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Aletheia

versão impressa ISSN 1413-0394

Aletheia  no.45 Canoas dez. 2014

 

ARTIGOS TEÓRICOS

 

Hardiness em profissionais de primeira resposta: uma revisão sistemática

 

Hardiness in first responders: a systematic revision

 

 

Mariana Esteves Paranhos; Irani Iracema de Lima Argimon; Blanca Susana Guevara Werlang

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

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RESUMO

Esta revisão sistemática da literatura trata do construto teórico de hardiness dirigido a profissionais de primeira resposta, detectando sua aplicabilidade em contextos de exposição regular a incidentes críticos. Consultou-se bases de dados (EBSCO, Web of Science e PsycINFO) no período de abril a junho de 2013, restringindo-se a artigos em português, inglês e espanhol publicados entre 2003 e 2013. Assim, 10 artigos compuseram esta revisão, sendo estes agrupados em um bloco temático – hardiness como agente amortecedor dos efeitos nocivos do estresse. Bombeiros, profissionais de enfermagem, médicos, paramédicos, militares e policiais compuseram os profissionais estudados. Hardiness mostrou estar negativamente relacionado ao mal-estar psíquico, ao desenvolvimento de quadros de adoecimento emocional e exercer influência negativa no uso de mecanismos desadaptativos e de risco, considerando as amostras elencadas nas pesquisas. Também mostrou relação positiva com bem estar psicológico e com a capacidade de enfretamento eficiente, útil e saudável em ambientes altamente estressantes.

Palavras-chave: Hardiness, Profissionais de primeira resposta, Incidentes críticos.


ABSTRACT

This article provides a systematic revision in the literature regarding the hardiness construct, aimed to first responders, checking its applicability on scenarios where there is a regular exposure to critical incidents. From April to June, 2013, the EBSCO, Web of Science and PsycINFO databases were searched, looking for articles in Portuguese, English and Spanish, published between 2003 and 2013. After applying the inclusion and exclusion criteria, 10 articles ended up being included in this revision. They were then grouped, based on their goals and identified associations, in a single thematic block – hardiness as a weakening agent from the harmful effects of stress. The professionals studied comprised firemen, nurses, doctors, paramedics, military and policemen. From the studies analysis it is concluded that hardiness was shown to be negatively related to psychological distress, development of emotional illness and negatively influence the use of maladaptive and risky mechanisms, considering the samples listed in researches. Likewise, it showed a positive relationship with psychological well-being and the ability of efficient, helpful and healthful coping in highly stressful environments.

Keywords: Hardiness, First responders, Critical incidents.


 

 

Introdução

Sabe-se que profissionais que atuam na linha de frente de acidentes, emergências e desastres, chamados também de profissionais de primeira resposta (first responders), como bombeiros, médicos, enfermeiros, policiais, guarda costeira, defesa civil, funcionários de emergências hospitalares, entre outros, são expostos sistematicamente a situações traumáticas e a diferentes estressores relacionados ao cenário em que seu trabalho acontece, enfrentando assim diariamente riscos reais e/ou percebidos para sua segurança e para o bem estar de sua saúde física e psíquica. Neste contexto, a literatura científica tem reportado que estes possuem maior vulnerabilidade para patologias como o Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT) (Almeida, 2012; Benedek, Fullerton, & Ursano, 2007; Corrigan et al., 2009; Lima & Assunção, 2011; Perrin et al., 2007; Vieweg et al., 2006), depressão, ansiedade e abuso de substâncias (Alexander, 1996; Bennett, Williams, Page, Hood, & Woollard, 2004; Brough, 2004; Fullerton, Ursano, & Wang, 2004; Hoge, et al., 2004; Klein & Alexander, 2006; Lima & Assunção, 2011; Monnier, Cameron, Hobfoll, & Gribble, 2002; Stewart, Mitchell, Wright, & Loba, 2004; Ward, Lombard, & Gwebushe, 2006).

Paralelo às pesquisas que visam a compreensão de quadros nosológicos nestes grupos de profissionais, tem-se desenvolvido diversos conceitos que buscam descrever as consequências da relação dos profissionais de primeira resposta com sua tarefa constante de salvar quem precisa, não relacionado somente à presença de sinais e sintomas que configuram um transtorno mental. A ideia é de que profissionais de emergência não são somente afetados pelo impacto dos eventos em si e da sua experiência traumatizante, o sofrimento seria advindo também de ajudar constantemente pessoas que correm grande perigo de vida, expondo muitas vezes a sua própria integridade (Beaton, Murphy, Johnson, Pike, & Cornell, 1998). É possível então encontrar na literatura termos como "desgaste por empatia" (Figley, 1995), "síndrome de burnout" (Maslach & Jackson, 1982), "traumatização vicária" (McCann & Pearlman, 1990; Palm, Polusny, & Follette, 2004), e "estresse traumático secundário" (Figley & Kleber, 1995).

