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Aletheia

versão impressa ISSN 1413-0394

Aletheia  no.46 Canoas abr. 2015

 

RELATO DE EXPERIÊNCIA

 

Observando produções colaborativas na rede: um possível trajeto metodológico

 

Observing collaborative production network: a possible methodological pathway

 

 

Fernanda Goulart Martins; Adriane Roso

Endereço para contato

 

 


RESUMO

Este artigo busca apresentar um trajeto metodológico construído para pensar colaboração, ciberativismo e construção de subjetividades na sociedade em rede. O trajeto se configura como uma observação participante e caracteriza o início do percurso em uma pesquisa de mestrado, cujo objetivo é analisar como as subjetividades se constroem e se configuram na produção de discursos em espaços sociais colaborativos na sociedade em rede. Baseado na tradição fenomenológica hermenêutica de Heidegger, foi apresentado o processo de observação participante, escrito em um formato que simula um blog. Como conclusão, a observação participante potencializa modos de ver e fazer pesquisa. Também este estudo demonstra que produções colaborativas possuem nos seus agenciamentos a reprodução de valores capitalistas neoliberais, mas também, em contrapartida, movimentos de fuga desse mesmo sistema. A fuga pode ser observada na busca pela coletividade nas produções colaborativas e na construção de propostas e ações que transformem a sociedade.

Palavras-chave: Internet, Observação participante, Colaboração.


ABSTRACT

The proposal of this article is to present a methodological path to think collaboration, cyber activism and subjectivity construction in the network society. The pathway is configured as a participant observation and it features the beginning of a research route in the master level, whose goal is to analyze how subjectivities are built on and how they are configured in the production of discourses on collaborative social spaces in the Internet. Based on the Heidegger hermeneutic tradition the process of participant observation was presented, written in a format that simulates a blog. In conclusion, participant observation enhances ways of seeing and doing research. Also, this study showed that collaborative productions have in their arrangements the reproduction of neoliberal capitalist values, but at the same time, in contrast, they have flight movements of this system. Flight movements can be seen by observing the search for collectivity in collaborative productions and the construction of proposals and actions to transform society.

Keywords: Internet, Participant observation, Collaboration.


 

 

Introdução

A globalização, o desenvolvimento de novas tecnologias e a configuração da "sociedade em rede" (Castells, 2011) parecem trazer à humanidade desafios de natureza subjetiva. Para pensar a sociedade configurada em rede, as produções colaborativas, ciberativismo e a construção de subjetividades, desenha-se um trajeto metodológico. Trata-se da observação desses fenômenos antes mesmo de iniciar análises mais sistemáticas. É uma espécie de processo de aproximação dos fenômenos a serem pensados, com limites previamente indefinidos – como uma embarcação de sondagem – sobrevoar conduzido por rastreio, um reconhecimento atento e, talvez, um pouso, como se faz em uma cartografia (Passos., 2009). Esse trajeto metodológico vem se configurando como um modo de observar participando, um modo peculiar de observar, que caracteriza o início do percurso em uma pesquisa.

Foi este trajeto metodológico que nos aproximou do conhecimento acerca de produções colaborativas na sociedade em rede e que nos permitiu sentir o fluxo da vivência no ciberespaço. A partir dele, poderão nascer em nós indícios, por meio dos quais poderemos formar uma ideia dos fenômenos relatados ou representados nas notícias, divulgações e apresentações de projetos colaborativos.

Procuramos construir um modo de penetrar o mundo dos fenômenos a estudar. Sem perder de vista, entretanto, que de muitos modos nós, pesquisadoras, já fazemos parte (antes de qualquer objetivo de estudo) do ciberespaço, das interações em rede, das produções e discursos que são produtos da nossa época e do mundo dentro do qual vivemos. Partimos de uma primeira percepção de que o espaço web é também sede de produções de natureza colaborativa, ou assim apresentadas. Buscamos realizar uma espécie de descrição daquilo que observamos. A partir daí, seremos conduzidas a uma análise sobre fenômenos sociais que instigam questionamentos, cujas respostas serão depois buscadas na trajetória de construção do estudo.

De qualquer forma, o sobrevoo que nos propomos a fazer potencializa a construção de modos de ver e a configuração de pontos de vista. Gera oportunidades para que formas e conteúdos sejam encontrados, relembrados, procurados: certamente não apenas, e de longe, observados.

Dividiremos o artigo em duas partes centrais. Na primeira, abordaremos os pressupostos epistemológicos para dizer o que sustenta as asas no sobrevoo de observação, ao mesmo tempo em que vamos delineando algumas pistas do trajeto metodológico. Na segunda parte, apresentamos uma tentativa de análise das formas simbólicas dos blogs, apontando algumas coordenadas para o pouso em busca de sentido(s).

