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Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.5 no.3 Ribeirão Preto dez. 1997

 

PROCESSOS SOCIAIS E DESENVOLVIMENTO

 

Entrevista familiar estruturada - EFE: um método de avaliação das relações familiares1

 

 

Terezinha Féres-Carneiro

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

 

 

A PRIMEIRA VERSÃO DA EFE

Tendo em vista que a maioria das entrevistas estruturadas de avaliação familiar existentes requer um equipamento nem sempre encontrado nas clínicas brasileiras, como espelho unidirecional e/ou aparelho de video tape (Minuchin, 1974; Watzlawick, Beavin e Jackson 1967; Satir, 1967; Ford e Herrick, 1971); que a maior parte dessas entrevistas exige que os membros da família sejam alfabetizados, tenham razoável nível de abstração e/ou operem sozinhos o equipamento utilizado (Minuchin e col, 1964; Watzlawick, Beavin e Jackson 1967; Satir, 1967); que todas essas entrevistas foram construídas fora do Brasil e nenhum estudo sistemático sobre elas, com população brasileira, havia sido publicado, decidimos, a partir de nossa experiência no trabalho clínico de atendimento familiar, elaborar um novo método de avaliação das relações familiares - Entrevista Familiar Estruturada, EFE (Féres-Carneiro, 1975) - no Brasil, levando em conta as características da maior parte de nossa população e de nossos serviços de atendimento psicológico, utilizando portanto uma linguagem simples e exigindo da família respostas faladas e/ou não-verbais e necessitando, além do entrevistador, apenas de um observador e de um gravador.

A primeira proposta do método foi elaborada em 1975. Nela construímos inicialmente 14 tarefas, destinadas a provocar interações significativas em áreas importantes da dinâmica familiar. A aplicabilidade dessas tarefas foi verificada através do atendimento clínico a seis famílias que procuraram o Serviço de Psicologia Aplicada do Departamento de Psicologia da PUC/Rio, durante o ano de 1974. Em função da discussão dos resultados obtidos através da aplicação das 14 tarefas, foram selecionadas, para constituírem a primeira versão do método de avaliação das relações familiares proposto, as seis tarefas que mais provocaram as interações significativas desejadas.

Em um estudo realizado por Féres-Carneiro e Lemgruber (1979), a EFE (Féres-Carneiro, 1975) foi aplicada, simultaneamente ao Arte-Diagnóstico Familiar (Kwiatkowska,1967), a um grupo de vinte famílias que procuraram o Serviço de Psicologia Aplicada do Departamento de Psicologia da PUC/Rio, ao longo do ano de 1978. A proposta inicial desse estudo era a validação da EFE através da comparação dos resultados obtidos no mesmo grupo de famílias com os dois métodos de avaliação familiar. Questões metodológicas relacionadas sobretudo com os critérios de avaliação (as próprias pesquisadoras realizaram as entrevistas e avaliaram o material) e em mudanças no perfil sociocultural da população atendida no Serviço de Psicologia Aplicada da PUC/Rio, transformaram o objetivo inicial desse trabalho - validação da EFE - em um estudopiloto de uma pesquisa de validação a ser realizada posteriormente. Este estudo-piloto permitiu que importantes modificações fossem introduzidas na EFE (Féres-Carneiro, 1979).

 

A VERSÃO FINAL DA EFE

A EFE, cuja versão final apresentaremos a seguir, é utilizada com o objetivo de trazer à tona os dinamismos do funcionamento familiar, possibilitando a realização, em tempo mais curto, de uma avaliação das relações familiares. Ela é composta de seis tarefas, cinco verbais e uma não-verbal, das quais duas (tarefas 1 e 4) são propostas à família como grupo e as outras, a cada membro individualmente. Embora cada tarefa pretenda, de forma específica, explicitar determinadas dimensões da dinâmica conjugal e/ou da dinâmica grupai, todas as tarefas, de forma geral, pretendem avaliar padrões básicos de funcionamento da família. As dimensões individuais de tais padrões são consideradas sobretudo no contexto de suas repercussões na dinâmica das relações familiares.

A versão final da EFE, incluindo suas seis tarefas, seus objetivos e sua fundamentação teórica, é a seguinte:

Tarefa 1: "Vamos imaginar que vocês teriam de mudarse da casa onde moram no prazo máximo de um mês. Gostaria que vocês planejassem agora, em conjunto, como seria a mudança. "

O objetivo desta tarefa é verificar como a família funciona quando necessita fazer, em conjunto, algo que lhe é solicitado com certa pressão externa. A escolha do tema mudança e a estipulação do prazo de um mês visam conseguir maior envolvimento dos membros da família com a tarefa, tendo em vista que qualquer família poderia ver-se um dia, pelos mais diferentes motivos, diante dessa situação.

Mais importante que o conteúdo das respostas dadas ao estímulo apresentado é a forma como a família lida com a proposta que lhe é feita, ou seja, como a família atua como grupo. Podemos observar, a partir da dinâmica estabelecida, de que maneira se processa a comunicação na família, como cada membro assume seu papel familiar, como são as regras familiares sobre semelhanças e diferenças, como a família lida com o conflito quando este surge, se surgem e como surgem as lideranças e em que medida a integração grupai é capaz de levar o grupo familiar a ser produtivo e chegar a conclusões conjuntas, respeitando a individualização de cada membro.

Tarefa 2: "Quando você está fazendo uma coisa qualquer, mas fica difícil terminar essa tarefa sozinho, o que você faz? "

Essa tarefa pretende avaliar em que medida os membros da família são capazes de buscar ajuda sem desmerecer seus próprios recursos e, a partir daí, fornecer dados sobre a auto-estima de cada membro. Indivíduos autodesvalorizados podem ter dificuldade em pedir ajuda e, quando o fazem, podem não conseguir explicitar claramente seu pedido, que nem chega a ser entendido pelo outro. Pode ocorrer também que indivíduos muito autovalorizados não peçam ajuda por serem auto-suficientes. O importante, nessa tarefa, não é investigar apenas se os membros da família pedem ou não pedem ajuda, mas sobretudo verificar em que postura o fazem - quando, como e a quem dirigem seu pedido de ajuda - e, se não o fazem, por quê.

Além de especificamente obtermos dados sobre a auto-estima de cada membro da família, através dessa proposta poderemos observar também, de maneira geral, como são as regras familiares sobre auto-valorização, como os membros da família interagem para resolver os seus problemas, como são desempenhados os papéis familiares, sobretudo os papéis de pai e mãe.

Tarefa 3: "Diga de que coisas você mais gosta em você. "

Essa é uma das seis tarefas utilizadas por Ford e Herrick (1971) na "Entrevista de Avaliação Familiar Via Video Tape". Segundo esses autores, ela se constitui numa forma de descobrir que coisas boas se permite a alguém dizer a respeito de si mesmo e, inferencialmente, o que cada pessoa se permite dizer de acordo com seu superego; é também uma forma de descobrir o que é permitido pela família e pelas regras pessoais.

