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Aletheia

Print version ISSN 1413-0394

Aletheia  no.34 Canoas Apr. 2011

 

ARTIGOS DE PESQUISA

 

Adolescentes que vivenciam a ausência paterna temporária: características pessoais e planos em relação ao futuro

 

Adolescents who experiment temporary father's absence: personal characteristics and plans for future

 

 

Ilciane Maria Sganzerla; Daniela Centenaro LevandowskiI

I Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)

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RESUMO

O objetivo deste estudo foi relatar características mencionadas por adolescentes do sexo feminino, em avaliação para psicoterapia, acerca de si mesmas, bem como seus planos em relação ao futuro. Participaram do estudo cinco adolescentes de 13 a 17 anos, que vivenciavam em seus contextos familiares a ausência paterna temporária. Através de análise qualitativa de conteúdo dos relatos das sessões, foram organizadas duas categorias: características pessoais e planos em relação ao futuro. Foi possível identificar características da adolescência, como a busca por relações de amizade e a dependência econômica dos pais. Também foram reveladas outras características, tais como um desejo de ajudar os outros, planos futuros bem elaborados e um receio de repetir a escolha conjugal materna. Cabe destacar que as adolescentes apresentaram uma descrição bastante apurada de si mesmas. Sugere-se que novos estudos abordem também a percepção de pais e mães acerca de suas filhas, a fim de complementar essa descrição.

Palavras-chave: Adolescência, Avaliação para psicoterapia, Ausência paterna.


ABSTRACT

The present study aimed to describe female adolescent's personal characteristics, as well as their plans for future. Five adolescents, from 13 to 17 years old, took part in the study. They lived in families with father's temporary absence and were under evaluation process for psychotherapy. Through qualitative content analysis of the psychological session's reports, it was organized two categories: personal characteristics and plans for future. It was possible to identify some characteristics of adolescence period, such as the search for friendships and the economical dependence of parents. Also, other characteristics like the wish to help others, well delineated future plans and a concerning about repeating maternal marital choice. It is important to highlight that participants presented a very accurate description of themselves. It was suggested that new studies also include the father's and mother's perceptions about their daughters, in order to increase this description.

Keywords: Adolescence, Psychotherapy evaluation process, Father absence.


 

 

Introdução

A temática da ausência paterna constitui um assunto pouco explorado no campo científico no período compreendido entre 1998 e 2008. A partir de uma revisão de literatura, constata-se que ainda são poucos os estudos que se debruçaram sobre este assunto focalizando suas repercussões entre filhos adolescentes (Sganzerla & Levandowski, 2010). Contudo, a ausência paterna, especialmente de caráter prolongado, pode ser um fator de risco para o desenvolvimento psicológico, cognitivo e social do adolescente (Eirizik & Bergmann, 2004). De fato, dentre as repercussões da ausência paterna encontram-se na literatura a exibição de comportamentos delinquentes (Harper & McLanhan, 2004), um amadurecimento físico precoce (Bogaert, 2005) e até mesmo dificuldades dos filhos para a conquista de autonomia (Felzenszwalb, 2003).

As pesquisas realizadas internacionalmente no período mencionado enfatizam a ausência paterna de caráter mais definitivo (Sganzerla & Levandowski, 2010). Nesse sentido, parece ser possível caracterizar a ausência, de acordo com a sua duração, em temporária ou definitiva/prolongada, tendo por base o tipo de convivência (contato) do pai com seus filhos (Eizirik & Bergmann, 2004; Felzenzwalb, 2003). Além dessa diferenciação, há que se considerar também as diferenças entre a ausência de caráter físico (não presença) e a ausência de caráter emocional (afetiva). Assim, um pai pode ser fisicamente presente, mas ausente emocionalmente (Dantas, Jablonski & Féres-Carneiro, 2004). Talvez em função dessas particularidades não se encontre ainda um consenso na literatura acerca de definição desse termo (East, Jackson & Brien, 2006).

De qualquer forma, considera-se que o estudo da ausência paterna temporária, em especial no que diz respeito à adolescência, mostra-se como um desafio para a pesquisa e a clínica psicológica, uma vez que relações harmoniosas entre pais e filhos nessa faixa etária favorecem a saúde psíquica dos últimos (Brown & Wright, 2001). Entende-se que a falta de contato com o genitor, mesmo que temporária, pode prejudicar a harmonia dessa relação, o que se torna ainda mais relevante quando se pensa em algumas características dessa fase, como a necessidade de reorganização do vínculo com as figuras parentais (Jordão, 2008).

