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Aletheia

Print version ISSN 1413-0394

Aletheia  no.42 Canoas Dec. 2013

 

ARTIGOS EMPÍRICOS

 

A não maternidade na contemporaneidade: um estudo com mulheres sem filhos acima dos 45 anos

 

The childlessness in contemporary times: a study with non-child women above 45 years old

 

 

Daiana Quadros Fidelis; Clarisse Pereira Mosmann

Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Endereço para contato

 

 


RESUMO

Na contemporaneidade, um número crescente de mulheres tem vivenciado a não maternidade, constituindo um fenômeno recente e ainda pouco estudado. Nesse contexto, este estudo investigou os motivos apontados por mulheres associados à vivência da não maternidade, as características desse processo e desdobramentos em suas vidas. Esta pesquisa teve âmbito exploratório e descritivo, com método de análise de dados qualitativo. Participaram cinco mulheres acima dos 45 anos, que declararam ter optado por não serem mães, com as quais foram realizadas entrevistas semiestruturadas. Os dados foram analisados por meio de análise de conteúdo e os resultados apontam que a carreira profissional é indicada como principal motivo associado à vivência da não maternidade. Também se constatou como desdobramento desta escolha que essas mulheres sofrem pressões da sociedade, que culminam em ambivalência dos seus sentimentos. Destaca-se a característica de todas terem vivenciado relacionamentos amorosos conflituosos no percurso de suas vidas, por outro lado, elas declaram contar com expressiva rede social de apoio.

Palavras-chave: Mulheres, Não maternidade, Carreira profissional.


ABSTRACT

In contemporary times an increasing number of women have opted for non-motherhood, which has constituted a recent phenomenon that has yet to be thoroughly studied. Therefore, this study investigated the alleged reasons associated by woman to their non-motherhood, characteristics of this process and developments in theirs live. The scope of this research is both exploratory and descriptive, and uses qualitative data analysis. Semi-structured interviews were conducted with five women over age 45, who declared by choice decided not to be mothers. The data was analyzed using content analysis and the results indicated that career choice was the main reason for the option of non-motherhood. It was also discovered as a development that these women suffer society pressures regarding this choice culminating ambivalence in their feelings. It stands out the characteristic that all women have experienced loving and conflicting relationships during the course of their lives, however they declare to have significant social support network.

Keywords: Women, Childlessness, Career.


 

 

Introdução

Biologicamente, ser mulher sempre esteve associado à maternidade, entretanto, socialmente esta relação foi se modificando ao longo da história. No século XVII, o papel da mulher restringia-se a gerar um filho, mas não a desempenhar a maternidade como se constitui atualmente, já que a própria concepção de infância e cuidados para com as crianças era completamente distinta. A partir do século XVIII, a mulher passou a ser vista como fundamental não só para a gestação, mas também para o desenvolvimento dos filhos (Patias & Buaes, 2009). Estando nesse momento a reprodução intrinsecamente associada ao casamento, o destino da mulher já nascia traçado para casar e reproduzir. Hoje se abrem novas portas para a mulher que está livre para poder escolher, está plenamente inserida no mercado de trabalho e vem conquistando novos papeis e cargos que, até há pouco tempo, seriam impensáveis, como a presidência da república.

Nesse sentido, observa-se a ocorrência de um fenômeno diferente, pois as mulheres estão podendo escolher viver ou não a maternidade. Com o surgimento da pílula anticoncepcional e a maior eficácia dos métodos contraceptivos, as mulheres se tornaram responsáveis por sua sexualidade, podendo optar por ter, ou não, filhos e quando tê-los. Antigamente, o papel feminino centrava-se na satisfação daqueles à sua volta, enquanto que agora ele pode se voltar para seu crescimento e desenvolvimento pessoal. Aconteceram algumas mudanças sociais, tais como a crise da concepção burguesa de família nuclear, a entrada da mulher no mercado de trabalho, a separação da sexualidade da reprodução e uma política de visibilidade da homossexualidade. Produziram-se, então, novas formas de subjetivação das mulheres que puderam adiar a maternidade e optar até mesmo por não vivê-la (Orsolin, 2002; Melamed & Quayle, 2006; Arán, 2003).

