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Aletheia

Print version ISSN 1413-0394

Aletheia  no.26 Canoas Dec. 2007

 

ARTIGOS DE PESQUISA

 

Experiência migratória: encontro consigo mesmo? Percepções de brasileiros sobre sua cultura e mudanças pessoais

 

Migratory experience: Is it a meeting with itself? Brazilians´s perceptions about their culture and personal changes

 

 

Roberta de Alencar-RodriguesI,*; Marlene Neves StreyII,**; Janice PereiraII,***

I Faculdade Assis Gurgacz, Cascavel, Paraná
II Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo deste trabalho é conhecer a percepção dos(as) brasileiros(as) que moraram temporariamente no exterior sobre a sua própria cultura. Isto é, como eles(as) percebem a cultura brasileira nos aspectos comuns e diferentes em relação à cultura estrangeira. Também serão abordados o significado dessa vivência migratória e as mudanças pessoais ocorridas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujos resultados obtidos a partir de entrevistas individuais com 6 participantes foram examinados através da Análise de Conteúdo. Constatou-se que os(as) brasileiros(as) percebem que há o predomínio da afetividade na sua cultura, da falta de responsabilidade com os compromissos, do improviso e da falta de planejamento nas ações. Como resultado da experiência migratória, identifica-se que morar no exterior possibilita descobertas pessoais e amadurecimento. Apresenta-se também que a experiência migratória pode gerar dificuldades de adaptação na nova cultura e no retorno ao Brasil.

Palavras-chave: Emigração, Cultura brasileira, Adaptação cultural, Retorno.


ABSTRACT

The aim of this paper is to know the perception of Brazilians who lived temporarily abroad concerned to their own culture. It means, how they perceive the Brazilian culture comparing to the foreign culture considering similar and different aspects. The meaning of living abroad and the personal change will be also discussed. It’s a qualitative research, which the results obtained from individual interviews with 6 participants were examined through Content Analysis. We find out that Brazilians consider that there is the prevalence of affective in their culture, as well as the prevalence of lack of responsibility with appointments, of improvisation and lack of planning in actions. As a result of migratory experience, it is identified that living abroad let personal discovers and maturation. And this experience in another country can cause adaptation difficulties in the new culture as well as in the return to Brazil.

Keywords: Emigration, Brazilian culture, Cultural adaptation, Return.


 

 

Introdução

O fenômeno da globalização diminuiu a distância entre os povos, facilitando que os indivíduos alarguem suas fronteiras. Essa tendência é observada através do grande contigente de brasileiros(as) que emigra para o exterior por diferentes motivos, como buscar melhores condições de vida, estudar o idioma, obter experiências novas, entre outros. A pesquisa realizada, em abril de 2002, por BELTA (Brazilian Educational and Language Travel Association), uma associação que reúne as principais empresas de intercâmbio do país, revelou que 40 mil pessoas saíram do Brasil para estudar no exterior no ano de 2001. Na década de 90, segundo Goza (1992), muitos(as) brasileiros(as) foram para a América do Norte em busca de emprego e condições sociais mais estáveis do que as vigentes no Brasil.

Em decorrência desta realidade, muitas disciplinas passam a dirigir seu olhar à emigração brasileira. Nesse sentido, um dos objetos de pesquisa da Psicologia acerca desse fenômeno é entender como esses(as) brasileiros(as), após a inserção numa nova cultura estrangeira e no seu retorno ao Brasil, percebem a cultura brasileira. A experiência intercultural promove o desenvolvimento da responsabilidade social, permitindo também que as pessoas retornem com sua cidadania ampliada (Sebben, 1997). Desse modo, neste artigo, pretende-se apresentar como os(as) brasileiros(as) percebem a sua própria cultura após morarem temporariamente em outro país e revelar as mudanças ocorridas no modo de ser do(a) adulto(a) jovem após a experiência migratória.

 

Trilhando alguns conceitos de cultura

Cultura é um conjunto de hábitos, instrumentos, objetos de uso, arte, tipos de relações interpessoais, regras sociais e instituições de um dado grupo (Bonin, 1999). A cultura corresponde às percepções compartilhadas sobre a sociedade, comportamentos desejáveis ou prescritos para os membros daquela cultura (normas), assim como os diferentes lugares ocupados na hierarquia social (papéis).