Adiantamos que a tradição fenomenológica hermenêutica sustenta nossas observações e reflexões, sem deixarmos de recorrer a autores que têm contribuído na reflexão sobre nosso objeto de análise. A fenomenologia hermenêutica (ou interpretativa), proposta por Heidegger (2005), interessa-se em descobrir e entender os significados, hábitos e práticas do ser humano. Os significados baseiam-se nas distinções qualitativas reconhecidas pela pessoa em sua vida diária, as quais são moldadas pela cultura e pela linguagem. A pessoa é sempre um ser autointerpretativo, isto é, toma uma posição no mundo, sobre as coisas, sobre a vida (Espitia, 2000). Deste modo, podemos dizer que a fenomenologia interpretativa parte do princípio de que todo campo de investigação psicossocial é sempre pré-interpretado e constituído por sujeitos que já estão inseridos em contextos socio-históricos e políticos, resultando na impossibilidade de separação sujeito-objeto, pesquisador/pesquisado. O lugar de pesquisador diz dos seus interesses, de seus compromissos e responsabilidades frente ao objeto de estudo. O pesquisador é participante nesse mundo de investigação e não um observador/analisador exterior ao objeto.

A fenomenologia hermenêutica é um dos aportes importantes para a Psicologia Social Crítica, perspectiva na qual esse estudo se insere. A psicologia social crítica parte de uma percepção do ser humano, como afirma Roso (2007), como pessoa-relação e objetiva a transformação social, considerando o saber popular como peça chave para alcançar uma postura crítica e propositiva. Ainda, do modo como entendemos, essa perspectiva leva em conta que os fenômenos sociais são diretamente atingidos pelo capitalismo e por outros fenômenos, como a globalização, a midiatização e a techné, sem deixar de recorrer a autores que têm contribuído na reflexão sobre nosso objeto de análise.

Para a construção do trajeto, arriscamos escrever o processo de observação participante em um formato que simula um blog,1 como aqueles que circulam na web, e com os quais travamos contato no nosso cotidiano, ao ler o conteúdo gerado por grande parte dos usuários da internet. Essa construção sintoniza-se com a fenomenologia hermenêutica, possibilitando que em nossa escrita firmasse o caráter fenomenológico-interpretativo da investigação.

Na segunda parte, procuramos fazer algo que se aproxima de uma análise. Dizemos que se aproxima por não se tratar de dissecar os sentidos dos discursos, mas levantar algumas coordenadas para um pouso em busca de algum(ns) sentido(s). Decidimos incorporar nesta sessão fragmentos do blog construído por nós, procurando dar sentido ao conjunto de impressões que a observação participante nos possibilitou.

Pressupostos epistemológicos e metodológicos que sustentam as asas no sobrevoo e algumas pistas de como o trajeto vai se delineando

Apresentamos aqui parte do caminho trilhado em uma pesquisa de mestrado2 sustentada numa abordagem qualitativa, que se baseia principalmente em pressupostos da Psicologia Social Crítica, mas em diálogo com outras abordagens, como a tradição fenomenológica. O método da observação participante (Agrosino, 2009) foi o escolhido para abrir possibilidades de entendimento dos significados das produções colaborativas na rede.

Observar algum objeto ou fenômeno no ciberespaço já significa fazer parte dele, e seria difícil enxergar essa experiência como vivida por um agente passivo ou neutro enquanto dentro dela. Percorrer o ciberespaço esbarrando em notícias, comentários de contatos das plataformas de rede social e posts na própria Timeline do Facebook não poderia ser uma atividade, e/ou um lugar, separados dos sujeitos-pesquisadoras. Os fenomenólogos trouxeram um contraponto à visão cartesiana (que acompanhou a concepção da psicologia moderna); mostraram que, antes mesmo de podermos pensar em conhecer, nós pertencemos a uma cultura, a uma sociedade, a uma família, a um tempo histórico, e esta pertença configura o conhecimento que construímos desde o início. O sujeito do conhecimento não apenas pertence a um contexto multidimensional, mas é também o sujeito de um corpo cuja realidade não pode ser descartada.

A produção de conhecimento não poderia, à luz dessa reflexão, deixar de reconhecer o pesquisador como sendo ele próprio um contexto que compreende um corpo e uma constituição psicológica localizadas no social, no cultural e no histórico. O ciberespaço nos parece muito ilustrativo desse processo. Inseridas no mundo-web, e tendo um perfil na plataforma de rede social Facebook, deparamo-nos com muitos projetos colaborativos voltados a ações em Porto Alegre (RS). Tais produções que por nós passaram, se mostraram, na nossa visão, por meio de operações quase que solitárias. São projetos que podem ser definidos como "um-sozinho", utilizando uma terminologia de Miller (2005), mas projetos que nos indicaram um desejo de colaborar, partilhar.

