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Interações

versión impresa ISSN 1413-2907

Interações v.7 n.13 São Paulo jun. 2002

 

ARTIGOS

 

Paternidade na adolescência e os fatores de risco e de proteção para a violência na interação pai-criança1

 

Fatherhood in adolescent and the risk and the protective factors for violence in father-child interaction

 

 

Daniela Centenaro Levandowski*; Clarissa de Antoni; Sílvia Helena Koller; Cesar Augusto Piccinini

*Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Psicologia

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este artigo apresenta uma revisão sobre a paternidade na adolescência e suas implicações para a interação entre pai e filho(a), em particular para eventuais riscos de comportamentos violentos. São abordados alguns aspectos relacionados à interação do pai adolescente com o seu filho(a) e os fatores de risco e proteção para a ocorrência de violência nesse contexto. A literatura aponta que fatores individuais, relacionais e contextuais tanto do pai como da criança podem influenciar este fenômeno. Embora alguns autores apontem para os riscos de violência em situações envolvendo a paternidade adolescente, poucos são os estudos e as evidências que apóiam esta relação. A violência é um fenômeno multidimensional e, embora a paternidade de jovens possa contribuir para o seu surgimento, diversos fatores de proteção podem coexistir, impedindo o surgimento de violência nessas situações.

Palavras-chave: Adolescência, Paternidade, Violência, Interação pai-filho.


ABSTRACT

This article brings a theoretical review about the adolescent fatherhood and its implications for the father-child interaction, specially the eventual risks for violent behaviors. Some topics relative to adolescent father-child interaction and risk and protective factors for violence in this interaction are discussed. Individual, relational and contextual factors of the father and the child are mentioned in the literature like possible influences in these phenomena. Although some researches found risks of violence in situations involving adolescent fatherhood, there is few studies and evidences that support this fact. The violence is a multidimensional phenomenon, and although the adolescent fatherhood can contribute to his occurrence, many protective factors can coexist, impeding the occurrence of violence in these situations.

Keywords: Adolescence, Fatherhood, Violence, Interaction father-child.


 

 

O presente artigo se constitui em uma revisão da literatura enfocando a paternidade na adolescência e os fatores de risco e de proteção para o surgimento de comportamentos violentos na interação pai-filho(a). Serão abordados os aspectos relacionados à paternidade na adolescência, à interação do pai adolescente com o seu filho(a) e aos fatores de risco e de proteção à violência nessa interação.

A paternidade como objeto de estudo tem sido relegada a um segundo plano quando comparada ao interesse dos autores pelo da maternidade. Levandowski (2001a), em uma revisão da literatura entre 1990 e 1999, aponta que a incidência de estudos sobre a maternidade é aproximadamente três vezes maior que sobre a paternidade. Essa situação parece ser decorrente da importância secundária tradicionalmente dada ao pai no desenvolvimento da criança (Elster e Lamb, 1986), relacionada à divisão tradicional de papéis parentais e à questão de gênero. Por questões culturais, ainda persiste em muitas famílias ocidentais a idealização desses papéis. À mãe cabe o cuidado diário pelo bem-estar físico e emocional dos filhos e a administração de conflitos familiares; e ao pai, o sustento financeiro e a transmissão de valores morais, educativos e de autoridade. No entanto, a estrutura e o funcionamento das famílias estão em processo de mudança na sociedade atual, com tendência à maior simetria nas relações (Szymanski, 1997). Tais mudanças acarretam maior equilíbrio na distribuição de tarefas e no poder de decisão, levando a mulher para fora do ambiente doméstico na busca de recursos para o sustento da família e de sua realização profissional. Estas mudanças muitas vezes remetem os homens ao exercício de funções de cuidado com os filhos e com a casa, que antes eram do domínio da mulher. Outro fenômeno comum é a existência cada vez mais freqüente de famílias monoparentais (comumente mãe e seus filhos), causadas pela existência de mães solteiras, separação de casais ou ainda devido ao abandono paterno. Estas novas alterações na estrutura familiar muitas vezes implicam em uma sobreposição de papéis pela mulher, pois são raros os casos em que o pai os assume sozinho (Szymanski, 1997; Zamberlan, Camargo e Biasoli-Alves, 1997).

