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Aletheia

versão impressa ISSN 1413-0394

Aletheia  n.24 Canoas dez. 2006

 

ARTIGOS DE PESQUISA

 

Stress e estratégias de coping em crianças e adolescentes em contexto escolar

 

Stress and coping strategies in children and adolescents in the school context

 

 

Raquel Catarina Proença Raimundo 1; Maria Alexandra Penedo Marques Pinto2

Universidade de Lisboa. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este estudo exploratório analisa a relação entre eventos estressantes entre pares e as estratégias de coping em 443 crianças e adolescentes portuguesas, do 5º ao 9º ano de escolaridade3 . Os dados foram recolhidos através de questionários de auto-relato para eventos estressantes entre pares (QAESSCEP, Raimundo, 2005) e para as estratégias de coping (SCSI, Ryan-Wenger, 1990). Encontraram-se diferenças significativas na freqüência e eficácia do coping, considerando o sexo e a idade; assim como na intensidade de stress, para o sexo. As variáveis sócio-demográficas revelaram-se indicadores válidos das variáveis em estudo. Os resultados apoiam a necessidade de programas de prevenção e intervenção, nas escolas.

Palavras-chave: Stress, Coping, Contexto escolar.


ABSTRACT

This exploratory study analyses the relation between peer conflict stressor and coping strategies in 443 Portuguese children and adolescents, from the 5th until the 9th grades. Data was collected with self-report questionnaires for peer conflict stressor (QAESSCEP, Raimundo, 2005) and coping strategies (SCSI, Ryan-Wenger, 1990). Significant differences were found in coping frequency and efficacy, regarding sex and age; also for stress intensity, regarding sex. Socio-demographic variables predicted the variables analysed in this study. The results support the need for prevention and intervention programmes in schools.

Keywords: Stress, Coping, School context.


 

 

Introdução

O crescente número de casais em que ambos trabalham, de mães trabalhadoras e de famílias monoparentais faz com que as crianças e adolescentes passem grande parte do seu dia nas escolas. A escola é assim, cada vez mais, o local privilegiado, não só para novas aprendizagens escolares, mas também para as aprendizagens sociais, que incluem o relacionamento e o saber estar com os outros. Esta aprendizagem implica, inevitavelmente, passar por situações de conflito com os colegas e saber lidar com o stress psicossocial (Compas, 1987; Skinner, 2001) proveniente destas situações.

O stress na infância e na adolescência

O stress e o coping têm sido alvos de uma prodigiosa quantidade de investigações nas últimas duas décadas, de tal modo que se tornaram o assunto mais vastamente estudado na psicologia contemporânea (Somerfield & McCrae, 2000).

Historicamente, o estudo do stress iniciou-se com investigações realizadas em populações adultas (Causey & Dubow, 1992; Cleto & Costa, 1996). Apenas recentemente o stress infantil e adolescente foi reconhecido como um problema que faz parte das suas vidas (e.g. De Wolfe & Saunders, 1995; McManus, 1997; Miller & McCormick, 1991). Numa primeira fase, os estudos utilizaram hipóteses de investigação e medidas provenientes de estudos baseados na percepção que os adultos têm acerca do que é indutor de stress (Compas, Davis, Forsythe & Wagner, 1987).

Contudo a necessidade de modificar a teoria do stress e coping, no sentido de ajustar às crianças, tornou-se imperativa por várias razões: os fatores de stress presentes nas crianças não são os mesmos que os observados em adultos; há uma grande quantidade de fatores de stress nas crianças que está mais fora do seu controle em comparação com os adultos e, como tal, são mais dificilmente modificáveis pelas próprias; o desenvolvimento e funcionamento cognitivo das crianças e dos adultos é bastante distinto (Ryan-Wenger, 1992).

Também o foco da investigação mudou. De perspectivas orientadas em termos de traços, o foco passou a centrar-se em perspectivas interacionistas e transacionais (Cleto & Costa, 1996). Segundo estas perspectivas, o stress é uma reação fisiológica, cognitiva, emocional e comportamental (Folkman & Lazarus, 1985) resultante da percepção do sujeito de que, existe um desordenamento entre os recursos disponíveis e as exigências do ambiente (Metcalfe, Dobson, Cook & Michaud, 1982; Stroebe & Stroebe, 1995), perante uma situação que é avaliada pela pessoa como sendo relevante para o seu bem-estar (Folkman & Lazarus, 1985).

