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Aletheia

versão impressa ISSN 1413-0394

Aletheia  no.35-36 Canoas dez. 2011

 

ARTIGOS DE PESQUISA

 

Desvelando sentidos no trabalho de mulheres na produção avícola

 

Displaying the meanings of women's work in the poultry production

 

 

Laila Priscila GrafI; Maria Chalfin CoutinhoII,III

I Universidade Federal de Santa Catarina
II Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina
III Bolsista Produtividade do CNPq

Endereço para contato

 

 


RESUMO

Este artigo apresenta parte dos resultados de uma pesquisa que investigou os sentidos atribuídos ao trabalho por mulheres atuantes em um pequeno abatedouro avícola, em Santa Catarina, Brasil. A compreensão teórica sobre sentidos do trabalho foi baseada em estudos da Psicologia Social ancorados na abordagem do construcionismo social. O levantamento de informações ocorreu por meio de entrevistas com oito mulheres, observações e análise de documentos organizacionais. Foram efetuadas análises do discurso do material coletado. Os resultados apresentados aqui são referentes às trajetórias profissionais das entrevistadas, caracterizando seus motivos de ingresso no abatedouro, suas relações cotidianas de trabalho e perspectivas profissionais. Conclui-se que suas condições de existência (gênero, idade, localização, moradia) marcaram suas trajetórias no trabalho.

Palavras-chave: Sentidos do trabalho, Mulheres, Produção avícola.


ABSTRACT

This paper informs the results of a research which aimed to analysed the meanings of work for women in a small poultry slaughterhouse, in Santa Catarina State, Brazil. The understanding of the meanings was supported by the Social Psychology related to social constructionism theory. The information was obtained by eight women interviewed, observations and documents consulted. It was made analyses of the material collected. The results describe the women's professional trajectories of the interviewees, indicating the reasons why they started working in the slaughterhouse, their everyday life in the workplace and thoughts of the future professional. I was concluded that their existence conditions (gender, age, location, habitation) have been marked their work's trajectories.

Keywords: Meanings of work, Women, Poultry production.


 

 

Introdução

Houve mudanças significativas no contexto do trabalho contemporâneo desde as últimas décadas do século XX. Por um lado, as empresas necessitaram de mais agilidade em seus processos produtivos, visando a atender as variações e flexibilidade do mercado (Navarro & Padilha, 2007). Por outro, as atividades efetuadas pelos trabalhadores se intensificaram, ampliando o uso da força de trabalho em períodos parciais, com a pouca necessidade qualificação profissional e provendo remuneração insuficiente. Esses acontecimentos atingiram grandes parcelas da sociedade, com destaque para determinadas camadas da população trabalhadora, tal como as mulheres. Inseridas no grupo atingido pela precariedade, elas necessitam lutar permanentemente contra a desigualdade salarial, a falta de oportunidades de emprego, difíceis condições de trabalho e insuficientes acesso a direitos (Antunes, 2002; Hirata, 2002, Eisenstein, 2009). As mulheres no mercado de trabalho, como também no ambiente doméstico, estão relacionada a uma continua precariedade nas ações de trabalho.

Esse estudo buscou assim analisar uma situação contemporânea dessa camada da população, de mulheres em uma empresa produtora de carnes e o desdobramento de seus labores no âmbito doméstico, as quais são atingidas diretamente pelas novas mudanças no trabalho. Baseado em Hirata (2002), o trabalho é compreendido além da situação empregatícia, mas todas as relações de trabalho como o doméstico, desempregos, trabalhos flexíveis, não regulamentados, dificuldades de inserção e manutenção do emprego, aspectos que caracterizam o trabalho contemporâneo.

Acompanhando esse mosaico de dificuldades na inserção e permanência das mulheres no mercado de trabalho e seus desdobramentos no âmbito reprodutivo foi efetuada uma investigação com o objetivo de estudar os sentidos do trabalho para mulheres na produção avícola, enfocando as trajetórias profissionais das mesmas. A coleta de informações foi desenvolvida em um abatedouro localizado no interior do estado de Santa Catarina, a avicultura industrial foi escolhida por acolher ampla força de trabalho feminina em suas atividades (Florit, Teixeira, Chaves & Graf, 2006; Jacinto, 2005; Sato & Lacaz, 2000, Graf, 2009). Além de constituir-se uma atividade considerada socialmente árdua, perigosa e suja por lidar com animais mortos, vísceras e instrumentos cortantes afiados em um intenso ritmo produtivo (Allen & Sachs, 2007).

