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Aletheia

versão impressa ISSN 1413-0394

Aletheia  no.37 Canoas abr. 2012

 

ARTIGOS DE PESQUISA

 

Bem-estar pessoal de pais e filhos e seus valores aspirados

 

Personal well-being of parents and children and their aspirated values

 

Bienestar personal de padres e hijos y sus valores aspirados

 

 

Jorge Castellá SarrieraI; Verônica Morais XimenesII; Lívia BedinI; Anelise Lopes RodriguesI; Fabiane Friedrich SchützI; Carme MontserratIII; Caroline Lima SilvaI

I Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
II Universidade Federal do Ceará, Brasil
III Institut de Recerca sobre Qualitat de Vida, Universitat de Girona, Espanha

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RESUMO

O bem-estar pessoal de adolescentes é um tema de crescente interesse na literatura científica, especialmente quando se considera a escassez de artigos que considerem o ponto de vista dos adolescentes. Este estudo busca analisar relações entre bem-estar pessoal de pais e filhos e seus valores aspirados. A amostra compõe-se de 543 adolescentes de 12 a 16 anos, de ambos os sexos, e seus pais ou responsáveis. Utilizam-se os instrumentos Personal Well-Being Index (PWI) para medir níveis de bem-estar, e Aspiration Index para identificar valores aspirados. Obteve-se uma função discriminante entre pais e filhos agrupando significativamente as variáveis de bem-estar pessoal discriminando a favor dos filhos, e as variáveis de valores de caráter abstrato e humanista discriminando a favor dos pais, sem apresentar diferenças entre os de valores materiais e de habilidades e conhecimentos. Os resultados contribuem para a discussão sobre a transmissão de valores e do bem-estar em contexto familiar.

Palavras-chave: Valores, Bem-estar subjetivo, Adolescentes.


ABSTRACT

The personal well-being of adolescents is a subject of growing interest in the scientific literature, especially considering the scarcity of articles that consider adolescent's points of view. This study aims to analyze the relationships between personal well-being of parents and children and their aspirated values. The sample consists of 543 adolescents aged 12 to 16 years, of both sexes, and their parents or guardians. The Personal Well-Being Index (PWI) is used to measure personal well-being, while the Aspiration Index is used to measure aspired values of both groups. A discriminant function was obtained between parents and children gathering the personal wellbeing variables significantly towards children, and gathering the variables of humanistic values discriminate in favor of parents, without differentiating material values, skill and knowledge's values. These results contribute to the discussion on the transmission of values and well-being in the family context.

Keywords: Values, Subjective well-being, Adolescence.


RESUMEN

El bienestar personal de los adolescentes constituye un tema de creciente interés en la literatura científica, sobre todo cuando se tiene en cuenta el reducido número de artículos que tiene consideran el punto de vista de los adolescentes. Este estudio busca analizar relaciones entre el bienestar personal de padres y hijos y sus valores aspirados. La muestra se compone de 543 adolescentes escolarizados de ambos sexos, con edades comprendidas entre 12 y 16 años y sus padres de ambos sexos entre 27 y 70 años. Se utiliza la escala de Personal Well-Being Index (PWI) para medir los niveles de bienestar, y el Aspiration Index para identificar los valores aspirados por ambos grupos. Se obtuvo una función discriminante entre padres e hijos reuniendo significativamente las variables de bienestar personal a favor de los hijos y las variables de valores de carácter abstracto y humanista a favor de los padres, sin diferenciar los valores materiales, las habilidades y el conocimiento. Los resultados contribuyen a la discusión sobre la transmisión de valores y el bienestar en el contexto familiar.

Palabras clave: Valores, Bienestar subjetivo, Adolescentes.


