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Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.5 no.3 Ribeirão Preto dez. 1997

 

PROCESSOS SOCIAIS E DESENVOLVIMENTO

 

Famílias brasileiras do século XX: os valores e as práticas de educação da criança

 

 

Zélia Maria Mendes Biasoli-Alves1

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP

 

 

A família, unidade dinâmica, inserida no contexto social mais amplo e em constante interação com ele, mantém gerações diferentes numa convivência diuturna onde se dão trocas afetivas intensas e onde se forja a identidade primeira (Biasoli-Alves, 1995).

As diferentes áreas do conhecimento mostram que são inúmeros os ângulos pelos quais se pode 'olhar' a família, trazendo cada um deles uma contribuição diversa para a sua compreensão. Pode-se pensá-la do ponto de vista psicológico, como se pode analisá-la sob o prisma social, cultural ou segundo a evolução histórica em determinadas sociedades e mesmo a partir das leis que regem a sua formação e dissolução.

Nas colocações de Gomes (1990) a família tem especificidades que a distinguem de qualquer outra instituição e nela se defrontam e se compõem as forças da subjetividade e do social. Portanto, ao assumir a socialização ela levará a criança, comosujeito de aprendizagem social, a interiorizar um mundo mediado, filtrado pela sua forma de se colocar frente a ele; assim, os padrões, valores e normas de conduta do grupo social em que ela está inserida serão transmitidos de modo singular à geração mais nova, que por sua vez irá assimilá-los segundo suas idiossincrasias.

Esta é também a posição de Berger e Luckman (1985) que dentro da tradição do pensamento sociológico afirmam que existe, em especial nos primeiros anos de vida da criança, "uma ampla e consistente introdução sua ... no mundo objetivo da sociedade ou de um setor dela"(p. 175) numa relação dialética em que a geração mais nova interioriza um mundo já posto, que lhe é apresentado com uma configuração definida, de cuja construção ela não participou (Biasoli-Alves, 1995).

Mas há que relativizar, em parte, esse tipo de postura que dá amplos, e quase exclusivos, poderes ao ambiente. Já na década de 1960 Bell (1964,1968) inicia uma reinterpretação dos resultados de pesquisas na área da interação mãe-criança, pondo em evidência o papel que o nenê desempenha como fator de alterações no ambiente familiar, gerando, então, um novo modelo considerado como bidirecional em que a socialização da geração mais nova processa-se porque ela e o social (imediato) atuam um sobre o outro, todo o tempo.

Depois viria a introdução ao social mais amplo, que segundo Scabini e Marta (1996) acontece num grupo especial, a família, onde existe uma organização complexa de relações de parentesco e uma história que vai gradativamente sendo composta, gerando padrões específicos de conduta. Ou, nos termos de Rican (1996), num grupo que se constitui como a Matriz Básica das relações, emoções e motivos humanos, em Nicho de Desenvolvimento (Zamberlan e Biasoli-Alves,1997) onde se concentram as condições materiais e de socialização da criança, onde são internalizadas as normas culturais e estabelecidos os nexos básicos para o desenvolvimento ulterior.

Tem-se a partir daí, então, que a família, ao assumir uma prole, dá origem ao processo através do qual o elemento mais novo do grupo irá se transformar num 'eu' distinto dos outros significativos de sua vida (Biasoli-Alves, 1995), ao mesmo tempo em que assimila e transforma os padrões, valores e normas do grupo social em que ela está inserida.

Se, de outro lado, coloca-se a ênfase no ponto de vista psicológico, terse-á a família definida pelas relações intergeneracionais e de intimidade (Petzold,1996). Estudá-la, pois, sob esse enfoque, significa vê-la como o espaço em que se constitui a personalidade e focalizar sobretudo a qualidade dos vínculos, as necessidades de pertença e de liberdade, a estrutura de equilíbrio que se estabelece ao longo do tempo entre os elementos que a compõem.

Dito de outra forma, o referencial psicológico traz a tentativa de analisar a socialização na infância através de um modelo de influências bilaterais, dialeticamente constituído, explicitado na colocação de Rheingold (1969) de que a criança é socializada ao mesmo tempo em que socializa o adulto. Significa também admitir que a visão de Homem inserido no mundo contemporâneo comporta a idéia de que ao longo de seu espaço de vida, ele está em evolução, e que para ela concorrem, na interdependência que as caracteriza, a propulsão para o desenvolvimento que ele traz consigo - mas que se forja dentro desse processo - e as condições do ambiente que lhe são oferecidas.

