimento mútuo. Além da fundamental autorização interna para ser analista, também nos instituímos como psicanalistas ao sermos reconhecidos por nossos pares (Chnaiderman & Alonso, 2010).

Destaca-se a importância do quarto eixo na construção da identidade analítica e na construção do próprio grupo institucional, enquanto grupo de trabalho científico e espaço democrático. Como a mentalidade grupo de trabalho (referida por Bion), mantendo a capacidade de pensar, e o funcionamento democrático nunca estão estabilizados ou assegurados, exigem um esforço contínuo de atualização e permanência.

 

Transmissão da psicanálise

Sabe-se da complexidade que envolve a questão da transmissão da psicanálise. É também referida uma tensão entre dois polos constituintes da formação analítica: transmissão e ensino (Cabral, 2012).

Para Garcia (2014), sustentar o delicado lugar da gestação de cada analista, na singularidade de cada experiência, é um desafio em meio a tantas forças psíquicas e institucionais que podem tornar difícil a produção de um sujeito.

Além da análise pessoal e da prática clínica, a psicanálise tem seus alicerces nas teorias escritas por Freud e outros autores. Sua transmissão dentro de um instituto de psicanálise envolve a comunicação de um procurar saber sobre os derivados do inconsciente ou de um fazer saber aquilo que ainda não se sabe (o que difere de uma posição do analista como sujeito suposto saber). Nos institutos de psicanálise, a tradição oral psicanalítica encontra seu espaço e seu tempo num fazer artesanal único e insubstituível. De geração em geração, a palavra falada dos que vieram antes cria vida novamente, estimulada por casos clínicos ou por textos teóricos estudados em seminários ou em encontros científicos. A cultura psicanalítica pode, assim, ser transmitida às novas gerações de psicanalistas, que seguirão contando as histórias escritas ou faladas para as gerações futuras.

A concepção freudiana de uma Bildung para a formação analítica fala de um processo complexo de transmissão da psicanálise, no qual convivemos com a impossibilidade de seu aprisionamento dentro de uma teoria ou de uma única maneira de transmissão. Como em nossas aproximações ao inconsciente, muitas vezes temos de lidar com forças contrárias e heterogêneas. Essa é a riqueza nunca saturada, da ordem do intangível, própria do inconsciente individual, mas que também se revela na dinâmica de funcionamento das instituições psicanalíticas. Cabral (2012, 2014) destaca a dimensão fugidia, resistente à sistematização e que constitui precisamente a marca da incidência do inconsciente no processo de formação analítica.

A transmissão da psicanálise também requer que o pensamento criativo de autores contemporâneos e posteriores a Freud encontre um espaço de interlocução nos Institutos. Esses autores desenvolveram a psicanálise de crianças e adolescentes; a observação da relação mãe-bebê e sua abordagem terapêutica; o tratamento de casos de não neurose, da psicossomática e das adições; a psicanálise de grupos, do vincular (família, casal) e do transgeracional; as incursões da psicanálise no contexto social e das novas tecnologias.

Para o grupo institucional, o exercício do encontro e da troca de ideias suscitada pelas diversas teorias é necessário para a construção do espaço coletivo e para a consolidação de uma fratria com funções compartilhadas na transmissão da psicanálise, de modo que jogos de poder possam ser mitigados e não prevaleçam.

Conforme Chapuy (2016), a instituição é uma estrutura de transmissão, mas quando se fecha no poder perde sua virtude e qualidade de ser um território de transmissão da psicanálise.

Garcia (2014) pergunta: como preservar o fundamental da transmissão da psicanálise das resistências institucionais e culturais contemporâneas? Como adequar-se aos novos formatos das demandas de formação sem perder o essencial que recebemos das primeiras gerações de analistas? Também observa que é desde a singularidade de cada Instituto, a partir de seu contexto atual e sua história, e junto das novas gerações de candidatos a analistas, que poderão construir-se os novos projetos, que sempre terão muito de aventura.

 

A falha/falta na transmissão

Qualquer modelo de formação sempre deixará restos de difícil processamento, falhas e a vivência da falta.

Sperling e Viñar (2014) destacam que uma transmissão que se pretenda sem restos e sem falta é um saber dogmático. A transmissão, na sucessão de gerações, é sempre falha, e isso articula uma tradição: a falha (falta) na transmissão. No entanto, essa falha não é um defeito, mas sim a propriedade mesma da transmissão para que seja eficaz. Frente à falta se move o desejo.