Ao propormos a mesma tarefa na EFE, pretendemos obter indicações sobre a auto-estima dos membros da família, na medida em que cada um conseguir, ou não, ver coisas boas em si mesmo, ou seja, gostar, ou não, de si mesmo. Estamos interessados não apenas na dimensão individual da auto-estima, mas, principalmente, em avaliar em que medida a dinâmica familiar - a partir, sobretudo, de como os pais se auto-valorizam - permite e facilita a formação e a explicitação de sentimentos de valor positivo nos membros da família.

Tarefa 4: "Como é um dia de feriado na família? "

Um dos objetivos específicos dessa tarefa é fazer uma avaliação da relação conjugal. Caso não surja espontaneamente, nas respostas da família, nada de específico sobre o casal, o entrevistador pergunta explicitamente sobre as atividades do mesmo. Pretende-se verificar com essa tarefa se os membros do casal interagem como marido e mulher, ou seja, se o subsistema conjugal está presente na família, se nesse subsistema os membros do casal se individualizam e se funcionam como modelo de uma relação homem-mulher gratificante.

Essa tarefa permite-nos também obter dados importantes sobre as regras familiares relacionados ao lazer e à tomada de decisões, sobre o manejo das semelhanças e diferenças, sobre a maneira como os membros da família se agrupam e se individualizam.

Tarefa 5: "Imagine que você está em sua casa, discutindo com uma pessoa qualquer de sua família, e alguém bate à porta. Quando você vai atender, a pessoa com quem você estava discutindo lhe dá um empurrão. O que você faz? "

Nessa situação, podemos observar se as regras familiares permitem a expressão de sentimentos agressivos e se a agressão pode ser livremente expressa em relação a qualquer membro da família. E importante verificar se há espaços na família para que seus membros possam vivenciar sentimentos de raiva, sem a ameaça da destruição, e possam usar sua agressividade de forma construtiva.

Além disso, essa tarefa possibilita uma avaliação de interação conjugal e da interação do grupo familiar, através do fornecimento de dados importantes relacionados ao manejo das discordâncias e dos conflitos, e às regras sobre autoridade e poder familiar.

Tarefa 6: "Cada um de vocês vai escolhei- uma ou varias pessoas da família, pode ser qualquer pessoa, e vai fazer alguma coisa para mostrar a essa pessoa que gosta dela, sem dizer nenhuma palavra. "

Essa tarefa, na medida em que impede que a palavra seja utilizada, pretende verificar principalmente se as regras familiares permitem o contato físico como manifestação da afeição. É importante observar se ocorrem, e como ocorrem, os contatos físicos entre os membros do casal, entre os pais e os filhos, e entre os irmãos.

Ao mesmo tempo em que essa tarefa possibilita uma avaliação sobre as trocas afetivas entre os membros da família, fornece também dados significativos sobre a comunicação não-verbal e sobre os processos de individualização e integração no grupo familiar.

 

APLICABILIDADE DA EFE COMO MÉTODO DE DIAGNÓSTICO PSICOLÓGICO

Considerando a importância das relações familiares na determinação da saúde emocional dos membros da família, é necessário que a psicologia clínica possa contar com métodos confiáveis de avaliação de tais relações. A Entrevista Familiar Estruturada, utilizada por nós em diferentes pesquisas (Féres-Carneiro, 1975; Féres-Carneiro e Lemgruber, 1979; Féres-Carneiro, 1979), mostrou-se um método adequado para a realização de diagnóstico familiar. Todavia, para que sua divulgação como tal fosse realizada, colocava-se o problema da necessidade de sua validação como instrumento psicológico de medida. Realizamos então um estudo experimental (Féres-Carneiro, 1983) com o objetivo de verificar sua aplicabilidade através do estudo de sua fidedignidade e de sua validade como método clínico capaz de avaliar as relações familiares, ou seja, de realizar um diagnóstico interacional da família, discriminando uma interação familiar considerada facilitadora do crescimento emocional sadio dos membros da família, de uma interação familiar considerada dificultadora de tal crescimento.

A investigação sobre a aplicabilidade da EFE foi realizada através de um refinamento metodológico que inclui: estabelecimento de normas de aplicação, elaboração de escalas de avaliação, verificação da fidedignidade através do estudo da consistência entre avaliadores e da consistência inter-itens das escalas de avaliação e verificação da validade através da comparação entre grupos contrastantes de família.

 

NORMAS DE APLICAÇÃO DA EFE

Normas Gerais de Aplicação

A EFE é aplicada em conjunto, numa única sessão, a todos os membros da família. Sua aplicação deve ser inserida no contexto da queixa trazida pela família ou por algum de seus membros. A EFE pode ser aplicada no primeiro contato com a família, depois de o terapeuta ouvir o motivo da procura do atendimento e introduzir a idéia da importância da avaliação familiar conjunta, a partir da queixa explicitada. Na maior parte das vezes, entretanto, ela é aplicada depois de um ou alguns contatos com um dos pais, com o casal e/ou com outro membro adulto da família, que procura o atendimento para si próprio ou para outro membro. Durante tais contatos, ao mesmo tempo em que ouve a queixa, o terapeuta explicita a necessidade da entrevista familiar para que o atendimento do caso possa prosseguir.

O tempo de duração da EFE não é limitado e varia, em geral, de 30 a 90 minutos. No atendimento, atuam um entrevistador, que coordena a sessão no que se refere à aplicação das tarefas, e um observador, que só intervém ativamente quando é diretamente abordado por algum membro da família. Utiliza-se um gravador para o registro do material verbal, o que permite ao observador anotar principalmente as comunicações não-verbais ocorridas e a relação destas com as verbalizações emitidas ao longo da sessão.

A sala em que se realiza a entrevista é arrumada colocando-se em círculo tantas cadeiras quantos forem os membros da família, mais uma, em que ficará o entrevistador e perto da qual se possa colocar o gravador. Fora do círculo, um pouco distante dele e em posição diametralmente oposta à do entrevistador, fica a cadeira do observador.

Uma vez proposta a tarefa, as intervenções do entrevistador devem ser feitas no sentido de garantir:

• a compreensão, pelos membros da família, do que foi pedido por ele (entrevistador);

• a sua (do entrevistador) compreensão do material dado pelos membros da família, inclusive do comportamento não-verbal e de comunicações feitas de maneira pouco clara ou dúbia;

• a participação de cada membro da família ou a explicitação da possibilidade de participação no que foi proposto.

Normas Gerais de Observação

O observador deverá inicialmente anotar como os membros da família entram na sala, em que posição se sentam e qual é o aspecto físico de cada um. Caso troquem de posição ao longo da sessão, saiam da sala, levantem-se etc., o observador deverá anotar também de que forma e em que momento isso ocorre.

O observador deverá estar atento para fazer anotações sobre comunicações não-verbais significativas - troca de olhares, contatos físicos, postura, expressões faciais, risos, caretas, choro etc. - expressas pelos membros da família. E importante que anote também o momento em que tais comportamentos foram expressos, para que, posteriormente, o conteúdo não-verbal da sessão possa ser relacionado com o conteúdo verbal - obtido através da gravação - e com o andamento do processo familiar ocorrido durante a sessão.