As mulheres investigadas exerciam suas atividades em um abatedouro de aves, uma empresa pequena e considerada familiar, localizado em uma área considerada semirrural, com uma infraestrutura que contava com o galpão industrial, garagens, refeitórios, escritórios da administração, entre outros. As atividades foram iniciadas no estabelecimento com a criação de aves a partir dos anos 1980 e, posteriormente, foi alterado o foco para o abate e comercialização de carnes. No período de efetuação da investigação, entre fevereiro e julho de 2008, eram abatidas cerca de 18.000 aves por dia e possuíam um total de cem trabalhadores, sendo metade deles, mulheres.

Este artigo apresenta parte dos resultados obtidos com a investigação assinalada acima, enfocado as informações analíticas referentes às trajetórias das trabalhadoras e suas caracterizações1. Inicialmente serão apresentados os aportes teóricos do trabalho na contemporaneidade e a produção de sentidos pelo construcionismo social e, em continuidade, serão descritos os procedimentos de método. Adiante, os resultados e as discussões sinalizarão as trajetórias das trabalhadoras nas dimensões do passado, presente e dos projetos profissionais.

O trabalho é classicamente considerado como uma dimensão central na vida humana. Contudo, desde a segunda metade do século XX diferentes teóricos têm questionando a autenticidade desta centralidade. Entre esses teóricos estavam Gorz (1982) e Offe (1989), com o primeiro autor indicando uma tendência ao fim do proletariado e, o segundo, uma tendência à retração do trabalho como fator estruturante da vida humana. O debate se restabeleceu no contra argumento sobre a tese do fim do trabalho, reafirmando seu papel como criador de valor, onde o trabalho não estaria somente vinculado ao capital, em sua forma assalariada, mas também como possibilidade de emancipação e produtor de sentido (Antunes, 2002).

O sistema capitalista transformou o trabalho no decorrer dos anos, especialmente no processo de diminuir o custo da força de trabalho e ampliar o lucro empresarial. É possível observar neste início do século XXI, uma organização de trabalho fundamentada na composição de antigas práticas objetivas de exploração do trabalho com o aprofundamento da exploração subjetiva (Navarro & Padilha, 2007), atingindo drasticamente as mulheres. Como apresentado, as mulheres são geralmente alocadas em empregos com condições mais precárias do que aqueles destinados aos homens (Antunes, 2005). Estudos sobre a situação da mulher no mercado de trabalho revelaram uma situação na qual elas, em geral, contam com os menores salários, participam de atividades mais específicas e com menores possibilidades de ascensão profissional do que o dos homens (Hirata, 2002, Eisenstein, 2009). Acrescenta-se ainda que os trabalhos efetuados no âmbito doméstico são tradicionalmente reservados às mulheres como se fossem parte de seus atributos femininos. As peculiaridades do trabalho feminino também foram evidenciadas na presente pesquisa, como será apresentado adiante.

Interessa-nos aqui para analisar esse contexto contemporâneo das trabalhadoras, refletir especificamente sobre os sentidos construídos pelas mesmas no decorrer de suas trajetórias laborais. Para tanto, fundamentou-se a produção de sentidos no trabalho por meio do construcionismo social. Tolfo, Coutinho, Baasch e Cugnier (2011) analisaram diferentes perspectivas teóricas no campo da psicologia sobre sentidos e significados, em especial relacionados ao trabalho. Estes autores sugeriram aos pesquisadores, quando se referindo ao universo do trabalho, efetuarem diferenciações quanto aos termos empregados, embora sejam concepções articuladas, os sentidos estariam mais relacionados aos processos singulares dos sujeitos em relação a sua constituição social e histórica e, por outro lado, o termo significados seria pertinente a um entendimento coletivo sobre determinada atividade profissional.

Diante do exposto acima, este estudo propôs investigar os sentidos a partir do construcionismo social. Esta abordagem, segundo Gergen & Warhuus (2001), é voltada para a reflexão sobre os processos de significações construídos pelas pessoas, sendo o meio de entendê-los ser baseado na investigação dos sentidos, tal como explicado por Spink e Gimenes (1994), Spink e Menegon (2004)2.

Gergen & Warhuus (2001) ressaltam que a visão construcionista abarca as narrativas e as metáforas como formas de discursos, sendo elas recursos utilizados por pessoas ao gerarem significados em conjunto e não tanto exclusivamente determinadas por uma ação de um indivíduo; as histórias são assim desempenhos sociais, uma compreensão que considera as pessoas nas relações. Diante disso, cabe sinalizar que a investigação dos sentidos atribuídos a alguma atividade profissional, por exemplo, podem ser investigados a partir das narrativas as quais produzem discursos sobre essa profissão. Assim, a investigação dos sentidos é efetuada mediante as falas das pessoas, narrativas, sobre suas vivências, nas formas delas avaliarem as questões que as envolvem e seus lugares sociais. Deste modo, as narrativas das pessoas são concebidas como discursos elaborados por meio de múltiplos fatores sociais, econômicos, políticos nos quais as pessoas são envolvidas no curso de suas vidas.