Alguns contatos que fizemos com os coletivos de produções colaborativas aconteceram após uma só conversa, por meio do Facebook, com alguém que compõe o quadro de "amigos" (amigos do Facebook) de uma das pesquisadoras. Nessa conversa por mensagens instantâneas via web, mostramos interesse em saber mais a respeito de manifestações de cunho colaborativo. Foi por meio desse diálogo que obtivemos uma série de indicações de projetos colaborativos ainda por nós desconhecidos até aquele momento. Parece ter sido um diálogo-disparador de outros diálogos que ampliaram o contato com o que nos parecia ser o objeto de estudo da pesquisa.

Em alguns casos, tais contatos se deram por iniciativa de participantes de coletivo(s) ou alguma outra pessoa, indicada ou chamada por um amigo facebookiano que tivesse sido informado previamente sobre a nossa vontade de estudar o assunto. Um indicou outro, que indicava muitos outros, e a rede de fato se formou. Automaticamente, a técnica conhecida como "bola de neve" ou como chain referral – quando participantes para pesquisa são selecionados a partir da indicação de sujeitos que já foram contatados (Katz, 2006; Hudelson, 1994) – se desenvolveu.

Um desses contatos propiciou o convite para visitar o escritório de um dos coletivos (como se denomina) caracterizado como movimento civil. Nessa visita, foram apresentados todos os projetos já lançados pelo coletivo e indicado o acesso aos sites em que estão publicadas as produções operadas por ele na internet. Reconhecemos, a partir do que ensina a tradição hermenêutica, a responsabilidade imposta na nossa intenção de descrever qualquer observação e/ou aparição de projetos colaborativos, seus produtores e participantes. Ou seja, o modo como conduziremos a descrição do que observamos pode trazer elementos e julgamentos dos quais os próprios sujeitos participantes, que compõem o campo estudado, podem se apropriar ao entrar em contato com o estudo e seus resultados.

Nesses primeiros traçados do trajeto metodológico que vamos desenhando, nossas perguntas encontram caminhos geradores de mais perguntas. Ao observarmos participando, visamos instaurar uma "ética da interrogação" (Ceccim, 2006, p.6), o que significa compartilhar nossas inquietações com aqueles que se inquietam diante do mundo e arriscam trabalhar por ideais num coletivo que também valorize as singularidades.

A escrita da observação que fizemos das produções colaborativas encontradas no ciberespaço recebeu um formato que simula um blog. Essa configuração pode ser interpretada como bastante informal, mas pensamos que a informalidade aqui posta é a tentativa de uma inter-relação com o processo de escrita na rede. Procura propiciar ao leitor, e às pesquisadoras, a apropriação e a constante observação das características e das condições dadas pelo ciberespaço, que constitui grande parte do campo onde iniciamos nossa investigação. Adotar esse modo de escrever representa a constante busca por reconhecer e relembrar que, como pesquisadoras, estamos implicadas neste estudo, com nossos limites e nossas possibilidades, com nossa busca por encontrar recursos teóricos e metodológicos que deem conta das perguntas às quais as investigações nos levam, mas também com a criatividade que é despertada, ou advém, das pequenas-grandes descobertas que surgem a cada instante de mergulho na investigação.

O formato de blog afirma a possibilidade de circular ativamente no terreno web. O formato por si só facilita um processo de tornar evidentes características, condições, convenções e tradições que a escrita na web explora e expõe, implícita ou explicitamente. Instiga a posterior observação, análise e/ou (re)interpretação disso que passaremos a experienciar e ver, se é que esses processos estão separados. As datas são reais e os fatos também. Mas o texto não foi todo ele criado no mesmo momento em que os fatos foram ocorrendo, embora muitos dos fatos tenham sido escritos em cadernos de anotações e também estivessem registrados na "memória" de mensagens da plataforma do Facebook, todos eles alimentados em tempo real. Isso faz do blog um espaço onde reunimos anotações de diferentes cadernos produzidos em diferentes momentos. Também a data de criação do blog foi decidida para que estivesse de acordo com a data do primeiro acontecimento relatado, já que é assim que a linguagem da web funciona: em tempo real. Nossa escrita de blog, poderíamos dizer, é o método de diário de campo sob uma nova roupagem que acompanha os movimentos da network society (Castells, 2011).