Normas de Aplicação Específicas para Cada Tarefa

Tarefa 1: "Vamos imaginar que vocês teriam de mudar-se da casa onde moram no prazo máximo de um mês. Gostaria que vocês planejassem agora, em conjunto, como seria a mudança. "

No caso de perguntas dirigidas ao entrevistador, do tipo "a mudança é definitiva ou é apenas por uns dias, ou para passar férias?" etc, ele deverá responder que a mudança é definitiva.

No caso de respostas do tipo "um mês não dá para mudar", "não temos dinheiro para mudar" etc, o entrevistador deverá responder: "Vamos imaginar que vocês têm de se mudar nesse prazo."

Se houver perguntas do tipo "todos têm de mudar mesmo?", ou "pode não mudar?", ou "pode deixar para depois?", o entrevistador deverá responder: "Imaginem que vocês têm de se mudar no prazo de um mês." Se depois disso algum membro insistir em não responder, o entrevistador não deverá intervir mais.

Tarefa 2: "Quando você está fazendo uma coisa qualquer, mas fica difícil terminar essa tarefa sozinho, o que você faz? "

Em caso de respostas apenas do tipo "depende...", o entrevistador deverá perguntar: "Depende de quê?" As respostas apenas do tipo "peço ajuda", o entrevistador deverá perguntar: "A quem?" Em caso de respostas apenas do tipo "não peço ajuda", o entrevistador deverá perguntar: "Por quê?"

Tarefa 3: "Diga de que coisas você mais gosta em você."

Se os membros da família começarem a falar de coisas externas a si mesmos, ou se fizerem perguntas dirigidas ao entrevistador do tipo "são coisas que eu gosto de fazer?", "são coisas que eu tenho?" etc, o entrevistador deverá intervir dizendo: "Gostaria que cada um dissesse o que mais gosta em si mesmo." Se depois disso, mesmo assim, algum membro continuar falando de coisas externas a si mesmo, o entrevistador não deverá intervir mais.

No caso de um membro (A) da família ter ficado em silêncio ou ter dito que não gosta de nada em si mesmo, e outro membro (B) começar a falar sobre A, o entrevistador deverá perguntar a A o que achou do que foi dito a seu respeito por B.

O entrevistador deverá esperar até que todos se manifestem. Caso algum membro da família não tenha dito nada, ele deverá dirigir-se então a esse membro, individualmente, perguntando: "E você, de que coisas mais gosta em você mesmo?" Se o referido membro continuar em silêncio ou se recusar a responder, o entrevistador não deverá insistir mais.

Tarefa 4: "Como é um dia de feriado na família? "

Se apenas um membro da família falar, o entrevistador aguardará algum tempo e, em seguida, perguntará se mais alguém quer dizer alguma coisa.

Depois de todos terem se manifestado, ou terem tido oportunidade de se manifestar, caso não se tenha falado nada de específico sobre o casal, o entrevistador deverá dirigir-se aos membros do casal, perguntando: "E o casal tem alguma atividade própria no dia de feriado?"

Caso não exista o casal na família, o entrevistador deverá perguntar ao pai, à mãe ou a outros membros adultos da família se ele tem atividades, no dia de feriado, das quais os outros membros não participam.

Tarefa 5: "Imagine que você está em sua casa, discutindo com uma pessoa qualquer de sua família, e alguém bate à porta. Quando você vai atender, a pessoa com quem você estava discutindo lhe dá um empurrão. O que você faz? "

No caso de respostas do tipo "depende da situação" ou "depende da pessoa", o entrevistador deve perguntar: "Como assim?"

Se os exemplos forem dados com pessoas que não são da família, o entrevistador deverá dizer: "Gostaria que imaginassem a situação com alguém da família." Se os filhos exemplificarem a situação apenas entre irmãos, o entrevistador deverá perguntar: "Como seria com o papai ou com a mamãe?" Se os pais exemplificarem a situação apenas com os filhos, o entrevistador deverá perguntar: "Como seria entre vocês?" (o casal).

Tarefa 6: "Cada um de vocês vai escolher uma ou várias pessoas da família, pode ser qualquer pessoa, e vai fazer alguma coisa para mostrar a essa pessoa que gosta dela, sem dizer nenhuma palavra. "

O observador deve fazer todas as anotações possíveis sobre as interações não-verbais ocorridas entre os membros da família, atentando sobretudo para a ordem em que se manifestam, os gestos que fazem, as expressões corporais e faciais que acompanham cada gesto etc.

Caso alguns membros da família façam gestos com sentido dúbio, ou gestos cujo sentido o entrevistador não tenha compreendido, este tentará, no final, esclarecer o significado de tais gestos. O entrevistador deverá inicialmente verificar se o membro A da família, a quem o referido gesto foi dirigido pelo membro B, compreendeu o seu significado, perguntando: "Você (A) entendeu o gesto que ele (B) fez para você?" Caso A também não tenha compreendido, o entrevistador deverá dirigir-se a B, dizendo: "Você poderia explicar seu gesto?"

O entrevistador deverá encerrar o atendimento dizendo à família que, no próximo encontro, eles conversarão sobre tudo que aconteceu naquela sessão.

 

CATEGORIAS E ESCALAS DE AVALIAÇÃO DA EFE

A partir do objetivo da EFE, dos objetivos específicos de cada uma de suas seis tarefas e da revisão da literatura sobre promoção de saúde emocional na família, estabelecemos as seguintes dimensões a serem utilizadas na avaliação do material clínico obtido através da aplicação da EFE: comunicação, regras, papéis, liderança, conflitos, manifestação da agressividade, afeição física, interação conjugal, individualização e integração. Uma vez conceituada cada uma dessas dimensões, seus aspectos mais relevantes para a dinâmica das relações familiares são focalizados e definidos, dando origem assim às categorias e às escalas de avaliação da EFE.

Categorias de Avaliação

1. Comunicação - A comunicação entre os membros da família é considerada, por diferentes autores, como fator de grande importância na determinação da saúde emocional no grupo familiar.

A partir de Bateson, Jackson, Haley e Weakland (1956) e de Watzlawick, Beavin e Jackson (1967), definiremos comunicação como qualquer comportamento, verbal ou não-verbal, manifestado por uma pessoa - emissor - em presença de outra(s) - receptor(es). A cada unidade comunicacional chamaremos de mensagem.

Ao mesmo tempo em que a comunicação transmite uma informação, ela define a natureza das relações entre os comunicantes e, segundo Bateson, essas duas operações constituem, respectivamente, os níveis de relato e de ordem presentes em qualquer comunicação. O nível de relato transmite o conteúdo da comunicação (comunicação propriamente dita) e o nível de ordem mostra como essa comunicação deve ser entendida (metacomunicação).

2. Regras - As regras do funcionamento familiar, para Jackson e Riskin (1963), Satir (1967), Minuchin (1974) e vários outros autores estão estreitamente relacionadas com o desenvolvimento emocional sadio dos membros da família.

Todo grupo social possui normas que regulam o comportamento do grupo. Thibaut e Kelley (1959) definem norma como uma regra comportamental aceita, ao menos em algum grau, pela maior parte dos membros do grupo.

Em relação ao grupo familiar, definiremos regras, segundo Jackson e Riskin (1963), como os tipos de interação permitidos entre os membros da família, devendo ser compartilhados por, pelo menos, dois membros. Uma regra seria um indicador estabelecido ou um regulador para a conduta da família.