As mudanças nos tradicionais papéis socializadores da família têm gerado um aumento de estudos sobre a paternidade, em nível mundial (Robinson e Barret, 1982). Estas pesquisas têm apontado que a participação do pai tem conseqüências positivas para a família como um todo. Parke (1996) afirmou que a presença atuante do pai na divisão de tarefas domésticas e no cuidado direto aos filhos favoreceria o aumento do bem-estar da mãe, expresso em relatos de experiências mais positivas sobre sua maternidade. Alguns estudos demonstram ainda que a participação mais ativa do pai levaria a um melhor desenvolvimento social e intelectual da criança (Parke, 1996; Parke, Power e Fischer, 1980), a um melhor desempenho acadêmico (Cabrera, Tamis-LeMonda, Bradley, Hofferth e Lamb, 2000) e à redução de problemas e conflitos no ambiente escolar (Jorgensen, 1993).

Apesar dessa crescente preocupação dos autores com a paternidade, pouca atenção ainda tem sido dirigida ao estudo psicológico da paternidade na adolescência (Fonseca, 1997; Levandowski, 2001a; Levandowski e Piccinini, 2002b), apesar da alta incidência de gestações nessa fase de desenvolvimento (Dimenstein, 1999; Soares, 1999; Steinberg, 1993). A adolescência é definida na cultura ocidental como a fase de transição entre a infância e a idade adulta, caracterizando-se por mudanças no desenvolvimento cognitivo, social, biológico e psicológico dos envolvidos. O adolescente precisa definir sua identidade sexual, profissional e pessoal, ampliar seu mundo social para além da família, por meio das amizades, do trabalho e das relações afetivas, bem como pensar de forma abstrata e lidar com as transformações corporais (Steinberg, 1993). A iminência da parentalidade requer que o adolescente assuma um papel, para o qual ainda não está social e psicologicamente preparado, podendo colocar a ele e à criança em situação de risco pessoal.

A literatura sobre violência intrafamiliar aponta para o risco de violência em famílias cuja mãe é adolescente (Cichetti e Toth, 1995; Farinatti, Biazus e Leite, 1993). Todavia, não se encontrou estudos sobre o risco de violência na interação entre pai adolescente e seus filhos, seja por algum tipo de abuso (físico, emocional ou sexual) ou por negligência. Os estudos encontrados sobre o tema enfocam principalmente a questão do freqüente abandono entre pai adolescente e os possíveis danos para o desenvolvimento da criança (por exemplo: Amazarray, Machado, Oliveira e Gomes, 1998). No presente artigo serão abordados os fatores de risco e de proteção existentes na interação entre o pai adolescente e o seu filho(a), especialmente os fatores que potencializam ou amenizam a violência que poderá ocorrer nessa interação.

 

Paternidade na adolescência

A partir de uma extensa revisão da literatura, Levandowski (2001a) e Levandowski e Piccinini (2002b) revelaram que a paternidade é considerada na sociedade ocidental como um evento de vida adulto. Sua ocorrência na adolescência (entre 14 e 19 anos) acarretaria problemas adicionais aos envolvidos, na medida em que não haveria uma organização social – incluindo a escola e condições de trabalho – para preparar e apoiar os jovens nas modificações necessárias decorrentes da chegada de um bebê (Montmayor, 1986; Russel, 1980). A família tem sido identificada em nosso contexto como a maior fonte de apoio aos pais e mães adolescentes (Trindade e Bruns, 1999; Levandowski, 2001b; Piccinini, Rapoport, Levandowski e Voigt, 2002), mas nem sempre os recursos propiciados por ela minimizam os problemas decorrentes da falta de outros agentes de apoio social e afetivo.

O pai adolescente passa a desempenhar simultaneamente dois papéis sociais aparentemente contraditórios: ser adolescente e ser pai (Elster e Hendricks, 1986; Nunes, 1998; Young, 1988). Ser adolescente implica um processo de busca da consolidação de um senso de identidade próprio (Erikson, 1976; Montmayor, 1986), a partir da experimentação de papéis sociais e sexuais, da ampliação do mundo social e da busca de independência dos pais (Hill, 1980; Outeiral, 1994). A identidade do adolescente consolida-se a partir da vivência de oportunidades para a tomada de decisões, nas quais exercita a autonomia e experimenta o aumento gradual da responsabilidade sobre os seus atos. Estas habilidades, entre outros fatores, promovem o desenvolvimento cognitivo, emocional e social, preparando o adolescente para assumir as tarefas da vida adulta. Por outro lado, ser pai implica assumir responsabilidades sobre escolhas de vida afetivas e laborais, restrição da liberdade, reclusão ou maior fechamento no grupo familiar (Hendricks, 1988; Nunes, 1998) e manutenção do vínculo de dependência com os pais (Teti e Lamb, 1986).

