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Aletheia

Print version ISSN 1413-0394

Aletheia vol.50 no.1-2 Canoas jan/Dec. 2017

 

ARTIGOS EMPÍRICOS - PSICOLOGIA

 

O conto como possibilidade de revivência representacional do abandono

 

The story as a possible abandonment of representational revival

 

 

Luciane Maria Both1

Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Acolhimento institucional é o termo utilizado para designar o processo que acolhe e protege crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e/ou risco social. A história do acolhido é permeada de situações difíceis, principalmente voltadas ao abandono. Essas situações difíceis podem ser trabalhadas pelos Contos de Fada, que é capaz de traduzir emoções, sentimentos e reelaborar as representações mentais. Realizou-se um grupo de caráter profilático com três crianças em situação de acolhimento institucional, com o objetivo de compreender o impacto da utilização do Conto de Fada nas representações do abandono dos acolhidos. Prevaleceram defesas mais regressivas, a cisão de objeto e o desejo e a esperança da constituição de uma família. No decorrer dos encontros as representações mentais modificaram-se.

Palavras-chave: Conto de Fada, abandono, acolhimento institucional.


ABSTRACT

Shelter is the term used to designate the institution that protects children and adolescents at personal risk situation and / or social risk. The children’s story is permeated with difficult situations, mainly about abandonment. These can be worked by Fairy Tales, which are able to translate emotions, feelings and redraw the mental representations. A prophylactic treatment group was conducted with three children in residential care situation. The aim of this study was to understand the impact of using the Fairy Tale in the children’s abandonment representations. The regressive defenses prevailed, the spin-off and the desire and the hope of having a family. During the meetings, the mental representations have changed.

Keywords: Fairy Tale, abandonment, institutional care.


 

 

Introdução

Este trabalho refere-se a um estudo de caso familiar de acolhimento institucional em que três crianças participaram de um grupo profilático de Conto de Fadas, investigando a representação mental do abandono nos acolhidos. A representação mental, nesse sentido, diz respeito a como o indivíduo interpreta e interage com a realidade (Custódio & Cruz, 2008) e é considerada um reflexo do modelo de vinculação primário. No caso em questão diz respeito a um modelo inseguro em função da negligência e abandono sofrido pelos acolhidos. Tal modelo influencia a organização emocional, cognitiva e comportamental do sujeito. Por exemplo: essas crianças apresentam problemas comportamentais como isolamento, agressividade, desenvolvimento cognitivo inferior se comparadas às crianças com modelo de vinculação seguro (Pinhel, Torres, & Maia, 2009).

O termo abrigo é utilizado para designar a instituição que acolhe e protege crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e/ou risco social (Fante & Cassab, 2007; Prada & Weber, 2006), mais recentemente, o termo correto refere-se a acolhimento institucional. As causas de ingresso nessa instituição são multifatoriais. Em resumo, são situações de abandono ou de violação dos direitos (Estatuto da Criança e do Adolescente [ECA], 1999), cuja suspensão do poder familiar se dá por decisão judicial, conforme artigo 1635 do Código Civil (Brasil, 2003). As maiores dificuldades dos abrigados são carência afetiva, comportamentos agressivos, rebeldes, dificuldades escolares, enurese noturna e experiências sexuais precoces (Vectore & Carvalho, 2008). Entretanto, esses autores consideram que os comportamentos indisciplinares são estratégias de sobrevivência no espaço institucional.

Os aspectos mais difíceis de cada história do acolhido (agressão e violência) podem ser trabalhados nos personagens (vilões e heróis) de Contos de Fadas. Esses contos existem há anos e foi pela coletânea dos irmãos Grimm que se tornaram mais populares. Assim como a psicanálise que começou a estudá-los (Aguiar, Silva, Lima, Ferranatto & Pedone, 2014).

O Conto de Fada é uma forma de expressão semelhante à utilizada pela criança na organização, elaboração e superação de seus conflitos psíquicos (Safra, 2005; Bettelheim, 2015). Ele é capaz de traduzir emoções, sentimentos, condições existenciais em linguagem simbólica (Caldin, 2004; Ribeiro, 2015). Os contos são livres e transicionais, assim, auxiliam na comunicação de vivências afetivas importantes (Castro & Stümer 2009).

