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Aletheia

Print version ISSN 1413-0394

Aletheia  no.26 Canoas Dec. 2007

 

ARTIGOS DE PESQUISA

 

Famílias com casais de dupla carreira e filhos em idade escolar: estudo de casos

 

Dual-Career marriage in families with scool-age children: study cases

 

 

Nadir Helena Sanchotene de Souza*; Adriana WagnerI,**; Bianca de Moraes BrancoI,***; Claudete Bonatto ReichertI,****

I Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este estudo tem por objetivo conhecer a estrutura e a dinâmica de funcionamento de famílias de nível sociocultural médio-alto, com casais de dupla carreira e filhos em idade escolar. Para tanto, realizou-se um Estudo de Casos Múltiplos (Yin, 1993) com quatro famílias. Para a coleta de dados, foi utilizada a Entrevista Familiar Estruturada (Féres-Carneiro, 1996), e um questionário que investigou dados biodemográficos e aspectos do funcionamento e da estrutura dessas famílias. Os resultados apontaram a tendência das mulheres serem responsabilizadas pelo bem-estar dessas famílias, principalmente pelo trabalho doméstico. A contribuição dos homens apareceu de forma mais intensa nos cuidados dos filhos e em algumas atividades de lazer, nos finais de semana. De modo geral, um dos cônjuges apareceu como sendo o chefe de carreira, o que lhe conferia maiores poderes. Dentre as dimensões avaliadas nessas famílias, a interação conjugal foi a que demonstrou um decréscimo de investimento.

Palavras-chave: Famílias contemporâneas, Casais de dupla carreira, Gênero, Estrutura familiar.


ABSTRACT

This study aims to understand the functioning structure and dynamics of middle class and high class sociolcultural families with dual-career marriage and school-age children. We studied four families in a Multiple Case Study design (YIN, 1993), whose data was obtained by using the Family Structured Interview (EFE) (Féres-Carneiro, 1996), and a questionnaire, which investigated aspects of the functioning and structure of these families, to biodemographical data. Results suggest a tendency for women to be held responsible for the family well-being, especially domestic work. Men’s contribution appeared more intensely related to children care and some weekend leisure activities. In general, there was a tendency for one of the parents to place career above all and become granting him or her more power. Among all dimensions evaluated, husband and wife interaction was the dimension that showed unanimous decrease in investment.

Keywords: Contemporaries families, Dual-career marriage, Couples, Gender, Family structure.


 

 

Introdução

Frente às novas exigências econômicas e sociais, muitas mulheres saíram de seu lugar de cuidadoras e educadoras da prole para se expandirem na sociedade. Nos dias de hoje, elas desenvolvem importante papel não só no gerenciamento do lar, como também no sustento dos filhos, enfrentando o mercado de trabalho, competindo com os homens por funções de liderança, poder e remuneração.

Esse caminho, ainda que tenha trazido gratificações, não foi e não é fácil para as mulheres, haja vista as inúmeras exigências sociais, as expectativas individuais somadas as demandas dos papéis de mãe, esposa e profissional. A família e o trabalho têm se mostrado mutuamente apoiadores para o homem, porém, para as mulheres, constituem-se, geralmente, exigências conflitantes (Carter & McGoldrick, 1995; Rocha-Coutinho, 2005; Zordan, Falcke & Wagner, 2005). Na década de 90, as mulheres mostravam sentirem os homens como mais necessários do que desejáveis em suas vidas (Goodrich, 1990).

Mesmo frente a evidente inserção feminina no mundo do trabalho, em meados dos anos 90, os jovens casais acreditavam no mundo do trabalho como pertencente mais aos homens e que as mulheres pertenceriam mais ao lar e à tarefa de educar os filhos. A mulher de então se mostrava convicta da sobrecarga da maternidade e da não recompensa social. Provavelmente essa percepção tenha se refletido no fato das mulheres passarem a se casar mais tarde, a ter menos filhos e a se divorciar mais (Carter & McGoldrick, 1995). Esta tendência também foi demonstrada em estudos mais recentes, em que houve uma queda no número de casamentos que passaram de oito por grupo de mil habitantes em 1990, para 5,7 por mil em 2001 (IBGE, 2003).

Além disso, a idade média dos homens ao se casarem aumentou de 26,9 anos em 1990 para 29,3 anos em 2000, e das mulheres, de 23,5 anos para 25,7 anos (Feres-Carneiro, 2005).