Ser adolescente e ser pai, portanto, dificilmente serão condições complementares ou confortavelmente concatenadas. Esta premissa indica que os adolescentes experimentariam mais eventos estressores do que os adultos ao se depararem com a paternidade (Belsky e Miller, 1986; Elster e Panzarine, 1983). As possíveis causas dessa situação estressora estariam relacionadas à imaturidade psicológica (Belsky e Miller, 1986; Westney, Cole e Munford, 1986) e à falta de condições estruturais (exemplos: condições de sobrevivência e manutenção próprias e da família: emprego, escolarização, casa própria etc) para lidar com a nova situação. Diante de uma gravidez, em pouco tempo e de modo súbito, os adolescentes precisam assumir responsabilidades e desempenhar papéis que estariam fora de seus planos de vida imediatos (Dallas e Chen, 1998; Trindade e Bruns, 1999).

Qualquer evento percebido como estressor, inclusive a paternidade na adolescência, pode predispor a resultados negativos ou indesejados (Cowan, Cowan e Schulz, 1996). No entanto, a trajetória do risco pode ser amenizada pelos mecanismos de proteção disponíveis e da resiliência de cada membro da interação frente a condições adversas. Características individuais (Rutter, 1990), sistema familiar (Walsh, 1996) e rede de apoio social e afetivo (Masten e Garmezy, 1985) têm sido apontados como os indicadores de proteção mais eficazes para a promoção de resiliência ou como os fatores de risco mais críticos para a instalação de condições de vulnerabilidade. Pais adolescentes, mesmo diante da nova situação a ser enfrentada, que é percebida como de risco, podem fazer planejamentos, emitir ações com objetivos definidos e tecer estratégias de como alcançá-los. No entanto, a continuidade e a estabilidade dos mecanismos de proteção garantem o sucesso e a saúde na execução deste planejamento, uma vez que tanto a resiliência quanto a vulnerabilidade não são fenômenos permanentes no tempo e em todas as dimensões do desenvolvimento psicológico.

Alguns estudos têm salientado que mais pais adolescentes demons-tram o desejo de auxiliar financeiramente e participar do cuidado da criança (Allen e Doherty, 1996; Robinson, 1988). Além disso, na interação com o bebê, podem ser tão responsivos quanto os pais adultos, pelo menos nos primeiros meses de vida do bebê (Levandowski, 2001a; Levandowski e Piccinini, 2002a), sentindo-se seguros e confiantes sobre seu desempenho em seu papel parental (Dellman-Jenkins, Sattler e Richardson, 1993). No entanto, cada adolescente lida com a situação da paternidade de forma única, dependendo de seus recursos pessoais, da rede de apoio social e afetiva, da relação com a mãe do bebê, entre outros aspectos (Allen e Doherty, 1996; Coley e Chase-Lansdale, 1998). Quando estes fatores agem de forma protetora, o adolescente poderá apresentar resiliência e ficar fortalecido e competente para assumir seu papel de pai. Assim, a proteção da família de origem e de uma rede social que ampare a ele, à criança e à mãe pode facilitar no enfrentamento da nova condição. Outro fator de proteção importante na paternidade na adolescência pode ser a interação de boa qualidade entre o pai e o filho. De acordo com Lamb e Elster (1986), a qualidade da interação está relacionada às características pessoais do genitor, mas também é fortemente influenciada por características da criança e do ambiente. Especificamente, esta habilidade poderia ser influenciada pelo desenvolvimento cognitivo do adolescente, por suas atitudes em relação ao cuidado de crianças, pela quantidade de seus conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil, pelas características de seu bebê, pelos eventos estressantes vivenciados e sua capacidade de lidar com eles e pela presença ou não de uma rede de apoio social.

Todavia, quando estes aspectos são ineficientes ou ausentes, a ação dos fatores de risco torna-se mais evidente. Alguns são mencionados na literatura como associados à paternidade precoce. Pais adolescentes têm sido descritos como estudantes que apresentavam desempenho escolar pobre, reprovações e interrupção dos estudos (Dearden, Hale e Alvarez, 1992; Fagot, Pears, Capaldi, Crosby e Leve, 1998), comportamentos delinqüentes (Stouthamer-Loeber e Wei, 1998) e alta incidência de uso de álcool e drogas (Fagot et al., 1998). A presença de pensamento mágico e onipotente (Kiselica e Pfaller, 1993), que se refletiria, entre outras manifestações, no uso inadequado ou na ausência de métodos anticoncepcionais (Cerveny, 1996; Landy, Schubert, Cleland, Clark e Montgomery, 1983) e o fato de ter sido criado em famílias monoparentais, ou naquelas em que o pai era afetivamente ausente (Allen e Doherty, 1996; Trindade e Bruns, 1999), são outros aspectos apontados como precursores da paternidade na adolescência. Evidentemente, todos estes fatores não podem ser dissociados do fato de ser a adolescência um período de maturação biológica e social, que conduz a um maior interesse pelas questões relacionadas à sexualidade e à preparação para o início da atividade sexual (Montmayor, 1986; Steinberg, 1993).