Assim, o presente estudo pretende contribuir para o preenchimento dessa lacuna encontrada na literatura acerca da ausência paterna temporária, visando à identificação da forma como adolescentes do sexo feminino, que vivenciam essa condição familiar e se encontram em processo de avaliação para psicoterapia, descrevem a si mesmas, bem como seus planos em relação ao futuro. Cabe destacar que, nesse estudo, considerou-se como ausência paterna temporária o intervalo de tempo de pelo menos dois meses em que o pai permanece fora de casa, em função de exigências profissionais. Obviamente isso não significa desconsiderar que outros adolescentes possam não contar com a presença paterna por motivos como o divórcio e até mesmo a morte do genitor (Felzenzwalb, 2003). Entretanto, tais situações não foram contempladas nesse estudo.

Além disso, o presente estudo preenche outra lacuna encontrada na literatura. No caso, os estudos que enfocaram o contexto da psicoterapia com adolescentes dentro de uma abordagem psicanalítica em geral contemplam temáticas como delinquência (Balaguer, 2005), transtornos alimentares (Pinzon, Gonzaga, Cobelo, Labaddia, Beluzzo &Fleitlich-Bilyk, 2006), fantasias sexuais inconscientes (Bodstein & Arruda, 2006), quadros psicóticos (Lauru, 2002;), problemas escolares (Eizirik & Bergmann, 2004). Não foram localizados estudos brasileiros sobre o processo de avaliação para psicoterapia nessa abordagem que enfocassem as temáticas do presente estudo (características pessoais e planos para o futuro). Contudo, da mesma forma que nos estudos supracitados, também no presente estudo as temáticas surgiram espontaneamente no processo de avaliação para psicoterapia e só posteriormente esse material foi utilizado para pesquisa.

Ainda consultando a literatura, poucos estudos brasileiros já foram realizados com adolescentes descrevendo a si mesmos ou a adolescência e o “ser adolescente" (por ex., Assis, Avanci, Silva, Malaquias, Santos & Oliveira, 2003; Assis, Avanci, Santos & Malaquias, 2004; Gomes & Caramaschi, 2007). Esses estudos tem apontado algumas características valorizadas pelos adolescentes, como a beleza e a inteligência, bem como percepções positivas sobre si mesmos, que incluem atributos como alegria, extroversão, simpatia, inteligência, responsabilidade, sinceridade e honestidade, dentre outras. Quanto aos planos em relação ao futuro, os resultados dos estudos já realizados sobre esse tópico (por ex., Wagner, Falcke, & Meza, 1997; Oliveira, Fischer, Martin & Teixeira, 2001; Günther & Günther, 1998) indicam preocupações quanto à carreira profissional e a formação acadêmica. A realização pessoal e a felicidade também são mencionadas.

Tendo em vista essas considerações e levando-se em conta as características familiares específicas das adolescentes do presente estudo, a expectativa inicial era de que as mesmas poderiam apresentar baixa autoestima e revolta pela ausência do pai, o que repercutiria na sua descrição de si mesmas e planos futuros. Mais especificamente, esperava-se que as adolescentes se colocariam na condição de vítimas pela ausência paterna, descrevendo-se de forma depreciativa. Ainda, em virtude de essa ausência ser decorrente de exigências profissionais, que elas não priorizariam a carreira profissional em comparação aos planos que envolvessem a constituição de uma família, por exemplo.

 

Método

Participantes

Participaram do estudo cinco adolescentes do sexo feminino, de nível socioeconômico médio, cuja idade variou de 13 a 17 anos. Todas vivenciavam a situação de ausência paterna temporária e estavam em avaliação para psicoterapia. A seleção de adolescentes do sexo feminino decorreu justamente pela maior procura dessa clientela por atendimento psicológico, considerando-se a atuação profissional da primeira autora. A busca pela psicoterapia foi motivada por diversas razões, sendo a mais frequente a existência de problemas familiares, que originavam sentimentos negativos, como raiva, desânimo, medos e insegurança. A Tabela 01 apresenta os dados demográficos de cada participante de forma detalhada.

 

 

A Participante 1 tinha 15 anos de idade e cursava o 1º ano do Ensino Médio. É a irmã do meio, contando com mais dois irmãos do sexo masculino, de 10 e 17 anos, respectivamente. Seu pai permanece em média dois meses fora de casa, estando há quatro anos trabalhando como caminhoneiro. A mãe trabalha em uma fábrica de calçados. Ambos os pais têm o Ensino Médio incompleto. A adolescente reside com eles e com seus irmãos. A menina buscou ajuda psicológica por conta própria, por apresentar sintomas de angústia e depressão, advindos, segundo ela, dessa situação familiar.