E isso não invalida o fato de as crianças de uma cultura serem socializadas para se tornarem adultos dentro daquela cultura e de que as idéias a respeito de desenvolvimento infantil emerjam em contextos histórico-culturais fazendo com que qualquer explicação teórica do desenvolvimento infantil seja um subproduto da história humana. Outrossim, reforça a conotação de que se de um lado o indivíduo das gerações mais novas é visto como cumprindo tarefas, de outro, ao agir, ele condiciona e reconstrói o que o rodeia, modifica o ambiente (interno X externo) através de suas reações, necessidades e particularidades do seu desenvolvimento - e é por influenciar quem o enfluencia que ele pode ser descrito como produtor do próprio desenvolvimento (Belsky e Tolan, 1981). Nessa perspectiva, Lerner e Bush-Rosnagel (1981) dizem "que as mudanças ao longo do desenvolvimento ocorrem como uma conseqüência de relações bidirecionais recíprocas entre um organismo ativo e um contexto ativo, e , na medida em que o contexto muda o indivíduo, este muda o contexto"(p.3). Do ponto de vista da família, isso significa que as gerações mais velha e mais nova vão estar em um processo constante de aprendizagem uma com a outra.

Entretanto, a literatura vem enfatizando, cada vez mais, grandes e profundas mudanças na vida familiar e nas práticas de cuidado e educação das crianças e jovens, conseqüência natural do conjunto de transformações por que passaram as sociedades nessas últimas décadas do século XX e que atingiram diretamente a maneira como se compõem e convivem as famílias contemporâneas.

É fato que as famílias ainda permanecem como a forma predominante da vida em grupo na maior parte das sociedades ocidentais (Gundelach, 1991), e que, nesse caso, cabe a elas serem o agente da socialização primária (Nicolacci-da-Costa, 1991), responsáveis pela determinação de como vão se dimensionar as práticas de educação da prole, os ambientes em que as crianças vão viver, as formas e limites para as relações e interações entre avós, filhos, netos e o social mais amplo.

Contudo, as grandes alterações de valores que vêm sendo observadas fizeram-se acompanhar de mudanças no comportamento, condicionadas pela influência de macrovariáveis. Impossível, então, considerar que a socialização das gerações mais novas tenha se mantido a mesma ao longo de todo o século XX, que os conceitos de ideal de criança, de adulto, que o valor e a função da Infância, que a crença na adequação e competência de certas práticas educativas para o controle do comportamento, tudo tenha permanecido igual, sem questionamentos.

Interessaria então conhecer como convivem as famílias, e em particular, interessaria estudar como essa convivência evolui ao longo do tempo. Porque, não só a família não é um organismo estático como é o 'espaço' em que pessoas de idades muito diversificadas, e que estão portanto em momentos diferentes de seu desenvolvimento, avançam juntas no tempo através de um ciclo vital periodizado por eventos críticos, definidores de etapas evolutivas e de tarefas de socialização: casamento, nascimento dos filhos, adolescência dos filhos, aposentadoria.

Por outro lado, pensar a família no Brasil contemporâneo e buscar contribuir para a sua compreensão implica primeiro dizer que não há A Família Brasiliera e sim Famílias Brasileiras com sistemas simbólicos e padrões comportamentais diversos.

Gundelach (1991) afirma que a família francesa moderna, contemporânea, tornou-se mais frágil e com um tamanho reduzido, se comparada à de 25 anos atrás. O número de pessoas por habitação diminuiu influenciado, em parte, pelo aumento dos divórcios; as famílias têm menos crianças e um fator relevante está no trabalho das mulheres fora do ambiente doméstico; existe uma elevação da importância de valores mais democráticos tendo havido uma transformação profunda dos valores sociais em que os libertários substituíram os autoritários, fazendo com que nas famílias, nas escolas e no trabalho as pessoas estejam menos dispostas a aceitar a autoridade.

E provável que estes mesmos tipos de transformação possam ser observados na realidade brasileira, que viu predominar, ainda durante boa parte do século XX, o chamado 'modelo moderno de família nuclear', partilhado pelas camadas médias da sociedade de consumo. A partir de 1950 as mudanças são mais intensas e aceleradas e a família brasileira parece vir assumindo novas formas de organização e de relações entre seus membros (Goldani,1993). Entretanto, ainda se carece de estudos que descrevam, em detalhes, como estas transformações foram acontecendo e seus reflexos nos modos de ser das relações entre as diferentes pessoas que convivem numa família, incluindo-se aí as alterações nos papéis masculino e feminino, de pais e filhos, avós, tios e primos.

