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Aletheia

versão impressa ISSN 1413-0394

Aletheia  no.34 Canoas abr. 2011

 

ARTIGOS DE PESQUISA

 

O subsistema fraterno na família recasada1

 

The sibling subsystem in remarried families

 

 

Daniela Heitzmann Amaral; Cristina Maria de Souza Brito Dias

Universidade Católica de Pernambuco

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RESUMO

O recasamento tem ocorrido com bastante frequência, principalmente como decorrência do número de separações e divórcios. Nesta pesquisa, buscou-se compreender a percepção dos filhos ante as mudanças ocorridas em suas vidas devido ao recasamento, de um ou de ambos os genitores, especialmente, no que tange ao subsistema fraterno. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, da qual participaram quatro pessoas (uma adolescente e três jovens adultos). Eles responderam a uma entrevista composta de questões referentes ao relacionamento com os irmãos e aos dados sociodemográficos. As respostas à entrevista foram analisadas com base na Análise de Conteúdo Temática. Pode-se concluir que nas fratrias formadas pelos irmãos biológicos as alterações não foram expressivas; no entanto, as fratrias mistas, que são formadas pelos irmãos políticos (filhos do padrasto ou da madrasta, sem vinculo biológico) e os meio-irmãos (irmãos por parte de mãe ou de pai) exigiram várias readaptações.

Palavras-chave: Recasamento, Subsistema fraterno, Interação familiar.


ABSTRACT

Remarriage has occurred quite frequently, mainly as a result of the number of separations and divorces. This research sought to understand the perception of the children before the changes in their lives due to the remarriage of one or both parents, especially concerning the fraternal subsystem. It is a qualitative research whose participants were four teenagers or young adults. They responded to an interview consisting of questions about siblings relationship and their socio-demographic data. Their answers to the interviews were analyzed based on the thematic content analysis. It can be concluded that in fraternities formed by biological siblings the changes were not significant, however, mixed fraternities, which are formed by political siblings (sons of his stepfather or stepmother with no biological ties) and half-siblings (brothers by part of the mother or father) required several re-adaptations.

Keywords: Remarriage, Sibling subsystem, Family interaction.


 

 

Introdução

O tema irmãos, a princípio, remete ao raciocínio de que se está referindo a pessoas que foram impelidas a viverem juntas, não por escolha ou decisão própria, mas por se encontrarem em uma mesma família. O mais interessante disso é que, mesmo por ocasião de dissoluções conjugais, os vínculos entre irmãos não são extintos; eles permanecem por toda a vida.

Nesta pesquisa, adotou-se o referencial teórico da Teoria Sistêmica, uma vez que caracteriza a família como um sistema composto por vários integrantes ou subsistemas que interatuam e se influenciam mutuamente. Neste sentido, a fratria é considerada uma teia de vasos comunicantes em que o comportamento de um irmão influencia o dos outros.

O subsistema fraterno é inaugurado com a chegada do segundo filho. Assim como ocorre no primeiro, trata-se de uma expansão familiar que ocasiona um desequilíbrio no sistema. O impacto dessa mudança é sentido pelas modificações que esse fato acarreta em toda a organização familiar, seja em sua estrutura material, de espaço (que será redistribuído) e de tempo; seja nas relações entre seus integrantes que, devido ao aumento no número dos membros da família, ocasiona também o aumento de interações diádicas e dos subsistemas envolvidos (Pereira & Piccinini, 2007).

Uma das características do relacionamento fraterno é a ambivalência de sentimentos, estando associada a afetos, tanto positivos quanto negativos, sendo uma das relações mais intensas e ricas de experiências na aprendizagem de padrões de comportamento. Ele serve de laboratório para as relações sociais que serão efetivadas fora do núcleo familiar (Silveira, 2002). Como afirmou Meynckens-Fourez (2000), as relações fraternas exercem influência nas relações sociais e afetivas que o indivíduo reproduzirá mais tarde.

Essa vinculação possui uma força emocional que modela a história pessoal e o desenvolvimento do indivíduo oportunizando o exercício da disputa, da admiração, da inveja, da cooperação, da negociação, da competição, da imitação, da frustração, enfim, de um grande acervo de habilidades e sentimentos. Dessa forma, não se limita às rivalidades, que coexistem com esses outros sentimentos, estando os mesmos interligados, formando um verdadeiro laboratório social (Oliveira, 2006).

Essa gama de sentimentos e situações leva a compreender o porquê de muitos irmãos poderem ser, ao mesmo tempo, grandes amigos e/ou inimigos. Contudo, conforme alertou Oliveira (2005, 2006), independentemente de o relacionamento ser calmo e satisfatório, ou conturbado e conflituoso, a vivência com irmãos ou irmãs promove a base para a vida de cada um. Pertencer ao mesmo subsistema estabelece uma relação entre iguais, que é íntima, diária e complexa.