 

 

Introdução

Muitos estudos sobre bem-estar pessoal têm sido conduzidos com população adulta enquanto poucos tiveram como foco crianças e adolescentes (Casas, 2010; Casas et al. 2012; Veenhoven, 2009). As publicações que consideram a satisfação dessa população quanto aos diferentes aspectos de suas vidas e seus valores são escassas. Além disso, raramente crianças e adolescentes podem participar como informantes, considerando-se supostos problemas de credibilidade. Entretanto, estudos com população adolescente reforçam a confiabilidade das respostas dos adolescentes (Casas & Bello, 2012). Profissionais de diferentes âmbitos (acadêmicos, profissionais, políticos) afirmam, cada vez mais, que as opiniões e avaliações de crianças e adolescentes devem ser levadas em conta, tanto na concepção de políticas e programas que promovam o bem-estar durante sua infância como também na vida adulta.

Bem-estar é um termo que possui múltiplos significados, para o qual não existe uma definição consensual (González, 2006). A felicidade e a satisfação com a vida são alguns dos principais aspectos que compõe o bem-estar subjetivo (Diener, Scollon & Lucas, 2003). Assim, a avaliação de diferentes níveis de bem-estar ao longo da vida, mantém seu foco em aspectos positivos, não se limitando à identificação de patologias (Diener, Suh & Oisihi, 1997).

Já em pesquisas realizadas na Austrália e Espanha (Casas, 2010; Cummins & Lau, 2005), a expressão bem-estar pessoal tem sido a mais adotada. Essa se refere a sentir-se globalmente bem ao longo do ciclo vital. O bem-estar tem sido objeto de interesse em diversas investigações que buscam identificar quais variáveis fazem com que os indivíduos avaliem sua vida como globalmente satisfatória (Casas, 2010; Veenhoven, 2009). Benatuil (2003), em seus estudos sobre bem-estar realizados com população latino-americana, aponta a utilização de instrumentos de avaliação baseados em uma concepção unidimensional de bem-estar.

Tendo em vista a proposta de somar a perspectiva dos adolescentes a de outros atores – tais como pais, professores, psicólogos – é possível que se obtenham ganhos de pesquisa em termos de riqueza e compreensão do fenômeno, possibilitando a problematização de alguns clichês contraditórios ancorados na perspectiva adulta. É neste sentido que os seguintes questionamentos são propostos: Quais são os valores que crianças e adolescentes aspiram? Esses valores são compatíveis com os de seus pais? Qual é a sua relação com o bem-estar pessoal dos adolescentes?

Os valores podem ser relacionados ao bem-estar na medida em que servem como guias para diferentes escolhas que o sujeito fará ao longo de sua vida. O estudo dos valores humanos é considerado ainda um tema complexo. Considerando a expressiva quantidade de trabalhos empíricos relacionados a essa temática, evidencia-se ainda uma escassez em termos de sistemas teóricos consistentes, a fim de que haja uma melhor incorporação dos resultados (Gouveia, 2003). No princípio da década de 80, Rokeach (1981) definiu valores como sendo uma espécie de padrão ou medida, cuja principal função seria servir de guia para as ações e atitudes e formas de estabelecer comparações, avaliações e justificativas tanto de si próprio quanto dos outros.

Aproximadamente 10 anos mais tarde, Schwartz (1994) definiu valores como critérios ou metas que transcendem situações específicas, ordenados por importância e representam objetivos humanos básicos. Para o autor, os valores humanos básicos são identificados em dez tipos de valores motivacionais: poder, realização, hedonismo, estimulação, autodeterminação, universalismo, benevolência, tradição, conformidade e segurança. Esses são universais porque atendem as necessidades biológicas, sociais e socioinstitucionais concernentes à sobrevivência e ao bem-estar dos grupos, consideradas requisitos da existência humana.

Nesse sentido, os valores estão presentes em diferentes culturas. Eles possuem componentes motivacionais, cognitivos, afetivos, culturais e comportamentais e estão organizados em um sistema ordenado ao longo de um continuum de importância, podendo influenciar as atitudes e ações de outras pessoas (Schwartz, 2005).