Analisando na construção do blog: coordenadas para o pouso em busca de sentido(s)

Antes de encontrar o formato de blog para contar a história, a questão que buscava algum pouso seguro era a de como narrar uma experiência. Agora, o desafio mora na intenção de tornar esse relato instrumento para uma análise crítica, tal como pressupõe uma psicologia social crítica. Para isso iremos conduzir a análise em interação com os relatos produzidos na experiência do blog. Dessa forma, alguns fragmentos de posts serão incorporados ao texto para ilustrar a análise e contribuir para um maior entendimento do contexto relacional em que se construiu essa pesquisa. Apresentaremos parte de nosso blog, que intitulamos Colaboração: Trajetória de achados inquietantes.3 No site dentro do qual ele está publicado encontram-se também outros relatos sobre o percurso de inquietações que nos levou ao tema de pesquisa. Desenvolvemos o blog levando em conta que as informações e relatos que circulam na internet, principalmente nos blogs, acabam sendo comunicados como em uma conversa informal, em que se pode escrever como se estivesse conversando com alguém ou com o próprio interior. Um pouco como Clarice Lispector (1964): "Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (p.30).

Começamos procurando compreender de que modo nos colocamos em relação com o texto criado e escrito nesse sobrevoo que vivenciamos. A experiência de bloggear foi produzida em conjunto, enquanto alguns posts foram escritos na primeira pessoa do singular. Podemos evidenciar, então, que há algo de singular no agenciamento da escrita. Mas todo agenciamento comporta, ao mesmo tempo, o social, por isso é um agenciamento da ordem do coletivo – que envolve a autora da pesquisa, a orientadora, os participantes no grupo de pesquisa e colaboradores em rede.4

Nosso dilema, ao trazer esse relato de pesquisa, consistiu em como materializar em palavras, em linguajar acadêmico, de revista científica, o processo de pesquisa e a construção do blog sem perder a riqueza de seu conteúdo e significado. Decidimos, ainda, cientes de que possa haver outras formas muito mais diretas e simplificadas de apresentar uma pesquisa, trazer as postagens do blog misturadas à própria interpretação e ao entendimento do fenômeno da colaboração. Assim, à medida que as situamos, assinalamos nossas dúvidas, construímos significados. Algum estranhamento, os leitores poderão sentir, mas esse foi nosso modo de pensar o objeto de estudo, formatando-o o mínimo possível.

Os "voos" que seguem serão apresentados em subtítulos, que são muito similares aos post do blog, mas foram condensados para que a análise fenomenológica interpretativa pudesse ser costurada com nossos pensamentos, ideias, interpretações e também com o que as pessoas postavam no blog. Criamos 3 subtítulos: "Bem vindo ao blog – Início do Sobrevoo", "A internet como unificadora das pessoas?" e "Tentando unir alguns pontos".

Bem-vindo ao blog – início do sobrevoo5

Esse blog está sendo criado na tentativa de dar conta de registrar uma experiência. Uma experiência de trilhar, ou melhor, sobrevoar um campo que nos é familiar, mas ao mesmo tempo não familiar. Abre-se um lugar onde eu possa contar, em diálogo com minha orientadora, as experiências que compõem a observação acerca do que tenho curiosidade de estudar. Espaço onde possa se construir uma primeira narrativa sobre minha procura, mas também, e principalmente, sobre minha relação com aquilo que ainda pouco sei o que é, mas desejo estudar.

Nosso sobrevoo se iniciou sem um objetivo específico, como quer muitas das pesquisas em pesquisa qualitativa e como é possível visualizar no post intitulado Bem Vindo. Observando, rastreando e até tocando ainda que suavemente nosso objeto de estudo. Aos poucos, a pergunta inicial que movia nossa curiosidade, desejo e interesses de pesquisa – como as subjetividades se configuram, e/ou se constroem, na produção de discursos em espaços sociais colaborativos na internet – foi se bifurcando, gerando sinapses, configurando algo que se parece com um rizoma, no sentido empregado por Deleuze e Guattari (2006). Também a ordem dada aos momentos que "fotografamos" ao escrever cada post do blog parece reproduzir a lógica da ramificação que segue o rizoma. Acabamos por construir nesse relato uma espécie de cadeia de pensamentos, que sabemos estar em constante movimento. Reconhecemos, por outro lado, que ao reproduzirmos essa cadeia não deixamos de estar produzindo um decalque de determinados instantes relatados.

"Toda lógica da árvore é uma lógica do decalque e da reprodução" (Deleuze & Guattari, 2006, p.8). O decalque, então, é da ordem arborificada e o mapa, que pode ser modificado e sobre o qual se pode colar decalques, é da ordem do rizoma. Deleuze e Guattari (2006) elaboram seis princípios, para que tenhamos algumas pistas sobre a produção de um rizoma. No quinto princípio, a cartografia, os autores explicam que "diferente é o rizoma, mapa e não decalque" (2006, p.8). Mas o quarto princípio, chamado o princípio de ruptura a-significante, nos faz compreender também que uma linha de um rizoma pode, a qualquer momento, ganhar características de árvore (e teremos estruturas hierarquizadas e ordenadas dentro de um rizoma). Um lugar qualquer de um rizoma pode ser rompido e/ou retomado, segundo uma ou outra de suas linhas e ainda segundo outras linhas. Com isso, compreendemos que, no rizoma, uma linha que leva a processos de aumento de território, de desterritorialização, e/ou se constitui como linha de fuga (seguindo a ordem do rizoma), pode se tornar, ao longo de seu percurso, uma estrutura arborificada. "O rizoma pode tanto acabar produzindo uma árvore numa linha de fuga, quanto produzindo linhas de fuga em sistemas hierarquizados" (Ferreira, 2008, p.36).