As investigações realizadas inicialmente no campo do stress negligenciaram, durante bastante tempo, os acontecimentos menores de vida (Compas, et al., 1987) descritos como situações do dia-a-dia que se tornam irritantes, frustrantes e perturbadoras das relações interpessoais (Lazarus & Delongis, 1983, citado por Serra, 2002) e privilegiaram os grandes acontecimentos de vida, isto é, danos ou ameaças de grandes proporções para o indivíduo, que podem alterar o seu estilo de vida (Serra, 2002). Segundo Kanner (1981), os pequenos acontecimentos produtores de stress do dia-a-dia predizem melhor os sintomas de stress psicológico (e. g. Bartlett, 1998; Seiffge-Krenke, 1995).

O conflito entre pares enquanto estressor

Dado o elevado número de horas diárias que as crianças e adolescentes passam na escola, é natural que esta forneça um contexto privilegiado para as suas interações com os pares. Uma dessas formas de interação poderá ser o conflito que, embora possa não ser visto apenas como um tipo de interação negativa, poderá ter conseqüências nefastas para a sua socialização (Duncan, 1991) e é muitas vezes resultante de dificuldades em nível das relações interpessoais (Higgins & Priest, 1990).

Não existe uma forma única ou a forma correta para definir o conflito interpessoal (Shantz, 1987, citado por Duncan, 1991). Ele poderá ser caracterizado como um estado de comportamentos incompatíveis (Shantz, 1987, citado por Laursen & Collins, 1994), como desacordo (Garvey, 1984, citado por Laursen & Collins, 1994) ou como oposição (Hay, 1984, citado por Laursen & Collins, 1994). Contudo, a maioria dos estudiosos deste campo de investigação considera o conflito como uma oposição comportamental (Shantz & Hartup, 1992, citado por Laursen & Collins, 1994).

O conflito entre pares em contexto escolar surge assim como um estressor específico muito comum nestas idades (Causey & Dubow, 1992). Segundo alguns autores (Causey & Dubow, 1992; Compas, Malcarne & Fondaro, 1988) o estudo de estressores específicos é considerado uma mais valia, tendo em conta que os fatores do meio, as variáveis pessoais, em especial as avaliações de ameaça e controle sobre o estressor, ou as exigências da situação estressante poderão influenciar o uso de diferentes estratégias para estressores distintos (Lazarus & Folkman, 1984).

Existem surpreendentemente poucos dados disponíveis, no que diz respeito ao conflito entre pares nestas idades, apesar dos inúmeros estudos realizados com estas populações. Newman, Murray e Lussier (2001), na tentativa de tapar esta lacuna, construíram uma escala com três vinhetas, cada uma delas representativa de uma situação hipotética de conflito entre pares, em circunstâncias que envolvem agressividade.

O coping na infância e na adolescência

Desde a década de 60 tem havido um reconhecimento crescente de que, enquanto o stress é um aspecto inevitável da condição humana, é o coping que faz a diferença em nível do resultado adaptativo, ou seja, no que diz respeito ao funcionamento humano (Lazarus & Folkman, 1984; Ryan-Wenger, Sharrer & Wynd, 2000). Deste modo, a atenção voltou-se para o estudo dos processos psicológicos que originam as diferenças individuais, na reação ao stress (Lazarus & Folkman, 1984).

Lazarus e Folkman (1984) desenvolveram um modelo de análise e de compreensão do coping, designado por abordagem transacional ou interacionista, aceita como referencial teórico por numerosos estudiosos e investigadores (e. g. Causey & Dubow, 1992; Compas, 1987; McManus, 1997; Ryan-Wenger, 1990; Seiffge-Krenke, 1995; Serra, 2002; Skinner & Wellborn, 1997; Somerfield & McCrae, 2000; Stroebe & Stroebe, 1995; Weinman, Wright & Johnston, 1995) e que tem vindo a ser aprofundado e aperfeiçoado até aos nossos dias (Cleto & Costa, 2000). Esta abordagem define coping como “esforços cognitivos e comportamentais para lidar com as exigências específicas externas e/ ou internas que são avaliadas pela pessoa como sobrecarregando ou excedendo os seus recursos. Estes esforços cognitivos e comportamentais estão constantemente em mudança, em função de avaliações e reavaliações contínuas da relação pessoa-meio, que está também continuamente em mudança” (Folkman & Lazarus, 1991, p. 210).