A fratria possibilita às crianças enfrentarem os conflitos apoiando-se mutuamente. Quanto mais velhas forem, e conforme suas condições de comunicação verbal, melhor será para elas a passagem por situações de grande dificuldade e desamparo como uma morte, perda, separação, acidentes, entre outros. Nesse caso, os irmãos podem se tornar uma importante fonte de ajuda (Meynckens-Fourez, 2000). Os vínculos fraternos nessas situações geralmente são reforçados e passam a fornecer um continente substitutivo, aumentando a lealdade entre os irmãos (Simeón, 2000).

Pensando nas alterações que ocorrem com a chegada de um filho na família nuclear e sua influência na dinâmica familiar, pode-se considerar a complexidade de mudanças que as famílias recasadas vivenciam com a chegada de novos membros que não têm a mesma origem que a sua. Autores como McGoldrick e Carter (1995), Pereira e Piccinini, (2007), afirmaram que a chegada de novos membros provoca, necessariamente, uma nova adaptação familiar. No caso de um recasamento, em que já foi necessário um ajuste à nova união de um ou de ambos os genitores, há necessidade de outra acomodação com a chegada de filhos dos parceiros de seus pais e ainda com a notícia da gestação de um meio-irmão, ou seja, são diversas as adaptações pelas quais esse grupo passa.

Ferraris (2002) referiu-se aos problemas que podem aparecer no começo da reorganização familiar como: as divisões de espaço e objetos materiais; a mudança no status (posição) no interior do grupo fraterno, que pode implicar na perda de seu papel no subsistema familiar; as alianças ou coalizões (em que dois membros se unem contra um terceiro); as preferências por parte dos pais, entre outros. As variações passam a ser intensas e complexas no referido subsistema. É preciso ter consciência de que o amor e a afinidade não serão alcançados instantaneamente na fratria recasada e, talvez em muitos casos, nunca venham a ocorrer. A forma como os indivíduos enfrentam essas modificações e reorganizações depende do tempo da transição, das características individuais de cada envolvido, de suas histórias pessoais, dos desafios a serem superados e do estágio em que se encontram quando essas transformações são requeridas (Oliveira, 2005).

Ao fazerem um levantamento das pesquisas brasileiras que tinham como foco os temas separação, divórcio e recasamento, Cano, Gabarra, Moré e Crepaldi (2009), consideraram que existem lacunas a serem preenchidas e sugeriram a realização de pesquisas que focalizem as diferentes fases do ciclo vital da família, bem como as peculiaridades dos relacionamentos nesta configuração familiar, a exemplo das fratrias. Na presente investigação, buscou-se compreender a percepção dos filhos do primeiro casamento ante as mudanças ocorridas em suas vidas devido ao recasamento de um ou de ambos os genitores, no âmbito da convivência familiar, especialmente, no que tange ao subsistema fraterno. Espera-se que ela possa fornecer mais esclarecimentos acerca do funcionamento das famílias recasadas aos estudiosos e profissionais interessados no tema.

 

Método

Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa da qual participaram quatro pessoas (um adolescente e três jovens adultos) na faixa etária que varia de 15 a 24 anos de idade, de nível socioeconômico médio, cujos pais tinham recasado pela primeira vez, saindo de uma separação consensual ou litigiosa. O critério de inclusão foi de que a união decorrente do recasamento durasse, no mínimo, quatro anos. Este período foi estabelecido porque estudos apontaram que, em se tratando de famílias recasadas, pode constatar-se que o sentimento de se estar em família processa-se em um período de dois a quatro anos (Dahl & cols., 1987 citados por McGoldrick & Carter, 1995). Todos eles atenderam ao requisito de possuir, no mínimo, um irmão biológico, e/ou meio-irmão, e/ou irmão político (também denominado irmão de convívio, irmão torto, irmão falso, coirmão, irmão por afinidade, irmão do recasamento, segundo Maldonado, 1986, 2006; Oliveira, 2005; Wagner & Sarriera, 1999). Eles podiam coabitar ou não, porém deveriam manter contato. Não houve preferência relacionada ao sexo dos entrevistados, porém, coincidentemente, dois são do sexo masculino e dois do sexo feminino.

Instrumento

O instrumento utilizado foi um roteiro de entrevista, elaborado pelas pesquisadoras, composto de questões acerca do relacionamento com os irmãos e dos dados sociodemográficos. Todos foram entrevistados individualmente, após serem informados do objetivo da pesquisa e assegurados do sigilo acerca das informações, no consultório da pesquisadora, localizado na cidade de João Pessoa, estado da Paraíba. O acesso se deu através de pessoas do conhecimento pessoal. Tratou-se, portanto, de uma amostra de conveniência. O contato inicial se deu por telefone e, após a concordância em participar, agendou-se a entrevista. No caso da adolescente, foi contatada primeiramente a responsável e solicitada autorização para convidar a filha a participar.