Em relação à articulação dos sentidos da abordagem do construcionismo social com a dimensão do trabalho, foi possível identificar as inter-relações entre as pessoas e o trabalho em seus contextos sociais, não naturalizando os modos de ser, mais sim, contextualizando-os sempre a partir de uma leitura crítica da integração do social com o pessoal. A leitura dos sentidos do trabalho desenvolvida nesta pesquisa considerou a constante presença dos sentidos para quem executa uma atividade laboral, ou seja, os sentidos podem ser atrelados a aspectos positivos, negativos ou neutros, mas sempre construídos nas tramas do cotidiano.

 

Método

Participantes

Participaram desta investigação o conjunto de trabalhadores do abatedouro avícola (cerca de 50 homens e 50 mulheres), em especial oito mulheres atuantes na fábrica, que aceitaram serem entrevistadas. A escolha das mulheres ocorreu de forma não intencional em decorrência da disponibilidade das mesmas durante a jornada de trabalho. Destas, sete atuavam diretamente no processo produtivo da carne e uma nos serviços de limpeza, mas que anteriormente também atuava na fabricação.

Sobre as idades das entrevistadas, cinco mulheres tinham acima de 40 anos e, as outras três, uma delas tinha 32 anos e outras 19 e 20 anos. Quanto à escolaridade, quatro mulheres cursaram somente o primário, considerado por elas "até a quarta-série" e as outras quatro cursaram até o ginásio "até a oitava série". Das oito, apenas uma não era casada, uma moça com 20 anos e todas as casadas tinham fi lhos.

Instrumentos de coleta dos dados

Esta pesquisa foi elaborada a partir perspectiva teórica e metodológica do construcionismo social, enfocando os discursos das pessoas sobre trabalhos e a vida. Aqui foi empregada a estratégia de estudo de caso descritivo por possibilitar a análise dos fenômenos encontrados em uma situação contemporânea e o uso de múltiplos instrumentos para a coleta das informações (Yin, 2005). Os procedimentos usados para a coleta foram entrevistas com as trabalhadoras, observações das atividades com registro em diário de campo e a análise de documentos disponibilizados pela organização3. A entrevista foi empregada como instrumento principal, efetuada de modo semiestruturado.

Para a efetuação da entrevista, foi utilizado um roteiro organizado da seguinte maneira: 1) identificação: com questões voltadas a escolaridade, nascimento, estado civil, filhos, atividade atual na empresa, tempo de atuação 2) Cotidiano de trabalho no abatedouro: quando começou a trabalhar na empresa, quais funções foram desempenhadas, descrição das atividades atuais. 3) Trajetórias de trabalho: como foi sua trajetória laboral? Que idade e quando começou a trabalhar? Quais eram as atividades profissionais familiares? O que espera do futuro profissional? 4) Cotidiano de trabalho e vida doméstica: onde reside? Quais atividades você realiza no âmbito doméstico? O que realiza no tempo livre? Efetua outras atividades laborais?

As observações realizadas no ambiente de trabalho visavam a conhecer o processo produtivo e as inter-relações entre os trabalhadores. Os documentos analisados foram referentes ao perfil total dos trabalhadores da organização. Os quesitos éticos de pesquisa estabelecidos pelas normas brasileiras foram contemplados em todas as etapas da investigação. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos4, com o aceite escrito da organização e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido por todas as entrevistadas.

Procedimentos de análise dos dados

As análises foram efetuadas por meio da transcrição das entrevistas, com diversas leituras e feito o destaque de categorias discursivas. A ênfase nas entrevistas deveu-se pela necessidade de uma estratégia analítica geral e de assinalar prioridades (Yin, 2005). Com as leituras das entrevistas, entendidas como discursos, foi constituído um esquema temático das informações.

Para Spink e Menegon (2004), as falas e narrativas são discursos produzidos por pessoas em um tempo específico e por pessoas singulares em um contexto social. Os textos aqui eram considerados como discursos. Spink e Gimenes (1994) subsidiaram teoricamente os procedimentos de análise com o "mapa de associação de ideias", percebendo a linha do argumento através primeiramente de anotações detalhadas sobre o contexto da entrevista e, após, a elaboração de mapas de associação de ideias. Posteriormente a transcrição integral das entrevistas foi elaborado um sistema com três tempos de análises, primeiramente uma análise sobre os assuntos gerados por meio da entrevista, depois uma sistematização e organização dos mesmos e em terceiro momento de reflexão sobre as temáticas e o alinhamento com as teorias (Graf, 2009) .