 

OBJETIVOS

Essa apresentação foi preparada tendo, pois, como objetivos mostrar a evolução nas formas de criar e educar a criança, durante o século XX, no Brasil, tomando por base um conjunto de estudos que vêm sendo levados a efeito pelo Grupo de Pesquisa 'Família e Socialização' visando identificar continuidades e descontinuidades nessa evolução, e, através da descrição de como costumavam ser as relações dentro da família, em especial entre pais e filhos do início do século até o presente, desenhar a linha que seguiram as alterações e analisar o sentido que assumiram.

 

METODOLOGIA

Para fazer face a objetivos tão amplos, que exigem sejam os dados contextualizados, inclusive historicamente, optou-se pela seleção de estudos cuja metodologia está centralizada no Relato Oral, em especial num tipo especial de História de Vida, que Demartini (1992) chama de 'Inacabada', por admitir que esta seria a forma mais adequada de 'conhecer um cotidiano ao qual não se poderia ter acesso de outra maneira', obtendo-se dados significativos sobre a realidade pesquisada.

Num primeiro momento foram selecionados 3 estudos já realizados, vinculados ao Projeto Integrado "Família e Socialização - Processos, Modelos e Momentos no contato entre gerações" que pudessem trazer dados referentes aos objetivos, que exigiam a descrição da prática de cuidado e educação de crianças, ao longo do século XX, do cotidiano da infância e da maneira de adultos e crianças estabelecerem seus relacionamentos.

Num segundo momento as análises e discussões dos estudos escolhidos foram lidas detalhadamente e selecionados para serem relatados neste trabalho alguns aspectos que se mostrassem capazes de mostrar as continuidades e descontinuidades na evolução das práticas de cuidado e educação da criança na família, dando ênfase também nas maneira de ser dos relacionamentos entre as gerações, ao longo deste século.

A - O primeiro estudo escolhido, relatado na sua íntegra por Biasoli-Alves (1995), tinha por objetivo a descrição das práticas de cuidado e educação de crianças, na família; nele 110 mães de camada média, a maioria com grau de instrução universitátio, que tinham um filho na primeira infância no início da década de 1980, foram entrevistadas segundo o Roteiro Estruturado de Biasoli-Alves e Graminha (Biasoli-Alves, 1995); esse roteiro permitia indagar os diversos aspectos da rotina diária da família, as formas de a mãe vir lidando com seu filho(a), desde bebê até a idade de 8 anos, procurando investigar também seu sistema de crenças sobre desenvolvimento e práticas ideais de educação de criança. Este estudo permitiu descrever: a liberdade e as restrições dentro do processo de educação da criança (levando-se sempre em conta que se tratava de crianças de camada média da população, que viviam sua infância na primeira metade da década de 1980); os recursos utilizados pelas mães para corrigirem o comportamento inadequado; o papel atribuído à afetividade; a consistência na maneira de as mães lidarem com seu filho nas diferentes situações da rotina diária; os brinquedos, brincadeiras e atividades presentes no cotidiano dessas crianças; a caracterização pelas mães da educação levada a efeito e a considerada por elas como ideal.

B - O segundo estudo, relatado na íntegra por Dias da Silva (1986), trata da evolução nas formas de a família criar e educar suas crianças; os dados vêm de entrevistas, realizadas a partir de um roteiro semi-estruturado, com três grupos de mães que tinham os filhos pequenos em momentos diferentes do século XX: nas décadas de 30/40, de 50/60 e de 70/80; toda a amostra era pertencente à camada média da população de uma cidade de porte médio, do interior do Estado de São Paulo; este estudo visava identificar, no relato das mães sobre o seu cotidiano com as crianças, as alterações, ao longo do tempo, de diferentes dimensões da prática de educação, tais como autoridade, exigência, afetividade, comunicação, consistência bem como as fontes que as mães procuraram e seguiram para educar os filhos, com ênfase na orientação para a solução de problemas referentes ao cuidado e ao comportamento.

C - O terceiro estudo escolhido, relatado por Biasoli-Alves, Caldana, Vendramin e Candiani (1996) e por Biasoli-Alves e Vendramin (1997), busca analisar a visão do tempo da infância e da juventude, das formas de ser das relações entre as gerações, dos papéis atribuídos ao homem e à mulher, através de entrevistas que objetivavam compor a história de vida de pessoas nascidas no final do século XIX e início do século XX. A amostra de informantes, de ambos os sexos, tinha no momento das entrevistas de 77 a 99 anos sendo descrita como pertencente às camadas médias da população, economicamente independente, residindo com elementos de sua família e estando fisicamente bem. Este estudo vem permitindo não só descrever o cotidiano no início do século XX como também a maneira de os idosos atuais analisarem a maneira de ser da educação que receberam dentro da família, a que buscaram dar a seus filhos, comparada à que vêem acontecer com seus netos.