Fatores apontados como precursores da paternidade precoce tendem a aparecer também como conseqüência deste fato. A paternidade na adolescência aumenta a ocorrência de abandono da escola (Marsiglio, 1986), de empregos mal remunerados ou desemprego (Nock, 1998), de problemas familiares, principalmente com a família de origem da mãe do bebê (Cervera, 1994; Furstenberg, 1980) e de conflitos no relacionamento do casal, podendo levar a altas taxas de separação (Coley e Chase-Lansdale, 1998; Steinberg, 1993). A paternidade precoce impediria, ainda, a resolução das tarefas de desenvolvimento esperadas para a adolescência (Lewis e Volkmar, 1993), podendo gerar estresse (Elster e Panzarine, 1983), ansiedade (Buchanan e Robbins, 1990) e comportamentos delinqüentes (Stouthamer-Loeber e Wei, 1998).

Em relação ao desenvolvimento cognitivo, segundo Piaget e Inhelder (1970/1976), a capacidade para pensar de forma lógica e abstrata aparece na adolescência, caracterizando-se, entre outras aquisições, pela resolução de problemas sociais complexos. Assumir um papel parental, antes de alcançar este nível de pensamento, pode ter conseqüências negativas para os pais e mães adolescentes (McKinney, Fitzgerald e Strommen, 1977). Isto porque a imaturidade cognitiva do jovem, aliada ao processo de busca de consolidação da sua identidade e às importantes tarefas psicossociais próprias do período adolescente, contribuiria para a manutenção do “egocentrismo” no adolescente, o que poderia dificultar uma avaliação realista das necessidades do bebê como mais urgentes do que as suas próprias. Neste contexto, a qualidade da interação pode ser ameaçada, pois o adolescente desvia a atenção do bebê, preocupando-se primordialmente consigo mesmo (Elster e Lamb, 1986; McArney, Lawrence, Aten e Iker, 1984). Contudo, o estudo de Levandowski e Piccinini (2002a) contradiz estas sugestões da literatura, ao não mostrar diferenças significativas na interação de pais adolescentes e adultos com seus bebês, pelo menos no terceiro mês de vida da criança, quando os pais dos dois grupos se mostraram envolvidos de modo semelhante na interação com o filho.

As atitudes em relação aos cuidados do bebê podem também ser negativamente influenciadas pelo desconhecimento dos estágios de desenvolvimento infantil (Lamb e Elster, 1986). Este fato geraria no adolescente expectativas errôneas em relação às capacidades do bebê e, por sua vez, atitudes paternas não apropriadas devido à falta de conhecimento. Por um lado, o adolescente pode subestimar as capacidades da criança, avaliando-a como deficiente e incapaz e, por outro, pode superestimá-las, exigindo da criança mais do que pode realizar (Harris, 1998; Lamb e Elster, 1986). Estes conhecimentos limitados sobre o desenvolvimento infantil podem ser devido a uma menor quantidade de contato e experiências com crianças, como também por ter menos tempo de escolarização (Dennison e Coleman, 1998; Young, 1988). Para Lamb e Elster (1986), o escasso conhecimento afetaria não só as atitudes em relação à criança, como também a satisfação dos adolescentes com o papel parental. No entanto, segundo Parke, Power e Fisher (1980), o desconhecimento, muitas vezes, se limita apenas a algumas áreas (exemplo: o desenvolvimento motor, mas não o afetivo), não comprometendo integralmente a relação parental.

Obviamente, as características psicológicas e comportamentais do bebê também influenciam na qualidade da interação pai adolescentebebê (Lamb e Elster, 1986). Por exemplo, alguns bebês são claramente mais sociáveis que outros, empregando formas mais eficazes de estabelecer contato com os pais. Quando as interações são mutuamente satisfatórias, é mais provável que os pais desenvolvam um sentimento de autoconfiança e efetividade, retroalimentando a interação. A partir de uma revisão de literatura, Bosa e Piccinini (1994) indicaram que o temperamento infantil não parece predizer o padrão de apego mãecriança (seguro ou inseguro), mas afetaria a maneira pela qual estes padrões são expressos nos comportamentos de apego. Embora não haja consistência entre os achados das pesquisas revisadas sobre a influência do temperamento para a responsividade materna, os autores indicaram uma tendência de que, quanto mais o temperamento da criança for percebido como difícil, menos responsiva será a mãe. Isto pode ser particularmente importante no caso de adolescentes que tendem a perceber seu bebê como sendo de temperamento difícil (Jorgensen, 1993).