Dentre outros fatores, os principais motivos para a “crise do casamento contemporâneo” seriam o movimento de modernização da sociedade, o processo de secularização, a expansão do individualismo, o aumento da longevidade e a forma como a cultura valoriza o amor e a sexualidade nos dias de hoje, idealizada, perfeita e passional como nas novelas e filmes (Jablonski, 2003).

Paralelo a “essa crise do casamento”, tem havido um esforço social e legal para garantir a igualdade entre homens e mulheres, como, por exemplo, no Chile, que acaba de eleger Michelle Bachelet a sua primeira presidente mulher. Neste país, as normas sobre jornada de trabalho ou sobre proteção da maternidade estão sendo impetradas com o objetivo de avançar na distribuição mais eqüitativa de papéis entre mães e pais trabalhadores, de forma a contribuir para uma verdadeira mudança no mercado de trabalho e para um reconhecimento efetivo da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres (Caamano, 2004).

Porém, como se sentem tais mães/mulheres na atualidade? Ilustrando a complexidade do tema, um estudo realizado na Holanda mostrou que a combinação do trabalho remunerado com o cuidado dos filhos não prejudica a saúde das mães e que, pelo contrário, esta associação de trabalhos está vinculada a maiores níveis de saúde das mães, independente de ela estar casada ou divorciada (Fokkema, 2002). No entanto, há muitas diferenças socioeconômico-culturais entre a Holanda e o Brasil. Este tema tem sido pesquisado, recentemente, no contexto brasileiro (Fleck, Falcke & Hackner, 2005; Rocha-Coutinho, 2005) e há evidências de que o estresse das mães (com trabalho remunerado) está associado, principalmente, à escassez de recursos financeiros, a alguns fatores familiares (como ter filhos pequenos ou com deficiência), bem como às características do trabalho &– longa jornada. Considerando-se estes dados, pode-se supor que os níveis de satisfação e de saúde das mães brasileiras (que trabalham fora) são menores do que os das mães holandesas e que o problema não está na associação das tarefas em si, mas nesses fatores circundantes e contextuais.

O momento atual é o da diversidade. Muitas não trabalham e, por opção ou não, mantêm o papel tradicional. Outras, por sua vez, limitam sua dedicação profissional ao turno em que seus filhos estão na escola, a fim de não privá-los de seus cuidados. Porém, há mulheres que vêm investindo em turno integral em seu trabalho. Portanto, um segmento das famílias contemporâneas vem caracterizando-se pela dedicação de ambos os pais às suas carreiras, com o conseqüente enfrentamento da competição e das dificuldades impostas pelo mercado de trabalho. Esse segmento depara-se com inúmeras exigências e dificuldades no cuidado e na educação dos filhos, gerando a necessidade de uma ampla rede de apoio social. Surge a discussão sobre as relações de poder e as questões de gênero na família, propondo o questionamento do que é masculino e o que é feminino nas esferas doméstica e familiar. Mesmo para casais modernos, estudos recentes têm confirmado que tanto os homens quanto as mulheres, em diferentes níveis de consciência, parecem ainda acreditar que a casa e os filhos são responsabilidade da mulher, enquanto o provimento financeiro da família é responsabilidade do homem (Rocha-Coutinho, 2005).

No desenvolvimento do ciclo evolutivo familiar, o cuidado dos filhos em idade escolar impõe suas especificidades, e por isso foi escolhido como foco deste estudo. A dependência física e afetiva dos filhos com relação aos pais ainda é grande, sobrecarregando-os e colocando-os à prova frente a questões de gênero na esfera familiar. Além disso, Andrade (2005) ressalta a importância da qualidade do estímulo doméstico para o desenvolvimento cognitivo infantil e do relevante papel das condições materiais e da dinâmica familiar. Aspectos estes que vem, muitas vezes, a reforçar as expectativas culturais vigentes em nosso contexto a respeito da divisão dos papeis masculinos e femininos, especialmente no que se refere ao desempenho de funções no subsistema conjugal e parental (Wagner, Predebon, Mosmann, & Verza, 2005).

Da mesma maneira, a escolha da família de nível sociocultural médio-alto deve-se ao fato de que as mesmas representam um substrato da sociedade cujo grau de exigência quanto à escolaridade, à cultura e aos recursos são maiores, estando estes casais submersos nas demandas trabalho e família (Wagner & Feres-Carneiro, 1998). Frente a esse fenômeno, o presente estudo objetiva conhecer a estrutura e a dinâmica de funcionamento de famílias com casais de dupla carreira e filhos em idade escolar.