No entanto, apesar das evidências científicas da ligação entre eventos de grande estresse e o desenvolvimento do adoecimento emocional, é sabido também que a maior parte dos indivíduos, como bem afirma Skomorovsky e Sudom (2011), ainda que possuam maior disposição para tais desfechos, não irá apresentar problemas de saúde e manterão seu bem estar psicológico mesmo sob circunstâncias extremamente adversas. Quando o tema é a saúde de profissionais de emergências, muitas vezes negligencia-se o conhecimento de que, após experiências de grande impacto, o comum é o sujeito retornar ao seu equilíbrio dentro das próximas horas ou em dias, mesmo sem nenhuma intervenção formal de saúde mental (Alexander & Klein, 2009; Bonanno, 2004; Jeannette & Scoboria, 2008; Mullen, 2005; Ritchie, Leavitt, & Hanish, 2006; Rose, Bisson, Churchill, & Wessely, 2002; Stuhlmiller & Dunning, 2000; Wessely, 2005). De acordo com alguns autores, estes seriam capazes de desenvolver uma proteção contra estímulos negativos, evitando assim o adoecimento físico e emocional, sendo possível observar inclusive o relato de sentimentos positivos em relação ao impacto da atividade laboral (Davies et al., 2008; Moran & Colless, 1995; Stamm, 2010).

Dentre as possibilidades de compreensão dos mecanismos que atuam como protetores, ou que exerçam influência na redução do resultado negativo gerado para pessoas que realizam uma atividade laboral marcada por experiências altamente estressantes, está o construto teórico chamado Hardiness, traduzido para o português como resistência. O termo em questão foi abordado por Kobasa (1979a) em um estudo longitudinal, como a hipótese de que pessoas que vivenciam um alto grau de estresse, sobretudo no local de trabalho, sem adoecer teriam uma estrutura de personalidade diferenciada das que acabavam adoecendo sob estresse, por isso também a utilização das denominações hardiness personality, psychological hardiness ou ainda stress resistance. Trata-se, de acordo com Kobasa, Maddi, e Kahn (1982) de uma variável de personalidade que funciona como um recurso para resistir às consequências negativas de condições adversas.

Estudos seguintes indicaram o conceito como um "tampão" contra o estresse, capaz de moderar a relação estresse-doença (Kobasa, 1979a; Kobasa, 1979b; Kobasa, Maddi, & Courington, 1981; Kobasa et al., 1982), pois se trataria de um "sentimento geral de que o ambiente é satisfatório" (Maddi & Kobasa, 1984, p.50). Para Maddi (2002), o construto está calcado na coragem existencial, ou seja, é a disposição de seguir adiante, promovendo motivação para fazer frente a todas as dificuldades. Neste sentido, o mesmo autor, em 2005, complementa que hardiness emerge de um padrão de atitudes e ações que ajudam na transformação de estressores potenciais em oportunidades de crescimento. Pessoas que apresentam tal estilo de personalidade, possuem uma tendência a aumentar a prontidão para aprender e se desenvolver, assim como estariam melhor equipadas para fazer frente a situações que exigem mais dos aspectos cognitivos e emocionais (Dolan & Adler, 2006).

Aprofundando melhor o referido construto, ainda de acordo com Maddi (2002), as atitudes mencionadas, ações e até mesmo sentimentos que surgem como "amortecedores" do estresse parecem ser bem conceituados no que foi chamado de 3Cs – compromisso, controle e desafio (commitment, control e challenge), que interrelacionados formam o próprio conceito. Compromisso trata-se de uma predisposição para se envolver com pessoas, fatos e com o contexto, em vez de ficar "desconectado", isolado, ou alienado. Controle é traduzido através do envolvimento e busca para ter influência sobre os resultados e acontencimentos em torno de si mesmo, ao invés de mergulhar na passividade e impotência. Já o desafio, significa querer aprender continuamente a partir de sua própria experiência, seja positiva ou negativa, ao invés de tentar ficar em uma zona segura, evitando incertezas e ameaças potenciais. Assim, a presença da resistência trata da combinação de todos os domínios citados, pois as pessoas utilizariam as três atitudes sobre si mesmas para enfrentar ou lidar com o seu ambiente (Maddi, 2002; Maddi & Hightower, 1999). A pessoa hardy, portanto, encara as situações potencialmente estressantes com significativo interesse (compromisso), percebe os estressores como mutáveis (controle) e entende a mudança como um aspecto normal da vida, que pode ainda representar uma oportunidade para o crescimento (desafio) (Funk, 1992; Maddi & Kobasa, 1984).