A Participante 2 tinha 16 anos de idade e cursava o 2º ano do Ensino Médio. É a irmã mais velha de uma prole de quatro filhos de 6, 9 e 12 anos respectivamente. O pai permanece, em média, três meses fora de casa, pois há seis anos trabalha como representante comercial. A mãe trabalha em uma loja de calçado. O pai tem o Ensino Médio completo e a mãe, Ensino Fundamental completo. A adolescente reside com os pais e os irmãos, tendo buscado ajuda psicológica por iniciativa própria (embora tenha recebido incentivo por parte da mãe), por considerar que se encontra com depressão. Sentia-se muito triste, pois entende que a família estava muito desorganizada e apresentava muitos conflitos.

Já a Participante 3 tinha 16 anos e cursava o 2º ano do Ensino Médio. É a irmã mais velha de quatro filhos, sendo que os outros tem 3, 9 e 12 anos respectivamente. O pai permanece, em média, três meses fora de casa, na profissão de representante comercial, exercendo essa atividade há oito anos. A mãe trabalha em uma farmácia. Ambos tinham Ensino Médio completo. A adolescente reside com os pais e os irmãos e procurou ajuda psicológica acompanhada da mãe, visto que sempre se considerou feliz e tranquila, mas recentemente passou a apresentar insegurança e tristeza. Referiu que, mesmo entendendo a situação do pai, sente-se angustiada e deprimida pela situação familiar.

A Participante 4, por sua vez, tinha 17 anos e cursava o 3º ano do Ensino Médio. É a irmã mais velha de um casal de irmãos, sendo que o menino tem 8 anos de idade. Mora com seus pais, irmão e avós maternos. Seu pai permanece, em média, dois meses fora de casa, sendo que se encontra há cinco anos exercendo a profissão de caminhoneiro. A mãe trabalha em uma loja. O pai tem Ensino Fundamental completo e a mãe apresenta o Ensino Médio completo. A adolescente buscou ajuda, acompanhada da mãe, por estar apresentando medo intenso, sentimentos de solidão e condutas de isolamento, culpando a família por esses sintomas.

Por fim, a Participante 5 tinha 13 anos de idade e cursava a 7º série do Ensino Fundamental. É a irmã do meio, tendo mais dois irmãos, de 6 e 15 anos. O pai permanece, em média, quatro meses fora de casa, pois trabalha há cinco anos na profissão de caminhoneiro. A mãe trabalha em uma loja. O pai tem Ensino Fundamental completo e a mãe apresenta o Ensino Médio completo. A adolescente reside com seus pais e irmãos e vem apresentando comportamentos agressivos, irritabilidade e revolta com os pais. Com este quadro, motivou-se a procurar ajuda psicológica por iniciativa própria, a partir de indicação de outras amigas adolescentes.

Delineamento, instrumentos e procedimentos

O presente estudo, de caráter qualitativo-exploratório (Rey, 2002) visou relatar características mencionadas por adolescentes do sexo feminino, em avaliação para psicoterapia, acerca de si mesmas, bem como seus planos em relação ao futuro. Todas elas apresentavam como condição familiar o fato de os pais permanecerem temporariamente ausentes (pelo menos dois meses) em função da profissão.

A maior parte delas buscou ajuda psicológica de forma espontânea, a partir da realização de um contato telefônico, agendando horário com a secretária do consultório da pesquisadora. Em alguns casos, a motivação decorreu de depoimentos de outras amigas e colegas que também vivenciavam situação familiar semelhante e realizavam tratamento psicológico com a profissional, primeira autora deste estudo.

No primeiro contato no consultório, era feita inicialmente uma apresentação da pesquisa para a adolescente e um responsável (em geral a mãe). O presente trabalho deriva de um estudo maior, que originou a Dissertação de Mestrado da primeira autora, sob supervisão da segunda, que tinha por objetivo descrever as percepções de adolescentes do sexo feminino, em processo de avaliação para psicoterapia, sobre a ausência paterna temporária, bem como identificar expectativas, sentimentos e vivências dessas adolescentes a respeito dessa condição, além da sua percepção acerca da relação pai-filha, mãe-filha, relação conjugal, relação fraterna e funcionamento do grupo familiar como um todo.

Na presença da adolescente e seu responsável, eram explicitados os objetivos do estudo maior e solicitava-se a sua autorização para a gravação em áudio das sessões de avaliação para psicoterapia, para posterior transcrição e utilização do material pela pesquisadora. Após estes esclarecimentos, havendo interesse, procedia-se à leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Cabe ressaltar que nenhum convite foi recusado.

Era preenchida, então, uma Ficha de Dados Demográficos das Participantes e de sua Família, elaborada especialmente para esse estudo, para a melhor caracterização das mesmas. Ainda nesse mesmo encontro, deu-se início às sessões de avaliação para psicoterapia, que foram gravadas e posteriormente transcritas para análise. Embora no período de avaliação a pesquisadora também tenha realizado entrevistas com os responsáveis das adolescentes, foram considerados, para este estudo, apenas os relatos das adolescentes.