Os valores ou orientações valorativas sustentam-se em crenças duradouras, constituídas de acordo com o contexto social ou cultural no qual o sujeito está inserido. Portanto, podem determinar o modo como o sujeito se comporta, seja no âmbito pessoal ou social. Acredita-se na possibilidade de transmissão/influência dos valores aspirados dos pais para os seus filhos adolescentes, o que pode fundamentar suas escolhas, aspirações e atitudes perante a vida, e por consequência, influenciar em seu bem-estar.

Entretanto, ressalta-se que os valores não devem ser entendidos simplesmente como palavras que devem ser ensinadas pelos pais a seus filhos, uma vez que compreendem um sistema de ideias e conceitos de caráter latente, responsáveis por orientar as pessoas a viver em sociedade (Gouveia, 2003). A família, espaço de socialização primária, exerce influência significativa na formação do indivíduo, sendo que as práticas parentais de socialização interferem tanto positivamente quanto negativamente na construção dos valores dos adolescentes (Moraes, Camino C., Costa, Camino L. & Cruz, 2007). Assim, as interações no território familiar são compreendidas como um elo de conciliação entre as dimensões pessoais e coletivas, uma vez que os valores que permeiam as relações familiares podem ser elementos que constituem os membros dessa família (Féres-Carneiro, Henriques & Jablonski, 2011).

Tanto as práticas parentais, quanto o comportamento geral dos pais em relação a seus filhos são influenciados por um sistema de valores e crenças compartilhados pelos pais em relação ao desenvolvimento de seus filhos (Biasoli-Alves, 2000). Esse sistema de crenças corresponde a um conjunto de ideias implícitas em julgamentos, decisões e escolhas tomadas pelos pais, podendo constituir-se num quadro de referencia interno capaz de sustentar o comportamento cotidiano dos pais em relação a seus filhos.

Casas, Buixarrais, Figuer e González (2004) aprofundam a temática de qualidade de vida de jovens a partir dos fatores de autoestima, apoio social percebido, percepção de controle e valores, relacionando-os com a satisfação vital, e também analisam a concordância e discrepância entre percepções de filhos e pais. O objetivo foi comparar os valores aspirados dos adolescentes com os valores aspirados pelos pais acerca de seus filhos, assim como o bem-estar pessoal de ambos. Os resultados mostraram que a maior discrepância incidiu sobre os valores: "conhecimento sobre os computadores", "dinheiro", "poder" e "conhecimento do mundo".

Em estudo realizado por Casas e Bello (2012) com uma amostra de 5.934 adolescentes espanhóis, de ambos os sexos, em sua maioria com 12 anos de idade, foram encontrados resultados que contrariam o estereótipo de que os adolescentes importam-se apenas com bens materiais. A amabilidade e a personalidade foram elencadas, tanto entre os meninos quanto entre as meninas, como as qualidades que mais aspiram ser apreciados no futuro; os valores poder e dinheiro obtiveram pontuações médias globais muito mais baixas. Ademais, os níveis mais elevados de bem-estar subjetivo foram observados entre aqueles que atribuíram mais importância a valores como simpatia, amabilidade, relações pessoais e solidariedade, e os menores entre os que dão mais importância aos valores materialistas como dinheiro, poder e imagem. A partir da literatura apresentada, este estudo tem como objetivo diferenciar adolescentes de seus pais quanto ao nível de bem-estar e valores por eles aspirados. A contribuição deste está em apresentar dados empíricos de uma amostra de adolescentes brasileiros, da região Sul do País, aprofundando o tema dos valores aspirados e do bem-estar como foco de desenvolvimento nessa etapa vital.

 

Método

Participantes

Esta investigação consta de 1.086 participantes, sendo 543 adolescentes, e seus respectivos pais. Cabe ressaltar que a amostra total de adolescentes que responderam ao questionário foi de 1.588. Entretanto, houve retorno de apenas 543 questionários de pais, e, portanto, a amostra final utilizada é de 543 adolescentes e seus pais.