 

RESULTADOS

Face ao tipo de dado dos três estudos selecionados, inicialmente dividiuse o período analisado em dois: até 1930 e de 1930 ao final da década de 80. Em seguida identificaram-se aqueles aspectos considerados como salientes e capazes de fornecer uma descrição do cotidiano, tendo sempre como meta identificar as continuidades e descontinuidades na evolução das práticas de cuidado e educação da criança na família ao longo do século XX, tomando por base as relações entre as diferentes gerações que convivem numa mesma família.

Ainda tendo como suporte as análises e discussões dos estudos, foram selecionados para relato os temas mais enfatizados pelos entrevistados, tais como: a diferença nos valores de uma geração para a outra; a questão da liberdade que é dada à criança hoje; as regras que norteiam a sua educação.

O trabalho a seguir consistiu em estruturar a apresentação.

Dos resultados fazendo uso das falas dos informantes, priorizando um relato qualitativo, que, de imediato, pudesse transmitir as informações pretendidas.

I - O cotidiano no início do século

Alguns aspectos vinculados à infância nas primeiras décadas do século XX aparecem e se repetem a cada relato.

Sobressai inicialmente a descrição de famílias com uma constelação grande, em que o número de filhos é elevado, com pouca diferença de idade de um para o outro, o que se faz acompanhar de contato constante com as gerações mais velhas, que muitas vezes moram na mesma casa e têm para com os netos um carinho especial.

"A gente chegava lá e já tinha mingau ... ela fazia um mingau gostoso... e tinha guardado p'ra gente ".

"Meu companheiro foi meu avô... ele ficava a noite conversando, contando histórias do tempo dele de juventude..."

O cotidiano acontece num espaço amplo, dentro e fora de casa; ele é dominado pelas brincadeiras, por atividades que a criança organiza num tempo grande em que ela dispõe de liberdade para 'criar'.

"... brincava também na rua, né, assim, à noite, no tempo do calor, a vizinhança ia tudo por as cadeiras na porta... era tempo ainda de lampião de gás... brincava de roda, de maré, de esconde-esconde ...e assim era passada a vida, né..."

"Na época que eufui criança eu podia brincar muito ... na Praça XV eu corria, brincava muito com os meus companheiros e companheiras ali. Então era uma vida mais fácil, com bastante liberdade para a criança... não era assim uma vida tão organizada pelos adultos para a criança... "

Esse cotidiano é também marcado por certa distância entre o mundo - e conseqüentemente as preocupações e dissabores - dos adultos e o das crianças.

"... não tinha o que falar e a criança vivia mais no mundinho dela, justamente por causa dessa separação de que os pais eram lá em cima e a gente cá em baixo, a gente vivia no mundo das crianças, que era só nosso... não ficava sabendo se'tinha algum problema".

"Então não conversava na frente da gente ... minha mãe era de um ciúme que não deixava ouvir conversa ..."

E pelo respeito aos mais velhos.

"Lá, se um diretor entrasse na sala, todo mundo se levantava ...se respeitava..."

" Se ele perguntava, agente respondia ...mas, se ele não perguntasse ninguém falava nada porque ele achava que na hora da comida era hora de sossego".

"eu não sei... os tempos antigos eram diferentes, a gente não podia responder, a gente não podia se meter na conversa de adulto... Meu pai era bom, mas era ele lá no alto e a gente lá em baixo... tinha que respeitar... "

Por outro lado, os padrões de alimentação e vestimenta são bem mais restritos.

"E a gente tinha um vestidinho melhor, que era de por para ir à missa, no domingo; no mais era uma roupa bem simples, e na Escola usava um avental... "... "as famílias eram numerosas, a roupa que não servia mais, porque tinha ficado pequena, era logo ajeitada para o menor. "

"Era muito difícil você ter um brinquedo, era dificílimo... A vida quando eu era criança era uma vida difícil, os pais trabalhavam bastante, mas com muitos filhos era difícil. "

" ... a gente vivia de modo muito mais simples ".

Observam-se o cultivo de valores morais, a exigência de cumprimento das normas, uma educação voltada para o trabalho, fundamentada no 'bom exemplo' das gerações mais velhas.