As sessões foram realizadas no consultório, pela própria pesquisadora, seguindo a forma normalmente empregada para a avaliação para psicoterapia. Foram realizadas em média três sessões com cada adolescente, com duração de 50 minutos e frequência semanal. Ao final, foram realizadas, com as adolescentes e seus responsáveis, entrevistas de devolução, momento em que se realizou encaminhamento para psicoterapia, pela identificação de tal demanda.

Somente ao final da avaliação com cada participante é que as suas entrevistas foram transcritas para análise, gerando um total de 408 folhas de relato (formatação: letra Times 12, margem 2.5, folha A4 e espaçamento 1.5 linhas). Em função da quantidade de material coletado e da repetição dos conteúdos trazidos pelas adolescentes, a coleta foi encerrada pelo critério de saturação, usado frequentemente em investigações qualitativas na área da Saúde (Fontanella, Ricas & Turato, 2008).

De posse de todo esse material, deu-se início à análise de conteúdo qualitativa dos relatos das sessões de avaliação para psicoterapia, seguindo a proposta de Laville e Dionne (1999), visando a atingir os objetivos do estudo maior. Por se contar com alguns temas prévios de interesse, foi seguido um modelo misto de categorização. Neste modelo, as categorias foram selecionadas no início, mas ocorreram modificações em função dos conteúdos que emergiram a partir da leitura e da análise do material.

Durante a leitura do material transcrito para a análise foram identificados, nos relatos das adolescentes, a menção a características pessoais, bem como planos em relação ao futuro. Estes trechos foram, então, recortados e sofreram o mesmo processo de análise de conteúdo qualitativa.

Cabe destacar que esse estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNISINOS (Protocolo n. 07/017), estando de acordo com as principais recomendações éticas para pesquisas com seres humanos. Todas as participantes foram esclarecidas sobre a pesquisa, os procedimentos utilizados e a possibilidade de desistência sem o comprometimento do tratamento psicológico. Mediante a autorização das responsáveis, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Nos casos em que foi identificada necessidade de psicoterapia, as participantes foram encaminhadas para tanto, sendo atendidas pela pesquisadora.

 

Resultados e Discussão

A partir da análise de conteúdo qualitativa das entrevistas, emergiram diversas características pessoais percebidas pelas adolescentes. Foram identificados também planos pessoais futuros. Portanto, os relatos foram agrupados em duas categorias, denominadas 1) Características pessoais, 2) Planos em relação ao futuro. A seguir, cada categoria é definida e exemplificada com falas das participantes, seguindo-se após a sua discussão.

Características pessoais

Nesta categoria examinou-se a forma como as adolescentes descreveram a si mesmas, isto é, as características pessoais por elas mencionadas. Dentro dessa descrição, emergiram diversas dificuldades emocionais e sintomas, como também outras características. Assim, nos relatos das participantes foi possível identificar alguns medos e receios, indicando insegurança e ansiedade: “Eu tenho muito medo de fracassar, não consigo me imaginando fracassar, aí eu acabo desistindo" (P1); “Eu fui criada sempre com muito medo e acabei sendo hoje, muito bastante insegura" (P2); “Além disso, tenho muito medo, mas não sei dizer do que, e acabo não conseguindo dormir direito e chego a ter medo de andar sozinha na rua, mas acho que o pessoal nem sabe disso, principalmente o meu pai" (P3); “E desde o ano passado comecei ter medos que não consigo explicar, chego a ter medo de morrer! (...) Eu tenho medo de ser largada, de que não vou receber apoio de ninguém, não consigo dar conta das minhas responsabilidades e sempre crio uma expectativa de que vou fracassar em qualquer coisa que vou fazer. E agora falando para ti, percebo que eu valorizo bem mais o que está ruim" (P5).

Sintomas de depressão (diagnosticada, inclusive, por médicos) e outras doenças, também foram evidenciados nos relatos das participantes acerca de si mesmas: “Há três meses fiz exames e apareceu psoríase na pele, me sinto ansiosa e o médico disse que estou com depressão" (P2); “Eu na verdade estou te procurando porque já faz algum tempo que tenho crises de depressão e muitas vezes eu brigo com minhas colegas" (P4); “Estou insatisfeita com a vida, me falta motivação, por causa da minha família, mas principalmente do meu pai, e porque não faço amizades. E eu acho que isso acontece porque eu bloqueio o que sinto, mas aí eu fico angustiada e me falta interesse nas coisas" (P5).