A diferença entre o bebê idealizado e o bebê real pode se tornar fator de risco para a violência, levando eventualmente a práticas disciplinares punitivas por parte de pais e mães (Bolton e Belsky, 1986; Marques, 1999; Reis e Herz, 1987). Para Brazelton e Cramer (1992), as experiências passadas dos pais com seus próprios pais e suas fantasias sobre o bebê influenciam na interação com o bebê, podendo até modificar a percepção dos pais acerca das características do seu filho. Por exemplo, um bebê pode ser visto como um representante de um parente falecido ou como um substituto de um dos avós ou mesmo dos pais. Isto contribuiria para a construção da interação pai-bebê. Neste contexto, o sexo do bebê é um dos aspectos mais freqüentemente idealizado. Alguns estudos sugerem que pais adolescentes, devido à etapa de desenvolvimento da identidade sexual em que se encontram, preferem que o seu bebê seja do sexo masculino (Teti e Lamb, 1986). A interação com um bebê do mesmo sexo que o seu reforçaria as tarefas relacionadas ao processo de consolidação da identidade masculina. Para Teti e Lamb, criar uma menina exigiria comportamentos femininos (ex.: brincar de bonecas), que poderiam, por isso, ser mais evitados pelos adolescentes. Além disto, em várias culturas existe preferência de pais e mães por bebês do sexo masculino. Esta maior valorização da masculinidade pode levar a uma maior responsividade dos pais aos meninos (Parke, 1996).

A qualidade da interação também seria influenciada pela presença de eventos estressantes que podem diminuir a sensibilidade do genitor ao bebê (Christmon, 1990; Lamb e Elster, 1986). Como mencionado anteriormente, o fato dos adolescentes enfrentarem uma paternidade fora do tempo previsto socialmente, pode levá-los a dificuldades adicionais causadas pelo seu isolamento, por preconceitos dos outros em relação a eles e por seus problemas educacionais, profissionais e econômicos, entre outros; ou por dispor, talvez, de menos recursos pessoais para lidar com os eventos estressantes próprios de qualquer gestação (Russell, 1980).

Outro fator muito influente no comportamento parental do adolescente seria o apoio social (Lamb e Elster, 1986), que pode se dar na forma de auxílio operacional, oferecimento de modelos, reforçamento e estimulação social, assistência financeira e apoio emocional. Uma rede de apoio social eficaz diminuiria a intensidade dos fatores de risco diante dos eventos estressantes ou de algum fator estressor experimentado pelos pais adolescentes, proporcionando proteção (Brito e Koller, 1999). Isto também facilitaria o acesso à informação confiável e à busca de conhecimento sobre o desenvolvimento infantil. O adolescente perceber-se-á como mais efetivo em seu papel parental e melhorará sua auto-estima ao entender melhor o bebê e apresentar maior eficácia no cumprimento de tarefas cotidianas de cuidado da criança. A disponibilidade e o fornecimento de uma ajuda prática por parte da rede de apoio social permitiria também aos pais e à criança mais tempo de convívio e lazer. No entanto, o apoio mais importante é certamente o emocional, propiciado principalmente pela família de origem, e que está subjacente a todas as demais manifestações (Jorgensen, 1993).

Assim, os eventos estressantes típicos da transição para a paternidade adolescente poderiam ser aumentados pela necessidade desses pais de atender às demandas próprias da sua adolescência. Em função disso, os pais adolescentes estariam em uma situação de maior vulnerabilidade para a violência na interação pai-filho, como será discutido a seguir.

 

Paternidade adolescente e a violência na interação pai-filho

A paternidade na adolescência pode ter conseqüências não só para o genitor, mas também para a criança, principalmente quando há violência nessa relação. Independente da faixa etária dos genitores, violência no contexto familiar pode ser entendida como “ações e/ou omissões que podem cessar, impedir, deter ou retardar o desenvolvimento pleno dos seres humanos” (Koller, 1999, p. 33). O tipo mais comum é o abandono, em que há ausência de convívio entre pai e filho. Alguns pais, tanto adolescentes como adultos, já na gestação da parceira, não conseguem ou não desejam assumir a responsabilidade por um filho e abandonam a mulher e a criança (Amazarray, Machado, Oliveira e Gomes, 1998; Parke, 1996). Outras formas de violência que podem ser encontradas no contexto familiar são: o abuso sexual, físico e psicológico, e a negligência (De Antoni e Koller, 2001; Fagot et al., 1998).