Destes, 25,6% eram da capital do Estado do Rio Grande do Sul, e os demais de três cidades do interior: Santa Cruz do Sul (32,4%), Rio Grande (17,9%), Santa Maria (24,1%). As escolas participantes foram sorteadas a partir da lista fornecida pela Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul e contatadas posteriormente. Foram sorteados alunos das turmas da sétima e oitava séries do ensino fundamental e primeiro e segundo ano do ensino médio.

Dos adolescentes, 31,7% são meninos e 68,3% meninas. A diferença de frequência do sexo se dá, pois o retorno dos termos de consentimento das meninas foi mais alto. Os participantes de escolas particulares compuseram 60% da amostra, enquanto os de escolas públicas corresponderam a 40%. As idades dos alunos variaram de 12 a 16 anos, com a média de 14,07 (DP = 1,30).

Com relação aos pais, 22,2% eram homens e 77,8% mulheres. As idades variaram de 27 a 70 anos, com média de 43,84 (DP = 6,56). Destes, 69,4% eram mães, 20,3% pais, 8,1% mães e pais juntos e 2,2% outros membros da família. A classe social mencionada pela maioria dos pais/responsáveis foi a classe média, com 91,5%, sendo que destes 78,7% trabalhavam e 21,3% não.

Instrumentos

Utilizou-se um instrumento para avaliar o bem-estar pessoal dos adolescentes e um para identificar os valores aspirados pelos adolescentes e seus pais. Esses estão descritos a seguir.

Personal Well Being Index (PWI, Cummins, Eckersley, Pallant, Van Vugt, & Misajon, 2003) é composto de sete itens e avalia a média de satisfação com diferentes âmbitos da vida através de uma escala Likert original de sete pontos. Para este estudo, a escala foi traduzida e adaptada à realidade dos adolescentes brasileiros por meio de validação semântica e backtranslation (Casas et al., 2012). A escala é medida por 11 pontos que variam de zero (totalmente insatisfeito) a dez (totalmente satisfeito). Os participantes responderam sobre o quanto estão satisfeitos com a sua saúde, com o seu nível de vida, com as coisas que tem obtido na vida, com a sensação de segurança, com os grupos aos quais pertencem, com a segurança a respeito do futuro e com as relações com outras pessoas. Com essa amostra, a consistência interna (Alpha de Cronbach) do PWI foi de 0,78. Cummins (1998) apresenta alphas entre 0,70 e 0,80 em pesquisas realizadas com a população australiana.

A Escala de Valores Aspirados foi desenvolvida por Kasser e Ryan (Aspiration Index, 1996) para verificar as aspirações pessoais, que são divididas em extrínsecas, como riqueza, fama e imagem; e intrínsecas, como relacionamentos significativos, crescimento pessoal e contribuição na comunidade. A escala apresenta Alpha de Cronbach de 0,76 (Kasser & Ryan, 1996). Nessa amostra, o alpha foi de 0,88. Para este estudo, foi utilizada uma escala Likert de 11 pontos, com 21 itens, na qual o participante determina qual a intensidade em que ele gostaria de ser valorizado por cada item variando de zero (nada) até dez (muitíssimo), projetando para um momento futuro, no qual tivesse 21 anos de idade. A escala foi traduzida e adaptada para adolescentes brasileiros, seguindo as orientações de adaptação transcultural de Beaton, Bombardier, Guillemin e Ferraz (2000).

O método utilizado para verificar os valores aspirados pelos adolescentes foi semelhante ao proposto por Casas et al. (2004) o qual consistiu na seguinte questão: "Imagine que você já tem 21 anos: naquele momento, com que intensidade você gostaria que as outras pessoas valorizassem alguns aspectos seus?". O questionário dos pais continha os mesmos valores dos questionários dos adolescentes, com a seguinte questão: "Imagine que seu filho tenha 21 anos. Naquele momento, com que intensidade você gostaria que as outras pessoas apreciassem certas características do seu filho?", também variando de 0 a 10.