O fato de se considerarem dependentes de suas famílias e do pai também esteve presente em seus relatos, assim como de demonstrarem uma postura mais passiva diante de suas vidas: “Aí eu percebo que tenho varias ideias do que gostaria de ser na vida, de fazer as coisas, mas não consigo dar o passo adiante" (P1); “Porque eu era corajosa, tanto que tentei fugir de casa com 15 anos, mas como não foi como eu imaginava, eu me fechei e hoje eu quero as coisas, mas ao mesmo tempo não luto por elas. E assim, percebo que, para acontecer alguma coisa, dependo dos outros, inclusive do meu pai" (P2); “Não consigo fazer nada sozinha, to sempre pedindo ajuda. Choro bastante, principalmente quando o meu pai sai para trabalhar" (P3); “Eu realmente sou muito dependente e evito coisas e isso já faz algum tempo que comecei a perceber. E isso está me fazendo sofrer e me prejudicando" (P4); “Sou insegura, acabo me agarrando nos outros e aí acho que dependo ainda mais deles" (P5).

Irritação, angústia e uma sensação de vazio foram também mencionadas pelas participantes acerca de si mesmas, dentre outras características: “Eu me sinto irritada, com um vazio, com tristeza e tenho compulsão por comida e compras" (P2); “Sabe, aquele nó de angústia que aparece e não te deixa comer direito? É isso que eu sinto!" (P4).

Já outras características relatadas pelas adolescentes estiveram principalmente relacionadas a um bom desempenho escolar, ao interesse e prazer em escrever, à prática de esportes e ao investimento nas relações de amizade: “O que eu gosto mesmo é passear, dançar, fazer amizade, viver. Eu gosto de escrever poemas e eu acho que, se eu voltar a fazer isso, vou me sentir bem. Quero buscar a pessoa que eu era e deixar essa que me faz sofrer (...) Tenho curiosidade por lugares novos. Gosto de estudar" (P2); “Eu gosto de ir para a escola. Tenho boas notas, tenho bastante amigos, amigas, gosto de estudar, de jogar vôlei. Normal, acho que sou uma pessoa normal" (P3); “Adoro ler, escrevo muito. Nunca tive notas baixas, nunca tive reclamação na escola, não costumo faltar também" (P5).

As adolescentes alegaram um desejo de querer agradar aos outros, o que, por vezes, gera uma dificuldade de respeitar as suas próprias vontades e anseios: “Eu sou alguém que tenho dificuldade em dizer não para as outras pessoas e isso me deixa com uma raiva de mim mesma. Porque seria tão bom falar o que a gente pensa! (...) A gente seria bem mais feliz se conseguisse isso, mas a gente quer ser a maravilhosa para todas e aí tudo dá errado" (P1); “E eu, para ser querida para os outros, acabo fazendo todas as vontades. Mas eu acredito em uma outra coisa: eu acho que as pessoas se aproximam da gente só por interesse e que os outros tem mais valor, que são mais importantes que eu" (P2); “Eu sei que eu sempre vivo em função do outro, fiz sempre as coisas que os outros quiseram e nunca a minha vontade própria. Por isso, que eu quero mudar e procurei ajuda. Quero muito me ajudar" (P5).

Relativo a esse desejo de ajudar os outros, foi possível perceber um desejo de resolver todos os problemas e situações, para se sentir valorizada: “O problema que para mim ser útil é querer resolver os problemas para os outros. Esse realmente é o meu ponto fraco. Eu me considero um nada" (P2); “Gosta de resolver tudo. E eu preciso fazer isso, senão eu me sinto um lixo. Às vezes eu percebo que preciso me sentir mais importante do que tudo" (P4); “Aí fico angustiada, gostaria de resolver as coisas, gosto de resolver os problemas, resolver, agir. A minha ideia seria resolver rápido as coisas e fico irritada quando isso não acontece. Eu fico com muita raiva quando as coisas não andam como eu quero. Eu estaria sempre fazendo alguma coisa, não consigo parar" (P5).

A partir do exposto, percebe-se que alguns aspectos mencionados pelas participantes são geralmente esperados na fase adolescente, como o interesse pela prática de esportes (Seabra, Mendonça, Thomas, Anjos & Maia, 2008), pela escrita como forma de expressão (Cairoli & Gauer, 2009), a curiosidade (Pratta & Santos, 2006), a necessidade de estar em constante movimento (Aberastury & Knobel, 1981), o estabelecimento de relações de amizade (Sant'Anna & Garcia, 2011), os conflitos familiares (Pratta & Santos, 2007) e a dependência dos pais (Fleming, 2009).