A metáfora do conto oportuniza o trabalho com elementos mais difíceis de forma simbolizada, por exemplo, as crianças preferem a utilização de animais que se tornam menos ameaçadores do que as figuras humanas (Gutfriend, 2010). Também, o narrador é responsável por incentivar a criança a trocar ideias e realizar um exercício de reflexão entre o real e o imaginário (Caldin, 2004). é a voz do narrador que propicia o toque mágico e lúdico (Caldin, 2002; Ribeiro, 2015), pois um dia, a criança ficou "encantada" pela voz da mãe (Bittencourt, 1991). Assim, pode-se trabalhar, em um grupo de Contos com crianças abandonadas, o desenvolvimento da análise dos seguintes pontos: espaço potencial e lúdico, objeto transicional, dinâmica de grupo, representação e processos de simbolização (Gutfriend, 2010).

Segundo Cashdan (2000), o Conto de Fada possui quatro etapas: a) a travessia, a viagem ao mundo mágico; b) o encontro com o personagem do mal ou o obstáculo a ser vencido; c) a dificuldade a ser superada; d) a conquista (destruição do mal), a celebração da recompensa. Os contos, desde sempre, abordam o tema do abandono e da separação entre pais e crianças, o que oferece representações diante o sofrimento (Gutfriend, 2010).

As histórias constituem temas complexos que introduzem elementos da fantasia e do maravilhoso (Ribeiro, 2015). Elas ilustram diferentes maneiras de pensar e interpretar a realidade, bem como possibilitam construir ferramentas diversas capazes de (re)criar objetos, lugares e situações através da fantasia. A criança que possui uma visão mais abrangente, mais ferramentas e maior contato com a fantasia, possui uma mente mais rica, que consequentemente possui uma maior flexibilidade emocional. A fantasia e a ficção possibilitam esse alívio, (re)elaboração e educação de maneira indireta (Corso & Corso, 2006). Através do conto a criança se identifica com os personagens, vive sentimentos de frustração, sofrimento, prazer e satisfação de maneira imaginária e evoca imagens internas projetadas no real (Aguiar et al., 2014).

Aspectos simbólicos do conto de fada

Os contos mais populares referem-se às histórias Chapeuzinho Vermelho, Bambi, A Cinderela, O Mágico de Oz, O Gato de Botas, Os Três porquinhos, Pinóquio, entre outros. Em cada um desses contos há temas específicos que cada conto aborda. Por exemplo, no conto Chapeuzinho Vermelho há a imagem de uma menina frágil diante de uma figura paterna ameaçadora, mas sedutora - o lobo -, em que o lobo encontra a jovem longe do lugar seguro da casa dos pais. Já o conto Cinderela aborda a rivalidade fraterna, cujos interesses pessoais são sacrificados em detrimento dos interesses da madrasta (Bettelheim, 2015). E, por fim, no conto Bambi, o jovem cervo observa a morte da mamãe cervo pelos caçadores, ficando sozinho e indefeso na floresta. O cervo vive o abandono de maneira traumática, mas no fim consegue sobreviver na floresta e constituir uma família (Corso & Corso, 2006).

é possível observar que o dispositivo em questão pode trabalhar diferentes conflitivas de maneira indireta e projetada. Dessa forma, pensou-se na utilização do Conto de Fada como um potencializador para reflexão e expressão de sentimentos em crianças abandonadas e um dispositivo capaz de ressignificar e reelaborar as representações dos conflitos psíquicos das próprias crianças através da simbolização do sofrimento e do incentivo à criatividade. Assim, a intervenção descrita a seguir teve como objetivo compreender o impacto da utilização do Conto de Fada nas representações do abandono dos acolhidos.

 

Método

Este estudo consiste em uma pesquisa qualitativa, que investiga os processos subjetivos no ambiente natural do participante (Creswell, 2010). Trata-se de um delineamento de estudo de caso único de uma família de três irmãos (Gil, 2002), que se reuniam semanalmente para a realização de um grupo de Contos de Fada.

O grupo de intervenção aconteceu na brinquedoteca da instituição de acolhimento. Os encontros eram semanais de 50 minutos, totalizando 22 encontros. Houve duas semanas que não aconteceu o grupo devido à reforma da casa. O trabalho se delineou a partir de observações e vivências ocorridas ao longo dos encontros.

O grupo era aberto a todos os acolhidos da casa até 12 anos. Prevalecia a participação da mesma família: Gabriel (03 anos), Gabriela (06 anos) e Bruna (09 anos).2 Esporadicamente participaram outras crianças que permaneciam na casa; mais especificamente aconteceram apenas três encontros que se sucederam à participação de outras crianças no grupo, porém não se levou em conta esses participantes para a análise dessa intervenção. Foram incluídas somente as três crianças citadas, em função de que foram as únicas que participaram periodicamente dos encontros. A permissão da participação das crianças na pesquisa ocorreu através da assinatura do responsável legal no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Além disso, o projeto passou pelo Comitê de ética da instituição vinculada.