Ferreira (2002) expõe que, por muitos anos, a psicologia social norte-americana procurou identificar modelos e leis gerais que pudessem fornecer subsídios que explicassem a estrutura subjacente nos comportamentos manifestos nas interações sociais. Em contrapartida, a psicologia transcultural se preocupou em determinar as possibilidades de generalização a outras culturas dos achados provenientes dos estudos feitos na cultura norte-americana, desenvolvendo estudos comparativos que envolvessem diferentes países e grupos culturais. Logo, os estudos transculturais objetivam encontrar a variabilidade existente no comportamento das várias sociedades ou grupos culturais a fim de identificar o que é particular e o que é genérico de cada cultura. Os(as) pesquisadores(as) priorizam adotar a dimensão individualismo versus coletivismo para explicar a variabilidade entre condutas sociais observadas em diferentes culturas.

Para Ferreira (2002), o individualismo caracteriza as culturas em que a experiência social se organiza em torno de indivíduos autônomos, enquanto o coletivismo é definido por laços fortes aos grupos de pertença, predominante em culturas estruturadas em função da coletividade (família, tribo, grupos religiosos, país). As culturas individualistas priorizam o regulamento do comportamento individual, auto-suficiência e separação dos objetivos pessoais dos objetivos grupais, sendo que a pessoa é o centro do campo psicológico, ao contrário das culturas coletivistas, em que os indivíduos submetem seus objetivos pessoais aos objetivos do grupo e seu campo psicológico é o grupo (Bontempo, Lobel & Triandis, 1990).

Na verdade, as diferentes culturas apresentam uma maior probabilidade de serem individualistas ou coletivistas. No entanto, Ferreira (2002) ressalta que a maioria das pesquisas sobre a temática do individualismo e coletivismo foi realizada comparando padrões de comportamento de asiáticos e norte-americanos e, algumas vezes, de europeus indicando que os resultados não retratem a realidade de países latino-americanos, que tem suas próprias particularidades.

Numa perspectiva sociológica, Damatta (1997) expõe que os sistemas sociais se diferem a partir de uma distinção entre o que se entende por indivíduo e pessoa, sendo que esses termos são usados para explicar o universo social e de nele agir. A palavra indivíduo, na abordagem sociológica, significa ser livre, ter um direito a um espaço próprio, ser igual aos outros, fazer escolhas, fazer as regras do mundo onde vive, sendo que sua consciência é individual. Enquanto pessoa é definida por ser presa à totalidade social à qual está vinculada, complementar aos outros, não ter escolhas, receber as regras do mundo onde vive, sendo que sua consciência é social.

Damatta (1997, p.226) ainda usa o ditado brasileiro “aos mal-nascidos, a lei, aos amigos, tudo” para explicar sobre as leis no Brasil. Através desse ditado, ele explica que quem faz parte de uma rede importante de dependência social no Brasil tem direito a tudo, enquanto que aqueles que se encontram isolados diante da sociedade, sem mediações pessoais só têm direito à lei. Em outras palavras, Sales (1999) reitera que os(as) brasileiros(as) que têm seus mediadores sociais se sentem no direito de tirar vantagem das situações, pela consciência que têm se sua posição de superioridade em relação aos outros. Ainda Damatta (1997, p.219) justifica que as leis igualam e tornam os indivíduos sem história, sem relações sociais. No sistema brasileiro, são usadas expressões como “sabe com quem está falando?” que simbolizam o uso da autoridade, que tenta transformar o universo da universalidade legal para o mundo das relações concretas e pessoais e o “jeitinho brasileiro” que representam uma forma de corromper a lei e abrir uma exceção dessa regra.

A socióloga Sales (1999, p.103) explica que a expressão “jeitinho” denuncia a profunda diferença entre as classes sociais no Brasil, denotando que “a lei é para os outros, não para mim, que sou melhor e mais esperto”. Neste sentido, o termo jeitinho oculta a desigualdade social brasileira edificada numa cultura política de mando e subserviência. Essa teórica desenvolveu o conceito fetiche da igualdade para estudar a desigualdade social brasileira do ponto de vista da cultura política, considerando o fetiche como mediador nas relações de classe. Isto é, o jeitinho do brasileiro se relacionar, sua informalidade no convívio e o seu calor humano estão a serviço de mascarar as diferenças de classes, privatizando as relações sociais, anulando as diferenças entre o público e o privado e encurtando essas distâncias sociais.

A História contribui para elucidar a maneira como se constitui a cultura de um povo. Como exemplo, Gambini (2000) explica que a primeira noção acerca do Brasil é concebida na escola, onde é ensinado que os(as) brasileiros(as) são “ fruto do descobrimento movido pelo acaso, por calamarias e desvios de rotas, por uma delirante chegada às Índias” (p. 159). Ele questiona se o fato de dizer que o Brasil foi descoberto não sugere que algo maravilhoso, que sempre estivera escondido, repentinamente, surgiu. Desse modo, o autor defende a idéia de que nunca houve descobrimento, mas sim invasão de um território habitado em toda sua extensão, já que o solo brasileiro já estava ocupado por seres humanos há trinta mil anos. Assim, o drama da origem dos(as) brasileiro(as) reside, inicialmente, na negação de que os(as) indígenas tivessem alma, fazendo com que a experiência humana acumulada durante milhares de anos não fosse também levada em consideração.