 

Método

Optou-se pela utilização do método de Estudo de Casos Múltiplos (Stake, 2000; Yin, 1993), considerando que esta é uma metodologia que se propõe a investigar a complexidade das inter-relações dos sujeitos em seu contexto.

Participantes

Participaram da pesquisa quatro famílias, residentes na cidade de Porto Alegre, com casais de dupla carreira e com filhos em idade escolar. Essas famílias possuem uma configuração nuclear original, composta por marido, esposa e filhos. O nível sociocultural delas é médio-alto, possuindo ambos os pais instrução superior.

Procedimentos

As famílias que fazem parte desta investigação foram selecionadas a partir do critério de conveniência. Foi realizado um encontro com cada família, quando todos os membros estavam presentes. Primeiramente, solicitou-se que o casal respondesse de forma individual um questionário com dados biodemográficos e de estrutura familiar com o objetivo de conhecer aspectos tais como a proporção de contribuição de cada cônjuge na renda familiar, recursos de rede de apoio social da família, atividades de lazer, entre outros.Este instrumento resgatou informações para a caracterização das famílias estudadas. Feito isso, realizou-se com toda a família a Entrevista Familiar Estruturada (EFE) (Féres-Carneiro, 1979) como o objetivo de avaliar as seguintes dimensões: comunicação, papéis, liderança, manifestação da agressividade, afeição física, interação conjugal, individualização, integração familiar e auto-estima, segundo os critérios estabelecidos pelo instrumento.

A filmagem foi o recurso utilizado para possibilitar a transcrição fiel das comunicações verbais e não verbais. Todos os membros da família assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido que informava os termos da pesquisa, o uso dos dados e garantia o anonimato. Nesse caso, por questões éticas os nomes dos membros da família foram alterados, assim como os dados referentes às profissões foram omitidos em todas as famílias aqui apresentadas.

 

Resultados

A apresentação e discussão dos resultados ocorreram em duas etapas: Inicialmente através da análise vertical em profundidade de cada família e posteriormente através de uma análise horizontal e integradora dos quatro casos estudados conforme sugere Stake (2000).

Estudo de caso 1: O casal Duarte é composto por Tiago, 43 anos, e Vânia 42 anos. Ambos são profissionais liberais e possuem o terceiro grau completo e contribuem de forma igualitária para a renda familiar. Amanda, a filha mais velha, tem 13 anos; Eduarda tem 10 anos e Filipe, 7 anos de idade. Todos os filhos estudam em escola particular.

Na estrutura e dinâmica de funcionamento dessa família, podemos observar que a comunicação entre a maioria dos membros se processa de forma clara, congruente e empática, sendo, constantemente, estimulados pela mãe. Os papéis são definidos e diferenciados. A liderança é exercida pelo subsistema parental, sendo que mais especificamente pela mãe, que tende a monopolizá-la. A manifestação da agressividade se expressa de forma construtiva e com direcionalidade adequada. A afeição física está presente, mas se manifestou, preponderantemente, através de gestos e expressões verbais no subsistema fraterno.

Entre todas as categorias avaliadas da EFE dessa família, a interação conjugal foi a que se mostrou menos satisfatória. Esta se revela pouco gratificante e enfraquecida, possivelmente devido ao forte envolvimento do casal com suas carreiras e com o cuidado dos filhos, inexistindo uma rede de apoio que os alivie das demandas da etapa do ciclo vital que atravessam.

O subsistema parental revela-se mais eficiente que o subsistema conjugal. A individualização e o desenvolvimento de cada membro são priorizados, bem como a integração familiar. Há expressão de sentimentos de auto-estima por parte de todos os membros da família.

O pai mostra maior disponibilidade, em comparação com a mãe, para atender aos filhos nas atividades extracurriculares e no caso de doença, como um afastamento dos papéis de gênero tradicionalmente estabelecidos, sugerindo mudanças contemporâneas.

Estudo de caso 2: O casal Prates é composto por Roberto, 41 anos com titulação de doutorado em sua área de atuação e Helena 39 anos, mestranda. O pai contribui com 60%, enquanto a mãe contribui com 40 % para a renda familiar. Ambos são profissionais liberais. Possuem três filhos, Andréia, 15 anos; Bernardo, 09 anos e Carlos, 06 anos de idade.