Participantes

Quatro participantes que fizeram parte desta investigação, ressaltando-se que todos os nomes referidos são fictícios, para preservar a identidade dos mesmos:

Alice: tinha 15 anos e cursava o ensino médio. Residia com sua mãe e o padrasto, seu meio-irmão de dois anos e um irmão político de sete anos de idade. A separação de seus genitores foi consensual e ocorreu quando ela tinha cinco anos. Sua mãe recasou há quatro anos já estando grávida de seu irmão mais novo. O convívio com o irmão político só ocorreu há dois anos. O pai de Alice não se casou novamente e não possui outros filhos.

Bruno: 24 anos e terminou a faculdade. Morava com seu pai e com seus irmãos de 28 e 27 anos, ambos do sexo masculino, desde a separação dos pais, há dez anos. Dois anos após a separação, a mãe (que mora em outro estado) recasou e seu companheiro, que era viúvo, já possuía filhos, porém bem mais velhos do que Bruno. Este não tinha grande aproximação com eles e dessa nova união da mãe não houve filhos. Seu pai recasou há cinco anos, não teve filhos dessa relação, contudo a madrasta possui um filho de 11 anos de idade, estando todos coabitando na atualidade.

Carlos: 22 anos, estava terminando a faculdade, tem uma irmã de 25 anos e um irmão de 24 anos. Os pais são separados há 18 anos. O pai recasou dois anos após a saída de casa da ex-mulher. Da nova relação nasceram três meio-irmãos: um adolescente de 16 anos; uma menina de 11 anos e outro menino de cinco anos de idade. Eles moram em outro estado. A genitora encontrou um novo companheiro quando Carlos tinha 10 anos e moraram juntos por um ano. O padrasto não tinha filhos, sendo o primeiro casamento dele; porém a união terminou porque ele alegou que queria ter seus próprios filhos.

Denise: 22 anos e estava terminando a faculdade. Tem dois irmãos biológicos, ambos do sexo masculino, estando um com 24 anos e outro com 20 anos. Os pais se separaram há 17 anos. O pai, um ano depois desse evento, se uniu a uma nova mulher e teve dois filhos, ambos do sexo masculino, com nove e três anos de idade. Por ocasião da pesquisa, moravam todos juntos, exceto seu irmão mais velho que estava vivendo com uma companheira. Sua mãe nunca permaneceu em uma união estável, tendo vários namoros, porém de nenhum teve filhos.

Procedimentos éticos

Inicialmente, a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Católica de Pernambuco que a apoiou, sob o número CEP 046/2008. Foi solicitado que os entrevistados assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e em referência àquela que não havia alcançado a maioridade, os responsáveis autorizaram a entrevista e também assinaram o referido termo.

Procedimento de análise de dados

O material obtido a partir das entrevistas foi gravado, transcrito e analisado de acordo com a Análise de Conteúdo, especificamente a Análise Temática (Minayo, 2004). Dessa forma, foram avaliados os seguintes temas relacionados ao subsistema fraterno na família recasada: os irmãos biológicos, os meio-irmãos e os irmãos políticos.

 

Resultados e Discussão

Os irmãos biológicos na família recasada

Nesta pesquisa os participantes expressaram seu companheirismo e afeto pelos irmãos biológicos, corroborando afirmações feitas por Britto (2002), Fourez (2000), Oliveira (2005) e Siméon (2000).

Nós temos idades um pouco próximas então ficávamos juntos entre um conflito ou outro. Nós três nos reuníamos e conversávamos... Eu não brigo com meus irmãos de jeito nenhum. Por mais que a gente discutisse ou falasse áspero, num instante a gente estava conversando como se não tivesse acontecido nada. (Bruno, 24 anos)

Nosso convívio sempre foi muito bom, sem problemas. (Carlos, 22 anos)

Na hora que precisava um ajudava o outro. Mesmo o mais velho, que saiu para morar com a namorada, sempre está lá para apoiar na hora que eu e meu outro irmão precisamos. (Denise, 22 anos)

Para Fourez (2000), os irmãos experimentam uma série de papéis e ações, especialmente quando da ausência dos pais. Oliveira (2005) identificou na sua pesquisa que os irmãos biológicos, por terem vivenciado a separação e o recasamento de seus progenitores, estabeleceram uma cumplicidade que ensejou uma maior proximidade, além de crescimento e amadurecimento pessoal, o que pode ser uma importante fonte de ajuda no ajustamento ao recasamento dos pais. Contudo, a autora esclareceu que tais experiências marcam profundamente os filhos, que experimentam perdas emocionais e materiais, sendo a possibilidade de elaborar tais perdas o que impulsiona a formação de relações mais ou menos favoráveis com os pais, com o padrasto ou madrasta e com os irmãos políticos e meio-irmãos. Ela acrescentou que as marcas deixadas por essas perdas poderão também modificar negativamente a relação entre os irmãos biológicos.