Avaliaremos as regras familiares do ponto de vista de sua explicitação, coerência, flexibilidade e democracia.

3. Papéis - Para alguns autores, o que determina ou não a saúde emocional na família é o desempenho no cumprimento das funções familiares essenciais, relacionadas aos papéis de marido, mulher, pai, mãe, filho, filha, irmão, irmã. A família é facilitadora de saúde emocional na medida em que cada membro conhece e desempenha seu papel específico (Ackerman, 1958; Pichon-Rivière,1965, Minuchin,1974). Para Minuchin, mais importante ainda que a composição de subsistemas familiares organizados em tomo dos papéis é a clareza dos limites de tais subsistemas, ou seja, que cada subsistema - o conjugal, o parental, o fraterno etc - se diferencie do sistema mais amplo, embora sem rigidez.

No grupo familiar, definiremos papel como as funções de cada membro a partir das posições que ocupa nos subsistemas conjugal, parental, fraterno e filial. Os papéis familiares serão avaliados segundo sua presença ou não e suas possibilidades de definição, adequação e flexibilidade no sistema familiar.

4. Liderança - Alguns autores enfatizam que o funcionamento eficaz de uma família requer que pais e filhos aceitem o fato de que o uso diferenciado da autoridade é necessário no sistema familiar (Lidz, 1963; Satir,1972; Minuchin, 1974; Stachowiack,1975). Minuchin ressalta que o ideal familiar é muitas vezes descrito como uma democracia, mas que seria um equívoco considerar que uma sociedade democrática é uma sociedade sem líderes, ou que uma família é uma sociedade de iguais. Stachowiack, enfatizando a importância do surgimento da liderança no grupo familiar, postula que é ineficaz o funcionamento da família em que os pais assumem uma posição autocrática ou uma posição inadequadamente igualitária, deixando o grupo familiar sem liderança.

Definiremos liderança, a partir de Cartwrigh e Zander (1972), como fenômeno resultante da interação estabelecida entre os membros de um grupo, em que um dos participantes, o líder, influencia os outros membros mais do que é influenciado por eles, e tem as funções de organizador e orientador da atividade grupal.

A presença ou não da liderança e sua possibilidade de diferenciação, assim como sua forma autocrática ou democrática serão por nós avaliadas na dinâmica das relações familiares.

5. Conflitos - Os conflitos na interação familiar são vistos por Ackerman (1976) como benignos ou malignos, na medida em que estimulem o crescimento ou predisponham ao desequilíbrio emocional. Para ele, a família deve prover vias de solução para o conflito, sendo capaz de conter os efeitos destrutivos do mesmo. Para Stachowiack (1975), o mais importante não é a quantidade de conflito existente no grupo familiar, mas o fato de que, nas famílias com funcionamento adequado, as diferenças e os conflitos podem ser expressos, e os membros da família possuem recursos para lidar com eles.

Analisaremos os conflitos segundo suas possibilidades de expressão, valorização positiva e busca de solução na dinâmica das relações familiares.

6. Afeição física - Vários autores enfatizam a importância da afeição física na interação familiar e sua relação com o desenvolvimento dos membros da família (Winnicott, 1965; Satir, 1967; Heilbrun, 1973; Ellis, Thomas e Rollins, 1976). Segundo Satir, em muitas famílias o potencial afetivo dos membros não é satisfeito porque as regras sobre afeição física são misturadas com tabus sobre sexo.

Definiremos afeição física, na dinâmica familiar, como um tipo de comportamento não-verbal, manifestado pelos membros da família, através de contatos físicos carinhosos, para expressar o amor que sentem uns pelos outro. Verificaremos se a família possibilita a manifestação da afeição física entre seus membros e em que medida tal manifestação é aceita ou recusada na interação familiar, possuindo ou não uma carga emocional adequada.

7. Interação conjugal - A relevância da interação conjugal e de suas repercussões no desenvolvimento emocional dos membros da família é ressaltada por diferentes autores (Mahles e Rabinowitch, 1956; Lidz, 1963; Satir, 1967; Dicks, 1967; Lemaire, 1971, 1984; Flugel, 1972; Minuchin, 1974; Teruel 1974; Féres-Cameiro, 1980, 1994). O subsistema conjugal pode fomentar a criatividade e o crescimento, respeitando a individualidade de cada membro do casal, como pode também estabelecer padrões de comportamento dificultadores de tal crescimento. Segundo Minuchin, ao mesmo tempo em que a individualização deve ser mantida no subsistema conjugal, este deve ter limites claros e flexíveis que o mantenham diferenciado, porém não isolado, dentro do sistema familiar. Satir enfatiza a importância da gratificação na relação conjugal, não apenas tendo em vista as satisfações recíprocas dos membros do casal, mas também considerando suas repercussões na formação da identidade sexual dos filhos, na medida em que os pais funcionam para eles como modelo básico de relação homem-mulher.

Chamaremos de interação conjugal no grupo familiar o processo de trocas relacionais estabelecidas no subsistema conjugal, ou seja, entre o marido e a mulher. Focalizaremos na interação conjugal suas possibilidades de diferenciação e individualização, verificando em que medida as trocas relacionais, no subsistema, são gratificantes ou não para seus membros.

8. Individualização - Diferentes autores ressaltam a importância da individualização na interação familiar, enfatizando a necessidade de que cada membro se comporte, em relação ao outro, como alguém separado e único, cuja individualidade deve ser mantida (Ackerman, 1969; Lemaire, 1971; Minuchin, 1974; Bowen, 1960).

Definiremos individualização na dinâmica familiar como a possibilidade de preservação da identidade individual de cada membro da família. A individualização está presente na interação familiar em que cada membro da família mantém sua identidade e as diferenças e discordâncias entre os membros são respeitadas, permitindo que a heterogeneidade de interesses e opiniões seja manifestada no grupo familiar.

9. Integração - Assim como é importante que a família preserve a identidade individual de seus membros, para promover a saúde ela necessita também funcionar como grupo integrado, sendo capaz de atuar em conjunto na solução de seus problemas (Satir, 1967; Sorrels e Ford, 1969; Minuchin, 1974; Stachowiack, 1975).

Definiremos integração como a possibilidade de a família atuar como um todo possuindo uma identidade grupai. A integração está presente na interação familiar em que o grupo mantém uma identidade grupai, os membros comportam-se de forma coesa e coordenam seus esforços para alcançarem objetivos comuns.

10. Auto-estima - A importância da auto-estima no desenvolvimento emocional sadio dos membros da família é enfatizada por diversos autores. Segundo Coopersmith (1967), Satir (1967, 1972) e Sorrells e Ford (1969), é importante que os pais validem positivamente o crescimento de seus filhos e se interessem por suas realizações, para que estes possam desenvolver sentimentos de alta autoestima. Para Zinner e Shapiro (1966), Satir (1967,1972) e Hoffman (1990), pais autodesvalorizados esperam que seus filhos aumentem sua auto-estima, realizando o que eles próprios não conseguiram realizar, e essa atitude colabora para a formação de uma baixa auto-estima nos filhos. Sorrells e Ford (1969) ressaltam ainda que pessoas autodesvalorizadas têm dificuldade de pedir ajuda e seu pedido, na maioria das vezes, não é sequer entendido pelo outro.