No século XVI, os(as) índios(as) brasileiros(as) já tinham aprendido a sobreviver, encontrar e preparar alimentos, formar vínculos sociais, criar uma linguagem. Isso significa que questões de organização social como arte, língua, religião, lazer, valores já haviam sido resolvidas pelos(as) 12 milhões de índios(as) que deviam habitar o Brasil no século XVI.

Os estrangeiros distorceram e negaram toda essa configuração que já tinha sido estabelecida pelos(as) índios(as). Gambini (2000) justifica dizendo que, no Brasil, havia mais de mil variações do idioma, sendo que hoje, não restam mais do que 170 línguas indígenas. Além das línguas perdidas, outros aspectos do inconsciente coletivo brasileiro foram deletados como “sentimentos, maneiras de ver, compreender e valorizar o mundo” (Gambini, 2000, p. 161). Para entender a origem do povo brasileiro, esse autor aponta que é imprescindível entender essas perdas que esse povo foi perdendo ao longo de sua história.

Quando os portugueses desembarcaram na Bahia, os(as) índios(as) nus os receberam movidos pela curiosidade, pelo deslumbramento de conhecerem utensílios desconhecidos, homens de aparência diversa portadores de metais reluzentes. Por isso, no momento do desembarque, os(as) indígenas acreditavam que os navegantes eram portadores de boas novas, sendo que essa crença levou os(as) indígenas(as) receber os estrangeiros de braços abertos (Gambini, 2000).

Nas palavras desse autor, “a pedagogia missionária dizia à criança índia: esqueça quem você é, abandone sua identidade, desvencilhe-se de sua alma, olhe para mim, espelhe-se em mim, queira e fique igual a mim” (p. 174). A partir desse fragmento, depreende-se que a fundação desse povo se deu com o desprezo e negação das suas raízes.

O historiador Azevedo (1996) descreve os traços dominantes que caracterizam os(as) brasileiros(as) como o predomínio do afetivo, do irracional e do místico, que configuram a vida brasileira ditada por uma “ética de fundo emotivo” (Holanda, 1995, p. 148). Os grupos humanos se formam e também se mantém por um conjunto de crenças, preconceitos e lógica de sentimentos. Assim, verifica-se que os sentimentos interferem constantemente no juízo crítico, nas opiniões, nas formas de raciocínio emocional, levando esse povo a não ter interesse, na maioria das vezes, pelas considerações objetivas e tender resolver os problemas concretos em termos pessoais.

A bondade é um dos atributos mais gerais que constituem os(as) brasileiros(as), que é manifestada através da sua sensibilidade ao sofrimento alheio, da sua facilidade em esquecer e perdoar as ofensas recebidas, da tolerância, da hospitalidade e a da generosidade no acolhimento. Azevedo (1996) atribui à distância, que separava um núcleo de população de outro, a hospitalidade como marca brasileira. Segundo o autor, a chegada de viajantes nesses povoados era sempre motivo para festa, pois era quando podiam ter contato com o mundo exterior e quebrar a monotonia da solidão. A distância entre os núcleos de populações favoreceu a hospitalidade, bem como o fortalecimento do sentimento de família. Desse modo, o núcleo familiar oferecia amparo aos seus membros que eram submetidos à sedução dos viajantes, estrangeiros ou forasteiros.

Holanda (1995) concorda com Azevedo (1996) ao referir à cordialidade, à hospitalidade, à generosidade como traços que definem o caráter brasileiro. No entanto, Holanda (1995) e Ribeiro (1995) atribuem não à distância física entre os povos o fator propulsor da hospitalidade, mas sim à desigualdade social entre as classes sociais. Da mesma forma que Damatta (1997) usa o termo expressão jeitinho e Sales (1999) utiliza a expressão fetiche da igualdade para abordarem a informalidade do povo brasileiro, Holanda (1995, p.148), por sua vez, emprega o conceito homem cordial para expressar o modo como os(as) brasileiros(as) através da informalidade no convívio encurta as distâncias sociais. Para Holanda (1995), esse homem cordial é fator de mediação entre classes sociais, caracterizado pelo horror às distâncias, arraigado na esfera do íntimo, do familiar e do privado, entrando em cena até mesmo naquelas relações onde se esperaria que as pessoas fossem mais caracteristicamente informais.