Procedimentos de coleta de dados e aspectos éticos

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do Instituto de Psicologia/UFRGS, sob o protocolo nº 066/2008. Os procedimentos previstos obedeceram aos Critérios de Ética na Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

As escolas sorteadas foram contatadas a fim de obter autorização para a realização da coleta de dados entre seus alunos. Em seguida, a equipe de pesquisadores entregou os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido para que os alunos levassem para casa e pedissem a autorização de seus pais ou responsáveis para a participação de ambos. Combinou-se com a direção da escola um horário para entrar nas turmas. A aplicação durou aproximadamente 45 minutos, sendo realizada pela equipe de pesquisadores apenas com os alunos que devolveram os Termos de Consentimento assinados por eles e por seus pais. Os alunos tiveram plena liberdade de se recusar a preencher o questionário. Durante a coleta de dados dos alunos, foram distribuídos os questionários para serem entregues aos pais, sendo combinado que deveriam ser devolvidos, no máximo, em uma semana à direção escola.

Procedimentos para análise de dados

Foi realizada Análise Discriminante (AD), tendo em vista verificar quais variáveis da escala de bem-estar e valores aspirados diferenciam os grupos de adolescente e seus pais. A AD busca diferenciar os determinados grupos investigados através de diversas variáveis, onde as diferenças são maximizadas. Portanto, essa análise foi utilizada, pois objetiva-se diferenciar os adolescentes de seus pais com relação aos valores aspirados e ao bem-estar de ambos.

 

Resultados

Primeiramente, são apresentadas as médias, desvios padrão e dados de comparação dos itens da escala de bem-estar dos adolescentes e de seus pais, bem como as diferenças entre os valores aspirados pelos filhos e os valores que seus pais aspiram para eles. Além destes dados, também são apresentadas as variáveis que, individualmente, tem capacidade para discriminar os grupos de pais e filhos através da significância, utilizando-se o método Wilks. Os itens que mais contribuem para a variabilidade total são os que irão discriminar os grupos, se forem significativos (Tabela 1).

 

 

Com relação ao bem-estar pessoal, cabe destacar que os itens "satisfação com o quanto se sente seguro" e a "satisfação com a segurança a respeito do futuro" foram aqueles com pior avaliação por parte de pais e filhos. Em termos gerais, observou-se uma diferença nos níveis de satisfação sobre o bem-estar pessoal, significativa a favor dos filhos.

No que tange aos itens da escala de valores, percebe-se o equilíbrio entre as médias dos valores aspirados pelos filhos adolescentes com os valores que os pais aspiram para seus filhos para a competência profissional (Madolesc = 9,31/ Mpais = 9,26), personalidade (Madolesc [ 9,30 / Mpais = 9,38), força de vontade (Madolesc = 9,18/ Mpais = 9,19) e simpatia (Madolesc = 9,06 / Mpais = 9,05).

As diferenças entre as médias dos valores apresentadas entre pais e filhos, assinalam diferenças para riqueza espiritual (Madolesc = 8,02 / Mpais = 9,13), tolerância (Madolesc = 7,80 / Mpais = 8,51), humanidade (Madolesc = 8,71 / Mpais = 9,37), coerência (Madolesc = 8,10 / Mpais = 8,73), amabilidade (Madolesc = 8,76 / Mpais = 9,20), solidariedade (Madolesc = 8,75 / Mpais = 9,19), sentido de vida (Madolesc = 8,69 / Mpais = 9,05), otimismo (Madolesc = 8,76 / Mpais = 9,06), senso de humor (Madolesc = 8,85 / Mpais = 8,56), alegria de viver (Madolesc = 9,19 / Mpais = 9,44), família (Madolesc = 8,99 / Mpais = 9,20) e habilidades com as pessoas (Madolesc = 8,85 / Mpais = 9,04).

Os valores inteligência, personalidade, competência profissional, imagem, força de vontade, simpatia e habilidades técnicas não apresentaram diferenças significativas (p > 0,05), constituindo, portanto, variáveis que não diferenciam bem as aspirações entre os dois grupos, sendo dinheiro e poder os valores que apresentam a média mais baixa em ambos os grupos.