Na estrutura e na dinâmica de funcionamento da Família Prates, observa-se que a comunicação se processa a partir da mãe e do filho Bernardo, os quais se expõem no grupo e promovem o diálogo entre os membros. Roberto revela um estilo de comunicação claro, explícito e sucinto. Carlos e Andréia são os membros que menos se comunicam verbalmente, sendo que o primeiro tendeu a expressar-se mais com o corpo. Independentemente dos diversos estilos, este grupo revelou comunicação com direcionalidade e carga emocional adequadas.

Os papéis de cada membro dessa família são definidos, e todos desenvolvem funções específicas. O poder econômico e decisório fica ao encargo do pai, a mãe ocupa-se com os filhos e o lar, revelando uma divisão tradicional de papéis.

A liderança é assumida pelo subsistema parental, mais especificamente pelo pai, que delega a operacionalização das demandas para a esposa, a qual corresponde. Essa liderança tende a ser democrática frente aos filhos, que são ouvidos em suas necessidades, porém cabe aos pais a decisão final.

Há pouco espaço para a manifestação da agressividade nessa família, sendo somente expressa pelo subsistema fraterno. No entanto, a afeição física foi manifestada com clareza e espontaneidade pela maioria dos membros. As trocas de carinhos nessa família acontecem mais facilmente entre pais e filhos, não aparecendo entre o casal expressões de afeição física na situação grupal.

A interação conjugal, por sua vez, revela-se como uma das dimensões de menor investimento, quando comparada ao cuidado dos filhos e ao investimento nas carreiras. Observamos também, que o subsistema conjugal se mostra permissivo às interferências das demandas dos filhos, sugerindo fronteiras tênues com eles.

As individualidades foram preservadas nessa família, no subsistema conjugal e nos demais. Revelam respeito pelas características e pelos interesses individuais, bem como valorizam a unidade grupal.

A integração familiar, por sua vez, está presente, sendo liderada pelo subsistema parental, que organiza e prioriza a unidade familiar. Todos os membros da família têm uma alta auto-estima, o que reflete o papel diferenciado e valorizado de cada um.

Estudo de caso 3: O casal Silva é composto por Marisa, 42 anos e Jorge com 49 anos. Ela professora do ensino fundamental e ele professor universitário e profissional liberal. O pai contribui com 70%, enquanto a mãe contribui com 30 % para a renda familiar Possuem dois filhos, Joana com 13 anos e Pedro com 11 anos de idade.

A comunicação da família Silva processa-se basicamente através dos pais, os quais, de forma prolixa e confusa, monopolizam a mesma. Nos conteúdos das verbalizações da mãe, observam-se queixas dirigidas ao marido, com relação à desigual divisão do trabalho doméstico e do cuidado dos filhos. A comunicação não-verbal revelada, principalmente por Pedro e Marisa, apresenta sinais de stress e emoção contida.

Quanto aos papéis, Jorge ocupa uma posição periférica e individualista nas demandas da casa e no cuidado dos filhos. Ele concentra seus esforços no desenvolvimento de sua carreira. Marisa, por sua vez, tende a tomar para si o encargo com os filhos e com o lar, que se soma às demandas profissionais. Já os filhos respondem positivamente às expectativas de bom desempenho escolar, porém mostram-se passivos e pouco expressivos na dinâmica familiar.

A liderança neste núcleo famíliar é exercida pelo subsistema parental, o qual apresenta diferentes níveis de poder e autoridade em relação aos filhos. Esta liderança parece ser autoritária, à medida que os pais tendem a definir rigidamente as prioridades do grupo, como um todo. Observam-se diferentes níveis de poder, evidenciadas no papel monopolizador de Marisa frente às demandas familiares. Jorge é menos solicitado, porém, recebe de todos os membros da família (e se outorga) a autoridade máxima na dinâmica familiar.

Não há manifestação explícita da agressividade nesta família. A afeição física é mais facilmente manifesta dos pais para com os filhos e vice-versa. Observou-se que o subsistema conjugal e fraterno raramente expressa afeto entre si.

A interação conjugal parece pouco integrada e gratificante, já que o casal não prioriza o convívio íntimo conjugal e até o evitam, com a constante promoção de encontros com amigos e com a família extensa.

A individualização no subsistema conjugal mostra-se presente nos aspectos relativos à priorização do desenvolvimento da carreira do marido e as inúmeras atividades da esposa. Este aspecto pouco aparece no subsistema fraternal. Já a integração familiar no sistema ampliado sobrepõe-se, sendo esta priorizada em detrimento da individualização dos membros e da interação conjugal.

A auto-estima de todos os membros desta família é baixa, tendo sido difícil para eles identificarem aspectos positivos de suas personalidades. As características positivas ressaltadas por eles são a resignação e a tolerância à frustração de Marisa, a extroversão de Jorge e o bom desempenho escolar dos filhos.