Desde o desenvolvimento do conceito, Mullen (2005) aponta que um crescente volume da literatura tem mostrado que este funciona como um processo dinâmico para mitigar o sofrimento psicológico enfrentado por diferentes pessoas, ocasionado pela experiência com significativos eventos estressantes. Várias pesquisas também tem se empenhado para demonstrar os efeitos de hardiness como fator protetor contra consequências negativas, como o desenvolvimento de perturbações psicológicas, em profissões que são reconhecidas pelo ambiente e tarefas carregadas de estímulos e agentes agressores, como é o caso da enfermagem (Keane, Ducette, & Adler, 1985; Van Servellen, Topf, & Leake, 1994), serviço militar (Bartone, 1999; Florian, Mikuliner, & Taubman, 1995; Waysman, Schwarzwald, & Solomon, 2001) e polícia (Hills & Norvell, 1991; James, 2005; Radisic, 2005).

Desta forma, no cenário de situações de emergências e desastres, o conhecimento das características de personalidade que podem proteger indivíduos contra o padecimento físico ou mental, ou mesmo reduzir a propensão, pode ser valioso para assegurar o bem estar psicológico dos profissionais atuantes nestas circunstâncias. O domínio deste conhecimento pode ainda gerar implicações práticas para qualquer organização, pois através da educação para o desenvolvimento destas habilidades, se reduz custos financeiros e humanos, uma vez que diminui o número de pessoas sem condições para o trabalho e auxilia o trabalhador a ter mais recursos a disposição para lidar com os conflitos inerentes à tarefa de prestar socorro.

Sendo assim, o presente estudo tem por objetivo revisar de forma sistemática na literatura científica o construto de hardiness aplicado a profissionais de primeira resposta, detectando sua aplicabilidade em contextos em que há a exposição regular a incidentes críticos. Apesar do conceito não ser uma novidade, detecta-se uma carência de estudos relacionados à população de profissionais de emergências, ao mesmo tempo em que se compreende este como uma próspera ferramenta para entendimento e implementação de ações de prevenção neste grupo de trabalhadores.

 

Método

Foram consultadas as seguintes bases de dados: EBSCO, Web of Science e PsycINFO. A busca foi realizada no período de abril de 2013 a junho de 2013, e restringiu-se a artigos de língua portuguesa, inglesa e espanhola, publicados entre 2003 e 2013.

Foram selecionados dois descritores principais, sendo que a partir destes expandiu-se a busca em outros termos, de acordo com as indicações encontradas na lista de descritores indexados e na própria literatura científica a respeito da temática (Bartone, 2006; Bartone, Hystad, Eid, & Brevik, 2012; Carston & Gardner, 2009; Hystad, Eid, Laberg, & Bartone, 2011; Lima & Assunção, 2011), para o afunilamento da pesquisa (Quadro 1).

 

 

Foram incluídos no processo de revisão artigos completos que preenchessem os seguintes critérios: ter disponibilidade do resumo nas bases de dados, amostra composta por profissionais que atuam em cenários de emergências e/ou tratar do construto hardiness empiricamente no contexto de situações de emergências.

Da mesma forma, foram excluídos artigos que não preenchiam os critérios de inclusão e publicações na forma de editoriais, entrevistas ou relacionadas a cursos, congressos e conferências.

Os dados foram analisados e extraídos dos artigos selecionados de acordo com os seguintes tópicos: tipo de estudo, objetivos, amostra, instrumentos, resultados e principais pontos debatidos na discussão.

 

Resultados

Na primeira etapa do processo de revisão, a partir da busca nas bases de dados estabelecidas e utilizando os descritores previamente apresentados, chegou-se a uma lista de 74 artigos potencialmente relevantes para a pesquisa. Assim, seguindo no andamento do projeto de revisão, realizou-se a leitura dos resumos, o que possibilitou a exclusão de 58 artigos pelos seguintes motivos:

• 51 artigos não apresentavam relação com o tema principal de estudo – hardiness;

• 3 artigos estudaram outras amostras, como por exemplo universitários ou outras classes de profissionais de forma geral;

• 1 artigo tratava da discussão de um workshop;

• 1 artigo tratava de um relato de experiência;

• 2 artigos se encontravam em outra língua.