Observa-se, finalmente que os pais conferem maior importância aos valores do que ao bem-estar pessoal, sendo que dentre os valores são os de cunho existencial ou humanístico e alguns de personalidade (tolerância, otimismo e senso de humor). Já as dimensões materiais e de habilidades e conhecimentos não apresentam diferenças entre valores aspirados de pais e filhos.

Para verificar em que medida essas diferenças evidenciam um perfil discriminante das variáveis, realizou-se uma análise discriminante, considerando como variáveis independentes os itens das escalas de bem-estar pessoal e valores, e como variável dependente os dois grupos – pais e filhos.

Percebe-se que a função obtida na análise entre pais e filhos, por ser única, explica 100% da variabilidade entre os dois grupos. A função discriminante é significativa (χ2(28) = 415,85, p < 0,001) e apresenta uma correlação canônica discriminante de 0,601.

Pode-se observar um λ de Wilks de 0,639, equivalente a uma variância explicada pela função discriminante de 36,1%. Com relação à classificação, a função obtida classifica corretamente 78% dos participantes em seus respectivos grupos, sendo um índice aceitável de classificação preditiva através do perfil da função obtida (Tabela 2).

 

 

As variáveis significativas e mais relevantes na capacidade discriminativa entre os pais e filhos estão ordenadas por tamanho absoluto de correlação na matriz estrutural, tendo como ponto de corte 0,20 (Tabela 3).

 

 

O grupo dos pais apresentou valor de centroide de -0,767, enquanto o grupo dos filhos apresentou o valor de 0,737. Estes valores indicam que os grupos estão bem afastados pelo perfil obtido, podendo ser discriminados pelas variáveis apresentadas, sendo que o sinal das correlações obtidas indica a direção favorável a um grupo ou outro.

Pode-se observar que os valores que mais discriminam pais de filhos, a favor destes últimos, estão associados ao bem-estar pessoal (grupos, nível de vida, segurança com o futuro, saúde, outras pessoas e sentir-se seguro). Já os itens que mais discriminam a favor dos pais são os valores aspirados (riqueza espiritual, humanidade, tolerância, coerência, solidariedade, sentido de vida e amabilidade) (Tabela 3).

As variáveis que expressam valores de nível mais abstrato são as que apresentam a maior distância entre pais e filhos. São elas: riqueza espiritual (-0,407), humanidade (-0,379), tolerância (-0,251), coerência (-0,243), solidariedade (-0,238), sentido vital (-0,379) e amabilidade (-0,203).

 

Discussão

Os âmbitos que melhor diferenciam os adolescentes de seus pais, em termos de bem-estar pessoal são o relacionamento, o nível de vida, a segurança e a saúde. Esses resultados estão em consonância com o que outros autores descrevem como uma tendência na diminuição da avaliação sobre o bem-estar à medida que a idade dos participantes aumenta. Casas et al (2012) apontaram uma significativa e constante diminuição do item único de satisfação global com a vida entre os 12 e os 15 anos de idade. Outra pesquisa apresenta uma avaliação decrescente da satisfação global com a vida na mesma faixa etária, bem como a satisfação com outros âmbitos da vida (Baltatescu & Cummins, 2006).

Com relação ao bem-estar de pais e filhos, correlações significativas foram encontradas, apesar de baixas (Casas et al.,2008). Os autores defendem que os resultados mostram relações pouco claras e muito abaixo do esperado entre o bem-estar subjetivo de pais e seus filhos, indicando a necessidade de desenvolver outras formas para verificar estas relações. Da mesma forma, os adolescentes da presente investigação apresentaram médias de bem-estar pessoal mais altas que a de seus pais.

Tais resultados podem demonstrar a maturidade que os pais apresentam em relação aos filhos, em virtude de seu próprio período de desenvolvimento dentro do ciclo vital. Leonardo (2001) afirma que, durante a adolescência, o contato com diversas realidades tais como família, amigos, escola e outras instituições, constitui-se como fundamental para a formação de juízos de valor adultos. Assim, na adolescência, há uma desvalorização dos valores antigos e uma busca por novos valores.