Em cada encontro eram apresentados os livros com ilustrações para as crianças e essas escolhiam uma história a ser narrada. Por fim, realizavam-se desenhos enquanto se discutia a história. Considerou-se o desenho como uma atividade transicional, realizando-se uma leitura flutuante em relação ao material gráfico produzido pela criança (Rodulfo, 2004), sempre discutindo com ela o que representa. O grupo caracterizou-se, predominantemente, por seu aspecto profilático. Além disso, a terapeuta utilizou um entendimento psicanalítico para a compreensão da dinâmica, da análise grupal e do desenho.

Os dados históricos dos participantes foram coletados em consulta ao prontuário e processo judicial de cada criança, tais como história de vida, dados sociodemográficos e demais informações de cunho psicológico. Ainda, o material gráfico produzido auxiliou na construção de hipóteses interpretativas sobre os participantes, já que os desenhos permitem projetar o seu mundo interno no material produzido (Buck, 2009).

Após cada encontro, a terapeuta realizava anotações dos principais apontamentos. Em seguida, eram realizadas supervisões e análises de conteúdo e da dinâmica grupal para a compreensão dos dados e produções gráficas. Ainda, os dados eram analisados teoricamente conforme a literatura relacionada à temática.

 

Resultados

No decorrer dos encontros, os participantes escolheram repetidas vezes, aleatoriamente, os mesmos contos a ser trabalhados no encontro. Dentre as histórias escolhidas prevaleceram: Chapeuzinho Vermelho (sete encontros), Bambi (seis encontros) e A Cinderela (quatro encontros). As demais histórias foram escolhidas uma única vez: A Pequena Sereia, O Mágico de Oz, O Gato de Botas, Os Três porquinhos e Pinóquio.

Neste trabalho serão apresentados recortes dos encontros focados nas histórias escolhidas com maior frequência pelas crianças: Chapeuzinho Vermelho, Bambi e A Cinderela. A seguir serão apresentados os dados do caso familiar e a dinâmica grupal dos encontros.

Relato do caso

O caso familiar em questão integra uma família com nove filhos, o pai e a mãe, todos de cor branca e de classe social baixa. As filhas mais velhas, que permaneceram com a família, chamavam-se Caroline (18 anos), gêmea de Carolina (18 anos), em seguida vieram Ana Cláudia (16 anos), Bruna (09 anos), Gabriela (06 anos) e Gabriel (03 anos).3Os três primeiros filhos do casal foram entregues informalmente para outras famílias, não possuindo mais contato com essa família de origem. O pai não mora com as crianças, pois são, na maioria, pais diferentes entre os filhos. A mãe possui um companheiro que está junto com ela há anos, o pai de Gabriela e Gabriel. Eles moravam na periferia da região metropolitana, em uma casa pequena e humilde. Havia vínculo entre eles, apesar da mãe ser negligente em alguns cuidados e discutir bastante, principalmente com o companheiro. Os pais possuíam suas dificuldades na criação de uma prole tão grande, assim, apelavam para a mendicância e a prostituição das moças mais velhas.

Diante dessa realidade, talvez para aliviar-se um pouco, a mãe utiliza-se do crack. Mas quando questionado a ela, nega o uso de drogas e confessa que usou no passado, em entrevista ao juiz. Sabe-se que a mãe está mentindo, pois a comunidade encaminhou várias denúncias de maus tratos aos filhos e de drogadição da mãe. Os vizinhos, preocupados com as crianças, fizeram denúncias por telefone alegando: "Crianças mal cuidadas pela mãe que é drogada, dorme até meio dia. As crianças estão com feridas, sujas, passam mendigando pela vizinhança". "Crianças passam fome".4

Os filhos não frequentavam a escola e a Bruna não possuía certidão de nascimento, sendo que a certidão é imprescindível para realizar qualquer atividade, tais como de saúde ou escolar. Os serviços de apoio social não aceitavam a família, pois a mãe vendia todas as doações, inclusive a roupa dos filhos, para comprar pedras de crack.

As três adolescentes mais velhas se prostituíam na rua, às vezes levando a Bruna junto ou, às vezes, deixando-a cuidando dos irmãos menores em casa. Depois de uns anos, Carolina e Caroline casaram-se e saíram de casa. Entretanto, segundo os relatos dos prontuários, somente uma delas "se acertou na vida" (sic). Também, há a suspeita de abuso sexual do padrasto com a menina Bruna.