Definiremos auto-estima como os sentimentos de valor que cada um tem em relação a si mesmo. Tais sentimentos podem ser positivos, ou seja, de alta auto-estima, ou negativos, de baixa auto-estima.

A integração familiar promove a alta auto-estima nos membros da família quando os pais possuem sentimentos de valor positivo em relação a si mesmos e valorizam o crescimento, as novas aquisições e as realizações dos filhos, permitindo assim que também eles se autovalorizem positivamente, ou seja, tenham alta auto-estima.

11. Interação familiar facilitadora de saúde emocional - Essa categoria de avaliação engloba todas as outras focalizadas anteriormente e que se constituem em dinamismos básicos de interação da família, responsáveis pela promoção do desenvolvimento emocional sadio de seus membros.

Definiremos, portanto, interação familiar facilitadora de saúde emocional como aquela em que a comunicação entre os membros da família é congruente, clara, com direcionalidade e carga emocional adequadas; as regras são explícitas, coerentes, flexíveis e democráticas; os papéis familiares são definidos, diferenciados e flexíveis; a liderança está presente, sendo diferenciada e democrática; os conflitos podem ser expressos, sem desvalorização e com busca de solução; a agressividade pode ser manifestada de forma construtiva e sem discriminação em sua direcionalidade; a afeição física está presente, sendo aceita pelos membros da família e possuindo carga emocional adequada; a interação conjugal é, ao mesmo tempo, diferenciada e individualizada, sendo capaz de gratificar a ambos os membros do casal; a individualização se faz presente, através da preservação das identidades de cada um, ao mesmo tempo em que a identidade grupai promove a integração da família permitindo assim a formação e a explicitação de sentimentos de alta auto-estima em seus membros.

Escalas propostas para avaliação

As escalas de avaliação da EFE pretendem estabelecer um perfil da família como grupo - portanto, como entidade psicológica em si mesma - e não um perfil de cada membro individualmente.

As categorias de avaliação que destacamos e conceituamos, tendo em vista sua relevância na determinação da saúde emocional do grupo familiar, foram qualificadas, ou seja, adjetivadas, a partir dessa mesma relevância. Para construir as escalas de avaliação, os adjetivos por nós definidos são colocados, em pares polarmente opostos, em escalas de sete pontos, de forma que aqueles relacionados com a facilitação de saúde emocional fiquem ora à direita da escala, ora à esquerda, para evitar possíveis tendenciosidades do avaliador.

São as seguintes as escalas a serem utilizadas na avaliação da EFE, as quais definimos, anteriormente, através de um de seus pólos2:

 

 

Para a análise do material clínico obtido com a aplicação da EFE, o avaliador deve utilizar as escalas de avaliação considerando, na dinâmica da família avaliada, o quanto cada categoria está relacionada com um ou com outro lado de cada par de adjetivos opostos. O avaliador deve assinalar os espaços, e não entre eles, e quanto mais próximo de um ou de outro lado dos opostos assinalar, mais estará considerando a categoria relacionada ao respectivo adjetivo.

Além de utilizar as escalas, o avaliador deve fazer também uma avaliação discursiva, à parte, quando, em relação a determinada categoria de avaliação, houver, entre os membros da família, dados muito discrepantes. Tal avaliação pretende evitar que atitudes e tendências opostas, do ponto de vista da facilitação ou não da saúde emocional, apresentadas por diferentes membros da família - o que não ocorre com freqüência -, fiquem "anuladas" por uma avaliação "média" concedida ao grupo familiar.

 

ESTUDO EXPERIMENTAL PARA O ESTABELECIMENTO DA FIDEDIGNIDADE E DA VALIDADE DA EFE

Sujeitos

Foram estudadas 18 famílias pertencentes a dois grupos:

Grupo A: famílias que procuraram atendimento psicológico, ao longo de um ano, no Serviço de Psicologia Aplicada do Departamento de Psicologia da PUC/Rio, tendo uma queixa da escola dos filhos incluída no motivo dessa procura, e que foram consideradas, pelo referido Serviço, como necessitadas de tal atendimento.

Grupo B: familias indicadas pela escola dos filhos, a partir da consideração de que estes não apresentavam problemas de comportamento e de aprendizagem e que seus pais facilitavam o desenvolvimento dos mesmos, tendo sido consideradas pelo Serviço de Psicologia Aplicada do Departamento de Psicologia da PUC/Rio como não-necessitadas de atendimento psicológico.

As famílias estudadas têm a seguinte constituição:

Família 1: Nível socioeconómico médio; pai, 37 anos, militar; mãe, 33 anos, dona-de-casa; filho A, 12 anos; fillio B, 10 anos; escola pública.

Família 2: Nível socioeconómico médio; pai, 42 anos, representante comercial; mãe, 40 anos, dona-de-casa; filho, 11 anos, filho, 8 anos; escola pública.

Família 3: Nível socioeconómico médio; pai, 54 anos, estucador; mãe, 38 anos, faxineira; filho A, 13 anos; filha, 8 anos; filho, 6 anos; escola pública.

Família 4: Nível socioeconómico médio-alto; pai, 44 anos, economista; mãe, 40 anos, funcionária pública; filho A, 18 anos, filho B, 12 anos; filho C, 10 anos;

Família 5: Nível socioeconómico baixo; pai 47 anos, porteiro; mãe 32 anos, faxineira; filho A, 14 anos; filha B, 10 anos; filho C, 7 anos; escola pública.

Família 6: Nível socioeconómico médio-alto; pai, 39 anos, advogado; mãe, 34 anos, instrumentadora cirúrgica; filho A, 16 anos; filho B, 12 anos; filho C, 8 anos; escola particular.

Família 7: Nível socioeconómico médio-alto; pai 41 anos, gerente de banco; mãe 36 anos, professora primária, filho A, 14 anos; filha B, 8 anos; filho C, 4 anos; escola particular.

Família 8: Nível socioeconómico médio-alto; pai, 42 anos, gerente comercial; mãe, 40 anos, dona-de-casa; filho A, 13 anos; filho B, 6 anos; filha C, 5 anos; escola particular.

Família 9: Nível socioeconómico baixo; pai 38 anos, guardador de parque (não compareceu à entrevista); mãe 34 anos, dona-de-casa; filho A, 12 anos; filho B, 9 anos; filho C, 8 anos; filho D, 6 anos; escola pública.

Família 10: Nível socioeconómico médio-baixo; pai, 38 anos, mensageiro; mãe, 38 anos, balconista (aposentada por acidente de trabalho); filho A, 9 anos; filho B, 7 anos; escola pública.

Família 11: Nível socioeconómico baixo; pai, 38 anos, motorista particular (não compareceu à entrevista); mãe, 37 anos, dona-de-casa; filho A, 13 anos; filho B, 11 anos; filho C, 10 anos; filho D, 8 anos; escola pública.

Família 12: Nivel socioeconómico baixo; pai, 28 anos, pedreiro; mãe, 30 anos, faxineira; filho A, 6 anos; escola pública.