Ao bloggearmos ações sociais, sobrevoamos o campo do sentido e da subjetividade. As janelas que abrimos e os diálogos que vivemos durante a construção da observação participante nos conduzem num percurso que instiga nosso interesse por estudar a construção de subjetividades. Com isso, reconhecemos a importância de compreender melhor em que visão de mundo se apoiam as produções estudadas e suas propostas colaborativas. Uma visão de mundo, como explica Roso (2007), "é como alguém dá sentido e significado àquilo que o cerca. Mas, ao mesmo tempo, essa visão de mundo é construída a partir de uma prática, de um 'se colocar' no mundo; é uma construção dialética entre enxergar, perceber e agir" (p.81).

Seria a colaboração uma proposta produzida por determinado(s) modo(s) de se colocar no mundo? Que visão de mundo estaria dando base e permeando a proposta colaborativa de produções que já encontramos até agora, como Shoot the Shit, Porto Alegre Como Vamos, Nos.Vc, RUA, TransvençãoLab etc.? Essas perguntas nos levam a assinalar algumas impressões que tivemos durante a construção do blog.

No fluxo de indicações e informações, que nos levaram a sentir a grande bola de neve que se formou ao longo da produção do blog, contatamos muitas pessoas. Cada uma delas forneceu informações, comunicou impressões e algumas ainda indicaram leituras e novas referências para nossa familiarização com o assunto.

Mais adiante, construindo outra postagem – nosso punhado inicial da "bola de neve" – possibilitou a entrada de um primeiro participante:

[...] Chamei o novo amigo no inbox, me apresentei, e demonstrei minha curiosidade em saber mais sobre projetos que envolvem ferramentas digitais e produção colaborativa. Falei um pouco de mim, da minha ideia de transformar minha curiosidade na construção do meu projeto de mestrado[...]. Ele já respondeu com um "eu quero te ajudar [...]". Confesso que gostei!

A expressão "bola de neve" foi utilizada propositalmente para designar a técnica de amostragem "Snowball", também conhecida como cadeia de informantes (chain referral), (Silva et al., 2006). No caso de nosso estudo, o próprio ciberespaço serve como um ponto de contato ou de referência para que outras pessoas possam se interessar e participar da pesquisa. A partir daí, o blog ganhou movimento, aos poucos, ficando cada vez mais intenso. Com as postagens, inicia-se, também, um processo colaborativo de pesquisa.

A internet como unificadora das pessoas?

Um contato ativado e muitos outros acontecem por consequência. [..] Me procurou outra pessoa, me chamando por Inbox no Facebook. Ele cuida de uma dessas produções colaborativas e começou a conversa dizendo o quanto é importante ressaltar que a internet une as pessoas. Completou dizendo que se eu realmente me propuser a realizar um estudo sobre isso, ele quer me indicar pessoas para participarem [...].

É quase como se o Facebook fosse uma espécie de Comunidade de Prática online (CoP). Uma CoP online envolve um grupo de pessoas que detêm conhecimento de como realizar uma atividade e que estabelecem diálogos entre si com vistas a aprenderem a fazer melhor o que já sabem fazer (Wenger, 1998). A UNESCO, por exemplo, reconhece o valor das CoP para a área da educação (Martins, 2005).

A bola de neve continua rolando, mas começa a apresentar sinais de que pelo blog não se interessam indivíduos, um descolado do outro, mas pessoas que têm algo incomum. A colaboração? Ainda não sabemos. Há apenas dúvidas, incertezas.

Então, mais um projeto que cai na minha Timeline do Facebook, nos.vc. O site diz: "aprenda algo novo. Inscreva-se em um encontro na sua cidade." Em contato com uma das pessoas que toca o projeto (pelo Facebook), entendi que ideia deles é criar cursos sobre o que você sabe ensinar, ou procurar aulas sobre alguma coisa que você quer aprender. Na fanpage do Facebook, a descrição diz: "Somos uma plataforma de crowdlearning. Acreditamos no aprendizado colaborativo através de encontros inspiradores. //nos.vc/ :)".