Os pais e mães adolescentes estariam em uma situação de desvantagem em relação aos pais e mães adultos, considerados como “padrões ideais” de desempenho de papéis parentais (Bolton e Belsky, 1986). A fase da adolescência gera uma idéia de “falta/falha” em relação à parentalidade adulta. Assim, também a criança gerada por pais adolescentes estaria em uma situação de desvantagem se comparada àquela de um casal adulto. Embora possa se pensar que a situação de desvantagem do adolescente para a paternidade possa levar a uma maior ocorrência de violência na díade pai-filho, se comparada aos pais adultos, não é este o panorama apresentado pelos dados oficiais brasileiros. Conforme os dados do AMENCAR (1999), a idade média do agressor é de 34 anos, com desvio padrão de 11,8 anos, e das crianças agredidas é de 9,5 anos para os meninos e 11 anos para as meninas. Esses dados indicam que não há risco específico de perpetração de violência à criança entre pais adolescentes. No entanto, os fatores de risco que predispõem à violência no contexto familiar de pais e mães adultos podem ser semelhantes aos encontrados no contexto dos adolescentes. Por isso, cabe mencionar estes fatores de risco, para que sejam também considerados nas análises envolvendo a paternidade adolescente.

A etiologia da violência dirigida pelos pais à criança pode ser compreendida como multifatorial. De modo geral, o modelo explicativo mais utilizado nesta forma de violência integra fatores psicológicos, sociais, relacionais e contextuais, relacionados aos próprios pais, às crianças, à dinâmica familiar, à comunidade e à sociedade nas quais estão cultural-mente inseridos (Belsky, 1993; Bolton e Belsky, 1986; Kashani e Allan, 1998). Em uma análise ecológica dos vários níveis de contexto, devese considerar os fatores de risco e de proteção na avaliação da interação pai-criança. Neste sentido, serão abordadas a seguir as características do genitor, da criança e do contexto familiar e social que podem contribuir para a violência intrafamiliar.

Em relação ao genitor, pode-se destacar as suas características psicológicas e fatores biológicos, além da sua história pessoal. As características psicológicas mencionadas como as mais comuns são a agressividade, a impulsividade e a rejeição às normas sociais, caracterizando, muitas vezes, um quadro psicopatológico. O uso de drogas e álcool e o descontrole emocional também são aspectos vistos como variáveis individuais que potencializam o risco para a violência à criança (De Antoni e Koller, 2000a; Farinatti, Biazus e Leite, 1993; Kashani e Allan, 1998). Homens adultos violentos demonstram hostilidade verbal, irritabilidade, ressentimento, raiva e mudança de humor constante (Kashani e Allan, 1998). Outras características psicológicas seriam, segundo Koller (1999), baixa auto-estima e autoeficácia; e habilidades pessoais pobres, tais como: ausência de empatia, autoritarismo e temperamento difícil. Em relação ao pai adolescente, as questões de dependência com os próprios pais e imaturidade para assumir este novo papel são fatores adicionais que também podem contribuir para as eventuais situações de violência intrafamiliar (Bolton e Belsky, 1986).

Os fatores biológicos associados à violência de genitores a seus filhos podem estar relacionados a determinantes genéticos, a alterações nos níveis de atuação de alguns neurotransmissores (especificamente baixos níveis de serotonina e altos níveis de dopamina), à presença de epilepsia e de disfunção no sistema nervoso central (principalmente da área pré-frontal) ou no sistema endócrino, entre outros (Kashani e Allan, 1998). Já na história de vida de genitores violentos, pode ser encontrado o uso de práticas disciplinares severas entre as gerações (transmissão intergeracional da violência). Neste aprendizado, pode ter prevalecido a crença na permissão de atos de violência contra a criança e em sua justificativa como uma prática disciplinar, como o uso da punição física, com o objetivo de modificar o comportamento do filho (Belsky, 1993; Kashani e Allan, 1998). Os adolescentes em famílias violentas tendem a utilizar o mesmo método para enfrentar ou resolver conflitos utilizados por seus pais (Kashani e Allan, 1998). Segundo estes mesmos autores, constata-se entre genitores (adolescentes ou adultos) violentos uma dificuldade de resolver conflitos e lidar com crises. Muitas vezes, as frustrações acabam sendo dirigidas à criança, que passa a ser vista como a “culpada” por situações frustrantes e, assim, causadora do sofrimento. No caso específico de adolescentes, a falta de prontidão e a imaturidade psicológica, aliados à presença de eventos estressores, poderiam potencializar a frustração e a raiva. O resultado desta interação entre pai e filho poderá ser a violência à criança, pois é a única pessoa que pode ser dominada nesse momento de grandes conflitos e instabilidade (Bolton e Belsky, 1986).