Neste contexto, o número de casais com filhos está sofrendo uma redução no Brasil. Nos dados do IBGE (2011), em 1999, esses casais representavam 55% da população e, em 2009, caiu para 47,3%. O Rio Grande do Sul tem a menor taxa de natalidade do Brasil, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011). Em 2009 esta taxa era de 11,6 nascimentos para cada mil habitantes. A média nacional é de 15,8 nascimentos para cada 100 mil habitantes. A taxa de fecundidade da mulher brasileira é 2,3 filhos por mulher, abaixo da média mundial, que é 2,6, de acordo com indicadores do IBGE de 2011. Na década de 1960, a taxa de fecundidade era de 6,3 filhos por mulher. Esse número crescente de mulheres sem filhos parece evidenciar um aumento na opção pela não maternidade ou pelo seu adiamento, justificando o estudo do tema.

A mulher denota estar assumindo sua possibilidade de escolha, por exemplo, em optar pela carreira, deixando a maternidade para mais tarde. Estudos mostram a crescente presença de mulheres no mercado de trabalho, apontando para a possibilidade de muitas estarem deixando para ter filhos depois de se estabilizarem financeiramente, focadas em solidificar a carreira, obter sucesso profissional, para depois pensar em engravidar. Este adiamento da maternidade é feito até que se tenha condição considerada apropriada para esta responsabilidade ou, até mesmo, a opção pela não maternidade. Evidencia-se um novo movimento onde muitas mulheres estão em busca de autonomia e independência profissional e financeira e, por consequência, adiando ou rejeitando os desafios da maternidade (Patias & Buaes, 2012; Carvalho & Almeida, 2003; Barbosa & Rocha-Coutinho, 2007; Szapiro & Féres-Carneiro, 2002).

Por outro lado, investir na profissão não implica em renunciar a um casamento ou à maternidade, já que muitas mulheres atualmente conciliam a vida profissional bem-sucedida com o casamento e a maternidade. Para algumas, contudo, conciliar a vida de casada com a profissão é uma tarefa que exige muito (Papalia, Olds & Feldman, 2006). Soma-se a isso a cobrança social sofrida pelas mulheres, onde qualquer falha em algum destes inúmeros papeis acaba gerando culpa frente ao marido e aos filhos.

Socialmente, a primeira e esperada escolha para as mulheres é, ainda, a maternidade. Nesse contexto, muitas mulheres optam pela maternidade, algumas vezes sem desejo ou mesmo inspiração para serem mães, talvez pela própria impossibilidade de questionar essa imposição social. A maternidade não é apenas uma conexão biológica entre mãe e filho, é uma relação que exige da mãe muitos cuidados com a criança e se trata de uma grande relação de dependência do filho para com sua mãe (Moraes, 2010).

Em estudo realizado por Barbosa e Rocha-Coutinho (2007), as autoras observaram que a maternidade ainda se faz muito presente na vida da grande maioria das mulheres. Por outro lado, os dados indicam que, entre as mulheres de classe média alta, vem diminuindo cada vez mais o número de filhos. Muitas estão descobrindo que a vida pode trazer outras experiências emocionantes além da maternidade. Por isso, algumas mulheres hoje se permitem questionar o seu desejo de serem mães (Barbosa & Rocha-Coutinho, 2007).

Alguns autores postulam que a decisão das mulheres que optam pela não maternidade, se daria sem conflitos para elas, porque estaria associada tanto à disponibilidade interna, quanto ao favorecimento externo das condições dessa decisão tomada (Abranches, 1990). Segundo Mansur (2000), o que leva uma mulher a concluir que a maternidade não será exercida por ela é uma combinação de fatores que refletem a sua história, a interação entre medo e desejo, capacidades e limitações, personalidade e circunstâncias socioculturais.

Antigamente, as mulheres que permaneciam solteiras ou optavam pela não maternidade eram consideradas como incompletas, infelizes e muitas vezes as acusavam de não serem femininas. A mulher era vista como voltada para o outro, para satisfazer as necessidades de quem fazia parte de suas relações. Com o crescimento da liberdade para fazer escolhas, a mulher contemporânea passou a poder pensar em si e a planejar sua vida individualizada (Rocha-Coutinho, 1994).