Posteriormente as informações oriundas dessas sistematizações explicitadas acima, foram integradas as mesmas os registros das observações e dos documentos como complementares. Os resultados, deste modo, geraram duas grandes categorias temáticas, imbricadas, mas separadas para uma adequada exposição dos resultados. Serão apresentados aqui especificamente os resultados referentes a uma destas categorias: os sentidos do trabalho associados às trajetórias das trabalhadoras.

 

Resultados e discussões

Os resultados apresentados neste artigo são referentes a grande categoria temática nomeada de trajetória das trabalhadoras, resultado do trabalho investigativo de Graf (2009) sobre os sentidos do trabalho para mulheres na produção de carnes avícola. Esses resultados foram gerados a partir das análises dos discursos de oito trabalhadoras entrevistadas, considerando as falas e as narrativas destas mulheres como discursos (Spink & Menegon, 2004; Spink & Gimenes, 1994). Assim as falas foram organizadas primeiramente em um bloco de temáticas identificadas, com diversos nomes referindo-se a trabalhos anteriores, relação entre trabalhador e proprietários, residência, trabalho familiar, processo ensino aprendizagem, projetos futuros entre outras. Com esse material foi elaborada uma síntese das temáticas, chamadas de passado, presente e futuro e, com a articulação destes com a literatura, nomeou-se a categoria.

O estabelecimento no qual a pesquisa foi efetivada era um abatedouro avícola de pequeno porte, iniciou as atividades de abate em 1979, até então se tratava de uma propriedade rural, uma pequena granja produtora de aves vivas para a venda. No período da coleta de informações, em 2008, as atividades eram significativamente diferentes, produziam diversas mercadorias, tais como: frango inteiro, pedaços de cortes como a asa, coxa e sobrecoxa, peito sem pele e frango a passarinho. Os produtos eram embalados com material plástico e armazenados em câmaras frias. A realização destas atividades requeria a presença de trabalhadores exercendo diferentes ocupações. Com efeito, as principais ocupações exercidas no abatedouro eram: motorista, auxiliar de motorista, operador de caldeira, operador de empilhadeira, auxiliar de expedição, de produção, serviços gerais, auxiliar administrativo, mecânico, pedreiro, auxiliar de evisceração, abatedor e um trabalhador encarregado das atividades.

Como a atividade produtiva funciona como uma linha de montagem, ou desmontagem do animal (Florit, Teixeira, Chaves & Graf, 2006), as equipes necessitavam de muita concentração e agilidade, especialmente nas atividades movimentadas pelas esteiras. Essas atividades eram baseadas no funcionamento da máquina e fundamentalmente na força de trabalho feminina. As mulheres, em relação ao total dos trabalhadores/as da indústria, efetuavam basicamente a limpeza das aves e as embalagens finais dos produtos, alocadas no interior da fábrica. Já os homens eram observados em áreas variadas, como na área externa, na pesagem e contagem dos frangos congelados, e atuavam em diferentes ocupações, como mecânico, como motorista da empilhadeira, no transporte dos pacotes aos caminhões, entre outros. Essas diferenças entre os cargos ocupados na empresa constituem uma divisão sexual do trabalho, como mencionado por Hirata (2002), baseado em estereótipos sobre os gêneros foram desenvolvidos mecanismos de segregação da força de trabalho por meio da gestão, direcionando as mulheres para atividades que exigissem delicadeza, agilidade e intensidade de labor e com menores remunerações em comparação com a força de trabalho do masculino, construído as desigualdades e as perpetuando.

Entre as oito entrevistadas, sete estavam alocadas nas áreas internas do estabelecimento, apenas uma, como comentado, efetuava atividades de limpeza no refeitório dos trabalhadores. A seguir serão apresentadas as informações e discutidos os resultados referentes aos sentidos do trabalho para essas trabalhadoras.

Trajetórias das trabalhadoras

Com a perspectiva sobre os sentidos do trabalho adotada buscou evidenciar as questões suscitadas a partir das falas das entrevistadas. De acordo com a perspectiva do construcionismo social, os sentidos aqui são constituídos por meio da linguagem e pelos tempos. A partir desse entendimento, as trajetórias são fundamentadas no tempo vivido das entrevistadas considerando as dimensões: passado, presente e futuro.

Passado profissional

Soares e Sestren (2007) assinalaram a importância de apreender a diversidade de ocupações dos sujeitos ao longo de suas vidas. Também Coutinho (2009) salientou a relevância da dimensão temporal, pois a análise dos trabalhos efetuados no passado permite considerar as possibilidades de inserções profissionais no presente e no futuro. Desta maneira foi elaborada uma busca referente aos percursos profissionais das entrevistadas.