Chegou-se, portanto, à terceira etapa com 16 artigos selecionados. Nesta fase ainda, um artigo foi excluído por não ter sido localizado o trabalho completo, perfazendo então um total de 15 artigos submetidos para leitura na íntegra. Utilizando-se mais uma vez os critérios de inclusão e exclusão para filtrar aqueles que realmente se encaixavam no escopo da pesquisa, dois artigos foram excluídos por não utilizarem uma amostra de profissionais de primeira resposta e mais três artigos por trabalharem com o construto teórico de hardiness apenas como embasamento e não como uma variável a ser estudada na pesquisa. Finalmente, chegou-se a 10 manuscritos que compuseram a presente revisão. O processo de revisão e análise é melhor visualizado de acordo com a figura 1. Vale mencionar que nestes resultados não estão incluídos artigos que se repetiram na busca com diferentes cruzamentos dos descritores.

 

 

O público escolhido para examinar o comportamento de Hardiness e sua aplicabilidade foi o de profissionais de primeira resposta, por ser uma categoria profissional que está exposta regularmente a incidentes críticos. No entanto, entre os estudos encontrados, não foi identificado este grupo de profissionais com esta nomenclatura. A relação mais próxima estabelecida foi na tese de Mullen (2005), que utilizou o termo "Pessoal de Serviço de Emergência" para as categorias de bombeiros, paramédicos, técnicos de emergência e médicos. Desta forma, bombeiros, profissionais de enfermagem, médicos, paramédicos, militares e policiais compuseram os profissionais estudados nesta revisão. Vale mencionar que todos estes, ainda que na maioria dos estudos tenham sido avaliados de forma separada, compõe o grupo de profissionais que atua ou atuará diante de uma emergência.

Quase que a totalidade dos estudos teve um delineamento de pesquisa de tipo transversal, centrando seu objetivo na relação de hardiness com situações estressantes ou no impacto de hardiness sobre o adoecimento/preservação da saúde psíquica no ambiente de trabalho. Observa-se ainda que em parte dos trabalhos encontrados o construto de hardiness foi associado com outros construtos relacionados a mecanismos de resposta de enfretamento frente a exigências do ambiente, como Coping e autoeficácia, podendo se considerar estes como variáveis análogas à variável de interesse nesta revisão – hardiness. Assim, os instrumentos selecionados para compor as pesquisas refletiram a necessidade de medir tais variáveis. Na tabela 1, objetivando uma apresentação geral dos trabalhos encontrados, os artigos selecionados para esta revisão foram organizados de acordo com seus autores, ano, país de origem e local de publicação, tipo de publicação, objetivo, amostra, instrumentos e variáveis análogas.

 

 

 

 

Desta forma, de acordo ainda com o levantamento realizado a partir da leitura dos artigos selecionados é possível agrupá-los, conforme seu objetivo e associações identificadas, em um único bloco temático, intitulado: hardiness como agente amortecedor dos efeitos nocivos do estresse.

Hardiness como agente amortecedor dos efeitos nocivos do estresse

Dois pontos fundamentais, considerando os resultados e discussões apresentados nos estudos alocados nesta revisão sistemática da literatura, são percebidos – o primeiro, que hardiness pode atuar como preditor de mal-estar psíquico e de quadros de adoecimento emocional, e o segundo, que hardiness interfere no tipo de resposta a situações de estresse relacionadas à ocupação.

Em relação ao primeiro ponto, Rísquez, Meca e Fernández (2010) trabalharam com uma amostra de profissionais de enfermagem de urgência e cuidados intensivos, com idades entre 24 e 59 anos, sendo em sua maioria mulheres (74,6%) e com 6 a 15 anos de serviço, com o intuito de verificar a capacidade preditiva de hardiness e autoeficácia generalizada sobre a percepção do estado de saúde geral. Além da relação positiva entre as duas variáveis avaliadas, os resultados indicam que hardiness (construto global) apresenta uma correlação significativa e negativa com a frequência total de sintomas de mal-estar psíquico (r= -0,435; p<0,001). Para examinar a capacidade preditiva de autoeficácia e hardiness sobre os sintomas de mal-estar psíquico, foi utilizada a correlação canônica, sendo o conjunto de variáveis dependentes a pontuação total do GHQ-28 e suas quatro escalas, e no conjunto de preditores, a pontuação total de autoeficácia, hardiness e seus três domínios (controle, compromisso e desafio). A pontuação total de hardiness demonstrou ser um preditor significativo para mal-estar psíquico em geral e nos diferentes sintomas que constituem o GHQ-28 (suas quatro escalas), atuando portanto, como fator protetor frente ao adoecimento emocional, considerando a amostra em estudo. O mesmo não ocorreu com a autoeficácia. Os autores ainda salientam que sintomas depressivos foram o componente mais relevante do conjunto de sintomas de mal-estar psíquico em relação ao modelo preditivo proposto, e hardiness global (pontuação total) foi o que apresentou maior potência preditiva, seguido da dimensão controle.