Em alguns momentos, o fluxo de informações que sobrevoamos no Facebook nos leva à percepção de que as pessoas indicam umas às outras, dialogam e realizam atividades não somente (e/ou não sempre) para aprender. Talvez os sentidos atribuídos ao conceito de colaboração é que devam ser investigados para que compreendamos essa nossa percepção. Interagindo com as fanpages das produções colaborativas no Facebook, com alguns de seus participantes, e observando os posts, os compartilhamentos e as curtidas que aparecem em suas Linhas do Tempo, temos a impressão de que a colaboração é um valor do qual sujeitos, coletivos e/ou empresas se apropriam, significando-a como objeto de consumo. Essa impressão se sustenta no pressuposto de que "em especial numa perspectiva contemporânea, [...] não se consome somente produtos materiais, mas também signos, representações, enfim, intensa produção simbólica" (Veronese, 2007, p.44-45). Sendo assim, a colaboração – ou o discurso em defesa dela – parece ter uma funcionalidade para quem a cita ou a consome. Um usuário do Facebook que compartilha o link do site de uma produção colaborativa ou simplesmente curte, comunica que a consome, que compra a ideia. "Dar um Curtir" na peça de divulgação de uma produção colaborativa pode significar concordar com ela, participar dela, ver-se também como um sujeito colaborativo. Isso nos leva a ver a proposta de colaboração como demarcador simbólico, que gera sensação de pertença, exclusão ou inclusão em grupos sociais ou territórios. Relacionamos essa impressão à especificidade, assinalada por Veronese, da "forma que a cultura ocidental globalizada reproduz as práticas de consumo ligadas a uma esfera imaterial, onde imagens – ou desejos de imagens – são consumidas e subjetivam indivíduos e coletivos ao redor do planeta" (2007, p.48).

Tentando unir alguns pontos

Hoje fui surpreendida por essa reportagem que encontrei na minha Timeline do Facebook. Foi postada na página do coletivo Shoot the Shit e é uma matéria da Zero Hora que traz a manchete "Com o auxílio da internet, ativistas promovem ações colaborativas em Porto Alegre – Na era digital, grupos usam a tecnologia para lutar por causas públicas."6 Minha curiosidade só tem aumentado. Como chegamos aí? Chama a atenção que os participantes das ações colaborativas às quais o jornal se refere não haviam dado um nome específico ao que faziam. Agora se apresentam realizando "movimentos civis" e trazem o nome de outros coletivos que fazem o mesmo. Esses coletivos, que apresentam ações colaborativas para serem postas em prática nas cidades, parecem lutar a cada dia por uma causa diferente. Talvez tenham todas um ponto em comum, uma vez que se propõem a melhorar a cidade, mas as plataformas de projetos colaborativos já não convergem somente para essa mesma questão. Hoje ainda, para aumentar minha inquietação: meu amigo me chamou no Inbox do Facebook para contar que foi escolhido para ser embaixador de um movimento de universitários feito por uma empresa que faz negócios sociais. A ideia, ele me explicou, é que os embaixadores disseminem o conceito de negócios sociais e façam ações práticas. Perguntei então se isso se tratava de movimento ou de negócios. E ele respondeu:

É justamente isso que queremos ressignificar. Somos um movimento e ao mesmo tempo negócios. Não somos uma ONG, por exemplo. Mas falamos que nós temos meios lucrativos e fins positivos. Aí que está o diferencial todo, essa mentalidade de tirar o lucro da ponta e privilegiar as ações positivas.

Perguntando-nos sobre os sentidos atribuídos à colaboração e também às produções agenciadas pelos coletivos, no início chegamos a pensar nas iniciativas de produção colaborativa como o que Castells (2007) chamou de Movimentos Sociais em sua obra O Poder da Identidade. Porém, compreendemos haver incongruência nessa associação, uma vez que os Movimentos Sociais constituem uma forte relação com a identidade e se caracterizam pela luta por uma causa.

Também não nos parece que os Novos Movimentos Sociais possam ser associados às produções dos coletivos que conhecemos durante a construção do blog. Segundo Boaventura de Souza Santos, os Novos Movimentos Sociais se constituem pela crítica da regulação social capitalista e da emancipação social socialista, pois identificam novas formas de opressão que extravasam as relações de produção e denunciam, com uma radicalidade sem precedentes, os excessos de regulação da modernidade, que atingem o modo como se trabalha e produz, o modo como se descansa e vive; a pobreza e as assimetrias das relações sociais que "não atingem especificamente uma classe social e sim grupos sociais transclassistas ou mesmo a sociedade no seu todo" (Santos, 2010, p.258).

A impressão que fica, de qualquer forma, é a de que a busca por transformação social está muito presente nas ideias que circulam nas produções colaborativas. A proposta de "estimular os cidadãos a olhar a cidade de forma crítica" (da Transvenção Lab), o objetivo de "aproximar os cidadãos da política e dos políticos" (como propõe o Voto Como Vamos), e a ideia de buscar conhecimento fora da academia ou da escola, criando outro lugar e formato para ensinar e aprender (Nós.Vc) – assim como as propostas de outros coletivos apresentadas no blog – são exemplos de que o propósito dos coletivos parece pressupor algum tipo de transformação na sociedade. Somos levadas a nos perguntar, então, sobre que transformação é essa – ou são essas – que se busca nas produções colaborativas e/ou nos coletivos que se configuram em função delas.