Para Moraes et al. (2007), as crianças e os jovens começam a reconhecer seus interesses a partir da participação em diferentes grupos, contribuindo para a constituição de sua identidade social. Esse fato repercute na divergência de valores e normas aspirados pelos pais em relação a seus filhos. Tal divergência pode relacionar-se com o fato de a adolescência ser caracterizada por uma série de questionamentos dos valores e crenças com relação ao contexto familiar (Stengel, 2011), em especial no que diz respeito a valores que não são enfatizados pela sociedade capitalista. Bobowik et al. (2011) corroboram esse resultado quando afirmam que o valor "poder" dos pais é um dos preditores dos valores dos filhos. Os resultados encontrados por Casas et al. (2004) indicaram que os adolescentes espanhóis tiveram uma alta discrepância em comparação aos valores aspirados por seus pais nos itens: "conhecimento sobre computadores", "dinheiro", "poder" e "conhecimento do mundo". Diferentemente, na presente amostra, os itens "dinheiro" e "poder" não apresentaram discrepâncias entre pais e filhos, sendo os itens valorados com menores médias, o que pode representar diferenças culturais entre os adolescentes brasileiros e espanhóis.

Entretanto, em estudo mais recente, "personalidade" e "amabilidade" foram os aspectos mais valorizados na Espanha por meninos e meninas de 12 anos (M = 9,36) além de serem os valores pelos quais gostariam de ser apreciados com 21 anos. No outro extremo, se encontram os valores poder e dinheiro, com médias globais muito baixas (M = 6,15 e M = 6,52). Ademais, os adolescentes que demonstram, significativamente, maior bem-estar subjetivo foram aqueles que destacaram aspirar valores mais relacionais (Casas & Bello, 2012).

A família é um espaço de socialização (Moraes et al., 2007; Féres-Carneiro, Henriques & Jablonski, 2011), e os valores, como guia de padrões de ações (Rokeach, 1981), contribuem como elementos que auxiliam no conhecimento das relações pais e filhos, sendo ordenados por sua importância (Schwartz, 1994). Ao analisar os valores aspirados por pais e filhos (Tabela 1), encontra-se que as menores médias foram atribuídas aos valores poder e dinheiro para ambos.

As médias baixas atribuídas a esses dois valores materiais podem relacionar-se por parte dos pais com a visão de dependência financeira que os seus filhos ainda terão com a idade de 21 anos e por parte dos filhos por se encontrarem, no momento atual da sua vida, dependendo financeiramente de seus pais. Segundo Stengel (2011) em famílias hierarquizadas, pode-se inferir que as relações estão pautadas na dependência financeira dos filhos em relação aos pais, o que possibilita uma forma de controle. A autoridade e o poder dos pais estão relacionados com as formas de negociação que fazem com seus filhos a partir da questão financeira. Desse modo, na medida em que os pais mantêm uma relação de dependência financeira até os 21 anos de idade, mantém-se a continuidade de sua autoridade. Para Camino C., Camino L. e Moraes (2003) o controle parental também está presente nas relações pais e filhos.

A baixa importância dos valores "dinheiro" e "poder" pode estar relacionada aos projetos de vida que os pais fazem para os seus filhos, e que os próprios filhos podem ter no que diz respeito à formação continuada, oportunidade que muitos pais não tiveram quando eram jovens. Stengel e Tozo (2010) ressaltam que os pais transmitem ambição a seus filhos para que tenham uma vida com status diferente da que possuem. Nesse caso, ocorre um adiamento da autonomia financeira dos filhos devido a dificuldades em conciliar a carga horária de trabalho com a educacional (Biasoli-Alves, 2000, Porto & Tamayo, 2006).