Os trabalhos anteriores efetuados pelas oito entrevistadas eram variados, mas a maior parte estava relacionada ao aspecto da informalidade. Entre eles, os mais citados foram atividades agrícolas gerais, auxiliar de cozinha, cuidados com crianças pequenas, serviços domésticos remunerados, camareira e auxiliar de produção, apenas uma entrevistada não exercia atividades remuneradas no período anterior à entrada no abatedouro. Foi possível identificar que as entrevistadas tiveram poucos empregos com vínculo formal, de modo que ocuparam mais atividades parciais, precárias, de subcontratação ou vivenciaram o desemprego; lugares, tal como assinalado por Antunes (2005), necessários ao metabolismo social do capital: Só dona de casa, eu tinha as crianças pequenas e o meu marido não aceitava eu colocar a criança na creche (Camila5, 56 anos, quatro filhos).

É possível observar no fragmento acima que a atividade doméstica era interrelacionada à vida profissional. Sorj, Fontes e Machado (2007) reiteram que, não obstante as amplas conquistas das mulheres no mercado de trabalho, com a ampliação da inserção feminina, os cuidados com a família ainda permanecem como uma atividade exclusivamente feminina e limitadora de outras possibilidades da vida social. Embora Camila exercesse trabalhos produtivos na sua residência, não eram valorizados e nem remunerados.

De acordo com Paulilo (2004), em análise sobre produtoras rurais, identificou haver entre suas pesquisadas uma dificuldade em efetuar a separação do trabalho realizado para suas famílias, atividades reprodutivas, daquelas efetuadas para a fabricação de um produto a ser comercializado, uma atividade laboral voltada ao trabalho produtivo. Um fato que dificulta a contabilidade das atividades produzidas pelas mulheres, tornando-se um trabalho gerador de renda não contabilizado e invisível. Outra entrevistada, que também iniciou precocemente nas atividades rurais, também mencionou não receber remuneração equivalente: Eu era obrigada a trabalhar fora com dez anos para comprar comida, ai nós ainda morávamos lá na granja. Eu ganhava uns trocados para ajudar meu pai e minha mãe. Isso eu não tinha a carteira pra assinar né? (Valentina, 42 anos, três filhos).

Outras entrevistadas mais jovens tiveram percursos diferenciados mostrando maior permanência na educação formal. As entrevistadas Letícia e Yasmin, 19 e 20 anos respectivamente, tiveram poucas inserções profissionais anteriores a entrada no abatedouro e estas não se caracterizavam por atividades agrícolas. Uma delas atuou como cuidadora de criança e a outra como revisora em uma pequena confecção: ...eu limpava a casa da minha vizinha, das minhas duas vizinhas e da minha amiga, ela me levava, levava nós duas juntas [ela e a filha]. Daí eu consegui meu emprego aqui, aí deixei de dar de mamá para a pequena... (Letícia, 19 anos, uma filha).

As narrativas das entrevistadas Margarida (47 anos), Acácia (32 anos) e Hortência (49 anos) revelaram maior tempo de inserção nas atividades profissionais remuneradas, porém com diversos ingressos em trabalhos informais. No caso das entrevistadas aqui, a informalidade não foi decorrente de uma opção, mas sim, como um meio de obterem um trabalho remunerado: Comecei a trabalhar em [empresa de estofados], lá não deu certo, comecei a trabalhar aqui. Eu acho que trabalhei aqui um ano ou dois acho, daí eu saí e fui trabalhar na [cozinha de restaurante], fiquei lá uns oito ou nove anos. Trabalhei fora sempre (Margarida, 47 anos, quatro filhos).

As dificuldades provenientes de trabalhos informais aumentam a partir das construções sociais de gênero. Como indicado por Hirata (2002), Antunes (2005), o mercado de trabalho brasileiro fundamenta-se em uma permanente desigualdade entre os gêneros, de modo que as mulheres das camadas populares, frequentemente as mais pobres e com menor escolaridade, têm as piores taxas de participação no mercado de trabalho.

A análise das trajetórias ocupacionais pregressas das entrevistadas revelou um percurso fragmentado no mercado de trabalho, mas, ao mesmo tempo, elas mencionam terem sempre trabalhado, um resultado da acumulação de todos os tipos de atividades laborais efetuadas por elas, tais como no âmbito doméstico, informal e também no formal. Assim, a entrada no abatedouro lhes possibilitou uma maior continuidade em uma atividade laboral remunerada, bem como a inserção no mercado de trabalho formal.

Cotidiano de trabalho no abatedouro

É conveniente pensar o trabalho das mulheres a partir da leitura do cotidiano, identificando como as trabalhadoras desenvolviam suas atividades e se relacionavam com esse ambiente de trabalho (Sato, 2007). Destarte, serão descritos brevemente as atividades e depois as análises feitas a partir dos discursos.