A proposta do Nos.Vc, por exemplo, volta-se à aprendizagem. Não se restringe a um tipo específico de conhecimento, pode ser agenciado em qualquer lugar e do modo como o protagonista do "encontro" quiser propor. Seria a tentativa de promover ensino fora das instituições formais? Levar o ensino para fora das escolas e da academia? Talvez consistisse em um espaço de educação não formal, espaço onde ocorrem processos interativos intencionais, construídos coletivamente. Nele o grande educador é o "outro", aquele com quem interagimos ou nos integramos (Gohn, 2006).

Ainda não nos parece claro o critério que daria uma suposta unidade transformadora entre os diferentes coletivos. Tampouco conseguimos assinalar os aspectos de cada coletivo que nos fariam evidenciar quais são as estruturas e/ou os modelos que seu caráter transformador pretende denunciar e/ou contrariar. De qualquer forma, se os coletivos dizem ir ao encontro da transformação social, precisamos levar em conta a mutação de, subjetividades.

Pode ser também que a própria tentativa (nossa) de encontrar elementos unificadores das propostas desses coletivos e movimentos constitua uma contradição. A busca por elementos unificadores da transformação que os coletivos propõem parece muito ligada à ideia de que há uma só identidade nos participantes e/ou nos coletivos.

Entretanto, não nos parece que a crítica ao regime identitário, sozinha, seja suficiente para a problematização de como os agentes das produções colaborativas se situam e se subjetivam nos coletivos e nas ações que se propõem a produzir. Mesmo distantes da ideia de que o conceito de identidade atravessa essas produções e seus agentes, percebemos, nesses coletivos e suas propostas, a (re)produção de padrões (de consumo de ícones, imagens, valores) em seus discursos. Algumas figuras podem ter sido construídas e delineadas de acordo com órbitas do mercado, acabando por (re)configurar subjetividades.

De um lado as produções colaborativas parecem colocar em evidência o efêmero, as multiplicidades, o compartilhamento de ideias diferentes. De outro, os coletivos passam a impressão de reproduzir um discurso que porta conceitos de cidadania, transformação e colaboração, dos quais algumas órbitas do mercado e a visão neoliberal também, ou antes ainda, por vezes se apropriam. Roso (2007) esclarece que numa cosmovisão individualista-liberal neoliberal tudo é permitido em nome da liberdade, e a democracia se torna sinal de salvação para qualquer caos ou problema.

Poderíamos considerar que os coletivos propõem Movimentos Sociais baseados na cosmovisão individualista-liberal? Ainda parece cedo para tentar responder. Assim, nesse ponto, a busca de sentido(s) para nossas impressões nos leva ao interesse por estudar sobre as subjetividades que o neoliberalismo tende a produzir. Ou ainda, uma vez que o capitalismo, e em grande parte os processos de globalização, sustenta-se na cosmovisão individualista-liberal, essa busca nos conduz ao estudo da produção da subjetividade dominante na era do capitalismo globalizado.

A visão de que o modelo capitalista é um modelo de modelo, uma redução modelizadora, como afirmam Guattari e Rolnik (2000), traz possíveis coordenadas para a discussão. Nessa perspectiva, compreende-se que a estratégia do capitalismo voltou-se à produção de subjetividades moldadas conforme seus interesses. A formação maquínica e em série da subjetividade capitalística, segundo os autores, bloqueia os processos de singularização, que são compreendidos como uma forma de resistência aos modos de subjetivação capitalística.

Os processos de singularização estão relacionados à tentativa de produzir modos de subjetividade originais e singulares. Trata-se de movimentos de protesto do inconsciente contra a subjetividade capitalística, através da afirmação de outras maneiras de ser, outras sensibilidades, outra percepção. "O que interessa à subjetividade capitalística, não é o processo de singularização, mas justamente esse resultado do processo, resultado de sua circunscrição a modos de identificação dessa subjetividade dominante" (Guattari & Rolnik, 2000, p.69).

Como se situam os agentes das produções colaborativas? Os movimentos que eles propõem pendem à reprodução de símbolos e sentidos já configurados pelos valores que sustentam o capitalismo neoliberal? Ou podemos pensar suas propostas como constituintes de processos de singularização? Perguntas que nos inquietam e nos estimulam a continuar nosso voo e seguir uma ética da interrogação.