Estudo de caso 4: O casal Souto é composto por José, 45 anos, estrangeiro que mora no Brasil há 15 anos e trabalha numa empresa, e por Rose, 46 anos, profissional liberal. Eles têm dois filhos, Antônio, 14 anos e Fábio, 12 anos de idade.

A comunicação da Família Souto centra-se nas figuras de José e Fábio, os quais monopolizam com verbalizações diretas e em tom de crítica. Os conteúdos da comunicação familiar sugerem postura rígida e crítica dos membros, uns em relação aos outros. José e os filhos unem-se nas críticas e nas desqualificações dirigidas à mãe/esposa, que pouco se defende.

As constantes desqualificações da parte de José e dos filhos para Rose, se devem em grande parte ao fato de ela não corresponder ao papel tradicional de mulher. O papel desta, na família, mostra-se depreciado por ela não demonstrar interesse e envolvimento com as lidas domésticas, concentrando seus esforços e interesses em sua carreira. Rose ocupa um papel periférico na dinâmica familiar.

José, por sua vez, desenvolve um papel bem mais ativo, envolvendo-se com o dia a dia da família, sendo freqüentemente requisitado pelos membros, aos quais ele tende a auxiliar. Ele envolve-se com as demandas da casa, com as lidas domésticas e com o cuidado dos filhos. Revela-se como a figura parental que detém o poder e assume a “liderança”.

Os filhos, frente a esta assimetria de função e papéis da dinâmica parental, tendem a intrometer-se e desrespeitarem a autoridade dos pais. Observam-se limites difusos entre estes pais e seus filhos.

Os papéis dos filhos também revelam diferentes níveis de poder. O primogênito mostra-se mais reservado, tendendo a uma menor exposição e a um menor envolvimento na conflitiva dos pais. O caçula, por sua vez, aparenta estar mais triangulado com os pais, já que acompanha o pai nos constantes ataques à mãe, como também se aproxima fisicamente desta, ao longo da coleta de dados.

Há clara manifestação da agressividade entre os membros desta família, dirigidas à Rose. No subsistema fraternal também é manifesta a agressividade, a qual não consegue ser contida pelos pais, devido à sua liderança enfraquecida.

A afeição física também pode ser manifestada nesta família, porém de forma mais contida que a agressividade. São mais facilmente dirigidas entre pais e filhos, não havendo manifestações de afeto entre o casal. A entrevista revelou que o cuidado com os filhos e a dedicação profissional de ambos os cônjuges são priorizados em detrimento da interação conjugal.

 

Análise horizontal e integradora dos quatro casos

Partindo de uma visão conjunta dos casos, observamos que, geralmente, a comunicação processou-se a partir das mães/esposas, que se revelaram porta-vozes do grupo, responsáveis pela clarificação de idéias, pela explicitação da dinâmica familiar e organização dos membros frente à entrevista.

Os papéis das mulheres nessas famílias eram, excetuando-se o caso da família Souto, de envolvimento mais direto com as demandas do lar e, principalmente, com o cuidado dos filhos. Comparativamente aos homens, sugere independentemente das mudanças na contemporaneidade, são elas que orquestram e organizam a vida doméstica, como também referem Silberstein (1992), Diniz e Coelho (2005) e Zordan, Falcke e Wagner (2005).

A família Souto não mostrou desenvolvimento de papéis tradicionais de gênero. Nessa família, é a figura masculina que tende a se envolver com as demandas do lar e com o processo educativo dos filhos. Salientamos, entretanto, que há a expectativa de papéis tradicionais de gênero por parte dos membros do sexo masculino dessa família, expressada na não-aceitação da priorização da carreira da mãe/esposa. A intensidade do sentimento de inconformidade com esse aspecto revelou-se como um dificultador da promoção da saúde emocional nessa família. Na família Souto, o pai mostrou-se revoltado e descontente com o seu envolvimento com as demandas da casa e dos filhos. Este fato corrobora a idéia de que os homens ainda consideram, na atualidade, o trabalho doméstico e o cuidado dos filhos como encargos tipicamente femininos. Portanto, o exercício de tais funções, muitas vezes, pode ser sentido como ameaçador da sua masculinidade (Arrighi & Maume, 2000).