A priorização dos valores humanistas por parte dos pais pode ser atribuída as suas diferentes experiências e vivências características do mundo adulto. Lança (2005) salienta que a diversidade de estilos de vida propicia aos indivíduos a adesão a um conjunto de valores que estariam de acordo com determinadas circunstancias da sua vida, dos grupos aos quais pertencem, da conjuntura politica, situação sócio profissional, etc. Assim, compreende-se que os valores não possuem caráter estático, mas sim, dinâmico, podendo ser alterados com o passar do tempo.

Finalmente, cabe destacar que a amostra de adolescentes e de pais de nosso estudo apresenta mais mulheres do que homens. Não sabemos até que ponto tal aspecto introduz um viés nos resultados, já que as diferenças de gênero acerca do bem-estar subjetivo infantil têm provocado intenso debate na literatura cientifica a partir de resultados contraditórios apresentados por diferentes estudos, questão esta que deve ser tratada com maior profundidade no futuro.

 

Considerações finais

Evidenciaram-se diferenças significativas do bem-estar de pais e filhos. A importância que os pais atribuem aos valores humanitários sobrepõe-se a importância atribuída pelos filhos, sinalizando mudanças entre gerações devido ao fato de a adolescência ser um período de transição no qual há influência das transformações culturais. Por outro lado, os valores relacionados às capacidades profissionais foram valorizados tanto pelos pais como pelos adolescentes.

Os valores "dinheiro" e "poder" também não apresentaram diferenças significativas entre pais e filhos. Logo, percebe-se que o controle parental nas relações entre pais e filhos pode permanecer presente ao longo da vida, envolvendo a dependência financeira, que pode repercutir nas relações de poder e na continuidade da educação formal dos jovens.

Quanto às limitações, sinaliza-se o fato de utilizar um instrumento que mede os valores desejados para o futuro pelos adolescentes e valores que os pais almejam para seus filhos, constituindo-se em uma medida de previsão. Além disso, destaca-se a dificuldade de coletar dados dos pais, tendo em vista a baixa taxa de retorno dos questionários.

Em termos de sugestões para investigações futuras, entende-se que a adoção de delineamento longitudinal poderá auxiliar na compreensão aprofundada das relações entre os valores aspirados por adolescentes e seus pais. Dessa forma, será possível comparar os dados dos adolescentes quando atingirem 21 anos. Por outro lado, seria desejável complementar este mesmo tema a partir de um enfoque mais qualitativo, por exemplo, com a utilização de grupos focais com adolescentes e progenitores, de modo a aprofundar a compreensão dos resultados.

Conhecer os níveis de bem-estar dos adolescentes em distintos âmbitos da vida bem como os valores por eles aspirados é fundamental para a formulação de políticas e programas dirigidos a essa população, de modo a melhor adequá-los a suas necessidades específicas – e não somente as necessidades que os adultos pensam que eles têm. É subsidio importante também para professores, educadores de tempo livre, psicólogos e políticos no que tange as recomendações da Convenção sobre os Direitos da Criança pela promoção do bem-estar, protagonismo e participação social da juventude. A investigação deve, portanto, seguir contribuindo a esse cenário.

 

Referências

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Endereço para contato
E-mail: jorgesarriera@gmail.com

Recebido em julho de 2012
Aceito em outubro de 2012

 

 

Jorge Castellá Sarriera – Psicólogo, Doutor em Psicología Social pela Universidad Autónoma de Madrid (Espanha). Professor do Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
Verônica Morais Ximenes – Psicóloga, Doutora em Psicologia pela Universidad de Barcelona (Espanha) e Professora da Universidade Federal do Ceará, Brasil.
Lívia Bedin – Psicóloga, Doutoranda em Psicologia pelo Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
Anelise Lopes Rodrigues – Psicóloga, Doutoranda em Psicologia pelo Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
Fabiane Friedrich Schütz – Psicóloga, Mestranda em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
Carme Montserrat – Dra., Professora do Institut de Recerca sobre Qualitat de Vida, Universitat de Girona, Espanha.
Caroline Lima Silva – Psicóloga, Mestranda em Psicologia pelo Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.