Família 13: Nível socioeconómico baixo; pai, 37 anos, ajudante de caminhão; mãe, 31 anos, empregada doméstica; filho A, 8 anos; filho B, 7 anos; escola pública.

Família 14: Nivel socioeconómico médio-baixo; pais, 27 anos, motorista de ônibus; mãe, 27 anos, professora primária; filho A, 5 anos; escola pública.

Família 15: Nivel socioeconómico baixo; pai, 49 anos, bombeiro hidráulico (não mora com a família, não compareceu à entrevista); mãe, 35 anos, faxineira de hotel; filho A, 10 anos; filho B, 9 anos; filho C, 7 anos; escola pública.

Família 16: Nível socioeconómico médio; pai, 41 anos, vendedor; mãe, 26 anos, recepcionista, filho A, 9 anos, filho B, 7 anos; filho C, 5 anos; escola pública.

Família 17: Nivel socioeconómico baixo; pai, 37 anos, motorista particular; mãe, 31 anos, dona-de-casa (não mora com a família; não compareceu à entrevista); filho A, 10 anos; filha B, 8 anos; filha C, 7 anos; filha D, 6 anos; escola pública.

Família 18: Nível socioeconómico médio-baixo; pai, 49 anos, porteiro e motorista de táxi; mãe, 43 anos, dona-de-casa; filho A, 26 anos; filho B, 24 anos; escola pública.

O grupo A ficou constituído das famílias 1,3,4,7,9,10,12,15,16,17 e 18, das quais as sete primeiras foram emparelhadas com as famílias 2,5,6,8,11,13 e 14, que constituíram o grupo B. Os critérios considerados para o emparelhamento foram: nível socioeconómico; número de filhos; faixa etária dos filhos; separação ou não dos pais, morando com a família; presença ou não de ambos os pais na entrevista; filhos em escola pública ou particular.

Como veremos posteriormente, nas escolas estudadas não foi possível emparelhar as famílias, 15,16,17 e 18, tendo em vista a constituição das mesmas. Portanto, para algumas análises do nosso estudo - aquelas em que comparamos as famílias do grupo A com as do grupo B -, utilizamos apenas as famílias de 1 a 14; para as análises em que a distinção das famílias em dois grupos não se fez necessária, utilizamos o total das famílias estudadas.

Material

Para a realização do trabalho empírico, o seguinte material foi utilizado:

a. a Entrevista Familiar Estruturada em sua versão final, aplicada aos grupos A e B de famílias, com o objetivo de avaliar a dinâmica das relações familiares em cada família estudada.

b. as normas de aplicação da Entrevista Familiar Estruturada, utilizadas com o objetivo de padronizar a aplicação da entrevista às diferentes famílias;

c. as transcrições das aplicações da Entrevista Familiar Estruturada às 18 famílias estudadas, contendo as comunicações verbais e não-verbais ocorridas durante as respectivas entrevistas, a constituição das famílias com um diagrama de como se sentaram durante a entrevista e uma descrição sucinta do aspecto físico dos membros da família.

d. as Escalas de Avaliação da Entrevista Familiar Estruturada, acompanhadas de sua fundamentação teórica, e utilizadas pelos juízes da pesquisa para avaliar o material clínico obtido;

e. um questionário enviado aos pais das famílias das escolas, com o objetivo de coletar os dados relacionados com os critérios de emparelhamento para a constituição do grupo B de famílias;

f. um roteiro do primeiro contato da escola com um dos pais ou responsáveis, com o objetivo de marcar a primeira entrevista com o casal ou com os responsáveis das famílias indicadas pela escola para constituírem o grupo B de famílias;

g. um roteiro da primeira entrevista na escola com o casal ou responsáveis, realizada com o objetivo de selecionar as famílias para constituírem o grupo B de famílias.

Procedimentos

Aplicação

Oito membros que constituíram a Equipe de Avaliação Familiar do Serviço de Psicologia Aplicada do Departamento de Psicologia da PUC/Rio, no ano de 1980, participaram das entrevistas de aplicação da pesquisa. Desses membros, dois - a autora deste trabalho e a estagiária avançada da equipe tiveram o papel de entrevistadores nas aplicações da Entrevista Familiar Estruturada, e os outros seis - as estagiárias da Equipe - tiveram o papel de observadores na Entrevista Familiar Estruturada e de entrevistadores nas entrevistas realizadas com os casais nas escolas.

Grupo A - As famílias do grupo A procuraram o Serviço de Psicologia Aplicada através de um de seus membros - na maior parte dos casos, através da mãe - que era atendido neste, individualmente, por um membro de uma das equipes que funcionavam no Serviço, e que se encontrava de plantão. O caso era discutido pela equipe responsável pelo plantão e, na medida em que a realização de uma avaliação familiar era considerada necessária por essa equipe, o caso era encaminhado à Equipe de Avaliação Familiar, com a solicitação de que todos os membros da família viessem para uma entrevista conjunta.

A EFE era então aplicada, no contexto da queixa trazida pela família, a todos os membros atendidos em conjunto. Participavam dessa entrevista de aplicação uma das duas entrevistadoras da pesquisa e uma das seis observadoras. Além disso, a entrevista era gravada e as comunicações não-verbais eram anotadas pela observadora. Duas semanas após a entrevista de aplicação da EFE, a entrevistadora e a observadora realizavam uma entrevista de resultado da avaliação familiar, também com a família toda, visando um encaminhamento do caso.

Grupo B - As famílias do grupo B foram selecionadas em três escolas duas públicas e uma particular - situadas na mesma região do Serviço de Psicologia Aplicada do Departamento de Psicologia da PUC/Rio, ou seja, na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro.

A escola era inicialmente solicitada a colaborar numa pesquisa sobre família que estava sendo realizada por professores da PUC/Rio. Essa colaboração constaria da indicação de famílias com determinados tipos de constituição cujos filhos não apresentassem problemas de aprendizagem e de comportamento, e cujos pais fossem considerados pela escola facilitadores do desenvolvimento dos filhos.

Para que o emparelhamento com o grupo A de famílias pudesse ser feito, foram enviados 400 questionários aos pais das duas escolas públicas. Na escola particular, o questionário não foi enviado aos pais, pois a escola assim preferiu, e os dados do mesmo foram preenchidos pela orientadora, com base nas fichas escolares dos alunos cujas famílias tinham constituições semelhantes às famílias do grupo A.

Uma vez selecionadas as famílias que tinham a constituição que se buscava e que, ao mesmo tempo, eram indicadas pela escola como satisfazendo as condições do grupo B de famílias, o primeiro contato com a família era feito pela própria escola e era marcada a primeira entrevista com o casal. Essa entrevista era realizada na própria escola, num horário em que ela não estava funcionando, e tinha o objetivo de verificar se também, segundo os critérios do Serviço de Psicologia Aplicada, aquela família seria considerada como satisfazendo as exigências do grupo B de famílias. De dez famílias indicadas pelas escolas, três (duas das quais haviam sido indicadas com restrições) foram consideradas pelas entrevistadoras como não satisfazendo as referidas exigências.

O tempo de aplicação da EFE, nas 18 famílias, variou de 3 5 a 90 minutos. A duração média da entrevista foi de 52 minutos, sendo que no grupo A de famílias essa duração foi de 60 minutos e no grupo B, de 45.