Naturalmente, no território do desejo, o que é falta para uns não o é para outros. Novamente, importa a singularidade de cada sujeito e de cada grupo na busca do melhor resultado possível para as questões problematizadas, tendo consciência de que, ao resolver alguns problemas, outros surgem, o que leva a seguir pensando.

 

Vivência institucional

Pensar sobre o grupo institucional é também examinar como os elementos do dna institucional evoluem no tempo, como reagem às interações com o meio, sendo fundamental observar a realidade que se apresenta (Calil, 2009).

O dna da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre contém um composto originado de um grupo de 17 fundadores com formações diversas: Associação Psicanalítica Argentina (APA), Associação Psicanalítica de Buenos Aires (APdeBA), Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA), Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP) e Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ).

Em 1990, o grupo oficializa o Movimento para Criar uma Nova Sociedade de Psicanálise em Porto Alegre. Surge o Grupo de Estudos Psicanalíticos (gep), o qual, além de atividades científicas, dá início aos trâmites necessários para alcançar a condição de Sociedade componente da IPA. Esse processo é finalizado em julho de 2001, no xlii Congresso Internacional de Psicanálise, em Nice.

A primeira direção do Instituto é eleita em 1994, e a primeira turma de candidatos começa no ano de 1995.

Em um relato de 1998, Aronis, Rosa e Trachtenberg dizem que, apesar da tendência a trilharmos caminhos idênticos aos que nos foram apresentados em nossa formação analítica, o fato de o grupo de fundadores ter experienciado formações distintas fez com que as diferenças tivessem que ser trabalhadas desde a fundação da SBPdePA. Administrar conflitos e o mal-estar tornou-se condição de saída, com discussões muitas vezes acaloradas pois cada qual advogava pelo que lhe era mais familiar. Por vezes, a experiência própria era tida como melhor e mais verdadeira na maneira de transmitir a psicanálise. O desafio de abrir um campo onde ninguém estaria com a verdade e onde o não saber e a condição de ignorância necessitavam ter lugar pôde prosseguir para uma normatização que mantinha certa flexibilidade, com a menor interferência possível do analista com função didática na formação de seu analisando. As divergências e os consensos eram votados em assembleias. Nessa época, o Instituto existia há quatro anos e contava com um grupo de candidatos que tendia a ter um nível avançado de estudos e experiência na área da psicanálise e um tempo prévio importante de análise. Como consequência, havia um questionamento de saberes constituídos e uma exigência de revisão e ampliação do conhecimento proposto, tanto nos seminários quanto nas supervisões.

Modelo de formação analítica

Na SBPdePA, segue-se o modelo Eitingon com o clássico tripé: análise pessoal, supervisões e seminários teóricos como exigências mínimas no nível descritivo. Num segundo nível, pensam-se as características funcionais desse modelo criando-se um projeto formativo que se dê num clima de abertura teórica favorecedora de um pensamento aberto e pluralista, associado a um clima institucional que estimule o desenvolvimento psicanalítico "arejado", que escape do dogmatismo e do engessamento. Os obstáculos enfrentados concernem muito mais a elementos subjetivos do que objetivos, acolhendo a capacidade de des-conhecer, e não somente os conhecimentos objetivos. Destaca-se aqui mais a postura pessoal e grupal do que as tarefas em si (Aronis et al., 1998). (A finalização da planilha de seminários é uma tarefa concreta e objetiva que se completa ao fim do semestre após algumas reuniões, mas a ênfase maior está em manter um clima institucional favorável ao pensamento aberto, pluralista e favorecedor de maior horizontalidade nas questões de poder, respeitando-se as hierarquias.)

O modelo de formação analítica no período de 1995 a 2001 seguiu o padrão tradicional: formato anual em quatro anos; início em março; turmas, ordem e cronologia fixas dos seminários; temas predefinidos e seminários todos obrigatórios. Cabia aos membros titulares autorizados para a função didática a coordenação dos seminários. Cada tema era proposto com um número mínimo de 16 seminários por semestre (o que se mantém na atualidade).

Em 2002, o formato permanecia anual, mas os seminários foram divididos em obrigatórios e opcionais. Em 2003, o candidato passou a decidir quais e quantos seminários faria, não tendo turma fixa. A semestralidade foi introduzida em 2004, de modo que o candidato poderia começar no semestre que quisesse.

Após um período inaugural de seis anos (1995-2001), observou-se no Instituto uma movimentação gradual no sentido do desengessamento da área de seminários teóricos.