Na amostra de oficiais policias (n=105) estudada por Andrew et al., (2008), a dimensão controle também desempenhou papel importante na relação com depressão. Esta foi associada negativa e significativamente com sintomas depressivos. O mesmo ocorreu com a dimensão compromisso, no entanto apenas com as mulheres participantes do estudo. Compromisso foi relacionado ainda negativamente com os escores de malestar psíquico entre os homens. Tais diferenças entre gêneros são apontadas pelos autores como indicativas de que para sintomas depressivos a dimensão de compromisso pode ser mais protetiva em oficiais mulheres do que em homens.

Em se tratando de quadros de adoecimento psíquico relacionados diretamente com a ocupação profissional, também foram identificados estudos que demonstraram a interferência de hardiness. Na meta-análise desenvolvida por Alarcon, Eschleman e Bowling (2009), dentre as diferentes variáveis de personalidade examinadas, hardiness foi a mais fortemente associada de forma negativa com três dimensões que compõem o burnout – exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal. Já no estudo realizado por Jiménez, Natera, Muñoz e Benadero (2006), com objetivo de avaliar se hardiness atua como moderador na relação entre estressores laborais e burnout no contexto de profissionais do corpo de bombeiros (n= 405) com mais de 12,3 anos de experiência, mais uma vez o construto mostrou ter valor impactante na relação. As dimensões de hardiness foram significativa e negativamente corelacionadas com burnout, sendo compromisso a de maior correlação (r= -0,42; p<0,001) e controle a de menor correlação (r= -0,14; p<0,001). Da mesma forma, as dimensões compromisso (r= -0,16; p<0,001) e desafio (r= -0,16; p<0,001) foram significativa e negativamente relacionadas com a sintomatologia associada à Síndrome de Burnout. Os autores encontraram ainda que desafio, antecedentes organizacionais e experiência laboral foram preditores de burnout, relacionando assim que, quanto mais alto os níveis de desafio, mais atenuante será a influência negativa das variáveis organizacionais geradoras do burnout (β= -090; p<.01). A dimensão compromisso também foi apontada como moderadora, porém sob o efeito da sintomatologia associada à Síndrome de Burnout.

Hardiness se mostra ainda promissor como fator protetor frente ao uso de mecanismos de enfretamento desadaptativos que levam a quadros mais preocupantes. Bartone et al., (2012) postulam que pessoas com baixa pontuação em hardiness são mais propensos a usar a evasão ou abordagens de enfretamento mais regressivas em reposta ao estresse, incluindo drogas e abuso de álcool. Assim, os autores realizaram um estudo prospectivo com uma amostra com oficiais das Forças de Defesa da Noruega, verificando se os baixos níveis de hardiness foram preditivos do abuso de álcool. Para isso hardiness foi medido na pesquisa anual nacional de saúde da defesa (NDHS) de 2007 da Secretária de Saúde das Forças Armadas, e os outros dados, incluindo o uso de álcool, foram medidos em 2010. Na amostra total, em 2010, trabalhou-se apenas com aqueles que indicaram ter sido enviados a uma missão nos últimos três meses, perfazendo então 1402 participantes. Na NDHS de 2010 foram incluídos 17 itens relacionados a experiências e situações encontradas durante a missão. As respostas para estas perguntas, após uma análise exploratória, geraram dois fatores: exposição ao combate e privação das necessidades básicas. Os resultados demonstraram que, para cada aumento de um ponto na pontuação da presença de hardiness, há uma diminuição concomitante de 8% nas chances de estar em risco para o abuso de álcool. O aumento deste risco também esteve associado a baixos índices na dimensão desafio e a presença do fator privação das necessidades básicas.