A situação de risco dessas crianças é visível, há várias providências e acompanhamento à família para tentar auxiliá-la, mas não houve adesão a nenhuma proposta. Por isso, recorreu-se ao Mandato de Busca e Apreensão para os filhos. Assim, em outubro de 2011, o serviço de acolhimento institucional acolhe Bruna, Gabriela e Gabriel numa casa chamada Abrigo A e Ana Maria, filha de Ana Cláudia, no Abrigo B.

Nesta nova vida, os três filhos são recebidos de maneira acolhedora, as duas meninas começam a frequentar a escola e no ano seguinte à pesquisa o Gabriel ingressaria na creche. Os pais continuaram a visitá-los nos finais de semana indo até onde as crianças estavam. Por determinação do juiz, a visita era sempre assistida. Frequentemente havia desentendimento entre os funcionários da equipe técnica da instituição de acolhimento e os pais, pois os pais não queriam cumprir o combinado; "invadiam" a casa, entrando nos quartos, discutiam na frente de todos os jovens da casa, desrespeitavam todos. Os três filhos ficavam bastante agitados depois da visita dos pais.

No Abrigo A, Gabriela era chamada, às vezes, de "pimentinha". Era um apelido carinhoso dado pelos funcionários da instituição de acolhimento. Ela apresentava um comportamento sexualizado em alguns momentos; já havia começado tratamento psicológico. Sua irmã mais velha, Bruna, logo que chegou à casa, queria cuidar dos irmãos do seu jeito, mas aprendeu qual era o seu papel. Ainda não possuía certidão de nascimento, mas mesmo assim, começou a frequentar a escola. E ajudava nas tarefas domésticas. O Gabriel permanecia na casa 24h por dia; era um menino bastante agitado, já estava começando a ficar mais independente, tirando as fraldas, comendo sozinho, mas geralmente não obedecia às restrições dos funcionários da equipe. Gabriel tinha começado avaliação psicológica. Ambos os irmãos eram muito carinhosos, alegres, criativos, espertos e possuíam muita energia.

Por fim, por convite da terapeuta, começaram a participar de um grupo de Contos no início do ano de 2012. Esse espaço lúdico foi apreciado pelos acolhidos e foi possível compreender a representação mental sobre o abandono e reviver essas experiências negativas pelo conto.

Revivência das representações do abandono no grupo

Na dinâmica grupal, verificam-se diferentes aspectos a serem analisados, tais como a prevalência da agressividade nos primeiros encontros, o conteúdo das histórias, o desfecho feliz, a repetição da história com gradual elaboração do tema trabalhado no decorrer dos encontros, ansiedade persecutória, defesas obsessivas. As histórias a serem apresentadas referem-se ao Chapeuzinho Vermelho, Bambi e Cinderela.

O grupo de intervenção, nos primeiros encontros de maneira geral, demonstrava muito interesse e curiosidade, entretanto configurou-se de forma mais agitada, principalmente o Gabriel, que era quem mais externalizava tal vontade de "devorar" tudo de uma só vez, não suportando o tempo de reflexão. Gabriel e Gabriela não sabiam utilizar alguns materiais como cola e tesoura, assim, foram ensinados e depois já se arriscavam sozinhos. No decorrer das narrativas, eles geralmente faziam comentários das ilustrações, principalmente Gabriel; a Bruna repetia tudo o que a terapeuta dizia como se fosse um eco; e todos queriam sentar próximo da terapeuta, no chão, e auxiliar quando precisava virar a página ou distribuir o material.

Geralmente havia, entre o Gabriel e a Gabriela, brincadeiras agressivas com os brinquedos ou materiais, o que demonstrou uma descarga pulsional, cuja agressividade prevalece devido à ansiedade demasiada, necessitando descarga. O comportamento agressivo era resultante da separação que sofreram, sendo que o trabalho em torno da história ajudou na expressão dos sentimentos (Gutfreind, 2010). Diferente de outros momentos, em que o grupo conseguiu elaborar o conteúdo e foi capaz de brincar e desenhar mais profundamente. O brincar para a criança é como a associação livre para o adulto (Bleichmar & Bleichmar, 1992). Também é uma expressão de saúde capaz de recuperar a capacidade de movimento interno de forma criativa (re)constituindo aspectos do seu self, recriando sua própria realidade e história, ou seja, seria um meio transicional normal para a criança superar a separação de sua mãe - seu objeto de amor (Winnicott, 1975).