Desde a infância, os indivíduos são confrontados com situações estressantes (Compas, 1987). Mesmo as crianças muito novas apresentam comportamentos de coping para lidarem com os estressores do dia-a-dia (Band & Weisz, 1988; Causey & Dubow, 1992; Ryan-Wenger, 1990) e são capazes de distinguir e nomear essas respostas, em termos que têm significado para si (Causey & Dubow, 1992; Sharrer & Ryan-Wenger, 2002).

Na adolescência os processos de coping são particularmente importantes, porque, pela primeira vez, os jovens são confrontados com estressores muito diferentes, para os quais poderão ainda não ter desenvolvido estratégias de coping eficazes (Seiffge-Krenke, Weidenmann, Fentner, Aegenheister & Poeblau, 2001). Alguns autores consideram que o coping adolescente, isto é, a competência para lidar com as tarefas específicas da idade, é a variável produtora mais consistente em termos de bem-estar psicológico (Compas, et al., 1987).

Não existe consenso em relação à dimensionalidade do constructo em crianças e adolescentes (Gibson e Brown, 1992, citado por Cleto & Costa, 1996; Skinner, Edge, Altman & Sherwood, 2003), dado que cada escala propõe uma nova variação no número e tipos de estratégias de coping e as análises fatoriais para a mesma escala revelam, frequentemente, um número diferente de fatores, dependendo das populações e situações sob investigação (Gibson e Brown, 1992, citado por Cleto & Costa, 1996).

Segundo Lazarus (1999), os estudos realizados na área do coping não foram acompanhados da necessária qualidade. No mesmo sentido e dada a falta de informação disponível no que diz respeito à estrutura do coping, especialmente nas crianças e adolescentes, Skinner e colaboradores (2003) fizeram uma revisão das principais medidas de coping e dos sistemas hierárquicos que combinam as abordagens “bottom-up” e “top-down”, provenientes de estudos empíricos e de hierarquização racional, criados nos últimos 20 anos. Um dos sistemas hierárquicos proveniente de hierarquização racional, e que aqui destacamos, é o proposto por Ryan-Wenger (1992). Segundo esta autora, não faz sentido diferenciar as estratégias focadas na emoção das estratégias centradas no problema, uma vez que em muitas situações, a criança não tem qualquer possibilidade de alterar os estressores. Nestas situações, comportamentos de distração e evitamento poderão ser adaptativos, uma vez que são as únicas soluções que se apresentam à criança. Assim, Ryan-Wenger (1990) pressupõe que as estratégias de coping são inerentemente neutras, na medida em que só podem ser encaradas como positivas ou negativas, em função da situação e dos resultados obtidos.

Ryan-Wenger (1992) realizou uma revisão de categorias de coping de nível inferior, reunindo mais de 100 categorias e, com base na classificação racional, identificou 15 categorias de ordem superior (citado por Skinner & Wellborn, 1997). Com base nestas categorias construiu um instrumento de avaliação das estratégias de coping, o SCSI – Schoolagers" Coping Strategies Inventory, que permite simultaneamente avaliar a freqüência e a percepção de eficácia das estratégias por parte das crianças (Ryan-Wenger, 1990). Lima, Lemos e Guerra (2002) elaboraram uma versão portuguesa do questionário que evidenciou qualidades psicométricas satisfatórias, embora o seu comportamento seja distinto do descrito por Ryan-Wenger (1992), na medida em que foram encontradas três sub-escalas na população Portuguesa, que correspondem a três tipos de estratégias de coping (“distração cognitiva e comportamental”, “comportamentos de acting-out” e “ativas”), não obstante para Ryan-Wenger (1992) o SCSI ser um instrumento unidimensional.

Segundo Compas e colaboradores (1987), apesar de existir ainda algum desacordo sobre o significado preciso do coping e sua operacionalização, parece haver um consenso sobre os seus parâmetros gerais: as crianças e adolescentes podem lidar com o stress, não apenas através de ações comportamentais, mas também através de respostas emocionais e cognitivas; o coping inclui, quer respostas eficazes para lidar com o stress, quer respostas mal sucedidas; o coping é visto não como um traço, mas como um construtor de atividades que varia conforme o tipo de estressor, o seu domínio e o momento do próprio processo de coping (Skinner & Wellborn, 1997).