Entretanto, esta escolha por não querer viver a maternidade é ainda entendida, muitas vezes, como uma anormalidade, pois não está dentro dos padrões tradicionais da sociedade, sendo vista como patologia, falta de saúde, egoísmo, falta de dever físico para repor a população (Rios & Gomes, 2009a). Existe uma visão da sociedade que deixa a entender que mulheres que optam pela não maternidade são despreparadas, desesperançadas (no âmbito biológico) ou egoístas por fazerem esta opção. Devido ao número crescente de mulheres que vivenciam estas situações, este discurso está cada vez mais em evidência, sendo alvo de problematizações em distintas perspectivas, já que encerra toda uma concepção social acerca do papel da mulher e da maternidade na sociedade (Letherby, 2002).

Neste panorama, embora essa opção seja cada vez mais comum, ainda se configura emocionalmente, como um desafio às mulheres. Elas podem passar por vários tipos de pressão, já que a sociedade ainda acha estranho que uma mulher não tenha o desejo de ser mãe. Com esta escolha podem surgir questões relevantes, podendo mobilizar emocionalmente qualquer mulher, sendo necessário que a maternidade seja vista de outra maneira, compreendendo que a mulher pode ter projetos variados, pois a sociedade apresenta diversas opções que vão além da maternidade (Mansur, 2003).

A literatura estrangeira é muito vasta em estudos que enfocam mulheres que não desejam passar pela maternidade. Pesquisa realizada no final da década de noventa já apontava que 19% das mulheres americanas entre 40-44 anos não tinham filhos (Us Census Bureau apud Hewlett, 2008, p. 39). Em outro estudo realizado por Connidis e McMullin, em 1999, com uma amostra de 287 mulheres sem filhos, com mais de 55 anos, concluiu-se que alguns motivos citados pela escolha de não ter filhos são as vantagens na ausência destes, dizendo respeito a um menor número de problemas e preocupações com relação a eles, além dos benefícios financeiros, a maior liberdade e a flexibilidade na carreira profissional.

Entre as pesquisas desenvolvidas no Brasil relacionadas às mulheres que optaram pela não maternidade, podemos citar o estudo realizado no Rio de Janeiro, por Bonini-Vieira, em 1996, com dez mulheres. O estudo demonstrou que as participantes construíram um projeto de vida no qual a maternidade não encontrava lugar, encarada como um elemento impeditivo aos objetivos delineados para as suas vidas. Embora tais mulheres se percebam como pessoas produtivas e realizadas, de acordo com suas próprias expectativas, isso não elimina a presença de conflitos e angústias, presentes também naquelas que optam por serem mães.

Na mesma direção, em estudo realizado em 2009, Rios e Gomes investigaram quatro casais que relatavam sentir-se discriminados pela decisão de não ter filhos. Os resultados desta pesquisa suscitam a reflexão acerca das manchas que esta opção pode causar, indicando que todos os casais apresentavam sentimentos de sofrimento frente à pressão e discriminação social com relação à decisão de não ter filhos e se dedicar a outros aspectos. Os casais percebem a estigmatização e a pressão social de forma persecutória, necessitando valer-se de reparações ou de utilizar alguma forma reativa de defesa, apresentando níveis de ambivalência significativos gerado por esta escolha (Rios & Gomes, 2009b).

Por outro lado, no estudo feito por Rowe e Medeiros (2010), seis casais que optaram por não ter filhos relataram ter mais tempo um para o outro o que reforçaria o vínculo entre eles. Nessas uniões se expressam algumas características dos casamentos contemporâneos, com maior ênfase no lazer e no individualismo, não tendo a obrigação de se preocupar com uma criança que sempre necessita de muito investimento de tempo e afeto.

Identifica-se que os estudos acerca da opção pela não maternidade ainda são controversos e refletem um processo em desenvolvimento. Assim, este tema apresenta-se como bastante relevante a ser investigado, identificando-se que a mulher está conquistando novos papéis na sociedade aliado às mudanças na estrutura familiar que estão acontecendo na contemporaneidade (Fleck & Wagner, 2003). A relevância deste tema se fundamenta também na escassez de literatura científica brasileira que aborde este assunto. Nesse contexto, este estudo investigou os motivos apontados por mulheres associados à vivência da não maternidade, as características desse processo e desdobramentos em suas vidas.