Entre os referidos irmãos as relações seriam enfraquecidas quando da ocorrência de formação de triangulações familiares, ou seja, um dos pais recebe o apoio de um dos fi lhos, em detrimento do outro cônjuge, devido à própria separação ou porque o ex-cônjuge está casado pela segunda vez. O irmão, por sua vez, pode opor-se a essa aliança ficando favorável ao genitor excluído. Isto demarca uma divisão psicológica, que causa conflitos e ressentimentos na família. Os irmãos podem se perceber como pessoas sem afinidades no compartilhamento de sentimentos e atitudes, ocorrendo um desinvestimento emocional na sua relação (Oliveira, 2005).

Nesses casos há um conflito de lealdade que pode vir a dividir os irmãos e as irmãs. Eles podem, numa tentativa de satisfazer a um dos genitores, separar-se espontaneamente. Os filhos amam ambos os pais, mas, com a intenção de cessarem com os conflitos, assumem e dividem tarefas e posições, temem que um dos seus genitores desenvolva depressão e então se submetem aos seus desejos e caprichos (Siméon, 2000).

As interações negativas entre os irmãos podem ser também a expressão do lado patológico que caracteriza as disputas entre eles. A rivalidade fraterna crônica sustentada no tripé da inveja, dos ciúmes e da competição, é intensificada por uma baixa autoestima, excessiva insatisfação com a vida e suas relações e pelo manejo dos genitores que podem alimentar e instigar tais condutas (Britto, 2002).

Conforme a autora supracitada, na configuração fraternal as ligações afetivas e positivas se formam através de identificações que promovem alianças, compreensão e satisfação no convívio. Os irmãos que interagem com essa forma de vínculo são mais companheiros e solidários uns com os outros. Além da identificação, outro fator promotor desses vínculos amorosos seriam as vivências de situações estressoras na dinâmica familiar que seriam suportadas e experenciadas em conjunto, como é o caso dos divórcios e recasamentos.

No universo da fratria, os irmãos desenvolvem a destreza na comunicação de várias formas. Aprendem a diferenciar os traços de personalidade uns dos outros, o que favorece o aprendizado mútuo no qual são desenvolvidos mecanismos de como agir em variadas situações, reconhecendo quando se precisa de ajuda, apoio e aliança (Britto, 2002). Denise expressou essa cumplicidade com seus irmãos, que não precisava ser colocada em palavras:

Um olhava para a cara um do outro e começava a chorar. É um vazio porque a gente não conseguia conversar, a gente nunca sentou para conversar... Mas o que estiverem precisando, no que eu puder ajudar, eu ajudo os meus irmãos. (Denise, 22 anos)

Os meio-irmãos na família recasada

Na presente pesquisa, os meio-irmãos foram um dos acontecimentos especiais do recasamento e os sentimentos demonstrados foram de felicidade, proteção e amor. Os participantes se posicionaram como cuidadores desses irmãos, mesmo daqueles que estão vivendo em outro estado.

Tem irmãos da gente lá (onde o pai mora). Eu acho que é uma coisa boa. Eu falo com eles através do computador e eles me contam o que está acontecendo por lá. Eu os oriento também. (Carlos 22 anos)
Eu e meus irmãos somos como pais para eles. O mais novo me chama de "mama' e minha madrasta tem ciúmes. (Denise, 22 anos)

Tais relatos corroboram as afirmações de Oliveira (2005) e Stewart (2005) de que, apesar das alterações que o nascimento de um bebê acarreta à família, o meio-irmão é visto como elo e confirmação da instauração familiar. Desse modo, a nova criança pode contribuir para fortalecer as ligações entre seus componentes, reforçando a concretização da relação, que perderia o caráter de precariedade, tendendo a ser bem aceita pelos filhos do primeiro casamento. Todavia, os sentimentos fraternos podem ser ambíguos e mesmo flutuantes. Associado à vinda de um novo irmão pode estabelecer-se um retorno às dores guardadas que não foram bem elaboradas pelos filhos da primeira união e o novo irmão pode tornar-se a sentença definitiva da não reversibilidade do casal parental.

A diferença de idade entre os meio-irmãos constitui-se em outra dimensão importante a ser considerada: quando ainda pequenos e havendo convívio com o novo meio-irmão, as relações tendem a ser semelhantes às estabelecidas entre irmãos biológicos. Quando a diferença de idade é grande, pode ocorrer que o filho do primeiro casamento se torne um irmão parental do novo irmão, ou seja, um cuidador, muitas vezes se portando como uma espécie de pai/mãe deste. Foi o que aconteceu com Carlos, Denise e Alice. Entretanto, para Oliveira (2005), se não houver a possibilidade de convívio e acesso entre os irmãos, pode ocorrer um grande distanciamento que inviabiliza essa relação.