Numa tentativa de conhecer mais a fundo a realidade das nossas crianças e adolescentes no que respeita às duas variáveis em estudo (eventos estressantes entre pares e estratégias de coping), assim como qual o papel das variáveis sócio-demográficas (sexo, idade e estatuto sócio-econômico) na expressão dessas mesmas variáveis, foi desenvolvido um estudo no ano letivo de 2003/04, em escolas portuguesas de 2º e 3º ciclos, equivalente em termos de idades à 4ª, 5ª, 6ª, 7ª e 8ª série do ensino fundamental, no Brasil. Os objetivos deste estudo foram, por um lado, analisar a prevalência da freqüência e intensidade percebida dos eventos estressantes entre pares e da freqüência e eficácia percebida das estratégias de coping utilizadas para lidar com esse estressor e, por outro lado, investigar o valor que prediz as variáveis sócio-demográficas (sexo, idade e estatuto sócio-econômico) relativamente às duas variáveis em estudo (Eventos estressantes entre pares e estratégias de coping).

 

Método

Participantes

Participaram neste estudo 443 crianças e adolescentes, provenientes de cinco escolas públicas portuguesas de 2º e 3º ciclos: uma da cidade de Lisboa (10 turmas) e as restantes quatro escolas situadas em zonas rurais portuguesas (12 turmas). Da amostra constam 225 moças e 218 rapazes, com idades compreendidas entre os 9 e os 17 anos, situando-se a média em 12.86 (DP=1.63) e provenientes, de forma equilibrada, do 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos de escolaridade. Aproximadamente 70% dos alunos da amostra nunca reprovaram e a maioria dos que reprovaram apenas o fez uma vez (19.5%). Relativamente ao estatuto sócio-econômico (ESE), calculado a partir de dados como a profissão dos pais, o seu local de trabalho e o seu grau de instrução e dividido em cinco níveis (um corresponde ao ESE elevado e cinco ao ESE baixo), verificou-se que a média foi de 3.13 (SD=1.31).

Instrumentos

A metodologia de arrecadamento de dados utilizada, predominantemente quantitativa, baseou-se na aplicação de questionários de auto-relato para avaliar o evento estressante entre pares (QAESSCEP – Questionário de Avaliação de Experiências de Stress em Situações de Conflito Entre Pares, construído pelas autoras) e para analisar as estratégias de coping [SCSI – Schoolagers" Coping Strategies Inventory, desenvolvido por Ryan-Wenger (1990) e adaptado à população portuguesa por Lima e colaboradores (2002)].

O questionário QAESSCEP consiste em nove vinhetas, cada uma delas representativa de uma situação hipotética de conflito entre pares. O instrumento foi elaborado pelas autoras, com base em outras vinhetas construídas por Newman e colaboradores (2001). Um exemplo é: “O aluno que se senta na sala de aula ao seu lado é muito briguento. Ele começa a brincar com você e a te provocar com um lápis. Você pede para ele parar, mas ele simplesmente continua”. Este questionário permite avaliar a freqüência (formato Likert de cinco pontos, desde nunca=1 a quase sempre=5, como resposta à pergunta “Este tipo de situações te ocorrem:”) e a intensidade (formato Likert de cinco pontos, desde nenhum stress=1 a imenso stress=5 , como resposta à pergunta “Esta situação te causa:”) dos eventos estressantes entre pares. O estudo das características psicométricas do QAESSCEP revelou indíces aceitáveis de consistência interna, quer para a sub-escala de freqüência (á=.67), quer para a sub-escala de intensidade (á=.79), quer ainda para a escala total (á=.79) (Raimundo, 2005).

O questionário SCSI (Ryan-Wenger, 1990) é constituído por 26 ítens que incluem frases como “Desenhar, escrever ou ler qualquer coisa” e avalia a freqüência de ocorrência das estratégias de coping (formato Likert de quatro pontos, desde nunca=0 a a maior parte das vezes=3) bem como a sua eficácia percebida (formato Likert de quatro pontos, desde nunca faço isto=0 a ajuda muito=3). Da análise fatorial resultaram quatro dimensões de coping, para as sub-escalas de freqüência e eficácia, conceitualmente definidas como de “distração cognitivo-comportamental” (afastamento ou evitamento relativamente ao estressor), de “acting-out” (exteriorização de afetos negativos), “ativas” (procurar lidar com os problemas ou situação estressante, centrando-se nos seus próprios recursos ou procurando ajuda exterior) e de “isolamento social” (afastamento ou evitamento de outras pessoas e realização de atividades isoladamente) (Raimundo, 2005). Neste estudo, o SCSI revelou bons indíces de consistência interna nas sub-escalas de freqüência e de eficácia e índices aceitáveis para cada uma das dimensões de coping (á acima de .62), à exceção das dimensões de freqüência das estratégias de “isolamento social” e da eficácia das estratégias “ativas” que apresentam um valor mais modesto (á=.58) (Raimundo, 2005).