 

Método

Trata-se de um estudo exploratório e qualitativo. Participaram deste estudo cinco mulheres, acima de 45 anos, residentes na região metropolitana de Porto Alegre. Foram selecionadas a partir de indicação ou conveniência em participar do estudo, sendo critérios de inclusão a idade (a partir dos 45 anos) e terem feito a opção de não viver a maternidade, conforme declarado por elas à pesquisadora. Os critérios de exclusão foram a impossibilidade de exercerem a maternidade, por motivo biológico.

A tabela abaixo traz as características sociodemográficas das participantes:

 

 

Com cada participante foi realizada, individualmente, uma entrevista semidirigida, que teve a duração aproximada de uma hora, que seguiu as seguintes questões norteadoras: Qual o significado da maternidade para as mulheres que optam por não ter filhos? Quais são os objetivos de vida dessas mulheres? Quais as prioridades que elas estabelecem para sua vida?

O projeto para a realização da presente pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade do Vale do Rio dos Sinos com o número de protocolo 13/028. Após a aprovação, iniciou-se a coleta dos dados, respeitando os princípios éticos do Conselho Federal de Psicologia e a Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde. O processo de seleção das participantes foi feito através de indicações de pessoas que conheciam mulheres que optaram por não serem mães. Primeiramente, as mulheres foram contatadas por telefone para que se pudesse verificar o seu interesse em participar da pesquisa. Em seguida, foram realizadas as entrevistas em locais e horários conforme escolha e disponibilidade das participantes. As entrevistas foram realizadas pela autora deste projeto, em local e hora conveniente para as participantes. Depois da devida apresentação do estudo, as mesmas assinaram, de forma voluntária, o TCLE.

As entrevistas foram gravadas, posteriormente transcritas, e analisadas através da análise de conteúdo. Segundo Minayo (1994), este é um procedimento de análise de dados que visa examinar a comunicação com o intuito de obter indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção das mensagens. As categorias foram definidas a posteriori com base nos conteúdos que emergiram das leituras exaustivas e na literatura.

 

Discussão dos resultados

Os resultados obtidos serão apresentados a partir de um conjunto de categorias, elaboradas segundo uma análise feita com base nas respostas das participantes. Na tabela abaixo, se encontram as categorias que emergiram das falas das participantes deste estudo. As falas foram transcritas exatamente como foram ditas, com os erros de linguagem. Em seguida, as categorias serão apresentadas e discutidas à luz do referencial teórico proposto na introdução.

 

 

Motivos

Esta categoria abrange os motivos aos quais as mulheres atribuem a sua escolha pela não maternidade. Identificou-se que a vida profissional é apontada como fator principal relacionado a esta escolha.

Vida profissional

Esta subcategoria compreende as falas das mulheres deste estudo que apontaram que a opção por dedicar-se à vida profissional está diretamente relacionada à sua escolha por não viver a maternidade. Sabe-se que o trabalho é algo que demanda esforço e empenho na vida das pessoas, entretanto para essas mulheres o trabalho tem um papel central.

As falas abaixo expressam suas percepções:

Sempre trabalhei quarenta ou sessenta horas. Já no ensino médio eu trabalhava, dava aula num turno, no outro estudava. Depois, quando comecei a fazer faculdade, trabalhava na Escola Estadual pela manhã e tarde, tinha duas turmas de alfabetização, isso foi por muito tempo, quase toda faculdade, daí quase no final da faculdade comecei a trabalhar um turno como Orientadora Educacional e no outro turno tinha turma e assim foi por muito tempo... Depois que acabei a faculdade, dava aula quarenta horas no estado e vinte horas no particular, a noite com o magistério. Trabalhava na área da Psicologia e a parte das didáticas, e coordenava o estágio. (sic). (Carmen, 60 anos, Professora aposentada)

Comecei a trabalhar muito cedo, e desde então conquistar as coisas que tenho hoje... (sic). (Regina, 45 anos, Gerente Bancária)

Em outra fala evidencia-se que ela coloca o trabalho em primeiro lugar:

Primeiro, claro, minha carreira profissional (sic). (Regina, 45 anos, gerente Bancária)

Julgo muito bem, estou bem no trabalho, cheguei onde eu queria. Claro que penso alto ainda, quero mais (...) Voltar a estudar pra ganhar mais espaço... (sic). (Marta, 45 anos, Gerente de loja)

Essas falas vão ao encontro da pesquisa feita por Connidis e McMullin (1999), que obteve como resultado que algumas mulheres estão dando prioridade à carreira profissional, fazendo desta todo o seu investimento de vida. Quando há esta escolha, torna-se mais fácil dedicar-se integralmente ao trabalho sem ter preocupações com outros assuntos que não sejam relacionados à carreira profissional, gerando assim uma opção excludente – ou o trabalho ou a maternidade. Os conteúdos expressos nessa categoria mostram que, para as mulheres deste estudo, a prioridade da vida profissional pesou na hora da escolha de viver ou não a maternidade.