De fato hardiness parece ter influência no aparecimento de enfermidades relacionadas à ocupação. Judkins, Massey e Huff (2006) se propuseram a investigar a relação entre hardiness, estresse e tempo de afastamento do trabalho por motivos de saúde em gerentes de enfermagem, e encontraram resultados significativos. A amostra arrolada por conveniência, contou com 15 gerentes de enfermagem, entre 40 e 60 anos, de um hospital no Texas. Concluiu-se que os gerentes com altos níveis de hardiness se afastavam menos tempo do que aqueles com baixos níveis de hardiness.

E se a não presença de hardiness tem sido obervada diante do sofrimento emocional de trabalhadores de emergências, a presença deste possui relação com o bem estar psicológico. Mullen (2005) examinou o papel de hardiness na manutenção do bem estar psicológico em uma amostra de bombeiros, paramédicos, técnicos de emergência e médicos, denominada na pesquisa como Pessoal de Serviço de Emergência. Os profissionais em questão tinham entre 22 e 62 anos, de 1 a 20 anos de trabalho e trabalhavam de 12 a 200 horas por mês. O autor encontrou um relacionamento positivo entre o construto e a medida de bem estar psicológico, ainda que esta relação não sofra influência direta da quantidade de estressores de incidentes ligados à ocupação a que o profissional esteja exposto. Foi possível observar também a conexão inversa entre hardiness e a medida geral de sofrimento mental (r= -221; p<0,05).

Já o estudo de Skomorovsky e Sudom (2011) com 200 candidatos as Forças Oficiais Canadenses em formação (154 homens, 37 mulheres e nove sem informação de sexo) mostrou, através de estudos de correlação, que hardiness e o Modelo dos Cinco Fatores de Personalidade são construtos distintos, mas que podem ser utilizados em um modelo aditivo para prever bem estar psicológico. Ou seja, na amostra em questão, os construtos se mostraram importantes, porém independentes em relação à manutenção do bem estar psicológico.

Em relação ao segundo ponto – a presença de hardiness e o tipo de resposta a situações de estresse relacionados à ocupação, a capacidade de enfrentamento em ambientes altamente estressantes, como avaliações no contexto militar, foi medida por Carston e Gardner (2009). Os autores exploraram uma série de hipóteses sobre esta temática em uma amostra de 439 militares da Nova Zelândia (entre soldados e oficiais superiores) sendo elas: hardiness seria positivamente associado a uma perspectiva desafiadora das avaliações (desempenho) e negativamente associado com uma perspectiva ameaçadora das mesmas; afeto positivo seria positivamente associado com a avaliação como desafiadora, enfrentamento focado na tarefa, apoio social e hardiness; afeto negativo seria positivamente associado com a avaliação como ameaçadora e evitação; afeto negativo seria negativamente associado com hardiness; assim como o segundo seria negativamente associado com ausência por motivos de saúde e intenção de sair da carreira militar; hardiness iria mediar a relação entre a avaliação como desafiadora e enfretamento focado na tarefa, e entre avaliação como desafiadora e apoio social; também iria mediar a relação entre enfretamento focado na tarefa e afeto positivo, e entre apoio social e afeto positivo; o mesmo construto mediaria a relação entre a avaliação como ameaçadora e evitação; e por último mediaria a relação entre evitação e afeto negativo.

Assim, os participantes foram convidados a responder os questionários a partir de uma situação estressante que tivessem vivenciado no trabalho ou como resultado dela nas últimas semanas. No levantamento das respostas foi possível afirmar que hardiness realmente é positivamente associado a uma perspectiva desafiadora das avaliações (desempenho) e negativamente associado com uma perspectiva ameaçadora das mesmas. Da mesma forma o construto foi associado positivamente com afeto positivo, que por sua vez está também associado de maneira positiva com a avaliação como desafiadora, enfrentamento focado na tarefa e apoio social. Já o afeto negativo foi positivamente associado com a avaliação como ameaçadora, evitação e negativamente com hardiness. Verificou-se ainda que o construto em questão é capaz de mediar parcialmente as relações entre a avaliação como ameaçadora, evitação e afeto negativo. No entanto, não houve evidências de que hardiness teria influência na ausência por motivos de saúde ou intenção de sair da carreira militar, tampouco na interposição entre a avaliação como desafiadora e enfretamento focado na tarefa, e entre avaliação como desafiadora e apoio social. Hardiness também não se mostrou capaz de mediar a relação entre enfretamento focado na tarefa e afeto positivo, e entre apoio social e afeto positivo.