 

Resultados

A análise da estatística descritiva das variáveis em estudo revelou a existência de níveis moderados de stress, proveniente do conflito entre pares, quer para a intensidade (M=2.49; DP=.11), quer para o resultado global de stress (M=2.15; DP=1.24) e níveis modestos para a sua freqüência (M=1.83; DP=.15). As estratégias de coping “ativas” foram as mais utilizadas (M=1.75; DP=2.51) e consideradas mais eficazes (M=2.20; DP=2.27), pelos alunos, sendo as únicas a situarem-se acima do ponto médio, além da eficácia percebida das estratégias de “distração cognitivo-comportamental” (M=1.69; DP=5.17).

O teste T de diferenças entre médias permitiu encontrar diferenças significativas de gênero, no sentido das moças evidenciarem níveis elevados dos eventos estressantes entre pares (t=-3.463; p<.001). Relativamente às estratégias de coping, as moças utilizam mais frequentemente estratégias de “isolamento social” (t=-7.625; p<.000) e “ativas” (t=-6.333; p<.000) e consideram mais eficazes as estratégias de “distração cognitivo-comportamental” (t=-2.266; p<.024), de “isolamento social” (t=-7.974; p<.000) e “ativas” (t=-6.124; p<.000) do que os rapazes. Por outro lado, os rapazes adotam mais frequentemente (t=2.020; p<.044) e consideram mais eficazes (t=2.506; p<.013) as estratégias de “acting out” do que as moças.

Também foram encontradas diferenças significativas entre os três grupos etários definidos, após a realização de análises de variância univariada (ANOVA). Verificou-se que os alunos provenientes do grupo etário dos 9 aos 12 anos utilizam menos frequentemente estratégias de “acting out” (F(2,427)=7.805; p<.000) e consideram-nas menos eficazes (F(2,423)=9.604; p<.000) do que os outros grupos etários dos 13 aos 14 anos e dos 15 aos 17 anos. Os alunos do grupo etário dos 13 aos 14 anos utilizam mais frequentemente estratégias de “isolamento social” do que os alunos provenientes do grupo etário mais jovem (F(2,427)=7.805; p<.000).

Em relação à variável sócio-demográfica ESE apenas surgiu uma diferença significativa (ANOVA), no sentido dos estudantes com um ESE médio-baixo apresentarem níveis mais elevados de freqüência de stress (conflito entre pares) do que os estudantes com um ESE médio-alto (F(4,421)=3,031; p<0,018).

A utilização do coeficiente de correlação R de Pearson, cuja pertinência é justificada pelo fato dos dados serem provenientes de uma distribuição normal, permitiu encontrar resultados que apontam para uma correlação positiva entre a intensidade de stress percebida e a freqüência de utilização de estratégias de coping consideradas menos eficazes (R=.153; p<.01), assim como entre a intensidade de stress percebida e a freqüência de utilização de estratégias de coping percebidas como mais eficazes (R=.101; p<.05).

Foram também analisadas as relações existentes entre as variáveis sócio-demográficas e as variáveis em estudo, através de análises de regressão linear múltipla (stepwise). No quadro 1 são apresentados os resultados relativos ao prognóstico das variáveis sócio-demográficas, relativamente ao evento estressante entre pares.

 

 

A variável sócio-demográfica sexo revelou-se uma indicadora da intensidade do evento estressante entre pares, no sentido em que as moças tendem a assinalar uma maior intensidade de stress inerente a situações de conflito entre pares. Contudo, a variância explicada é fraca (3%, respectivamente). A variável ESE surgiu como indicadora da freqüência de stress, de tal modo que os sujeitos com um ESE mais baixo revelam uma maior freqüência de stress, contudo a variância explicada é tão baixa (1%) que o resultado é quase irrelevante.

Na tabela 2 apresentam-se os resultados relativos ao prognóstico das variáveis sócio-demográficas, relativamente às estratégias de coping.