A liberdade de cátedra começou a ser instituída em 2010: todos os membros associados e titulares podiam ser coordenadores de seminários. Como resultado dessa mudança nas relações de poder, houve um incremento do interesse em coordenar seminários e um aumento de coordenadores disponíveis. Depois de 2015, foi permitido ao coordenador criar o tema e a bibliografia do seminário proposto.

Em 2014, os membros associados e titulares interessados discutem a proposta de liberdade curricular. O candidato segue escolhendo quantos e quais seminários fará, até completar as exigências do Instituto. O coordenador escolhe o tema do seminário e a bibliografia correspondente, dentro de um critério geral estabelecido pelo Instituto. A modificação passa a vigorar a partir do primeiro semestre de 2015. Certa desmotivação com o formato anterior de seminários predeterminados, que não contemplava maior espaço para a criatividade e áreas de interesse do coordenador, modificou-se para um clima de maior arejamento e satisfação no grupo.

Opiniões contrárias às mudanças e conflitos surgiram e surgem, sendo equacionados em reuniões e assembleias. Cabe registrar que num espaço democrático não ocorre a eliminação de pensamentos divergentes. Mesmo na atualidade, nas reuniões para a criação da planilha de seminários, em que estão envolvidos o Instituto, os coordenadores que inscrevem seminários e os membros do Instituto, por vezes uma ou mais vozes referem o desejo de retorno ao modelo inicial, com seminários fixos em quatro anos, organizados e distribuídos pelos analistas com função didática (verticalidade). Nesses mesmos encontros, aqueles favoráveis ao modelo atual (maior horizontalidade) se manifestam, numa constante reatualização do debate. O desejo de simplificação da tarefa, com menos reuniões, também fala dos desafios do trabalho em grupo. A ampla maioria segue apoiando as mudanças instituídas, ainda que se considere que o modelo vai sempre requerer ser revisado em suas falhas, como algum seminário sobre Freud ou sobre outro autor que não vem sendo oferecido. O espaço do "entre dois", habitado pelas diferenças que a presença de cada um impõe, e a necessidade do trabalho em torno da tarefa de criação da planilha de seminários albergam as potencialidades do debate de ideias e a busca dos consensos possíveis para aquele momento.

Os coordenadores que inscrevem seminários têm de lidar com a possibilidade de não haver o número mínimo de três inscritos para que o seminário ocorra. Os seminários fixos e distribuídos previamente evitariam ao coordenador esse dissabor.

Os candidatos colaboram com sugestões através da presença, no mínimo mensal, de sua associação nas reuniões do Instituto e a partir dos próprios seminários em andamento.

O programa antigo de seminários deu lugar aos Eixos Teóricos Freud e Pós-Freudianos. Essa proposta é pensada em aberto, convocando a todos para novos desdobramentos a partir de uma base freudiana consolidada. Contemplar uma hibridez fértil das teorias em sua pluralidade (Horenstein, 2012) é uma das características de Institutos na América Latina.

Os seminários são oferecidos por semestre, e o candidato escolhe livremente quantos e quais fará, seguindo ritmo e singularidade próprios.

Do total de 32 seminários exigidos, é obrigatório que 50% sejam do Eixo Freud e 50% sejam dos demais eixos, com um mínimo de quatro seminários clínicos. Segundo Francischelli (comunicação pessoal, 2019), a decisão sobre 50% dos seminários exigidos serem de Freud passa por um posicionamento político de que todo analista em formação deveria conhecer Freud a partir do texto freudiano. Considera-se que com esses fundamentos o estudo dos demais autores fica potencializado.

O Instituto, em conjunto com os membros associados e titulares, criou bordas com esse formato para esse momento institucional, sendo as mudanças votadas em assembleia.

Eixos teóricos

Destaca-se aqui a característica de "organismo vivo" dos institutos de psicanálise, sempre sujeitos a mudanças e em constante interação com elementos internos e externos à instituição. Além de possíveis modificações ao longo do tempo, temos a influência do lugar com sua cultura própria e de como os sujeitos interagem nessa cultura, trazendo suas formas de sentir e pensar. Os três modelos oficiais da IPA têm variações em relação à aplicação do tripé, o que confere singularidade a cada Instituto. A dinâmica do quarto eixo institucional também se revela nas configurações fixas ou abertas de cada grupo. Faz parte da riqueza da IPA a pluralidade das teorias psicanalíticas que abriga, bem como a diversidade de seus institutos de psicanálise.