Processos migratórios e aculturação

A necessidade de mudança faz parte da natureza humana e isso favorece o desenvolvimento, pois o ser humano sofre diferentes influências durante a sua vida decorrente da sua interação com o meio ambiente. Percorrendo os registros históricos da humanidade, verifica-se que os fenômenos migratórios, no período pré-histórico, contribuíram para a evolução da espécie humana, através da capacidade de adaptação a diferentes ambientes.

Na época que compreende o império romano, a campanha das cruzadas e o período das grandes navegações, o objetivo dessas migrações era a a colonização. Já a partir da Revolução Industrial, a emigração passa a ser a alternativa encontrada pelas classes camponesas para buscar melhores condições de sobrevivência.

Dentre os fatores considerados pelos indivíduos ao migrarem, Rocha (1996) cita melhores condições de emprego, moradia, fatores de adaptação e despesas. Geralmente, as causas que impulsionam esse fenômeno são de ordem econômica, porém podem ser a busca de novas experiências. Goza (1992) informa que, entre as décadas de 40 a 80, o Brasil, com condições tão favoráveis, conheceu um êxodo maciço de emigrantes à procura de melhores oportunidades em outros lugares.

Os processos migratórios não só interferem na urbanização do local, como também influenciam a identidade cultural. Quando a pessoa emigra fisicamente, isso não quer dizer que tenha também emigrado emocionalmente, pois ultrapassar as fronteiras geográficas não se constitui a principal tarefa da migração, mas sim transpor as barreiras sociais, econômicas, culturais e lingüísticas.

Na opinião de Rocha (1996), a identidade cultural dos indivíduos imigrantes sofre influência, na medida em que acabam adotando o modelo de comportamento da nova cultura a fim de serem aceitos pela nova sociedade. Do mesmo modo, Sarriera (2000) também busca explicar como os indivíduos que se desenvolveram num contexto cultural se administram para se adaptarem a novos contextos resultantes da migração. Neste caso, ele utiliza o conceito de aculturação para se referir às mudanças resultantes desse encontro intergrupal, em que pessoas ou grupos, originárias de diferentes contextos culturais, estabelecem contato regular com outra cultura no meio da qual têm que refazer suas vidas.

A adaptação, conforme Berry (2002), implica em desaprender algum repertório comportamental que não é mais apropriado, e aprender um novo repertório que seja compatível com o novo contexto social e cultural. Isso é levado em conta por Sebben (1996) ao falar que, na emigração, a pessoa é levada a pensar e raciocinar no idioma da comunidade local dentro de um contexto diferente do que é acostumado.

Para Sarriera (2000), a boa adaptação está diretamente vinculada à valorização da própria cultura, que também é ilustrada por Sebben (1996, p.151) ao dizer que “ o intercambista, muitas vezes, apresenta a necessidade de se manter vinculado a vários elementos de seu contexto cultural de origem, tais como música, alimentos, cartas, lembranças e sonhos, onde ressurgem aspectos de seu país de origem, como forma de manter ativa a experiência de “ser ele mesmo” .

Nos casos em que a pessoa percebe a experiência migratória como geradora de estresse e ela ou ele não tem uma boa resposta de enfrentamento, pode aparecer a depressão e a ansiedade. Isso acontece, porque as mudanças no contexto cultural excederam a capacidade do indivíduo devido à magnitude, velocidade ou algum outro aspecto de mudança ou devido à aprendizagem ou problemas psicológicos como a depressão ou a ansiedade. Essas questões também são consideradas por Sebben (1996) ao enfatizar que há a possibilidade do indivíduo manifestar alguma doença física ou psicológica, porém a gravidade da enfermidade também está relacionada ao contexto de migração, isto é, sozinho ou em grupo.

Berry (2002) menciona outros fatores que contribuem para a aculturação: idade, educação e distância cultural. Esse autor enfatiza que a idade daquele(a) que emigra vai ter relação como se processa a aculturação. Provavelmente, os conflitos sejam máximos no período entre a adolescência e a vida adulta jovem, quando os indivíduos estão desenvolvendo sua identidade.

Elevado nível de educação é fator de proteção para uma adaptação positiva, pois diminui o estresse. Berry (2002) justifica que a educação é um recurso pessoal em si mesmo, a análise e a resolução de problema treinadas na educação formal contribuem para uma melhor adaptação. Recursos como o status ocupacional e rede de apoio favorecem uma boa adaptação. Por outro lado, grandes distâncias culturais implicam na necessidade de grandes desprendimentos culturais e re-aprendizagem cultural, podendo trazer conflitos ininterruptos levando a conflitos que geram uma pobre adaptação.