Avaliação clínica

A avaliação do material obtido com a aplicação da EFE foi realizada por dois juízes - duas psicólogas clínicas com experiência em avaliação e terapia familiar.

As famílias do grupo A e do grupo B foram numeradas aleatoriamente de 1 a 18 e o material necessário para a referida avaliação foi enviado aos juízes. Esse material incluía: 1 - as transcrições das fitas gravadas das entrevistas de aplicação da EFE, contendo também as comunicações não-verbais ocorridas e uma folha de rosto com a constituição das famílias, um diagrama de como os membros se sentaram e uma descrição física sucinta de cada membro; 2 - a Entrevista Familiar Estruturada e a fundamentação teórica de suas tarefas; e 3 - as Escalas de Avaliação da EFE com sua fundamentação teórica. Em cada folha de avaliação, o juiz registrava seu número (1 ou 2) e o número da família (1 a 18).

As avaliações realizadas pelos juízes foram transformadas, de modo que os adjetivos relacionados com a facilitação da saúde emocional ficassem sempre à direita da escala, e se atribuíssem valores numéricos de 1 a 7 - da esquerda para a direita - às avaliações realizadas por cada um dos juízes.

Análise dos Dados

a. Utilização e versão final das escalas de avaliação da EFE

Além da avaliação através das escalas, nenhum dos dois juízes realizou avaliações discursivas à parte, como havíamos proposto, caso fosse necessário, para evitar que atitudes opostas do ponto de vista da facilitação ou não da saúde emocional - apresentadas por diferentes membros da família - pudessem ser "anuladas" por uma avaliação "média" concedida ao grupo familiar.

Na utilização das escalas, o juiz 1 deixou em branco, nas 18 famílias, a avaliação dos quatro itens relacionados à categoria "conflitos"; em nove famílias, a avaliação do item "papéis rígidos/flexíveis" e em oito famílias, a avaliação do item "interação conjugal sem individualização/com individualização". O juiz 2 deixou em branco, em seis famílias, a avaliação dos itens "conflitos negativamente valorizados/positivamente valorizados" e "sem busca de solução/com busca de solução"; e, em 16 famílias, o item "interação conjugal sem individualização/com individualização". Esses nove itens, cuja ausência de avaliação pelos juízes ultrapassou três famílias - indicando dificuldades relacionadas à avaliação dos mesmos - foram excluídos.

Considerando-se, portanto, que os itens cuja ausência de avaliação pelos juízes ultrapassou três famílias foram excluídos, os resultados obtidos dizem respeito não aos 32 itens inicialmente propostos mas aos 23 itens mantidos. Tais itens, que passaram a constituir as categorias consideradas para a avaliação final e que portanto devem compor a escala final de avaliação da EFE, são:

 

 

b. Resultados obtidos

Para o cálculo dos resultados, os dados das avaliações foram processados, utilizando-se os programas do Statistical Package for the Social Sciences SPSS(Nie el al., 1975).

 

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Ao colocarmos, na elaboração das escalas de avaliação, a possibilidade de os juízes realizarem, além da avaliação através das escalas, uma avaliação discursiva à parte, quando diferentes membros da família apresentassem atitudes opostas, do ponto de vista da facilitação ou não da saúde emocional, já havíamos ressaltado que isso não deveria ocorrer com freqüência.

É realmente raro encontrar, na mesma família, membros muito facilitadores e membros muito dificultadores da saúde emocional. De fato, nas 18 famílias estudadas, tanto na opinião do juiz 1 como na do juiz 2, isso não ocorreu, não tendo, portanto, nenhum dos dois utilizado as avaliações discursivas sugeridas por nós para tal situação.

A fidedignidade do avaliador foi verificada através da correlação das avaliações do juiz 1 e do juiz 2, em cada uma das categorias de avaliação, e os coeficientes de correlação de Pearson encontrados estão na Tabela 1 (p.84). Os coeficientes mais baixos obtidos foram 0,56 para a categoria 13 ("manifestação da agressividade sem direcionalidade adequada/com direcionalidade adequada"), 0,66 para a categoria 12 ("manifestação da agressividade destrutiva/ construtiva") e 0,67 para a categoria 3 ("comunicação sem direcionalidade adequada/com direcionalidade adequada"). Todos os outros coeficientes ficaram entre 0,70 e 0,97. Os coeficientes mais altos obtidos foram 0,95 para as categorias 21 ("integração ausente/presente") e 23 ("promoção de saúde emocional dificultada/facilitada"), 0,96 para a categoria 2 ("comunicação confusa/clara") e 0,97 para a categoria 22 ("auto-estima baixa/alta").

 

 

Tais resultados mostram menor concordância dos juízes na avaliação da "direcionalidade" - tanto da "agressividade" como da "comunicação" - o que pode estar relacionado com o fato de o conceito de "direcionalidade" permitir maior subjetividade por parte do avaliador. Ainda em relação à "agressividade", os dois juízes concordaram mais ao avaliarem sua "ausência" ou "presença" na dinâmica familiar (categoria 11:0,84) do que ao avaliarem se ela é "destrutiva" ou "construtiva " (categoria 12:0,66).

Entre as categorias em que os juízes tiveram maior grau de concordância encontra-se a categoria 23 ("promoção de saúde emocional dificultada/facilitada":0,95) que, pela própria definição, contém as demais categorias, permitindo assim uma avaliação geral da família. Essa alta correlação entre as avaliações do juiz 1 e do juiz 2, na categoria 23, indica que a EFE permite uma avaliação global da família, avaliação essa que se mostra consistente quando realizada por dois avaliadores distintos.

A Tabela 2 mostra as correlações existentes entre cada item ou categoria e o total dos itens. Todas as correlações item-total ficaram acima de 0,81, com exceção novamente daquelas obtidas para as categorias 8 ("liderança ausente/ presente": 0,71) e 11 ("manifestação da agressividade ausente/presente": 0,69). Esses dados nos mostram, mais uma vez, que a forma como a "liderança" e a "agressividade" se manifestam tem maior relação com a determinação da "saúde emocional" do que sua simples "presença" ou "ausência" na dinâmica das relações familiares.

 

 

Os coeficientes de correlação item-total mais altos (entre 0,90 e 0,98) foram obtidos para as categorias 1 ("comunicação incongrunte/congruente": 0,91), 2 ("comunicação confusa/clara": 0,97", 3 ("comunicação sem direcionalidade adequada/com direcionalidade adequada": 0,98), 4 ("comunicação sem carga emocional adequada/com carga emocional adequada": 0,95), 12 ("manifestação da agressividade destrutiva/construtiva": 0,95), 17 ("afeição física sem expressão física adequada/com expressão física adequada": 0,90), 20 ("individualização ausente/presente": 0,90), 21 ("integração ausente/presente": 0,96) e 22 ("auto-estima baixa/alta": 0,96). Podemos, portanto, dizer que essas são as categorias que estão mais estreitamente relacionadas com o conceito de "promoção de saúde emocional" na família adotado neste estudo e cuja avaliação a EFE pretende realizar.