É possível dividir as entrevistadas entre as que executavam atividades na nórea e as que atuavam na esteira de produção. A nórea se constituía como uma corrente que conduz a ave abatida para permitir a limpeza da mesma, e as atividades efetuadas são cortar a carne, retirar as vísceras e controlar máquinas. Acácia (32 anos), Letícia (19 anos), Camila (56 anos) e Yasmin (20 anos) atuavam nas esteiras, nas quais as carnes depois cortadas eram transportadas e encaminhadas à embalagem, em que eram feitas por elas.

Um aspecto importante observados foi a agilidade das trabalhadoras ao efetuarem seus serviços e a ausência de rotatividade nos postos de trabalho. As trabalhadoras permaneceram por três meses, o tempo de duração da pesquisa de campo, nas mesmas ocupações sem rotatividade de função. Uma situação de operariado/, fundamentado em modelos de gestão da força de trabalho do taylorismo/fordismo, tal como relatado por Antunes (2002) e Navarro e Padilha (2007).

Ao se referir sobre a relação entre os postos de trabalho masculinos e os femininos em uma linha de montagem, Souza-Lobo (1991) observou que a divisão do trabalho não apenas envolvia a separação das tarefas, mas também a separação entre as pessoas que concebiam a atividade, daqueles que a executariam. Na empresa, era o encarregado que planejava todas as atividades e a disposição do pessoal, mas alguns homens, apesar de executarem trabalhos também repetitivos, tinham maiores possibilidades de organizarem suas atividades e escolherem as prioridades, como exemplo, as atividades feitas pelo mecânico e o condutor de empilhadeira.

Outro aspecto relevante associado ao trabalho no abatedouro destacado nos discursos da maioria das trabalhadoras foi a remuneração: Eu estou gostando daqui, eu gosto de trabalhar aqui dentro também. Eu nunca reclamo. A gente precisa trabalhar, precisa de dinheiro, fazer o quê? A gente enjoa do mesmo serviço, a gente tem que fazer para ganhar dinheiro. Sem dinheiro não dá, né? (Valentina, 42 anos, três filhos).

É possível notar na fala da maioria das trabalhadoras entrevistadas a importância do retorno financeiro atribuído ao trabalho. Morin, Tonelli e Pliopas (2007) e Coutinho, Diogo e Joaquim (2008) também verificaram o quanto o retorno financeiro era importante para os seus entrevistados. No caso das pesquisadas, foi possível notar a relevância da remuneração especialmente como forma de assistirem os seus familiares e para o consumo de mercadorias. Trata-se de uma forma típica de significar o trabalho no capitalismo, no qual na dimensão do trabalho abstrato, o trabalhador passa a significar sua atividade apenas como um meio de sobrevivência, uma fonte de recursos financeiros; e não como modo de atender suas necessidades psicossociais, propiciadora de estreitamento de laços afetivos, produtora de criatividade e significado de pertencimento a um projeto coletivo (Antunes, 2005; Coutinho, Diogo & Joaquim, 2008).

O trabalho em um abatedouro avícola é desgastante por envolver diferentes questões relacionadas a agravos à saúde do trabalhador. As trabalhadoras comentaram acidentes ocorridos nas máquinas e com instrumentos, como as facas afi adas, e outros problemas associados ao ambiente do trabalho, como a baixa temperatura ou, em outros lugares, o calor excessivo. As entrevistadas foram trazendo informações sobre os acidentes e doenças no trabalho mesmo que inicialmente não houvessem sido perguntadas diretamente sobre essas temáticas. Os agravos à saúde decorrentes deste tipo de trabalho já foi assinalado em outras pesquisas (Neli, 2006; Sato & Lacaz, 2000; Tavolaro, Pereira, Pelicioni & De Oliveira, 2007): Tem a outra mulher que está sempre na corrente comigo. Essa também está sempre com a mão machucada. Mas tem que aguentar, não é? Eu sempre tenho esses problemas nos dedos assim [...] (Hortência, 49 anos, três filhos).

De acordo com Tavolaro e cols. (2007), as atividades em abatedouros integram rotinas com tarefas estressantes e cansativas, ocasionando consequências à saúde do trabalhador/a, como os problemas músculo esqueléticos, problemas de pele, acidentes com materiais cortantes, bem como transmissão de zoonoses. Para os autores é agravante o fato das operações ocorrerem de forma sequencial, por meio da linha de montagem, com o ritmo do trabalho determinado pelo número de animais abatidos. Tornando-se, a partir das transformações dos processos de trabalho, com sua maior mecanização, uma atividade com um considerável número de acidentes ocupacionais.