Nesta mesma perspectiva, Delahaij, Gaillard e van Dam (2010) analisaram se os efeitos individuais de hardiness, as estratégias de coping e autoeficácia influenciam na forma como militares reagem a uma situação estressante específica. Assim, duas amostras independentes de militares foram avaliadas, uma composta por 109 cadetes da academia de defesa da Holanda com 18 semanas de treinamento militar básico (amostra 1); e outra de 98 recrutas da infantaria com 22 semanas de treinamento militar básico (amostra 2). Ambas as amostras foram avaliadas na primeira semana de treinamento, na décima sétima semana para a amostra 1 e na décima quinta semana para amostra 2. A situação estressante específica foi considerada, nos dois grupos, como um exercício de autodefesa contra dois ou três adversários, conhecido pela maioria como muito estressante. Após o exercício, que ocorreu na décima oitava semana para a amostra 1 e na décima sétima semana para a amostra 2, os militares foram convidados a responder novamente aos questionários. Os resultados demonstram que pessoas consideradas hardy tinham um estilo de enfretamento mais eficaz, ou seja, mais focado na tarefa e menos na emoção. Também foi possível observar que a autoeficácia atua como mediadora entre hardiness e a avaliação das situações ditas estressantes. Quem apresentava níveis importantes para hardiness demosntravam mais confiança na sua capacidade de lidar com a situação estressante e avaliavam a situação como mais desafiadora do que ameaçadora.

 

Discussão

Desde a primeira citação do conceito de hardiness em 1979 por Kobasa (1979a) que autores vêm se empenhando na demonstração deste como efeito protetor para saúde e bom desempenho em variados grupos de profissionais (Bartone et al., 2012; Hystad et al., 2011; Maddi & Kobasa, 1984; Sheard, 2009). Em se tratando especificamente de profissionais de primeira resposta, o presente estudo demonstrou que os trabalhos concentram-se nas categorias de enfermeiros, médicos e paramédicos, bombeiros, policiais e militares. Considerando o universo de pessoas necessárias e que comumente fazem frente a diferentes eventos críticos, bem como a própria frequência de ocorrência de acontecimentos traumáticos e infortúnios, percebe-se que a dedicação ao conhecimento deste importante construto teórico, contribuinte para promoção da saúde emocional, ainda é tímida e insuficiente no contexto das emergências.

Entretanto, os resultados apresentados evidenciam a interação positiva entre hardiness e a amostra em questão. Entre os estudos alocados para esta revisão sistemática, foi possível perceber que a ideia de que hardiness atuaria como um "tampão" contra estresse tem sustentação em trabalhadores de primeira resposta (examinando as amostras relacionadas nos estudos apresentados). O construto mostrou estar negativamente relacionado ao mal-estar psíquico geral, ao desenvolvimento de quadros de adoecimento como a Síndrome de Burnout, bem como exercer influência no uso de mecanismos desadaptativos e de risco, como é o caso do uso abusivo de álcool. Da mesma forma, a relação positiva com bem estar psicológico e com a capacidade de enfretamento eficiente, útil e saudável em ambientes altamente estressantes foi demonstrada.

De forma geral, os resultados possuem valor frente ao movimento que se tem feito no sentido de compreender e dominar as características e fatores de proteção daqueles indivíduos que acabam resistindo, se moldando e se transformando, mesmo frente à constante exposição a eventos críticos, neste caso, relacionados à ocupação. Trata-se do interesse por analisar de que forma mais é possível prevenir o prejuízo crônico no desempenho profissional e pessoal destes indivíduos, e, por conseguinte, a incapacitação física e mental destes, além da assistência direta quando da instauração do problema emocional. Ainda que, como bem lembram alguns autores (Carston & Gardner, 2009; Klag & Bradley, 2004), não esteja bem claro os mecanismos pelos quais hardiness atua no enfretamento de situações estressantes, é indiscutível que o construto mostra-se bastante promissor quando o tema é o fomento à saúde em ambientes e tarefas insalubres.