O conteúdo das histórias, de uma forma ou de outra, remeteu-se ao abandono e à relação com os pais. Logo no primeiro encontro, foi simbolizado no desenho um ovo e uma igreja com o coração do pai e da mãe. Esse desenho remeteu à representação da família, em que há a união na igreja e a procriação no ovo; interpretou-se mais como um desejo de constituir e viver realmente "em família".

Percebeu-se, também, que nas primeiras vezes que a história foi contada, eles "travavam" em determinada situação e depois diziam que o conto finalizava ali; somente nos encontros seguintes conseguiam chegar, pouco a pouco, ao final propriamente dito. Isso demonstrou que os conteúdos da história estavam sendo elaborados progressivamente no decorrer dos encontros, pois eram conteúdos que remetiam às suas próprias perdas iniciais, muito difíceis de serem tratadas, cuja mobilização principal era a negação. Também, em alguns momentos havia agressividade e agitação, principalmente de Gabriel, que se aliviava quando se sentia compreendido. Quando a história se repetia, em muitos momentos, eles antecipavam o que iria acontecer, fazendo comentários quando o personagem estava próximo de aparecer, como: "o caçador!" (sic), "o lobo!" (sic), "a bruxa!" (sic). E ainda, houve encontros em que eles mesmos contavam a história após a terapeuta terminar a narrativa.

Ainda, chamou a atenção das meninas em todos os encontros o desfecho comum aos Contos de Fadas - "viveram felizes para sempre" -, apesar das dificuldades que os heróis tinham que superar. Os Contos de Fadas são também doses de otimismo (Corso & Corso, 2006). Os personagens tornam-se fonte de identificação em muitos momentos (Gutfreind, 2010; Aguiar et al., 2014). Esse final, "viveram felizes para sempre", demonstra à criança que a felicidade é possível, mesmo com todas as dificuldades vivenciadas pelos personagens, isto é, alude à esperança.

Chapeuzinho Vermelho

Em relação ao conto Chapeuzinho Vermelho, puderam-se trabalhar diferentes aspectos. Ao focar-se a análise no personagem principal, deparou-se com uma menina indefesa que se entrega totalmente às malícias do lobo, o qual possuía um disfarce atraente de bonzinho. Chapeuzinho apenas satisfez seus prazeres, desviando-se do caminho no meio da floresta e enfrentou tudo sem crítica alguma, em que tudo é bonito e bom; os objetos estão cindidos e há a prevalência da satisfação do id. Outro ponto refere-se à sexualidade presente no conto: há a representação do pai bom (caçador) e do pai mau (lobo mau) (Bettelheim, 2015), ou seja, cisão novamente. Pode-se observar que Chapeuzinho estava vivendo o conflito edípico, pois a partir do momento em que se sente longe da mãe, sua rival, entrega-se ao sedutor lobo que depois, além de comer a vovó, come Chapeuzinho.

Nos encontros trabalhados com essa narrativa, Gabriela desenhou pessoas indefinidas; em outro encontro fez a família e em outros desenhou diversos corações, mas picotou-os em seguida. Pode-se remeter isso à agressividade, pois como ela não possui uma família que realmente deseja, acaba descarregando seu descontentamento e raiva, destruindo essa representação do objeto bom que não a satisfez, já que picota tudo em "mil pedacinhos". Ainda, ela contava que gostava mais do lobo que comia a vovó e o Chapeuzinho, nesse momento ela começava a rir de maneira mais maliciosa, mas não querendo falar o que pensou. Essa situação remete ao sadismo oral. Também, prevaleceram defesas maníacas em Gabriela. A Bruna mandou muitas cartinhas para pessoas que não estavam presentes no grupo; em outros encontros desenhava corações, em outros fez casas. Percebe-se que ela tenta incluir pessoas que não fazem parte do grupo, como para preencher uma falta que parece que não acaba e também para sentir-se lembrada por essas mesmas pessoas ao mandar suas cartinhas, lembrada para não ser esquecida e consequentemente, abandonada novamente. E o Gabriel dizia que havia bichos na cama de outro menino da casa, em muitos encontros; acusou a terapeuta de falar palavrão, assim "prendia" a terapeuta enrolando durex nos seus braços e depois a salvava.