Quanto às características do bebê, são citados como fatores de risco para a violência: a prematuridade, o baixo peso ao nascer, as complicações na gravidez, a deficiência mental, as disfunções neurológicas, que podem levar à letargia, hipersensibilidade ou à falta de responsividade, e o nascimento em famílias numerosas, especialmente nas de nível sócio-econômico baixo (Bolton e Belsky, 1986). Segundo estes autores, bebês que apresentam estas condições tendem a responder pouco aos pais, o que pode criar dificuldades para a interação. Além disso, bebês com temperamento difícil podem dificultar/afetar o funcionamento parental. Para Bolton e Belsky (1986), a presença destas condições do bebê também pode afetar a confiança parental, no momento em que as tarefas de cuidado são mais difíceis de serem realizadas e os eventos estressores tornam-se constantes. É claro que o temperamento do bebê também é, pelo menos em parte, uma função de como os pais o percebem (isto é, como sendo difícil ou não). De qualquer modo, o temperamento infantil pode potencializar situações difíceis para a interação pai-bebê, especialmente no caso de pais adolescentes que, como já foi assinalado acima, tenderiam a classificar mais freqüentemente o temperamento de seus filhos como sendo difícil (Jorgensen, 1993). Isto ocorreria pelo seu desconhecimento do desenvolvimento infantil, que o levaria a criar expectativas irreais sobre como a criança é (Reis e Herz, 1987; Robinson, 1988).

Os aspectos contextuais e relacionais estariam, em um nível ecológico mais amplo, associados à família e à comunidade. Entre estes, a família é identificada como o fator de proteção mais efetivo. No entanto, no microssistema familiar podem existir indicadores de risco para a violência, que estariam relacionados a fatores internos e externos a este contexto. Entre os fatores internos pode-se destacar as inter-relações estabelecidas, nas quais há hostilidade, falta de diálogo, segredos, desconfiança e a forma como são compreendidos e desempenhados os papéis familiares (De Antoni e Koller, 2000b). Também pode ocorrer a falta de contato do pai com a criança, impedido pela mãe ou pela família dela (Cervera, 1994; Furstenberg, 1980). Além disso, para Cicchetti e Toth (1995), a violência estaria relacionada à qualidade da relação de apego e à representação interna dos modelos das figuras de apego, do eu e do eu em relação aos outros. Os fatores externos à família, que são vistos como indicadores de risco para a violência, são as práticas sociais, econômicas, de trabalho (desemprego ou subemprego), de saúde e de segurança vigentes nos vários contextos nos quais a família de pais adolescentes ou adultos se insere. No caso do pai adolescente, há um descaso no atendimento dos serviços de saúde e social. Estes sistemas constantemente influenciam e reforçam os fatores de risco internos existentes no contexto familiar (Belsky, 1993; Bolton e Belsky, 1986; Cicchetti e Toth, 1995).

A relação dinâmica que se estabelece entre os fatores internos e externos familiares pode desencadear comportamentos intrafamiliares adaptativos ou comprometer a saúde física e/ou emocional dos membros da família ou da família como um todo (Walsh, 1996). O termo “adaptativo”, neste contexto, refere-se à capacidade de mudança em prol do desenvolvimento saudável da pessoa e do sistema no qual ela está inserida. A paternidade adolescente pode desencadear diversas reações na família, ocasionadas pela mudança que ocorre nessas relações e pela transição abrupta de papéis dos pais e dos filhos – o filho adolescente passa a ser pai e os pais do adolescente passam a ser avós (Furstenberg, 1980). Por ser adolescente e pai, ele tem necessidade de ser independente e autônomo; no entanto, na situação de paternidade, vê-se mais dependente emocional e financeiramente dos seus próprios pais (Young, 1988). Além disso, poderá haver despreparo dos recentes pais e dos avós para lidar com essa nova situação, o que poderá levar a conflitos (Furstenberg, 1980). Por outro lado, os pais do adolescente poderão auxiliá-lo a enfrentar e a assumir suas responsabilidades, estimulando-o na continuidade dos estudos e na aquisição de um trabalho, conforme suas aptidões (Trindade e Bruns, 1999).