"Meu pai só conversava conversa boa... conversava sobre política, sobre o que achava errado... sobre um livro que ele tinha lido... "

"...Minha mãe soube me criar muito bem ... eu era disciplinado, de uma família que respeitava a ordem e a lei... uma família privilegiada.... porque os filhos obedeciam a mãe, eram filhos exemplares, eram trabalhador, cumpridor do dever..."

Pode-se sumarizar dizendo que o contato entre as diferentes gerações de uma família acontece de forma natural - as próprias condições de moradia determinavam isso - e implica primeiro a responsabilidade dos mais velhos para com os mais novos sempre, não importando o tipo de parentesco ou mesmo a sua existência; segundo, por divisões de acordo com papéis de comando e submissão, em que o domínio do social mais amplo pertence ao sexo masculino e a casa é o 'reino', do feminino; terceiro, uma convivência e companheirismo entre os jovens, dos dois sexos, que acompanhados ou não de adultos participavam de festas e atividades fora do contexto familiar; quarto, pelo 'folguedo'entre as crianças das mais diversas idades (Biasoli-Alves, 1995).

II - Cotidiano e atividades com as crianças de 1930 a 1980

Quando se toma como referência os dados da pesquisa que investigou as práticas de educação de crianças com grupos de mães de idades diferentes - da década de 1930 ao final dos anos 1980 -algumas das mudanças já ficam bem claras.

Primeiramente, o espaço físico em que as crianças dos três grupos passaram a infância é, num primeiro momento, caracterizado como amplo e altera-se chegando a bem limitado - da liberdade de se deslocar de um canto a outro da cidade, para a restritividade da casa e ambientes pequenos a ela afins. Desaparece a rua como ponto de encontro e brincadeiras; a conotação dada ao ambiente doméstico sofre, ao mesmo tempo, alteração de significado, em relação especialmente ao seu uso pela criança.

"Antigamente, o jardim tinha uma freqüência maravilhosa. Hoje em dia está muito difícil criar as crianças... a casa hoje, inclusive, épara embelezar, e, a casa antes era para funcionar. As crianças ficavam à vontade. Nunca fui de ter casa bonita para os outros verem... "

Por outro lado, à medida que as brincadeiras ficam circunscritas à própria casa, elas passam de atividade em grupo para 'brincadeira solitária'; ainda que o relato das mães mais jovens mostre sua preocupação com o ensinar aos filhos o que curtiram durante sua infância, também entra em jogo o prover a criança com uma grande quantidade de objetos lúdicos, numa expectativa de que ela se entretenha sozinha, ou tenha no adulto o seu companheiro de jogos.

"eu ensinei amarelinha, roda, corda., brinquei muito de esconde-esconde com ele dentro de casa... "

"Olha, tudo que você pensar de brinquedo ele tem... e, no fundo, não brinca com nada ... pega e logo deixa de lado... "

Os relatos trazem uma descrição das famílias saindo 'em bloco' nas décadas de 1930/40 para atividades religiosas, sociais, de lazer e é comum que as mães ao se referirem à forma de as diferentes gerações estarem em contato, estabelecerem comparações com o que acontece atualmente.

"Hoje em dia os pais deixam os filhos em casa para poder aproveitar mais ... nós não, não se usava deixar"...

Há indícios, por outro lado, de que nas décadas seguintes inicia-se a divisão em programas de adultos e de crianças e, mesmo quando juntos, cada um já está mais preso a uma atividade individual - ouvir Rádio, ver TV - enquanto as crianças brincam. E os pais mais jovens estão dizendo

"ah, chega uma hora que eu quero ter o meu tempo, minha vida, para falar, conversar"...

Assim, as atividades conjuntas, em que os mais velhos buscavam passar a própria experiência e conhecimento, que se constituíram em um aspecto muito presente e muito forte para as famílias das décadas de 1930/40 - as mães se lembram que ensinaram brincadeiras, falar "na língua do P", recitar, cantar, contar estórias e até a fazer discursos para comemorar datas, aniversários "bem dentro do espírito da época"- vão gradativamente dando lugar a contatos mais de acordo com a divisão por idades, passando a predominar criança com criança, jovem com jovem, adulto com adulto, velho, se possível, com velho, numa assimilação do que chegou às famílias como valores da modernidade. E a TV, que aparece nas casas das famílias brasileiras de camada média a partir da década de 1950, ajuda a difundir tais idéias. Ela irá dominar o espaço e o tempo do contato familiar no período seguinte, e ainda que as críticas sempre tenham existido, o tempo que as crianças da década de 1980 consomem diante da TV parece independer do discurso dos pais.