Retorno

Sayad (2000) destaca que o retorno é naturalmente o desejo e o sonho de todos(as) os(as) imigrantes. É como recuperar a visão, a luz que falta ao cego e à cega, mas, como os(as) cegos(as), eles e elas sabem que esta é uma operação impossível. Só lhes resta, então, refugiaram-se numa intranqüila nostalgia ou saudade da terra natal.

Esse autor afirma que o retorno é, para o(a) próprio(a) imigrante, mas também para o seu grupo, um retorno a si, um retorno ao tempo anterior à emigração, uma retrospectiva. Há a possibilidade de voltar ao ponto de partida, mas, por outro lado, não se pode voltar ao tempo da partida, tornar-se novamente aquele(a) que se era naquele momento, nem reencontrar na mesma situação, os lugares e as pessoas que se deixou. Sebben (1996, p.134) concorda com Sayad (2000) quando defende a idéia de que nenhum “retorno é um simples retorno, pois é uma nova emigração, com perdas, medos e esperanças”.

Sebben (1996) postula que ao retornar ao país de origem, o(a) imigrante carrega consigo uma bagagem de conhecimentos e experiências adquiridas que o fazem se sentir estranho(a) frente às pessoas de quem anteriormente sentia-se mais íntimo(a). Em função disso, o país de origem parecerá estrangeiro, ao passo que o país de emigração será conhecido, o que acarreta dificuldades de readaptação. As experiências e costumes vivenciados no exterior dificultarão os(as) brasileiros(as) a participar espontaneamente de muitos fenômenos no seu país e passar por novas experiências, pois se posicionarão criticamente tendo em vista a outra realidade cultural inserida no seu modo de ser.

 

Método

Participantes

Os(as) participantes desta pesquisa foram três homens e três mulheres, com idade entre 20 e 35 anos, que moraram por pelo menos seis meses no exterior e que aceitaram conceder entrevista. A escolha foi por conveniência, recurso utilizado para realizar o estudo na própria rede de contatos da pesquisadora. A escolha de 6 participantes baseou-se no critério de saturação proposto por Bauer e Aarts (2004, p.39) ao afirmar que “saturação é um critério de finalização” e também em Gaskell e Bauer (2004, p.485) ao defenderem a idéia de que o tamanho da amostra não interessa se há evidência de saturação, acrescentando que a “construção do corpus é um processo interativo, onde camadas adicionais de pessoas ou textos são adicionados à análise até que se chegue a uma saturação e dados posteriores não trazem novas observações”.

Apesar de utilizar trechos de entrevistas literais da fala dos participantes, seus dados pessoais foram trocados para evitar identificação. A participante A, 27 anos, sexo feminino, 3° grau completo, morou com seu esposo por três anos nos Estados Unidos, onde realizou curso de pós-graduação e trabalhou em restaurantes e numa consultoria de Recursos Humanos. No momento da partida para o exterior tinha 23 anos. A participante B, 32 anos, sexo feminino, 3° grau completo, morou por quatro anos na França, sendo que viajou para lá aos 24 anos para acompanhar o esposo, e não trabalhou. A participante C, 33 anos, sexo feminino, 3° grau completo, morou em três países diferentes da Europa. Aos 19 anos, foi para Espanha, onde trabalhou como babá , e depois, teve a oportunidade de morar na Itália e Bélgica, perfazendo um ano e onze e meses de experiência no exterior. O participante D, 25 anos, sexo masculino, 3° grau completo, morou um ano na Alemanha para estudar alemão quando tinha 22 anos. O participante E, 31 anos, sexo masculino, 3° grau completo, morou por seis meses na Bélgica, quando foi, aos 24 anos, finalizar seu curso de pós-graduação. O participante F, 28 anos, sexo masculino, 3 ° grau completo, viajou para os Estados Unidos, aos 24 anos, e morou lá durante três anos, realizando curso de pós-graduação e trabalhando como entregador de pizza.

Instrumentos

Para a obtenção dos dados, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas que centravam-se nos seguintes aspectos: 1. A percepção da cultura brasileira após o retorno ao Brasil, 2. Os aspectos comuns entre a cultura brasileira e a cultura estrangeira, 3. Os aspectos diferentes entre a cultura brasileira e a cultura estrangeira, 4. Os significados da vivência no exterior e suas repercussões no modo de ser do(a) adulto jovem.

As entrevistas foram transcritas e os dados brutos do texto decorrente foram transformados em unidades de significados. Posteriormente foram agrupadas em sete categorias de acordo com suas semelhanças do ponto de vista semântico (Moraes, 2000) e submetido à análise de Conteúdo proposta por Bardin (1991).