Cabe ressaltar que, dentre os poucos estudos encontrados sobre a violência na interação entre pai adolescente e o seu filho, não se verifica uma consistência entre os achados. A revisão da literatura realizada por Stevens-Simon e Nelligan (1998) indicou que há maior probabilidade de ocorrência de violência entre filhos de pais e mães adolescentes. No estudo de Fagot e colaboradores (1998), os filhos de adolescentes que eram na maioria prematuros, haviam sofrido graves danos corporais. Já os achados de Reis e Herz (1987) apoiaram parcialmente a hipótese de que, quanto mais novos os genitores, menos competentes seriam como pais, apresentando práticas punitivas e avaliação distorcida das necessidades e/ou problemas da criança. No entanto, o estudo de Harris (1998) não corrobora a hipótese de que, quanto mais novo o pai, mais freqüentemente ele usaria práticas disciplinares punitivas na interação com a criança. Estes achados estão em concordância com a análise feita por Massat (1995) de registros oficiais de violência entre pais e filhos nos Estados Unidos, que revelou que os pais adolescentes não formam uma amostra representativa. Entre os inúmeros fatores de proteção que podem contribuir para evitar a violência, um deles parece ser a qualidade da relação afetiva entre o pai e a mãe adolescente. No estudo de Cutrona, Hessling, Bacon e Russell (1998), poucos foram os registros de acidentes, injúrias ou pedidos de investigação de abuso infantil ou negligência nos casais adolescentes que mantiveram uma relação afetiva.

Embora vários autores sugiram que existiria uma relação entre a paternidade adolescente e a existência de fatores de risco para a violência, as evidências empíricas são muito contraditórias. Estas inconsistências podem ser parcialmente explicadas pelo fato de que o adolescente poderá dispor de mecanismos de proteção que amenizarão a intensidade e severidade do risco, como a sua capacidade de resiliência frente a eventos estressores, as estratégias de coping utilizadas para lidar com estas situações estressantes e a presença de uma rede de apoio social e afetivo, que inclui uma família coesa e participante. Desse modo, poderá estabelecer uma interação adequada com seu bebê, na qual inexistam comportamentos violentos.

 

Considerações finais

A partir desta revisão, contatou-se a escassez de estudos sobre o tema da paternidade adolescente e o risco para a ocorrência de violência na interação com o bebê. Os estudos encontrados foram em geral realizados nos Estados Unidos e não foram localizados estudos ou textos brasileiros específicos sobre esta temática. Dessa forma, percebe-se que os pais adolescentes não têm recebido a devida atenção dentro do meio acadêmico nacional, com raras exceções (i.e. Fonseca, 1997; Levandowski, 2001a; Trindade e Bruns, 1999).

Em função do número reduzido de estudos, muitas vezes são estendidos a esta população conhecimentos obtidos com pais adultos. Deve-se ter cautela nesta prática, pois muitos fatores diferenciados e peculiares à faixa etária estão envolvidos, como os diferentes contextos que estas pessoas freqüentam e que formam a sua rede de apoio social e afetivo. Cabe, então, uma atitude crítica frente a afirmações, muitas veiculadas na literatura científica e no meio social, que não correspondem à realidade dos pais adolescentes e vêm carregadas de estereótipos e preconceitos.

Embora alguns autores apontem para os riscos de violência em situações envolvendo a paternidade adolescente, poucos são os estudos e as evidências que apóiam esta relação. De fato, a violência é um fenômeno multidimensional e, embora a paternidade de jovens possa contribuir para o seu surgimento, diversos fatores de proteção podem coexistir, dificultando e impedindo o surgimento de violência nestas situações.

De qualquer modo, deve-se incentivar a realização de novos estudos que examinem cuidadosamente a existência de fatores de risco para a violência contra a criança. Cabe também pensar em propostas preventivas que valorizem e incrementem os fatores de proteção que, com certeza, poderão amenizar os eventuais sofrimentos de todos os envolvidos com a situação da parentalidade na adolescência.

 

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Endereço para correspondência
Daniela Centenaro Levandowski
Rua Ramiro Barcelos, 2600/104 – 90035.003 – Porto Alegre/RS.
Tel.: (51) 33165150,
Fax.: (51) 33309507
E-mail: d.cl@terra.com.br clarissada@ig.com.br

Recebido em 04/07/02
Aprovado em 27/09/02

 

 

Nota

1Este artigo se constitui em requisito parcial do Curso de Doutorado em Psicologia do Desenvolvimento da UFRGS.