Cabe destacar a dependência da família como uma característica bastante enfatizada pelas adolescentes, bem como uma postura mais passiva diante de suas vidas. Nesse sentido, uma contradição fica evidenciada, pois, ao mesmo tempo em que desejam autonomia, fazer amizades, resolver os problemas de todos, mostram-se dependentes e inseguras. De qualquer forma, a dependência em relação ao pai e à família pode ser entendida como um processo normal na adolescência, embora se espere que, aos poucos, as participantes possam se desprender dos pais e conquistar sua independização (Fleming, 2009), como apareceu no discurso de algumas delas. No entanto, há que se ressaltar que essa situação de dependência foi ressaltada por quase todas as participantes como problemática. A literatura aponta para este aspecto, ressaltando, no momento atual, uma acentuação ainda maior da dependência dos pais, em termos financeiros e afetivos (Jeammet & Corcos, 2005). Entretanto, tendo em vista o contexto familiar dessas adolescentes, pode-se pensar que elas vivenciem um paradoxo de dependência x independência, justamente pelo fato de, em alguns momentos, se mostrarem e assumirem comportamentos e responsabilidades adultas, especialmente diante da ausência paterna temporária, o que se torna contraditório com o seu status de dependência em outras situações (para maiores detalhes, ver Sganzerla, 2009).

A busca de relações de amizade também marca esta fase, pela necessidade de identificação com um grupo de iguais, diante do desprendimento da família (Belsky, 2010; Aberastury & Knobel, 1981; Blos, 1996). Estas novas identificações auxiliam na inserção social do adolescente. Tal aspecto pode estar relacionado ao fato de as adolescentes demonstrarem um desejo de agradar os outros, talvez para solidificar tais relações e poderem encontrar seu espaço no grupo, dentre outras razões. Destaca-se, no entanto, que a busca por essas relações não foi mencionada por todas as participantes, uma vez que também foram identificados relatos de falta de amigos, argumentados pela falta de motivação e interesse em se aproximar e construir tais relações. Pensa-se que esse fato pode estar relacionado, dentre outras questões, à presença de depressão ou de sintomas depressivos e outras manifestações psicológicas, indicadas em seus relatos e associadas pelas participantes, em alguns momentos, à ausência do pai. Ainda, não se pode desconsiderar que talvez as adolescentes estejam “presas" a um conflito familiar, que as impede de libertarem-se da família e ampliarem o seu horizonte relacional.

De outro modo, o desejo de querer agradar aos outros, enfatizado pelas adolescentes, não parece concordar com o egocentrismo típico da fase (Belsky, 2010). Pode-se pensar, então, esse comportamento como uma forma de compensação de uma baixa autoestima e da insegurança e medos que as participantes apresentam. Por outro lado, esse desejo de agradar e a busca pela valorização parecem gerar oportunidades de frustração e sentimentos de decepção, pois nem sempre os outros, para os quais dirigem suas ações, se mostram atentos aos seus comportamentos e sentimentos, conforme a percepção das adolescentes.

Nessa mesma perspectiva, o desejo de resolver todos os problemas e situações pareceu indicar uma necessidade de se fazerem importantes e valorizadas, o que, por seu turno, indica a baixa autoestima dessas adolescentes. Ao mesmo tempo, demonstra certo nível de ansiedade das mesmas, uma vez que parecem não conseguir e nem apresentar condições para respeitar o tempo natural de alguns acontecimentos, como a conquista de autonomia, que ocorre gradualmente. Isso fica corroborado pela necessidade de resolver as situações de forma imediata, sem tolerância e paciência, o que também pode estar relacionado ao imediatismo do adolescente, que vive muito intensamente o momento presente (Lacadée, 2006) e tem dificuldade em postergar a satisfação (Steinberg, Graham, O'Brien, Woolard, Cauffmann & Banich, 2009).

Por outro lado, o desejo de ajudar a própria família a resolver seus problemas talvez seja estimulado pela condição familiar de sobrecarga materna, uma vez que, na ausência do pai (e às vezes até mesmo durante a sua presença) a mãe tende a desempenhar as funções parentais. Este contexto propicia que a adolescente também passe a desempenhar tarefas que competem aos genitores, como o cuidado dos irmãos (Sganzerla, 2009), e direcionem sua atenção para a família, ao invés de se preocuparem com elas mesmas e com suas vivências adolescentes.

Os sintomas depressivos e outras doenças também evidenciadas pelas participantes acerca de si mesmas foram atribuídos à família. Contudo, a depressão mencionada por elas, bem como os sentimentos de irritação, angústia, vazio, medos e incertezas, precisam ser avaliados com cautela, pois podem fazer parte de um quadro normal na adolescência, diante de tantas definições e controvérsias típicas dessa fase, embora, por outro lado, possam indicar sofrimento psíquico e até mesmo caracterizar estados psicopatológicos. Como essas meninas se encontravam em avaliação para a psicoterapia, foi possível perceber realmente um nível de sofrimento nessas manifestações, tanto que todas elas receberam indicação para tratamento psicoterápico.