Na tabela 2 apresentam-se os resultados relativos ao prognóstico das variáveis sócio-demográficas, relativamente às estratégias de coping.

 

 

Os valores do coeficiente padronizado de regressão mostram que as três variáveis sócio-demográficas analisadas, em especial o sexo, são indicadores assinaláveis das estratégias de coping “ativas” e de “isolamento social”, no que diz respeito à sua freqüência e eficácia percebida, explicando 11%, 11%, 12% e 13% da variância, respectivamente. São as moças que mais frequentemente recorrem a estas estratégias e as consideram mais eficazes e são os mais velhos e com um ESE mais elevado que utilizam com maior freqüência e consideram mais eficazes as estratégias “ativas”. A variável sexo revelou ainda ser indicador da eficácia percebida das estratégias “distrativas” e de “acting out” e a idade da freqüência e eficácia percebida das estratégias de “acting out”; no entanto os valores de variância explicada são fracos para a freqüência (4%) e eficácia (5%) percebida das estratégias de “acting out” e estão na margem para a eficácia percebida das estratégias “distrativas” (2%).

 

Discussão

Os resultados obtidos sugerem que as situações de conflito entre pares não sucedem com muita freqüência nesta faixa etária, mas quando tal acontece, são causadores de stress moderado. Este dado está de acordo com a posição de Lazarus (1999) que refere que a maioria dos acontecimentos estressantes estudados (acontecimentos menores de vida) suscitam níveis de stress moderados. Por outro lado, as moças revelam maiores níveis de intensidade de stress, relativamente ao evento estressante entre pares, do que os rapazes, o que vai também ao encontro dos resultados obtidos por Seiffge-Krenke (1995) e, em Portugal, por Lima e colaboradores (2002). A incidência, na nossa amostra, do evento estressante entre pares, apesar de moderada, justifica a preocupação com as consequências potenciais deste estressor, nas crianças e adolescentes em geral, e em particular nas moças, que o experienciam mais intensamente e nos alunos provenientes de meios sócio-econômicos mais desfavorecidos, que se sentem mais frequentemente estressados devido a este mesmo estressor (Raimundo, 2005).

No que diz respeito às estratégias de coping, os resultados apontam para a existência de sinais positivos, no sentido da utilização mais frequente e da avaliação de maior eficácia das estratégias de coping habitualmente tidas como mais funcionais (“ativas”), em detrimento das estratégias mais disfuncionais; contudo, como referiu Ryan-Wenger (1990), a funcionalidade das estratégias, especialmente as utilizadas por crianças, está muito dependente do contexto que envolve.

Os resultados revelaram que as moças tendem a adotar mais frequentemente e a considerarem mais eficazes as estratégias “ativas” e de “isolamento social”, enquanto os rapazes tendem a adotar mais frequentemente e a considerarem mais eficazes as estratégias de “acting out”. Estes dados estão de acordo com a idéia generalizada, não só em termos de literatura (Lima, et al, 2002; Ryan-Wenger, 1992), mas também em nível do senso comum, segundo a qual os comportamentos externalizados são mais frequentes nos rapazes, devido, em grande medida, a serem também socialmente mais aceitos, ao contrário do que acontece com as moças, em que esses comportamentos são mais criticados. Por outro lado, as moças também tendem a empreender mais medidas de resolução direta e ativa dos problemas com que se confrontam e a isolarem-se mais, nestas situações, isto é, a utilizarem mais recursos internos do que os rapazes, à semelhança do que foi encontrado por Lima e colaboradores (2002). Mesmo tendo em conta que a eficácia das estratégias de coping é contingencial ao meio que envolve, na maioria das situações, as estratégias de coping de “acting out” são consideradas reações exageradas e desajustadas, pelo que justificam uma intervenção per si. Além das técnicas e metodologias utilizadas a nível individual e/ou grupal, também consideramos importante a existência de uma política escolar, partilhada por todos os elementos que nela trabalham, que passe uma mensagem clara, de que as estratégias de “acting out”, a agressividade e a violência são prejudiciais, para ambos os sexos. Esta estratégia visa alterar, em primeiro lugar, a perspectiva de eficácia destes comportamentos, seguida da mudança comportamental (Raimundo, 2005).