 

Considerações finais

Nesta escrita, buscamos apresentar um modo de entrar no mundo dos fenômenos a estudar, levando em conta sempre que nós, pesquisadoras, estamos implicadas no ciberespaço. O sobrevoo que nos prepusemos fazer, via observação participante, não quis trazer respostas, mas potencializar modos de ver e fazer pesquisa.

Materializamos essa etapa da pesquisa com um blog, e muitas impressões para as quais produzimos e seguiremos agora produzindo sentidos. À procura de coordenadas para o pouso, chegamos a interrogações e elas despertam "novas" vontades. Surge o interesse por problematizar nossas perguntas junto aos agentes sociais que defendem a colaboração, construir o conhecimento no diálogo com os participantes da pesquisa. Durante a construção do blog levantamos mais perguntas que nos ajudaram a traçar novos percursos de pesquisa. Por meio da ética da interrogação, estamos um pouco mais seguras para partir às novas dobras desse estudo: a análise dos discursos expostos tanto em sites dos coletivos, quanto dos grupos focais realizados com representantes/participantes dessas produções colaborativas aqui explicitadas. Em outro momento, estaremos escrevendo sobre esses processos também. Por ora fica o desejo de que o nosso voo apresentado até aqui potencialize nosso mergulho em direções difusas nos entrelaçando nos infinitos nós dessa Rede.

As impressões nos levam a questionamentos sobre a visão de mundo que sustenta as produções baseadas no discurso da colaboração. As propostas de transformação social e o apelo pela colaboração parecem ser apoiadas na vontade de contrapor o individualismo característico do sistema neoliberal. Ao mesmo tempo, porém, nos parece que são regidas pela lógica das órbitas de mercado que compõem esse mesmo sistema. Conforme já assinalamos, a estratégia do capitalismo e sistema neoliberal se volta à produção de sentidos que delinearam subjetividades conforme seus interesses. Estudando as produções colaborativas, encontramos nos agenciamentos dessas produções tanto a reprodução de valores capitalistas neoliberais, quanto também movimentos de fuga desse mesmo sistema.

Os projetos e as propostas dos coletivos geram a percepção de terem sido agenciados como "um-sozinho", à medida que não encontramos uma unidade transformadora (um modelo de transformação comum) nas diferentes operações e produções propostas por eles. Entretanto, mesmo em operações que parecem um tanto solitárias, emergem projetos carregados do desejo de colaborar e de partilhar. Nosso sobrevoo leva a supor que, talvez, cada produção colaborativa seja "um-sozinho", mascarada com a veste de coletivo. Nesse sentido, pode-se considerar que o sistema neoliberal é forte o suficiente para dar forma ora aos sentidos subjetivos que delineiam as produções e seus agentes, ora (também) às máscaras que cobrem seu semblante.

Parece haver, então, a potente busca pela coletividade nas produções colaborativas, mesmo que sejam viabilizadas por meio de operações que aqui relacionamos ao conceito de "um-sozinho". Talvez os próprios agentes se vejam como "um-sozinho" e, por isso, deixem em nós a impressão de que agenciam operações quase que solitárias. Ao nos vermos como "um-sozinho", negamos a possibilidade de dialogar, de nos relacionar com o Outro, de questionar nossas produções e nosso lugar no mundo. Já a busca por participação pode ser uma tentativa de afirmar a possibilidade de libertação do individualismo proposto pelo sistema neoliberal. Assim, o discurso da participação e da colaboração – que constantemente encontramos nessas produções – parece ser, sim, constituinte de uma busca por construir propostas e ações que transformem a sociedade. Não foi nosso objetivo nesse artigo descobrir em que direção aponta a transformação, embora tenhamos buscado alguns vestígios.

 

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Endereço para contato
E-mail: fernandamartinsfm@hotmail.com

Recebido em janeiro de 2015
Aceito em março de 2015

 

 

Fernanda Goulart Martins: Psicóloga, Doutoranda em Psicologia Social e Institucional na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.
Adriane Roso: Psicóloga, Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Professora Adjunta da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul – Brasil.
1 Disponível na íntegra através do endereço: //www. //www.sociedadeemrede.com/
2 Dissertação elaborada pela primeira autora desse artigo, sob orientação da segunda autora, intitulada "Colaboração, (Ciber)ativismo e subjetividade".
3 Disponível em //www.sociedadeemrede.com/
4 Convidamos o leitor para conhecer mais sobre as pesquisadoras nos links //www.sociedadeemrede. com/#!fernanda-martins/c1mxh e //www.sociedadeemrede.com/#!adriane-roso/c101j.
5 Como o formato de blog é escrito em primeira pessoa, tanto do plural como do singular, algumas alternâncias na pessoa verbal podem ocorrer ao longo da análise.
6 <http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2012/03/com-o-auxilio-da-internet-ativistas-promovem-acoes-colaborativas-em-porto-alegre-3700446.html>.

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