III - O caminho traçado pelos valores de 1930 a 1980

Quando se analisa o relato dos diferentes grupos de mães, verifica-se que as diferenças vão se estabelecendo à medida que o tempo passa, e de tal modo que o que vale como certo nas décadas de 1930/40 em termos da liberdade que deve ser dada à criança, do papel da família, do ideal de filho, do que significa ser mãe não corresponde ao adequado para as mães das décadas de 1970/80. Alguns trechos das falas das informantes são extremamente expressivos dessas mudanças.

Mães das décadas de 1930/40

"A mãe tem que ser boa mãe, carinhosa, mas com autoridade para o filho não descambar"

"As grandes famílias eram melhores que as pequenas, porque um olhava pelo outro"

"Eu nunca pensei em um ideal de filho. Eu só pensava em alimentá-los bem, tratá-los com todo carinho, cuidar da saúde deles, da roupa, da escola"...

"Ser mãe é responsabilidade, não trabalho ".

Mães das décadas de 1950/60

"Eu não era de falar, mas é lógico que eles entendiam que se ficou de castigo é porque fez arte. "

"Eu não ia a festa, não ia passear, não ia a lugar nenhum que eu não pudesse levar as crianças. Eu me dediquei a eles ".

"O adulto é zelador da criança".

"As mães hoje ficam loucas para tirar a criança de perto delas e inventam aula de balé, judô, escolinha de pintura.."

Mães das décadas de 1970/80

"Rigidez só atrapalha...já percebi que não adianta, certas coisas se aprende sem exigir"...

"Mas, per aí! Não é mãe de tempo integral, porque ela se anida e depois cobra. Ela dá e cobra. Eu dou e não cobro"...

"A minha é a preocupação com o futuro, se vai ser feliz, realizado, se vai fazer o que quer"...

Sumarizando, pode-se dizer que as práticas de cuidado e educação de filhos nas décadas de 1930/40 têm uma direção moral e todos os elementos estão colocados para que a criança venha a se tornar um adulto bem educado, estando a ênfase portanto no controle do comportamento; já nas décadas intermediárias, o modelo educacional fala da necessidade de ternura e estimulação para um bom desenvolvimento e da necessidade do lúdico e do lazer para uma vida saudável em família. Nos anos 1970/80 o discurso das mães enfatiza o diálogo com a criança, a exigência de compreensão, de afeição, chegando-se ao extremo da preocupação com o seu bem-estar subjetivo.

IV-A liberdade de escolha dentro da rotina diária-décadas de 1980/90

a) A determinação do dia-a-dia

Nas décadas de 1980/90 um grande espaço é dado, dentro da rotina diária, à criança, quer para que ela tome decisões em conjunto com a mãe, quer sem interferência desta, resguardando-se aquelas áreas em que há maior imposição do adulto, pressionado pelas características da vida nos centros urbanos e por um ideário que focaliza a necessidade seja da higiene para manutenção da saúde, seja o comportamento adequado no trato social.

As mães têm por norma permitir que a criança tome iniciativas. Em contrapartida, procuram manter uma estruturação da vida diária em termos de horários e organização da casa, mas não de forma insensível às solicitações da criança.

Dir-se-ia que este é um padrão que evidencia a preocupação das mães com o desenvolvimento da autonomia e da independência do filho, pressupondo-se que elas o visualizam como capaz de tomar decisões, ainda que dentro de limites.

Quanto à forma de as mães lidarem com o comportamento inadequado da criança, o que é mais freqüente é que elas façam uso de explicações, racionalizando em termos de motivos e conseqüências, desenhando um padrão que promove um controle familiar orientado para a pessoa, em que os sentimentos, experiências, intenções e motivações da criança são levados em consideração e até enfatizados.

Já a análise da consistência no processo de educação das crianças traça um perfil que se distancia do preconizado pela educação que essas mães receberam, que era fundado em regras bem determinadas, seguidas "ao pé da letra ", sem muita permissão para que a criança tivesse "voz e vontade uma vez que o nível de inconsistência é relativamente alto, dependente do momento e da área de rotina diária.

b) Regras de Exigência e Permissão nas últimas décadas

Quando se colocam as mães de idades diversas diante de uma mesma lista de regras de exigência e regras de permissão, e se confrontam os resultados, verifica-se de imediato que o número de regras das mães que criaram os filhos nas últimas décadas é menor se comparado ao que exigiam as mães dos anos 30/40; por outro lado, cresceu o número de permissões à medida que o tempo foi passando.