Quanto à distribuição de papéis, em duas das quatro famílias analisadas, respectivamente, nas famílias Silva e Souto, os papéis desenvolvidos pelo casal na dinâmica familiar são divididos em tarefas específicas e excludentes, o que tende a afetar o desenvolvimento e a interação conjugal, como de fato foi aqui observado, bem como postulado por Minuchin (1982) e Wagner e Feres-Carneiro (1998).

Nas famílias Prates e Duarte, essa divisão excludente revelou maior moderação, possibilitando a melhor colaboração nas tarefas entre os cônjuges, principalmente no que diz respeito ao cuidado dos filhos. Identificamos esse aspecto como facilitadores da saúde emocional da família e de ambas carreiras dos cônjuges (Diniz, 1999).

De forma geral, verificamos o quanto é difícil para esses casais flexibilizarem ou se libertarem dos papéis de gêneros contidos em sua história, a fim de melhor se articularem entre o trabalho e a família, como refere Silberstein (1992).

Na análise da dimensão liderança, observamos que, em todas as famílias, ela é exercida pelo subsistema parental, como esperado por famílias que promovem a saúde emocional de seus membros (Carter & McGoldrick, 1995; Féres-Carneiro, 1992; Minuchin & Fishman, 1990). Acrescentamos que a liderança parental que promove a saúde emocional da família é caracterizada por diferente nível de poder e autoridade com relação aos filhos, o que não implica numa autoridade indiscutível, mas sim flexível e racional, adequada à idade dos filhos.

Quanto ao nível de poder, constatamos que somente na família Silva o exercício deste ocorre de forma rígida. Em resposta à característica estrutural dessa família, os filhos revelam-se contidos e reprimidos em suas manifestações, o que pode ser prejudicial para o seu desenvolvimento global. Nas demais famílias, a espontaneidade e a vivacidade dos filhos sugeriram flexibilidade da liderança parental.

Salientamos, no entanto, que, dentro do subsistema parental dessas famílias, geralmente, havia diferentes níveis de poder. Nas famílias Prates e Silva o poder econômico é assumido pelas figuras paternas e o domínio doméstico é de encargo materno. Na família Souto, o envolvimento do pai com as demandas do lar e da família outorga-lhe um status especial, comparativamente à esposa.

Na família Duarte, por sua vez, observa-se que a liderança feminina se sobrepõe no subsistema parental. Associamos esse diferencial à participação econômica igualitária desse casal para a renda familiar, o que não foi encontrado nos demais. Esse dado corrobora os achados de pesquisas nacionais e internacionais (Cooper & Lewis 2000; Fleck & Wagner, 2003; Helms-Erikson, 2000; McFarlane, Beaujot & Haddad, 2000; Silberstein, 1992) de que as mulheres que se definem como co-provedoras, ao invés de geradoras de segunda renda, sentem-se em condições de negociar maior participação dos maridos nas demandas familiares, sofrem menos de depressão e têm menos conflitos conjugais e uma divisão mais igualitária do trabalho doméstico entre os cônjuges.

Nos casos das famílias Prates e Silva há um “chefe de carreira”, (Hardill, Green, Dudleston & Owen, 1997) aquele que coloca sua carreira acima de tudo. O pai/marido assume este papel. Já na família Souto e Duarte, não foi possível detectar qual dos dois é o chefe de carreira. Entretanto, a dinâmica familiar aponta que, independentemente da proporção da contribuição de cada cônjuge para o orçamento doméstico, a mulher parece ser a chefe de carreira, devido à importância que ela confere a mesma. Por outro lado, a postura ressentida de José Souto e seu nítido descontentamento com relação ao empenho profissional da esposa corroboram os achados de Cooper e Lewis (2000) de que os homens cujo poder e a masculinidade estão diretamente ligados ao papel de provedor tendem a se sentirem ameaçados, quando as mulheres têm sucesso em suas carreiras.

Quanto à possibilidade ou não da manifestação de agressividade, observa-se que se expressa de várias formas, dependendo da flexibilidade ou não da estrutura familiar. Na família Duarte, é permitida sua expressão de forma construtiva e com direcionalidade adequada. Na família Prates, somente é permitida sua manifestação no subsistema fraterno. Na família Silva, sua manifestação direta é estritamente proibida, o que provoca a repressão de sentimentos. Por sua vez, na família Souto, há clara manifestação de agressividade entre os membros, principalmente dirigida à mãe, em função da não-aceitação dos membros da sua prioridade à carreira. Nesse sentido, a literatura descreve que o controle efetivo de sua manifestação é determinado pela atitude dos pais, os quais servem como modelo (Ackerman, 1986).