Garbar e Theodore (2000), bem como Oliveira (2005), chamam a atenção para outros fatores que podem influenciar o estabelecimento das relações fraternas, a exemplo do tratamento dispendido pelos pais biológicos e pelos(as) padrastos/madrastas. Se houver mudanças de atitudes para com os filhos do primeiro casamento, após a chegada de um novo bebê da atual relação, eles terão dificuldades para aceitar a desigualdade de cuidados e atenção, o que pode prejudicar as relações. Os filhos do primeiro casamento podem sentir-se excluídos devido à desigualdade de cuidados e atenção em relação ao novo membro. Isto pode vir a prejudicar a construção dos vínculos fraternos e contribuir para a baixa autoestima desses filhos que se julgam incapazes de conquistar o amor dos pais. Até mesmo a forma como os novos pais educam seus filhos pode ser percebida como diferente da maneira como tratam os filhos do outro cônjuge, causando mal-estar quando é percebido um favoritismo para com os meio-irmãos. Alice exemplifica o que foi referido com a seguinte fala:

[...] ela demonstra mais carinho por ele, mais amor por ele, porque mainha já me acorda reclamando, já me manda fazer as coisas. Ela me vê como se fosse uma coisa que ela precisa para ajudar ela, não me vê como uma filha. (Alice, 15 anos)

Ainda no relato de Alice houve a ênfase nos laços consanguíneos, ao externalizar seu amor e apego ao meio-irmão, distinguindo claramente o afeto que nutre por ele em relação ao seu irmão político. Para ela, o filho do padrasto não possui o mesmo significado, devido, talvez, à experiência de ter também um meio-irmão:

[...] eu mataria e morreria por ele (meio-irmão). Mas por Gabriel não, é meu irmão, mas não tenho aquele cuidado. Gosto dele, mas não é como o Fábio, não é o mesmo cuidado. Não é nem o mesmo tipo de amor, nem o mesmo tipo de carinho. Fábio é irmão-filho; Gabriel: irmão-amigo; irmão-primo. É mais ou menos isso. (Alice, 15 anos)

Esta fala corrobora a afirmação de Cano e col. (2009), ao pontuarem que a consanguínidade é uma das variáveis que facilita o sentimento de pertencimento na família recasada.

Os irmãos políticos

Segundo Oliveira (2005) as relações estabelecidas entre os irmãos políticos, inicialmente, são permeadas por rivalidades e competições, em decorrência dos intensos sentimentos experimentados, tais como invasão, ameaça, ciúmes e medo da perda do afeto de seu pai ou de sua mãe. Surgem as disputas por espaços e bens materiais, que são mais complexas do que no caso dos irmãos biológicos, devido à percepção de não se sentirem numa relação de igualdade. As reivindicações por atenção, bens, espaços muitas vezes são um simbolismo da busca ou reasseguramento do amor dos pais.

Conforme fora salientado por Carter e McGoldrick (1995) e Garbar e Theodore (2000), a família recasada necessita de tempo, flexibilidade e respeito às diferenças para se consolidar. Sweeney (2007) pontuou que a segunda figura parental introduzida pelo recasamento pode supervisionar, suprir a falta do genitor ausente e servir de modelo para os(as) enteados(as). Quanto melhor for o relacionamento entre eles, mais fácil será a aceitação do irmão político. Siméon (2000) acrescentou que os novos cônjuges precisam respeitar o ritmo de cada filho, pois o sentimento de pertencimento à nova família leva algum tempo. Os pais precisam conceder liberdade para que os filhos se escolham. A fala de Bruno ilustra o que foi dito:

Se for forçado não dá certo. Cada um tem que ceder um pouco. Evidentemente que eu, meu pai e meus dois irmãos já estávamos acostumados um com o outro, mas a chegada de minha madrasta e de Felipe criou certo constrangimento. Você não se sente 100% à vontade. Hoje a gente já conhece o jeito de cada um e no relacionamento não existe problema. (Bruno, 24 anos)

Na pesquisa realizada por Wagner e Sarriera (1999), com filhos de famílias originais e com os filhos de famílias recasadas, mais tarde tema de nova investigação empreendida por Wagner (2002), foi constatada uma relação mais estreita, caracterizada por companheirismo e cooperação na fratria biológica que está integrada numa família recasada. Essa proximidade contribuía para a aceitação e a integração dos irmãos políticos, provavelmente por terem experimentado situações e eventos semelhantes, como a dissolução conjugal de seus pais, aliada ao tempo de convívio desse subsistema.

Os participantes Alice e Bruno apresentaram um relacionamento satisfatório com os irmãos políticos que certamente está atrelado ao tempo de recasamento dos pais, à coabitação, bem como ao fato de se darem bem com seu padrasto e madrasta, respectivamente.