Mesmo diante de tantas dificuldades presentes no trabalho, não pode-se deixar ponderar de compreender sobre as características do trabalho concreto e a centralidade do trabalho na vida das entrevistadas. O estudo de D'Acri (2003) evidenciou que mesmo em condições precárias de trabalho, em atividades insalubres e com prejuízos à saúde, os trabalhadores conseguiam abrir brechas de sentidos em suas atividades. Nesta pesquisa isso também foi evidenciado quanto às entrevistadas indicaram existir sentidos positivos sobre a vida associado aos seus trabalhos: Significa saúde, vida, [...] quando eu trabalhava em casa e não podia nem caminhar[...] Eu ganhei vida [...]. Eu adoro trabalhar (Camila, 56 anos, quatro filhos).

Tal como D'Acri (2003) mencionou, foi possível perceber, em meio ao sofrimento e sob condições inadequadas, a existência de brechas de criação e de fazer humano. Embora sejam apenas brechas em comparação com as possibilidades que uma sociedade solidária pudesse alcançar, esses aspectos constituem "o sentimento de participação no mundo". Para Camila a experiência de sair de casa e se deslocar à empresa foi vivenciada como positiva, apesar dos desgastes provenientes da permanência na extensa jornada de trabalho e do esforço repetitivo.

Outro aspecto da relação das entrevistadas com o trabalho foi a visão do trabalho como emprego não só associado à remuneração, mas também ao gostar e ao fazer bem feito, tal como relatado por Letícia (19 anos, uma filha) "Trabalho também é que tu gosta também". As trabalhadoras do presente estudo já exerceram atividades em condições de trabalho precárias e informais e agora se encontram na parcela reduzida do 'proletariado fabril estável' (Antunes, 2005), uma parcela em movimento de continua redução, com a necessidade de haver esforços pessoais para a permanência no emprego e, por isto mesmo, valorizado pelas entrevistadas.

Projetos profissionais

Tomando como referência o entendimento de Velho (2003) sobre projeto é possível pensar o ser humano como formulador da sua projeção futura, a partir da visão de mundo e de estilo de vida do presente. O ser humano organiza a visão de futuro ancorado em sua trajetória de vida: "A memória permite uma visão retrospectiva mais ou menos organizada de uma trajetória e biografi a, na medida em que busca, através do estabelecimento de objetivos e fins, a organização dos meios através dos quais esses poderão ser atingidos" (Velho, 2003, p. 101).

Por meio da análise dos discursos das entrevistadas foram identificados três grupos de projeções profissionais: a) a aposentadoria por meio da própria empresa, b) trabalhar como auxiliar de produção em outra empresa, c) a permanência na ocupação atual sem planos. Em geral, observou-se similaridade nas projeções relatadas, pois se tratava de pessoas que residiam em uma mesma localidade e compartilham de um mesmo contexto, ou seja, constituindo-se um futuro circunstancial por serem pessoas com trajetórias de recorrentes processos de exclusão (Salvitti, Viégas, Mortada & Tavares, 1999).

A aposentadoria foi relatada como um modo de as trabalhadoras continuarem com rendimentos, embora sentissem as dificuldades decorrentes das rotinas desgastantes de trabalho, com a industrialização da empresa. Nos discursos, foi recorrente a menção ao não suportar a pressão da atividade e temerem a não concretização dos seus projetos de aposentadoria, ficando evidenciada a ausência de outras possibilidades de emprego e colocando-as diante de um duplo risco de exclusão (Antunes, 2002). "Vou ficar aqui até o dia de me aposentar. A gente já é acostumada com o trabalho e pegar outro serviço, sabe como é [...] depois a gente já tem uma boa idade [...] Hortência, 49 anos, três filhos).

Alcançar a aposentadoria tem a perspectiva de retirar as entrevistadas da sobrecarga de trabalho que efetuam tanto em suas residências, quanto na indústria, possibilitando a continuidade da renda. Para Santos (1990), a aposentadoria não significa uma mudança abrupta para as mulheres trabalhadoras, mas um redimensionamento do continuum que as associa à família e à residência. Com a aposentadoria, as mulheres poderão se dedicar exclusivamente às atividades domésticas, porém com um suporte financeiro.

Já para as trabalhadoras com projetos de trabalhar em outras empresas, essa expectativa de mudança era relacionada à possibilidade de conciliação entre a atividade industrial e as atividades domésticas. "Se não tivesse aqui, eu ia querer trabalhar numa empresa mais perto de casa. Das cinco até uma e meia para ficar com a pequena [...] mas não adianta sai daqui e fica desempregada (Letícia, 19 anos). Novamente à mulher são destinadas as responsabilidades dos cuidados com a casa e com filhos, cabendo a ela a conciliação do trabalho doméstico com o industrial.