Por sua vez, a manifestação da afeição física, através de gestos, esteve presente em todas as famílias, principalmente dos pais para com os filhos e vice-versa. Destacamos a forte manifestação entre os membros do subsistema fraterno na família Duarte.

Para esses casais, o cultivo da sedução e do prazer se revela como um grande desafio, na medida em que, ao abarcarem tantas demandas na conjunção trabalho e família, geralmente o espaço conjugal fica pouco preservado. Assim, pôde-se observar que a interação conjugal foi a dimensão que revelou decréscimo de investimento e expressão. Nas famílias Duarte e Prates constatou-se que o subsistema conjugal se mostrou permeável às interferências dos filhos e dos cuidados com ambas carreiras. Porém, nessas duas famílias, os cônjuges ressaltaram que, quando possível, investem em viagens e jantares, cultivando, nessas situações, o espaço conjugal.

As famílias Silva e Souto, por sua vez, apresentaram uma interação conjugal muito enfraquecida. Na primeira, há ausência de fronteiras com outros sistemas, principalmente com a família extensa, dificultando o convívio conjugal. A família Souto foi a que revelou pior interação conjugal, surgindo acusações e ressentimentos entre o casal que impediam uma maior aproximação.

De modo geral, observamos nas quatro famílias investigadas um fraco ou ausente investimento conjugal. Pode-se pensar que a vivência de casamento de dupla carreira é estressante para os casais em decorrência da complexidade do estilo de vida e da priorização do investimento nas carreiras e na criação dos filhos, em detrimento do investimento conjugal (Diniz, 1996).

Quanto à individualização, é preservada na maioria das famílias. Nas famílias Duarte, Prates e Souto, percebe-se sua priorização, principalmente no que diz respeito aos filhos, que são respeitados por suas características e interesses pessoais. Especificamente nas famílias Duarte e Prates, observamos intenso investimento no desenvolvimento cognitivo e social dos filhos, o que pode ser constatado nas inúmeras atividades extracurriculares dos mesmos.

A integração familiar, por sua vez, foi observada em três das quatro famílias: na família Duarte, na Prates e na Silva. Nas duas primeiras, observamos forte investimento do subsistema parental na organização e na priorização da integração, sem, no entanto, menosprezar a individualização dos membros. Essa mesma dimensão mostrou-se supervalorizada na família Silva, em detrimento da individualização dos membros, o que se revelou dificultador do desenvolvimento da individualização dos filhos e da interação conjugal. Na família Souto, observamos escassa integração familiar, possivelmente decorrente dos conflitos parental e conjugal.

A auto-estima dos membros dessas famílias revelou-se como um reflexo das dimensões anteriormente descritas e analisadas. Nas famílias com estruturas e funcionamento conjugal e parental mais funcional (como na Duarte e Prates), filhos e pais revelaram importantes sentimentos de auto-estima. Nas famílias Silva e Souto, os conflitos conjugais e parentais afetam os sentimentos de valor positivo de seus membros. Nesse caso, pode-se observar que a família se constitui no ambiente social mais íntimo, o qual pode funcionar como fonte de estresse quando há disfuncionalidade, ou se converter no principal núcleo de apoio social, quando do contrário (Wagner & Féres-Carneiro, 1998).

Frente às exigências das duplas carreiras e das demandas do processo educativo dos filhos nas etapas escolares e na adolescência, essas famílias revelaram diferentes características em suas estruturas. No entanto, observamos que aquela com maior flexibilidade para acionar padrões alternativos e que lança mão de mais recursos de redes de apoio se mostrou mais funcional.

Todas as quatro famílias investigadas possuem, em sua rede de apoio, alguma avó, porém, as mesmas só eram solicitadas a auxiliar em situações de emergência, sendo raramente acionadas. O recurso da empregada doméstica, no entanto, mostrou-se amplamente necessário e valioso para essas famílias.

Quanto à tarefa educativa que mais absorve esses casais de dupla carreira, destacam-se a dificuldade de orientar e dar limites aos filhos, bem como auxiliá-los nas tarefas escolares.

Há sinais de modificação da estrutura e do funcionamento das famílias com casais de dupla carreira. Nas famílias Duarte e Souto, são os homens que deixam de trabalhar para cuidar dos filhos, quando adoecem. Somado a isso, também informaram que são as figuras paternas que costumam passear com os filhos e preparar refeições elaboradas nos fins de semana. No entanto, mesmo nessas famílias, a sobrecarga do trabalho doméstico e do cuidado com os filhos fica ao encargo das mulheres.