 

Resultados e discussão

O material levantado nas entrevistas foi classificado nas seguintes categorias: (a) Percepção de adultos(as) jovens que viveram temporariamente no exterior quanto à sua própria cultura após retornar ao seu país, (b) Aspectos comuns entre a cultura brasileira e a estrangeira, (c) Aspectos diferentes entre a cultura brasileira e a estrangeira, (d) Significados da vivência no exterior, (e) Mudanças no modo de ser após a viagem, (f) Dificuldade de adaptação no exterior, (g) Dificuldade de readaptação no retorno ao Brasil. Após a reunião e síntese dessas categorias, passou-se à análise qualitativa das entrevistas.

A categoria “Percepção de adultos(as) jovens que viveram temporariamente no exterior quanto à sua própria cultura após retornar ao seu país” reitera a concepção da cultura brasileira, na perspectiva dos relacionamentos, como calorosa. Neste sentido, recortes das entrevistas como “cultura com mais contato físico, afetividade, povo hospitaleiro que vai fazer de tudo para ajudar” (participante A) ilustram o que Azevedo (1996), Holanda (1995) e Ribeiro (1995) retratam como características do povo brasileiro, quando afirmam que a prevalência do afetivo e a bondade são atributos que constituem o(a) brasileiro(a). Esse aspecto é apontado por Gambini (2000) ao referir que a hospitalidade brasileira tem raízes históricas, porque revela que os(as) indígenas percebiam os colonizadores portugueses como portadores de boas novas e, assim, recebiam os estrangeiros com braços abertos. A afetividade qualifica cultura coletivistas, porque Bontempo, Lobel e Triandis (1990) citam um estudo comparativo da Cultural Conection entre vinte e um brasileiros(as) e vinte e um cidadãos(as) provenientes de outros países não latino-americanos, que constata ser a cultura brasileira coletivista, orientada por forte sentimento de reciprocidade e solidariedade, residindo também, nesta perspectiva, uma justificativa para os(as) entrevistados(as) terem eleito a afetividade como predicado de sua cultura. Esse achado condiz também com os resultados da pesquisa de Sales (1999) realizada com imigrantes brasileiros em Boston, Estados Unidos, pois seus entrevistados e suas entrevistadas também assinalaram o calor humano como marca característica do povo brasileiro.

Ainda nessa categoria, foi descrita a dificuldade dos(as) brasileiros(as) cumprir com o que prometem, aludindo à expressão “jeitinho brasileiro” para definir o modo como os(as) brasileiros(as) lidam com os compromissos. Todos os depoimentos denotam a dificuldade “do brasileiro não ter compromissos com horários, de assumir compromissos e levá-los adiante e de cumprir regras” (participante C), indo ao encontro das explicações de Damatta (1997) e de Sales (1999) acerca do funcionamento das leis no Brasil. Damatta (1997) cita o ditado brasileiro “aos mal-nascidos, a lei, aos amigos, tudo” para explicar que, no Brasil, quem faz parte de uma rede importante de importante de dependência social tem direito a tudo, enquanto que aqueles(as) que se encontram isolados(as), sem mediações sociais, só tem direito a lei. Isso significa, conforme Sales (1999, p.103), que “a lei é para os outros, não para mim, que sou o melhor e mais esperto”. Assim, a falta de compromisso dos(as) brasileiros(as) pode ser resultado dessa ideologia que hierarquiza as pessoas e permite que quem tem um(a) mediador(a), tenha o direito de não cumprir a lei.

Esse “jeitinho brasileiro” foi ilustrado de modo jocoso no comentário de um participante: “os brasileiros costumam dar um jeito em todas as coisas e tudo acaba em pizza” (participante F), sugerindo a alternativa bem humorada de como o povo administra suas dificuldades. Isso pode refletir a flexibilidade dos(as) brasileiros(as) em se adaptar às situações novas e o bom humor diante das adversidades impostas pela vida (Azevedo, 1996).

Por último, todos(as) os(as) participantes consideram que voltaram do exterior mais críticos(as) em relação à cultura brasileira. Isso reforça os achados de Sebben (1996) sobre o(a) imigrante que, tendo agora também a bagagem de experiências do país estrangeiro, não conseguirá ter novas vivências sem manter-se crítico(a).

No agrupamento “Aspectos Comuns entre as Culturas Brasileira e Estrangeira”, foi indicado que a cultura brasileira reproduz, em muitos aspectos, a cultura norte-americana, mostrando a tendência brasileira em abandonar a sua identidade em prol do espelhamento numa cultura estrangeira (Gambini, 2000). Além disso, os(as) entrevistados(as) mencionaram que a idade de namorar, época da faculdade e o sonho dos jovens coincidem na cultura brasileira e na cultura estrangeira, constituindo as mesmas tarefas do ciclo vital em ambas as culturas (Griffa, 2001).