Além do Eixo Freud, existem os seguintes eixos: Seminário Clínico (inclui questões de ética psicanalítica), Teoria da Técnica Analítica, Autores Pós-Freudianos, Estruturas Psicopatológicas, Psicossomática, História da Psica- nálise, Vincularidade e Transgeracionalidade, Formação Integrada Infância/Adolescência/Adultos, Outras Áreas do Conhecimento, e Seminário Aberto.

A modalidade Seminário Aberto, criada em 2016, contempla módulos de quatro seminários, à noite, com convidados de fora da instituição, visando outras áreas de conhecimento (eixo transdisciplinar). Em seu eixo psicanalítico, é coordenado por membros da própria instituição. É aberto à comunidade, com inscrições mediante pagamento. Com o ingresso financeiro, pagam-se os honorários do profissional não vinculado à Sociedade. Os membros têm inscrição gratuita. Cria-se um espaço interessante, que atrai membros titulares, membros associados e membros do Instituto (candidatos), que assim compartilham um âmbito comum de aprendizado e trocas. Possibilita também enriquecer a formação de maneira continuada com outros aportes sem onerar financeiramente a instituição ou seus membros, além de oferecer à comunidade um contexto de troca e conhecimento.

Criação da planilha de seminários

A dinâmica para a criação conjunta da planilha de seminários de cada semestre envolve: envio de carta aos membros titulares e associados, abrindo a inscrição de seminários; reunião do Instituto com os candidatos para avaliação do semestre em andamento e para sugestões de temas de seminários para o semestre seguinte; reunião do Instituto com os coordenadores (e colaboradores) que inscreveram seminários para a verificação do Instituto quanto à repetição ou falta de determinados seminários. Podem surgir remanejamentos, buscando integrar melhor o desejo dos coordenadores, dos candidatos e do Instituto. Chega-se à proposta de finalização da planilha de seminários, que é enviada por email para as inscrições.

Por último, ocorre a reunião do Instituto com os candidatos para os ajustes da planilha. Poderá ser necessário criar outros seminários.

Essa dinâmica é permeada pelas dificuldades inerentes a toda tarefa realizada em conjunto, mas mostra-se como uma oportunidade de criar o melhor resultado possível para o grupo naquele momento. A cada semestre, sempre ficarão as faltas e os restos para posterior elaboração. Um candidato poderá não ter contemplados no semestre seminários de Freud ou outros de seu interesse. Ou não conseguir vaga (de 8 a 12) no seminário desejado, no qual, por excesso de inscrições, acabou não sendo sorteado. Terá de aguardar o próximo semestre e lidar com essa falta no presente. Mesmo insatisfeito, há confiança de que esse seminário virá no futuro. Também os coordenadores podem ter as expectativas frustradas ao não alcançar o número suficiente de inscritos em seu seminário. Sensações de mal-estar e de satisfação convivem lado a lado. No entanto, as possibilidades de trabalhar o mal-estar e de criar algo que antes não estava posto vêm gerando novas reflexões e conciliações, criando aberturas ao novo e um sentimento predominante de satisfação. Considera-se que o quarto eixo na formação analítica está operando nessas vivências institucionais e nesse trabalho a partir do grupo. Esse trabalho é experienciado como democrático, possível e real, e não como uma construção idealizada ou otimista (em contraposição à realista). É também um exercício da política e da vincularidade no espaço do "entre dois". Como resultado, o sentimento de pertencimento ao grupo aumenta.

Enfatiza-se o aspecto qualitativo, de caráter simbólico, dos institutos de psicanálise como centros de discussão e de permanente revisão de seus parâmetros de formação. Cumprem, assim, sua função de interlocução e intermediação entre as várias instâncias do grupo institucional.

 

O interminável desafio

O transgeracional dos fundadores, a partir de suas variadas formações de origem, certamente jogou sua parte nas possibilidades de mudar o sistema antigo de formação teórica. O desejo de criação do novo, que os uniu no passado, pode prevalecer para garantir um espaço democrático de discussão às novas gerações que ingressam na instituição e que terão a responsabilidade de cuidar dela no futuro.

Pode-se dizer que a transmissão da psicanálise está em andamento e que, mais do que cargos ou lugares fixos, importa que os membros possam exercer funções. Estas não têm dono e podem deslizar entre os componentes do grupo sempre que for possível administrar as diferenças. Nem sempre é.

A liberdade e a singularidade na transmissão da psicanálise seguem lançando seus intermináveis desafios. E por que não?

 

 

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Recebido em 24/8/2020
Aceito em 21/12/2021

 

 

Este trabalho recebeu o prêmio Psychoanalytic Training Today Award no li Congresso Internacional de Psicanálise, Londres, 2019.

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