SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.9 número3Homenagem póstumaA psicanálise como teoria dos atos irracionais índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.9 no.3 Ribeirão Preto dez. 2001

 

Pressupostos da "nova" crítica à psicanálise: o revisionismo freudiano e a epistemologia da psicanálise1

 

Presuppositions of the "new" criticism to psychoanalysis: freudian revisionism and the epistemology of psychoanalysis

 

 

Ana Maria Rudge

Pontificia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Considera-se que as críticas à psicanálise, no seio do movimento chamado "revisionismo freudiano", têm como pressuposto uma determinada concepção de cientificidade derivada do empirismo lógico. Nesta tradição, o valor da psicanálise é negado com o argumento de que não dispõe de mecanismos de verificação ou falsificação experimentais como os das ciências da natureza. Se o objeto da ciência é considerado como construção e não um dado, a idéia de continuidade entre os vários campos científicos ou de uma unidade metodológica não se sustenta. Cada área do saber tem parâmetros próprios e os diferentes campos científicos ou paradigmas são incomensuráveis. Dentro deste ponto de vista, advoga-se que a psicanálise, como uma prática clínica teorizada, deve ser avaliada por critérios que respeitem sua especificidade epistemológica, ou seja, os efeitos clínicos do tratamento psicanalítico, assim como os impactos da psicanálise na cultura.

Palavras-chave: psicanálise, epistemologia, revisionismo, prática, ciência.


ABSTRACT

The critiques to psychoanalysis from the movement called "Freudian revisionism", presupposes one particular conception of science that is derived from logical empiricism. In this tradition, the value of psychoanalysis is denied with the argument that it does not have the mechanisms of experimental verification or falsification like natural sciences. If the object of science is considered as a rational construction and not as data, however, the idea of continuity between different scientific fields or of a methodological unity does not apply. Each area of knowledge has its own parameters, and the different scientific fields or paradigms are incommensurable. From this point of view, it is advocated that psychoanalysis, as the theory of a clinical practice, must be evaluated by criteria that respect its epistemological specificity: the clinical effects of the psychoanalytic treatment, as well as the impacts of psychoanalysis in culture.

Key words: psychoanalysis, epistemology, revisionism, practice, science.


 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Allan, D. J. (1983). A filosofia de Aristóteles. Lisboa: Presença.         [ Links ]

Bachelard, G. (1970). La philosophie du non. Paris: Presses Universitaires de France (Trabalho original publicado em 1940).         [ Links ]

Bachelard, G. (1970). Le racionalisme appliqué. Paris: Presses Universitaires de France (Trabalho original publicado em 1949).         [ Links ]

Barros, C. P. (1998). Conceitos termodinâmicos e evolucionistas na estrutura formal da metapsicologia freudiana. Cadernos do Tempo Psicanalítico, 3, 13-52 (Trabalho original publicado em 1971).         [ Links ]

Berti, E. (1997). Aristóteles no século XX. São Paulo: Edições Loyola (Trabalho original publicado em 1992).         [ Links ]

Celes, L. A. (2000a). Da psicanálise à metapsicologia: Uma reflexão metodológica. Pulsional Revista de Psicanálise, 133, 7-17.         [ Links ]

Celes, L. A. (2000b). Aspectos metodológicos da construção da psicanálise. Alter, 19, 309-320         [ Links ]

Cioffi, F. (2000). A controvérsia freudiana: O que está em questão? Em M. Roth (org.), Freud conflito e cultura (pp.l55-164).Rio de Janeiro: Jorge Zahar (Trabalho original publicado em 1998).         [ Links ]

Crews, F. (1999). As guerras da memória - o legado de Freud em cheque. São Paulo: Paz e Terra (Trabalho original publicado em 1995).         [ Links ]

Delacampagne, C. ( 1997). História da Filosofia no século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar (Trabalho original publicado em 1995).         [ Links ]

Dilthey, W. (1989). Introduction to the human sciences. Em Selected Works (Vol. 1). Princeton: Princeton University Press (Trabalho original publicado em 1883).         [ Links ]

Fonagy, P. (1999). Una revision de puertas abiertas de los estudios de resultados en psicanalisis. Informe preparado por el Comité de Investigación de la APIA site da IP A http://eseries.ipa.org.uk/prev/research/R-outcome.htm         [ Links ]

Freud, S. (1975). Analysis of a phobia of a five-year-old boy. Em S. Freud, The Standard Edition of The Complete Psychologycal Works of Sigmund Freud (S.E.) (Vol. 20, p. 3-152). London: The Hogarth Press (Trabalho original publicado em 1909).         [ Links ]

Kerr, J. (1997). Um método muito perigoso - Jung, Freud e Sabina Spielrein: A história ignorada dos primeiros anos da Psicanálise. Rio de Janeiro: Imago.         [ Links ]

Koyré, A. (1980). Études galiléennes. Paris: Hermann (Trabalho original publicado em 1940).         [ Links ]

Koyré, A. (1982). Estudos de história do pensamento científico. Rio de Janeiro: Forense-Universitária (Trabalho original publicado em 1973).         [ Links ]

Kuhn, T.(1975). A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1962).         [ Links ]

Lear, J. (1998). Open minded: Working out the logic of the soul Harvard: Harvard University Press.         [ Links ]

Macmillan, M. (1995). Freud evaluated: The completed arc. Cambridge/London: Massachusetts/The Mit Press (Originalmente publicado em 1991).         [ Links ]

Masson, J. M. (1998). The assault on truth -Freud's supression of the seduction theory. New York: Pocket Books (Originalmente publicado em 1984).         [ Links ]

Pacheco Filho, R. A. (2000). O método de Freud para produzir conhecimento: Revolução na investigação dos fenômenos psíquicos? Em R. Pacheco Filho, N. Coelho Jr., M. D. Rosa (orgs.), Ciência, pesquisa, representação e realidade em Psicanálise (pp. 235-270). São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

Perelman, C. (1988). L 'empire rhétorique. Paris: Vrin.         [ Links ]

Popper, K. (1969). Conjectures and refutations, the growth of scientific knowledge. London: Routledge.         [ Links ]

Ricoeur, P. (1965). De TInterpretation - essai sur Freud. Paris: Seuil         [ Links ]

Ròazen, P. (1978). Freud e seus discípulos. São Paulo: Cultrix (Trabalho original publicado em 1971).         [ Links ]

Roazen, P. (1999). Como Freud trabalhava. São Paulo: Cia das Letras (Trabalho original publicado em 1995).         [ Links ]

Rouanet, S. P. (2000). Exposição Freud. Caderno Mais!, Folha de São Paulo, 10/09/2000, p. 6.         [ Links ]

Tort, M. (1976). La Interpretación o la máquina hermenéutica. Buenos Aires: Nueva Vision.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência:
Av. Rui Barbosa 532/1101
CEP: 2250-020, Rio de Janeiro - RJ
tel (21)25514268, fax (21)25534778
e-mail ana.rudge@uol.com.br

Recebido em: 15/11/2000
Aceito em: 15/05/2003

 

 

1. Trabalho apresentado na Mesa-redonda A problemática psicanalítica no debate científico: dos primórdios ao final do século XX, XXX Reunião Anual de Psicologia da Sociedade Brasileira de Psicologia, Brasília - DF, outubro de 2000

Creative Commons License