Na categoria “Aspectos Diferentes entre a Cultura Brasileira e a Estrangeira”, a maioria dos(as) participantes constata que a saída do(a) jovem de casa no exterior é mais precoce. Nesse caso, deve-se considerar que eles(as) tiveram sua experiência intercultural em sociedades individualistas, que prescrevem como desejáveis valores, papéis e comportamentos em torno de indivíduos autônomos e que, por sua vez, são países desenvolvidos, que oferecem boas condições para garantir o auto-sustento cedo, fora da casa dos pais. O adiamento da saída de casa dos(as) jovens brasileiros(as) pode ser explicado por eles(as) estarem inseridos(as) numa cultura coletivista que privilegia o sentimento de família e pela economia brasileira dificultar a independência econômica dos pais.

Também nesta categoria, a cultura brasileira foi identificada como cultura do improviso, registrada nas falas “eles podem fazer projetos a longo prazo, nós fazemos as coisas no improviso e não nos programamos muito” (participante D) e “ o ritmo do brasileiro é outro, corremos mais, nós não sabemos se amanhã estaremos empregados” (participante E), denunciando o grau de instabilidade econômica e o desemprego brasileiros que imprimem suas marcas no comportamento do brasileiro. Desse modo, recorrer ao improviso torna-se o modo de sobrevivência dos(as) cidadãos(as) brasileiros(as) numa sociedade com economia flutuante. Esse modo improvisado de executar suas atividades desvela “a inverossímil alegria e espantosa felicidade de um povo sacrificado”(Ribeiro, 1995).

Na categoria “Mudanças no modo de ser após a viagem”, todos(as) os participantes conferem um maior amadurecimento devido à vivência fora do país. “Voltei mais segura, não tenho mais medo de nada. Eu acho que estou com mais coragem de encarar qualquer dificuldade” (participante B) são recortes dos depoimentos que sinalizam a coragem como um caminho para amadurecer e transpor obstáculos (May, 1999; Pelligrini, 1997).

O aumento da crítica foi outro aspecto destacado por todos(as) os entrevistados(as) identificado na fala “é introduzido outro parâmetro para pensar” (participante C), sugerindo que o legado da migração promove uma maior compreensão consigo mesmo(a) e com as contingências do ambiente (Sebben, 1996). Retornar ao Brasil mais críticos(as) é resultado da introjeção de novos paradigmas no seu modo de ser e como bem assinala Rauber e Cáceres (1997), o próprio afastamento social e cultural contribui para que se tornem mais críticos(as) em relação à sociedade que os cerca, reformulem valores e busquem autonomia.

Muitos trechos de entrevistas explicitam que a viagem propiciou uma reformulação de valores. Citações como “Aprendi a valorizar a cultura brasileira, relativizar a cultura, valorizar a família e as coisas que tenho” (participante C) coincidem com as afirmações de Rauber e Caceres (1997) ao enunciar que contato com a cultura diferente pode alterar valores pessoais e também com as de Sebben (1996) ao destacar que “o imigrante que retorna traz consigo uma reorganização de valores e de vínculos” (p.135).

Outra categoria consistiu nos “Significados da Vivência no Exterior”, na qual a emigração simbolizou de maneira unânime um momento de transformação e descobertas pessoais. O relato “eu me descobri outra pessoa, me transformei, acho que o que mudou é que eu me senti mais livre” (participante A) pode denotar o quanto o afastamento do núcleo familiar, social e cultural propicia uma atmosfera de liberdade, levando esse participante a se mover, pensar, sentir e, acima de tudo, compreender a maneira como se sente em seu próprio mundo interior (Rogers, 1999). Em outras palavras, Pelligrini (1997) exprime que o ato de viajar a lugares próximos ou distantes pode representar ir em busca de recados, descobertas e insights que possam ampliar os limites da consciência do mundo, da vida e de nós mesmos.

Os dados das entrevistas sinalizaram outras categorias que, num primeiro momento, não consisitiam questões norteadoras deste estudo que foram as “Dificuldades de Adaptação no Exterior” e as “Dificuldades de Readaptação no Retorno ao Brasil”. A fala “a adaptação na França foi difícil, porque eu tive de deixar a família, mas isso fez cortar o cordão umbilical e então eu me tornei adulta. Quando cheguei na França, o choque cultural foi muito grande, pois eu não entendia nada. Eu tive um pesadelo que eu estava presa num vidro de conserva, como eu tivesse trancada e eu sou claustrofóbica, então eu me sentia presa num lugar” (participante B) sintetiza a fala de outros(as) participantes quando verbalizam que o desconhecimento inicial do idioma pode ser um agravante na experiência migratória, uma vez que a pessoa é levada a raciocinar numa língua da comunidade local dentro de um contexto diferente do que é habituada (Sebben, 1997). Para amenizar essa dificuldade, Berry (2002) preconiza que o(a) imigrante tente desprender algum repertório comportamental que não é mais apropriado e aprenda um novo mais compatível com o novo contexto social e cultural. Essa desadaptação inicial ocorre porque a “emigração traz uma desorganização generalizada no indivíduo por habitarem em si duas realidades diferentes: a do país recém-abandonado e a do novo país que se apresenta no momento” (Sebben, 1996, p.136).