Essas situações demonstram que a ansiedade persecutória estava presente em muitos momentos, mas os desfechos eram bons, pois se sentiam compreendidos no grupo. Em muitas ocasiões, os três cantavam o verso "Quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau". No final do canto, ambos falavam que não possuíam medo, apesar de demonstrar medo no ato, correndo e escondendo-se. O sentimento de medo impede os jovens de apegar-se (Gutfriend, 2010). O medo do versinho remete à negação do objeto mal representado pelo lobo mau. De certa forma o lobo mau representa o pai mau que abandonou; assim a reação de afastá-lo do vínculo, negando e não sofrendo.

Nesses sete encontros, como já foi relatado, o conto "travava" em diferentes momentos. O primeiro encontro, para eles, foi finalizado quando o Chapeuzinho chegou à casa da vovó. No segundo encontro, Gabriel inclui à história o fato de Chapeuzinho pegar a chave para abrir a porta. E no decorrer das semanas a narrativa finalizou quando o lobo comeu a vovó e, depois, em outro encontro, a Chapeuzinho. às vezes conseguiam incluir a figura do caçador que salvou ambas as meninas e, nas dos dois últimos encontros, a história deu-se completa, com a vitória do "bom". Isso demonstra que, aos poucos, eles conseguiram ir elaborando o conteúdo da narrativa: ao interromperem a narrativa, quando o Chapeuzinho chegou à casa da vovó, se depararam com o sadismo oral e a consequente tragédia, ou seja, se defenderam, mas aos poucos avançaram no conto. No decorrer das semanas, houve a "aceitação" do engolir a vovó, que no caso representa a mãe, podendo a Chapeuzinho ficar com o lobo só para si (complexo de édipo), e, só no outro encontro, o sadismo prevaleceu na avó e na menina. Quando o caçador foi inserido, o pai bom aparece como o herói e o final feliz torna-se possível. Esse foi um processo lento, necessitou-se respeitar o tempo de elaboração dos participantes.

Outro aspecto interessante diz respeito à utilização de defesas obsessivas por Gabriela em querer limpar a sala no final do grupo, mesmo estando limpa. No terceiro encontro, Gabriela externalizou que o Gabriel chora por saudades da mãe; o menino confirma e depois disso se agita. Após a terapeuta conversar explicando que era normal chorar pela falta, pois era uma situação difícil ficarem longe da mãe, eles se acalmaram, mas não foi possível aprofundar o assunto; afinal é um processo lento. De maneira geral, com o Chapeuzinho Vermelho foi possível trabalhar muitas questões latentes da problemática deles, principalmente relacionadas à falta da mãe que os abandonou.

Bambi

No conto do Bambi, o abandono foi revivido pelo jovem cervo sozinho na floresta (Corso & Corso, 2006). No grupo foi externalizado pelos jovens: "coitadinho do Bambi, ficou sem a mamãe dele" (sic); brincaram com carrinhos, ou desenho de carrinhos, que representam a mãe, ou em alguns momentos o pai, que foram embora. às vezes colocavam no meio da reflexão "o policial que prende o pai" (sic), pois "o papai deixou o filhinho sozinho" (sic). Enfim, foi possível, simbolicamente pelo personagem, reviver de maneira diferente a separação e o abandono e ainda trabalhar um desfecho feliz para o jovem cervo, com apoio dos amiguinhos da floresta e constituição de uma nova família.

Também, ainda sobre o Bambi, surgiu o assunto de namoros, em que Gabriela diz que possuía um namorado acolhido na casa, ficando pelada com ele embaixo das cobertas; Gabriel possuía uma namorada acolhida da casa, assim como Bruna. Tanto Bruna como Gabriel apenas trocaram beijos com os companheiros. Tudo escondido dos agentes educadores. Esse relacionamento, principalmente o de Gabriela, que era mais exacerbado, remete à hipótese de abuso sexual, prostituição ou exposição de comportamentos impróprios à idade quando viviam com a mãe, como verifica-se na história de vida relatada. Ainda, esse assunto talvez viesse à tona justamente pelo fato de Bambi ter encontrado uma namorada na floresta e depois ter tido filhotinhos, estando a ideia de procriação relacionada, para eles, ao namoro ou ao preenchimento de uma falta sentida muito fortemente. Nos demais encontros, Gabriel desenhava sempre vários meios de transporte que estavam levando a terapeuta e a mãe da terapeuta, ou uma estagiária da instituição, para passar as férias na praia, assim como essas brincadeiras mobilizavam as duas irmãs. Pode-se considerar essa possibilidade de separação de pessoas queridas a eles por um período de férias, uma elaboração do abandono mais estruturada, pois há certeza de que haverá o retorno desses objetos de amor. Não se configura como uma perda concreta, sem retorno, mas uma separação temporária para lazer e acordada com eles.