Conciliar a vida profissional com a maternidade é um desafio para todas as mulheres, como mencionam Papalia, Olds e Feldman (2006), as exigências da maternidade são muitas vezes incompatíveis com as profissionais, impelindo a mulher a fazer opções que, necessariamente, vão deixar algum dos âmbitos em segundo plano. Este movimento necessariamente gera culpa, já que a sociedade e a família ainda cobram das mulheres uma maternidade sem falhas.

Características desse processo

Foram identificadas características desse processo que culminaram na vivência da não maternidade por estas mulheres. Estas são subjacentes e nem sempre associadas pelas mesmas como base para a alegada escolha por não viver a maternidade. Destacam-se duas subcategorias: a ambivalência e os relacionamentos amorosos.

Ambivalência

Esta subcategoria contempla sentimentos e ambivalências em algumas falas das participantes voltadas à opção pela não maternidade. Identifica-se que algumas delas ora valorizam muito a maternidade ora a desvalorizam. Também apontam medos e apreensões que sentiam quanto à possibilidade de maternidade: "Ah... deve ser tudo na vida de uma mulher" (sic). (Anita, 53 anos, professora).

Passando mais alguns instantes, ela afirma: "Não acredito que seja tudo na vida de uma mulher". "[...] Não sinto assim, tanta falta de filhos assim" (sic). (Anita, 53 anos, Professora).

Sempre tive medo de ter filhos e não saber educar, conseguir criar, até teve um época que eu queria, assim independente, sem marido, sozinha, daí eu pensava... (sic). (Carmen, 60 anos, professora aposentada)

O meu sonho sempre foi ter filhos, mas por força do destino eu nunca consegui. [...] Hoje assim me sinto bem de não ter tido filhos, a coisa foi tão assim acontecendo normal, sabe! (sic). (Lúcia, 57 anos, cabeleireira)

Os conteúdos apontam que o esperado, socialmente, sempre é a maternidade para as mulheres, o que talvez justifique estes sentimentos ambivalentes. Elas acabam indo contra o esperado e, de alguma forma, também têm esse discurso internalizado. Romper com o modelo imposto pela sociedade, no qual a mulher é feita para procriar, é um processo difícil. Podemos pensar que por isso esta escolha gera ambivalência, ao mesmo tempo em que a mulher é livre para tomar a decisão, é demandada a lidar com as consequências de suas escolhas neste contexto.

As falas das participantes que optaram por não viverem a maternidade expressam essas dúvidas e questionamentos em relação a sua opção. Além disso, há uma diferença entre as participantes quanto ao nível de ambivalência que vivenciam, já que elas vinculam esses sentimentos à presença ou a ausência de desejo pela maternidade.

Identificaram-se níveis de ambivalência de cada participante; Lúcia apresenta maior ambivalência e Regina a menor ambivalência. Essa interpretação foi feita a partir das falas de cada participante. Muitas vezes, as mulheres criam uma expectativa em relação à maternidade quando ainda são crianças. Estas mulheres, vendo suas mães criarem seus filhos, se enxergam no futuro também mães, mas conforme o tempo vai passando elas podem repensar acerca de querer gerar uma criança ou não. Não foi este o caso de duas participantes: Marta e Regina desde pequenas sabiam o que queriam para seu futuro em relação a ser mãe, como podemos notar nas falas a seguir:

Ao contrário da minha mãe que tem cinco filhos, e entre eles sou a única que não desejei ter. (Marta, 45 anos, Gerente de loja).