Cabe lembrarmos que o único casal que apresentou uma divisão mais igualitária das demandas da casa e dos filhos foram os Duarte, sendo também os únicos que, com suas carreiras, contribuem igualmente para o sustento da família. Pode-se hipotetizar que o poder de decisão e a divisão do trabalho familiar estão diretamente vinculados ao ganho financeiro de cada cônjuge.

 

Considerações finais

Os resultados obtidos nesse estudo corroboram pesquisas atuais (Fleck, Falcke & Hackner, 2005; Jablonski, 2005; Rocha-Coutinho, 2005) quanto às evidências de que a entrada das mulheres no âmbito público provocou mudanças no casamento e na família. O investimento de muitas mulheres no aprimoramento profissional tem sido fundamental para que elas possam, gradativamente, ocupar posições de destaque no mercado de trabalho, antes domínio exclusivo dos homens. Esse caminho tem sido um desafio tanto para eles, quanto para elas.

Nessa perspectiva, o surgimento dos casais de dupla carreira tem amplificado as demandas do exercício parental devido à imposição de aprimoramento constante e aos desafios profissionais que se somaram às atividades domésticas, ao cuidado dos filhos e ao cultivo da relação conjugal. Nesses casais estudados, os resultados indicam que os conflitos conjugais são mais evidentes quando ambos os cônjuges dividem e realizam as tarefas de forma rígida e desigual, o que esta corroborado pelos estudos de Wagner, Predebon, Mosmann e Verza (2005).

No entanto, pode-se pensar, inclusive, na situação inversa, em que passar o dia inteiro em casa, em função das lidas domésticas, pode ser um fator de estresse para as mulheres, na medida em que concentraria todas as expectativas e frustrações em apenas uma atividade.

Portanto, não parece que o determinante para o bem estar das mulheres seja a dedicação exclusiva em uma única tarefa, mas sim que as tarefas por elas realizadas tenham sido por escolha, e que esses papéis tenham sido aceitos e compartilhadas por seus maridos. Isto é, um casamento satisfatório reduz a chance de estresse entre casais de dupla carreira (Mosmann, 2007). Quando há complementaridade no casal, conseguindo dividir e realizar as tarefas de modo complementar, torna-se menos conflitante para eles articularem-se entre tantas demandas, resultando numa melhor funcionalidade das relações familiares.

A divisão do trabalho doméstico revelou-se desigual, geralmente, havendo nessas famílias uma tendência às mulheres serem responsabilizadas pelo bem-estar familiar, abarcando a maioria de tais demandas. A contribuição dos homens apareceu de forma mais intensa no cuidado e no acompanhamento do desenvolvimento dos filhos e em atividades de lazer e de culinária nos finais de semana. No entanto, parece que nas famílias Duarte e Prates, houve uma aceitação e satisfação das mulheres no exercício deste papel, o que parece ser o grande diferencial de bem estar.

Já na Silva, a mãe-esposa parece insatisfeita com este papel. Na Souto, a mãe-esposa se liberta do papel tradicional, e parece satisfeita com isso, tem o apoio do pai-esposo nas lidas domésticas, mas ambos sofrem com a não aceitação desta nova organização. E é neste contexto da não aceitação que surgem o sofrimento e os sintomas nestas famílias.

É importante ressaltar que, mesmo nas famílias com conflitos evidentes, elas exaltavam o valor do trabalho de cada um dos cônjuges, consolidando a idéia do quanto este, além do retorno financeiro, oportuniza reconhecimento e valorização, revelando-se como fonte de gratificação e crescimento.

Frente à complexidade desse fenômeno, a promoção da saúde emocional dos membros dessas famílias é tarefa árdua e que depende, fundamentalmente, da complementaridade e flexibilidade conjugal a fim de criarem padrões alternativos que favoreçam melhores níveis de bem-estar a todos os membros da família.

 

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Endereço para correspondência
E-mail: wagner@pucrs.br

Recebido em agosto de 2006
Aceito em maio de 2007

 

 

* Nadir Helena Sanchotene de Souza: psicóloga; mestre em Psicologia Clínica (PUCRS).
** Adriana Wagner: psicóloga; doutora em Psicologia (UAM/ES); professora da Faculdade de Psicologia da PUCRS.
*** Bianca de Moraes Branco: psicóloga; mestranda em Psicologia Social (PUCRS).
**** Claudete Bonatto Reichert: psicóloga; mestranda em Psicologia Social (PUCRS).

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