Onde aconteceram essas mudanças? Por exemplo, na maneira de se dirigir aos adultos, nos chamados Tratamentos de Respeito, que hoje já não são mais usados, tudo está inteiramente padronizado no você, porque 'o Senhor está no céu '; nas práticas religiosas atualmente muito mais livres e descompromissadas; na exigência de privacidade para a realização de determinadas atividades ligadas ao Cuidado Pessoal, em especial daquelas que implicavam a visão do corpo da criança sem roupa.

Mas, as mudanças também estão do outro lado. A criança já não dispõe de tempo livre para ficar 'vagabundeando' por aí. Pelo contrário, ela estará sendo tão mais bem cuidada, pensa-se, quanto mais atividades fixas os adultos forem capazes de colocar no seu dia-a-dia, e por isso "Educar um filho hoje custa muito dinheiro Sua liberdade vem condicionada, então, à necessidade de desenvolvimento de sua autonomia, visando um adulto competitivo, independente, 'realizado profissionalmente'.

 

DISCUSSÃO

Esses dados descritivos das práticas de educação da criança, visualizados através das falas das mães, já oferecem, de pronto, um quadro de algumas das muitas mudanças que vieram ocorrendo ao longo do século XX, nas formas de lidar com as gerações mais novas. Entretanto, certas discussões ainda são necessárias.

Seria a partir das décadas de 1960/70 que entraria em jogo a necessidade de explicar o desenvolvimento através do processo de socialização (Biasoli-Alves, 1995) dando ênfase a uma interdependência dos fatores que o indivíduo traz com ele e dos ambientais, até porque antes admitia-se, muito mais facilmente, que o indivíduo fosse determinado pelas práticas de educação, numa interpretação próxima, em alguns momentos, da chamada 'tabula rasa', que assumia ser a criança inteiramente plasmável, em especial, pela família que cuidava dela quando ainda muito jovem 'o momento por excelência para ensinar, para moldar'.

Essa alteração, que se observa nas últimas décadas, vem no bojo de outra mais abrangente: até o momento em que predomina pensar o homem como determinado de fora para dentro, o ambiente é poderoso, capaz; quando se coloca o ideal no homem com sua individualidade, dono de si mesmo, fica incoerente enfatizar a formação como vinda de forças externas: parece muito mais adequado um ideário que afirma a subjetividade como construída e expressa-o homem lança no mundo as suas idéias, as suas idiossincrasias, e faz dele o palco onde atua. Assim, o 'entorno'é importante, sem dúvida, mas existe a capacidade de assimilar o ambiente transformando-o de acordo com as suas características pessoais. E, com esse substrato de um modelo bidirecional que se analisa cada vez mais a atuação da família e a participação de cada um no seu processo de desenvolvimento ao longo da vida. De acordo: Há que se analisar os dados tendo o contexto da época como referência.

Mas, a partir daí, algumas questões e/ou questionamentos surgem de pronto. Primeiramente, as pesquisas (inclusive as aqui discutidas) põem em evidência a preocupação das mães mais novas com o desenvolvimento do filho, ao mesmo tempo em que aparecem as incoerências de sua prática porque, num tipo de sociedade como a contemporânea, urbana e industrializada, essas incoerências ficam subjacentes à própria prática que as famílias adotam, visando socializar sua prole segundo os modelos propostos pelo grupo mais amplo: primeiro transforma-se o lúdico em tarefa e competição, estrutura-se o cotidiano da criança em função de atividades e obrigações, assume-se a determinação do uso de seu tempo, faz-se da sua vida uma vida semelhante, e muito, à do adulto. Devora-se, assim, a sua infância com a intenção de prepará-la para o futuro!

Num outro pólo, a liberdade é o tema que domina, e as retrições impostas ficam contidas, quiçá disfarçadas, e o discurso acaba se fazendo dentro do esperado para mães de camadas médias, de nível educacional alto: a preocupação com o desenvolvimento da autonomia e da independência da criança é real, bem como a presença de uma prática de educação que busca promovê-las. Mas, que liberdade é esta se por outro lado a criança tem que se adaptar a exigências, não ditas, tantas e tão diversificadas da vida em sociedade hoje?

Tentando discutir...