Quando ele (Gabriel) ia lá pra casa no final de semana o máximo que eu passava era uma sexta-feira à tarde com ele, porque eu tenho meu pai, que eu visito também, e nesses finais de semana eu ia para a casa de meu pai. Não era sempre junto, era como se fosse um primo que vem na sua casa sempre, mas aí depois veio aquele choque: "é o meu irmão, e agora?' Ele veio morar com a gente faz uns dois anos, foi aquela adaptação de conhecer mesmo. Quando ele passou a conviver passou a ser irmão. Às vezes as pessoas perguntavam: “Alice você tem quantos irmãos?" Eu dizia: "Eu tenho um irmão e o filho do meu padrasto'. Antes eu não apresentava como irmão porque não considerava, mas depois... Hoje eu digo que tenho dois irmãos. (Alice, 15 anos)

Oliveira (2005) afirmou que os irmãos políticos que não têm o mínimo de contato e de convivência, demonstram um distanciamento afetivo por não terem uma história conjunta, afinidades, nem intimidades. Este argumento fortalece o que apresentamos anteriormente, no sentido de que o convívio é umas das fontes essenciais para a criação de vínculos, por facilitar a integração do grupo familiar e o sentimento “como se fossem irmãos" (Wagner & Sarriera, 1999, p.23). Isto ocorreu com Bruno em relação aos filhos de seu padrasto: por não terem contato, não estabeleceram vínculos, embora, quando se encontram, seja bem tratado por eles. No entanto, o participante admitiu que não há entre eles afeto, muito menos sentimentos fraternos.

Características como o sexo e a idade dos irmãos políticos contribuem para a formação de identificações significativas que os aproximam (Oliveira, 2005). Também atribuímos o sucesso das relações no subsistema fraterno a alguns desses fatores. No caso de Alice, ela permaneceu sendo a única do sexo feminino e sua posição hierárquica não sofreu alterações, ou seja, ela continuou como a mais velha, podendo “mandar" nos irmãos mais novos. Bruno, apesar de ser o caçula entre os irmãos biológicos, recebeu abertamente o filho da madrasta, por corresponder ao seu desejo e ao dos irmãos de terem um irmãozinho. Como ele já é um jovem adulto não houve dificuldades para aceitar o irmão político, assumindo uma postura de irmão “orientador", como ele mesmo se refere, com uma posição hierárquica definida.

O que aconteceu na minha família eu não sei se acontece com todo mundo. Foi uma coisa muito perfeita: a gente queria que meu pai encontrasse uma nova pessoa e essa pessoa veio com uma criança que era o que a gente também queria, então tudo se encaixo, tudo muito perfeito... Eu acho que era porque todos os três eram abestalhados por crianças. Eu era louco para ter um irmão mais novo, a gente queria ter um irmão pequenininho. Eu nem sei explicar essa necessidade, sempre fui louco por criança e sempre quis e quando eu vi Felipe pela primeira vez achei-o tão pequenininho. Na primeira vez que ele foi dormir lá em casa, aquela coisa bem pequenininha, eu não sei se dentro de mim tava aquela coisa de ser pai, sabe? Talvez se Felipe tivesse 15 anos não seria assim. Mesmo assim creio que se ele fosse bem rebelde eu ia fazer de tudo para amá-lo como eu o amo hoje. (Bruno, 24 anos)

Nos casos apresentados não houve grandes modificações que ocasionaram desestruturações intensas a ponto de comprometer o equilíbrio no subsistema fraterno. Os filhos se mantiveram em suas posições hierárquicas; as idades possibilitaram amadurecimento para aceitar a vinda dos irmãos; a coabitação ocasionou o estabelecimento de relações satisfatórias. Além do mais, eles permaneceram em suas casas. No caso de Alice, o irmão político foi morar no lar construído com o recasamento da mãe, que já estava grávida do meio-irmão; então seu sentimento era de que a casa e a família lhe pertenciam. Para ela, quem deveria se adaptar seria o filho do padrasto:

Eu já tinha a educação de Sérgio (padrasto) há uns dois anos, então eu não precisei me adaptar a mais nada. Ele (referindo-se ao irmão político) é que teve que se adaptar à educação da gente, ele que tava vindo, era ele que tava chegando, ele tinha que se adaptar ao lugar. Mas, lógico que a gente tinha que saber do que ele gosta, o que ele não gosta, tem que saber os costumes daquela pessoa, mas lógico que ele que tem que se adaptar porque tem muita coisa do comportamento da gente que ainda hoje ele não aprendeu. (Alice, 15 anos)

Bruno relatou o apego e o desejo de ter um irmão, o que se configurou com a chegada de seu irmão político, que é 13 anos mais novo do que ele e até então era filho único. Isto ilustra a disponibilidade deste adaptar-se ao irmão "mais velho' corroborando o que foi apresentado por Oliveira (2005) ao indicar que pode ser gratificante para um filho único “irmanar-se" com esses novos personagens:

Felipe é o filho dela... Aí aconteceu de eu dizer que ele era o filho da minha madrasta e ele não gostou nem um pouco. Ele ficou bem chateadinho. Quando eu cheguei em casa e fui falar com ele, ele disse: "Eu pedi para mainha se casar porque eu queria que a gente formasse uma família, Bruno'. Ele parece um hominho falando. (Bruno, 24 anos)

Existe a possibilidade de edificarem-se vínculos afetivos profundos e significativos, nesse tipo de fratria, a ponto de seus integrantes amarem-se fraternalmente e encontrarem afinidades. Mas dividir espaços, organizar essa nova estrutura e compartilhar educações diferentes requer adaptações, paciência e tempo, além do bom manejo dos genitores (Garbar & Theodore, 2000; Maldonado, 2006).

Bruno e seus irmãos biológicos passaram a ser educadores de Felipe, tendo autorização para chamar sua atenção e colocá-lo de castigo. O irmão político era descrito como um menino sem limites; mas o convívio possibilitou aos irmãos orientadores modificarem essa postura, apesar de demonstrarem afeto pelo filho da madrasta, que parece ser recíproco. Contudo, uma fala de Bruno ilustra bem a condição que foi necessária para que essa relação desse certo:

[...] o que facilitou a educação de Felipe foi ela (a madrasta) ter deixado nas nossas mãos. Teria sido muito mais complicado se Silvia tivesse dito "quem educa sou eu' porque a convivência se tornaria insustentável. (Bruno, 24 anos)

Ambos os participantes que possuem irmãos políticos se referiram à educação dos novos irmãos como uma das maiores dificuldades no convívio da família recasada. Assumiram o papel de orientadores para que as condutas inadequadas fossem mudadas, pelo fato de que passariam a viver na mesma casa e se tornariam irmãos pela convivência estabelecida. Esse aspecto foi relatado por Alice ao se referir ao filho do padrasto:

O que eu queria mesmo era um irmão só e veio dois: meu irmão nasceu e veio outro (irmão político). No começo e até hoje existem conflitos porque eu tenho uma educação, ele é o filho de Sérgio (padrasto) e a educação dele é mais mimada do que a que eu tive, entendeu? Então ele não sabe se comportar, ele não obedece, então é isso que entra em conflito, mas eu gosto dele, não tanto com eu gosto de Fábio (meio-irmão), que trato como um filho. Já Gabriel... entra em muito conflito comigo por causa da educação da gente, os gostos que ele tem que eu não tive e não aceito, quando eu vou brigar com ele, ele não me obedece...Eu sou intolerante com isso por não me darem plenos poderes sobre ele e nem sobre Fábio. (Alice, 15 anos)

No caso de Alice a vinda do irmão político não foi tão bem aceita, parecendo revelar sentimentos de ciúmes e rivalidade pela atenção que o padrasto dá a ele. Ela adota a postura de uma adulta diante do irmão político que "teima' em não se submeter às suas regras. Além disso, queixa-se porque não tem recebido apoio dos pais para intervir de forma direta no comportamento do irmão político, a exemplo de colocá-lo de castigo ou brigar com ele, mas, ao mesmo tempo, é solicitada a ficar tomando conta dele quando o casal precisa sair.

Segundo Garbar e Theodore, (2000), Maldonado (2006) e Oliveira (2005), as relações incipientes estabelecidas entre os irmãos políticos são permeadas por rivalidades e competições em decorrência da intensidade de sentimentos com que se deparam. Eles se sentem ameaçados e temerosos com a possibilidade da perda do afeto dos genitores, por parte do novo cônjuge ou irmãos, reivindicando sua atenção.

Na narrativa de Alice percebe-se um dos grandes desafios da família recasada: a estruturação da família após a vivência de uma história que acaba se confrontando com um estilo de vida diferente proporcionado por essa nova organização. Ela teve que se adaptar ao recasamento da mãe e ao ingresso do padrasto, que trouxe novos comportamentos, apesar de terem sido percebidos como bons. Logo em seguida, ocorreu o nascimento de um meio-irmão, quando até então as atenções eram para ela e, há dois anos, deu-se a chegada do irmão político. São muitos fatos, muitas adaptações para uma adolescente que já vivencia as mudanças peculiares à sua fase de desenvolvimento.

Os novos relacionamentos são ainda difíceis de negociar, uma vez que não se desenvolvem gradualmente, como nas famílias intactas, mas começam no meio do caminho, depois que o ciclo de vida de outra família foi deslocado, necessitando ainda estabelecer regras e fronteiras para essas interações (McGoldrick & Carter, 1995; Travis, 2003).