Nessa narrativa, a cada semana também se observavam avanços, progressivamente. Na primeira vez que foi contada, eles não deram muita atenção, parecendo não conseguir compreender a história. Deixaram duas semanas de lado. Já no segundo encontro com essa história, houve maior concentração e a história conseguiu ser elaborada até o momento em que os caçadores chegaram e mataram a mãe cervo. Somente no encontro seguinte que aceitaram o fato de Bambi, ainda filhote, ficar sozinho na floresta sem a referência da mãe, havendo as expressões de sentimentos e identificação com ele como já foi comentado: "coitadinho!" (sic). Depois a história chegou até o final, com o crescimento do Bambi e de seus chifres e o namoro e procriação.

Um fato interessante é que mesmo que a história terminava antes do propriamente dito desfecho, sempre havia a presença do "viveram felizes para sempre" no ponto em que a história terminou, considerando-se assim que há esperança presente. Também, nesse conto há a presença do caçador, mas diferente do conto do Chapeuzinho Vermelho; elas são divergentes, pois aqui, o caçador é o objeto mau que mata a mãe, abandonando o filhote. Mesmo assim, o Gabriel sempre se interessava muito por esse personagem, apontando, imitando e gritando diversas vezes referenciando o caçador, o que pode demonstrar que não percebem ainda como o mesmo personagem ou ambos os papéis, bom e mau, fazendo parte de uma mesma pessoa, pois todos afirmavam que não eram os mesmos caçadores, caracterizando a cisão de objeto.

Nos demais encontros, como no conto trabalhado com O Mágico de Oz, a separação pelo abandono também está bastante explícita, onde a menina é levada para outro mundo, permanece procurando o caminho de volta para casa e no final reencontra a família. Houve a verbalização "ela ficou triste por ficar longe da mamãe dela" (sic), que demonstra o sentimento iminente pela separação do objeto de amor e ainda pode-se dizer que há certo crescimento do grupo por começar a externalizar verbalmente o latente.

A Cinderela

Em A Cinderela, pode-se vivenciar a rivalidade fraterna, em que a irmã maltratada e rebaixada consegue a vitória sobre as outras, meias-irmãs (Bettelheim, 2015). Em todos os encontros, eles ficam chocados com a madrasta que faz a Cinderela trabalhar, ou seja, com a mãe má, que representa novamente a cisão de objeto. Gabriel continua desenhando os meios de transporte; quer ficar brincando na torneira do banheiro e pede para fazer xixi o tempo todo, muitas vezes saindo da sala sozinho e, depois, retornando. Esta agitação pode ser por não conseguir suportar o conteúdo trabalhado, bem como essa vontade de ir ao banheiro remete à descarga dessas ansiedades e agressividade que a mãe má despertou num sadismo uretral. Bruna sempre faz alguma cartinha com corações para algum agente educador ou a alguma pessoa que não estava presente no grupo, uma delas foi remetida para a mãe da terapeuta, em que novamente ela inclui ao grupo pessoas que podem lembrar ser sua mãe, negando qualquer possibilidade de uma mãe má e negligente. Gabriela desenhou um carro com uma pecinha quebrada, isto é, há alguma coisa estragada dentro dela, uma falta que ainda não foi sanada; ela desenha corações para dar de presente como a irmã; faz muitos desenhos de meios de transporte como o Gabriel. E, junto com Bruna, desenha borboletas, ou seja, desejo de mudança, mas uma mudança que remeta à liberdade, pois há pecinhas quebradas, corações partidos, carros que levam pessoas queridas para longe, desejos de uma família. Enfim, a borboleta remete-se a essa necessidade de conseguir viver com todo esse peso da separação e abandono, mas sentindo-se livre e leve para seguir o caminho e ter um final feliz, como o de todos os personagens vítimas e bonzinhos.

Outro aspecto é que, em todos os encontros, ao chegar ao horário de encerramento, ambos querem permanecer desenhando, às vezes surgindo temas no último minuto; ou então, alegam que a terapeuta nem ficava com eles, dizendo que ela recém havia chegado à casa e já estava indo embora. Ainda, eles disputavam a atenção da terapeuta, em que se percebeu que quando ela interagia com um, o outro vinha mostrar o desenho ainda inacabado ou solicitar alguma ajuda. Essa insaciedade pode ser remetida à falta de investimento ou prevalência do objeto mau/pulsão de morte nos primeiros anos de vida (Klein, 1991; Klein, 1982).