As altas correlações existentes entre a maioria das categorias e o total delas indicam uma grande consistência interna das escalas de avaliação da EFE. Além disso, o fato de a categoria 23 ter tido um coeficiente de correlação itemtotal de 0,98 indica que o está sendo avaliado pelas 22 categorias, em seu conjunto, está altamente relacionado com o que estamos chamando de "promoção de saúde emocional" e que a categoria 23 pretende, de maneira global, avaliar.

A Tabela 3 mostra as avaliações médias das categorias (excluindo-se a categoria 23) concedidas por cada juiz e, além disso, a média das avaliações dos dois juízes em cada família. As médias das 14 famílias emparelhadas foram correlacionadas, através do Coeficiente de Correlação Ponto Bisserial, com a variável grupo A ou grupo B de famílias, e o coeficiente de correlação encontrado foi de 0,93. Esse coeficiente é uma medida da validade da EFE, como método de avaliação psicológica, tendo em vista que diz respeito às relações existentes entre os dados obtidos com a utilização da entrevista, avaliados através de suas escalas, e os dados do critério externo à entrevista, ou seja, o fato de as famílias pertencerem ao grupo de famílias "diflcultadoras" ou ao grupo de famílias "facilitadoras" do desenvolvimento emocional, de acordo com a indicação das instituições que participaram da pesquisa.

 

 

Os dados da Tabela 4 mostram as avaliações concedidas pelo juiz 1 e pelo juiz 2, na categoria 23, às 18 famílias estudadas. Podemos verificar nessa tabela que, em relação às famílias do grupo B - "famílias facilitadoras da saúde emocional" - as avaliações concedidas por ambos os juízes ficaram todas acima da avaliação média (4), ou seja, apenas a família 11 foi avaliada pelo juiz 2 no ponto 5 da escala e todas as outras famílias desse grupo foram avaliadas nos pontos 6 ou 7. Todavia, em relação às famílias emparelhadas do grupo A "famílias diflcultadoras da saúde emocional" -, duas famílias foram avaliadas pelo juiz 1 no ponto médio ou acima dele, ou seja, a família 7 foi avaliada no ponto 4, e a família 4, no ponto 5. Também nas famílias não-emparelhadas do grupo A ("dificultadoras"), um caso- família 18-foi avaliadotanto pelo juiz 1 como pelo juiz 2 no ponto médio (4). Esses dados nos permitem dizer que houve maior concordância entre as instituições (clínica e escola) e os juízes, e entre os próprios juizes - quando estes avaliaram de maneira global a tendência para a facilitação ou não da saúde emocional - em relação às famílias "facilitadoras" do que em relação as famílias "dificultadoras" da saúde emocional.

 

 

CONCLUSÕES

Considerando que o principal objetivo da pesquisa experimental por nós realizada foi o de verificar a aplicabilidade, em psicologia clínica, da Entrevista Familiar Estruturada, através do estudo de sua fidedignidade e de sua validade, como método de avaliação de família capaz de discriminar uma dinâmica familiar facilitadora de uma dinâmica familiar dificultadora da saúde emocional, realizamos nosso experimento com dois grupos contrastantes de família ("famílias facilitadoras da saúde emocional" e "famílias dificultadoras da saúde emocional") e, para a análise do material clínico obtido através da aplicação da EFE, utilizamos os julgamentos de dois juízes - duas psicólogas clínicas com experiência em avaliação e terapia familiar.

A fidedignidade foi verificada através de dois métodos: consistência do avaliador e da consistência interitens.

A fidedignidade do avaliador, calculada através da correlação das avaliações do juiz 1 e do juiz 2, em cada uma das 23 categorias de avaliação, apresentou Coeficientes de Correlação de Pearson que variaram entre 0,56 e 0,97. O coeficiente geral de fidedignidade do avaliador encontrado foi de 0,85, em relação às 23 categorias de avaliaçào, e de 0,84 excluindo-se a categoria 23, o que pode ser considerado um bom nível de consistência entre os dois avaliadores.

Tendo em vista que as correlações item-total encontradas para as categorias de avaliação da EFE estão todas entre 0,69 e 0,98 e que tais níveis de correlação são satisfatórios, podemos concluir que a EFE também pode ser considerada como um instrumento de avaliação fidedigno pelo método da fidedignidade interitens.

A validade simultânea da EFE, tendo como medida de critério externo o método dos grupos contrastantes, foi calculada através da correlação entre as avaliações concedidas por ambos os juízes a cada uma das 14 famílias emparelhadas e a medida de critério ("famílias facilitadoras" e "famílias dificultadoras"), e o coeficiente geral de validade encontrado foi de 0,93.

Além dessas conclusões que dizem respeito mais diretamente ao estudo da fidedignidade e da validade da EFE e de suas escalas de avaliação, outras considerações importantes, relacionadas sobretudo aos grupos de contraste, ou seja, às famílias "facilitadoras" e às famílias "diflcultadoras" da saúde emocional, podem também ser levantadas a partir do experimento por nós realizado.

Considerando que os 11 casos indicados por diferentes escolas para tratamento no Serviço de Psicologia Aplicada foram tratados por esse órgão ou por ele encaminhados para tratamento em outra instituição (grupo A de famílias) e que, das dez famílias indicadas pelas escolas que participaram dessa pesquisa como facilitadoras do desenvolvimento emocional sadio de seus membros, duas foram indicadas com restrições e das oito restantes apenas uma não foi considerada pelo Serviço de Psicologia Aplicada como possuindo os requisitos do grupo B de famílias, podemos concluir que os critérios das instituições escolares e da instituição clínica que participaram desse estudo, relacionados à facilitação ou não da saúde emocional na família, são bastante equivalentes, ou seja, das 21 famílias avaliadas, só houve discordância em uma delas.

Considerando não apenas o tempo médio de duração das entrevistas, menor no grupo B, mas também o conteúdo das mesmas, podemos concluir que as famílias "facilitadoras" do desenvolvimento compreenderam mais facilmente as tarefas da EFE e as executaram mais rapidamente do que as famílias "diflcultadoras" do desenvolvimento emocional sadio de seus membros.

Observando a forma como as famílias se sentaram na entrevista de aplicação da EFE, constatamos que em todas as famílias do grupo A em que ambos os pais compareceram para a entrevista menos uma - família 1 - o casal sentou-se separado, ou seja, o pai não se sentou ao lado da mãe, e em todas as famílias do grupo B menos uma -família 13 - o casal se sentou junto. Portanto, a interação conjugal pode ser também avaliada tendo em vista a disposição física do casal na entrevista, ou seja, nas famílias "facilitadoras" do desenvolvimento os membros do casal se aproximaram fisicamente, podendo essa aproximação estar indicando que a relação conjugal é gratificante e se constitui num subsistema dentro do sistema familiar.

 

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(1) Este método foi divulgado em versão mais extensa em Féres-Carneiro (1983 e 1996). A publicação desta versão reduzida pretende responder a uma demanda de divulgação ampla para um público que vem utilizando a Entrevista Familiar Estruturada na prática clínica e sobretudo na pesquisa com famílias
(2) O pólo escolhido, tendo em vista a maior facilidade de definição, foi ora aquele relacionado com a interação facilitadora, ora aquele relacionado com a interação de saúde emocional na família