Planos em relação ao futuro

Já nesta categoria buscou-se analisar as falas das adolescentes quanto a seus planos pessoais futuros. Elas referiram-se de forma mais enfática ao trabalho e à realização de uma faculdade. No que se refere à faculdade, as participantes mencionaram um desejo de cursar Pedagogia, Serviço Social e Enfermagem, por terem relação com o cuidar: “Eu te falei que gostaria muito de fazer Pedagogia, mas meu pai entende que não precisa estudar e eu não quero ter a mesma vida que a minha mãe tem, ficando em casa todo o dia, somente fazendo os afazeres domésticos, porque eu sei que isso não dá prazer e satisfação. (...) Quero terminar o meu segundo grau e seguir carreira em Pedagogia. Gosto muito de estar em contato com crianças, não pela questão financeira, ou por ter um emprego, mas pelo afetivo mesmo. Eu acho que as crianças são muito verdadeiras, elas não se aproximam de ti por interesse ou te querem mal. Elas se entregam e se deixam ser cuidadas" (P3); “Eu gosto muito de cuidar de crianças, porque eu amo crianças, até porque eu ajudei a criar uma vizinha de três anos, queria roubar ela até. Essa menina chegava a me chamar de mãe, só que agora a mãe dela nem vem me ver! (...) Eu quero terminar o meu segundo grau e fazer Serviço Social" (P4).

Montar um negócio próprio também apareceu como um desejo das participantes, além de buscar um trabalho ou outras alternativas para ocupar o tempo ocioso: “Eu pensei também numa cafeteria, num negocio próprio e nem que eu precise esperar, mas não vou desistir do sonho. Ou me ocupar mais, principalmente à noite, na sexta-feira, quando o meu pai costuma voltar de viagem, que é um dia que me angustia muito" (P3); “Mas eu quero ter mais iniciativa, me envolver em curso até para ter oportunidades e começar a trabalhar" (P4).

Quanto ao aspecto amoroso, foi referido o medo de repetir a história dos próprios pais, casando-se com alguém que exercesse a mesma profissão do genitor: “Sabe, eu tenho medo de me casar com um homem caminhoneiro, porque minha mãe sempre dizia que o pai dela era caminhoneiro e que jamais se casaria com um, e não é que ela casou com o meu pai, justamente o contrário do que ela queria?! Então eu também fico com medo do que possa acontecer comigo" (P2).

Percebe-se, desta forma, que as adolescentes identificaram planos pessoais futuros no que diz respeito ao trabalho, à faculdade e à escolha amorosa. Tais achados fazem parte do desenvolvimento normal, uma vez que na adolescência espera-se que o jovem escolha uma profissão, em busca de uma independência econômica posterior (Vignoli, Croity-Belz, Chapeland, Fillipis & Garcia, 2005) e exercite sua sexualidade e sua intimidade em relações amorosas (Collins, Welsch & Furman, 2009). Andrade (2010) aponta a utilização, como parâmetro para delimitar o final da adolescência e a entrada na vida adulta, da possibilidade de escolha de uma profissão, em busca de uma independência econômica. Neste estudo, isso ficou evidenciado pelo fato de as participantes de mais idade apresentarem estes relatos com mais clareza.

Além disso, o fato de apresentarem em seus relatos planos, sonhos e que tenham ideais profissionais denota o quanto as participantes conseguem projetar o próprio futuro, o que contraria, em parte, a característica de imediatismo do adolescente (Lacadée, 2006). Nesse ponto, há que se considerar o fato de que, por já assumirem responsabilidades e compromissos em casa, como mencionado anteriormente, e algumas delas até já haverem tido experiências profissionais diante da condição familiar de ausência paterna temporária, a preocupação com esse assunto pareceu fazer ainda mais parte da vida delas, provavelmente facilitando esse processo de planejamento. Por outro lado, talvez essa condição familiar favoreça uma carência afetiva das adolescentes, que as leva, defensivamente, a traçar planos para o futuro como possibilidade de demonstrar o próprio valor para o grupo familiar, bem como de construir uma trajetória de vida diferente.

Especificamente a escolha por cursos que envolvam o cuidar pode estar relacionada ao fato de elas já estarem cuidando e assumindo responsabilidades escolares para com seus irmãos, conforme evidenciado em Sganzerla (2009), o que passa confiança e desenvolve habilidades para esse tipo de exercício profissional. Contudo, tal escolha também pode se caracterizar como uma tentativa de reparar as falhas que identificam no cuidado dispensado a elas pelos pais e mães.