É difícil de lidar. É essa a causa das brigas lá em casa, as atitudes de cada um. Eu acho que se todos fossem educados pela mesma pessoa, a gente conviveria melhor. Porque eu fui educada por uma pessoa, mas me adaptei àquela educação lá de casa e Gabriel não conseguiu, não se adaptou até hoje. Vai saber, né? (Alice, 15 anos)

Para Gabriel (o irmão político de Alice), a mudança parece ter sido mais difícil devido à sua vinda para uma casa na qual seus componentes já estavam se estruturando, tendo se deparado com uma realidade nova em que possui dois irmãos políticos: um mais novo e a irmã mais velha. Antes ele era o filho mais velho (a mãe recasou e teve outros filhos) e tinha o pai só para ele; agora o pai é repartido com os novos irmãos. Além disso, ele está na família há dois anos apenas. Segundo Siméon (2000), muitas vezes, os filhos primogênitos ficam presos no conflito de lealdade aos pais, querendo agradar a todos, e se colocando no lugar do genitor ausente. Eles também podem servir de intermediários e mensageiros nos conflitos entre os pais, sendo mais propensos a desenvolverem transtornos psiquiátricos e psicossomáticos por conta desta situação.

 

Considerações finais

Diante dos relatos apresentados pode-se observar que as famílias do recasamento se veem imersas em ampla rede de relacionamentos e papéis a serem desempenhados que necessitam ser ajustados concomitantemente. Além da nova união dos pais, os filhos do primeiro casamento se depararam com novas fratrias. Com elas construíram vínculos que foram influenciados por idade, gênero, posição na ordem de nascimento, características individuais e histórias de vida. Tudo isto esteve diretamente relacionado ao posicionamento do novo casal e sua interação com cada filho proveniente do recasamento.

Conclui-se que o vínculo dos entrevistados com os irmãos biológicos saiu fortalecido, talvez por terem permanecido na mesma residência, apoiado o mesmo genitor por ocasião da separação conjugal e passado juntos pelas dificuldades vividas durante o processo de separação dos pais, do período pós-divórcio e do recasamento. Nos casos da separação permeada de hostilidade, os filhos não sofreram pressões para se posicionarem a favor ou contra um dos genitores, permanecendo o acesso livre a ambos. Sendo assim, não se demarcou uma divisão psicológica na família, conforme Oliveira (2005).

Vale salientar que a separação dos pais ocorreu há bastante tempo, e que os recasamentos aconteceram há mais de quatro anos. Sem dúvida, isto pode ter favorecido a elaboração dos conflitos e a adaptação ao novo sistema. O estudo comprovou o que a literatura descreve, no sentido de que as variáveis mais importantes para a criação do sentimento do pertencimento na família recasada são a coabitação, a consanguinidade e o tempo do recasamento (Cano, Gabarra, Moré & Crepaldi, 2009).

Uma das características mais marcantes dos entrevistados que possuem meio-irmãos e/ou irmãos políticos referiu-se à capacidade de serem cuidadores. Trata-se dos denominados “irmãos parentais", que desempenham uma espécie de papel de pais dos irmãos mais novos.

O nascimento dos meio-irmãos foi visto de maneira positiva. Ele é o atestado de fortalecimento do novo casal, sendo vivenciado pelos filhos do primeiro casamento de forma semelhante ao nascimento de irmãos biológicos: uma mistura de sentimentos como alegria, orgulho, responsabilidade, mas também ciúme, inveja e competição. Mesmo o participante que residia distante dos meio-irmãos apresentou uma percepção positiva deles e mantinha contato por internet ou telefone.

Os participantes que tinham irmãos políticos relataram que o relacionamento, no início, foi conturbado, pois se tratava de pessoas que possuíam uma educação diferente da deles, o que ocasionou muitas divergências e conflitos. Além disso, esses irmãos foram vistos como vindos “de fora": então eram eles que deviam adaptar-se ao ritmo e aos costumes da casa. Observou-se que não houve mudanças significativas na posição que os entrevistados ocupavam na fratria, além de que apresentavam uma significativa diferença de idade em relação a eles, o que pode ter facilitado a aceitação desse novo irmão.

Reconhece-se que a pesquisa contou com apenas quatro participantes, sendo necessário que mais investigações sejam realizadas para examinar outros aspectos dessa organização familiar, tão rica e complexa. Sugere-se investigar como o subsistema fraterno é percebido e vivenciado pelas crianças, os próprios pais e padrastos/madrastas e mesmo a família extensa.

 

Referências

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Endereço para contato
E-mail: danihapsi@yahoo.com.br

Recebido em 15/09/2011
Aceito em 15/12/2011

 

 

Daniela Heitzmann Amaral: Psicóloga, terapeuta, professora do Centro Universitário de João Pessoa, possui mestrado em Psicologia Clínica pela Universidade Católica de Pernambuco.
Cristina Maria de Souza Brito Dias: Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília, é pesquisadora e professora da Universidade Católica de Pernambuco.
1 Este artigo é parte da dissertação intitulada “Recasamento: percepções e vivências dos filhos do primeiro casamento", elaborada pela primeira autora, sob a orientação da segunda.