Na terceira forma de projeção identificada nos discursos das entrevistadas estão duas mulheres com projetos de permanecer na empresa, porém sem planos. Seguindo os aspectos circunstanciais mencionados por Salvitti e cols. (1999), uma delas, Gardênia indicou estar com o emprego em relação às alternativas possíveis "Eu já trabalhei em coisa pior e já conhecia, trabalhava com aviário..." (Gardênia, 44 anos, um filho), preferindo permanecer na empresa e sem projeções de mudanças. A outra entrevistada, Margarida (47 anos) também não tinha objetivo de alterações, preferindo continuar na empresa, pois acometida de uma doença grave também não percebia alternativa.

Os discursos sobre o futuro permitiram análise do conjunto de limitações das entrevistadas que dificultaram projeções profissionais alternativas. Entre os fatores limitadores para o acesso a outros trabalhos estão: dificuldade para conciliar as atividades domésticas com as remuneradas, a localização de suas moradias sem acesso a transporte público regular para outras localidades, a baixa escolaridade e a idade avançada para parte das entrevistadas.

 

Considerações finais

Este artigo evidenciou os sentidos do trabalho para mulheres em um contexto de trabalho de uma empresa avícola de pequeno porte. Com as informações resultantes da categoria nomeada de trajetórias das trabalhadoras foi possível identificar os modos em que as mulheres se inserirem na atividade, dos conhecimentos e práticas das vivências cotidiana na ruralidade e, para outras, pelas poucas oportunidades de empregos em outros setores produtivos com garantias do contrato de trabalho formal.

As mulheres tiveram acesso aos empregos no abatedouro por ser uma força de trabalho qualificada para as operações efetuadas na empresa, como embalagens e na corrente, que necessitavam agilidade e força, entre outros. No entanto, para elas, a inexistência de outras empresas na localidade, a falta de um transporte público que ofereça mais horários para o deslocamento a outras regiões e o baixo nível de escolaridade dificultou a entrada em outras atividades laborais. Inclusive a idade elevada de parte das trabalhadoras se constituiu um fator limitante ao acesso a outras oportunidades, restringindo as tentativas.

A vida das participantes mostrou-se articulada entre atividades produtivas e as reprodutivas. Nas atividades produtivas, as participantes atribuíram um importante valor à remuneração, efetuando contraponto com o trabalho doméstico pelo qual não eram remuneradas; também, consideraram a importância e a saúde que o trabalho lhes proporcionava a suas vidas, embora elas ressaltassem o desgaste e os possíveis acidentes e doenças associadas. Nos relatos sobre o futuro, houve certa homogeneidade nas visões e geralmente salientaram a falta de oportunidades.

As análises mostram trajetórias fragmentadas, de caráter eventual e instável, embora as necessidades de alimentação e reprodução da vida fossem presentes e diárias. Assim, foi possível conhecer um pouco da vida dessas mulheres, trabalhadoras de um pequeno abatedouro, situado dentro do grande setor de produção de carne avícola brasileiro. Como Elias (1994) apresentou, nenhuma pessoa é descolada da realidade, assim ultrapassando a dicotomia entre sujeito e sociedade, foi possível observar, por meio da pesquisa, o pertencimento das entrevistadas a uma família, uma região, uma localidade e a constituição da singularidade na teia de relações coletivas.

Por meio do construcionismo social foi abarcado o processo de produção dos sentidos do trabalho associados ao estudo do contexto de trabalho e às trajetórias das trabalhadoras. Aqui se abrangeu os sentidos atribuídos ao trabalho articulados a vivências específicas de um contexto produtivo, com trajetórias singulares articuladas coletivamente.

Outras pesquisas são importantes para oportunizar maiores conhecimentos sobre as práticas cotidianas de trabalhadores/as da produção de carnes em estabelecimentos de abate e frigorífico. A continuidade dos estudos possibilitará a construção de estratégias para melhorias da qualidade de vida dos trabalhadores, em especial as mulheres ali inseridas, pois por meio desta investigação esse grupo se mostrou bastante vulnerável.

 

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Endereço para contato
E-mail: lailagraf@gmail.com

Recebido em janeiro de 2011
Aceito em junho de 2012

 

 

Laila Priscila Graf: Doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Maria Chalfin Coutinho: Doutora em Ciências Sociais pela Unicamp, Professora do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina, Bolsista Produtividade do CNPq.
1 Essa pesquisa é parte dos resultados de uma dissertação de mestrado elaborada pela primeira autora, com orientação da segunda, cuja referência será inserida posteriormente para evitar a identificação das autoras.
2 Aqui é utilizada a categoria de sentidos, visto ser a categoria central para o construcionsmo social como utilizado por Spink e Menegon (2004), Spink e Gimenes (1994).
3 A pesquisa de campo foi efetuada no primeiro semestre de 2008.
4 Projeto N. 354/07, Universidade Federal de Santa Catarina.
5 É salientado aqui que todos os nomes utilizados são fictícios, no sentido de preservar a identidade dos sujeitos investigados.