É algo que nunca despertou interesse em parar e planejar para ter filho. (Regina, 45 anos, Gerente bancária)

Contudo, as participantes que desejaram ter filhos, são mais ambivalentes. Ao longo da análise das entrevistas para algumas mulheres a maternidade é, de fato, algo desejado e também sendo considerada como algo de maravilhoso, algo com que elas sempre sonharam. No entanto, as mulheres reconhecem as "dificuldades" que a maternidade impõe: as responsabilidades, os maiores gastos ao nível financeiro; as preocupações, o aumento de trabalho, os problemas que podem vir do crescimento das crianças. As mulheres deste estudo expressam muitas vezes um sentimento de ambiguidade relativo à maternidade. Assim, se por um lado consideram que a maternidade deve ser algo maravilhoso, inexplicável, por outro lado, dizem que é uma tarefa bastante complexa. Deste modo é importante reconhecer que a maternidade, ao invés de ser algo natural e instintivo, é uma construção social que tem que ser aprendida pelas novas mães. Por fim, para as mulheres que nunca desejaram ter filhos, esta ambivalência é menor, pois elas não precisam refletir sobre os investimentos e os problemas que podem vir a surgir com a criança ao longo dos anos.

Relacionamento amoroso

Nesta subcategoria, identificou-se nas falas de quatro das cinco participantes uma grande dificuldade com seus relacionamentos amorosos. Todas relatam que tiveram um namorado ou noivo por período significativo de tempo e depois romperam. Isso aparece nas seguintes frases:

Meus relacionamentos afetivos sempre foram desastrados (sic). (Carmen, 60 anos, professora aposentada)

Vai acumulando... uma tristeza agora, uma decepção depois, um caso mal resolvido... e aí vai né daqui um pouco... é a gota da água, e minha gota da água, foi quando o José, que estou há 15 anos, mas ele é casado, vive com a mulher dele [...] quando estourou um câncer, sabe daí me entreguei né [...] (sic). (Lúcia, 57 anos, Cabeleireira)

Até que ele me trocou por uma guria de 15 anos! (Marta, 45 anos, Gerente de loja)

Fui noiva quando tinha 19 anos, provavelmente se não tivessem acontecido algumas coisas, eu teria casado [...]. (Anita, 53 anos, Professora)

Essas falas indicam que, para as mulheres deste estudo, parece que a não maternidade, antes de ser uma escolha é uma consequência de relacionamentos amorosos mal sucedidos. Embora elas não realizem diretamente esta associação, isso se evidencia nas suas falas. Além disso, esses dados corroboram estudos sobre o adiamento da maternidade na contemporaneidade (Lima, 2013). Estes explicitam que há uma crescente exigência das mulheres em relação aos seus parceiros amorosos, o que tende a dificultar a estabilidade de suas uniões, culminando, muitas vezes, na impossibilidade da maternidade por ultrapassarem a idade biológica de fertilidade, sem um relacionamento que enseje esta concepção.

Uma única participante diz ter um bom relacionamento, o que vai ao encontro do que os autores internacionais como Twenge, Campbell e Foster (2003); Nomagushi e Milkie (2003) apontam, que existiria uma grande cumplicidade entre casais sem filhos. Isso se evidencia na seguinte fala:

O meu relacionamento conjugal eu sempre brinco que é um relacionamento que toda mulher gostaria de ter, somos dependentes e independentes um do outro, sabe como é? Nos amamos muito e gostamos muito de estar juntos, apreciamos as mesmas coisas, temos os mesmos gostos, é ótimo ter alguém que te dê carinho e que tu sabe que pode contar pra tudo, antes de tudo, além de namorado ele é meu parceiro, meu amigo. [...], (sic). (Regina, 45 anos, Gerente Bancária)

Pode-se perceber na fala de Regina que o companheirismo é um fator construtivo na vida a dois, assim o casal tendo disponibilidade para conviverem mutuamente, preservando o vínculo afetivo, buscando conciliar a profissão com a satisfação conjugal. Cabe ressaltar que, pela idade de Regina, o início do seu relacionamento já não coincide com uma possibilidade biológica de maternidade, o que pode se expressar em pouca vivência de conflitos nesse sentido.