Repara-se que, quando há alguma confusão no final de semana, quando os pais visitam a casa, o Gabriel, principalmente, se comporta de maneira bem agitada. Isso reflete toda a problemática que se configurou na visita, cujos pais fazem promessas de um futuro melhor que nunca chega, houve discussão e desrespeito dos pais aos agentes educadores e ainda revivem uma nova separação, os quais os filhos devem permanecer no abrigo durante mais uma semana até na esperança que os pais voltem para a visita novamente.

Considera-se o acolhimento institucional como uma solução transitória às crianças cujo ambiente familiar não é avaliado como apropriado para o desenvolvimento integral dos jovens. Diante isso, percebe-se uma fragilização da estrutura de self dos acolhidos como reflexo de um ambiente familiar desestruturado, permeadas por representações de abandono. Tais representações mentais influenciam na maneira como o indivíduo comporta-se e interage com a realidade. Foi possível observar que essas representações de abandono foram projetadas nos Contos de Fadas do grupo. Entende-se que a revivência dessas experiências negativas de abandono oportunizaram benefícios aos jovens de lidar melhor com a realidade histórica de suas vidas.

 

Considerações Finais

De maneira geral, percebeu-se que o grupo conseguiu elaborar algumas de suas conflitivas permeadas pelo abandono e as representações da separação. A cada encontro, houve, muito lentamente, uma evolução gradual, com avanços nas histórias, chegando até o final do conto e aprofundando o conteúdo trabalhado. Em muitos momentos, as crianças conseguiram externalizar verbalmente o latente, além da expressão pelo desenho. Empatizaram um com o outro, havendo compreensão e alívio da ansiedade. As crianças demonstraram, em muitos momentos, a utilização de defesas mais regressivas e, em outros, um self mais estruturado, mas no geral, como a temática do abandono mobiliza muito a eles, a negação e o sadismo, até a compreensão e elaboração, estiveram bastante presentes. Também prevaleceu o desejo e a esperança da constituição de uma família com a volta dessa mãe boa, isto é, do objeto de amor que se percebeu cindido em alguns encontros.

A proposta da pesquisa foi de compreender o impacto da utilização do Conto de Fada nas representações do abandono dos acolhidos. Assim, apesar das representações mentais referirem-se a um fenômeno complexo, principalmente quando associado a situações de vulnerabilidade social, foi possível verificar que, no decorrer dos encontros, as representações mentais modificaram-se. O Conto de Fada foi capaz de trabalhar em um contexto tão duro como a instituição de acolhimento institucional, produzindo afetações e modificando e aliviando o sofrimento. O abandono e a separação dos pais estão intrínsecos a essas crianças, que de um ou outro jeito, refletem nos comportamentos e atitudes diante da vida. Acredita-se que alguma diferença foi oportunizada para elas, pois a partir de pequenas intervenções, a realidade modifica-se.

Compreender as representações de abandono e negligência internalizadas e associar ao contexto institucional promovem um entendimento mais fidedigno das conflitivas dessas crianças e das implicações da institucionalização e facilitam a criação de intervenções mais adequadas e maneiras de lidar mais íntegras e eficazes. Destaca-se a possiblidade de capacitar os profissionais que trabalham com crianças nesse contexto, com um olhar diferenciado às necessidades. A partir do sólido conhecimento é possível elaborar ações que dão conta das demandas e das conflitivas emergentes.

Evidencia-se que esse estudo não saturou as possiblidades de aprofundamento da temática. Acredita-se que o aprofundamento do tema pode contribuir para uma qualidade maior de atendimento institucional profilático ou terapêutico. Sugere-se a implantação de grupos que trabalhem com Contos de Fada, pois é um dispositivo muito rico, capaz de oportunizar a elaboração de diferentes conflitivas que certamente não esgotam-se ao proposto nesse estudo. Percebem-se poucas produções recentes na literatura a respeito de Conto de Fada, principalmente relacionadas a contextos de vulnerabilidade social.

 

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Endereço para correspondência
E-mail: lucianeboth@gmail.com

Recebido em março de 2017
Aprovado em setembro de 2017

 

 

1 Luciane Maria Both: Psicóloga; Mestranda em Psicologia Clínica na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS); Endereço: Avenida Unisinos, 1505 - 102/A - São Leopoldo (RS) - CEP 93022-000 Contatos: (54)9614-5522.
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Nomes fictícios.
3 Nomes fictícios.
4 Ocorrência de denúncia ao Conselho Tutelar.

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