Em relação à distribuição das estratégias de coping, tendo em conta a idade, verificou-se que os adolescentes mais velhos da nossa amostra recorreram mais frequentemente a estratégias de coping “ativas” e de “acting out” e consideraram-nas mais eficazes, em contraste com os resultados obtidos em outros estudos (Lima & colaboradores, 2002), nos quais quase não se observaram diferenças entre os grupos etários. Uma explicação possível para a diferença de resultados encontrada poderá dever-se ao fato da faixa etária dos 15 aos 17 anos da nossa amostra, ser constituída por um número elevado de alunos que estão a repetir ou já repetiram, pelo menos, um ano de escolaridade. Esta explicação é apoiada por Pereira (2002) e Seixas (2004), que nos seus estudos constataram que quanto maior o número de repetências dos alunos, mais agressivos estes se apresentavam. Tendo em conta que alguns destes alunos manifestam dificuldades de aprendizagem, associadas a dificuldades de integração escolar, as quais, por vezes, incluem um histórico de exteriorização de comportamentos, talvez não seja de estranhar a maior freqüência e eficácia percebida das estratégias de “acting out”.

Relativamente à relação positiva encontrada entre a intensidade de stress percebida e a freqüência de utilização das estratégias de coping mais e menos eficazes, embora a utilização de um plano de estudo correlacional não nos permita tornar mais claro a direcionalidade desta relação, de acordo com Lazarus (1999), este resultado pode ser interpretado no sentido de quando o coping é ineficaz, os níveis de stress aumentarem. Por outro lado, lidar eficazmente com um determinado estressor poderá levar a pensar, sentir e agir em torno de várias alternativas, criando assim mais stress potencial para o próprio, apesar de o conseguir, eventualmente, gerir de forma eficaz (Lazarus, 1999).

Por último, as variáveis sócio-demográficas sexo e idade, em especial o sexo, revelaram-se indicadores válidos das variáveis em estudo, nomeadamente no que respeita alguns tipos de estratégias de coping. A idade e, especialmente, o sexo revelaram-se indicadores assinaláveis da freqüência e eficácia percebida das estratégias de coping “ativas” e de “isolamento social”. O sexo revelou ainda ser um indicador da intensidade do evento estressante entre pares, embora a variância comum explicada seja baixa. O ESE evidenciou ser um fraco indicador das variáveis estudadas.

A investigação relativa à natureza e funções dos processos de coping, nas crianças e nos adolescentes, é essencial para a melhoria da nossa compreensão sobre os processos de adaptação ao stress (Compas, Connor-Smith, Saltzman, Thomsen & Wadswoth, 2001), quer do ponto de vista da investigação básica, quer da investigação aplicada. Na investigação básica, o coping representa um aspecto importante, inserido nos processos mais gerais da auto-regulação das emoções, das cognições, do comportamento, da fisiologia e do ambiente (Eisenberg, Fabes & Guthrie, 1997; Skinner, 1995; citado por Compas, et al, 2001). Assim, as descobertas feitas na área do coping poderão contribuir para o conhecimento de informações valiosas sobre os processos de desenvolvimento da auto-regulação. Do ponto de vista da investigação aplicada, o estudo do coping é importante por duas razões: por um lado, o stress psicológico é um fator de risco significativo de psicopatologia na infância e na adolescência e o modo como as crianças e adolescentes lidam com o stress pode funcionar como mediador e moderador do impacto do stress no ajustamento e psicopatologias atuais e futuras; por outro lado, a informação sobre a natureza e eficácia do coping, nestas faixas etárias, poderá ajudar a construir programas de prevenção do stress e da psicopatologia, através do aumento das suas competências de coping (Compas & colaboradores, 2001; Grant, Compas, Stuhlmacher, Thurm, McMahon & Halpert, 2003).

O presente estudo apóia a necessidade de elaboração e implementação de programas de prevenção e intervenção escolar (Raimundo & Marques Pinto, 2005) em nível da utilização, por parte das crianças e adolescentes, de estratégias de coping mais ajustadas, face a situações percebidas como ameaçadoras (Raimundo, 2005).

 

Referências

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Endereço para correspondência
E-mail: raquelraimundo@portugalmail.pt

Recebido em fevereiro de 2006
Aceito em setembro de 2006

 

 

Autoras
1 Raquel Catarina Proença Raimundo – Mestre em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa
2 Maria Alexandra Penedo Marques Pinto – Professora Auxiliar da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa
3 Equivalente, em termos de idade, no Brasil à 4ª série do primário até a 8ª série do ginásio

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