Por último, emergiu a categoria “Dificuldades de Readaptação no Retorno ao Brasil”, na qual a experiência de volta ao país foi vivida como se estivesse no exterior. “Logo que se volta é como se voltasse para outro país, pelo menos foi o que eu senti. Eu tive que me readaptar, uma readaptação bastante difícil, quase tão difícil como morar num país estrangeiro” (participante B) foi uma declaração constante entre os(as) participantes que reflete que o país de origem pode parecer estrangeiro e que, no retorno, a pessoa pode se sentir estrangeira no próprio país, porque encontra uma realidade diversa como familiares, costumes, afetos e relacionamentos modificados (Sebben, 1996). Como os(as) entrevistados(as) não reencontram a mesma situação vivida no tempo de partida e também trazem consigo novos parâmetros de outra sociedade, esses fatos legitimam a sensação de estranhamento na volta ao Brasil (Sayad, 2000).

 

Conclusão

A experiência no exterior permitiu esses(as) jovens adultos(as) retornarem com sua cidadania ampliada. Como voltam com um parâmetro de outra sociedade introjetado, isso lhes favorece a repensar e criticar os aspectos da cultura brasileira. Os atravessamentos dessa nova realidade vivida em outro país imprimem marcas na sua identidade, o que os(as) leva se sentirem “fora do ninho” na volta ao Brasil.

Dos(as) seis entrevistados(as), dois homens e uma mulher viajaram para o exterior já com o terceiro grau completo e duas mulheres e um homem ainda estavam cursando o Ensino Superior. Desse modo, o nível educacional semelhante dos(as) participantes não indicou nenhuma diferença significativa que influenciasse na adaptação em outro país. Todos emigraram para o exterior em torno dos vinte anos de idade e, como nessa pesquisa não houve um grupo controle com idades diferentes para comparar com esse público pesquisado, não há como afirmar se a variável idade foi fator relevante na adaptação no exterior dos(as) participantes.

Os resultados obtidos não sugerem nenhuma diferença quanto ao gênero, o que talvez pudesse ser verificado com um maior número de participantes. No entanto, a eleição por seis participantes se deu pela saturação dos dados, tornando viável a realização desse estudo, uma vez que na fala dos(as) seis entrevistados(as) já foi possível observar repetição de informações.

A informalidade no convívio e o calor humano são os predicados que designam esse povo. Na verdade, esse modo de convivência brasileiro disfarça as diferenças entre as classes, na medida em que reduz as distâncias sociais. Diante desse resultado, é possível pensar que a informalidade e o calor humano dos(as) brasileiros(as) constatados nessa pesquisa não são novidades, pois o senso comum provê esse conhecimento acerca das características do povo brasileiro. Entretanto, teóricos como Sales (1999), Ribeiro (1995), Holanda (1995) e Damatta (1997) legitimam o que já é de conhecimento de todos nós acerca dos(as) brasileiros(as). Consideramos que apesar dessas características, muitas vezes, ilustrarem a fotografia dos(as) brasileiros(as), não podemos tomar esse achado como universal, pois também há brasileiros(as) pontuais nos seus compromissos, reservados(as) nos relacionamentos.

Vislumbrar outros horizontes num país estrangeiro agrega amadurecimento, sendo uma possibilidade também de revisar valores. Cruzar fronteiras em busca do desconhecido impulsiona problematizar saberes cristalizados e encontrar as peças-chave que possam ser o embasamento na edificação de novos conhecimentos e valores.

 

Referências

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Endereço para correspondência
E-mail: raroberta@hotmail.com

Recebido em setembro de 2006
Aceito em maio de 2007

 

 

* Roberta de Alencar-Rodrigues: psicóloga; mestre em Psicologia Social e da Personalidade na PUCRS. Docente e supervisora de estágio da Faculdade Assis Gurgacz, Cascavel, Paraná.
** Marlene Neves Strey: psicóloga; doutora em Psicologia pela Universidade Autônoma de Madri; orientadora e coordenadora do Grupo de Relações de Gênero no Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS.
*** Janice Pereira: psicóloga; doutora em Psicologia pela PUCRS; professora da Faculdade de Psicologia da PUCRS.
* Trabalho apresentado para conclusão de curso.

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