Outro plano profissional citado envolveu a organização de um negócio próprio, que poderia estar expressando um desejo de autonomia e independência, típico da fase (Jordão, 2008). Já a busca por atividades para ocupar o tempo livre talvez expresse a vontade de tornar o tempo mais aproveitável. Contudo, para algumas participantes, esse desejo pareceu estar diretamente ligado ao se ocupar durante a ausência do pai e, assim, minimizar seus sentimentos de ansiedade e tristeza. Nessa perspectiva, essas ocupações estariam assumindo também um caráter defensivo.

No que tange ao aspecto amoroso, percebeu-se, pelos relatos, uma conscientização acerca da história familiar, assim como uma preocupação em não repetir essa história. Esse movimento pode estar sendo desencadeado pela vivência da adolescência, que propicia a revisão dos valores familiares e a busca de independização (Carter & McGoldrick, 2001), bem como a diferenciação em relação aos genitores (Blos, 1996). Entretanto, chama a atenção a ausência de planos futuros incluindo a parentalidade, questão que ainda se mostra central para as mulheres contemporâneas, conforme indica a literatura (Cezne, Levandowski & Biazus, 2011). Isso gera um questionamento acerca da dificuldade de as participantes se imaginarem separadas da família, pelo menos no que tange ao seu desenvolvimento emocional e social no momento do estudo.

 

Considerações finais

Considerando que o presente estudo buscou contemplar a descrição de adolescentes do sexo feminino, que se encontravam em avaliação para psicoterapia e vivenciavam a ausência paterna temporária, acerca de si mesmas e de seus planos em relação ao futuro, foi possível perceber algumas características próprias da adolescência nestas participantes, tais como a busca por relações de amizades, a prática de esportes, a dependência dos pais e os conflitos familiares. Contudo, também foi possível identificar outras características que talvez denotem algumas particularidades desse grupo de adolescentes entrevistadas, como o desejo de ajudar os outros e de resolver as situações familiares, bem como uma preocupação com o futuro, incluindo planos profissionais bem elaborados e o desejo de não repetir a história familiar. Além disso, pelas próprias características do contexto de avaliação para psicoterapia, foi possível observar certo nível de sofrimento psíquico em cada uma delas.

De modo geral, as adolescentes apresentaram uma descrição apurada de si mesmas, o que foi possível confirmar ao longo do processo de avaliação para psicoterapia. Provavelmente essa autoconsciência tenha motivado a busca espontânea por atendimento psicológico, uma vez que reconheceram as próprias dificuldades. Questiona-se se a ausência do pai (e todas as suas repercussões no funcionamento familiar) poderia promover momentos de maior introspecção e vivências que motivem as adolescentes a refletirem sobre si mesmas. De igual modo, a pensarem e a planejarem seu futuro, por talvez já estarem ensaiando, na família e fora dela, algumas responsabilidades maiores.

Pode-se considerar que essa é uma das limitações do presente estudo, uma vez que não se conta com depoimentos de outros membros da família sobre o funcionamento familiar e sobre a adolescente entrevistada. Assim, seria importante estudar o fenômeno aqui enfocado no âmbito familiar, isto é, considerando também a percepção dos genitores e irmãos sobre a adolescente.

Outras limitações do estudo justificam-se pelo fato de estar inserido em um estudo maior, cujo foco era mais amplo. Assim, não foram abordados de forma direta os temas aqui apresentados. Em estudo futuro, se poderia abordar de forma mais direta as características pessoais e os planos para o futuro de adolescentes com essa característica familiar. Um entrevista semiestruturada individual ou grupos focais poderiam aprofundar os dados aqui apresentados, contribuindo para o avanço desse campo de conhecimento.

Diante desses achados, sugere-se ainda a realização de novos estudos que abordem a temática da ausência paterna na adolescência, especialmente a ausência de caráter temporário. São necessárias investigações comparativas entre filhos que convivem com seus pais e filhos cujos pais estão ausentes emocional e/ou fisicamente em relação ao desenvolvimento afetivo. Além disso, esse mesmo estudo poderia ser feito com adolescentes do sexo masculino, a fim de comparar seus relatos. Pensa-se que a realização de pesquisas brasileiras pode ser útil tanto para a produção de conhecimentos adequados ao nosso contexto, como também para comparações com a realidade encontrada em outros países. Tais pesquisas podem trazer subsídios para a elaboração de práticas preventivas e educativas junto às famílias que apresentem esta característica, contribuindo para o desenvolvimento juvenil e familiar harmonioso.

 

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Endereço para contato
E-mail: anesganzerla@gmail.com

Recebido em 03/03/2010
Aceito em 23/09/2011

 

 

Ilciane Maria Sganzerla: Psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica (Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS).
Daniela Centenaro Levandowski: Psicóloga, Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Doutora em Psicologia (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), com Pós-Doutorado em Psicologia (PUCRS). Professora Assistente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e do Curso de Psicologia da UNISINOS no período 2007-2009. Atualmente é Docente da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e Pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).