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Aletheia

versão impressa ISSN 1413-0394

Aletheia  n.28 Canoas dez. 2008

 

EDITORIAL

 

É com satisfação que apresentamos à comunidade científica mais um número da revista Aletheia, comemorando os 25 anos de criação do curso de Psicologia em nossa universidade e os 14 anos de publicação da revista. A Aletheia, como meio de divulgação científica em Psicologia, possui uma árdua e complexa missão, atribuída a seus editores e, em especial, a seus autores: traduzir em palavras e em um discurso cientificamente articulado experiências reflexivas e investigativas complexas.

Enquanto representações dessas experiências complexas reduzidas à linguagem, as “histórias” de nossos autores funcionam como ferramentas simbólicas, formas de entender a experiência humana como uma implantação no tempo e no espaço. Nessa mesma linha, remetemos a Bakhtin, que desenvolveu uma teoria “dialógica”, a qual conectava a experiência de vida com a autoria e propunha que a linguagem e os gêneros se apresentam às pessoas através da participação cultural e se referenciam nas bases de significado pelas quais se interpretará e se responderá ao mundo.

As respostas que se dão às mensagens de cada momento da existência são como um processo autoral em primeira pessoa. Cada pessoa é autora de sua própria história e, como em cada ato autoral, a eleição e a interpretação são imprescindíveis. Mas também cada ato de autoria é um ato de co-autoria. As palavras e as interpretações disponíveis para as pessoas originalmente não pertencem a elas, mas suas histórias estão presentes na interação com os outros, e suas palavras e atos localizam os autores e as interpretações assertivas pelas quais respondem os autores.

Assim, trabalhos como os desenvolvidos por Leonardo Machado da Silva e Raquel Vitola Rieger (Chronic pain, stress and their psychoneuroimmunologic implications: a literature review), Leandro Palencia (Las estructuras formales del arte y del psicoanálisis. ¿Se puede tumbar el arte en el diván?), Paulo Cesar Porto-Martins (El síndrome de quemarse por el trabajo (burnout) e por Leopoldo Nelson Fernandes Barbosa; Ana Lúcia Francisco e Karl Heinz Efken (Morte e vida: a dialética humana) apresentam-se como importantes reflexões sobre os rumos do desenvolvimento epistemológico da Psicologia na contemporaneidade, considerando tanto sua interface com áreas afins (como a Psicanálise, por exemplo), como sua perspectiva de prática socialmente construída.

Já os trabalhos de Mayra Silva de Souza, Makilim Nunes Baptista e Gisele Aparecida da Silva Alves (Suporte familiar e saúde mental: evidência de validade baseada na relação entre variáveis), Lucilene Sander e Andréa Vieira Zanella (Memória e experiência no processo de formação estética de professores(as)), Fermino Fernandes Sisto, Daniel Bartholomeu, Acácia Aparecida Angeli dos Santos, Fabián Javier Marín Rueda e Adriana Cristina Boulhoça Suehiro (Estudo preliminar para a construção de uma escala de agressividade para universitários), Ana Lúcia Balbino Peixoto e Maria Margarida Pereira Rodrigues (Diagnóstico e tratamento de TDAH em crianças escolares, segundo profissionais da saúde mental), Paula Munimis Spotorno, Isabela Machado da Silva e Rita Sobreira Lopes (Expectativas e sentimentos de mulheres em situação de reprodução medicamente assistida), João Carlos Alchieri, Janaína Castro Núñez, Clarissa Socal Cervo e Cláudio Simon Hutz (Características de validade convergente e divergente de instrumentos de avaliação da personalidade com o Inventário de Estilos de Personalidade de Millon), Diana Pancini de Sá Antunes Ribeiro; Miriam Tachibana e Tânia Maria José Aiello-Vaisberg (A experiência emocional do estudante de psicologia frente à primeira entrevista Clínica), Cláudia Pietrângelo Lima e Cristina Vilela de Carvalho (Fibromialgia: uma abordagem psicológica), Edil Ferreira da Silva e Yldry Souza Ramos (Processo de Trabalho na produção de verduras no Alvinho em Lagoa Seca-PB: a atividade dos trabalhadores e sua relação com o processo saúde-doença), Carolina Santos Soejima e Lídia Natália Dobrianskyj Weber (O que leva uma mãe a abandonar um filho?) e o de Monique Araújo de Medeiros Brito, Magda Dimenstein (Contornando as grades do manicômio: histórias de resistências esculpidas na instituição total) configuram-se como apresentações e discussões de pesquisas psicológicas que vão além de uma discussão epistemológica ou uma análise metodológica. Retratam e questionam novas formas de configuração dos fenômenos humanos e, em especial, como a Psicologia se organiza (instrumental e teoricamente) para descrever e analisar tais fenômenos de uma forma o mais crítica e contextual possível. Pelo menos é essa a análise que fazemos sobre a riqueza do material aqui apresentado.

Para entender melhor esse processo, referenciamos as idéias do crítico literário Wolfgang Iser: a importância está no leitor. O significado da escrita não se encontra nem no texto, nem no contexto, mas em algum ponto intermediário entre os dois. Assim, pode-se entender que o significado do texto só emerge quando é lido e, portanto, quando o leitor implícito fala.

Apenas podemos supor quem serão os leitores dos trabalhos aqui apresentados, mas temos certeza de que poderão se aproximar de uma amostra criteriosa e representativa da pesquisa e da reflexão sobre a psicologia da atualidade.

Boa leitura!

 

 

Profa. Dra. Mary Sandra Carlotto
Editora

Prof. Dr. Adolfo Pizzinato
Editor associado

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