Sem dúvida, que as transformações, que os dados focalizados nesse relato evidenciam, podem ser vistas seja nos seus aspectos mais amplos, como o cotidiano das famílias, seu espaço de convivência e as relações entre gerações, até nos seus mais focais e particulares, ainda que se mantenha a crença de que à família cabe a tarefa da socialização e de que ela dimensiona as práticas de educação das gerações mais novas.

Será essa crença verdadeira? Até que ponto?

Primeiramente é necessário não esquecer que, cada vez as crianças das camadas médias (como as dos projetos aqui comentados) vão mais cedo para o ambiente coletivo, o que significa muitas vezes uma dupla socialização, um processo de interferência acentuada de valores e normas outros que não os da família.

Segundo, é ainda preciso que se saliente mais um fator a poder influir na educação da criança das últimas duas décadas, porque ela está, desde muito pequena, sujeita à estimulação dos meios de comunicação de massa, especialmente da Televisão, diante da qual passa boa parte do tempo em que está desperta.

A resposta adequada às questões acima, baseada em dados, está ainda em processo de elaboração, porque os estudos estão sendo feitos.

Por outro lado, quando se indaga sobre o que é melhor, se o hoje ou o ontem, a tendência dos mais velhos é a de fazer paralelos garantindo que o passado tinha valores mais sólidos, que a vida era difícil, porém mais saudável, mais vivida e portanto melhor.

Mas, os mais novos fazem críticas ao autoritarismo, à ausência de liberdade para escolher a profissão ou determinar o que fazer nos tempos livres, ou ainda à falta de meios e de oportunidades.

E então, como fica a resposta?

Talvez se possa buscar compreender essa discrepância de opiniões, analisando as colocações de Rutter (1975, 1996) quando, ao discutir os distúrbios de comportamento na adolescência e o quanto eles são perturbadores para os adultos, especialmente os mais velhos (quando, na verdade, o seu prognóstico não é de grandes desajustes futuros), ele salienta que cada geração tende a sentir que a próxima é pior, a expressar a preocupação com a "quebra" entre os valores que eles têm como pais e aqueles expressos por sua prole.

E esse é um fenômeno real, sem dúvida, ainda que seja fácil exagerar a sua extensão e a sua importância, porque muitas pessoas jovens continuam a partilhar uma boa relação com as gerações mais velhas, a despeito de um aumento de divergência de interesses e atividades. Mas, por outro lado, não deixa de ser também verdadeiro que as gerações jovens têm procurado sistematicamente se colocar contra os modelos com que se identificaram na primeira infância e pretendem, quase sempre, um projeto de vida que conscientemente se distancia do que foi levado a efeito pelos pais, tanto na sua vida afetiva, quanto profissional, quanto no seu papel de socializadores. Então, os conflitos são fundamentados na realidade.

Mas, será preciso esperar que o tempo decorra, que a nova geração entre na vida adulta, forme um novo núcleo familiar, e inicie a educação dos filhos para que as aproximações fiquem muito mais presentes e o relacionamento se faça, inclusive com a valorização da experiência dos mais velhos.

Analisando o problema por outro ângulo, a vida familiar é um processo complexo, que compreende três, e às vezes quatro gerações que avançam juntas no tempo, seguindo um ciclo vital periodizado por eventos críticos, que definem etapas evolutivas - casamento, nascimento de filhos, adolescência, aposentadoria (Scabini e Marta 1996), eventos que trazem incumbências de desenvolvimento próprias a cada fase. Portanto, a diversidade é a sua norma e seria ela a responsável pelo processo contínuo de aprendizagem dos elementos que compõem a família.

Se de um lado tem-se certa imposição de normas e valores, de outro, existe a sua reformulação ao serem assimiladas pelos mais novos, e com o passar do tempo, à medida que a história daquela família vai sendo construída, as diferentes gerações vão, mais ou menos conscientemente, construindo uma interpretação condividida de alguns aspectos cruciais da vida. Isso fará com que, gradativamente, haja êxito no solucionar a crise entre os pais e a prole, de tal modo que ela não signifique ruptura, mas a construção da lealdade intergeracional com a partilha de valores e sentimentos, mesmo quando a distância física é imensa e a convivência diuturna impossível. E, nesse momento tem-se a linha saudável do desenvolvimento.

 

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(1) Prof. Associado do Depto. de Psicologia e Educação. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP Avenida Bandeirantes, 3.900 CEP 14040-901 Ribeirão Preto - São Paulo Fone (016) 633 1010-ramal 3715 - Fax (016) 633 5015 - e-mail zmmalves@usp.br Residência : Fone (016) 623 2898 - e-mail zmbiasoli@highnet.com.br