Ressalta-se o fato de que três das participantes que relataram ter problemas em suas vidas amorosas são aquelas ambivalentes na questão que refere a não maternidade, ficando, assim, o questionamento se realmente elas atribuem o fato de não ter filhos a uma opção, ou por não terem casado, não sendo exatamente uma escolha, mas sim uma consequência de seus relacionamentos mal sucedidos. Por outro lado, as duas únicas participantes que decidiram não ter filhos não vinculam essa eleição ao relacionamento conjugal e são essas que relatam relacionamentos afetivos satisfatórios.

Desdobramentos da Escolha

Esta categoria contempla decorrências na vida das participantes atreladas, segundo suas percepções, à escolha pela não maternidade. Identificaram-se duas subcategorias, o preconceito sentido pelas participantes e sua rede de apoio social.

Preconceito

Esta subcategoria abrange os conteúdos trazidos pelas mulheres sobre situações de preconceito vivenciadas decorrente de suas escolhas pela não maternidade. Fica evidente, na fala de todas que, em algum grau, elas já foram discriminadas socialmente e por suas famílias.

Muitas, das minhas amigas, achavam que eu tinha problema biológico por não ter tido filhos... (sic). (Marta, 45 anos, Gerente de Loja)

Tem discriminação por não ter filho, e também por não ter casado. (sic). (Lúcia, 57 anos, Cabeleireira)

Conta também que às vezes ouve alguns tipos de comentários como: "Ahhh... aquela solteirona..." (sic). (Lúcia, 57 anos, Cabeleireira).

Algumas pessoas continuam sendo discriminadas ainda hoje, pois em nossa sociedade a maioria dos indivíduos acha que a mulher tem a obrigação de gerar um filho; caso contrário, a mulher é vista como egoísta e muitas vezes julgada incapaz de amar e cuidar de um bebê, apontando a mulher que não tem filho como incompleta. Os conteúdos desta categoria expressam o que o autor Letherby (2002) sustenta, de que existe socialmente uma ideia de que essas mulheres sejam egoístas.

As mulheres que optam em não viver a maternidade sofrem preconceito, porque antigamente nos séculos XVII e XVIII o papel da mulher era associado à maternidade no âmbito social. Ao longo do tempo, além da mulher ser vista somente como um ser de procriação, ela passou a tornar-se fundamental na criação dos filhos, conforme falam Patias & Buaes (2009). Podemos perceber isso na fala de Anita: ela diz sentir discriminação somente pela mãe. Diante disto, podemos concluir que a mãe, por ter mais idade, viveu na época em que a mulher era vista como mãe e voltada para o lar e seu marido.

[...] quem mais discrimina é minha mãe, ela diz, tu não teve filho, tu deveria ter casado, mas assim de outras pessoas não (sic). (Anita, 53 anos, Professora)

Podemos refletir que a sociedade ainda marca de forma expressiva diferenças de gêneros. Estas são reforçadas e compreendidas como disparidades pela sociedade que ainda hoje reforça o papel estereotipado da mulher como dona de casa, mãe e esposa, e as que fogem a esses modelos são vista com estranhamento e receio.

Rede de apoio social

Nesta subcategoria, foram observadas as falas de quase todas as mulheres que por não terem tido filhos relataram ter uma vida social intensa, ou seja, sempre estão no meio de pessoas, dizem que são adoradas por todos. Reportam que tem grande facilidade em fazer amizades e se dizem estar bem quanto a sua vida atual quando perguntadas como elas julgam sua vida atualmente, apesar de somente uma ir ao desencontro da fala das outras, como podemos notar nas falas a seguir:

O circulo de amizades tá legal, porque tenho algumas amigas que são separadas e moram sozinhas, tenho também um circulo de colegas que estão solteiras, mas não saio muito, gosto de ficar em casa. (sic). (Anita, 53 anos, Professora)

Relacionamentos com os amigos sempre foi muito bom, tenho amigos daquela época até hoje, tanto que meu aniversário agora, isso aqui tava cheio, eu nunca tive dificuldade com relacionamentos de fazer novas amizades (sic). (Carmen, 60 anos, Professora aposentada)

Não deixamos a vida social, sempre temos um aniversário ou churrasco para ir, sempre estamos em movimento. (Marta, 45 anos, Gerente de Loja)

Sinto-me em um momento de estabilidade e de muita satisfação; e acredito que estes dois aspectos envolvem plenamente a minha vida pessoal, sou uma pessoa muito feliz!! (sic). (Regina, 45 anos, Bancária)

As falas das participantes coincidem com a autora Barbosa e Rocha-Coutinho (2007), quando aborda que estas mulheres estão descobrindo que não é somente a maternidade que pode trazer felicidade e estão encontrando outros prazeres em sua vida. Outro autor que vai ao encontro das autoras é Mansur (2003), que também afirma que atualmente essas mulheres podem ter projetos variados e que trazem grande satisfação, a sociedade vem apresentando muitas opções que vão além da maternidade.