Neste sentindo muitos autores (Bartone, 2006; Maddi, 2002; Maddi, Harvey, Khoshaba, Fazel, & Resurreccion, 2009; Phillips, 2011) tem discutido a possibilidade de desenvolver hardiness em populações potencialmente vulneráveis ao estresse. De fato, de acordo com Maddi (2007), através de estudos que incluíram na investigação a história de vida dos participantes, os resultados sugerem que hardiness não é inato, e sim aprendido. Desta forma, a proposta da criação de programas de desenvolvimento do conjunto de atitudes hardy tem sentido. Judkins, Reid e Furlow (2006), por exemplo, aumentaram os níveis de hardiness em gerentes de enfermagem através de um programa de treinamento. Os autores afirmam ainda que este aumento de hardiness foi sustentável ao longo do tempo, influenciado inclusive nas taxas de turnover e satisfação no trabalho. Bartone (2006) defende a ideia de que o sucesso para operacionalizar o construto está na propagação de exemplos de como lidar de forma positiva com adversidades. Assim, para o autor, através das lideranças, cognições e comportamentos relacionados a pessoas hardy em circunstâncias esgotantes poderiam ser influenciados no grupo de subordinados por meio, por exemplo, do balizamento do entendimento comum a eventos estressantes, direcionando estes para uma compreensão positiva e construtiva. Trata-se de interferir na forma como as experiências são interpretadas por meio da própria cultura organizacional.

No entanto cabe a ressalva de que o aprendizado de hardiness é, sem dúvida, interessante, mas este não pode ser tomado, como afirma Hague e Leggat (2010), como um indicador validado de eficácia. É importante mencionar ainda que o incentivo a outros aspectos de uma vida saudável devem ser encorajados pelas organizações que trabalham com e em cenários de grande risco, uma vez que o próprio construto está intimamente associado com práticas benéficas, como um regime de exercícios físicos regulares, alimentação balanceada e um equilíbrio entre o investimento no trabalho e atividades de lazer (Brehm, 1998; Hague & Leggat, 2010). Assim, a manutenção do bem estar emocional passa também pela percepção de apoio social, ou seja, promover ações que permitam o compartilhamento de emoções, opiniões e participação nas políticas da instituição (Fonseca & Moura, 2008). Isso se torna fundamental na medida em que se tem o conhecimento de que o apoio social é fator protetor para o desenvolvimento de patologias como o TEPT (Maia et al., 2007).

Igualmente pertinente é o levantamento da questão de que hardiness parece ser um construto de personalidade que não se apresenta sozinho em pessoas que o tem altamente desenvolvido. Por meio dos estudos aqui apresentados, foi possível observar que outras variáveis relacionadas ao modo de enfretamento de problemas, chamadas neste estudo de variáveis análogas, como o coping e autoeficácia, se mostraram satisfatoriamente relacionadas ao conceito em questão. De acordo com Delahaij et al., (2010), hardiness produziria seu efeito através de características pessoais tais como as citadas, por isso as atitudes destes indivíduos seriam mais ativas e eficazes no manejo de situações estressantes. Desta forma é possível compreender que hardiness trata-se da soma de emoções, cognição e comportamento, e que o resultado desta equação atuaria em conjunto com estas capacidades adaptativas para a manutenção do bem estar psicológico global.

Finalmente, ponderam-se aqui algumas limitações deste estudo. Um primeiro ponto refere-se à consulta de apenas algumas bases de dados específicas. Certamente, para resultados mais abrangentes e conclusivos é indicada a busca em um maior número de bases de dados que apresentem também relevância reconhecida, ampliando-se assim as possibilidades de artigos importantes para a temática. Um segundo ponto a ser considerado, refere-se à heterogeneidade dos estudos e das próprias amostras. Ainda que se tenha tido como objetivo a busca pelo uso do construto hardiness em profissionais de primeira resposta, o que já pressupõe diferentes grupos de profissionais, este é um ponto que dificulta qualquer tipo de generalização. Adiciona-se o fato de que os estudos encontrados apresentavam diferentes objetivos, variáveis, metodologia e instrumentos de mensuração, o que leva a uma dificuldade para a comparação dos resultados. No entanto, a apresentação destes de forma conjunta, como foi a proposta desta revisão, apoia a ideia de que hardiness tem um espaço positivo e prático a ser desenvolvido no cenário das ocupações profissionais em emergências, principalmente se houver maior dedicação investigativa na área.

 

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Endereço para contato
E-mail: marieparanhos@gmail.com

Recebido em fevereiro de 2014
Aceito em maio de 2014

 

 

Mariana Esteves Paranhos: Psicóloga. Mestre em psicologia clínica (PUCRS – Brasil). Especialista em Couseling e Intervenção em Urgências, Emergências e Catástrofes (Universidade de Málaga – Espanha). Doutoranda em Psicologia (PUCRS – Brasil).
Irani Iracema de Lima Argimon: Psicóloga, Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS – Brasil). Professora Adjunta da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS – Brasil). Bolsista Produtividade do CNPq.
Blanca Susana Guevara Werlang: Psicóloga, Doutora em Ciências Médicas/Saúde Mental pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP – Brasil). Professora Titular da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS – Brasil).

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