A rede de apoio social destas mulheres, que optaram por não terem filhos, pode ser muito intensa se estimarmos que suas relações de amizades servem de combustível para enfrentar os desafios do dia a dia, e também, poder dividir, entre si experiências boas ou ruins, fomentando assim seu crescimento pessoal. Estas relações de amizade contribuem para a qualidade de vida. Sabemos que a qualidade vida, depende do bem estar físico, emocional, social, o qual só é alcançado na interação com outras pessoas, cultivando um bom relacionamento social, estas mulheres podem adquirir um equilíbrio maior. Cultivar as relações interpessoais é um movimento necessário ao longo da vida do ser humano.

 

Considerações finais

O papel da mulher sofreu, no decorrer do tempo, grandes modificações. Antigamente, era atribuído à mulher procriar, cuidar dos filhos, da casa e ser uma mãe exemplar. Atualmente, a mulher pode desempenhar múltiplos papeis na sociedade, inclusive optar pela não maternidade. Entretanto, identifica-se que este é um fenômeno em processo de consolidação já que socialmente ainda se vincula a mulher à maternidade, como primeira opção de vida.

É possível perceber, através desta pesquisa, que segundo essas mulheres elas optaram pela não maternidade por terem outros planos, priorizarem suas carreiras profissionais apesar de aparecer, ainda, para algumas delas, uma grande ambivalência nessa escolha. Parece, inclusive, que para algumas delas a não maternidade antes de ser uma opção foi uma consequência de suas histórias de vida, especialmente de relacionamentos amorosos mal sucedidos.

Entre as participantes que não expressaram desejo pela maternidade esta escolha denota ter gerado menos ambivalência e sofrimento. A ambivalência apareceu associada ao desejo, mas também as concepções de maternidade. Algumas participantes se demonstraram inseguras em relação à criação de uma criança, e possível inabilidade para desempenhar este papel.

O grande foco na carreira profissional se destacou na fala destas mulheres. Elas se mostram ambiciosas, querem mais profissionalmente, mesmo já tendo atingido um lugar de sucesso nas carreiras que escolheram. Além disso, elas expressam muita satisfação com a vida profissional.

Outra questão que merece destaque refere-se aos seus relacionamentos amorosos, apenas uma participante é casada e todas de uma forma ou de outra relataram conflitos com seus namorados, noivos ou maridos, ou expressam uma vida de decepções amorosas. Por outro lado, identificou-se a presença significativa de uma rede social de apoio, com grupos de amizades e uma vida de interação social.

Ressalta-se que, apesar de um receio inicial sobre um possível constrangimento que seria causado a essas mulheres ao convidá-las a participar da pesquisa, isso não se evidenciou. Pelo contrário, todas receberam muito bem a entrevistadora, foram muito atenciosas e realmente se engajaram na entrevista, respondendo sem dificuldades todas as questões propostas por esta pesquisa. Isto suscita a reflexão de que talvez o constrangimento fosse da própria pesquisadora, associado às concepções sociais vinculadas à não maternidade.

Ressalta-se a importância de serem realizados mais estudos nacionais sobre esse fenômeno, sugere-se que sejam feitos estudos quantitativos, para um mapeamento maior dessas mulheres e investigação também de outras áreas da vida delas. Por fim, reforça-se a grande importância de serem publicadas mais pesquisas que abordem este tema, devido a grande escassez.

 

Referências

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Endereço para contato
E-mail: fidelisdaiana@gmail.com

Recebido em fevereiro de 2014
Aceito em junho de 2014

 

 

Daiana Quadros Fidelis: Graduanda de Psicologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
Clarisse Pereira Mosmann: Doutora em Psicologia. Professora do Curso de Graduação e Pós-Graduação em Psicologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
Este artigo deriva do trabalho de conclusão de curso em psicologia da primeira autora, orientado pela segunda autora.

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